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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Curso de Engenharia Química

Disciplina QUI034
Engenharia Bioquímica

CAPÍTULO 3.
CINÉTICA DOS PROCESSOS MICROBIANOS
PARTE 2
Profa Dra Michele Di Domenico – DAENG
micheled@utfpr.edu.br

Francisco Beltrão
CINÉTICA DE PROCESSOS MICROBIANOS

SUMÁRIO
(CONTINUAÇÃO)

4. Crescimento Microbiano
5. Cinética da Fase Exponencial
6. Modelos Cinéticos
a) Modelo de Monod
7. Efeito de Parâmetros Físico-Químicos
a) pH
b) Temperatura
Leitura Obrigatória

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CINÉTICA DE PROCESSOS MICROBIANOS

4. CRESCIMENTO MICROBIANO
✓ MOs colocados num meio com C limitada de nutrientes, o crescimento passa por ≠
fases:

Batelada = sistema fechado

✓ MOs se ÷ de forma binária: célula cresce até seu tamanho final, replica seu material
genético e se ÷ em 2 células-filhas idênticas → Crescimento é exponencial!

Mas não é infinito: escassez de nutrientes e


acúmulo de substâncias tóxicas.

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4. CRESCIMENTO MICROBIANO

✓ Curva característica
❖ Após a inoculação em reator descontínuo, as fases do crescimento são:

1. Lag ou latência ↑ do no de
células vivas em
2.Transição
função do t
3. Log ou exponencial
4. Desaceleração
5. Estacionária
6. Declínio ou morte celular

𝒍𝒏 𝑿 = 𝝁𝑿 × 𝒕 + 𝒍𝒏(𝑿𝟎 )

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4. CRESCIMENTO MICROBIANO

𝟏 𝒅𝑿 𝒕 𝑿
𝟏
𝝁𝑿 = න 𝝁𝑿 𝒅𝒕 = න 𝒅𝑿
𝑿 𝒅𝒕 𝟎 𝑿𝟎 𝑿

𝝁𝑿 𝒕 − 𝟎 = 𝒍𝒏 𝑿 − 𝒍𝒏 𝑿𝟎

𝑿
𝝁𝑿 × 𝒕 = 𝒍𝒏
𝑿𝟎

𝒍𝒏 𝑿 = 𝝁𝑿 × 𝒕 + 𝒍𝒏(𝑿𝟎 )

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4. CRESCIMENTO MICROBIANO

1. Lag ou de latência: período de adaptação.

❖ Não há reprodução celular:


X=X0=cte
μX=0
❖ Célula sintetiza:
Proteínas de transporte do substrato para
dentro da célula.
𝑙𝑛 𝑋 = 𝑙𝑛 𝑋0 + 𝜇𝑋 × 𝑡
Enzimas para usar o substrato.
❖ tlag depende de X0, da idade do MO e de
sua prévia adaptação ao meio.

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4. CRESCIMENTO MICROBIANO

2. Transição: início da reprodução microbiana, aceleração do crescimento.

❖ Aumento gradual dos parâmetros:

X > X0

0 < μX < μm

❖ Ao final, toda a população se ÷ em um


intervalo regular médio de tempo.
𝑙𝑛 𝑋 = 𝑙𝑛 𝑋0 + 𝜇𝑋 × 𝑡
Atinge μm!

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4. CRESCIMENTO MICROBIANO

3. Log ou exponencial: a velocidade específica é máxima e constante.

❖ Todas as rotas enzimáticas para


metabolizar o substrato estão ativas.

❖ Fase é prolongada em muitos casos.

μX=μm=cte

X aumenta exp.
𝑙𝑛 𝑋 = 𝑙𝑛 𝑋0 + 𝜇𝑋 × 𝑡 rX é prop. à X

1 𝑑𝑋 𝑑𝑋 𝑑𝑋
𝜇𝑋 = = 𝜇𝑚 . 𝑋 𝑟𝑋 =
𝑋 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

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4. CRESCIMENTO MICROBIANO

4. Desaceleração: ocorre devido ao consumo do substrato limitante ou pelo acúmulo


de produtos no meio.

❖ μX diminui até se anular no tempo final:

X > X0

μX < μm

❖ tempo necessário para duplicar X


aumenta.
𝑙𝑛 𝑋 = 𝑙𝑛 𝑋0 + 𝜇𝑋 × 𝑡
❖ Nem todos os MOs se reproduzem em
intervalos regulares.

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4. CRESCIMENTO MICROBIANO

5. Estacionária: Equilíbrio dinâmico onde vel. de crescimento = vel. de morte.

❖ X é constante e máxima:

X=Xm=cte

❖ Crescimento celular é limitado:

μX=0

❖ Estrutura da célula se modifica pelo


𝑙𝑛 𝑋 = 𝑙𝑛 𝑋0 + 𝜇𝑋 × 𝑡 esgotamento de nutrientes.

❖ Antibióticos são produtos produzidos


nesta fase (Ex. penicilina).

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4. CRESCIMENTO MICROBIANO

6. Declínio, Lise ou Morte: população celular diminui e a vel. de morte > vel. de
crescimento.

X diminui

μX < 0

❖ Consumo intracelular (lise da célula)


pela presença de:

Subprodutos tóxicos
𝑙𝑛 𝑋 = 𝑙𝑛 𝑋0 + 𝜇𝑋 × 𝑡 Ambientes severos
↓ fornecimento de nutrientes

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5. CINÉTICA DA FASE EXPONENCIAL

𝟏 𝒅𝑿 𝟏 𝒅𝑿
𝝁𝑿 = 𝝁𝒎 =
𝑿 𝒅𝒕 𝑿 𝒅𝒕

✓ Integrando deste o início da fase (t0, X0) até um instante arbitrário (t, X):

𝒕 𝑿
𝟏
න 𝝁𝒎 𝒅𝒕 = න 𝒅𝑿
𝒕𝒐 𝑿𝟎 𝑿
𝑿
𝝁𝒎 𝒕 − 𝒕𝟎 = 𝒍𝒏
𝑿𝟎
𝒍𝒏 𝑿/𝑿𝟎
𝝁𝒎 =
𝒕 − 𝒕𝟎
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5. CINÉTICA DA FASE EXPONENCIAL

✓ Também caracterizada pelo t de duplicação ou geração tg constante: intervalo de t


necessário para duplicar a fração celular!

𝒍𝒏 𝑿/𝑿𝟎
𝝁𝒎 =
𝒕 − 𝒕𝟎

𝒍𝒏 𝟐𝑿𝟎 /𝑿𝟎
𝝁𝒎 =
𝒕𝒈

𝒍𝒏 𝟐 𝟎, 𝟔𝟗𝟑
𝝁𝒎 = =
Bactérias: 15-20 min 𝒕𝒈 𝒕𝒈
Leveduras: 1-2 h
Fungos: > 2 h

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CINÉTICA DE PROCESSOS MICROBIANOS

6. MODELOS CINÉTICOS

✓ Modelos não estruturados são os mais usados.


✓ Consideram a população celular homogênea: metabolismo e composição.
✓ O crescimento de uma população celular é quantificado apenas em
termos de no ou da massa de células.

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6. MODELOS CINÉTICOS
(a) Modelo de Monod

✓ Efeito da composição do meio na μx → depende da


conc. de nutrientes (S).

✓ 1 substrato limitante do crescimento: principal fonte de


carbono e energia.

✓ Relação dada por uma eq. empírica:

1942 Equação de Monod

✓ Baseada no modelo de Michaelis-Menten, já que o


metabolismo celular resulta da ação integrada de várias
enzimas.

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6. MODELOS CINÉTICOS Equação de Michaelis-


(a) Modelo de Monod Menten
𝑪𝑺
𝑉0 = 𝑉𝑚
𝐾𝑚 + 𝑪𝑺

EQUAÇÃO DE MONOD
𝑺
𝝁𝑿 = 𝝁𝒎
𝑲𝑺 + 𝑺

µX = veloc. específica de crescimento (h-1)


µm = veloc. específica máxima de crescimento (h-1)
KS = constante de saturação ou de Monod (g/L)
S = concentração de substrato limitante (g/L)
µX e KS:
Refletem propriedades fisiológicas do MO
Dependem do substrato e da T Cinética de crescimento de
Monod.

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6. MODELOS CINÉTICOS µX → velocidade


(a) Modelo de Monod específica de
crescimento no
início do processo!
S >> KS
↑S μx = μmáx
Cinética de ordem 0.

𝜇𝑚
𝜇𝑋 = 𝐾𝑆 = 𝑆
2

S << KS
↓S μx depende de S
S e μx diminuem
(início da desaceleração) Cinética de ordem 1.
𝑺
𝝁𝑿 = 𝝁𝒎 KS é definido como
𝑲𝑺 + 𝑺
afinidade do MO pelo
DAENG Engenharia Bioquímica substrato. 17
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6. MODELOS CINÉTICOS
(a) Modelo de Monod

μmáx atingido com


S bem menor!

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6. MODELOS CINÉTICOS
(a) Modelo de Monod

✓ Determinação de KS e μmáx:

❖ Linearização da Equação de
Monod por Lineweaver-Burk:

1 𝐾𝑆 1 1
= ∙ +
𝜇𝑋 𝜇𝑚 𝑆 𝜇𝑚
𝑆
𝜇𝑋 = 𝜇𝑚
𝐾𝑆 + 𝑆
❖ Outros modelos: Tessier,
Moser, Contois, Andrews
(inibição por substrato),
Inibição por produto...

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6. MODELOS CINÉTICOS
(a) Modelo de Monod

✓ Valores típicos de KS para MO:

Considerações do modelo:
Um único substrato limitante;
Não prevê a fase de adaptação;
Não considera qualquer tipo de
inibição (S ou P).

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7. EFEITO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS


(a) pH

❖ Existe um pH ótimo para cada


propriedade especifica:
Crescimento
Formação de produto

❖ Considerar na otimização do
processo.

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CINÉTICA DE PROCESSOS MICROBIANOS

7. EFEITO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS


(b) Temperatura

❖ Dependência com T para a velocidade de reação dada pela Equação de Arrhenius.

T ótima

Ativação térmica Morte celular

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CINÉTICA DE PROCESSOS MICROBIANOS

Leitura Obrigatória!

✓ SCHMIDELL, W. et al. Biotecnologia Industrial: engenharia bioquímica.


São Paulo: Blucher, 2001. 241 p. v.2.
▪ Capítulo 6.
✓ BASTOS, R.G. Tecnologia das Fermentações: fundamentos de
bioprocessos. São Carlos: EdUFSCar, 2010. 162 p.
▪ Unidade 5.

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