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Biol o g i a

Volume 11
S u m ár io
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conheça os objetos digitais
e slides deste volume.

21 Introdução à Ecologia ................................ 4


Conceitos básicos em Ecologia ....................................................................... 5
Cadeias e teias alimentares ............................................................................ 16
Pirâmides ecológicas ..................................................................................... 21

22 Dinâmica de ecossistemas ........................... 32


Sucessão ecológica ........................................................................................ 33
Relações ecológicas ....................................................................................... 39
Ciclos biogeoquímicos .................................................................................... 51

O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas formas. As ilustrações, os diagramas e as figuras contribuem para a
construção correta dos conceitos e estimulam o envolvimento com os temas de estudo. Assim, fique atento aos seguintes ícones:

Coloração artificial Formas em proporção Fora de escala numérica

Coloração semelhante ao natural Imagem microscópica Imagem ampliada

Fora de proporção Escala numérica Representação artística


21
I n tro d u ç ã o à
Ecologia
Getty Images/National Geographic Creative/David Doubilet
© YYa
Yann
nn Arthu
A
Arthus-Bertrand/Corbis
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Ponto de partida
O planeta Terra apresenta diversos tipos de ambientes e espécies, e a sobrevivência desses seres vivos está
interligada às relações que estabelecem entre si e a fatores ambientais.
1. De que maneira é possível relacionar a Ecologia com os processos que possibilitam e mantêm a vida na Terra?
2. Observando a imagem, quais formas de interação entre o ser humano e o ambiente podem ser listadas? E nas
cidades, como as pessoas interagem com o ambiente?

4
Objetivos da unidade:
ƒ compreender os conceitos básicos em Ecologia;
ƒ reconhecer os principais tipos de biomas do Brasil e do mundo;
ƒ identificar as relações estabelecidas entre os seres vivos e o ambiente;
ƒ entender como ocorre o fluxo de energia nos ecossistemas.

Conceitos básicos em Ecologia


O termo ecologia (do grego oikos, casa;
logos, estudo) foi proposto, inicialmente, pelo Átomo
(composto de
biólogo alemão Ernest Haeckel, em 1869, para partes menores)
identificar a ciência que estuda as relações
entre os seres vivos e o ambiente em que Molécula
estão inseridos. Essa definição diz respeito a (formada
por átomos)
toda a biodiversidade e suas relações com o
ambiente de sobrevivência. Portanto, a Ecolo-
gia é uma ciência que projeta uma nova ma-
neira de considerar a natureza e o ser humano.
Atualmente, os estudos em Ecologia for- Organelas

Ilustrações: Divo. 2012. Digital.


necem os conhecimentos necessários para Tamanduá-bandeira

que os seres humanos possam conservar


e sustentar a vida na Terra, garantindo sua
sobrevivência e a das outras espécies. Dian- Célula Sistema
te disso, existem alguns conceitos básicos e
níveis de organização biológica que são im-
portantes para compreender os estudos em Tecido
Ecologia. Órgão

De modo geral, os estudos em Ecologia


iniciam-se com os níveis de organização que
constituem a “hierarquia da vida”. Os seres Representação esquemática da organização geral de um organismo pluricelular
vivos são formados por células. Nos organis-
mos pluricelulares, as células organizam-se formando um tecido. Diferentes tecidos, por sua vez, podem agrupar-se e
constituir um órgão. Um grupo de órgãos interage fisiologicamente formando um sistema. O conjunto de todos os
sistemas (digestório, respiratório, cardiovascular, urinário, nervoso, endócrino, entre outros) constitui um organismo.
Os níveis de organização biológica formam sistemas ecológicos, pois vários seres vivos de uma mesma espécie
constituem uma população, que estabelece interações com outras populações formando comunidades. As comuni-
dades dependem dos fatores ambientais para formar os ecossistemas, os quais compõem a biosfera.

Organismo:
Comunidade: População: realiza trocas de energia
Biosfera: Ecossistema: interações entre interações entre e matéria com o ambiente
todos os ecossistemas conjuntos de organismos as populações de organismos da em que vive
interligados com os fatores ambientais um ambiente mesma espécie

Representação esquemática dos níveis de organização biológica

5
Espécie
Compreende um grupo de seres vivos que apresentam semelhanças morfológicas, anatômicas, fisiológicas, em-
briológicas, reprodutivas e genéticas. Além disso, os indivíduos de uma mesma espécie podem cruzar livremente na
natureza, produzindo descendentes férteis.

População
Constitui-se pelo conjunto de seres vivos pertencentes a uma mesma espécie que habita determinada área geo-
gráfica durante certo período de tempo. Por exemplo, o grupo de aves tuiuiús (Jabiru mycteria), que vive em uma
região do Pantanal, forma uma população; um grupo de macacos-aranha (Ateles belzebuth), encontrado nas partes
superiores das árvores da Floresta Amazônica, também constitui uma população.

Comunidade
Também denominada biocenose ou biota, constitui-se por um con-
O termo biocenose (do grego bios, vida
junto de diferentes populações que interagem em uma mesma área ;
koinos, comum, público) foi criad o pelo
geográfica. Por exemplo, os seres vivos que habitam determinado lago,
como algas, peixes, anfíbios e bactérias, compõem a comunidade da- zoólogo alemão Karl August Möbius, em
quele ambiente. 1877, para destacar as inter-relações dos
o
seres que habitam certa região. Já o term
Biótopo biota (do grego bios, vida; ota, diminutivo
de) faz menção às espécies integrantes de
Constitui o ambiente em que se concentra uma comunidade. Em determinada região.
uma floresta, por exemplo, o biótopo (do grego bios, vida; topos, lugar)
é formado pelo solo (minerais, gases, composição química, pH) e pela
atmosfera (gases, umidade, temperatura, luminosidade). Esses componentes físicos e químicos do biótopo, os quais
interferem na comunidade, são denominados fatores abióticos. Tal interferência apresenta relações com o clima, que
afeta a existência de espécies típicas em seus respectivos biótopos.

Hábitat
Corresponde ao ambiente de sobrevivência ou meio físico de determi-
nada população. Assim, cada hábitat oferece condições climáticas, físicas e O hábitat não deve ser confundido com o bió-
o
alimentares ideais para o desenvolvimento populacional. Por exemplo, o há- topo. Enquanto o primeiro se refere à regiã
bitat da ameba (Entamoeba histolytica) é o intestino grosso humano; o do tu- específica em que uma ou mais espé cies se
cano (Ramphastos toco) são as árvores da Floresta Atlântica, onde se alimenta desenvolvem, o segundo se relaciona ao lu-
e constrói seu ninho; o da minhoca (Pontoscolex corethrurus) são as galerias gar ocupado por toda a comunidade (solo da
no interior do solo. floresta, água do rio, areia do deserto).

Nicho ecológico
O conceito de nicho ecológico está relacionado ao conjunto de relações e atividades próprias de uma espécie em
seu hábitat, as quais garantem sua sobrevivência. O nicho ecológico de determinada espécie compreende sua alimen-
tação principal, seus inimigos naturais, condições e fatores para a reprodução, moradia, estratégias de sobrevivência,
interações que estabelece com outros seres vivos no sistema ecológico, entre outros.
Na natureza, diferentes espécies podem conviver em um mesmo hábitat sem apresentar exatamente o mesmo
nicho ecológico. Isso ocorre porque os nichos estão diretamente relacionados com a biodiversidade. Se faltar uma
das condições fundamentais de sobrevivência, a espécie passa a apresentar menos probabilidades de se manter no
ambiente, podendo até mesmo ser extinta.

6 Volume 11
Ecossistemas e biomas
Os ecossistemas são formados pelo conjunto de fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (físico-químicos) presen-
tes no biótopo (ambiente físico). Constituem um complexo mecanismo de interação, em que ocorrem transferências
de energia e matéria. Assim, um ecossistema deve ser autossuficiente quanto à capacidade de equilíbrio interno entre
os seres vivos e os fatores abióticos.
Como seus limites são definidos pela rede de interações que se estabelecem entre os seres vivos e entre eles e o
ambiente, o conceito de ecossistema não está relacionado à sua dimensão, podendo ser pequeno, como uma poça,
ou grande, como uma floresta. Desse modo, convencionou-se adotar distinções para melhor compreendê-lo, existindo
uma separação entre os ambientes aquáticos e terrestres. Os ecossistemas aquáticos podem ser marinhos (mares e
oceanos) ou de água doce (lagos, lagoas, mangues, rios), e os ecossistemas terrestres incluem florestas, desertos,
dunas, montanhas, pradarias, pastagens e tundras.
Os biomas podem ser definidos como áreas do espaço geográfico caracterizadas por um conjunto de ecossiste-
mas com vegetação, solo e aspectos físicos típicos, nas quais predomina determinado tipo de clima. De maneira mais
ampla, um bioma pode ser definido como uma grande área formada por um complexo de ecossistemas.
A relação dos biomas com a vegetação é muito importante, porque esta influencia diretamente nas espécies de seres
vivos que vão se desenvolver nesses locais e nas condições ambientais, como ocorrência de precipitação, umidade, tem-
peratura e solo.
Observe, no mapa, a localização dos principais biomas da Terra.

PRINCIPAIS BIOMAS DA TERRA

Marilu de Souza

Fonte: RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 84. Adaptação.
Pulsar Imagens/Ricardo Azoury

Floresta pluvial tropical


Ocorre em locais com clima quente e úmido e chuvas intensas, o
que propicia a ocorrência de uma rica biodiversidade. O solo é escas-
so em nutrientes, pois a matéria orgânica sofre rápida decomposição
em virtude da temperatura e da umidade e os nutrientes são cons-
tantemente absorvidos pelas árvores. Esse bioma apresenta diferen-
tes estratos de vegetação, o que possibilita o desenvolvimento de
uma grande diversidade de animais. Exemplos: Floresta Amazônica e
Floresta Amazônica, município de Cantá – RR
florestas da América Central.

Biologia 7
Savana ou floresta sazonal tropical
Compreende regiões de clima tropical e subtropical com duas

d
my/Eddie Geral
estações bem definidas, uma chuvosa e outra seca. Nesse bioma,
predominam árvores decíduas, gramíneas e arbustos, a maioria
com raízes adaptadas à captação de água nas partes mais profun-

Latinstock/Ala
das do solo. O solo é pouco fértil e, no período de seca, os animais
migram em busca de água e comida. Exemplos: Savana africana e
Cerrado brasileiro.

ólias perdem suas folhas durante


As plantas denominadas decíduas ou caducif
is com neve, em que a água do solo
a estação de seca, como no inverno em loca
s. Já as plantas perenifólias não
congela, não podendo ser absorvida pelas raíze
.
Savana, Área de Conservação Ngorongoro, perdem as folhas em períodos de estiagem
Tanzânia – África

©Shutterstock/Eniko Balogh
Deserto subtropical
Abrange regiões com altas temperaturas e chuvas muito espar-
sas. Os solos são rasos e com pouquíssima matéria orgânica, sendo
pouco férteis. Nas regiões de solo mais úmido, crescem pequenas
árvores, arbustos e cactos. Nos períodos em que ocorrem chuvas,
as sementes dormentes presentes no solo brotam e a vegetação se
desenvolve rapidamente. Exemplos: Grande Deserto Australiano e
Deserto do Saara, Marrocos – África
Deserto do Saara.
Campo ou deserto temperado
©Shutterstock/Ricardo Reitmeyer

O nome desse bioma varia de acordo com o continente. Na América


do Norte, denomina-se pradaria; na Ásia, estepe. Nessas regiões, o clima é
temperado e seco – um pouco mais úmido nas estepes. Os solos são secos
e apresentam baixa acidez, e a vegetação predominante são as gramíneas.
Quando transformado em pastagens, esse bioma pode sofrer processo de
desertificação.

Pradaria, Kansas – EUA


ra
©Shutterstock/Tomas Syko

Bosques ou arbustos
Esse bioma, também denominado chaparral, localiza-se prin-
cipalmente em regiões de clima mediterrâneo, caracterizado por
chuvas e temperaturas amenas no inverno e secas no verão. A vege-
tação é formada por arbustos com folhas resistentes a secas e raízes
profundas para a absorção de água nas camadas mais profundas do
solo. Exemplos: regiões do sul da Europa e área central do Chile.
Arbustos – Chile

8 Volume 11
Floresta sazonal temperada

©Shutterstock/Paul B. Moore
Caracteriza-se por apresentar inverno gelado, com neve. Ocor-
re predominantemente no Hemisfério Norte, onde o solo é rico em
matéria orgânica e drena bem a água da chuva, que se acumula em
lençóis freáticos e córregos. A vegetação é formada por árvores de-
cíduas e plantas herbáceas. Contudo, nos locais com solo arenoso,
pobre em nutrientes, e clima mais quente e seco, predominam os
pinheiros.

Floresta sazonal temperada, Califórnia – EUA

©Shutterstock/silky
Floresta pluvial temperada
Compreende as florestas com árvores bastante altas, como as
sequoias na América do Norte. Essas regiões apresentam invernos
amenos com chuvas intensas e verão com nevoeiros, além de baixa
biodiversidade.
Sequoias, Parque Nacional da Sequoia,
Califórnia – EUA

Taiga ou floresta boreal


©Shutterstock/Gregory A. Pozhvanov

Também chamada de floresta de coníferas, é encontrada em


regiões do Hemisfério Norte com invernos rigorosos e neve. O solo
é úmido, ácido e pouco fértil, e a vegetação predominante são os
pinheiros e abetos, que resistem às baixas temperaturas. A biodiver-
sidade é baixa e a serrapilheira desse bioma constitui um importan-
te reservatório de carbono da Terra.
Taiga, Península de Kola – Rússia
©Shutterstock/Kekyalyaynen

Tundra
Presente em locais de clima polar, não apresenta árvores. O
solo é permanentemente gelado ou permafrost, com poucos nu-
trientes. Ocorrem poucas chuvas e o clima frio e seco influencia
a ocorrência de vegetação predominante de arbustos lenhosos e
liquens. Aves e mamíferos que habitam esse bioma estão adap-
tados ao frio, apresentando pele grossa, com vasto revestimento
de pelos, e camada de gordura corporal mais espessa.
Tundra, norte da Rússia
Biomas aquáticos
Como grande parte da superfície terrestre é coberta por água, a maior área da biosfera corresponde aos biomas
aquáticos, os quais são divididos em marinhos e de água doce. Dependendo da área em que se encontram, esses bio-
mas apresentam grande variação de temperatura da água, oferta de nutrientes, salinidade, luminosidade, entre outras
características, afetando diretamente a fauna local.

serrapilheira: camada constituída por restos de folhas, caules, cascas, frutos, entre outras partes vegetais, e restos de animais e suas excretas que
recobre o solo. Essa matéria orgânica entra em decomposição e, com isso, ocorre a devolução de nutrientes ao solo, mantendo sua fertilidade.
permafrost: do inglês permanent, permanente; frost, congelado, solo permanentemente congelado.

Biologia 9
• Lagos: caracterizam-se por constituir corpos de água parada, podendo ser grandes ou pequenos, como as lagoas.
• Córregos e rios: compreendem os cursos naturais de água doce, com canais definidos e fluxo permanente para
um oceano, lago ou outro rio.
• Recifes de corais: encontrados em água salgada, são formados pelo acúmulo do esqueleto dos corais (carbona-
to de cálcio) em águas rasas com temperatura entre 18 °C e 30 °C. Apresentam grande diversidade de animais,
algas e outros seres vivos.
• Zonas bênticas e pelágicas oceânicas: as zonas bênticas correspondem ao fundo do mar. Com exceção das
áreas próximas da costa, de profundidade menor, essas regiões são profundas e não recebem luz solar. As zonas
pelágicas compreendem as áreas de mar aberto, com águas que se misturam constantemente por meio das
correntes oceânicas.
• Estuários: são áreas de transição entre os rios e o mar que sofrem o impacto das marés. Esses biomas recebem
diversos nutrientes dos rios e do mar e abrigam grande biodiversidade.
• Zonas entremarés: também chamadas de zonas intertidais, são regiões que sofrem diretamente a ação das
marés, ficando sem cobertura de água em alguns momentos do dia. Seu substrato geralmente é composto de
rochas e areia, onde espécies de algas e animais se fixam.
Biomas brasileiros
Existem vários sistemas de classificação dos biomas brasileiros. A classificação reconhecida pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) inclui seis grandes biomas continentais –
Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa (Campo Sulino) e Pantanal – e os biomas costeiros.

PRINCIPAIS BIOMAS CONTINENTAIS BRASILEIROS

Marilu de Souza

Fonte: IBGE. Mapa de biomas e de vegetação. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/


noticias/21052004biomashtml.shtm>. Acesso em: 26 nov. 2015. Adaptação.

10 Volume 11
Pulsar Imagens/Zig Koch
Amazônia
Constitui o maior bioma brasileiro, com
uma enorme biodiversidade. Localiza-se na
Região Norte, estendendo-se pelos estados
do Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Amapá,
Roraima, Tocantins, partes do norte de Mato
Grosso e oeste do Maranhão. Apresenta alta
incidência de chuvas, bem distribuídas ao
longo do ano, e a temperatura média anual
fica entre 25 °C e 28 °C. A maior parte de seu
relevo é plana, com solo pobre em nutrientes
em virtude da rápida decomposição da ma-
téria orgânica e da absorção dos sais minerais Na Floresta Amazônica, localiza-se a Bacia Amazônica,
maior bacia hidrográfica do mundo. Rio Tapajós, Barra
pelas raízes das plantas. de São Manoel – AM.

Cerrado
Localizado nos estados de Goiás, Tocan-
Pulsar Imagens/João Prudente
tins, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Maranhão, Piauí, Bahia, São Paulo e
Paraná, compreende o segundo maior bioma
brasileiro. É considerado um dos hotspots
mundiais de biodiversidade. Apresenta duas
estações bem definidas: uma seca (inverno)
e uma chuvosa (verão), e o clima é tropical
quente, com temperatura média anual de
26 °C. A formação vegetal é semelhante à da
Savana, com árvores de troncos tortuosos e
casca grossa e gramíneas na estação chuvo-
A vegetação do Cerrado desenvolve-se sobre solo
sa. Na época da seca, queimadas naturais têm
ácido, pobre em minerais, mas rico em alumínio. São grande importância na quebra da dormência
Gonçalo do Rio Preto – MG. de sementes, propiciando sua germinação.

Mata Atlântica
Abrange a região litorânea do país, além de planaltos e serras do interior de diversos estados brasileiros. O clima
é quente e úmido, com grande ocorrência de chuvas durante todo o ano. Por compreender a região primeiramente
colonizada e explorada, onde atualmente está localizada grande parte das cidades brasileiras, esse bioma apresenta
apenas uma pequena parcela de sua área original. É uma das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta (hotspot
mundial) e também uma das mais ameaçadas.
Em virtude da grande variação de altitude e latitude das áreas pelas quais se estende, a Mata Atlântica é formada
por variados subtipos florestais, como floresta ombrófila densa, floresta ombrófila mista ou Mata de Araucárias, restin-
gas e manguezais.

hotspots: áreas ricas em biodiversidade, com predomínio de espécies endêmicas, e que apresentam alto grau de degradação ambiental.
ombrófila: vegetação adaptada a longos períodos de chuva, típica dos biomas Amazônia e Mata Atlântica.

Biologia 11
• Floresta ombrófila densa: também cha-

Pulsar Imagens/Sergio Pedreira


mada de floresta pluvial tropical, localiza-se
próximo às regiões litorâneas e apresenta
altas temperaturas e alto índice de precipi-
tação. É a mais importante e vasta formação
vegetal, com árvores de médio e grande
portes e folhas largas e perenes.

• Floresta ombrófila mista ou Mata de


Araucárias: localiza-se em áreas de maior
altitude e clima temperado, estendendo-se
pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Desde o início da colonização do Brasil, a Mata Atlântica
Rio Grande do Sul e pontos isolados de São vem sendo desmatada para o estabelecimento
de cidades, restando apenas cerca de 7% de sua
Paulo e Minas Gerais. A espécie mais carac- cobertura original. Salvador – BA.
terística é o pinheiro-do-paraná (Araucaria
angustifolia).

• Restingas: formações vegetais costeiras extremamente adaptadas a condições adversas, como ventos, terrenos
arenosos, baixos níveis de fertilidade do solo e elevado grau de salinidade, situando-se na transição entre as
praias e a floresta ombrófila densa.

• Manguezais: presentes nas áreas onde as águas dos rios deságuam no mar, constituem um ambiente de re-
produção para inúmeras espécies de animais aquáticos. A vegetação característica é formada por plantas, que
sobrevivem no solo lodoso, com baixa quantidade de oxigênio.

Caatinga
Localiza-se em áreas dos estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Sergipe, Alagoas,
Bahia e norte de Minas Gerais. De todos os biomas brasileiros, é o único cujos limites são restritos ao território nacional.
Apresenta clima semiárido, quente e seco, com tem-
Kino.com.br/Tom Alves

peratura média anual entre 24 °C e 26 °C e baixa inci-


dência de chuvas, com longos períodos de estiagem.
Sua formação vegetal apresenta adaptações xero-
mórficas, como perda das folhas durante a seca, modi-
ficações das folhas em espinhos, parênquima aquífero
desenvolvido e cutículas altamente impermeáveis. A
Caatinga vem sendo rapidamente desmatada em vir-
tude de atividades humanas, como extração ilegal de
madeira, pastagens e mineração.
Caatinga, com vegetação típica de solo e
ambiente secos. Sertão de Canudos – BA.

Na área de transição entre a Amazônia e a Caatinga, existe um tipo de vegetação denominado Floresta de Cocais,
que abrange áreas dos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins. Sua característica principal são os solos secos e a
presença de palmeiras, como o babaçu (Orbignya martiana) e o buriti (Mauritia flexuosa). Por ser um local de transição,
apresenta características tanto da Floresta Amazônica quanto do Cerrado e da Caatinga.

12 Volume 11
Pampa (Campo Sulino)
Localiza-se principalmente no Rio Grande do Sul, ocu-
pando áreas de planície, onde predominam gramíneas,
arbustos e áreas com vegetação arbórea. Apresenta clima
chuvoso e temperaturas bastante baixas no inverno. A fauna

Pulsar Imagens/Gerson Gerloff


é expressiva, com diversas espécies de mamíferos, aves,
répteis, anfíbios e invertebrados. A agricultura e a pecuária
provocaram uma drástica redução desse bioma, descaracte-
rizando sua paisagem.
Pampa com relevo que apresenta planícies,
morros e afloramentos rochosos. Quaraí – RS.
Pantanal
Situa-se na região oeste dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul formando uma grande planície. Apre-
senta clima predominantemente quente e úmido e é considerado uma das maiores áreas úmidas da Terra. O solo é
pouco permeável, o que favorece a ocorrência das inundações anuais, geralmente entre os meses de outubro e abril,
formando baías (lagoas pantaneiras). Essas baías misturam-
Pulsar Imagens/Mario Friedlander

se a rios tortuosos, campos alagadiços, matas ciliares, capões


de matas e riachos da planície compondo os diferentes há-
bitats pantaneiros.
O ciclo das águas, ou seja, a alternância entre períodos
de cheia e seca, causa intensas alterações nessa paisagem,
influenciando o cotidiano das populações regionais e a vida
silvestre.
Sua cobertura vegetal vem sendo constantemente
Lagoas pantaneiras durante a ameaçada pela pecuária e pela agricultura.
época da cheia. Corumbá – MS.

Biomas costeiros
O Brasil apresenta uma extensa costa litorânea, onde podem ser encontrados diversos ecossistemas, como man-
guezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, falésias e recifes de corais, que, em conjunto, formam os
biomas costeiros. Essa diversificação se deve às diferenças climáticas, geológicas e de constituição do solo, à variação
de marés, entre outros fatores.
Esses ecossistemas, como os manguezais e os recifes de corais, são imprescindíveis para a alimentação, a reprodu-
ção e o desenvolvimento dos estágios iniciais de vida de diferentes espécies marinhas. Ilhas, costões, restingas, baías e
falésias servem de abrigo e local para captura de alimento. Assim, o equilíbrio de diversas populações de aves, peixes,
répteis e mamíferos depende da conservação dos biomas costeiros.

Principais domínios morfoclimáticos do Brasil

O Brasil apresenta um extenso território com diferentes tipos de clima e relevo. Para facilitar a compreensão da
dinâmica e da extensão dessas diferentes paisagens, o geógrafo brasileiro Aziz Ab’Sáber classificou-as em domínios
morfoclimáticos, os quais consideram as características morfológicas do relevo, o clima, os aspectos hidrológicos,
fitogeográficos e do solo, entre outros.
Aziz Ab’Sáber também definiu as áreas de transição, que ficam entre os domínios morfoclimáticos. É importante
ressaltar que cada domínio pode apresentar vários tipos de biomas.

Biologia 13
Observe, no mapa, os seis domínios morfoclimáticos brasileiros.

BRASIL: domínios morfoclimáticos

Luciano Daniel Tulio


Fonte: AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo:
Ateliê Editorial, 2003. p. 16-17. Adaptação.

Biosfera
A biosfera (do grego bios, vida; sphaira, esfera, globo) constitui o conjunto de todos os ecossistemas da Terra, ou
seja, todos os ambientes com seres vivos. Esse termo foi utilizado pela primeira vez pelo geólogo austríaco Eduard
Suess (1831-1914), e os limites da Limite superior aproximado da biosfera (esporos e pólen) 7 000 metros
biosfera vão desde as proximida-
des do topo das mais altas monta-
5 000 metros
nhas até as regiões mais profundas
dos oceanos.
A maioria dos seres vivos ter-
restres vive em regiões localiza- Biosfera
das até 5 000 m acima do nível Nível do mar 18 km

do mar. Nos oceanos, podem ser


encontrados alguns organismos
Divo. 2012. Digital.

vivendo a mais de 9 000 m de pro-


fundidade, como as arqueas. No
entanto, grande parte dos seres
vivos marinhos vive até 150 m de Limite inferior aproximado da biosfera
11 000 metros (fossas abissais)

profundidade.
Representação esquemática dos limites da biosfera

14 Volume 11
Atividades

1. Em relação aos conceitos básicos de Ecologia, marque 3. (UNICAMP – SP) O uso indiscriminado da palavra eco-
a alternativa correta. logia tem levado a acentuado desgaste de seu signifi-
cado original, às vezes por grupos interessados apenas
a) Os níveis de organização são utilizados para identifi-
em tirar proveito da situação, sem interesse científico
car as interações entre os seres vivos e o ambiente e sem a seriedade que o assunto requer. Dê o con-
e facilitar a compreensão dos estudos de Ecologia. ceito biológico da palavra ecologia e apresente um ar-
b) O conceito de população biológica caracteriza-se gumento favorável e outro contrário às atividades dos
pelo conjunto de seres vivos encontrados em dife- grupos acima referidos.
rentes ambientes do planeta.
c) Diferentes populações de seres vivos que habitam
determinado local constituem uma comunidade bio-
lógica, que também pode ser chamada de bioceno-
se, biota ou biótopo.
d) Os biomas, também chamados de domínios morfo-
climáticos, consideram em sua classificação o rele-
vo, o clima, o tipo de solo, entre outros aspectos.
e) O hábitat de determinada espécie corresponde às
diferentes atividades que ela realiza.
2. O ambiente representado na imagem pode ser consi-
derado um ecossistema? Justifique sua resposta.
©Shutterstock/Roberto Tetsuo Okamura

4. Devido à sua grande extensão territorial, o Brasil apre-


senta um dos mais complexos quadros de paisagens e
sistemas ecológicos do planeta. Acerca destes biomas
são feitas algumas afirmativas, assinale a incorreta.
a) A Caatinga é o único bioma comum em várias partes
do mundo, com vegetação adaptada às condições
de aridez (xerófila).
b) A Mata de Araucária é um subtipo florestal da Mata
Atlântica, típica de regiões com clima subtropical,
predominando o pinheiro-do-paraná.
c) Os Campos do Sul são formados principalmente pe-
los pampas gaúchos, com clima subtropical, região
plana de vegetação aberta e de pequeno porte.
d) A Mata de Cocais ocupa uma área de transição en-
tre a Amazônia e as terras semiáridas do Nordeste
brasileiro, sua vegetação é formada por palmeiras,
como o buriti, oiticica, babaçu e carnaúba.
e) A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos do
mundo em espécies da flora e da fauna. Há grande
diversidade de epífitas, como bromélias e orquídeas.

Biologia 15
5. (UNESP – SP)

A extração de madeira, especialmente do pau-brasil, os ciclos do açúcar e café e o desmatamento para


instalação de indústrias são eventos de nossa história que contribuíram para a degradação desse bioma.
(www.eco.ib.usp.br)

O texto refere-se ao bioma


a) Pantanal. c) Mata Atlântica. e) Caatinga.
b) Floresta Amazônica. d) Cerrado.
6. (ACAFE – SC)

Podemos definir bioma como um conjunto de ecossistemas que funcionam de forma estável. Um
bioma é caracterizado por um tipo principal de vegetação (num mesmo bioma podem existir diversos
tipos de vegetação). Os seres vivos de um bioma vivem de forma adaptada às condições da natureza (ve-
getação, chuva, umidade, calor, etc.) existentes. Os biomas brasileiros caracterizam-se, no geral, por uma
grande diversidade de animais e vegetais (biodiversidade).
Fonte: <http://www.suapesquisa.com/geografia/biomas_brasileiros.htm>.

Nesse sentido, assinale a alternativa correta.


a) A diversidade biológica é maior nos ecossistemas que nos biomas.
b) Biomas e ecossistemas são sinônimos, com características distintas.
c) Pelo que se depreende do texto, nos diferentes biomas encontramos ecossistemas diversos, isto é, cada bioma
pode conter vários ecossistemas.
d) Os ecossistemas brasileiros apresentam maior diversidade biológica que os biomas.

Cadeias e teias alimentares


Os seres vivos apresentam diferentes formas de obter energia do ambiente para sobreviver. Assim, de acordo com
sua alimentação, podem ser classificados em produtores, consumidores e decompositores.
• Produtores: são seres autótrofos, ou seja, capazes de produzir seu próprio alimento, por meio da fotossínte-
se ou da quimiossíntese. Os produtores são responsáveis por sintetizar a matéria que alimentará os demais
organismos.
• Consumidores: são organismos heterótrofos, ou seja, que não produzem as moléculas orgânicas necessárias à
própria nutrição, e por isso, obtêm matéria e energia de outros seres vivos. Os consumidores podem ser:
9 primários, quando se alimentam diretamente de produtores, como os animais herbívoros;
9 secundários, quando se alimentam de consumidores primários, como os animais carnívoros;
9 terciários ou quaternários, quando se alimentam de consumidores secundários e terciários, respectiva-
mente. Exemplos: grandes predadores, como a onça, a harpia e o leão.
• Decompositores: seres heterótrofos que desempenham papel fundamental na reciclagem da matéria, pois,
para conseguir energia, degradam matéria orgânica dos organismos mortos, reintegrando os nutrientes e as
substâncias ao ambiente. Os decompositores geralmente ocupam o último nível trófico e são representados

16 Volume 11
por fungos e bactérias. Sua atividade impede que a biosfera fique inteiramente coberta por matéria orgânica
morta, fato que inviabilizaria a existência da vida na Terra.
Os organismos que obtêm alimento de uma fonte comum, ou seja, apresen-
tam o mesmo tipo de nutrição, constituem um nível trófico ou alimentar, e esse
sistema de transferência de energia por meio dos alimentos forma as cadeias e Muitos animais apresentam hábitos
teias alimentares. Os organismos produtores ocupam o primeiro nível trófico; alimentares onívoros (do latim omni,
os consumidores primários, o segundo nível trófico, e assim sucessivamente. tudo; vorare, devorar, comer), ou seja,
atuam ora como herbívoros, ora como
carnívoros. Essa característica é uma es-
ATUAÇÃO DOS ORGANISMOS E SEU NÍVEL TRÓFICO
tratégia adaptativa ao ambiente. Nesses
NA CADEIA ALIMENTAR
casos, um mesmo animal pode ocupar
Atuação na cadeia alimentar Nível trófico mais de um nível trófico, dependendo
Autótrofos Produtores Primeiro do tipo de alimento que está ingerindo.
Primário Segundo Entre os animais onívoros, estão porcos,
Secundário Terceiro galinhas, macacos e seres humanos.
Consumidores
Heterótrofos Terciário Quarto
Quaternário Quinto
Decompositores Último

Ciclo da matéria e fluxo de energia


As cadeias e teias alimentares possibilitam que, por meio da alimentação, ocorram dois fenômenos básicos à sobre-
vivência das espécies: o fluxo de energia e a ciclagem da matéria.
A energia solar capturada pelos seres autótrofos possibilita o início do fluxo de energia nas cadeias alimentares.
No processo de fotossíntese realizado por esses organismos, a energia luminosa é convertida em energia química e
armazenada em moléculas orgânicas. Essas moléculas são, em parte, consumidas pelos próprios seres que as fabricam;
a outra parte é transferida, por meio da alimentação, para os demais componentes da cadeia alimentar.
Como as moléculas orgânicas apresentam ligações altamente energéticas, ao romper tais ligações, os seres vivos
obtêm energia, que é utilizada em seus processos fisiológicos, inclusive na síntese de suas próprias substâncias, como
no caso das proteínas. Desse modo, a energia que entra na cadeia alimentar apresenta fluxo unidirecional, ou seja,
entra por meio dos produtores, passa pelos consumidores até chegar aos decompositores.
Contudo, a quantidade de energia em um nível trófico é sempre maior que a transferida para o nível seguinte, pois
os seres vivos utilizam parte da energia em seu próprio metabolismo, liberando-a na forma de calor. Assim, quanto
mais afastado dos produtores estiver um nível trófico, menor será a quantidade energética disponível.
Energia solar
No caso da matéria, verifica-se uma dinâmica
cíclica, pois os elementos químicos passam por Processo:
Fotossíntese
todos os seres e são devolvidos ao ambiente no Alimentação e reprodução
Incorporação energética
processo de decomposição de excretas e orga- Excreção e morte
Respiração celular
nismos mortos. Desse modo, a matéria é sempre Organismos fotossintetizantes
(produtores)
reaproveitada. Decompositores
Respiração
Dagoberto Pereira. 2013. Digital.

celular
Herbívoros
(consumidores primários)

Carnívoros
(consumidores
secundários)
Representação das transformações Carnívoros
energéticas ao longo das cadeias alimentares (consumidores terciários)

Biologia 17
Conexões
[...]
Define-se energia como a capacidade de produzir trabalho. O comportamento da energia é definido
pelas seguintes leis. A Primeira Lei da Termodinâmica afirma que a energia pode transformar-se de um tipo
noutro, embora nunca seja criada ou destruída. A luz, por exemplo, é uma forma de energia, dado poder
de transformar-se em trabalho, calor, ou energia potencial de alimentos, conforme a situação, embora ne-
nhuma porção dela possa ser destruída. A Segunda Lei da Termodinâmica pode ser enunciada de diversos
modos, incluindo o seguinte: nenhum processo envolvendo uma transformação de energia ocorrerá es-
pontaneamente a menos que haja uma degradação de energia de uma forma concentrada para uma forma
dispersa. Por exemplo, o calor de um objeto quente tende a dispersar-se espontaneamente pelo ambiente
envolvente mais frio. [...] Em Ecologia, ocupamo-nos fundamentalmente da forma como a luz está rela-
cionada com os sistemas ecológicos, e com o modo como a energia é transformada no interior do sistema.
Assim, as relações entre plantas produtoras e animais consumidores, entre predador e presa, para não falar
do número e dos tipos de organismos existentes num dado meio, estão limitadas e são regidas todas elas
pelas mesmas leis básicas que regem os sistemas não vivos [...].
ODUM, Eugene P. Fundamentos de Ecologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 55-56.

Cadeia alimentar
Após a captação de energia realizada pelos seres autótrofos, inicia-se um conjunto de modificações que possibilita
as transformações energéticas e a passagem da matéria para os níveis tróficos.
As transformações energéticas e os caminhos percorridos pela matéria pelos níveis tróficos formam uma cadeia
alimentar, ocorrendo, por último, a decomposição da matéria para que possa retornar ao ambiente e ser reutilizada
pelos seres vivos.

Energia solar

Consumidor
quaternário
Divo. 2012. Digital.

Consumidor
secundário Consumidor
Consumidor terciário
primário

Produtor

Representação de um exemplo de cadeia alimentar

Teia alimentar
De modo geral, as comunidades interagem de diversas formas entre as cadeias alimentares, pois a maior parte
dos animais consome vários tipos de alimentos, ocupando mais de um nível trófico. Por isso, cada cadeia alimentar se
sobrepõe e se entrelaça com diversas outras, e isso faz com que o fluxo energético ocorra em vários sentidos, formando
uma organização mais complexa, denominada teia alimentar.
É a teia ou rede alimentar que, efetivamente, melhor demonstra toda a interdependência de uma comunidade em
seu ecossistema. Desse modo, uma alteração no número de espécies em um dos elos afeta toda a teia.

18 Volume 11
Gavião-real

Arara-azul

Buriti
Jararaca
Gramínea

Cervo-do-pantanal
Luis Moura. 2011. Digital

Representação
Decompositores
esquemática
de uma de teia
Sais Sais alimentar
minerais Bactérias Fungos minerais

Ao se alimentar do cervo-do-pantanal, o gavião-real ocupa o terceiro nível trófico (consumidor secundário) e, ao


comer a jararaca, posiciona-se no quarto nível trófico (consumidor terciário). Esse comportamento rompe a linearidade
de uma cadeia alimentar e caracteriza uma teia ou rede alimentar, mostrando as relações alimentares tais como acon-
tecem nos ecossistemas.

Atividades

1. Os ecossistemas apresentam diferentes níveis tróficos, 2. No estudo do fluxo energético nos ecossistemas, é
em que se estabelece uma rede de consumo de ener- possível aplicar as leis da Física relacionadas à Ter-
gia entre os seres vivos. Em relação a esse processo, modinâmica. Uma das consequências da 1ª lei é que
explique a importância dos produtores para a manu- em um sistema fechado a energia não se perde, mas
tenção dos ecossistemas. se transforma. E da 2ª lei, podemos concluir que nas
transformações de energia, há liberação de calor.
Sobre essas duas importantes leis da Física associadas
à Ecologia, avalie as afirmativas a seguir.
I. Em um ecossistema, a energia luminosa é transfor-
mada e passa de um ser vivo para outro na forma de
energia química.
II. No fluxo energético, há transferência de energia em
cada elo da cadeia alimentar.

Biologia 19
III. A transferência de energia na cadeia alimentar é uni- a) A qual(is) ordem(ns) de consumidor(es) pertence a
direcional, tendo início pela ação dos decompositores. serpente?
IV. A energia química armazenada nos compostos or-
gânicos dos produtores é transferida para os demais
componentes da cadeia e permanece estável. b) Independentemente da ordem que ocupam, quantos
consumidores representados na imagem pertencem
Estão corretas as afirmativas
a um único nível trófico?
a) I e II. c) III e IV. e) II e IV.
b) II e III. d) I e III.
5. (UFRN) O esquema [a seguir] ilustra uma teia alimentar
3. (URCA – CE) Observe o quadrinho abaixo e responda composta por várias cadeias alimentares entre orga-
corretamente.
nismos de uma comunidade. Com relação aos seus
componentes e seus respectivos níveis tróficos nas
cadeias alimentares distintas dessa teia alimentar, é
correto afirmar que
Gavião

Cobra Coruja

Sapo Pardal

a) Piranhas são sempre consumidores terciários em Inseto Caracol


uma teia alimentar.
Planta
b) As traíras em um rio ocupam o mesmo nicho que as
tilápias. a) a cobra poderá ser consumidor secundário ou terciário.
c) As piranhas ocupam vários níveis em uma cadeia b) o pardal, em qualquer cadeia alimentar, será um
desde que sejam carnívoras. consumidor primário.
d) Uma cadeia alimentar só pode ter uma espécie c) a coruja é um consumidor quaternário em qualquer
carnívora. cadeia alimentar.
e) Em uma teia alimentar, a maioria das espécies tem d) o gavião, quando se alimentar do pardal, será um
que ser herbívora. consumidor quaternário.
4. Na maioria dos ecossistemas naturais, há diversos tipos 6. (UNIT – SE) O esquema abaixo representa uma teia
de organismos produtores e consumidores. A existên- alimentar.
cia de várias opções alimentares interliga as cadeias II
em uma teia alimentar, como é mostrado a seguir.
I III

IV
Angela Giseli e Corel. 2010. Vetor.

II, III e IV representam, respectivamente,


a) produtor, herbívoro e carnívoro.
b) produtor, herbívoro e decompositor.
c) herbívoro, carnívoro e decompositor.
d) herbívoro, carnívoro e produtor.
De acordo com a teia alimentar e os conceitos ecológi- e) decompositor, produtor e carnívoro.
cos, responda às questões.

20 Volume 11
Pirâmides ecológicas
Para avaliar de forma quantitativa o que ocorre durante o fluxo de energia
e o ciclo da matéria nas cadeias alimentares, são montadas as pirâmides eco-
biomassa: corresponde à massa total de
lógicas, representações gráficas do tipo pirâmide ou com retângulos superpos-
matéria orgânica de um ser vivo, ou de um
tos que indicam os diversos níveis tróficos da cadeia alimentar, sendo que os conjunto de seres vivos, e reflete a quanti-
produtores ficam sempre na base da pirâmide. O comprimento de cada nível dade de energia química potencial presente
indica a quantidade de uma das variáveis utilizadas. As pirâmides ecológicas naquela quantidade de matéria orgânica.
mais usadas são as de números, biomassa e energia.

Pirâmide de números
Indica a quantidade de seres vivos em cada nível trófi- Consumidores

Dagoberto Pereira. 2013. Digital.


terciários
co de uma cadeia alimentar em certo intervalo de tempo.
Nas cadeias alimentares em que se observa o predatis-
Consumidores
mo, ou seja, um ser vivo (predador) se alimenta de outro secundários
(presa), e as plantas apresentam pequeno porte, geral-
mente o número de produtores é maior que o de consu- Consumidores
primários
midores primários. Estes, por sua vez, são mais abundantes
que os consumidores secundários, e assim sucessivamen-
te. Desse modo, o número de seres vivos é decrescente,
Número de indivíduos Produtores
pois a energia é dissipada ao longo da cadeia alimentar.
Representação esquemática de uma pirâmide de números

Consumidores
terciários Em outros casos, como em cadeias alimentares em
Dagoberto Pereira. 2013. Digital.

que o produtor apresenta grande porte, a figura formada


não se assemelha a uma pirâmide perfeita. Por exemplo,
Consumidores
secundários uma árvore pode sustentar um grande número de herbí-
voros, que servem de alimento para um pequeno núme-
Consumidores ro de carnívoros.
primários

Representação esquemática de uma pirâmide


Número de Produtores de números com a base menor
indivíduos

Pirâmide de biomassa
Representa a massa de matéria orgânica, denomina- Biomassa (g/m2)
Angela Giseli e Corel. 2010. Vetor.

Consumidores
da massa seca, presente em cada nível trófico em certo 10 terciários
período, podendo ser expressa pela unidade que esta-
belece relação entre massa e área, por exemplo: g/m2 e Consumidores
100 secundários
kg/km2. De modo geral, a pirâmide de biomassa é direta
nos ecossistemas terrestres, que apresentam produtores Consumidores
primários
1 000
com biomassa muito maior que a dos consumidores.
Produtores
10 000
Representação esquemática de uma
pirâmide de biomassa direta

Biologia 21
Peixes
Nos ecossistemas aquáticos, em que os produtores são bem menores, 215 g/m2
como as algas fitoplanctônicas, que são consumidas em grande quantidade
pelo zooplâncton, a pirâmide de biomassa pode ser invertida (pelo menos em Zooplâncton
32 g/m2
parte). Esse tipo de ecossistema somente consegue se manter porque as algas Fitoplâncton
apresentam alta produtividade, rápida capacidade de reprodução e são consu- 7 g/m2
midas em grande velocidade pelos herbívoros zooplanctônicos.
Esquema representativo de uma pirâmide de
biomassa invertida de cadeia alimentar aquática
Pirâmide de energia
Uma das principais representações gráfica das cadeias alimentares é a pirâmide de energia, pois indica as transfor-
mações de energia em cada nível trófico.
Jack Art. 2013. Digital.

Onça
1,1 ∙ 105 kcal/km2 ao ano Como existe uma grande demanda de energia para a exe-
cução das reações metabólicas dos seres vivos, com conversão
Veado
2,6 ∙ 105 kcal/km2 ao ano
energética na forma de calor, a quantidade de energia calórica
reduz a cada passagem de nível. Isso restringe o número dos ní-
Capim
3,2 ∙ 107 kcal/km2 ao ano
veis tróficos a quatro ou, no máximo, cinco e explica o número
e a biomassa, geralmente decrescente, ao longo das cadeias ali-
mentares. Por isso, uma pirâmide de energia não pode ser inver-
tida, pois há uma quantidade maior de energia nos produtores e
Representação esquemática de uma menor nos demais níveis.
pirâmide energética

Os ecossistemas podem ser comparados de acordo com a quantidade de matéria (biomassa) presente nos seres vivos
em diferentes níveis tróficos e também com base no fluxo energético. Observe o esquema a seguir.

Nível trófico Fluxo de energia


Biomassa (g/m2) Fluxo energético (kcal/m2/dia)

Carnívoros Herbívoros Produtores

Campo A maior parte da biomassa de um campo


é encontrada na vegetação.

Nas florestas, a maior parte da biomassa


Floresta encontra-se na composição dos troncos
das árvores, não estando disponível para
a maioria dos consumidores primários.

Uma comunidade marinha produz uma


Oceano pirâmide de biomassa invertida. Os
produtores são algas unicelulares que
se reproduzem rapidamente. Assim, uma
pequena biomassa consegue sustentar
uma biomassa de zooplâncton maior.

Organize as ideias
Elabore um resumo elencando o que cada tipo de pirâmide ecológica expressa e se ela pode ou não ser invertida e
em quais circunstâncias isso ocorre.

22 Volume 11
Produtividade nos ecossistemas
A produtividade de um ecossistema corresponde à quantidade de energia que os organismos de determinado
nível trófico conseguem aproveitar da energia recebida de um alimento para produzir biomassa. Essa produtividade
pode ser avaliada por meio da produtividade primária bruta (PPB), que equivale, em gramas, ao total de matéria
orgânica produzida pela fotossíntese e acumulada pelas plantas ou algas em certo intervalo de tempo e em deter-
minada área (ou volume).
No entanto, deve-se subtrair desse total o volume de matéria orgânica consumida pela comunidade durante a res-
piração. Assim, obtém-se a produtividade primária líquida (PPL), que corresponde à biomassa excedente do total ad-
quirido com a alimentação, depois de descontados os
gastos com as atividades metabólicas e a reprodução. Produção líquida = produção bruta − consumo
Além da biomassa, a produção líquida indica a quan- (Alimento disponível) (Fotossíntese) (Respiração
tidade de energia disponível nas cadeias alimentares. celular)

Alguns ecossistemas marinhos independen- Luz do Sol


tes de luz produzem energia por meio da ação Energia dissipada
de micro-organismos quimioautotróficos, como Fo
tos
e indisponível aos
consumidores
as bactérias quimiossintetizantes que vivem sín ção
tes pira
e Res
ao redor de fontes hidrotermais. Essas bactérias
obtêm energia ao oxidar o sulfeto de hidrogênio
(H2S) presente na água quente dessas fontes.
A maioria dos indivíduos consumidores desses Assimilação
total

Divo. 2012. Digital.


ecossistemas, como moluscos, crustáceos, poli-
quetas e peixes, depende direta ou indiretamen-
Crescimento/
te dos nutrientes produzidos por essas bactérias. reprodução

Representação esquemática de um exemplo de produtividade nos Produção


ecossistemas Produção primária bruta primária
líquida

Atividades

1. Leia o texto e responda às questões.


As corujas, juntamente com outros predadores
[...] Tome como exemplo um roedor silvestre de topo de cadeia alimentar, desempenham im-
de 40 g e um grilo ou esperança com cerca de 1 g portante papel no controle populacional de presas
cada. Para cada roedor consumido pela coruja, como os roedores. Portanto, os predadores natu-
seria preciso 40 insetos desses para haver igualdade rais ajudam a evitar explosões populacionais des-
de biomassa. Essa diferença no tamanho das presas ses organismos, que trariam consequências indese-
também pode ser observada mesmo entre insetos: jáveis, tanto em áreas naturais como em ambientes
operárias de cupins [...] pesam em média apenas modificados como plantações, cidades, etc.
0,06 g, e seria necessário, portanto, 17 cupins para [...]
haver equivalência em biomassa para cada grilo ou MOTTA-JUNIOR, José Carlos; BUENO, Adriana de Arruda;
esperança. Ainda, seriam necessárias 667 operárias BRAGA, Ana Cláudia Rocha. Corujas brasileiras. Disponível em:
<http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/corujas_brasileiras_2.
de cupins para igualar em biomassa a um rato. html>. Acesso em: 15 ago. 2015.

Biologia 23
a) A que corresponde a biomassa citada no texto?

3. (UERJ) Nos ecossistemas, o fluxo de energia dos or-


ganismos produtores para os consumidores pode ser
b) Grife, no texto, as comparações de biomassa. De-
representado por um diagrama.
pois, desenhe como ficaria uma pirâmide de energia
I II
para representar uma das possibilidades.

fluxo

fluxo
III IV

fluxo
2. (UNIFESP) As pirâmides ecológicas são utilizadas para fluxo
Dentre os diagramas acima, o que melhor representa
esse fluxo na cadeia alimentar é o de número:
representar os diferentes níveis tróficos de um ecossis-
tema e podem ser de três tipos: número de indivíduos, a) I b) II c) III d) IV
biomassa ou energia. Elas são lidas de baixo para cima 4. (UNIFESP) Considere as definições seguintes.
e o tamanho dos retângulos é proporcional à quantida-
de que expressam. I. Pirâmide de números: expressa o número de indiví-
duos por nível trófico.
Considere uma pirâmide com a seguinte estrutura:
II. Pirâmide de biomassa: expressa a massa seca
3 (“peso seco”) de matéria orgânica por nível trófico
2 (g/m2).
1 III. Pirâmide de energia: expressa a energia acumulada
por nível trófico (kJ/m2).
a) Que tipo de pirâmide, entre os três tipos citados no
Se o fluxo de energia no Cerrado brasileiro for repre-
texto, não poderia ser representada por essa estru-
sentado por esses três tipos de pirâmides, o resultado
tura? Por quê?
obtido quanto à forma de cada uma será:
I II III
a)

I II III
b)
b) Dê um exemplo de uma pirâmide que pode ser re-
presentada pela estrutura indicada. Substitua 1, 2 e I II III
3 por dados quantitativos e qualitativos que justifi- c)
quem essa estrutura de pirâmide.
I II III
d)

I II III
e)

24 Volume 11
5. (UFPR) O estudo de cadeias tróficas é importante para 6. (PUC-Rio – RJ) Observe a figura abaixo e responda.
a compreensão das relações entre organismos em um
ambiente. Uma forma de estudá-las é pela produtivida- Sapos
de, em biomassa, em cada nível da cadeia. Supondo
a existência de uma cadeia, num ambiente aquático, Gafanhotos

com três comunidades de organismos (vegetação, her-


Capim
bívoros e carnívoros) em equilíbrio, qual dos gráficos
representa a variação dessas comunidades, em bio-
massa (g/m2), em função da disponibilidade de luz? Fonte: <http://nossomeioporinteiro.wordpress.com>.

a) 12 vegetação a) O que esse gráfico representa? Explique.


herbívoros
10
predadores
Biomassa (g/m2)

8
6
4
2
0
0 300 600 900 1 200 1 500
Produtividade (mmol luz/m2/s)

b) 12 vegetação
herbívoros
10
predadores
Biomassa (g/m2)

8
6
b) O que são os compartimentos e por que eles são
4
representados por barras de diferentes tamanhos?
2
0
0 300 600 900 1 200 1 500
Produtividade (mmol luz/m2/s)

c) 9
8
7 vegetação
Biomassa (g/m2)

6 herbívoros
5
predadores
4
3
2
1
0
0 300 600 900 1 200 1 500
Produtividade (mmol luz/m2/s)

d) 12 vegetação
herbívoros
10
predadores
Biomassa (g/m2)

8 c) Se esse gráfico representasse um ecossistema


6
aquático, a relação de tamanho entre os comparti-
4
2
mentos seria a mesma? Explique.
0
0 300 600 900 1 200 1 500
Produtividade (mmol luz/m2/s)

e) 10
Biomassa (g/m2)

8
6 vegetação
herbívoros
4 predadores
2
0
0 300 600 900 1 200 1 500
Produtividade (mmol luz/m2/s)

Biologia 25
Biologia em foco
Raposas provocam mudança profunda em ecossistema ártico
[...]
Os manuais de Ecologia pregam que a introdução de predadores exóticos em ecossistemas pode afetar
seu delicado estado de equilíbrio dinâmico e provocar alterações imprevisíveis de grande impacto. Um
estudo recente da Universidade da Califórnia em Santa Cruz (EUA) acaba de mostrar a magnitude de uma
dessas transformações, resultante da introdução de raposas em algumas ilhas no Círculo Polar Ártico. Os
pesquisadores constataram que, em um intervalo de apenas cem anos, os predadores introduzidos provo-
caram a substituição de um ecossistema inteiro por outro.
A pesquisa foi feita no arquipélago das Aleutas [...]. No final do século XIX, foram introduzidas raposas
do Ártico (Alopex lagopus) em ilhas do arquipélago, para a exploração econômica da sua pele. Em algumas
delas, a introdução não teve êxito. Outras não receberam os novos predadores e mantiveram suas caracte-
rísticas originais. Os pesquisadores compararam os ecossistemas das ilhas com e sem raposas [...].
As Aleutas são hábitats naturais para milhares de aves marinhas de cerca de 30 espécies diferentes. O
excremento dessas aves (guano) é o principal fertilizante do solo vulcânico dessas ilhas, que é pobre em
nutrientes e normalmente é coberto por um ecossistema de gramíneas. As raposas gradativamente dizima-
ram as aves de algumas ilhas, seus solos empobreceram e os arbustos típicos da tundra, mais adaptados à
falta de nutrientes, colonizaram a área e passaram a ser a vegetação predominante.
[...]
Os resultados mostraram que as ilhas livres de raposas tinham o solo consideravelmente mais fértil,
além de maior biomassa. [...]
A pesquisa mostrou como um ecossistema inteiro pode ser substituído por outro, mediado pela ação
de apenas uma espécie de predador, e permitiu comprovar a maneira como os ecossistemas marinho e
terrestre das ilhas estão intimamente associados. [...]
GARCIA, Marcelo. Raposas provocam mudança profunda em ecossistema ártico. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/ecologia-
e-meio-ambiente/raposas-provocam-mudanca-profunda-em-ecossistema/?searchterm=ecossistema>. Acesso em: 16 ago. 2015.

Discuta com os colegas como os estudos ecológicos auxiliaram na compreensão das interações entre os seres vivos
que viviam nas ilhas, assim como das características desses ecossistemas.

Hora de estudo

1. (UFAM) De um modo geral podemos considerar os seguintes níveis de organização dos seres vivos:
1.º – Célula → 2.º – Tecido → 3.º – Órgão → 4.º – Sistema → 5.º – Organismo → 6.º – População → 7.º – Comunidade →
→ 8.º – Ecossistema
Analise as proposições a seguir e assinale a alternativa correta.
I. Os níveis de organização citados no esquema são comuns a todos os seres vivos durante seu ciclo vital.
II. São obrigatoriamente da mesma espécie os indivíduos que compõem o 6.º nível.
III. No 8.º nível não ocorre transferência de energia e de matéria, porque neste nível ocorre a extinção das cadeias
tróficas.

26 Volume 11
IV. No 7.º nível ocorrem espécies diferentes que estão inter-relacionadas pelas necessidades de adaptação e sobrevivência.
a) Apenas I e III são corretas. d) Apenas IV é correta.
b) Apenas II e III são corretas. e) Todas as proposições são corretas.
c) Apenas II e IV são corretas.
2. (ENEM)

O menor tamanduá do mundo é solitário e tem hábitos noturnos, passa o dia repousando, geralmente
em um emaranhado de cipós, com o corpo curvado de tal maneira que forma uma bola. Quando em ativi-
dade, se locomove vagarosamente e emite som semelhante a um assobio. A cada gestação, gera um único
filhote. A cria é deixada em uma árvore à noite e é amamentada pela mãe até que tenha idade para procurar
alimento. As fêmeas adultas têm territórios grandes e o território de um macho inclui o de várias fêmeas,
o que significa que ele tem sempre diversas pretendentes à disposição para namorar!
Ciência Hoje das Crianças, ano 19, n. 174, nov. 2006 (adaptado).

Essa descrição sobre o tamanduá diz respeito ao seu


a) hábitat. c) nível trófico. e) potencial biótico.
b) biótopo. d) nicho ecológico.
3. (ENEM) Um rio que é localmente degradado por dejetos orgânicos nele lançados pode passar por um processo de
autodepuração. No entanto, a recuperação depende, entre outros fatores, da carga de dejetos recebida, da extensão
e do volume do rio. Nesse processo, a distribuição das populações de organismos consumidores e decompositores
varia, conforme mostra o esquema.

(B. Braga et al. Introdução à Engenharia Ambiental.)

Com base nas informações fornecidas pelo esquema, são feitas as seguintes considerações sobre o processo de
depuração do rio.
I. A vida aquática superior pode voltar a existir a partir de uma certa distância do ponto de lançamento dos dejetos.
II. Os organismos decompositores são os que sobrevivem onde a oferta de oxigênio é baixa ou inexistente e a matéria
orgânica é abundante.
III. As comunidades biológicas, apesar da poluição, não se alteram ao longo do processo de recuperação.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas. d) I e II, apenas.
b) II, apenas. e) I, II e III.
c) III, apenas.

Biologia 27
4. Leia o texto e responda às questões. c) Pradaria.

[...] as formigas podem ser coadjuvantes pre- d) Taiga.


ciosas na disseminação de sementes e na conse- e) Tundra.
quente regeneração dos ecossistemas onde vivem.
6. Os domínios morfoclimáticos foram desenvolvidos pelo
O biólogo Alexander V. Christianini, da
geógrafo Aziz Ab’Sáber para facilitar a compreensão da
UFSCar, e colaboradores das universidades Es- extensão e da dinâmica dos diferentes tipos de clima
tadual de Campinas (SP), Federal de Uberlândia e relevo encontrados no vasto território brasileiro. Com
(MG) e da Flórida (EUA) exploraram regiões de relação a esse assunto, responda às questões.
Cerrado e Mata Atlântica no interior do estado
a) Qual é a diferença entre os domínios morfoclimáti-
de São Paulo e em Minas Gerais para observar o
cos e a classificação dos biomas brasileiros?
comportamento de diversas espécies de formigas
[...] presentes em abundância nesses biomas [...]. b) É correto afirmar que um domínio morfoclimático
Segundo Christianini, os resultados mostram corresponde a um tipo específico de bioma?
que os solos dos ninhos de determinadas espécies 7. (ENEM)
de formigas são mais favoráveis ao crescimento e
desenvolvimento de vegetação. “Isso acarreta a
germinação de novas plantas, recuperando solos
pobres em nutrientes”, afirma o biólogo. Assim,
as formigas seriam aliadas na recuperação de es-
pécies e populações de plantas [...].
LEITE, Valentina. Pequenas heroínas. Ciência Hoje, Rio de
Janeiro, v. 54, ed. 321, p. 49-52, dez. 2014.

a) O texto menciona os termos ecossistema e bioma.


Diferencie esses dois conceitos.
b) Cite um exemplo do texto em que é possível iden-
tificar a interação entre as formigas e um fator
Dois pesquisadores percorreram os trajetos mar-
abiótico. Como isso se relaciona com a definição de
cados no mapa. A tarefa deles foi analisar os ecos-
ecossistema?
sistemas e, encontrando problemas, relatar e propor
c) Como a redução de formigas nesses biomas pode medidas de recuperação. A seguir, são reproduzidos
alterar a constituição dos ecossistemas com relação trechos aleatórios extraídos dos relatórios desses dois
à vegetação? pesquisadores.
5. (UNICENTRO – PR) É típica de regiões onde as quatro Trechos aleatórios extraídos do relatório do pesquisa-
estações do ano são bem delimitadas. Predominam dor P1:
árvores de folhas largas e caducifólias, que caem no
inverno e renascem na primavera. O aspecto esta- I. “Por causa da diminuição drástica das espécies ve-
cional é mais bem definido nesse bioma do que em getais deste ecossistema, como pinheiros, a gralha-
qualquer outro. O hábito caducifólio é uma adaptação -azul também está em processo de extinção”.
para a dormência, devido aos baixos níveis de energia II. “As árvores de troncos tortuosos e cascas grossas
solar e temperaturas muito baixas do inverno. No verão, que predominam nesse ecossistema estão sendo
forma um dossel fechado que cria um sombreamento utilizadas em carvoarias”.
intenso.
Trechos aleatórios extraídos do relatório do pesqui-
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o sador P2:
bioma descrito no enunciado.
III. “Das palmeiras que predominam nesta região po-
a) Floresta pluvial. dem ser extraídas substâncias importantes para a
b) Floresta temperada decídua. economia regional”.

28 Volume 11
IV. “Apesar da aridez desta região, em que encontra- a) o equilíbrio entre unidades de conservação de
mos muitas plantas espinhosas, não se pode des- proteção integral e de uso sustentável já atingi-
prezar a sua biodiversidade”. do garante a preservação presente e futura da
Ecossistemas brasileiros: mapa da distribuição dos ecossistemas. Amazônia.
Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u52.
jhtm>. Acesso em: 20 abr. 2010 (adaptado). b) as condições de aridez e a pequena diversida-
de biológica observadas na Caatinga explicam
Os trechos I, II, III e IV referem-se, pela ordem, aos se- por que a área destinada à proteção integral
guintes ecossistemas: desse bioma é menor que a dos demais biomas
a) Caatinga, Cerrado, Zona dos Cocais e Floresta brasileiros.
Amazônica. c) o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pampa, biomas mais
b) Mata de Araucárias, Cerrado, Zona dos Cocais e intensamente modificados pela ação humana, apre-
Caatinga. sentam proporção maior de unidades de proteção
c) Manguezais, Zona dos Cocais, Cerrado e Mata integral que de unidades de uso sustentável.
Atlântica. d) o estabelecimento de unidades de conservação
d) Floresta Amazônica, Cerrado, Mata Atlântica e deve ser incentivado para a preservação dos recur-
Pampas. sos hídricos e a manutenção da biodiversidade.
e) Mata Atlântica, Cerrado, Zonas dos Cocais e e) a sustentabilidade do Pantanal é inatingível, razão
Pantanal. pela qual não foram criadas unidades de uso sus-
8. (FUVEST – SP) Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga e tentável nesse bioma.
Cerrado são biomas encontrados no Brasil. 10. (UERN) O Brasil é formado por vários biomas – um con-
a) Liste esses quatro biomas, em ordem crescente, de junto de ecossistemas que funciona de forma estável.
acordo com a extensão da área que cada um deles O bioma é caracterizado por um ou diversos tipos de
ocupa atualmente no território brasileiro. vegetação. Os seres vivos dessas regiões vivem de
b) Liste esses quatro biomas, em ordem crescente, de forma adaptada às condições da natureza existentes.
acordo com a quantidade de água disponível para Sobre a Caatinga, um exemplo de bioma brasileiro,
as plantas no ambiente. analise.

c) Comparando a Mata Atlântica com a Caatinga, I. Sua vegetação assemelha-se à Savana e, na seca,
qual dos dois biomas possui solos mais ricos em pode queimar espontaneamente.
nutrientes?
II. Seu território se estende em quase todos os esta-
d) Comparando o Cerrado com a Amazônia, qual dos dos do Nordeste, pelo norte de Minas e uma parte
dois biomas sofre atualmente maior impacto decor- do norte do Espírito Santo.
rente do agronegócio?
III. A baraúna, o pau-ferro, o sabiá e a aroeira são
9. (ENEM) exemplos de madeira boa da região.
Percentual dos biomas protegidos por unidades
de conservação federais - Brasil, 2006
IV. O furão, o tamanduá, a suçuarana, a ema e a serie-
14 ma são animais encontrados na região.
12
10
8 V. Apresenta clima semiárido, com baixo índice de
6
4 pluviosidade e sua vegetação inclui as plantas
2
0
Amazônia Caatinga Cerrado Mata Pampa Pantanal Brasil
xerófilas.
Atlântica
Uso sustentável Proteção integral
Estão corretas apenas as afirmativas
Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de a) I e II.
Unidades de Conservação.
b) I e V.
Analisando-se os dados do gráfico acima, que reme-
c) III e V.
tem a critérios e objetivos no estabelecimento de uni-
dades de conservação no Brasil, constata-se que d) I, III e IV.

Biologia 29
11. (ENEM) Os parasitoides (misto de parasitas e predado- Analisando o caso acima, podemos perceber que
res) são insetos diminutos que têm hábitos muito pe- houve desequilíbrio na teia alimentar representada por:
culiares: suas larvas podem se desenvolver dentro do
a) milho gafanhotos pássaro galinha roedores cachorro-do-mato
corpo de outros organismos, como mostra a figura. A pássaro
forma adulta se alimenta de pólen e açúcares. Em ge-
gafanhoto
ral, cada parasitoide ataca hospedeiros de determinada b) milho galinha
cachorro-do-mato
roedores
espécie e, por isso, esses organismos vêm sendo am-
gafanhotos
plamente usados para o controle biológico de pragas c) galinha milho roedores cachorro-do-mato
agrícolas. pássaros
roedores
pássaros
d) cachorro-do-mato gafanhotos
milho
galinha
e) galinha milho gafanhotos pássaro roedores cachorro-do-mato

13. (UFSC) O diagrama abaixo representa uma possível teia


alimentar marinha antártica.

Com base nas informações contidas no diagrama, bem


como em conceitos ecológicos, indique a soma da(s)
proposição(ões) correta(s).
Baleias com dentes
Cachalotes
Focas-
Baleias sem dentes -leopardo Focas-
-elefante
SANTO, M. M. E.; FARIA, M. L. Parasitoides: insetos benéficos e
cruéis. Ciência Hoje, v. 49, n. 291, abr. 2012 (adaptado).
Aves Peixes Lulas
A forma larval do parasitoide assume qual papel nessa
cadeia alimentar?
Krill Copépodes
a) Consumidor primário, pois ataca diretamente uma
espécie herbívora. Fitoplâncton

b) Consumidor secundário, pois se alimenta direta-


(01) O fitoplâncton configura o grupo dos produtores e
mente dos tecidos da lagarta.
os seres que se alimentam dele são consumido-
c) Organismo heterótrofo de primeira ordem, pois se res secundários.
alimenta de pólen na fase adulta.
(02) As baleias com dentes participam de três níveis
d) Organismo heterótrofo de segunda ordem, pois tróficos diferentes.
apresenta o maior nível energético na cadeia.
(04) Cerca de 10% da energia armazenada na maté-
e) Decompositor, pois se alimenta de tecidos do inte- ria orgânica de cada nível trófico é convertida em
rior do corpo da lagarta e a leva à morte. matéria orgânica no nível trófico seguinte. Este
12. (ENEM) Um agricultor, que possui uma plantação de fato é considerado relevante para a inexistência
milho e uma criação de galinhas, passou a ter sérios de cadeias alimentares muito longas.
problemas com os cachorros-do-mato que atacavam (08) Os decompositores, não representados na teia
sua criação. O agricultor, ajudado pelos vizinhos, ex- alimentar acima, têm papel fundamental na ci-
terminou os cachorros-do-mato da região. Passado clagem de nutrientes.
pouco tempo, houve um grande aumento no número
(16) O krill e a lula podem ser consumidores secundá-
de pássaros e roedores que passaram a atacar as la-
rios ou terciários.
vouras. Nova campanha de extermínio e, logo depois
da destruição dos pássaros e roedores, uma grande (32) A biomassa da população de baleias é menor do
praga de gafanhotos destruiu totalmente a plantação que a biomassa da população de fitoplâncton no
de milho e as galinhas ficaram sem alimento. ecossistema antártico.

30 Volume 11
(64) Na teia representada, existe apenas um indivíduo a) Dê um exemplo de três comunidades (X, Y e Z) que
ocupando o topo da cadeia alimentar. possam compor a pirâmide.
14. (ENEM) b) Explique por que essa figura não pode representar
uma pirâmide de energia.
17. (ENEM) Estudos de fluxo de energia em ecossistemas
demonstram que a alta produtividade nos manguezais
está diretamente relacionada às taxas de produção
primária líquida e à rápida reciclagem dos nutrientes.
Como exemplos de seres vivos encontrados nesse am-
O Globo, 01/09/2001. biente, temos: aves, caranguejos, insetos, peixes e algas.

Na charge, a arrogância do gato com relação ao com- Dos grupos de seres vivos citados, os que contribuem
portamento alimentar da minhoca, do ponto de vista diretamente para a manutenção dessa produtividade
biológico, no referido ecossistema são

a) não se justifica, porque ambos, como consumidores, a) aves. d) insetos.


devem “cavar” diariamente o seu próprio alimento. b) algas. e) caranguejos.
b) é justificável, visto que o felino possui função supe- c) peixes.
rior à da minhoca numa teia alimentar.
18. (ENEM) A fotossíntese é importante para a vida na Ter-
c) não se justifica, porque ambos são consumidores ra. Nos cloroplastos dos organismos fotossintetizantes,
primários em uma teia alimentar. a energia solar é convertida em energia química que,
juntamente com água e gás carbônico (CO2), é utiliza-
d) é justificável, porque as minhocas, por se alimen-
da para a síntese de compostos orgânicos (carboidra-
tarem de detritos, não participam das cadeias
tos). A fotossíntese é o único processo de importância
alimentares.
biológica capaz de realizar essa conversão. Todos os
e) é justificável, porque os vertebrados ocupam o topo organismos, incluindo os produtores, aproveitam a
das teias alimentares. energia armazenada nos carboidratos para impulsionar
os processos celulares, liberando CO2 para a atmosfera
15. (PUC-Rio – RJ) Quando nos referimos ao ecossistema
e água para a célula por meio da respiração celular.
de um lago, dois conceitos são muito importantes: o
Além disso, grande fração dos recursos energéticos do
ciclo dos nutrientes e o fluxo de energia. A energia ne-
planeta, produzidos tanto no presente (biomassa) como
cessária aos processos vitais de todos os elementos em tempos remotos (combustível fóssil), é resultante
deste lago é reintroduzida neste ecossistema: da atividade fotossintética.
a) pela respiração dos produtores; As informações sobre obtenção e transformação dos
b) pela captura direta por parte dos consumidores; recursos naturais por meio dos processos vitais de fo-
tossíntese e respiração, descritas no texto, permitem
c) pelo processo fotossintético;
concluir que
d) pelo armazenamento da energia nas cadeias a) o CO2 e a água são moléculas de alto teor energético.
tróficas;
b) os carboidratos convertem energia solar em energia
e) pela predação de níveis tróficos inferiores. química.
16. (UFPR) Pirâmides ecológicas representam níveis tró- c) a vida na Terra depende, em última análise, da ener-
ficos de uma cadeia alimentar em um ecossistema. gia proveniente do Sol.
Podem ser de número, de biomassa ou de energia.
A figura ao lado representa d) o processo respiratório é responsável pela retirada
X de carbono da atmosfera.
uma pirâmide de número Y
(quantidade de indivíduos Z e) a produção de biomassa e de combustível fóssil, por
por metro quadrado). si, é responsável pelo aumento de CO2 atmosférico.

Biologia 31
22
Dinâ m ica de
ecossistemas
Kino.com.br/Haroldo Palo Jr
© YYa
Yann
nn Arthu
A
Arthus-Bertrand/Corbis
rthu
t s-Be
s- rtrand/C
rtra
trand
nd/Corbi
nd/Corbi
orb
rbis

Ponto de partida
No Cerrado, a ocorrência natural de fogo em intensidade baixa ou moderada tem uma importante função na
ciclagem dos nutrientes. As plantas desse ambiente estão adaptadas a essas condições, e muitas delas dependem
do fogo para a germinação de suas sementes.
1. Após a ocorrência do fogo no Cerrado, que eventos acontecem para a recuperação da área afetada?
2. Em um bioma, quais são os principais elementos necessários à sobrevivência dos seres vivos? De que maneira
eles são repostos no ambiente?

32
Sucessão ecológica Objetivos da unidade:
ƒ compreender as etapas e os
De modo geral, as comunidades existem em um estado tipos de sucessão ecológica e
de fluxo contínuo, em que alguns organismos morrem e ou- sua importância para a manu-
tros nascem para ocupar seus lugares. Os lagos e as lagoas, tenção da biodiversidade;
por exemplo, constituem ecossistemas que sofrem diversas ƒ identificar os diferentes tipos de
mudanças ao longo do tempo. Os detritos trazidos pela ação interações ecológicas e a ma-
das chuvas e pela deposição de animais e vegetais mortos neira como estas influenciam na
propiciam o aterro desses locais, que se tornam rasos. Com dinâmica das populações;
as contínuas modificações da paisagem, pode ocorrer a for- ƒ entender como os nutrientes
mação de um ambiente pantanoso e, até mesmo, de uma são reutilizados nos ecossiste-
floresta. Nesse processo de mudanças, os seres vivos são gra- mas por meio dos ciclos biogeo-
dativamente substituídos até a implantação de uma última químicos.
comunidade, denominada comunidade clímax, que apre-
senta grande estabilidade e equilíbrio.
Esse conjunto de modificações que ocorre nas comunidades denomina-se sucessão ecológica, a qual pode ser
descrita como uma alteração em direção a uma grande diversidade e, consequentemente, a um aumento do número
de nichos ecológicos. No estágio clímax, verifica-se uma comunidade estável, com tendência a manter constantes a
biodiversidade, a biomassa e as condições climáticas onde ocorre.
1950 Lagos, lagoas e rios
podem sofrer diversas
mudanças com o tempo.

1970 Detritos e fragmentos de


solo trazidos pela ação da
água das chuvas deixam
esses locais mais rasos.

1990 Com isso, muitas espécies


de peixes deixam de se
estabelecer nessas áreas.

2010 Com o tempo, pode


Divo. 2013. Digital.

ocorrer a formação de um
ambiente pantanoso ou
de uma floresta.

Representação esquemática hipotética de mudanças


que podem ocorrer ao longo dos anos em uma área,
caracterizando a sucessão ecológica

33
Fases da sucessão ecológica
A sucessão ecológica é um processo que se estende por um período de tempo considerável e apresenta fases
com características distintas. Ela inicia-se com a colonização de uma região a partir do estabelecimento das espécies
pioneiras, que correspondem aos primeiros seres vivos que se instalam no local. Em geral, são seres resistentes a
ambientes hostis – com calor excessivo, escassez de água e nutrientes e solo pouco estável – que constituem uma
comunidade pioneira, como liquens, musgos, samambaias e gramíneas. A presença dessas espécies de pequeno
porte é fundamental no processo de sucessão, pois suas atividades biológicas, bem como a decomposição de seus
corpos, enriquecem o solo de nutrientes e umidade, criando condições adequadas para o estabelecimento de animais
e outras plantas.
As comunidades pioneiras apresentam produtividade bruta (fotossíntese) maior que o consumo da atividade res-
piratória. Assim, diz-se que a relação entre elas é maior que 1. A produção líquida é alta e a maior parte da energia
obtida destina-se à sua dispersão reprodutiva. Depois da instalação da comunidade pioneira, inicia-se o aparecimento
da comunidade intermediária, composta de plantas herbáceas e arbustivas localizadas em regiões próximas que
aproveitam as melhores condições criadas pelos pioneiros. Suas sementes são
trazidas por pássaros, pela água ou pelo vento. Na comunidade intermediária,
a produção líquida é inferior à da comunidade pioneira.
A comunidade clímax ocorre em qualquer
Sucessivas gerações de plantas e animais passam a se estabelecer nesse
ecossistema, e não apenas nas florestas. Por
ambiente e, após determinado tempo, a comunidade atinge o limite de
exemplo, as comunidades que habitam os
desenvolvimento compatível com as condições físico-químicas do ecossis- desertos estão perfeitamente adaptada
s
tema a que pertence, tornando-se relativamente estável. Essa etapa carac- e em equilíbrio. Por isso, encontram-s e no
teriza o último estágio de intensas modificações na paisagem, constituindo estágio clímax de uma sucessão ecológica.
a comunidade clímax.
Uma comunidade biológica em clímax apresenta diversas espécies mais complexas, como árvores e animais maio-
res que ali se instalam. Sua biomassa é grande e constante e sua produção líquida é pequena, pois apresenta um
consumo energético muito intenso. Há uma maior diversidade de espécies, as quais são mais estáveis. Além disso, o
ambiente apresenta maior quantidade de nichos ecológicos.

Ricardo Grube. 2013. Digital.

Comunidade pioneira Comunidade


Comu intermediária Comunidade clímax

Representação esquemática das etapas de uma sucessão ecológica

Sucessões primárias
Esse tipo de sucessão ocorre em ambientes nunca habitados (estéreis). A superfície de um rochedo inicialmente
inabitado, uma rocha vulcânica nua ou uma duna recém-formada podem vir a abrigar uma comunidade clímax.
Quando os liquens (espécies pioneiras) se instalam em uma rocha, eles passam a liberar ácido liquênico, que de-
grada pedaços da rocha. Esses pedaços se desagregam e, com o tempo, formam um solo simples, que proporciona

34 Volume 11
a instalação de plantas pequenas. Essas plantas continuam a alterar o ambiente e vão sendo substituídas por outras
maiores, até o estabelecimento de uma comunidade clímax.
Outro exemplo é o caso das dunas recém-formadas, em que as gramíneas arenárias são as pioneiras. Depois que
elas ocupam a duna e os nutrientes orgânicos se acumulam, os vegetais intermediários se estabelecem. Em seguida,
surge a comunidade clímax.
Praia sem diversidade
Vento

Formação de duna Crescimento da vegetação pioneira

Duna Acúmulo de matéria orgânica


Dagoberto Pereira. 2013. Digital.

Expansão dos organismos intermediários nas áreas protegidas pelas dunas

Comunidade clímax de restinga

Tempo
Representação esquemática do processo de sucessão ecológica
primária em uma duna recém-formada

Sucessões secundárias
Ocorrem em locais anteriormente explorados e que foram destruídos por agentes climáticos naturais, como inun-
dações, tsunamis e terremotos, ou atividades humanas (queimadas, desmatamentos, minerações, campos de cultivo
abandonados, entre outras). Trata-se de um processo que ocorre mais rapidamente, pois, nesse tipo de sucessão, já
houve a formação do solo ou sedimento de fundo permanente. Além
disso, em virtude dessas condições ambientais di-
ferenciadas, novas espécies podem surgir no
local, resultando em uma comunidade clí-
max diferente daquela encontrada na for-
mação primária.
Dagoberto Pereira e Divo. 2013. Digital.

Representação esquemática do
processo de sucessão ecológica
secundária em uma região florestal

Solo após Instalação da Gramíneas e Vegetação arbustiva Comunidade


a queimada vegetação pioneira pequenos arbustos e arbórea florestal clímax
0 10 15 25 100
Tempo em anos

Biologia 35
Quando uma comunidade clímax é destruída, a nova sucessão ecológica geralmente não desenvolve um clímax
semelhante ao anterior. No caso das florestas, as formações florestais secundárias denominam-se capoeiras, que se
restabelecem aos poucos rumo à composição original. No entanto, além das diferenças na composição vegetal em rela-
ção à floresta primária (antes da devastação), a secundária geralmente apresenta árvores com copas mais baixas, maior
oscilação da temperatura ambiente e menos umidade.

Conexões
A Ilha de Cracatoa
Em 27 de agosto de 1883, a Ilha de Cracatoa, no Estreito de Sunda da atual Indonésia, explodiu após
meses de atividade vulcânica. A maior parte da ilha foi jogada longe, e toda a vida foi apagada. Enormes
tsunamis varreram as costas das vizinhas Sumatra e Java, matando dezenas de milhares de pessoas. Imensas
quantidades de cinza encheram a atmosfera, reduzindo a luz solar e criando espetaculares pores do sol
avermelhados em todo o globo, enviando as temperaturas para os níveis mais baixos em anos.
Uma vez que os fantásticos efeitos da enorme catástrofe desvaneceram-se, os cientistas reconheceram o
imenso valor de Cracatoa como um laboratório natural para estudar o desenvolvimento das comunidades
biológicas numa terra nua e recentemente formada de cinza vulcânica. [...]
Como se poderia esperar, diversas plantas dispersadas pelo mar nas costas tropicais por toda a região
foram as primeiras espécies a aparecer na ilha, formando 10 das 24 espécies que tinham colonizado
Cracatoa em 1886 [...]. Entre as pioneiras estavam as gramíneas e samambaias dispersadas pelo vento,
cujas sementes e esporos poderiam voar através do oceano. [...]
À medida que as florestas se desenvolveram, aves e morcegos foram atraídos para a ilha. [...]
Cracatoa continuará a ser um importante laboratório de estudo para a dinâmica da mudança das
comunidades.
RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 349-350.

Organize as ideias
Com base na imagem de abertura da unidade, que mostra o fogo no Cerrado, responda às questões.
1. Após o processo de queimada, a sucessão ecológica que ocorre na área afetada desse bioma se caracteriza por ser
primária ou secundária? Justifique sua resposta.
2. Conforme o ambiente se recupera após a queimada, a biodiversidade se restabelece na área degradada. Os organis-
mos que passam a habitar o local são necessariamente os mesmos que a ocupavam antes de ela ser afetada pelo
fogo? Justifique sua resposta.

Ecótono
Ao analisar ecossistemas vizinhos, como uma floresta e um campo, torna-se difícil estabelecer o limite preciso entre
eles. A dispersão natural que ocorre tanto no campo quanto na floresta faz com que ambos se invadam mutuamente,
criando uma linha de transição entre os dois ecossistemas ou entre duas comunidades clímax.

36 Volume 11
Essa área de transição denomina-se ecótono ou ecótone (do grego O estudo dos ecótonos pode resultar em
-
oikos, hábitat, casa; tono, tensão) e corresponde à zona de transição e descobertas de espécies ainda não cata
tensão entre duas comunidades diferentes, em que a flora e a fauna são, logadas, que surgiram mais recentem ente
em parte, diferentes da flora e da fauna dessas regiões e, em parte, iguais. com a união dos hábitats. Alguns organis-
Portanto, nessa área, há uma mistura de comunidades, com a possibili- mos podem ser encontrados apenas nos
-
dade de aparecimento de novas espécies de plantas e animais. ecótonos, enquanto outros não são capa
o.
zes de sobreviver nessas áreas de transiçã
Por isso, estudar esses locais tão exclusivos
pode responder a perguntas sobre a evolu-
o
ção dos seres e a capacidade de adaptaçã
de cada espécie.

Ecossistema A Ecossistema B

so
©Shutterstock/Curio
Ecótono

Um exemplo de ecótono são os manguezais, que se localizam


em regiões nas quais ocorre o encontro da água doce, proveniente
do continente, com a água salgada, dos oceanos e mares. Os man-
guezais estão localizados em várias partes do planeta e abrigam
muitas espécies endêmicas, ou seja, encontradas somente nessas
regiões.
Região de manguezal

Atividades

1. A Ilha de Cracatoa, localizada próximo a Java e Sumatra, Dispersadas


120 por animais
sofreu uma grande explosão vulcânica em 1883 e, desde Em 1886, 10 das
então, seus aspectos ecológicos, principalmente referen- primeiras 24 espécies a Dispersadas
100 colonizar Cracatoa eram pelo vento
tes ao repovoamento da ilha por espécies vegetais e ani-
Número de espécies

dispersadas pelo mar.


mais, vêm sendo estudados. O gráfico ao lado mostra de 60
que maneira as plantas foram dispersadas até chegarem Dispersadas
à ilha para sua recolonização. 40 pelo mar

De acordo com o gráfico e seus conhecimentos em Ecolo- 20


As florestas se
desenvolvem.
gia, responda às questões.
0
a) Que tipo de dispersão mais contribuiu para a chegada 1860 1880 1900 1920 1960 1980 2000
das primeiras espécies de plantas à ilha? Qual pode ter 1886 Ano
sido o motivo para que essas espécies fossem disper- Fonte: RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 6. ed. Rio
sadas dessa forma? de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 350.

b) Como se denomina o processo de recolonização que ocorreu na Ilha de Cracatoa? Que fases o caracterizam?

Biologia 37
c) Aproximadamente em que ano começaram a se es- A sequência está correta em
tabelecer as primeiras comunidades clímax na ilha? a) F, F, F, V, V.
Justifique sua resposta.
b) F, F, V, V, F.
c) V, F, F, V, F.
d) V, V, V, V, V.
4. (FUVEST – SP) Considere as seguintes comparações
entre uma comunidade pioneira e uma comunidade
clímax, ambas sujeitas às mesmas condições ambien-
tais, em um processo de sucessão ecológica primária.

2. As primeiras plantas que se estabelecem em regiões I. A produtividade primária bruta é maior numa comu-
desmatadas de clima tropical são aquelas que apre- nidade clímax do que numa comunidade pioneira.
sentam crescimento rápido e ciclo de vida curto. Como II. A produtividade primária líquida é maior numa
é sua produtividade comparada à das plantas que comunidade pioneira do que numa comunidade
ocorrem nos estágios intermediários e clímax da su- clímax.
cessão ecológica? III. A complexidade de nichos é maior numa comunida-
de pioneira do que numa comunidade clímax.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I. c) III. e) I e III.
b) II. d) I e II.
5. (UFES) A tradição cultural de algumas tribos indígenas
da Amazônia tem influência no tipo de agricultura pra-
ticado. Esse consiste na rotação de áreas de plantio,
com a derrubada e queima de pequenas áreas de flo-
resta, para o cultivo por um período de quatro anos.
Ao final desse período, a baixa fertilidade do solo faz
3. (UERN) Acerca das sucessões ecológicas, marque V com que essa área seja abandonada, e uma nova área
para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. é submetida a esse processo. Após 20 anos, aproxi-
madamente, a primeira área é novamente desmatada,
( ) Os conjuntos populacionais passam constante- queimada e cultivada.
mente por alterações abruptas e descontínuas
com o passar do tempo. Do ponto de vista da Ecologia, essa prática se apoia no
conceito de
( ) O fim da sucessão secundária sempre resulta em
uma comunidade clímax composta pelas mesmas a) sucessão primária, em que ocorre a substituição
populações que existiam antes da derrubada. temporal das espécies colonizadoras.

( ) A relação entre a produção e o consumo em um b) sucessão secundária, em que ocorre a formação de


ecossistema em sucessão é maior que um. uma floresta com espécies diferentes das da flores-
ta original.
( ) A presença das espécies pioneiras facilita a reten-
ção da umidade, diminui a temperatura da superfí- c) competição interespecífica, devido à escassez de
nutrientes no solo.
cie e a protege contra a ação do vento.
d) exclusão competitiva, em que as espécies mais sen-
( ) A sucessão primária tem início em ambientes
síveis são substituídas pelas mais resistentes.
cujas comunidades sofreram grandes perturba-
ções, comprometendo a estabilidade do estágio e) evolução do ecossistema, com o aumento da produ-
clímax da sucessão. tividade primária líquida.

38 Volume 11
6. (UNESP – SP) A figura mostra uma antiga área de cul-
tivo em processo de recuperação ambiental.

Durante o processo de sucessão secundária da área,


em direção ao estabelecimento de uma comunidade
(www.google.com.br) clímax florestal, os gráficos que representam o número
de espécies de gramíneas, a biomassa, o número de
Já os gráficos representam alterações que ocorrem espécies de arbustos e a diversidade de espécies são,
nessa área durante o processo de recuperação. respectivamente,
a) II, I, III e II. d) II, III, III e II.
b) III, I, III e II. e) I, III, I e III.
c) I, III, II e I.

Relações ecológicas
Nas diversas comunidades bióticas, existem diferentes formas de relações ou interações entre os organismos. O
próprio conceito de Ecologia destaca as interações entre os seres vivos e as relações entre eles e o ambiente, generica-
mente denominadas relações ecológicas.
As interações que se estabelecem entre indivíduos de uma mesma espécie denominam-se relações intraespecí-
ficas; e as entre indivíduos de espécies diferentes, relações interespecíficas.
Algumas interações podem proporcionar benefícios recíprocos ou beneficiar apenas um dos seres envolvidos, sem
prejudicar o outro. Nesse caso, são denominadas harmônicas ou positivas. Já outras beneficiam apenas um dos orga-
nismos, causando prejuízo ao outro, sendo chamadas de desarmônicas ou negativas. As relações ecológicas harmôni-
cas e desarmônicas podem ocorrer entre seres vivos de uma mesma espécie ou de espécies diferentes.

Relações intraespecíficas
Relações intraespecíficas harmônicas
Colônia
Associação de indivíduos de uma mesma espécie que vivem unidos e atuam em conjunto, garantindo o desen-
volvimento de toda a colônia. Esse tipo de interação pode apresentar diferentes níveis de complexidade e divisão de
funções entre os indivíduos. Em relação a essas características, as colônias são classificadas em isomorfas, quando

Biologia 39
os organismos são semelhantes e executam funções muito parecidas, sem divisão de trabalho, como as bactérias, as
cianobactérias e os corais, ou heteromorfas, quando os indivíduos são diferentes e apresentam divisão de trabalho,
executando funções bastante distintas, como as caravelas (Physalia physalis) e as algas do gênero Volvox.

Getty Images/Stephen Frink


©iStockphoto.com/Nancy Nehring
Colônias isomorfas de cianobactérias. Micrografia Colônia heteromorfa de cnidários
óptica, sem informação de aumento. formando a caravela

©iStockphoto.com/Atelopus
Sociedade
Associação de organismos que não se encontram unidos
fisicamente, mas apresentam uma organização social em
que cada um executa determinada função, havendo, assim,
cooperação e divisão de trabalho. Inúmeras espécies vivem
em sociedade, por exemplo: abelhas, cupins, formigas, ma-
cacos, pássaros e seres humanos.
Formigas são insetos sociais que apresentam,
em seu grupo, operárias, rainhas e machos.

Relações intraespecíficas desarmônicas


Competição intraespecífica
Caracteriza-se pela relação entre indivíduos da mesma espécie que competem por um ou mais recursos do am-
biente. Nesse caso, os organismos apresentam o mesmo nicho ecológico, disputando alimento, espaço, luminosidade
(plantas) ou parceria sexual. Essa forma de interação possibilita que o crescimento populacional da espécie seja regula-
do, determinando quais indivíduos podem coexistir no
mesmo hábitat.
©Shutterstock/creativex

A competição também apresenta grande impor-


tância evolutiva, pois um indivíduo mais eficiente em
ocupar determinado nicho terá maior chance de repro-
dução e seus descendentes poderão ser mais adaptados,
aumentando a capacidade competitiva da população.
Um exemplo é a luta entre machos de mamíferos pelo
território e por fêmeas na época da reprodução.

Elefantes-marinhos machos em uma disputa por território

40 Volume 11
©iStockphoto.com/IMNATURE
Canibalismo
Interação em que alguns indivíduos se alimentam de outros da mesma
espécie. Esse comportamento poderia provocar a extinção da maioria das
espécies e, geralmente, ocorre em função da falta de recursos alimentares ou
quando a competição é muito intensa em um mesmo território. Sapos, ratos,
leões e macacos são exemplos de seres vivos que podem se alimentar de
indivíduos de sua própria espécie. Em cada caso e espécie, os motivos para o
canibalismo são diferentes.
O canibalismo também pode ocorrer para a garantia da perpetuação da
espécie, sendo chamado de canibalismo sexual. Isso ocorre, por exemplo,
com o louva-a-deus e a aranha viúva-negra, cujas fêmeas, após a reprodu-
ção, alimentam-se do macho. Na verdade, os próprios machos facilitam esse
procedimento, garantindo que a fêmea tenha alimento e nutrientes para o
desenvolvimento dos ovos.
Casal de insetos louva-a-deus realizando a reprodução.
Relações interespecíficas O macho é menor que a fêmea, e esta se alimenta
dele ao final da cópula.
Relações interespecíficas harmônicas
Protocooperação
Relação ecológica em que os dois indivíduos envolvidos se
RM/Oxford Scientific

beneficiam sem que haja dependência entre eles, ou seja, eles


podem viver separadamente. No entanto, é mais vantajoso para
ambos que estejam juntos, ou próximos, para obter mais facil-
Getty Images/Photolibrary

mente abrigo, alimento ou outro recurso. Por isso, essa relação


também é denominada mutualismo facultativo. São exemplos
de protocooperação as relações entre plantas e seus poliniza-
dores, pássaros que se alimentam de carrapatos e o gado, pás-
saro paliteiro e jacaré, caranguejo paguro (Pagurus prideaux) e
anêmona-do-mar.
Caranguejo paguro com anêmona-do-mar
fixa em sua concha Os gráficos a seguir
ilustram os efeitos da
protocooperação na população de duas espécies (A e B). O gráfico I retrata o O caranguejo paguro apresenta o
desenvolvimento das duas espécies vivendo separadamente; e o gráfico II, o abdômen amolecido e, para prote-
desenvolvimento dessas mesmas espécies vivendo em associação. É possível gê-lo, insere sua região abdominal
observar que as populações das duas espécies sofreram um aumento no nú- no interior de uma concha vazia de
molusco gastrópode e passa a viver
mero de indivíduos quando passaram a viver associadas, ou seja, o benefício
e a se deslocar dessa maneira. Para
para ambas é maior quando vivem juntas.
evitar ataques de predadores, ele co-
A loca uma ou mais anêmonas-do-mar
Número de indivíduos

Número de indivíduos

B
sobre a concha. Assim, os tentáculos
urticantes da anêmona afastam pre-
A
dadores, e a anêmona se beneficia
B
com a movimentação do caranguejo,
Espécies Espécies pois amplia sua possibilidade de con-
separadas associadas seguir alimentos.

Tempo Tempo
I II

Biologia 41
Mutualismo

©iStockphoto.com/Anna Yu
Esse tipo de relação ocorre com benefício mútuo para os dois in-
divíduos envolvidos, contudo existe uma dependência obrigatória
entre eles. Por exemplo, os cupins, apesar de se alimentarem de ma-
deira, não são capazes de digeri-la. Assim, dependem das bactérias e
dos protozoários que habitam seu tubo digestório para realizar esse
processo. Os protozoários, por sua vez, recebem proteção e nutrientes
no intestino dos cupins, sobrevivendo apenas nesse ambiente. Outros
exemplos são os liquens, formados pela associação de algas e fun-
gos, e as micorrizas, formadas pela associação de fungos e raízes de
plantas.

Comensalismo
Nesse tipo de associação, um dos organismos é beneficiado sem pre-
judicar ou beneficiar o outro. O recurso mais buscado pelo comensal é Fungos e algas apresentam relação
o alimento. Um exemplo é a relação entre o tubarão (ou a tartaruga) e mutualística, formando os liquens.
a rêmora. Esse peixe apresenta uma nadadeira dorsal modificada que
funciona como ventosa, possibilitando que se mantenha
aderido ao corpo do tubarão ou da tartaruga. Quando
©iStockphoto.com/crisod

esses animais capturam suas presas, a rêmora se despren-


de e come os restos de alimento que caem na água.
Para o animal em que a rêmora se fixa, essa relação é
indiferente, uma vez que não lhe traz nem benefícios nem
prejuízos. Já a rêmora se beneficia com esse convívio.

Tartaruga com rêmoras aderidas a seu corpo

Os efeitos desse tipo de relação no desenvolvimento de duas espécies (A e B) podem ser observados nos gráficos
a seguir. Analisando-os, é possível perceber que somente a espécie A é beneficiada quando as duas espécies passam
a viver em associação, pois o número de indivíduos dessa população aumenta. Já o número de indivíduos da espécie
B se mantém praticamente o mesmo.

Espécies separadas Espécies associadas

2 000 2 000 Espécie A


Número de indivíduos

Número de indivíduos

Espécie B Espécie B

1 000 1 000

Espécie A

Tempo Tempo
I II

42 Volume 11
o Cuel
Inquilinismo

©iStockphoto.com/Rodrig
Trata-se de uma relação em que um organismo obtém abrigo
e proteção no corpo de outro, o qual não é prejudicado. Como
exemplos, podem-se citar certos crustáceos, equinodermos e
poliquetos, que se abrigam nos poros de poríferos marinhos (es-
ponjas), e as epífitas (do grego epi, sobre; phyton, planta), como as
bromélias e as orquídeas, que se desenvolvem em troncos de ár-
vores de florestas tropicais e subtropicais. Desse modo, tais plantas
conseguem melhor iluminação para a realização da fotossíntese.
Suas raízes absorvem a água da chuva e da umidade atmosféri-
Espécie de bromélia e sua relação de
ca sem retirar a seiva do interior da árvore. O epifitismo também inquilinismo com as árvores
ocorre quando musgos e samambaias se apoiam em troncos.

Relações interespecíficas desarmônicas


Competição interespecífica
Ocorre quando indivíduos de espécies diferentes disputam os mesmos recursos ambientais, pois apresentam ni-
chos ecológicos semelhantes. Assim, quanto mais parecidos forem esses nichos, maior será a competição entre os
organismos. Como exemplo, podem-se mencionar leoas, hienas e guepardos que vivem em determinada região e
apresentam as mesmas fontes de alimento, que são gnus e zebras.
As oscilações no número de indivíduos das populações de duas espécies de protozoários do gênero Paramecium,
(P. aurelia e P. caudatum), mostradas no segundo gráfico, indicam que ambas apresentam nichos ecológicos semelhan-
tes, pois sofrem queda populacional quando cultivadas juntas. Assim, diz-se que essas duas espécies competem pelo
mesmo recurso.
Cultivados isoladamente Cultivados juntos

Ambos crescem No entanto, quando cultivados


quando cultivados juntos, P. caudatum desaparece
separadamente. e P. aurelia permanece na cultura,
Densidade populacional
Densidade populacional

mas diminui em virtude


da competição.
400
P. aurelia

250

Jack Art. 2012. Digital.


P. caudatum

0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 2 4 6 8 10 12 14 16
Dias Dias
I II
rd

Predatismo
©iStockphoto.com/Wayne

Ocorre quando um animal (predador) mata outro de espé-


cie diferente (presa) para alimentar-se. Esse tipo de interação é
facilmente encontrado nas cadeias alimentares, em que, com fre-
quência, os organismos desempenham duplo papel, sendo ora
predadores, ora presas. Com esse tipo de interação, as populações
mantêm o número de indivíduos controlado, resultando, com ou-
tros fatores, em uma dinâmica populacional.

Ave (predador) alimentando-se de um peixe (presa)

Biologia 43
No gráfico, são apresentadas oscilações periódicas e sincronizadas na densidade de duas populações (predadores
e presas), o que revela a existência de um controle mútuo. Assim, quando o número de presas aumenta, a quantidade
de predadores também aumenta em virtude da maior oferta de alimento. Entretanto, com o aumento da população de
predadores, o número de presas diminui em decorrência da predação, o que acaba diminuindo também a população
de predadores pela menor oferta de alimento. Com menos predadores, a população de presas volta a crescer.

Número de predadores ou presas

Presas

Predadores

Tempo

Existe uma variação do predatismo denominada herbivorismo, em que um animal (consumidor


primário) se alimenta de determinada planta ou de suas partes.

Parasitismo
Esse tipo de interação ocorre quando uma espécie (parasita) retira nutrientes do organismo de outra espécie (hos-
pedeiro). Em geral, os parasitas não matam seus hospedeiros, pois isso também acarretaria sua morte em virtude da
falta de abrigo e alimento. Contudo, os parasitas podem, com o tempo, enfraquecer o hospedeiro, causando doenças
e reduzindo seu tempo de vida.
Os parasitas podem ser de dois tipos: ectoparasitas, quando vivem associados à superfície externa dos hospe-
deiros, como carrapatos, piolhos e sanguessugas; e endoparasitas, quando se desenvolvem dentro do organismo
hospedeiro, como vermes e protozoários.
Algumas plantas dotadas de raízes sugadoras ou haustórios também mantêm interações parasíticas (fitoparasitis-
mo), podendo ser holoparasitas ou hemiparasitas. As holoparasitas não realizam fotossíntese e, por esse motivo, pene-
tram suas raízes no caule da planta hospedeira sugando a seiva elaborada. Já as hemiparasitas realizam fotossíntese e,
por isso, penetram suas raízes no caule da planta hospedeira, retirando apenas água e sais, que compõem a seiva bruta.

Amensalismo ou antibiose
Nessa relação, uma das espécies libera substâncias que inibem o crescimento ou a reprodução de outra espécie, que
pode competir por espaço ou alimento. Como exemplos, podem-se citar as bactérias patogênicas, que têm sua repro-
dução inibida pelo antibiótico penicilina produzido pelo fungo do gênero Penicillium, e algumas plantas, como eucalip-
tos, pinheiros e cedros, os quais liberam substâncias nocivas que inibem a germinação de sementes de outras plantas.

As relações ecológicas interespecíficas, como mutualismo, comensalismo, inquilinismo e parasitismo,


são agrupadas no conceito de simbiose (do grego syn, juntos; bios, vida). Esse conceito, criado pelo
biólogo Heinrich Anton de Bary (1831-1888), agrupa relações ecológicas estabelecidas entre espécies
interdependentes, as quais podem ser vantajosas ou desvantajosas para pelo menos um dos indivíduos.

44 Volume 11
Organize as ideias
As relações ecológicas podem ser caracterizadas por meio de convenções ou sinais, que indicam o que pode
ocorrer com as espécies que participam das interações. As convenções utilizadas são as seguintes:
• (0) a relação é indiferente para a espécie;
• (−) a relação é negativa – dependendo do caso, pode prejudicar uma ou ambas as espécies envolvidas;
• (+) a relação é positiva – nesse caso, também pode ser que apenas uma ou ambas as espécies sejam beneficiadas.
Sobre as relações ecológicas, preencha o quadro utilizando esses símbolos e, em seguida, classifique-as em intraes-
pecíficas ou interespecíficas e harmônicas ou desarmônicas.
Relação ecológica Indivíduo 1 Indivíduo 2 Classificação
Competição
Canibalismo
Protocooperação
Comensalismo
Mutualismo
Inquilinismo
Parasitismo
Predatismo
Colônia
Sociedade
Amensalismo

Dinâmica das populações


De modo geral, o tamanho das populações apresenta variações em deter-
minados períodos de tempo, as quais resultam de diversos fatores que atuam -
no crescimento e na distribuição populacional. A identificação desses fatores No caso das populações humanas, a den
é o principal objeto de estudo da dinâmica populacional, por meio da qual sidade populacional é chamada de den-
sidade demográfica e é calculada com base
é possível obter informações sobre o comportamento, o crescimento e a dis-
nos censos demográficos. No Brasil, esse
tribuição de uma espécie ou de um conjunto de espécies em determinada
trabalho é realizado pelo Instituto Brasileiro
comunidade. de Geografia e Estatística (IBGE), que conta-
Densidade das populações biliza o número de pessoas e o divide pelo
tamanho do território brasileiro (8,5 milhões
,
A relação estabelecida entre o número de organismos de uma popula- de quilômetros quadrados). Segundo o IBGE
ção e o espaço ocupado por eles, expresso em área ou volume, denomina-se em 2000, a densidade dem ográfica bras ileira
2
densidade populacional. Por exemplo, em certa área de um brejo, existem era de 19,92 hab./km . Em 2010, esse nú-
2
trinta girinos por metro quadrado (30/m2); em um aquário, há cinco peixes mero aumentou para 22,4 3 hab./km , de-
por metro cúbico de água (5/m3). monstrando crescimento da população.

Número de indivíduos da população (N)


Densidade (D) =
Unidade de área ou volume (A)

Biologia 45
Alguns fatores, como parasitismo, doenças infeccio-
sas e competição, podem atuar no controle populacio- Exemplo
nal regulando a densidade dos indivíduos que ocupam Em relação ao exemplo anterior, em que se têm
determinado espaço. Tais fatores limitam o crescimento um número inicial de 3 mil indivíduos e um número
populacional, tendo maior efeito à medida que a densi- final de 9 mil indivíduos em um intervalo de tempo de
dade aumenta. Assim, se um grupo populacional estiver duas horas, qual seria a taxa de crescimento relativo
acima de sua capacidade de suporte no ambiente, possi- da população de cianobactérias?
velmente apresentará redução na densidade ocasionada
por algum fator limitante. Taxa de crescimento
= [(9 000 – 3 000) : 3 000] : 2
relativo
Taxas de crescimento populacional
Expressam a variação (aumento ou redução) do
número de indivíduos de uma população em determi- Nesse caso, a taxa de crescimento relativo é de
nado período de tempo. Com base nas taxas de cres- um indivíduo por hora, ou seja, cada cianobactéria é
capaz de gerar um novo indivíduo a cada hora.
cimento populacional, é possível identificar se uma
população está crescendo ou reduzindo, assim como
verificar de que maneira os fatores ambientais estão
influenciando no desenvolvimento dos indivíduos. Por meio das taxas de crescimentos absoluto e relati-
vo, podem-se comparar populações de espécies diferen-
Denomina-se taxa de crescimento absoluto a varia- tes, ou de uma mesma espécie, identificando quais fatores
ção do número de indivíduos em determinado período ambientais são mais favoráveis a seu desenvolvimento.
de tempo sem levar em consideração o tamanho da po-
pulação. Para calcular essa taxa, deve-se subtrair o núme- Taxas de natalidade e mortalidade
ro de indivíduos do início do período considerado (Ni) do Dois fenômenos atuam diretamente na densidade
número de indivíduos ao final do período considerado populacional de uma espécie: taxa de natalidade (nú-
(Nf ) e dividir esse resultado pelo intervalo de tempo con- mero de indivíduos que nascem) e taxa de mortalidade
siderado (t). (número de indivíduos que morrem). É necessário um
equilíbrio entre o número de mortes e o de nascimentos
Taxa de crescimento absoluto = (Nf − Ni) : t para que a população se mantenha estável.

Exemplo
é expressa pelo número
Considere uma população de cianobactérias Na espécie humana, a taxa de natalidade
ano para cada mil habi-
constituída, inicialmente, por 3 mil indivíduos. Duas total de crianças nascidas no período de um
a taxa de mortalidade,
horas mais tarde, há 9 mil indivíduos. Qual é sua taxa tantes da população. O mesmo acontece com
(mortes) que ocorrem
de crescimento absoluto? que é calculada pelo número total de óbitos
es da população.
no período de um ano para cada mil habitant
Taxa de crescimento absoluto = (9 000 – 3 000) : 2 por ano/1 000 pessoas
Taxa de natalidade: número de nascimentos
ano/1 000 pessoas
Nesse caso, a taxa de crescimento absoluto no Taxa de mortalidade: número de óbitos por
período analisado foi de 3 mil indivíduos por hora.

A taxa de crescimento relativo corresponde à va-


Além disso, o tamanho de uma população pode ser
riação do número de indivíduos de uma população em
afetado por migrações, ou seja, fluxo populacional de ca-
relação a seu número inicial em determinado período de
ráter periódico ou não entre dois locais diferentes. Assim,
tempo. A equação que expressa essa relação é dada por:
quando ocorre a entrada de indivíduos na população,
Taxa de crescimento relativo = [(Nf – Ni) : Ni] : t diz-se que houve imigração e, quando ocorre a saída de
indivíduos, diz-se que houve emigração.

46 Volume 11
Observe como esses eventos atuam na densidade populacional.
• Crescimento: natalidade + imigração > mortalidade + emigração
• Declínio: natalidade + imigração < mortalidade + emigração
• Equilíbrio: natalidade + imigração = mortalidade + emigração

Potencial biótico
O aumento da população de determinada espécie depende de seu potencial biótico, ou seja, de sua capacidade
de reprodução e adaptação ao ambiente. Desse modo, quanto maior for sua capacidade reprodutiva e dispersiva,
maior será seu potencial biótico.
O crescimento de uma população depende das condições impostas pelo ambiente, como clima, disponibilidade
de água e alimentos, oxigenação, presença de competidores, parasitas e predadores. Esse conjunto de atividades
restritas ao ambiente é chamado de resistência do meio e impede que os organismos ultrapassem a carga biótica
máxima ou a capacidade de suporte do meio, indicando o tamanho populacional que o ambiente pode tolerar.
Se uma população apresentar um crescimento exponencial excessivo e por tempo indeterminado, certamente
ocorrerá um desequilíbrio ambiental. Por isso, ao mesmo tempo que o ambiente é provedor de recursos, ele também
controla o crescimento populacional.
Portanto, quando ocorre uma interação favorável entre o Curva do
potencial biótico
potencial biótico e a resistência do meio, a espécie tende a se
manter em equilíbrio. Nesse caso, os organismos apresentam
Capacidade de
algumas oscilações no crescimento, mostrando o desenvol- Resistência
Tamanho da população

suporte do meio
do meio
vimento de uma população controlada.
No gráfico, é possível observar que o crescimento real
de uma população equilibrada depende de seu potencial
biótico em oposição à resistência do meio, podendo ser Curva de
representado por uma curva sigmoide. Desse modo, obser- crescimento real

va-se que a população cresce exponencialmente até que a


resistência do meio provoque a redução desse crescimento,
causando a estabilização. Na fase de equilíbrio, ocorrem pe- Tempo

quenas oscilações. Representação gráfica das fases de crescimento de uma


população em equilíbrio

Potencial biótico Resistência do meio


Velocidade de reprodução Falta de alimento e nutrientes

Habilidade de migração ou dispersão Falta de hábitat adequado

Invasão de novos hábitats Condições climáticas adversas

Mecanismos de defesa Doenças e competidores

Capacidade de enfrentar situações adversas Predadores e parasitas

curva sigmoide: recebe essa denominação por ser em formato de S. Ela reflete um modelo matemático utilizado com bastante frequência para
descrever o crescimento populacional de uma espécie.

Biologia 47
Conexões
Podemos manejar nossa própria população?
O manejo de nossa própria população tornou-se uma questão de grande preocupação. Por milhares
de anos, a capacidade de suporte da Terra para populações humanas foi mantida a um baixo nível pelos
suprimentos de alimento e água e por doenças. A domesticação de plantas e animais e o cultivo da terra
permitiram que nossos ancestrais aumentassem dramaticamente os recursos à sua disposição. Esse desen-
volvimento estimulou um rápido crescimento populacional até perto do próximo limite de capacidade
de suporte, o qual foi determinado pela produtividade agrícola possível apenas com ferramentas movidas
pelo homem e por animais. A tecnologia agrícola e os fertilizantes artificiais, possíveis devido à extração
de combustíveis fósseis, incrementaram muito a produtividade agrícola, aumentando ainda mais a capa-
cidade de suporte da Terra para os seres humanos. O desenvolvimento da Medicina moderna reduziu a
eficiência de doenças como um fator limitante sobre as populações humanas, aumentando ainda mais a
capacidade de suporte do planeta [...].
[...] Hoje, a capacidade de suporte é determinada pela habilidade da Terra em absorver os subprodu-
tos – especialmente o CO2 – de nosso enorme consumo de combustíveis fósseis e por nossa propensão
ou não em causar a extinção de milhões de outras espécies para acomodar nosso uso crescente de recur-
sos do ambiente. [...]
PURVES, William K. et al. Vida: a ciência da Biologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. v. 2, p. 972.

Populações humanas e desenvolvimento humano


As populações humanas apresentam grande diversidade em suas condições de vida. Assim, fatores sociais, am-
bientais e econômicos, como saúde, educação, meio ambiente, direitos humanos, equidade, sustentabilidade, gestão
política e cultura, impactam diretamente na qualidade de vida das pessoas.
Esses fatores passaram a ser bastante discutidos, principalmente, com a criação do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), cálculo que apresenta uma medida resumida do progresso de uma população a longo prazo. Para isso,
são consideradas três dimensões básicas: renda, educação e saúde, aspectos primordiais para o pleno desenvolvi-
mento físico, intelectual e social dos seres humanos.
O IDH foi publicado pela primeira vez em 1990 e é calculado anualmente. Os três fatores considerados atualmente
em seu cálculo são mensurados com base no(a):
• expectativa de vida da população;
ranking mundial do
• média de anos de escolaridade dos adultos; Em 2014, o Brasil ficou em 79.º lugar no
Desenvolvimento
• expectativa de anos de escolaridade para as crianças; IDH, sendo considerado um país com Alto
102º. lugar.
Humano. Essa classificação abrange até o
• padrão de renda.
Esse índice não abrange todos os aspectos do desenvolvimento humano, mas é importante por sintetizar, em uma
escala, questões essenciais para o bem-estar de uma população e colocar em debate as medidas necessárias para que
se avance nesses aspectos em todas as nações. Somente em um ambiente equilibrado, em que as populações tenham
acesso a educação, saúde e saneamento básico, pode-se ampliar a expectativa de vida, evitando doenças que aumen-
tam as taxas de mortalidade (principalmente infantil) e garantindo a dignidade e o pleno desenvolvimento humano.

48 Volume 11
Atividades

1. Explique a importância da identificação das relações ecológicas entre os seres vivos nos ecossistemas para os estu-
dos na área de Ecologia.

2. (UFC – CE) Um dos maiores problemas ambientais da atualidade é o representado pelas espécies exóticas invasoras
que são aquelas que, quando introduzidas em um hábitat fora de sua área natural de distribuição, causam impacto
negativo no ambiente. Como exemplos de espécies invasoras no Brasil e de alguns dos problemas que elas causam,
podemos citar: o verme âncora, que vive fixado sobre peixes nativos, alimentando-se do sangue deles sem matá-los;
o coral-sol, que disputa espaço para crescer com a espécie nativa (coral-cérebro), e o bagre-africano, que se alimenta
de invertebrados nativos. As relações ecológicas citadas acima são classificadas, respectivamente, como:
a) mutualismo, amensalismo, canibalismo. d) parasitismo, competição interespecífica, predação.
b) inquilinismo, mimetismo, comensalismo. e) protocooperação, competição intraespecífica, escla-
vagismo.
c) comensalismo, parasitismo, mutualismo.
3. (IFS – SE) Os seres vivos mantêm relações entre si e com o meio onde vivem. A respeito das relações ecológicas foram
feitas algumas afirmações. Assinale a alternativa incorreta.
a) O predatismo é uma relação desarmônica entre a presa e o predador, essa relação é importante para o controle
populacional das presas.
b) A lombriga é considerada um endoparasita enquanto que a pulga e o piolho são ectoparasitas, estes organismos
buscam abrigo e alimento no hospedeiro.
c) As rêmoras são peixes que se grudam na pele dos tubarões com intuito de aproveitar os restos de suas presas,
caracterizando o comensalismo.
d) Os liquens são formados pela associação de fungos e algas, numa troca de benefícios obrigatória para a sobrevi-
vência de ambos.
e) Os cupins não conseguem digerir a celulose sem a ajuda dos protozoários. Nos humanos esse polissacarídeo é fa-
cilmente digerido uma vez que produzimos a celulase, uma enzima específica para digestão do carboidrato citado.
4. Analise o gráfico do crescimento populacional humano e responda às questões.
8. Em 2012, a população humana
7
atingiu os 7 bilhões de habitantes.
5. Avanços na Medicina diminuíram
1 as taxas de mortalidade.
6
2. Estabilidade da população
humana por milhares de anos. 7. A população humana
5 A carga biótica máxima (K) atingiu o valor de 6 bilhões
dependia da produção de pessoas em 2009. 4. Início da Revolução
Bilhões de pessoas
Bilhões de pessoas

4 alimentar da época. 0,5 Industrial

3 1. Revolução Agrícola; 6. Crescimento exponencial


o ser humano inicia a da população humana no
domesticação de século XX
2 animais e plantas.
1 000 800 600 400 200 Presente
1
3. A Peste Negra causou uma
0 devastação na Europa e na Ásia.
12 000 11 000 10 000 9 000 8 000 7 000 6 000 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 Presente
Anos atrás
PURVES, William K. et al. Vida: a ciência da Biologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. v. 2, p. 972.

Biologia 49
a) O crescimento de uma população depende de quais a) Qual curva representa a população do mamífero
fatores? predador? Qual das duas espécies tem maior capa-
cidade de suporte (carga biótica máxima)?

b) A população humana manteve-se relativamente


estável durante milhares de anos. Como isso se
justifica?
b) Cite duas adaptações defensivas contra predação
apresentadas por mamíferos pastadores da Savana.

c) Que fatores podem ser apontados como respon-


sáveis pelo crescimento exponencial da população
humana a partir do século XX?
6. O pleno desenvolvimento das populações humanas
depende de diversos fatores, como acesso a saúde,
educação e renda. Para avaliar o progresso de uma
população a longo prazo, foi desenvolvido o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Sobre esse assunto,
responda às questões.

d) Quais poderão ser as consequências se a população a) Quais fatores são considerados no cálculo do IDH de
humana continuar apresentando um crescimento uma população?
excessivo por tempo indeterminado?

b) De que maneira a conservação do ambiente, o uso


5. (UNICAMP – SP) O gráfico abaixo ilustra as curvas de equilibrado dos recursos naturais e o saneamento
crescimento populacional de duas espécies de mamífe- básico afetam o desenvolvimento das populações
ros (A, B) que vivem na Savana africana, um pastador e humanas?
um predador. Analise o gráfico e responda às questões.

50 Volume 11
Ciclos biogeoquímicos
Na natureza, existe uma constante troca de subs- Ciclo curto
tâncias contendo diversos elementos químicos, como
A água dos oceanos, mares, rios, lagos e da umidade
carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósforo, cálcio
do solo evapora-se com o aumento da temperatura nes-
e enxofre. Esses elementos são retirados do ambiente,
ses ambientes. Depois de passar para a forma gasosa, o
utilizados pelos organismos e novamente devolvidos
ao ambiente. Os principais responsáveis pelo processo vapor-d’água encontra camadas atmosféricas mais frias e
de ciclagem dos nutrientes são as bactérias e os fungos sofre condensação. Seu retorno aos ambientes aquáticos
decompositores, os quais possibilitam a degradação das ou terrestres acontece por meio da precipitação, sob a
moléculas orgânicas em compostos mais simples, que forma de chuva ou neve.
ficam disponíveis no ambiente para serem utilizados por Ciclo longo
outros seres vivos.
A água é absorvida pelos seres vivos e utilizada em
Todo esse trânsito de elementos químicos entre os suas atividades metabólicas para posterior devolução ao
seres vivos e o ambiente ocorre nos ciclos biogeoquími-
ambiente. As plantas absorvem a água por meio das raí-
cos, que são essenciais para que os elementos químicos
zes e a utilizam no transporte de nutrientes, nas reações
retornem ao ambiente e sejam utilizados por novos seres.
hidrolíticas e na realização da fotossíntese. É importante
Existem diversos desses ciclos na natureza, porém aqui
lembrar que as plantas perdem água continuamente pela
serão abordados os principais: da água, do carbono, do
transpiração. Por realizarem a absorção e a liberação de
oxigênio, do nitrogênio e do fósforo.
água sob a forma de vapor na atmosfera, as plantas man-
têm o estado higrométrico do ar (umidade) favorável ao
Ciclo da água
desenvolvimento da vida.
A água é o composto inorgânico mais abundante nos
seres vivos e em toda a biosfera. É encontrada na forma Os animais podem ingerir água diretamente de rios,
líquida nos oceanos, rios, lagos e subsolo; na forma sólida, lagos, entre outros meios, ou indiretamente dos tecidos
constituindo o gelo dos círculos polares e geleiras; e na orgânicos utilizados na alimentação. A água ingerida re-
forma de vapor, formando a atmosfera. Além disso, é en- torna ao ambiente por meio da excreção (urina), da trans-
contrada na umidade dos solos e nos seres vivos. Por isso, piração, da respiração e das fezes. No entanto, parte da
o ciclo da água é estudado sob dois aspectos: sem a par- água absorvida por plantas e animais fica incorporada a
ticipação dos seres vivos (ciclo curto ou pequeno) e com seus tecidos, sendo devolvida ao ambiente quando esses
a participação dos seres vivos (ciclo longo ou grande). organismos morrem e sofrem decomposição.
Morros recobertos Atmosfera
Movimento das nuvens
de floresta

Nuvens
Condensação
(chuva)
Ciclo
longo
Ricardo Grube. 2013. Digital.

Transpiração e
Condensação
respiração dos Ciclo
(chuva)
animais e das plantas
curto

Evaporação
Rio
Praia
Plantas
Água infiltrada no solo

Mar

Representação esquemática do ciclo da água

Biologia 51
A água da chuva que se infiltra no solo é responsável por uma das principais reservas de água doce do planeta: os
aquíferos. Eles se formam, principalmente, em locais onde há rochas porosas que possibilitam a passagem e o arma-
zenamento da água. Como podem ser usados como fonte de água para consumo humano, os aquíferos precisam ser
monitorados a fim de evitar contaminações por esgotos ou agrotóxicos, que também podem se infiltrar no solo.

Conexões
O planeta das águas
[...]
O ciclo hidrológico, o permanente movimento da água líquida e vapor-d’água da atmosfera e da água
sob estado sólido nas geleiras, é impulsionado pela energia solar, pelo transporte de nuvens, por ventos.
Esse ciclo, por sua vez tem papel fundamental nas rotas e ciclos de distribuição de elementos, substân-
cias e organismos. De fundamental importância nesse ciclo é o papel da vegetação. A evapotranspiração
repõe água para a atmosfera a uma taxa apreciável (cerca de 30% da água na atmosfera é proveniente da
evapotranspiração da vegetação) [...] as florestas contribuem para a recarga dos aquíferos subterrâneos,
diminuem a erosão e removem contaminantes das águas superficiais. [...] É por esta razão que florestas
ripárias ou “florestas beiradeiras” (segundo Ab’Sáber) têm um papel fundamental na regulação e manu-
tenção de qualidade de água de rios e riachos. E também é por essa razão que os custos do tratamento de
água de regiões protegidas por florestas é muito mais baixo (100 vezes menor) que o tratamento de água
proveniente de mananciais degradados.
[...]
TUNDISI, José Galizia. O planeta das águas. Scientific American Brasil, São Paulo, n. 63, p. 14-19, fev./mar. 2015. Edição especial.

Ciclo do carbono Atmosfera

O carbono é um elemento químico funda- CO2


Combustíveis
mental à formação dos organismos, pois está CO2 fósseis
CO2
presente em todos os compostos orgânicos,
como proteínas, carboidratos, lipídios e ácidos
nucleicos. Também existe em abundância em
Divo. 2013. Digital.

Vegetação Rio
compostos minerais, como os carbonatos, e nos
Solo oceânica
Superfície
depósitos orgânicos formadores de petróleo
(carvão e turfa). Organismos marinhos
Águas profundas

Na constituição atmosférica, o carbono é en-


Sedimentos
contrado principalmente na forma de dióxido de Decomposição

carbono (CO2). Organismos autótrofos fotossin-


Esquema representativo do ciclo do carbono
tetizantes, como plantas, algas e cianobactérias,
utilizam o dióxido de carbono presente no ar ou na água
á para a produção
d de
d carboidratos
b d (açúcares).
( ú Esses organismos,
assim como os consumidores, utilizam os compostos orgânicos durante o metabolismo energético (respiração celular).
Com isso, ocorre a liberação de energia para a realização das atividades metabólicas e de CO2 como resíduo respirató-
rio, o qual é devolvido ao ar atmosférico ou à água e novamente incorporado pelas plantas na fotossíntese, fechando
o ciclo.

52 Volume 11
Além do CO2, existem outros compostos ricos em carbono que entram na constituição atmosférica, porém em
quantidades bem pequenas. Um deles é o monóxido de carbono (CO), encontrado em quantidade aproximada de
0,1 ppm (parte por milhão); e o outro é o metano (CH4) resultante da degradação anaeróbia de compostos orgânicos.
Esses dois gases são oxidados na atmosfera, produzindo novamente o CO2.
O retorno do carbono ao ar atmosférico pode demorar milhões de anos. Isso ocorre porque a matéria orgânica
pode permanecer armazenada no subsolo na forma de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e turfa. Quando
o ser humano utiliza esses combustíveis, possibilita o retorno de toneladas de átomos de carbono ao ar atmosférico.

PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS DE CARBONO DA TERRA


Porcentagem do total de
Reservatório Carbono (gigatons)
carbono da Terra
Oceanos 38 · 103 (> 95% correspondem ao C inorgânico) 0,05
6
Rochas e sedimentos 75 · 10 (> 80% correspondem ao C inorgânico) > 99,5
3
Biosfera terrestre 2 · 10 0,003
Combustíveis fósseis 4,2 · 103 0,006
Biosfera aquática 1-2 0,000002
4
Hidratos de metano 10 0,014
Fonte: INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. O ciclo do carbono. Disponível em: <http://www.
ib.usp.br/~delitti/projeto/rhavena/Index.htm>. Acesso em: 23 set. 2015.

Ciclo do oxigênio
O gás oxigênio (O2) é vital para a sobrevivência dos seres vivos, pois participa dos processos oxidativos que possi-
bilitam a respiração celular. O ciclo do oxigênio envolve reações que ocorrem no metabolismo energético dos seres
vivos. Isso significa que esse elemento circula, fundamentalmente, nos processos de fotossíntese e respiração celular.
As três principais fontes de átomos de oxigênio para os seres vivos são o gás oxigênio (O2), o dióxido de carbono
(CO2) e a água (H2O). A água constitui um dos produtos formados na respiração celular e parte dela é eliminada por
meio da transpiração, da excreção (urina)
e das fezes, fazendo com que o oxigê- O3

nio retorne ao ambiente. A outra parte


é utilizada em diversos processos meta-
bólicos, incorporando-se à estrutura dos Fotossíntese
O2 atmosférico CO2 atmosférico
seres vivos. Assim, os átomos de oxigênio
podem voltar à atmosfera ou aos ocea- H2O (vapor)
nos, rios e lagos pela decomposição dos
organismos.
Respiração
A água que retorna aos ecossistemas
Ricardo Grube. 2013. Digital.

participa da fotossíntese. Na fase clara


Assimilação
desse processo, ela sofre a fotólise (que- pelos herbívoros
bra em presença de luz), resultando em
íons hidrogênio (H+) e oxigênio molecu-
lar (O2), o qual é liberado na atmosfera,
fechando o ciclo.

Esquema representativo Micro-organismos decompositores


do ciclo do oxigênio Morte e decomposição

Biologia 53
Além disso, parte do oxigênio atmosférico combina-
-se com metais presentes no solo (ferro, silício, manga- filtro protetor das radia-
A camada de ozônio funciona como um
nês, entre outros), formando diversos óxidos, e outra s radiações dissociam o
ções ultravioleta. Ela se forma quando essa
parte localiza-se na estratosfera (entre 10 e 45 km), na os de oxigênio, que se
oxigênio molecular (O2), liberando os átom
forma de ozônio (O3). ando o ozônio (O3).
combinam com outras moléculas de O2, form

Ciclo do nitrogênio
O nitrogênio é um elemento químico fundamental para a biodiversidade, pois está presente na constituição dos
aminoácidos, que formam as proteínas, e das bases nitrogenadas, formadoras dos ácidos nucleicos (DNA e RNA).
Apesar de ser muito abundante na atmosfera (aproximadamente 78%), o nitrogênio não se encontra disponível
para o uso direto pela maioria dos seres vivos, pois sua estrutura molecular (N2) apresenta grande estabilidade,
tornando-o pouco reativo com outros elementos.
Por esse motivo, o nitrogênio não pode ser diretamente absorvido pelas plantas. Ele é absorvido pelas raízes na
forma de amônia (NH3) ou íon nitrato (NO3−) presentes no solo e na água. Já os animais podem aproveitá-lo na forma
de aminoácidos retirados dos alimentos.
Para que os seres vivos possam utilizar o nitrogênio e que seja possível seu retorno ao ar atmosférico, é fun-
damental a participação de micro-organismos, que realizam as quatro etapas do ciclo: fixação, decomposição,
nitrificação e desnitrificação.
Fixação do nitrogênio
Processo que possibilita a incorporação do nitrogênio molecular (N2),
convertendo-o em compostos biodisponíveis, ou seja, substâncias que
podem ser usadas pelas células. Quando os compostos nitrogenados presen-
A fixação atmosférica ou não biológica ocorre por meio da energia calo- tes em moléculas orgânicas de resíduos da
rífica gerada pelos raios na atmosfera, a qual provoca a reação de oxidação do excreção (urina) ou de organismos mortos
nitrogênio, formando os íons nitrato (NO3−). Estes, ao serem carregados ao solo sofrem decomposição, ocorre a formação
pela ação das chuvas, ficam disponíveis para a absorção vegetal. de amônia (NH3) ou amonização. Esse
-
processo é uma forma de obtenção de ener
Na fixação biológica ou biofixação, o nitrogênio é incorporado às gia, pois a decomposição nada mais é que
células dos micro-organismos fixadores de nitrogênio que vivem no solo, uma consequência da respiração celular de
reagindo com os hidrogênios (da água) e produzindo amônia (NH3). Esse fungos e bactérias.
processo ocorre na presença da enzima nitrogenase.

nitrogenase
2 N2 + 6 H2O 4 NH3 + 3 O2

Os principais micro-organismos fixadores de nitrogênio são as cianobactérias (Nostoc e Anabaena) e as bactérias


(Azotobacter e Clostridium) que vivem no solo. Existe, ainda, um grupo especial de bactérias, do gênero Rhizobium, que
vive no interior de nódulos das raízes de plantas leguminosas (feijão, amendoim, ervilha, alfafa, entre outras), estabe-
lecendo uma relação harmônica de mutualismo. Desse modo, os micro-organismos fornecem o nitrogênio fixado às
leguminosas, e estas fornecem glicose (resultante da fotossíntese) aos fixadores. O excedente de material nitrogenado
é liberado no solo na forma de amônia.
Nitrificação
Poucas plantas conseguem absorver o nitrogênio presente na amônia. Assim, a absorção geralmente é feita na
forma de nitrato (NO3−). A nitrificação corresponde aos processos que possibilitam a formação de nitrato no solo ou na
água e ocorre em duas etapas: nitrosação e nitratação.

54 Volume 11
A nitrosação é realizada por bactérias do gênero Nitrosomonas, as quais utilizam amônia em seu processo de
quimiossíntese e liberam o íon nitrito (NO2−).

2 NH3 + 3 O2 2 H+ + 2 NO2− + 2 H2O + energia


Nitrosomonas

Contudo, o nitrito é tóxico para as plantas e não é absorvido por elas. Esse íon é oxidado por outro grupo de bac-
térias quimiossintetizantes presentes no solo, as quais realizam a nitratação. Nesse processo, as bactérias do gênero
Nitrobacter usam os nitritos em seu metabolismo, transformando-os em nitratos, que podem ser absorvidos pelas
raízes das plantas e incorporados na constituição, principalmente, de suas proteínas e ácidos nucleicos.
Assim, quando os vegetais são consumidos nas cadeias alimentares pelos herbívoros, o nitrogênio também passa
a fazer parte de suas estruturas moleculares.

2 NO2− + O2 2 NO3− + energia


Nitrobacter

Desnitrificação
Uma parte dos compostos nitrogenados presentes no solo segue a via da nitrificação e outra parte é convertida em
nitrogênio molecular (N2), o qual reinicia o ciclo. Essa conversão é realizada pelas bactérias desnitrificantes do gênero
Pseudomonas. Quando a disponibilidade do oxigênio atmosférico é menor, essas bactérias utilizam o oxigênio existen-
te no nitrato para produzir energia. Assim, o gás nitrogênio (N2) é liberado e retorna à atmosfera.

N2 atmosférico
Fixação do Desnitrificação
nitrogênio
Descargas elétricas
atmosférico
na atmosfera

Emissão
de gases
nitrogenados

Alimentação

Morte e Bactérias
Excreção desnitrificantes
decomposição Absorção
pelas
Decompositores raízes NO− (nitrato)
3
Divo. 2013. Digital.

Bactérias fixadoras de
Absorção
N2 nos nódulos de
de NH3 por Nitratação
raízes de leguminosas
algumas plantas

NH3 (amônia) NO−


2 (nitrito)

Bactérias fixadoras Nitrobacter


de N2 no solo
Nitrosação Nitrosomonas

Esquema representativo
do ciclo do nitrogênio

Biologia 55
Os nitratos são nutrientes minerais escassos em muitos solos agrícolas e sua adição por adubação artificial (fertili-
zantes químicos industrializados), além de prejudicar o solo e reservatórios de água doce, requer alto gasto financeiro.
Contudo, existem técnicas naturais e baratas de fertilização do solo que não agridem o meio ambiente, como a rotação
de culturas e a adubação verde.
A rotação de culturas consiste em alternar plantações de arroz, milho ou trigo com leguminosas, como feijão e soja.
Esse recurso é muito utilizado na agricultura, pois tem como grande benefício o mutualismo existente entre as legumino-
sas e as bactérias fixadoras, que repõem o nitrogênio retirado do solo por outras plantas.
Na adubação verde, algumas leguminosas são inseridas entre as plantações e, quando cortadas, podem ser deixa-
das recobrindo o solo. Esses restos vegetais sofrem decomposição, enriquecendo o solo com compostos nitrogenados.
Entre as vantagens da rotação de culturas e da adubação verde, estão melhoria das condições físicas, químicas e bio-
lógicas do solo; controle de plantas daninhas, bem como de doenças e pragas (fungos, lagartas e vermes); reposição de
restos orgânicos; proteção do solo contra a ação de agentes climáticos; e economia no uso de fertilizantes nitrogenados.

Ciclo do fósforo
O fósforo (P) é um importante elemento químico para a formação dos seres vivos, pois faz parte da constituição
dos ácidos nucleicos e, principalmente, das moléculas energéticas, como a adenosina trifosfato (ATP). O ciclo do fósforo
concentra-se no solo, nas rochas e nos seres vivos, pois esse elemento não apresenta compostos gasosos. As plantas
utilizam os íons fosfato (PO43−) encontrados na água que absorvem do solo, e os animais obtêm esse íon pela ingestão
de água e alimentos. O retorno do fósforo ao ambiente ocorre pela decomposição da matéria orgânica.
O ciclo do fósforo acontece em duas escalas de tempo: o ecológico e o geológico. O ciclo de tempo ecológico
ocorre localmente e de maneira mais rápida, pois o fósforo circula apenas entre o solo, as plantas, os consumidores e
os decompositores. Já o ciclo de tempo geológico leva muito mais tempo para se completar, pois o fósforo presente
no ambiente é incorporado às rochas, tornando-se lentamente disponível para os seres vivos.

Ciclo de tempo
geológico
Chuva

Intemperismo
Absorção de dissolvendo
íons fosfato o fósforo
pelas raízes das rochas
Divo. 2015. Digital.

das plantas

Assimilação Fosfato dissolvido


pelos herbívoros Fosfato Lixiviação na água
no solo
Precipitação
do fosfato

Decompositores
Sedimentação = novas rochas
Ciclo de tempo Esquema representativo
ecológico do ciclo do fósforo

lixiviação: caracteriza-se pela ação da água da chuva, que, ao se infiltrar nas camadas mais profundas do solo, leva consigo minerais do solo,
reduzindo sua fertilidade.

56 Volume
l 11
Mundo do trabalho
Engenharia Ambiental
[...]
O engenheiro ambiental atua no diagnóstico, manejo, tratamento e controle de problemas am-
bientais urbanos e rurais. O que o diferencia dos demais profissionais que atuam na área ambiental é
que, além de identificar e avaliar a dimensão do problema, ele consegue propor a solução, projetá-la,
implantá-la e monitorá-la.
Esse bacharel é capacitado para elaborar estudos de impacto ambiental e para atuar nos processos
de gestão ambiental e de certificação ambiental, a série ISO [...] (certificação de qualidade ambiental
concedida por um órgão internacional).
Com essas habilidades, os especialistas dessa área encontram oportunidades de trabalho em centros
de pesquisa, órgãos de gerenciamento e controle ambiental, organizações não governamentais, empre-
sas de saneamento e de abastecimento de água, energia elétrica e vigilância sanitária, universidades e
departamentos de controle da poluição de instituições privadas e públicas. Empresas de construção
civil, empresas de consultoria e órgãos encarregados da definição de políticas públicas ambientais tam-
bém são potenciais empregadores.
[...]
Os estudantes utilizam sistemas e equipamentos de controle de poluição do ar, da água e do solo,
desenvolvem técnicas de recuperação de áreas degradadas e aprendem formas de preservação, conser-
vação e recuperação de recursos naturais. [...]
UNESP. Engenharia Ambiental. Disponível em: <http://www.vunesp.com.br/guia2012/engamb.html>. Acesso em: 3 ago. 2015.

Atividades

1. (UPF – RS) Os seres vivos necessitam de alguns ele- d) o principal processo envolvido no ciclo do carbono é
mentos químicos em grandes quantidades. A interação a respiração, por meio do qual o carbono presente
desses elementos nos próprios seres e com o am- na molécula de CO2 é fixado e utilizado na síntese
biente físico no qual se encontram ocorre por meio de de moléculas orgânicas.
movimentos conhecidos como ciclos biogeoquímicos, e) o ciclo do nitrogênio é considerado mais simples do
sobre os quais é correto afirmar que: que os demais ciclos, pois não há passagem de áto-
a) no ciclo do oxigênio, a única fonte importante desse mos desse elemento pela atmosfera.
elemento, que circula entre a biosfera e o ambiente 2. (UFRGS – RS) Em relação aos ciclos biogeoquímicos, é
físico, é o gás O2. correto afirmar que
b) o ciclo da água ou ciclo hidrológico é afetado pelos a) a principal reserva de nitrogênio encontra-se na
processos de evaporação e precipitação, bem como água doce.
pela interferência dos seres vivos ao terem a água b) a precipitação da água impede a transferência de
fluindo através das teias alimentares. elementos químicos dos ambientes terrestres para
c) o ciclo do fósforo independe da ação de micro- a água doce e para os oceanos.
-organismos de solo, pois o maior reservatório des- c) as erupções vulcânicas representam a principal fon-
se elemento no planeta é a atmosfera. te de iodo, cobalto e selênio.

Biologia 57
d) as concentrações elevadas de fósforo no solo de d) O fitoplâncton só participa da etapa B.
plantações levam a uma diminuição de fósforo em e) O fitoplâncton só participa da etapa A.
rios e lagos.
5. Explique de que maneira o ciclo do oxigênio se relacio-
e) a queima de vegetais e de combustíveis fósseis é na com os ciclos do carbono e da água.
a principal responsável pela liberação de CO2 na
atmosfera, no Brasil.
3. (UNICAMP – SP) A cidade ideal seria aquela em que
cada habitante pudesse dispor, pelo menos, de 12 m2
de área verde (dados da OMS). Curitiba supera essa
meta com cerca de 55 m2 por habitante. A política am-
biental da prefeitura dessa cidade prioriza a construção
de parques, bosques e praças que, além de proporcio- 6. (UEPG – PR) Com relação ao ciclo biogeoquímico do
nar áreas de lazer, desempenham funções como ame- nitrogênio, assinale o que for correto.
nizar o clima, melhorar a qualidade do ar e equilibrar o (01) A amônia no ciclo do nitrogênio pode vir a partir
ciclo hídrico, minimizando a ocorrência de enchentes. das bactérias fixadoras do nitrogênio atmosféri-
a) Explique como as plantas das áreas verdes participam co ou a partir da decomposição das proteínas,
do ciclo hídrico, indicando as estruturas vegetais envol- dos ácidos nucleicos e dos resíduos nitrogenados
vidas nesse processo e as funções por elas exercidas. presentes em cadáveres e excretas.
(02) O ser humano é o único vertebrado que consegue
utilizar e incorporar nitrogênio molecular (N2) do
ar atmosférico.
(04) Os nitratos presentes no ciclo do nitrogênio são
absorvidos e utilizados pelas plantas na fabrica-
b) Qual seria o destino da água da chuva não utilizada ção de suas proteínas e de seus ácidos nuclei-
pelas plantas no ciclo hídrico? cos. Pela cadeia alimentar, esses compostos são
transferidos para os demais níveis tróficos.
(08) Na etapa de nitrosação, os nitritos formados pe-
las bactérias desnitrificantes formam o nitrogênio
molecular para nutrição das plantas.

4. (CESGRANRIO – RJ) Nos ambientes aquáticos, o ciclo (16) No solo, além das bactérias de nitrificação,
do carbono pode ser esquematizado, simplificadamen- existem outros tipos de bactérias, como a
te, conforme mostra o esquema a seguir. Estude-o com Pseudomonas denitrificans. Essas bactérias
atenção e assinale a opção que descreve a participa- utilizam o nitrato presente no solo para oxidar
compostos orgânicos (respiração anaeróbia) e
ção do plâncton na(s) etapa(s) A e B.
produzir energia. Nesse processo, chamado de
Energia
desnitrificação, os nitratos do solo são convertidos
CO2 em nitrogênio, o qual retorna para a atmosfera.
(HCO3–)
CO2 O2
7. O Brasil é considerado um país com grande disponi-
Etapa A Etapa B
bilidade de recursos hídricos, como rios, lagos e aquí-
Decompositores
feros. Entretanto, esses recursos não se encontram
O2 CO2 distribuídos igualmente pelo território brasileiro. Faça
Compostos uma pesquisa sobre os locais onde há escassez de
orgânicos
água no Brasil, os motivos pelos quais isso ocorre e as
a) O zooplâncton participa das etapas A e B. consequências para os seres humanos, a agricultura, a
pecuária e os outros seres vivos. Elabore uma apresen-
b) O fitoplâncton participa das etapas A e B.
tação com os resultados de sua pesquisa e apresente
c) O zooplâncton só participa da etapa B. aos colegas.

58 Volume 11
Biologia em foco
Agroecologia e desenvolvimento sustentável
A agroecologia ou agricultura ecológica é uma nova abordagem que envolve o trabalho de agrônomos, vete-
rinários, zootécnicos, ecólogos, sociólogos, economistas, geógrafos, antropólogos e agricultores. Esses profissionais
unem seus conhecimentos para que os sistemas agrícolas possam ser compreendidos, avaliados e adotados visando
ao desenvolvimento sustentável. Desse modo, a agroecologia é um sistema de produção que procura imitar os
processos naturais, evitando romper o equilíbrio ecológico que dá estabilidade aos ecossistemas.
De modo geral, o modelo agroecológico segue estas normas:
• produzir o mínimo de efeitos negativos ao ambiente, evitando a liberação de substâncias tóxicas na atmosfera
e na água – tanto em lagos, rios e oceanos quanto em lençóis subterrâneos;
• manter e recompor a fertilidade do solo, prevenindo processos erosivos e preservando sua saúde ecológica;
• usar a água de modo equilibrado, visando à reposição dos depósitos hídricos;
• utilizar, principalmente, os recursos do próprio agroecossistema;
• valorizar e conservar as espécies silvestres e domesticadas, evitando o uso de espécies exóticas.
Atualmente, existem várias iniciativas em todo o país, relacionadas principalmente à agricultura familiar, que com-
provam a eficiência desse sistema de produção, possibilitando que as tradições dos agricultores locais sejam passadas
de geração em geração.
Após a leitura do texto, discuta com os colegas e o professor sobre a relação da agroecologia com a manutenção das
relações ecológicas e dos ciclos biogeoquímicos nos ecossistemas.

Hora de estudo

1. Leia o texto e responda às questões.

Outro processo importante influenciado pelos morcegos é a sucessão ecológica [...]. Morcegos são pro-
tagonistas nesse processo, já que as plantas que eles comem são, em sua maioria, pioneiras [...].
Em uma floresta recentemente destruída, por causas naturais ou ação humana, os morcegos e aves,
juntos, são os principais responsáveis pelo retorno de muitas espécies de arbustos, que aos poucos facili-
tam o crescimento de arvoretas e árvores, além de atrair diferentes animais, desencadeando a regeneração
do ambiente. [...] Conhecendo as plantas preferidas por morcegos e aves e suas características ecológicas,
teoricamente seria possível mesmo acelerar a regeneração ou mudar seus rumos em uma comunidade
vegetal perturbada.
MELLO, Marco Aurélio Ribeiro de. Morcegos e frutos: interação que gera florestas. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 41, n. 241, p. 30-35, set. 2007.

a) Explique o que é o processo de sucessão ecológica citado no texto.


b) O que são espécies pioneiras e qual é sua importância para o processo de sucessão ecológica?
c) Como as aves e os morcegos auxiliam no retorno de espécies vegetais às áreas degradadas?

Biologia 59
2. (UFTM – MG) Uma área florestal, de relevo plano, foi pelo menos 50 anos) era cafezal e pasto bovino, está
desmatada para a construção de um condomínio fe- ocupada, hoje, por cerca de 800 000 m2 de floresta
chado, na cidade de Uberaba. Em razão de uma ordem nativa, originada a partir do abandono dessas ativida-
judicial, porém, o local ficou abandonado por alguns des agrícolas. Considerando a localização da área e os
anos. Nessa situação, é correto afirmar que: processos ecológicos que atuaram na regeneração flo-
restal, responda às questões.
a) os mesmos vegetais irão ocupar essa área e re-
cuperar totalmente o ecossistema local, gerando a a) Essa área está inserida em qual bioma brasileiro?
mesma floresta. b) Qual o tipo de sucessão ecológica ocorreu na rege-
b) haverá nessa área um aumento da biodiversidade neração florestal da área? Justifique.
depois de certo tempo, possivelmente superando a c) Considerando a grande pressão exercida pelo ho-
que havia anteriormente. mem nas florestas naturais, especialmente próximo
c) a área será ocupada inicialmente por árvores e arbus- a ambientes urbanos, cite dois aspectos que res-
tos; depois, será povoada por gramíneas e liquens. saltam a importância dessa área como unidade de
preservação.
d) haverá uma ocupação sucessiva por diferentes
organismos, porém não é possível afirmar que os 5. (ENEM) No início deste século, com a finalidade de
mesmos vegetais farão parte dessa floresta. possibilitar o crescimento da população de veados no
Planalto de Kaibab, no Arizona (EUA), moveu-se uma
e) o solo ficará nu, transformando-se em um ambiente
caçada impiedosa aos seus predadores – pumas, coio-
com características desérticas, pois não será possí-
tes e lobos. No gráfico abaixo, a linha cheia indica o
vel seres vivos sobreviverem nesse local.
crescimento real da população de veados, no período
3. (UEM – PR) Analise as afirmativas sobre sucessão eco- de 1905 a 1940; a linha pontilhada indica a expecta-
lógica e assinale a(s) alternativa(s) correta(s). tiva quanto ao crescimento da população de veados,
nesse mesmo período, caso o homem não tivesse in-
(01) A sucessão ecológica é regulada pela comuni-
terferido em Kaibab.
dade biológica e também pelos fatores abióticos
que podem limitar a extensão do desenvolvimen- 100 000
100 000
to das espécies.
Primeiros filhotes
(02) Ao longo do processo de sucessão, observa-se morrem de fome Morte de 60% dos filhotes
Número de veados

aumento na diversidade de espécies, aumento de


50 000
nichos ecológicos e diminuição da produtividade Eliminação dos
40 000
predadores
30 000
primária líquida.
20 000
(04) As espécies pioneiras são fundamentais para a 10 000
Proibição da caça
sucessão, pois promovem alterações ambientais 1905 1910 1920 1930 1940 Tempo (ano)
que propiciam o estabelecimento das comunida-
Extraído de Amabis & Martho, Fundamentos de [Biologia] Moderna,
des intermediárias. pag. 42.

(08) Os liquens são considerados indicadores de co- Para explicar o fenômeno que ocorreu com a popu-
munidades clímax, uma vez que necessitam de lação de veados após a interferência do homem, o
condições favoráveis, como sombra e umidade, mesmo estudante elaborou as seguintes hipóteses e/
para sobreviverem. ou conclusões:
(16) O processo de sucessão secundária ocorre logo I. lobos, pumas e coiotes não eram, certamente, os
após a sucessão primária e apresenta maior di- únicos e mais vorazes predadores dos veados;
versidade de espécies e de indivíduos. quando estes predadores, até então desaperce-
4. (UFJF – MG) A Universidade Federal de Juiz de Fora bidos, foram favorecidos pela eliminação de seus
(UFJF) adquiriu, em 2009, uma grande área de floresta competidores, aumentaram numericamente e qua-
urbana (Sítio Malícia – Mata do Krambeck) no municí- se dizimaram a população de veados.
pio de Juiz de Fora, para implantação de seu Jardim II. a falta de alimentos representou para os veados um
Botânico. Grande parte dessa área, que no passado (há mal menor que a predação.

60 Volume 11
III. ainda que a atuação dos predadores pudesse re- d) os besouros e as formigas da espécie 2 contribuem
presentar a morte para muitos veados, a predação para a sobrevivência das acácias.
demonstrou-se um fator positivo para o equilíbrio di- e) a relação entre os animais herbívoros, as formigas
nâmico e sobrevivência da população como um todo. e as acácias é a mesma que ocorre entre qualquer
IV. a morte dos predadores acabou por permitir um cres- predador e sua presa.
cimento exagerado da população de veados, isto le- 7. (ENEM) Há quatro séculos alguns animais domésticos
vou à degradação excessiva das pastagens, tanto pelo foram introduzidos na Ilha da Trindade como “reserva
consumo excessivo como pelo seu pisoteamento. de alimento”. Porcos e cabras soltos davam boa carne
O estudante, desta vez, acertou se indicou as alternativas: aos navegantes de passagem, cansados de tanto peixe
no cardápio. Entretanto, as cabras consumiram toda a
a) I, II, III e IV. d) II e III, apenas.
vegetação rasteira e ainda comeram a casca dos ar-
b) I, II e III, apenas. e) III e IV, apenas. bustos sobreviventes. Os porcos revolveram raízes e a
c) I, II e IV, apenas. terra na busca de semente. Depois de consumir todo
o verde, de volta ao estado selvagem, os porcos pas-
6. (ENEM) Um grupo de ecólogos esperava encontrar au- saram a devorar qualquer coisa: ovos de tartarugas, de
mento de tamanho das acácias, árvores preferidas de aves marinhas, caranguejos e até cabritos pequenos.
grandes mamíferos herbívoros africanos, como girafas e
elefantes, já que a área estudada era cercada para evitar Com base nos fatos acima, pode-se afirmar que
a entrada desses herbívoros. Para espanto dos cientis- a) a introdução desses animais domésticos, trouxe,
tas, as acácias pareciam menos viçosas, o que os levou com o passar dos anos, o equilíbrio ecológico.
a compará-las com outras de duas áreas de Savana: b) o ecossistema da Ilha da Trindade foi alterado, pois não
uma área na qual os herbívoros circulam livremente e houve uma interação equilibrada entre os seres vivos.
fazem podas regulares nas acácias, e outra de onde eles
foram retirados há 15 anos. O esquema a seguir mostra c) a principal alteração do ecossistema foi a presença
os resultados observados nessas duas áreas. dos homens, pois animais nunca geram desequi-
líbrios no ecossistema.
Acácias
d) o desequilíbrio só apareceu quando os porcos co-
SIM presença de NÃO meçaram a comer os cabritos pequenos.
herbívoros

poda das acácias acácias sem poda


e) o aumento da biodiversidade, a longo prazo, foi fa-
vorecido pela introdução de mais dois tipos de ani-
maior produção menor produção mais na ilha.
de néctar de néctar
8. (UNISINOS – RS)
domínio das formigas Disponível em: <http://
aumento e domínio de
da espécie 1, que
formigas da espécie 2 veja.abril.com.br/assets/
dependem do néctar
images/2012/12/115373/extincao-
polinizadores-20121214-size-620.
diminuição de ataque de besouros e jpg?1355527832>. Acesso em: 24
formigas da espécie 2 outros insetos set. 2013.

preservação enfraquecimento
das acácias das acácias Uma preocupação
Internet: <cienciahoje.uol.com.br> (com adaptações). recente em relação à
produção de alimentos
De acordo com as informações acima, é a grande mortanda-
a) a presença de populações de grandes mamíferos de de abelhas. Trata-
herbívoros provoca o declínio das acácias. -se de um fenômeno em que abelhas abandonam suas
colmeias, deixando para trás suas crias e alimento. O
b) os hábitos de alimentação constituem um padrão de
colapso das colmeias coloca em risco não só as abe-
comportamento que os herbívoros aprendem pelo
lhas, mas também as lavouras de grãos e frutas, que
uso, mas que esquecem pelo desuso.
dependem da polinização de suas flores pelas abelhas.
c) as formigas da espécie 1 e as acácias mantêm uma Não ocorrendo isso, há uma consequente diminuição
relação benéfica para ambas. da produção de alimentos.

Biologia 61
As relações ecológicas que ocorrem entre as abelhas F1
E P1
na colmeia e entre as abelhas e as flores, no processo F3
F5 F6
de polinização são, respectivamente: F2 I P3
E: função motriz
P: propriedades
a) sociedade e mutualismo. F: fluxos P2
F4
I: interações
b) colônia e protocooperação. ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
c) inquilinismo e comensalismo.
A função interativa I representa a proporção de
d) colônia e mutualismo.
a) herbivoria entre P1 e P2.
e) sociedade e protocooperação. b) polinização entre P1 e P2.
9. (ENEM) O esquema abaixo representa os diversos c) P3 utilizada na alimentação de P1 e P2.
meios em que se alimentam aves, de diferentes espé-
cies, que fazem ninho na mesma região. d) P1 ou P2 utilizada na alimentação de P3.

Ave tipo 1
e) energia de P1 e de P2 que saem do sistema.
Ave tipo 2 11. (PUC-Rio – RJ) As figuras abaixo mostram o crescimen-
Ave tipo 3
Ave tipo 4
to populacional, ao longo do tempo, de duas espécies
de Paramecium cultivadas isoladamente e em conjun-
Ilhotas de nidificação

1
to. Os resultados desse experimento embasaram o que
Dunas e praias
Pântanos

Estepe salgada

Terreno seco Arrozais Charco Charcos Mar


ou cultura pouco salgados
salgado é conhecido como Princípio de Gause.

Com base no esquema, uma classe de alunos procurou


identificar a possível existência de competição alimen-
tar entre essas aves e concluiu que:
a) não há competição entre os quatro tipos de aves por-
que nem todas elas se alimentam nos mesmos locais.
b) não há competição apenas entre as aves dos tipos 1,
2 e 4 porque retiram alimentos de locais exclusivos.
c) há competição porque a ave do tipo 3 se alimenta
em todos os lugares e, portanto, compete com todas
as demais.
d) há competição apenas entre as aves 2 e 4 porque
retiram grande quantidade de alimentos de um
mesmo local.
Disponível em: <http://nossomeioporinteiro.wordpress.com/tag/
e) não se pode afirmar se há competição entre as aves comunidades/>.
que se alimentam em uma mesma região sem co- Considere o tipo de relação ecológica entre essas duas
nhecer os tipos de alimento que consomem. espécies e indique a afirmação correta.
10. (ENEM) A figura representa um dos modelos de um a) A espécie P. aurelia é predadora de P. caudatum.
sistema de interações entre seres vivos. Ela apresenta b) P. aurelia exclui P. caudatum por competição
duas propriedades, P1 e P2, que interagem em I, para intraespecífica.
afetar uma terceira propriedade, P3, quando o sistema c) P. aurelia e P. caudatum utilizam recursos diferentes.
é alimentado por uma fonte de energia, E. Essa figura
d) P. aurelia exclui P. caudatum por parasitismo.
pode simular um sistema de campo em que P1 repre-
senta as plantas verdes; P2 um animal herbívoro e P3, e) P. aurelia exclui P. caudatum por competição
um animal onívoro. interespecífica.

62 Volume 11
12. Um dos fatores considerados no cálculo do Índice de Pela análise da figura, pode-se concluir que a quantida-
Desenvolvimento Humano (IDH) é a longevidade, que é de de água que evapora por ano da superfície da Terra
constituída pelo indicador expectativa de vida ao nas- para a atmosfera .................... a quantidade precipi-
cer e revela o número médio de anos que as pessoas tada. A energia .................... pela água promove sua
viveriam se mantidos os mesmos padrões de morta- evaporação. Posteriormente, a condensação do vapor
lidade observados no ano de referência. Observe, no formado .................... a energia potencial da água na
gráfico, o índice médio de longevidade registrado no forma de calor. A .................... e não a ....................
Brasil nas últimas avaliações do IDH. determina o fluxo de água através do ecossistema.
Expectativa de vida ao nascer, em anos Crescimento Nesse texto, as lacunas devem ser preenchidas, res-
14% pectivamente, por
1991 64,7 a) ... supera ... absorvida ... absorve ... precipitação ...
2000 68,6 evaporação
2010 73,9 b) ... supera ... liberada ... libera ... evaporação ...
0 anos 10 20 30 40 50 60 70
precipitação
Fonte: PNUD. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil 2013.
Disponível em: <http://www.pnud.org.br/arquivos/idhm- c) ... iguala ... liberada ... absorve ... precipitação ...
longevidade.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2015. evaporação
Sobre esse assunto, marque a alternativa correta. d) ... iguala ... liberada ... libera ... precipitação ...
evaporação
a) O índice de longevidade mostra um aumento na ex-
pectativa de vida ao nascer, o que indica que houve e) ... iguala ... absorvida ... libera ... evaporação ...
necessariamente um aumento do IDH do Brasil de precipitação
1991 a 2010. 14. (ENEM) O gráfico abaixo representa o fluxo (quantidade
b) O aumento na expectativa de vida ao nascer não re- de água em movimento) de um rio, em três regiões
flete melhorias nas condições de vida da população distintas, após certo tempo de chuva.
brasileira, como acesso a saúde e saneamento básico.
c) Investimentos em educação, levando a um maior ní-
vel de escolaridade da população, não devem ter rela- agrícola
ção com o aumento da expectativa de vida ao nascer.
Fluxo fluvial

d) O aumento da expectativa de vida ao nascer entre floresta regenerada

1991 e 2000 deve estar associado a políticas públi- floresta natural


cas que promovem mais acesso a educação, saúde
e saneamento básico para a população.
13. (UNIFESP) Observe a figura, que se refere ao ciclo da
água em escala global.
0 30 60
Tempo depois que a chuva começa (min.)

Comparando-se, nas três regiões, a interceptação da


água da chuva pela cobertura vegetal, é correto afirmar
que tal interceptação:
a) é maior no ambiente natural preservado.
b) independe da densidade e do tipo de vegetação.
c) é menor nas regiões de florestas.
d) aumenta quando aumenta o grau de intervenção
(Valores entre parênteses expressos em bilhões de bilhões de humana.
gramas [1018] e bilhões de bilhões de gramas por ano. Modificado
de R. G. Barry & R. J. Chorley. Atmosphere, weather and climate, e) diminui à medida que aumenta a densidade da
1970.)
vegetação.

Biologia 63
15. (ENEM) O ciclo biogeoquímico do carbono compreen- afeta temporariamente a concentração de O2 e de CO2
de diversos compartimentos, entre os quais a terra, a próximo à superfície do solo onde elas caíram.
atmosfera e os oceanos, e diversos processos que
permitem a transferência de compostos entre esses A concentração de O2 próximo ao solo, no local da
reservatórios. Os estoques de carbono armazenados queda, será
na forma de recursos não renováveis, por exemplo, o a) menor, pois haverá consumo de O2 durante a de-
petróleo, são limitados, sendo de grande relevância que composição dessas árvores.
se perceba a importância da substituição de combustíveis
b) maior, pois haverá economia de O2 pela ausência
fósseis por combustíveis de fontes renováveis.
das árvores mortas.
A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo c) maior, pois haverá liberação de O2 durante a fotos-
do carbono, pois provoca síntese das árvores jovens.
a) aumento da porcentagem de carbono contido na
d) igual, pois haverá consumo e produção de O2 pelas
terra.
árvores maduras restantes.
b) redução na taxa de fotossíntese dos vegetais
superiores. e) menor, pois haverá redução de O2 pela falta da fo-
tossíntese realizada pelas árvores mortas.
c) aumento da produção de carboidratos de origem
vegetal. 18. (ENEM) O fósforo, geralmente representado pelo íon de
fosfato (PO43−), é um ingrediente insubstituível da vida,
d) aumento na quantidade de carbono presente na já que é parte constituinte das membranas celulares
atmosfera. e das moléculas do DNA e do trifosfato de adenosina
e) redução da quantidade global de carbono armaze- (ATP), principal forma de armazenamento de energia
nado nos oceanos. das células. O fósforo utilizado nos fertilizantes agrí-
16. (FUVEST – SP) A figura abaixo mostra alguns dos inte- colas é extraído de minas, cujas reservas estão cada
grantes do ciclo do carbono e suas relações. vez mais escassas. Certas práticas agrícolas aceleram
a erosão do solo, provocando o transporte de fósforo
Atmosfera para sistemas aquáticos, que fica imobilizado nas ro-
1
5 chas. Ainda, a colheita das lavouras e o transporte dos
3
restos alimentares para os lixões diminuem a disponi-
2 4 bilidade dos íons no solo. Tais fatores têm ameaçado a
Plantas Animais
7
Fungos
decompositores
sustentabilidade desse íon.
6

10 8
Uma medida que amenizaria esse problema seria:
9 a) incentivar a reciclagem de resíduos biológicos, uti-
Combustíveis fósseis lizando dejetos animais e restos de culturas para
produção de adubo.
a) Complete a figura [...], indicando com setas os senti- b) repor o estoque retirado das minas com um íon sin-
dos das linhas numeradas, de modo a representar a tético de fósforo para garantir o abastecimento da
transferência de carbono entre os integrantes do ciclo. indústria de fertilizantes.
b) Indique o(s) número(s) da(s) linha(s) cuja(s) seta(s) c) aumentar a importação de íons fosfato dos países
representa(m) a transferência de carbono na forma ricos para suprir as exigências das indústrias nacio-
de molécula orgânica. nais de fertilizantes.
17. (ENEM) Plantas terrestres que ainda estão em fase de d) substituir o fósforo dos fertilizantes por outro ele-
crescimento fixam grandes quantidades de CO2, utilizan- mento com a mesma função para suprir as necessi-
do-o para formar novas moléculas orgânicas, e liberam dades do uso de seus íons.
grande quantidade de O2. No entanto, em florestas ma-
duras, cujas árvores já atingiram o equilíbrio, o consumo e) proibir, por meio de lei federal, o uso de fertilizantes
de O2 pela respiração tende a igualar sua produção pela com fósforo pelos agricultores, para diminuir sua
fotossíntese. A morte natural de árvores nessas florestas extração das reservas naturais.

64 Volume 11

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