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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Curso de Engenharia Química

Disciplina
QUI034 Engenharia Bioquímica

CAPÍTULO 4.
ESTERILIZAÇÃO

Profa Dra Michele Di Domenico – DAENG


micheled@utfpr.edu.br

Francisco Beltrão
ESTERILIZAÇÃO

SUMÁRIO

1. Introdução
2. Esterilização do Equipamento
a) Agentes Físicos
b) Agentes Químicos
3. Esterilização de Meios por Calor Úmido
a) Tipos de processos em escala industrial
b) Cinética da destruição térmica de microrganismos
c) Cálculo do tempo de esterilização
4. Esterilização de Ar
a) Filtração
Leitura Obrigatória

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ESTERILIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

✓ Por que esterilizar?

I. Penalidade econômica.

II. Perda de produtividade: gasto de meio para crescimento do contaminante.

III. 1 único contaminante pode repopular todo um reator.

IV. Se o produto for as células, este vai estar contaminado.

V. Contaminante pode produzir compostos que dificultem a recuperação do


produto.

VI. Contaminante pode consumir o produto.

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ESTERILIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO
✓ Concepção do Biorreator:
• Contato eficiente entre as fases.
• Boa transf. de O2 para a célula. 2
• Boa transf. de calor do meio
para a célula e vice-versa. 1
• Proteger o MO de contaminações.
4

3
Esquema geral de um processo fermentativo.
(SchmidellW. et al., 2001)

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ESTERILIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO
✓ O sistema pode ser:
• Não asséptico: não é estritamente necessário operar com culturas puras.
• Asséptico: condições de assepsia são pré-requisitos para formação do produto.

Questões:
✓ Como efetuar a assepsia de
grandes volumes de meios e de ar?
✓ Qual o método usado para
eliminar os MOs? Ex. filtração ou
aquecimento.
✓ Se aquecimento (batelada ou
contínuo)... em qual regime de t e
Antibióticos T?
Vacinas
Vitaminas...

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

✓ ESTERILIZAÇÃO significa eliminar todas as formas de vida no reator.


✓ Eliminação parcial ou não!
Suficiente em alguns processos:
• Fermentação alcoólica, produção de vinagre/ác. acético, etc.
• Pasteurização (80oC, laticínios): destrói parte dos MO - assepsia + rigorosa destruiria
propriedades importantes do alimento/subprodutos.
• DESINFECÇÃO não esteriliza, mas garante a assepsia adequada: pop. de
MO não eliminada é mantida sob controle pela imposição de condições que impedem
seu desenv., ex.: refrigeração ou inibidores de crescimento.
✓ Processos mais restritivos: produção de bens destinados à saúde e alimentos
enlatados.

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Esterilização é o processo físico ou químico que


destrói ou inativa todas as formas de vida presentes
em um dado material, especialmente MO incluindo
bactérias, fungos e vírus.

Significado absoluto:
➢ Um material estéril é
totalmente isento de
qualquer organismo ativo e essa
condição se mantém.

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Desinfecção é um processo menos rigoroso de


eliminação (parcial) de MO, envolvendo o uso de um
agente químico (desinfetante ou germicida), geralmente
líquido e à Tamb ou moderada.

Eliminação direcionada
aos MO prejudiciais.

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
✓ Técnicas de assepsia - aplicação de métodos físicos ou químicos:
• Métodos físicos: calor seco, calor úmido, radiação UV, radiação ionizante e
ultrassom.
• Métodos químicos: líq. ou gases que matam/danificam a capacidade reprodutiva
dos MO (hipoclorito, óxido de etileno, O3).

Biorreatores, tubulações, bombas,


Calor úmido
filtros, centrífugas, etc.
Calor úmido (autoclaves), seco (fornos) e
Material de laboratório
radiação UV
Calor úmido, filtração em membranas (caso
Meios de cultura
ocorra inativação térmica de nutrientes)
Ar Filtração em cartuchos esterilizantes

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

✓ Agentes? Físicos ou químicos, agem por ≠


mecanismos...
✓ Objetivo? Matar O MO!
✓ Como? Induzem a formação de substâncias letais
no interior das células ou alterações em moléculas
essenciais para a manutenção celular.
✓ Alvos? Enzimas (metabolismo), citoplasma
(integridade do conteúdo celular), parede celular
(resistência mecânica).
✓ Uma lesão pode desencadear alterações que levam
à morte celular!

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
a) Agentes físicos

CALOR SECO
✓ Destrói os MO pela oxidação de seus constituintes químicos.
✓ Mais lenta e menos eficaz do calor úmido.
✓ TC lenta e nível de hidratação das células tende a diminuir, conferindo certa “proteção” às
proteínas.
Calor seco

Vidrarias, metais e sólidos resistentes ao calor
(recheios do filtro de ar)

Fornos ou estufas (t≈2h e T>150°C)

TC mais lenta
t de 3-4h para garantir a eficiência

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2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
a) Agentes físicos
CALOR ÚMIDO
✓ Ambiente: vapor d’água saturado.
✓ T elevada + alto grau de umidade: método efetivo para destruir MO!
✓ Vantagens: fácil obtenção, manuseio, eficácia e baixo custo.
✓ Na indústria → obtido em caldeiras e distribuído em tubulações de inox isoladas
termicamente.
✓ Aplicações: reatores (vazios ou carregados) e tubulações.

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
a) Agentes físicos
CALOR ÚMIDO
✓ Modo de ação: desnaturação irreversível das proteínas (enzimas e membranas
celulares).
✓ A resistência das proteínas ao calor é uma função da hidratação da célula:
• ↑ água: facilita a entrada nas moléculas de proteína, promovendo mudanças
irreversíveis.

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
a) Agentes físicos
CALOR ÚMIDO
✓ Reatores vazios:
1. Injeção direta no interior e expulsão do ar.
2. Fechar reator e pressurizar (até 1,5 atm e 121oC): novas injeções para manter P e T.
3. Final - injeção de ar esterilizado para resfriamento e estabilização da P interna.
4. Introdução do meio de cultura esterilizado (externamente).
5. Início do bioprocesso.

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2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
a) Agentes físicos
CALOR ÚMIDO
✓ Reatores com meio (processo descontínuo): 3 etapas
✓ t de esterilização: 20-40min, 121oC.
✓ Reator multipropósito: limpeza química prévia + esterilização
num t=60min.

Circular vapor pela Injetar vapor no Resfriar se necessário e


serpentina/camisa até Tmeio meio até T=100°C, injetar ar esterilizado
> 97oC e introduzir vapor fechar o reator, e para evitar formação de
no topo do tanque para manter injeção até T vácuo devido a
expulsar o ar. e P adequadas. condensação do vapor.
Válvulas, filtros e tubulações ↑ de 10-15% do V.
também são esterilizados.
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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
a) Agentes físicos
Operação:
1. Completar o nível de água indicado;
2. Adicionar o material dentro da autoclave e fechar a porta;
AUTOCLAVE 3. Aquecer, com vapor gerado ocupando todo o espaço
interno, devendo fluir para fora pela válvula de descarga (10-
✓ Esterilização de reatores 20min, expulsando o ar).
pequenos (30 L) e vidrarias. 4. Fechar a válvula de descarga, esperar T e P estabilizarem
(1.5atm e 121oC).
✓ ≠ dimensões, os verticais
apresentam a porta de
acesso na parte superior;
✓ Aquecimento elétrico
(laboratório).

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
a) Agentes físicos

AUTOCLAVE
Vapor sob pressão
tem 2 funções:
1. TC, favorecida pela
condensação no
material, ↑ rapidamente
a T (difusão de calor).
2. Manutenção do ↑ do
nível de hidratação no
interior das células.

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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
a) Agentes físicos
RADIAÇÃO UV
✓ Absorvida por muitas células (baixa capacidade de penetração).
✓ Efeito letal é proporcional à dose de radiação e morte celular
depende do tempo de exposição.
✓ Região do espectro com ação esterilizante é 220-300 nm.

RADIAÇÃO IONIZANTE
✓ Radiações ionizantes eletromagnéticas α, β, γ, raios-X, etc.
✓ Causa grande variedade de efeitos físicos e bioquímicos nos MO.
✓ O principal alvo que leva à perda de viabilidade é a molécula de
DNA.
Esterilização de sólidos: vidraria, metais, embalagens.
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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
b) Agentes químicos

GERMICIDAS QUÍMICOS (Sanitizantes líquidos)


✓ Usados quando os equipamentos não admitem esterilização por calor úmido:
• Incompatibilidade térmica: filtros, bombas, centrífugas, secadores, válvulas, linhas
de fluidos e equipamentos de medição.
✓ Modo de ação:
• Em Tamb exigindo ↑tempo de contato.
✓ Eficácia depende das:
• Propriedades físicas do material: plástico, metal, liso, rugoso e porosidade.
• Características químicas do ambiente: pH, presença de matéria orgânica
contaminante, depósitos no material e dureza da água.

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ESTERILIZAÇÃO

GERMICIDAS
QUÍMICOS

✓ Tabela 3.3. Utilização


típica de agentes
químicos (Schmidell et
al. 2001).

C5H8O2
H2O2

CH2O

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N.A. = nível de atividade
ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
b) Agentes químicos

GERMICIDAS QUÍMICOS
✓ Protocolo para o ciclo de desinfecção/esterilização química de um equipamento:
1. Desmontagem do equipamento;
2. Limpeza com o uso de detergentes;
3. Lavagem com água de baixa dureza para remover os detergentes;
4. Montagem do equipamento, introdução do germicida, propiciando t necessário de
exposição;
5. Drenagem da solução germicida do sistema;
6. Remoção dos resíduos de germicida pela circulação de água.

Tempo de exposição varia de min até h e tipo de


germicida se baseia no nível de desinfecção
requerido!
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ESTERILIZAÇÃO

2. ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
b) Agentes químicos

AGENTES GASOSOS
✓ Salas e laboratórios (vapores de formaldeído).
✓ Agentes mais importantes:
• Óxido de etileno: itens hospitalares e plásticos de laboratório (câmaras semelhantes
à autoclave).
• Óxido de propileno: alimentos.
• Vapores de formaldeído: câmaras, salas e ambientes onde assepsia é desejável.
✓ Tempo de esterilização depende:
• Agente e sua concentração.
• Umidade relativa do ambiente.
• T do processo.

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


a) Tipos de processos em escala industrial

Descontínuo (batelada)

Contínuo
✓ Processo descontínuo
• Vapor direto: esterilização in situ, meio é colocado no fermentador, ocorre o
borbulhamento de vapor aquecido (diluindo o meio).
• Vapor indireto: vapor passa pela serpentina/camisa.
✓ Agitação mecânica assegurando T homogênea.
✓ Ocorre em três fases:

2. Esterilização:
1. Aquecimento com vapor 3. Resfriamento
Manutenção da Te
(direto ou indireto): com água:
por um dado de
T0 até Te≈l20°C Até T de fermentação
tempo θ

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


a) Tipos de processos em escala industrial

✓ Processo descontínuo
• Destruição térmica ocorre Variação de T durante
nas três fases! a esterilização em
• Quando T > Tm (mínima batelada
letal, 80-100°C) há
destruição de MO!
T de fermentação

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


a) Tipos de processos em escala industrial
✓ Processo descontínuo
• Vantagem: esterilização simultânea MEIO+REATOR, ↓contaminação na
transf. do meio ao reator.
• Desvantagens:
a) Meio em ↑T por longos períodos (h), favorecendo RQ e alterações na
composição.
b) ↑consumo de vapor (aquecimento) e água (resfriamento) devido a
↓eficiência na troca de calor.
c) Corrosão pelo longo contato do fermentador com o meio aquecido.
d) ↑t “morto” pois o fermentador é usado apenas como tanque de
esterilização no processo de destruição dos contaminantes.

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


a) Tipos de processos em escala industrial
Diluição 10-15%
✓ Processo contínuo
Esterilizador contínuo
1. Meio é enviado pela bomba (B) ao trocador
de calor (TC1), atuando como fluido de
resfriamento do meio já esterilizado e
quente.
2. O meio pré-aquecido se mistura ao vapor
(no injetor I) onde T↑ rápido até Te.
3. O meio percorre o tudo de espera (TE)
isolado e dimensionado para tespera=θ.
4. O meio esterilizado e quente passa pela
válvula de redução de P (V) voltando ao TCl.

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


a) Tipos de processos em escala industrial
✓ Processo contínuo Esterilizador contínuo
5.O meio esterilizado segue ao TC2 e sua T é
reduzida (água é o fluido de resfriamento)
até o valor desejado.
6. O mosto esterilizado e já na Tf é enviado
ao fermentador.
Condições de operação:
Pvapor=6,8-8,5atm
dTE=10-30cm, velTE=6-12cm/s, Re>36000
Te=130-165°C
t enchimento do fermentador < 8h

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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


a) Tipos de processos em escala industrial
✓ Processo contínuo
• Destruição térmica no aquecimento/resfriamento pode ser desprezada!
Variação de T durante
a esterilização
contínua

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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


a) Tipos de processos em escala industrial
✓ Processo contínuo
• Vantagens:
a) Tem-se ↑T e ↓t de aquecimento e resfriamento com ↓θ (5-15min), ↓destruição de
nutrientes: ↑rendimento. Ex. produção de vitamina B12, ↑10×;
b) O tubo de espera é pequeno e pode ser construído com ligas especiais, evitando a
contaminação por metais e/ou ataque à parede do tubo pelo meio;
c) Para meios com ↑ρ ou ↑μ (ex. mostos de cereais) dispensa motores potentes para
acionamento;
d) Economia de vapor e água, quando do correto dimensionamento dos TC e do
isolamento térmico da tubulação;
• Desvantagens: viabilidade técnica depende das dimensões e do regime de
trabalho dos fermentadores da instalação industrial.

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


b) Cinética da destruição térmica dos microrganismos

✓ A velocidade de destruição depende do MO, do meio e da T:


• MO - gênero, espécie, linhagem, idade da cultura, esporos;
• Meio - composição, pH, sólidos em suspensão.
Experimento com N versus t
MO + MEIO + T>Tm

N = no de MO vivos
T3>T2>T1 Função decrescente do t!
t ln(N)
0 N0
... ...

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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


b) Cinética da destruição térmica dos microrganismos
✓ Comportamento de cinética de 1a ordem, onde:
N0 = no de MO vivos em t=0
N = no de MO vivos após t de aquecimento a T constante
k = constante de velocidade de destruição térmica do MO
Experimento com N versus t
MO + MEIO + T>Tm
Permite, a partir de dados
exp. de medidas de N para ≠
valores de t, calcular a
constante k do MO em
estudo, no meio considerado,
na T ensaiada.
k=fn(T)
Encontrar k para ≠T

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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


b) Cinética da destruição térmica dos microrganismos
✓ Ex. 1.: Destruição térmica de esporos de Bacillus stearothermophilus à T=105°C.
t (min) N ln(N) 12
𝑙𝑛𝑁 = 𝑙𝑛𝑁0 − 𝑘 ∙ 𝑡
25 85000 11.4 10
50 35000 10.5 8
100 6000 8.7

lnN
200 200 5.3 6
250 40 3.7 4
100000 y = -0,0341x + 12,1626
2
R² = 0,9998
80000 0
60000 0 100 200 300
t (min)
N

40000
𝑘105 = 0.0341𝑚𝑖𝑛−1 𝑙𝑛𝑁0 = 12.1626
20000
0
Linear
0 100 200 300
t (min)
𝑁0 = 191.000
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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


b) Cinética da destruição térmica dos microrganismos
✓ Ex. 1.: Destruição térmica de esporos de Bacillus stearothermophilus à T=105°C.

Importante!!
Taxa de decréscimo da população é
inicialmente baixa e depois ↑.
Quanto ↑T → ↓t de taxa mínima.
Para T>l20 °C, se considera
pequeno o desvio da curva em
relação à Eq. 4.2!
𝑘105 = 0.0341𝑚𝑖𝑛−1
𝑘120 = 3.0𝑚𝑖𝑛−1
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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


b) Cinética da destruição térmica dos microrganismos
✓ Tempo de redução decimal (t=Dr):
• Tempo para reduzir N a 1/10 do valor inicial, ou seja, destruir 90% dos MO:

𝑙𝑛𝑁 = 𝑙𝑛𝑁0 − 𝑘 ∙ 𝑡

ln(0,1 ∙ 𝑁0 ) = 𝑙𝑛𝑁0 − 𝑘 ∙ 𝐷𝑟
2,303
𝐷𝑟 =
𝑘

✓ Para o Ex. 1: 𝑘105 = 0.0341𝑚𝑖𝑛−1


Os fatores que
afetam k também
𝐷𝑟 = 67,5𝑚𝑖𝑛 afetam Dr!!

✓ Ou seja, 90% dos MO serão destruídos em 67,5 min.


✓ IMPORTANTE: Quanto ↑k → ↓Dr.
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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


b) Cinética da destruição térmica dos microrganismos
✓ Correlação de k com T para a cinética de morte microbiana:

✓ Onde: A = constante empírica


R = constante universal dos gases
T = temperatura absoluta
E = energia aparente de ativação de destruição do MO

Linearização: conhecendo os valores


de k para ≠T encontramos:
AeE
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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


b) Cinética da destruição térmica dos microrganismos
✓ Energia de ativação é a medida da suscetibilidade do MO ao calor.

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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


b) Cinética da destruição térmica dos microrganismos
✓ Temperaturas de esterilização variam muito!

B. stearothermophilus

E. coli

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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização

✓ Conforme vimos, a destruição térmica do MO segue uma cinética de 1a ordem, logo:

𝑑𝑁 𝑁0
= −𝑘 ∙ 𝑁 𝑙𝑛𝑁 = 𝑙𝑛𝑁0 − 𝑘 ∙ 𝑡 𝑙𝑛 =𝑘∙𝑡
𝑑𝑡 𝑁

✓ Permite, conhecendo k, calcular o t para reduzir o no de MO vivos de N0 até N!


✓ Equação complexa... Problemas:
1) Na prática, na dorna, existem ≠ gêneros e espécies de MO (esporulados ou não)...
Como k depende do MO, como aplicar a Eq. 4.17?
• Escolher um MO de referência mais resistente ao calor;
• Todos os MO do meio irão apresentar mesma resistência à destruição térmica →
comum, Bacillus stearothermophilus.
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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização

2) O valor de k também depende do meio e da T, logo:


• Conhecer os valores de k na esterilização do MO em ≠ T: testes preliminares.
• Boa aproximação: k≈1min-1 (121°C) e E=75kcal/mol.
3) Células dos MO nos meios podem estar na forma de aglomerados ou protegidas por
partículas em suspensão → ocorre ↑ da resistência dos MO à destruição térmica!
4) Problema para cálculo de θ decorre da própria definição de esterilização:
• Operação que destrói TODOS os MO vivos no meio → Nf = 0!

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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização

✓ Definição de probabilidade de falha de uma esterilização (P):


Ef = no de operações de esterilização que falharam (não conduzindo a
um meio esterilizado).
Et = no total de operações de esterilização feitas nas mesmas condições.
× 100 = %

✓ Ex. 2: Considerando um problema com P=0,03 (3%). A cada 100 partidas de meio
tratadas nas mesmas condições:
• 97 partidas esterilizadas 𝐸𝑓 3
P= = 0,03 =
𝐸𝑡 100
• 3 partidas não esterilizadas

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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização

N0 no inicial de MO vivos em cada partida


100 × N0 no inicial de MO vivos nas 100 partidas
N no final de MO vivos nas 100 partidas

• Condição para que falhe a esterilização de uma partida: após o


tratamento térmico existe 1 único MO vivo!!!
• O no final de MO vivos nas 100 partidas será no mínimo = 3. Logo:

1 𝑁0 1 100𝑁0 1 𝑁0
t= 𝑙𝑛 = 𝑙𝑛 = 𝑙𝑛
𝑘 𝑁 𝑘 3 𝑘 0,03
1 𝑁0
t = 𝑙𝑛
𝑘 𝑃
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3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização

✓ Ex. 3: Considere um dado volume de meio a esterilizar com 2,5.1010 MO


vivos (k=3,4min-1). Calcule os tempos de esterilização para as probabilidades
de falha de: 0,1 (ou 10%); 0,01 (ou 1 %); 0,001 (ou 0,1 %)

1 𝑁0 1 2,5∙1010
t = 𝑙𝑛 t= 𝑙𝑛 =7,7min
3,4𝑚𝑖𝑛−1 0,1
𝑘 𝑃 ↓P
1 2,5∙1010
t= 𝑙𝑛 =8,4min
3,4𝑚𝑖𝑛−1 0,01
↑t
1 2,5∙1010
t= 𝑙𝑛 =9,1min
3,4𝑚𝑖𝑛−1 0,001

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização

✓ Processo descontínuo:
Variação de T
durante a
CÁLCULO DE θ ENVOLVE esterilização
N1 no inicial de MO vivos no meio em batelada
P probabilidade de falha
Curvas de aquecimento e resfriamento
Tm temperatura mínima letal
Te temperatura de esterilização
Variação de k com T

N2
N3
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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização

✓ Processo descontínuo:
• No aquecimento e no resfriamento k varia devido à
variação da T. Logo:
𝑑𝑁
= −𝑘 ∙ 𝑁
𝑑𝑡
𝑁0
𝑙𝑛 =𝑘∙𝑡
𝑁
1. Escolher diversos valores de t;
2. Para cada t encontrarT;
3. Para cada T calcular k;
4. → k = f(t).

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização
✓ Ex. 4: Cálculo do tempo de esterilização de um mosto.

Dados: Curvas de Aquecimento e Resfriamento


− Vmosto = 100 m3 (105 L)
− CMO vivos = 7,2·109
células/L
− Te = l20 °C
− Tm = 80°C;
− P = 0,001 (ou 0,1 %)
k (min-1) varia com T' (oC) de
acordo com a Equação de Bigelow:
k=6,04·10-11·exp(0,200·T’)

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização
✓ Ex. 4: Cálculo do tempo de esterilização de um mosto.

Aquecimento Resfriamento
t (min) T' (oC) k (min-1) t (min) T' (oC) k (min-1)
24 80 0.0002 0 120 1.5999
30 87 0.0022 2 114 0.4819
40 97 0.0161 4 109 0.1773
50 105 0.0797 6 105 0.0797
60 112 0.3230 8 101 0.0358
70 116 0.7189 10 97 0.0161
80 120 1.5999 15 88 0.0027
20 80 0.0005

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ESTERILIZAÇÃO

3. ESTERILIZAÇÃO DE MEIOS POR CALOR ÚMIDO


c) Cálculo do tempo de esterilização

✓ Processo contínuo: lembrando... aquecimento e resfriamento são desprezados no


cálculo de θ!! Logo:

Variação de T
durante a
esterilização
contínua

Ex. 4.

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ESTERILIZAÇÃO

4. ESTERILIZAÇÃO DE AR
a) Filtração

• Mais adequado, presente em todas as instalações


industriais!
• ≠ Filtros:
Até 1970 → carvão, algodão, papel.
Após 1970 → lã de vidro, materiais sinterizados
(metais, vidros, cerâmicas), membranas poliméricas
(nylon, teflon).
• Filtros de membranas: retenção por tamanho
(absolutos), polímeros hidrofóbicos com vida útil
de 1-3 anos.

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ESTERILIZAÇÃO

4. ESTERILIZAÇÃO DE AR
a) Filtração

• Filtros de membranas:

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ESTERILIZAÇÃO

Leitura Obrigatória!

✓ SCHMIDELL, W. et al. Biotecnologia Industrial: engenharia bioquímica.


São Paulo: Blucher, 2001. 560 p. v.2.
▪ Capítulo 3;
▪ Capítulo 4.
✓ BASTOS, R.G. Tecnologia das Fermentações: fundamentos de
bioprocessos. São Carlos: EdUFSCar, 2010. 162 p.
▪ Unidade 6 – 6.1 Esterilização.

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ESTERILIZAÇÃO

Obrigada!

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