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Concurso Taquarituba

1- ,Desenvolvimento de atividades coletivas e comunitárias

O objeto da Psicologia Comunitária é caracterizado como o reflexo psíquico do


modo de vida comunitário (Góis, 2005) que se desenvolve nos processos deflagrados na
atividade comunitária que é:

[...] a atividade prática e coletiva realizada por meio


da cooperação e do diálogo em uma comunidade,
sendo orientada por ela mesma e pelo significado
(sentido coletivo) e sentido (significado pessoal) que
a própria atividade e a vida comunitária têm para os
moradores da comunidade. (p. 89)

Comunidade: é um espaço territorial em que a subjetividade se constrói nas relações de


seus moradores entre si e com os contextos sociais. São construídos: vínculos afetivos,
sentimento de pertença, problematizações sobre a vida e a realidade. Segundo Leontiev ,
“a consciência individual do homem só pode existir nas condições em que existe a
consciência social. A consciência é o reflexo da realidade refratada através do prisma das
significações e dos conceitos lingüísticos, elaborados socialmente”.
O psicólogo comunitário que desenvolverá o seu trabalho com os moradores das
comunidades através do processo de análise e vivência da atividade comunitária
mediante o método dialógico-vivencial – MDV terá como metodologia a díade facilitar-
pesquisando e pesquisar-facilitando a dinâmica comunitária.

Nesse contexto, a facilitação é definida como:

“priorizar o processo, o encontro dialógico e afetivo para conhecer e agir, nesse


caso, para a construção da saúde pela via da aprendizagem conscientizadora e da ação
solidária organizada e transformadora”
O método caracteriza-se como: um ato de construção conjunta, com base na
cooperação entre o profissional e o morador, em um movimento que se orienta para a
prática da libertação e desenvolvimento do sujeito comunitário.
A pesquisa dentro do método da Psicologia Comunitária caracteriza-se como a
leitura da realidade, durante todo o período de atuação nesse espaço, permitindo
reflexões sobre essa dinâmica e sobre o trabalho realizado, bem como a construção de
conhecimento tendo como princípio teoria, prática e compromisso social. Assim facilitar
pesquisando implica em deflagrar processos com os moradores, permitindo uma releitura
da realidade, aprofundando a consciência, e analisar como caminha esse movimento
voltado para a práxis de libertação individual e coletiva.
Foco da atuação do método em Psicologia Comunitária é a interação social,
compreendendo que o desenvolvimento do psiquismo do homem tem como ponto central
a relação que ele estabelece com o mundo, mediada pela criação e uso das ferramentas
e da comunicação. A compreensão de uma consciência que se constrói numa interação
sujeito-contexto social é outra importante contribuição da Psicologia histórico-cultural para
a Psicologia Comunitária.
Adentrando nos caminhos da Psicologia Comunitária a partir da visão de homem
como um ser construído a partir das relações, foca-se a facilitação comunitária no grupo
popular, reconhecido como um espaço de interação entre os sentidos e significados e
entre as emoções das pessoas nele presentes. É um lugar onde estão as dimensões
individuais e coletivas das relações humanas, interagindo constantemente, refletindo o
possível diálogo entre o micro e o macro-social ,ou seja, o espaço de interação entre os
eventos subjetivos e o contexto cultural em que os sujeitos se encontram
Assim, reconhece-se o grupo popular como um espaço de potência para deflagrar
as transformações sociais, reconhecendo as interações que nele se misturam, criando
sua identidade própria.
Resumindo, o MDV é constituído pelo diálogo e pela vivência.
Freire caracteriza o diálogo como "encontro dos homens mediatizados pelo
mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu
Não se pode “compreender e atuar sobre os indivíduos fora de seus contextos
sociais, culturais e proximais, nem de suas possibilidades de se construírem através das
interações sociais e comunitárias"
Assim a leitura da dinâmica comunitária não diz respeito apenas a adotar
determinados instrumentos, mas também à postura do psicólogo comunitário nesse
processo. O olhar da Psicologia é apenas uma das formas de compreender as pessoas e
a sua relação com a comunidade. Há outras formas, como trazer consigo esse saber para
dialogar com outros saberes, como o popular e o religioso presentes nas comunidades.
Compreender os valores ideológicos e culturais da dinâmica comunitária possibilita
a apropriação do contexto histórico-cultural produzido naquele local e vivido
concretamente. Assim, o olhar sobre essa atividade mediada é o olhar sobre a forma
segundo a qual o sujeito interage e se coloca com as coisas do mundo. Daí capta-se
formas de possível atuação, num diálogo contínuo com as pessoas que fazem o dia-a-dia.
A atividade comunitária permite compreender a estruturação complexa na qual se
desenvolve o psiquismo humano. As interações instrumentais e comunicativas
evidenciam a forma como o sujeito comunitário percebe seu mundo e como age nele a
partir dessa percepção. Segundo Góis (2005), a dimensão instrumental é caracterizada
pelo uso de ferramentas necessárias à transformação objetiva e ao funcionamento da
comunidade. A dimensão comunicativa compreende diálogo, expressão de sentimentos
e cooperação.
O psicólogo comunitário tem que vivenciar essa realidade que possibilita a partilha
com os moradores de questões que os afetam, sem esquecer quem é e de onde ele vem.
O processo consiste em jogar-se na realidade concreta e, através dos sentidos e do
conhecimento, perceber o que existe no local, o que fere, alegra, faz rir e faz chorar a
população
Optar por alguma forma de participar é realizar uma escolha a respeito de que
sociedade valorizamos. Se temos em mente – o que é o nosso caso, como psicólogos
comunitários – que a sociedade opressora e desigual em que vivemos precisa ser
transformada e que a autonomia do coletivo precisa ser fortalecida, decidir por uma
participação imposta, por exemplo, seria, no mínimo, contraditório. Como agentes
externos à comunidade, devemos conjugar participação provocada e participação
voluntária, no sentido de fortalecer atividades comunitárias já desenvolvidas nas
comunidades em que atuamos (GÓIS, 1994).
Atividade comunitária
O conceito de atividade comunitária está ancorado na Teoria da Atividade,
pesquisada e desenvolvida por Alexis Leontiev. Essa teoria estabelece um elo
indissolúvel entre mudanças materiais e subjetivas, haja vista sua tese central de que o
trabalho acarretou a hominização do cérebro. Trabalho, aqui, é compreendido de acordo
com a definição de Leontiev (1978, p. 175), segundo a qua Assim, como na Teoria da
Atividade de Leontiev (1978), entre as características do conceito de atividade comunitária
que nos fornece Góis, encontra-se a de conter interações instrumentais e comunicativas.
Todavia, Góis (2005, p. 61) ressalta a comunidade como locus privilegiado de interação e
de surgimento do psiquismo. Por essa razão, o autor a conceitua como

[...] um lugar de moradia, um “hogar” social, de permanência estável e duradoura,


de relação direta (face-a-face) entre seus moradores, de crescimento e de proteção
da individualidade frente à natureza e à sociedade. Apresenta, como o município
e a sociedade maior, que exercem influência sobre ela, um processo social
próprio cheio de contradições, conflitos e interesses comuns, que servem de base
à construção e orientação das ações de seus moradores com relação a próprio
lugar, ao município onde se encontra e ao conjunto da sociedade.

Assim, como na Teoria da Atividade de Leontiev (1978), entre as características do


conceito de atividade comunitária que nos fornece Góis, encontra-se a de conter
interações instrumentais e comunicativas. Todavia, Góis ressalta a comunidade como
locus privilegiado de interação e de surgimento do psiquismo. Por essa razão, o autor a
conceitua com Assim, podemos afirmar que a comunidade transita entre o geral e o
particular, dando ao sujeito um nome, distante da perspectiva a-nônima que vivenciamos,
principalmente nos grandes centros urbanos.
Vale ressaltar, contudo, que a realidade comunitária está longe do que se poderia
imaginar como sendo um agrupamento homogêneo, pois, assim como no restanteda
sociedade, é possível encontrarmos interesses diversos e relações de poder não
necessariamente convergentes, atuando e interagindo no mesmo espaço.
conscientização e atividade comunitária fazem parte de um mesmo processo, pois “[...] a
interação com a realidade, por meio de suas dimensões instrumental e comunicativa,
produz mudanças na forma de o indivíduo se relacionar consigo, com o outro e com
omundo” Isso aponta para o fato de que mudanças nas formas de interação com o outro
implicam necessariamente novas formas de apreensão da ação sobre a realidade
escolheu-se dar um caráter qualitativo à investigação. De acordo comRichardson “[...] a
análise qualitativa tem como objeto situações complexas ou estritamente particulares. Os
estudos que [a] empregam [...] podem [...] compreender [...] em maior nível de
profundidade o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos”. O
autor também indica esse tipo de abordagem como uma maneira apropriada para o
entendimento da gênese de um fenômeno social.
Mutirão

Há espaços coletivos construídos para resolver problemas de um grupo. Os


moradores de uma comunidade e os profissionais da iniciativa privada e das políticas
públicas podem organizar mutirões para solucionar problemas coletivos. A história dos
mutirões na realidade brasileira tem relação com a falta de condições mínimas de vida
que está presente na maioria da população pobre, como falta de moradia, de saneamento
básico, de água, de assistência médica, de escola e muitas outras.
A conscientização e a atividade comunitária fazem parte de um mesmo processo,
com suas dimensões comunicativas e instrumentais, também presentes no método
dialógico-vivencial, na Psicologia histórico-cultural e na Psicologia Comunitária. Do ponto
de vista da atividade comunitária, Góis (2008) explicita que a comunidade define o
problema, realiza o planejamento, executa a ação e avalia os resultados. Assim
considerar o processo de interação entre os sujeitos é um fator importante para a
avaliação do trabalho comunitário, para perceber quais são as dificuldade e
potencialidades presentes no grupo e de que maneira podem-se proporcionar ações que
resultem no desenvolvimento humano e comunitário.
Historicamente, a Psicologia Comunitária não construiu um consenso sobre as
origens de sua formação. Esta ausência parte da inexistência de um campo comum e
familiar às diversas vertentes de modelos de atuação que se configuram, devido ao fato
de que parte dessa construção histórica tem íntima relação com a realidade política,
social e econômica de onde emerge a construção deste conhecimento. Apesar dessa
diferença no processo de construção social da já mencionada área de conhecimento,
compreende-se que esse fator não desqualifica as diversas propostas metodológicas da
atuação, na medida em que terá intima relação com o processo sóciohistórico de onde
emerge a necessidade de uma construção de conhecimento a serviço de uma
determinada realidade social. Isto implica uma postura ética frente aos processos políticos
e históricos em presente conflito na sociedade.
O processo inicial de atuação em Psicologia Comunitária no Brasil iniciou em Belo
Horizonte, Minas Gerais, com enfoque na ecologia humana. Posteriormente, por volta dos
anos setenta e seguintes, Lane e Andery (1995) iriam fomentar o enfoque sócio-político
de atuação e discussão teórica.
Naquele momento, já nos propúnhamos a estudar o processo grupal em bases
materialistas, históricas e dialeticamente [...] Foram os trabalhos em comunidade,
desenvolvido por uma equipe interdisciplinar, que nos levaram a aprofundar a questão da
Psicologia na comunidade como uma prática comprometida com um sistema de saber;
para tanto para tanto a pesquisa participante tornou-se fundamental, pois ela permitia
acompanhar o movimento histórico de um grupo social [...]. (LANE, 1995, p.70).
A atividade comunitária, a análise do modo de vida comunitário, o mapeamento
psicossocial, os grupos populares, a problematização enquanto método de trabalho
comunitário, entre outras categorias de análise da Psicologia Comunitária, são um espaço
de forte interlocução com o Programa de Saúde da Família - PSF e as equipes de
atenção primária em saúde. Outro espaço de interlocução da Psicologia Comunitária com
a Saúde Coletiva são os referentes aos processos de trabalho em saúde de abordagem
popular. Educação Popular em Saúde, na medida em que este se organiza como um
grupo de trabalho da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva é uma
área interdisciplinar que possui os princípios da Educação Popular de Paulo Freire como
eixo orientador de seu processo de intervenção.

Potenciação Comunitária

Esta proposta de atuação formula uma postura ética frente à vida e ao mundo,
elaborada a partir do principio Biocêntrico, onde a vida se torna referência em todas as
dimensões e relações no mundo. O principio biocêntrico se aproxima, aqui, do modelo em
defesa da vida, que parte de uma postura ética e vivencial na luta por uma sociedade
justa e igualitária.
A potenciação comunitária é um caminho para se atingir o desenvolvimento local e
comunitário e só ocorre se tiver um envolvimento concreto dos atores envolvidos no
processo, tanto agentes internos (moradores e grupos populares locais) quanto agentes
externos (instituições externas e governo). Com esse entendimento, a potenciação
comunitária, para a Psicologia Comunitária, torna-se uma possibilidade de atuação no
território vivido da comunidade, que 48 ocorre através da construção de processos locais.
Ela ocorre pela via das estratégias de fortalecimento do tecido social, das redes sociais e
dos grupos locais dispersos, por meio da mobilização e participação popular através de
um processo de imersão na realidade concreta vivenciada pelos moradores e moradoras
do lugar de forma problematizadora e crítica para atingir o desenvolvimento local e
comunitário. Ela se materializa de forma instrumental e simbólica através das ferramentas
locais de atuação, gerando laços de autonomia com os grupos sociais envolvidos. Dessa
forma, atua no fortalecimento da identidade do sujeito comunitário, ao mesmo tempo em
que na construção de vínculos afetivos e estratégias, fortalecendo experiências locais de
promoção de vida, através da saúde, educação, meio ambiente, sócio-economia solidária,
entre outras, construídas de forma crítica, coletiva, compartilhada, participativa, dialógica
e humanizada. Merece destaque o entendimento de que a potenciação comunitária é
umas das etapas para atingir o desenvolvimento local e comunitário.

2- Acompanhamento a pessoas portadoras de deficiências

Quanto aos momentos de atendimento aos familiares, é preciso que o profissional


tenha uma conduta imbuída de compreensão, empatia, isenta de censura, que os apóie e
propicie uma livre manifestação de seus sentimentos frente à situação de ter um filho
deficiente
Dessa forma, é preciso que o psicólogo avalie-se o tempo todo, reconheça
preconceitos, pré-conceitos, valorações, medos e desafios.
Por isso mesmo, diante desse futuro que sempre se abre para crianças e
adolescentes, cabe à Psicologia o convite para revisão de postura e desvencilhamento do
modelo repressor a que pais, familiares, educadores, equipes de saúde e sociedade estão
aprisionados; diante das situações práticas da vida dos deficientes, pois só através da
libertação do estigma e do fim da discriminação, essas pessoas alcançarão o
reconhecimento da identidade e a participação ativa na sociedade.
Além disso, há de se considerar que os serviços de saúde ainda estão, de um
modo geral, engatinhando no atendimento a pessoas com deficiência. A Psicologia ainda
precisa trilhar neste caminho, galgar degraus mais altos na reflexão e na intervenção. Até
porque cabe a Psicologia (mas não só a ela) amparar as famílias no período de abalo
emocional [quando a deficiência surge na família], não sufocando nem suprimindo a livre
expressão dos sentimentos que afligem pais e mães, a fim de que estes possam ser
entendidos e, então, superados .No entanto, é impossível não perceber que o consultório
de um psicólogo é, muitas vezes, o único lugar onde essa livre expressão pode, de fato,
acontecer, sem censuras, sem recriminações.
cologia deve ter como base norteadora as leis que regulamentam a inclusão e a
acessibilidade de pessoas com deficiências. Assim, também tem como objetivo promover
de forma igualitária a inserção desse público em clínicas psicológicas. Tendo em vista que
os indivíduos com surdez necessitam que os profissionais tenham consciência e
sensibilidade para conseguirem adentrar ao “mundo” desse indivíduo, o auxiliando, ou
seja, um profissional bem capacitado, deve motivá-lo a se perceber como é, não levando
apenas em consideração as limitações advindas da sua deficiência. Como resultante,
esses indivíduos procuram um espaço nas clínicas de psicologia, ou melhor, nos settings
terapêuticos para se reencontrarem, se reafirmarem como sujeitos ativos, e assim
enfrentarem de forma efetiva a sociedade que ainda não se encontra preparada para lidar
com indivíduos com deficiências auditivas. As dificuldades encontradas para inclusão de
estudante com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas escolas envolvem desde acessibilidade atitudinal,
comunicacional, pedagógica e arquitetônica até programas de atendimento especializado,
estes assegurados pela Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da
Educação Inclusiva, especialmente na perspectiva da educação especial
Partindo deste pressuposto, entende-se como fundamental no processo de
psicoterapia o acolhimento das pessoas com deficiência, pontuando sempre que o olhar
do profissional para com estas pessoas deve ser acolhedor, não de pena. A vista disso,
exige-se que o psicólogo proporcione visibilidade às condições e necessidades das
pessoas com deficiências para que se realizem adaptações físicas/estruturais e de
comunicações necessárias, ou seja, que as possibilidades de acessibilidade
disponibilizadas não se limitem apenas nas adaptações estruturais dos locais de
atendimento, mas que se torne uma nova forma de enxergar e exercer a Psicologia ao
alcance, de fato, de todos. Consequentemente, a Psicologia Inclusiva não se limita
apenas na viabilização do atendimento a indivíduos com deficiência auditiva, mas na
busca por facilitar o atendimento psicoterapêutico à toda e qualquer deficiência.

3- Ortientação Profissional:

A orientação profissional tem como objetivo principal dar suporte psicológico


orientações referentes ao mercado de trabalho, ou mais especificamente, para
oportunidades de emprego ou uma orientação particular mais detalhada sobre a
carreira profissional. A Psicologia ocupa papel importantíssimo tanto na orientação
profissional quanto na utilização dos testes. 
O processo de avaliação é feito através de entrevista, questionários de interesse,
testes projetivos, testes de personalidade e teste intelectual. 

O papel do psicólogo (orientador vocacional) é: 

- ajudar o examinando a pensar sobre sua própria realidade; 

- analisar os possível aparecimentos de conflito diante da tomada de decisões em


relação ao seu presente e ao seu futuro profissional. 

O adolescente pode apresentar dificuldades, tais como: mudanças de


comportamentos, atitudes agressivas, impulsivas ou de irritabilidade, aumentando
a ansiedade na tomada de uma decisão. Angústia e medo frente ao futuro leva-o,
principalmente, a sentir-se inseguro e perdido, é comum esses sintomas
aparecerem nesse período de definição. 

A decisão é uma escolha pessoal. Cabe ao orientador acompanhar o orientando


em suas reflexões, auxiliando-o a definir de maneira mais lúcida e segura sua
escolha para que seja integrada, harmoniosa e feliz consigo mesma. 

4_ Transtornos de personalidade

Os transtornos de personalidade são muitos e estão constantemente sendo


reavaliados e reclassificados. Alguns grupos dividem em 10 tipos, outros em 8,
uma tendência mais atual está classificando os tipos em apenas em 6
grupos: esquizotípica, limítrofe, antissocial, narcisista, esquiva e obsessivo-
compulsiva.
No entanto, existe uma classificação geral em que todos concordam, que são 3
grandes grupos:

Grupo A: Incluindo os tipos paranoides, esquizoides e esquizotípicos. Esses


indivíduos são os considerados "excêntricos" e "esquisitos".

Grupo B: Os casos de antissociais, fronteiriços, histriônicos, borderline e


narcisísticos. Essas pessoas têm personalidades dramáticas, emotivas e volúveis.

Grupo C: E por fim, os tipos dependentes, os evitativos e os obsessivo-


compulsivos. São consideradas personalidades ansiosas e com tendência para o
medo.
Falando um pouco sobre cada tipo de personalidade, lembrando que muitas vezes
elas se sobrepõem, podemos destacar alguns sinais e sintomas mais pertinentes a
cada tipo.

Transtorno da Personalidade Esquizóide

Caracteriza-se pela pouca expressão de emoções e pelo distanciamento das


relações sociais, sem desejos de terem relações mais íntimas ou mesmo terem
uma família.
São pessoas que preferem realizar atividades sozinhas e poucas vezes sentem
prazer naquilo que fazem. Não costumam ter amigos próximos, a não ser os seus
parentes de 1º grau.
Elogios ou críticas não afetam pessoas com transtorno de personalidade
esquizoide, que demonstram distanciamento, frieza e pouca abertura afetiva.

Transtorno da Personalidade Esquizotípica


Esse transtorno de personalidade prejudica as relações sociais e interpessoais,
uma vez que provoca grande desconforto e pouca capacidade para se ter relações
íntimas.
São pessoas que apresentam distorções na cognição ou percepção,
comportamento ou aparência excêntrica, crenças bizarras ou ainda pensamentos
fantasiosos que interferem no comportamento, tornando-o desajustado ao seu
meio cultural.

Podem ter ainda ilusões, discurso bizarro, desconfiança e manifestar pouco afeto.
Apresentam uma enorme ansiedade social, que permanece mesmo depois de
familiarizar-se com as pessoas. Essa relutância em se socializar normalmente está
relacionada a medos paranóides e não a uma visão negativa deles mesmos.
2. Grupo B: Antissociais, fronteiriços, narcisísticos, borderline e histriônicos
Transtorno da Personalidade Antissocial
Caracteriza-se pela falta de respeito e à violação dos direitos dos outros. Esses
indivíduos não conseguem se adequar às regras da sociedade, nomeadamente às
leis, cometendo atos ilícitos repetidamente.
A irritabilidade e a agressividade são características marcantes, com tendência
para brigas ou agressões físicas. Também desrespeitam de forma irresponsável a
segurança pessoal e alheia.
Têm tendência para enganar, mentir, usar nome falso ou aproveitar-se de terceiros
para conseguirem prazer ou vantagens pessoais. Quando fazem mal a alguém não
apresentam remorso, agindo com indiferença ou justificando o ato.
São pessoas irresponsáveis e por isso fracassam constantemente nos trabalhos ou
no cumprimento dos deveres financeiros.
Transtorno da Personalidade Narcisista

Os narcisistas manifestam comportamentos ou fantasias de grandeza, com


necessidade excessiva de serem admirados.
São pessoas com ideias grandiosas acerca delas mesmas, consideram-se
importantes e querem ser reconhecidos, exagerando as suas realizações e
talentos.
O transtorno de personalidade narcisista caracteriza-se também por fantasias de
sucesso, inteligência, poder e beleza ilimitados ou ainda um amor ideal.
Os narcisistas acreditam que são especiais e únicos e que somente podem ser
compreendidos ou devem associar-se a pessoas ou entidades diferenciadas.
Manifestam arrogância e insolência nos seus atos e comportamentos.
Também são presunçosos, ou seja, esperam receber tratamentos favoráveis e
especiais a si próprios ou uma obediência quase instantânea naquilo que querem.
Nos relacionamentos pessoais são exploradores, tirando vantagem sobre os outros
para alcançarem seus objetivos. Também demonstram falta de empatia, ou seja,
não se identificam com os sentimentos dos outros ou não reconhecem as
necessidades alheias.
É comum sentirem inveja dos outros ao acharem que os outros sentem inveja
deles.
Transtorno da Personalidade Borderline
Pessoas com transtorno da personalidade borderline são instáveis nos
relacionamentos pessoais, na autoimagem e na afetividade. São muito impulsivos
e fazem grandes esforços para evitar serem abandonados, seja na realidade ou na
imaginação.
Os relacionamentos pessoais são intensos e pouco estáveis, alternando períodos
de idealização e desvalorização.
ndivíduos borderline possuem perturbações de identidade, com muita instabilidade
e resistência na autoimagem ou no seu próprio "eu".
A impulsividade normalmente é voltada para áreas que podem ser potencialmente
prejudiciais à própria pessoa.
É comum haver gestos, comportamentos ou ameaças frequentes de suicídio ou
ainda comportamentos automutilantes.
São instáveis na afetividade por terem um humor muito reativo. Também
apresentam sentimentos de vazio crônicos, além de dificuldade de controlar a
raiva, que costuma ser intensa ou inadequada.

Transtorno da Personalidade Histriônica


Apresentam emotividade exagerada e buscam constantemente a atenção dos
outros. Quando não são o centro das atenções, sentem desconforto.
O comportamento em relação aos outros é frequentemente inadequado, muitas
vezes sedutor ou provocante sexualmente, usando constantemente a beleza e o
corpo para chamar a atenção.
Os discursos de pessoas com transtorno de personalidade histriônica são muito
impressionistas, mas com falta de detalhes. Esses pacientes são dramáticos,
teatrais e expressam-se emocionalmente de forma exagerada.
Também são facilmente influenciáveis pelos outros ou pelas situações, além de
considerarem os relacionamentos mais próximos do que na verdade são.

3. Grupo C: Dependentes, evitativos e obsessivo-compulsivos

Transtorno da Personalidade Dependente

Pessoas com esse transtorno têm uma necessidade excessiva de serem


cuidadas em todos os aspectos, levando a um comportamento submisso e com
medo de separação. Precisam que os outros assumam o controle sobre as áreas
mais importantes da sua vida.
Quando estão sozinhos sentem-se desamparados e desconfortáveis, pois
acreditam serem incapazes de cuidar deles próprios. Apresentam preocupações e
medos irrealistas de serem abandonados e ficarem desamparados.
Esses indivíduos apresentam dificuldade em tomar decisões do cotidian
precisam sempre de muitos conselhos e orientações de terceiros.
Possuem dificuldade em manifestar opiniões ou posições que discordem dos
outros, devido ao receio de perderem a aprovação ou o apoio.
Por terem pouca autoconfiança, dificilmente têm iniciativa de começar
projetos ou realizar alguma coisa sozinhos. Não lhes falta vontade, motivação ou
energia, mas julgam-se incapazes.
Pode oferecer-se para fazer coisas extremas e desagradáveis, somente para
receber apoio e carinho.
Pessoas com esse tipo de transtorno de personalidade buscam rapidamente
um novo relacionamento quando uma relação íntima é interrompida, à procura de
amparo e carinho.

Transtorno da Personalidade Esquiva

São inibidos socialmente, com sentimentos de inadequação e excessiva


sensibilidade a avaliações negativas. Por isso, evitam atividades que tenham
contato direto com outras pessoas, por medo de serem criticados ou
desaprovados.
Dificilmente se envolvem com alguém antes de ter a certeza de que o outro
a estima. São reservados nas relações afetivas devido ao medo de serem
ridicularizados ou passarem vergonha.
Indivíduos com esse tipo de transtorno de personalidade acreditam que são
socialmente ineptos, sem qualidades pessoais ou inferiores.
O medo excessivo de passar vergonha também os deixa extremamente
relutantes em começar novas atividades ou assumir riscos.

Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva

Os obsessivos-compulsivos apresentam preocupação exagerada com


organização, são perfeccionistas. Essas pessoas ficam tão preocupadas com
pormenores, listas, regras, ordem, organização ou horários, que perdem o objetivo
principal das suas tarefas.
O perfeccionismo atrapalha a realização das tarefas dos indivíduos com
esse tipo de transtorno de personalidade. São pessoas extremamente dedicadas
ao trabalho e à produtividade, deixando de lado o convívio social, o lazer e os
amigos.
Os obsessivos-compulsivos são muito conscienciosos, escrupulosos e
inflexíveis em assuntos morais, éticos ou de valores, além de serem rígidos e
teimosos.
Têm tendência em guardar objetos que já não servem para nada, ainda que não
tenham ligação emocional com os mesmos.
São relutantes em trabalhar em equipe e delegar tarefas, exceto nos casos em que
as coisas são feitas exatamente como querem.
Também veem o dinheiro como algo que deve ser guardado para uma emergência
e por isso gastam sempre o mínimo possível, tanto com eles próprios como com os
outros.
Relembrando que existem ainda indivíduos com transtornos mistos de
personalidade, com características de diferentes tipos e transtornos de
personalidade.

Um transtorno de personalidade manifesta-se nas seguintes áreas:

 Cognição - formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos


 Afetividade - variação, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional
 Funcionamento interpessoal
 Controle dos impulsos
A seguir, descreveremos os 10 tipos de transtorno de personalidade e suas
principais características:

1) Transtorno de personalidade paranoide

É marcado por um padrão de desconfiança e de suspeita tamanha, que as


motivações dos outros são interpretadas como malévolas. Normalmente:
 suspeita (sem embasamento suficiente) estar sendo explorado, maltratado ou
enganado;
 preocupa-se com lealdade e confiabilidade de amigos e sócios;
 reluta em confiar nos outros temendo que informações poderão ser usadas
maldosamente contra si;
 percebe significados ocultos humilhantes e ameaçadores em comentários neutros;
 é rancoroso;
 percebe ataques a seu caráter reagindo com raiva;
 tem suspeitas injustificadas em relação à fidelidade de seu parceiro(a).

2) Transtorno de personalidade esquizoide

Tem um padrão de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de


expressão emocional em contextos interpessoais. Uma pessoa com esse
problema:

 não deseja nem desfruta de relações íntimas (inclusive ser parte de uma família);
 quase sempre opta por atividades solitárias;
 manifesta pouco ou nenhum interesse em relações sexuais;
 tem prazer em poucas atividades;
 não tem amigos que não sejam familiares de primeiro grau;
 mostra-se indiferente ao elogio ou crítica dos outros;
 demonstra frieza emocional e distanciamento.

3) Transtorno de personalidade esquizotípica

É um padrão de desconforto agudo e capacidade reduzida para


relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e
excentricidades do comportamento. Com esse tipo de transtorno, habitualmente a
pessoa:
 possui crenças estranhas ou pensamentos mágicos que influenciam o
comportamento (superstições, crença em clarividência, telepatia ou "sexto
sentido");
 tem experiências perceptivas incomuns, tais como ilusões corporais;
 possui pensamento e discurso estranho (vago, metafórico, excessivamente
elaborado ou estereotipado);
 é desconfiada;
 tem afeto inadequado;
 tem comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar;
 não tem amigos próximos que não sejam familiares de primeiro grau;
 tem ansiedade social, prejudicando o convívio com outras pessoas, temendo
julgamentos negativos sobre si mesmo.

4) Transtorno de personalidade antissocial

Nesse tipo de transtorno de personalidade, tem-se um padrão de desrespeito e


violação dos direitos dos outros. O transtorno é marcado por:

 fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais,


repetindo atos que constituem motivos de detenção;
 tendência a falsidade, normalmente utilizando nomes falsos e trapaças para ganho
e prazer pessoal;
 impulsividade e fracasso para fazer planos para o futuro;
 irritabilidade e agressividade, com episódios de lutas ou agressões físicas;
 descaso por sua segurança e dos outros;
 irresponsabilidade no trabalho e obrigações financeiras;
 ausência de remorso.

5) Transtorno de personalidade borderline


É marcado por um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, na
autoimagem e nos afetos, com impulsividade acentuada. Trata-se de um
transtorno complexo, no qual há:

 esforços desesperados para evitar o abandono real ou imaginado;


 relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, oscilando entre o amor e o
ódio;
 perturbação da identidade, possuindo instabilidade acentuada na autoimagem ou
na percepção de si mesmo;
 impulsividade em áreas potencialmente destrutivas (gastos, sexo, abuso de
substâncias, direção irresponsável, compulsão alimentar);
 recorrência de comportamentos, gestos ou ameaças suicidas ou automutilantes (se
cortar, bater a cabeça na parede, se queimar, entre outros);
 instabilidade no humor;
 sentimentos crônicos de vazio;
 raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la.

6) Transtorno de personalidade histriônica

Neste caso, o que há é um padrão de emocionalidade e busca de atenção em


excesso. As principais características são:

 desconforto em situações em que não é o centro das atenções;


 a interação com os outros frequentemente é caracterizada por comportamentos
sexualmente sedutores e provocativos;
 expressão superficial das emoções;
 utiliza a aparência física para atrair a atenção para si;
 tem um estilo de discurso impressionista e carente de detalhes;
 mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções;
 é sugestionável sendo facilmente influenciado pelos outros;
 considera as relações pessoais mais íntimas do que na verdade são.
7) Transtorno de personalidade narcisista

Estamos falando da existência de um padrão de grandiosidade, necessidade de


admiração e falta de empatia. Alguns comportamentos habituais são:

 sensação grandiosa da própria importância (exagera conquistas e talentos


esperando ser reconhecido como superior);
 preocupação com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor
ideal;
 acredita ser "especial" e que só pode ser compreendido por pessoas ou instituições
especiais e de condições elevadas;
 demanda admiração excessiva;
 sentimento de possuir direitos (expectativas de tratamento especial favorável,
como sentir-se no direito de não aguardar em filas, por exemplo);
 explorador em relações interpessoais, tirando vantagem dos outros para conquistar
benefícios;
 é invejoso ou acredita que os outros o invejam;
 possui comportamentos arrogantes e insolentes.

8) Transtorno de personalidade evitativa

Tem um padrão de inibição social, sentimentos de inadequação e


hipersensibilidade à avaliação negativa. Normalmente, uma pessoa com esse
transtorno:
 evita atividades profissionais que envolvem contato com outras pessoas por medo
de críticas, desaprovação ou rejeição;
 não se dispõe a envolver-se com pessoas a menos que tenha certeza de que será
recebido de forma positiva;
 mostra-se reservado em relacionamentos íntimos, temendo passar vergonha ou
ser ridicularizado;
 preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais;
 inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de
inadequação;
 vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos e inferior aos outros;
 reluta em assumir riscos pessoais ou se envolver em novas atividades temendo
sentir-se constrangido.

9) Transtorno de personalidade dependente

Em casos assim, o padrão de comportamento é submisso e apegado,


relacionado a uma necessidade excessiva de ser cuidado. A pessoa:
 tem dificuldades de tomar decisões na vida cotidiana, demandando uma
quantidade excessiva de conselhos;
 precisa que os outros assumam as responsabilidades na maior parte das áreas de
sua vida;
 tem dificuldades em manifestar desacordo, temendo a perda de apoio e aprovação;
 enfrenta dificuldades para iniciar projetos de vida por falta de confiança em si
mesmo;
 sente-se desconfortável e desamparado quando sozinho, por sentir-se incapaz vai
a extremos para obter carinho e apoio dos outros, a ponto de voluntariar-se para
fazer coisas desagradáveis;
 de cuidar de si mesmo;
 busca urgentemente outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo
após o término de uma relação;
 possui preocupações irreais com medo de ser abandonado.

10) Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva

Aqui se tem o padrão de preocupação com a ordem, o perfeccionismo e o


controle. Os principais sinais são:
 preocupação com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários;
 perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas;
 é excessivamente dedicado ao trabalho e produtividade;
 é excessivamente minucioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de
moralidade, ética ou valores;
 é incapaz de descartar objetos usados ou sem valor, mesmo que não possuam
valor sentimental;
 reluta em delegar tarefas;
 adota estilo miserável de gastos considerando que o dinheiro deve ser acumulado
para futuras catástrofes;
 exibe rigidez e teimosia.

Tratamento para um transtorno de personalidade

Para o tratamento dos transtornos de personalidade é indicado que o


acompanhamento seja multidisciplinar: psiquiátrico e psicológico. A procura
pelo tratamento ainda é baixa em muitos casos. Um dos motivos está justamente
no fato de as características que definem um transtorno da personalidade não
serem consideradas problemáticas pela pessoa que o possui.
Por esse motivo, o olhar de um amigo ou parente próximo é
extremamente valioso, já que desde fora é possível perceber a intensidade dos
prejuízos e, então, motivar a busca por apoio profissional.

Psicoterapia Breve
O que é psicoterapia breve?

A Psicoterapia Breve (PB) têm suas origens na Psicanálise e surgiu quando


alguns psicanalistas e teóricos da época de 1930 começaram a discordar de
algumas posições de Freud, no que diz respeito à teoria e técnica. Dentre elas,
principalmente, no que diz respeito a atitude do terapeuta no processo, tais como:
a postura ativa do terapeuta em contraposição à neutralidade e passividade do
psicanalista tradicional e a maior flexibilidade contra a cristalização da técnica que
imperava sobre a Psicanálise nos anos 40
Como dissemos, se trata de um tipo de tratamento psicológico que tem foco
e tempo determinados.
A atenção deve recair sobre uma queixa específica do paciente, que será
trabalhada após uma análise do seu quadro. Para isso, já nas primeiras consultas
é definido um foco, bem como as estratégias para alcançá-lo.
Nesse sentido, a psicoterapia breve se divide em três modalidades:

1. Estrutural ou de impulso

Nessa modalidade são utilizadas entrevistas e testes


psicológicos, com a finalidade de elaborar um diagnóstico de conflito
primário associado ao problema principal do paciente. Baseado nisso,
será feito um trabalho terapêutico com duração e finalidade
determinadas.

2. Relacional

Já nesse caso, preocupa-se menos com a técnica, com o tempo


e com critérios, dando mais importância ao momento presente e à
experiência particular do paciente.
3. Integrativo ou eclético

Por fim, nessa modalidade o psicoterapeuta utiliza vários


recursos, que, posteriormente, serão analisados e adaptados à
situação atual do paciente. O foco, de toda forma, sempre será a
necessidade do paciente.

Como funciona a psicoterapia breve

Nessa abordagem, a figura do psicoterapeuta é bem diferente do


que é visto na psicanálise. Enquanto, nessa, a postura é mais neutra e
passiva, na psicoterapia breve o especialista se expressa mais,
assumindo uma postura mais ativa e com maior número de
intervenções.
Basicamente, a pessoa vai ao consultório, explica por que está
procurando ajuda psicológica e diz qual questão deseja trabalhar. Em
seguida, acerta com o profissional o número de sessões e o problema
específico que será discutido.
Diante disso, um dos motivos que levam a essa conduta é o
incentivo de atividades entre as consultas que visam desenvolver uma
certa força para lidar com as questões emocionais. No geral, o
tratamento possui três fases:

2. Inicial

O psicoterapeuta faz uma avaliação curta, cuja finalidade é


identificar a real situação do paciente e o meio em que ele está
inserido. Ainda nessa fase é elaborado um planejamento terapêutico
com a queixa a ser trabalhada, bem como o objetivo a ser atingido e as
estratégias de tratamento.

2. Medial

Aqui serão colocadas em prática as estratégias estabelecidas na


primeira fase. Se for necessário, o especialista fará adaptações de
acordo com o progresso da terapêutica, e também uma revisão sobre o
trabalho até o momento.
3. Final ou terminal

Já nessa etapa, o paciente e o psicoterapeuta caminham para a


finalização do processo, analisando o trabalho já realizado. Além disso,
é realizado um estudo dos objetivos alcançados e daqueles que se
mantiveram até o fim da terapia.

Quantas sessões são necessárias

Como o nome sugere, nessa modalidade o tempo é mais


reduzido. Assim, o especialista foca em um problema ou questão
particular, e utiliza técnicas específicas para atingir o objetivo
predeterminado. Ainda assim, isso não significa que o tratamento seja
insuficiente.
Apesar de ser uma terapia breve, ela não exige pressa. Pelo
contrário: ela permite que profissional e paciente trabalhem juntos, com
foco na resolução de crises pontuais. E também é muito eficaz na
identificação de padrões de personalidaden arraigados, que devem ser
tratados de forma mais profunda.
Nesse sentido, o número de sessões é variável, pois vai
depender de cada caso. Em média, é recomendado uma sessão por
semana, durante um período de seis meses. E, se o tempo não for
suficiente, pode ser reavaliada a necessidade de fazer mais algumas
sessões ou encaminhar o paciente para uma abordagem prolongada.

A quem se destina
De forma geral, a psicoterapia breve é indicada às pessoas que
precisam de um atendimento mais focalizado na sua problemática
atual. Por se tratar de uma modalidade com duração reduzida, ela é
mais acessível financeiramente — principalmente pelo espaço que vem
ganhando nos planos de saúde.
Assim, pacientes com queixas como depressão, pessimismo,
dores psicossomáticas, falta de iniciativa, distúrbios de sono,
sentimentos de impotência e desesperança, dentre outros sintomas,
podem se beneficiar bastante com o tratamento.
O uso da Hipnose Ericksoniana
A hipnose Ericksoniana — também chamada de hipnose
moderna — é muito utilizada na psicoterapia breve. Com ela, o
paciente consegue acessar informações no seu cérebro que podem
ajudá-lo a controlar suas emoções, e utilizar seus próprios poderes
internos para enfrentar seus conflitos.
Infelizmente, existem muitos pensamentos equivocados sobre a
hipnose. Sabemos que, quando se fala no assunto, ideias como perda
da consciência e controle de outras pessoas são muito comuns. Mas
isso não passa de mito, pois a hipnoterapia é uma técnica segura e
comprovadamente eficaz.
E a hipnose se baseia em princípios que se adaptam bem às
estratégias usadas nas psicoterapias breves. Dentre eles, podemos
destacar aquele que diz que “cada pessoa cria seu próprio processo de
cura” e que “se trabalhado com as ferramentas corretas, todo problema
tem solução”.
Como a terapia breve aborda exatamente isso, a hipnose surge
como uma das estratégias extremamente eficazes para os pacientes.
Vale ressaltar, inclusive, que durante o transe hipnótico ericksoniano o
paciente permanece desperto, e participando do próprio processo.
Dentre os inúmeros quadros e problemas que se pode tratar
aliando a hipnose à psicoterapia breve, podemos destacar:

 tratamento de fobias e medos;


 controle da dor;
 alívio pós-traumático.
 controle de hábitos;
 tratamento de estresse;
 queixas psicossomáticas;
 aumento da confiança;
 depressão;
 problemas interpessoais;
 compulsões;
 ansiedade;
 baixa autoestima;
 dependência emocional.
Contudo, é preciso ressaltar que a hipnose só deve ser aplicada
por profissionais experientes, devidamente registrados e com formação
na área. Além disso, é preferível que eles estejam trabalhando na área
da sua especialidade.
Enfim, como vimos, esse breve e prático processo terapêutico
pode mesmo ser muito eficaz. Combinando a determinação do
paciente em vencer limitações com técnicas eficientes e específicas, é
possível desprogramar memórias e emoções negativas, permitindo
uma vida mais feliz.

Conflitos e questões durante o processo de


acompanhamento da família

A mediação, utilizando técnicas da Psicologia, em especial das


Psicoterapias, tais como a sumarização positiva, o resumo e o
enquadre, amplia e torna mais compreensíveis as diversas mensagens
e mostra a importância da escuta não nervosa, da interpretação do que
está por detrás do discurso, da linguagem corporal etc. Ocorre que
justamente as variáveis psicológicas do conflito familiar tornam esse
tipo de mediação o mais complexo, pois envolve, como mencionado,
além de aspectos objetivos, aspectos emocionais e inconscientes.
Nessa linha de raciocínio, muito embora ainda prevaleça em
nossa cultura o paradigma disjuntivo do ganhar-perder, cuja lógica
binária e determinista limita opções possíveis, o contexto de interação
social contemporâneo vem propiciando, conforme Schinitman (1999), a
criação de novos ramos do conhecimento científico e de novas
perspectivas relativamente às ciências, o que exige meios tecnológicos
apropriados para o fomento de métodos inovadores de resolução de
conflitos. A mediação é um desses métodos.
Mediação, conforme Ferreira (2001, s/p), advém do
latim mediatione que significa intercessão, intermédio [...] intervenção
com que se busca produzir um acordo. [...] Derivado do verbo
latino mediare &– de mediar, intervir, colocar-se no meio (Müller,
2005a).

A mediação caminha no sentido oposto à do conflito judicial, o


qual origina um ganhador e um perdedor. Bush e Folger (1996)
coadunam com Schinitman (1999) ao conceituarem a mediação. Para
eles, a mediação pode ser entendida como um método de solução de
conflitos no qual as partes envolvidas recebem a intervenção de um
terceiro, o mediador, que contribui, por meio da reabertura do diálogo,
a chegar a possibilidades inventivas para a solução da disputa, em que
ambos fiquem satisfeitos.
Dessa forma, a mediação é um método de solução de disputas
flexível e não vinculador, pelo qual um terceiro neutro facilita o diálogo
entre as partes para ajudá-las a chegar a um acordo (Highton &
Álvarez, 1999). É observável que na mediação, diferentemente da
arbitragem, não é o mediador quem decidirá ou trará a solução, mas
sim, as próprias partes. Uma de suas peculiaridades, conforme Müller
(2005a), é a capacidade de expansão das discussões tradicionais que
são feitas para chegar a um acordo, ampliando-as para além das
questões jurídicas envolvidas, nte o exposto, uma das possibilidades
de trabalho de psicólogos em contextos jurídicos é nos processos de
Mediação Familiar. Segundo Ávila (2002), a mediação familiar
proporciona uma separação menos traumática e mais humana,
considerando que as formas tradicionais de finalizar um casamento ou
união estável não estão suprindo as reais necessidades dos envolvidos
e de seus filhos.
De acordo com Moore (1998, p.22), a mediação é um
“prolongamento ou aperfeiçoamento do processo de negociação que
envolve a interferência de uma aceitável terceira parte, que tem um
poder de tomada de decisão limitado ou não autoritário”. Para esse
autor, o mediador tem a função de ajudar os conflitantes a chegarem
voluntariamente a um acordo mutuamente aceitável das questões em
disputa. Haynes e Marodin (1996) afirmam que “o mediador é o
administrador das negociações, é quem organiza a discussão das
questões a serem resolvidas” (p.11).
No entendimento de Folger e Bush (1999), que transcende a
compreensão recém referida, a mediação de conflitos é o método de
solução de controvérsias que trabalha na perspectiva de que o conflito
ou a crise possui um potencial transformativo. Esses autores, em sua
obra La promessa de la mediacion (1996), advogam que o conflito é
parte integrante da vida e capaz de gerar transformações e que o
processo de mediação revela uma capacidade própria de mudança nas
pessoas e promove um crescimento ao auxiliá-las em situações
difíceis, tais como as decorrentes de um conflito.
Por meio do uso de técnicas específicas e utilização de
conhecimentos advindos de várias disciplinas e ciências, como a
Psicologia, o Direito, a Teoria Geral de Técnicas de Negociação, Teoria
dos Sistemas e de processos narrativos, o mediador cria condições
para o diálogo, “diferenciando necessidades em diferentes níveis,
evidenciando como há necessidades comuns a despeito de posições
antagônicas”,  participação da família favorece a discussão dos
problemas pessoais/familiares, de forma que a angústia pode ser
vivenciada e entendida pelos seus membros, à medida que a família se
propõe como catalizadora de sua própria problemática e deixa de
necessitar de um "porta-voz", um "bode expiatório" para externar as
suas angústias e se reorganizar de modo a trabalhar os seus
problemas. O fato de não se trabalhar com a sintomatologia do
indivíduo facilitou a execução do trabalho, pois a proposta de
"conversar" com a família sobre ela própria propiciou uma nova
inserção do PI como membro atuante, levando todos os membros a
perceberem que, mesmo "sãos", apresentam conflitos, angústias,
características não apenas de pessoas consideradas doentes.

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