Você está na página 1de 122

Hospital Ernesto Donelles

Eritrograma no
Diagnóstico de Anemia

Prof. Renato Failace


renatofailace@bol.com.br
Médicos, solicitam
”HEMOGRAMA”
quase todos os dias.
É necessário que conheçam
a TECNOLOGIA laboratorial
atual para uma
INTERPRETAÇÃO
adequada.
Renato Failace e
Flavo Fernandes

2015 Meu livro,


HEMOGRAMA,
está na
sexta edição
brasileira e
manual de
segunda em
interpretação
espanhol.
(H)aima = Sanguis = Sangue
Sangre = Sang = Blood = Blut
Jeová falou a Moisés (c. 1300
a.C.): “a vida (ou a alma?) da
carne está no sangue”
Aristóteles (c. 345 a.C.):
“forças da alma dependem da
qualidade do sangue”
HEMATOLOGIA
CERTAMENTE É A
MAIS IMPORTANTE
DAS ESPECIALIDADES
MÉDICAS
E a CARDIOLOGIA?

Ora... O CORAÇÃO é apenas


uma bomba
para movimentar
O SANGUE !
E vive enferrujando,
e nós morrendo...
A nobreza do sangue é
poética: termina aí...
O sangue transmite vírus; a mani-
pulação é um trabalho de risco.
Contaminação por via parenteral:
HCV = 0,1 mL
HIV = 0,1 a 1 mL
HBV, CMV = ?
E por via oral ou aerossol ?
“H” de Hemograma:
SANGUE = aima
(aima = êma)
(H) αἷμα = sinal
de aspiração.
HEMOGRAMA
É a semiologia dos elementos
figurados do sangue. Como se trata
de um “tecido fluido”, citologia (quan-
titativa!) e histologia são a mesma.
A obtenção (biópsia = coleta) é tão
fácil, e o hemograma automatizado
tão rápido, que podem ser feitos
contemporaneamente à consulta.
HEMOGRAMA: coleta
Coleta independe de jejum. Lipemia?
Ao fim do dia (pos. vertical): E-Hgb-Hct
 2-3% (cardíacos, obesos: até 8%).
Contagem basal de leucócitos é
indesejável ( neutropenia). Melhor no
fim da manhã ou entre 15 e 19 horas.
Exercício causa neutrofilia: até duplica
o número! Cuidado!
HEMOGRAMA ATUAL

Todas as determinações
numéricas são fornecidas por
CONTADORES ELETRÔNICOS
e microscopia só é feita em
hemogramas selecionados.
HEMOGRAMA ATUAL
• O HEMOGRAMA sempre vem com
contagens completas: não há
“Hematócrito e hemoglobina”, nem
“Contagem de plaquetas” isolada.
• Várias máquinas podem eliminar a
fórmula leucocitária, por economia,
se for pedido só “ERITROGRAMA”.
• A “Contagem de reticulócitos” é cara;
só é feita em máquinas top of line.
Hemograma: microscopia
e interfaciamento direto
A seleção dos Hemogramas para
indicação de MICROSCOPIA
baseia-se em critérios arbitrários,
inseridos no sistema.
O interfaciamento direto,
máquina  resultado impresso,
deve ser automático
(sem erro humano).
Critérios para indicação
de microscopia
Cifras hematimétricas fora de li-
mites arbitrados: há um Consenso
Internacional*, não respeitado.
Procedência: hemato/onco, UTI.
Pedido médico: ex. “virócitos?”.
Delta check (comparação com
resultados anteriores, se houver).
Presença de flags da máquina.
 *Lab Hematol. 2005; 11 (2):83-90
ERITROGRAMA

1) Evolução da
tecnologia até a
atual
Eritrócitos: história
Antonie van Leewenhoek (c. 1675):
“sangue colhido de minha mão é
composto de pequenos glóbulos
redondos, suspensos em uma
umidade cristalina”
William Hewson (c. 1768): “nature
would not have produced in such
abondance the corpuscules des-
cribed by Leewenhoek if they were
of no purpose”
Hemocitômetro (câmara de Neubauer)
para contagens ao microscópio

Contagens muito
trabalhosas e com erro de 5 a 10 %
Hematócrito em Centrífuga para
tubos de micro-hematócrito
Wintrobe
HEMATÓCRITO* (Hct)
Centrifugação do
sangue em tubos
graduados (depois
tubos capilares, 4
min. a 11.000 rpm =
micro-hematócrito),
com leitura do nível
percentual da coluna
de eritrócitos.
Erro:  1 p.p.
*Maxwel Wintrobe (anos 1930)
MICRO-HEMATÓCRITO

Plasma = 54%

Leucócitos e plaquetas
(buffy coat)  1%

Hct Eritrócitos = 45%


Hematócrito permitiu cálculo do
VCM (Volume Corpuscular Médio)
Em 1 µL de sangue com Hct = 45% há
0,45 µL de eritrócitos. Se a contagem (E)
for 5,0 milhões/µL, o volume médio dos
eritrócitos (VCM) será:
VCM = Hct  E
VCM = 0,45 µL  5.000.000 =
= 0,000.000.090 µL = 90 fL (1 fL = 10-15 L)
Mas,VCM inexato pela falta de
reprodutibilidade da cont. de eritrócitos (E)
Princípio Coulter: conta os pulsos de impe-
dância quando partículas passam pelo orifício
Aspira a diluição de
Galvanômetro sangue que sobe pela
haste oca
Instrumento Coulter primitivo
com diluidor externo: contagem de
eritrócitos com erro de 2-3%

Contador Hemoglo- Diluidor


binômetro
(Laboratório Faillace, c. 1963)
Coulter T890

(Laboratório Faillace, c. 1980)


Eritrograma (contadores atuais)
• Diluição interna exata, com controle
computadorizado
 Cont. de E: reprodutibilidade  1%
• Medida dos pulsos de impedância um
a um  volumes corpusculares
individuais. Média = VCM
 VCM: reprodutibilidade  1-2%
• Dosagem espectrofotométrica da Hgb
 Hgb: reprodutibilidade  1%
VCM e Hct ATUAIS
Antes o Hct era centrifugado
e o VCM calculado:
VCM = Hct  E
Atualmente o volume corpus-
cular é medido diretamente
(um a um) e o VCM é a média.
O hematócrito (inútil) deixou
de ser feito, mas, é calculado
Hct = (S VC) = VCM × E
e fornecido por tradição.
Hematócrito = Túmulo

AQUI JAZ
HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA
HCM = Hgb  E
15 g/dL ÷ 5,0 milhões/µL  30 pg
(1 pg = 10-12 g)
CONCENTRAÇÃO HEMOGLOBÍNICA
CORPUSCULAR MÉDIA
CHCM = HCM ÷ VCM
30 pg ÷ 90 fL = 33 pg/fL ou 33%
ou CHCM = Hgb ÷ Hct
15 g/dL÷ 0,45 = 33 g/dL ou 33%
Sysmex
XE 2100*
do
Laboratório
do HED

*Fotógrafo:
Dr. Cyro Leães
Conjunto Sysmex do Laboratório
Weinmann/Fleury
Hemograma na tela do Cell Dyn (Abbott)
(Laboratório Faillace, 2001)

Histogramas do Volume Corpuscular de


F
R Eritrócitos Plaquetas
E
Q
U
Ê
N
C
I
A
50 100 fL
ERITROGRAMA NORMAL

Eritrócitos 5,0 milhões/µL


Hemoglobina 15,0 g/dL
Hematócrito 45,0 %
VCM 90,0 fL
HCM 30,0 pg
CHCM 33,3 %
RDW 13,0
ERITROGRAMA
(normal)

Eritrócitos 5,0 milhões/µL


Hemoglobina 15,0 g/dL
Hematócrito 45,0 %
VCM 90,0 fL
HCM 30,0 pg
CHCM 33,3 %
RDW 13,0 Histograma
RDW

Fig. 2.3 p.
Abertura69, já
da curva (RDW)
= coeficiente de variação
digitalizada
do volume corpuscular

Normocitose
 RDW >15%
Anisocitose

f
fL 50 100 fL

HISTOGRAMAS do Volume Corpuscular


RDW = Red cell Distribution Width
ERITROGRAMA
Anemia sideroblástica (mielodisplasia)

Eritrócitos 3,77 milhões/µL


Hemoglobina 10,8 g/dL
Hematócrito 34,6 %
VCM 91,8 fL
HCM 28,6 pg
CHCM 31,2 %
RDW 33,0 % Histograma

Anisocitose acentuada em uma população


Fig. 2.13 p. 96, já
digitalizada
Foto de anemia sidero
(aniso)
ERITROGRAMA
Anemia ferropênica em tratamento

Eritrócitos 4,28 milhões/µL


Hemoglobina 10,6 g/dL
Hematócrito 34,0 %
VCM 79,4 fL
HCM 24,7 pg
CHCM 31,1 %
RDW 36,5 % Histograma

Dupla população: normo e microcítica


RDW aumentado (>16)
• O técnico do laboratório deve
EXAMINAR O HISTOGRAMA.
• Distinguir se há:
• ANISOCITOSE em UMA população
ou DUPLA população.
• Como o médico requisitante não
recebe o histograma, as alterações
devem ser anotadas no resultado.
ERITROGRAMA

2) Terminologia,
conceitos, valorização,
ANEMIA
Terminologia interpre-
tativa no Eritrograma
ERITROCITOSE: aumento
ERITROCITOPENIA: diminuição
 da contagem de eritrócitos.
POLIGLOBULIA: aumento de eritró-
citos, hemoglobina e hematócrito.
POLICITEMIA: sinônimo de poliglo-
bulia, mas, melhor reservar para a
doença policitemia vera.
A massa eritroide-hemoglobínica
circulante (com 25-30 trilhões de
eritrócitos) e o tecido eritro-
blástico da medula óssea que lhe
dá origem, podem ser considerados
como um órgão difuso (“eritrônio”).
Patologia é quantitativa:
Aumento = poliglobulia
Diminuição = anemia
O ERITROGRAMA é a
semiologia do “eritrônio”:
avalia diretamente o sangue
periférico e, indiretamente, a
eritropoese.
MAS, a análise de uma
pequena amostra de sangue,
in vitro, seria representativa
da massa eritroide in vivo?
ERITROGRAMA não representa-
tivo da massa eritroide in vivo
1) Hipovolemia global “harmônica”
(perda sanguínea muito recente)
= anemia ainda não explícita
2) Hipervolemia plasmática
(hemodiluição) = pseudoanemia
3) Hipovolemia plasmática (hemo-
concentração) = pseudopoliglobulia
Como notar pseudoanemia
e pseudopoliglobulia?
O eritrograma não diferencia
anemia de pseudoanemia
nem poliglobulia de pseudo-
poliglobulia.
Contrapartidas volêmicas, in
vivo, não são vistas no exame
de uma amostra:
são deduções clínicas!
ANEMIA: conceitos históricos
Hipócrates (Kos, c. 420 a.C.): “palidez
e fraqueza devem-se à corrupção do
sangue”.
Report of a WHO Scientific Group
(1968): “ANEMIA é a diminuição da
hemoglobina sanguínea.”
 Homens (adultos) <13 g/dL
 Mulheres (adultas) <12 g/dL
 Gestantes <11 g/dL
ANEMIA é uma síndrome,
porque, embora tenha um
conjunto de sinais, sinto-
mas, alterações clínicas e
laboratoriais caracterís-
ticas, pode decorrer de
inúmeras causas e meca-
nismos; isto é, etiologia e
patogênese são variadas.
ANEMIA

É DEFINIDA E
QUANTIFICADA PELA
DOSAGEM DE
HEMOGLOBINA
# 1 anemia com eritrocitose
# 2 eritrocitopenia sem anemia
(♀) # 1 #2
ERITRÓCITOS 5,53 3,01 ×103/mL
HEMOGLOBINA 10,5 12,2 g/dL
HEMATÓCRITO 32,3 35,9 %
 VCM 61,1 119,3 fL
 HCM 19,0 40,5 pg
 CHCM 31,0 34,0 %
 RDW 14,4 14,8
Valores de referência
para HEMOGLOBINA
Agora prefere-se média ±1,65 DP,
excluindo do INTERVALO DE
REFERÊNCIA 5% em cada
extremo da população, o que
amplia o limite para definição de
ANEMIA e POLIGLOBULIA.
Valores de referência (g/dL)
para HEMOGLOBINA em adultos
de 20 a 60 anos (média ± 1,65 DP)
(brancos)
Hemoglobina (♂): 15,3 (13,7 a 16,3)
Hemoglobina (♀): 13,6 (12,1 a 15,0)
(negros norteamericanos:  0,7 g/dL)
Hemoglobina (♂): 14,6 (12,9 a 16,3)
Hemoglobina (♀): 12,9 (11,5 a 14,3)
(excluindo a-talass. e def. ferro: – 0,34)
Valores de referência para
HEMOGLOBINA
(origem dos dados)

E. Beutler, J.Waalen, E. West:


 Blood, 2005; 106: 740-745
 Blood, 2006; 107: 1747-1750

Data-bases:
 Scripp-Kaiser(1998-2002)
 US National Health and Nutrition
Examination Survey (NHANES III)
Eritrograma (♀, 61 anos)
ERITRÓCITOS 3,59 M/mL
HEMOGLOBINA 11,2 g/dL
HEMATÓCRITO 34,1 %
VCM 95,0 fL
HCM 31,2 pg
CHCM 32,8 %
RDW 13,5
Há mesmo anemia?
Hemoglobina subnormal
(= “minianemia” ?)
Pedir à paciente que traga
hemogramas anteriores: deve
procurar em casa, pedir cópias
aos laboratórios, ou hospitais,
até de anos atrás!
Em Porto Alegre alguns Labs.
fornecem “laudos evolutivos”.
Laudo evolutivo (Lab. Weinmann) de
paciente que consultou em 19/11/2013
Data 12/11/ 09/02/ 06/11/ 16/06/ 05/09/ 03/11/
2013 2013 2012 2012 2011 2010
Eritrócitos 3,59 3,49 3,52 3,72 3,61 3,47 ×106/µL

Hemoglobina 11,2 11,5 11,4 11,9 11,6 11,3 g/dL


Hematócrito 34,1 33,1 34,1 34,8 34,3 33,6 %

VCM 95,0 94,8 96,9 93,5 95,0 96,8 fL

HCM 31,2 33,0 32,4 32,0 32,1 32,6 pg


CHCM 32,8 34,7 33,4 34,2 33,8 33,6 %
RDW 13,5 13,4 13,6 13,4 12,8 13,1 %

Hemoglobina média = 11,48 g/dL.


Normal da paciente = Hgb entre 11 e 12 g/dL
ANEMIA: definição
individualizada*
ANEMIA é a diminuição da
Hgb em relação ao nível
usual do(a) paciente, docu-
mentado por resultados de
hemogramas anteriores.
 *Renato Failace: “HEMOGRAMA, Manual de
Interpretação”, Artmed Editora, 6ª Ed. (2015).
ERITROGRAMA

3) Como o eritrograma
orienta a classificação de
ANEMIA
ANEMIA: classificações
Pela presença ou ausência de
SINAIS DE REGENERAÇÃO:
 Hiper-regenerativas
 Hiporregenerativas
Pelo VCM (Volume Corpuscular Médio)
 Microcíticas:VCM < 80 fL
 Normocíticas: VCM >80 <100 fL
 Macrocíticas: VCM > 100 fL.
Anemias
hiper-regenerativas
São anemias de causa
periférica, com medula óssea
funcionante  sinais de
hiper-regeneração.
São normocíticas ou um
pouco macrocíticas: não se
caracterizam pelo VCM.
Anemias
hiporregenerativas
Causa central: deficiência na
síntese de hemoglobina e/ou
na proliferação eritroblástica.
Sem sinais de regeneração.
O VCM é fundamental para
sugerir a patogênese.
ERITROGRAMA
4) No diagnóstico das
ANEMIAS HIPER-
REGENERATIVAS:
• Pós-hemorrágica
• Hemolíticas (diminuição
da sobrevida eritroide; são
infrequentes)
Hiper-regeneração
no eritrograma
Aumento óbvio de eritrócitos
recém-saídos da medula, carac-
terizados por ainda terem RNA
remanescente no citoplasma, o
que lhes confere uma cor
cinza-azulada
 POLICROMATOCITOSE.
Policromatocitose realçada no matiz
(hue) do computador
POLICROMATOCITOSE
Havendo anemia, o laboratorista tem
que observar e anotar (1+ a 4+) se há
POLICROMATOCITOSE .
Mas isso depende de microscopia, que
geralmente não é feita (há critérios
para a indicação). E é difícil de notar.
Donde a necessidade de contagem
de RETICULÓCITOS.
RETICULÓCITOS
O RNA dos eritrócitos recém-
saídos da medula (policromáticos),
com certos corantes supravitais,
conglomera-se em retículo
 RETICULÓCITOS
facilmente notado à microscopia.
Os reticulócitos maturam (perdem
o RNA) principalmente no baço.
Reticulócitos
Aquarelas
(cortesia
Abbott)

À microscopia
eletrônica
(cortesia Marcel
Bessis)
Reticulócitos: fáceis de ver ao ao
microscópio; contá-los é inviável
Contagem de reticulócitos
ao microscópio
A contagem ao microscópio é
trabalhosa, desgastante e
irreprodutível: nunca solicitá-la
ou aceitá-la!
ESCOLHER LABORATÓRIO COM
CONTAGEM AUTOMATIZADA.
Em casos de anemia a
esclarecer
O médico deve pedir
HEMOGRAMA e
RETICULÓCITOS
para notar hiper-regeneração.
Mas, escolher laboratório que
disponha de tecnologia para
contagem automatizada.
Reticulócitos no
Sysmex
Coloração com Auramina O e
contagem por fluorescência.
Máquina fornece
Reticulócitos % e ×10 /mL
3

Coeficiente de variação = 12,5%


(para reticulócitos  2%)
Reticulócitos: valores de
referência (Cell-Dyn, Abbott)
RETICULÓCITOS % × 103/µL
Média 1,43 64,8
Limites (± 2DP) 0,53-2,33 25,5-104,1
Para uma sobrevida eritroide ≈ 120 dias:
catabolismo do RNA até zero (duração
do retículo) = 41,2 horas.
• RETICULOCITOSE: > 100 × 103/µL
Eritrograma = jovem sadio,
indisposto há 1-2 semanas
ERITRÓCITOS 3,52 M/mL
HEMOGLOBINA 10,1 g/dL
HEMATÓCRITO 30,1 %
 VCM 85,5 fL
 HCM 28,8 pg
 CHCM 33,5 %

PLAQUETAS 464.000 /mL


LEUCOGRAMA leve neutrofilia.
Eritrograma = jovem sadio,
indisposto há 1-2 semanas
ERITRÓCITOS 3,52 M/mL
HEMOGLOBINA 10,1 g/dL
HEMATÓCRITO 30,1 %
VCM 85,5 fL
HCM 28,8 pg
CHCM 33,5 %
Policromatocitose ++
RETICULÓCITOS 5,8% 204.160/mL
ERITROGRAMA após
hemorragia aguda
No ato há apenas HIPOVOLEMIA, com
eritrograma inexpressivo.
Após 3-4h o eritrograma mostra anemi-
zação progressiva por restauração da
volemia plasmática; total em 48 horas.
Reticulocitose (policromatocitose):
inicia-se entre o 3º e o 4º dias;
é máxima entre o 6º e o 9º dias.
Laudo evolutivo (Lab. Weinmann) de paciente
prostatectomizado na manhã de 10/09/2013
(hemograma nesse dia, às 17 h)

Data 13/10/2013 17/09/2013 12/09/2013 10/09/2013 13/08/2013
cirurgia pré-operatório
Eritrócitos 4,92 3,77 3,48 4,83 5,22 M/µL

Hemoglobina 14,5 10,9 10,0 14,1 15,2 g/dL

Hematócrito 43,3 32,6 30,1 41,7 45,1 %

Reticulócitos - 199.810 - - - /µL

Leucócitos 6.600 7.400 11.100 12.300 6.300 /µL

Neutrófilos 4.112 5.268 8.769 11.070 3.780 /µL

Plaquetas 221.000 318.000 406.000 261.000 212.000 /µL


RETICULÓCITOS ×103/µL
600

500

400

300

200

100

0
ANEMIA ANEMIA ANEMIAS INSUF. RENAL ANEMIA PÓS-
FERROPÊNICA PERNICIOSA HEMOLÍTICAS CRÔNICA HEMORRÁGICA
NO 8º DIA
ERITROGRAMA
5) Diagnóstico pelo
eritrograma das ANEMIAS
HIPORREGENERATIVAS.
 VCM sugere a patogênese
ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS
sugerem a patogênese
Microcitose (VCM < 80 fL)
= defeito na síntese de
hemoglobina (ferropênica!)
Normocitose (VCM = 80-100 fL)
= falta de eritropoetina +
outros mecanismos (ADC!)
Macrocitose (VCM > 100 fL)
= defeito proliferativo
A falta de ferro causa
deficiente síntese de
hemoglobina
O descompasso entre uma
síntese de hemoglobina
diminuída e a proliferação
eritroide causa
ANEMIA MICROCÍTICA
e HIPOCRÔMICA 79
Eritrograma: anemia
ferropênica severa
ERITRÓCITOS 3,67 M/mL
HEMOGLOBINA 7,2 g/dL
HEMATÓCRITO 25,0 %
 VCM 68,1 fL (microcitose)
 HCM 19,6 pg
 CHCM 28,8 %
 RDW 17,2 (anisocitose)
Laudo evolutivo (Lab. Weinmann)
de paciente com hipermenorreia
persistente
Data 24/04/2014 19/12/2013 13/06/2013 09/01/2013 04/10/2012

Eritrócitos 4,11 4,40 4,75 4,69 3,91 M/µL

Hemoglobina 10,5 12,1 14,2 13,0 9,5 g/dL

Hematócrito 33,0 37,2 42,3 40,1 30,5 %

VCM 80,3 84,5 89,0 85,5 78,0 fL

HCM 25,.5 27,5 29,9 27,7 24,3 pg

CHCM 31,8 32,5 33,6 32,4 31,1 %

RDW 15,4 14,7 13,1 14,9 16,3 %


Ferritina <5 - 29 - 6 ng/mL
Ferritina
Forma acessível e solúvel de
armazenamento de ferro no
fígado, baço e medula óssea
Envólucro de apoferritina com
> 2.000 moléculas de Fe +++

Ferritina sérica:
Homens: 60 a 400 ng/mL
Mulheres: 30 a 200 ng/mL
< 20 ng/mL = carência de ferro
ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA
Anemia (normo, depois microcítica) secundária
a qualquer doença crônica não hematológica:
endócrina, metabólica,neoplásica, degenerativa,
inflamatória (infecciosa, autoimune)
ADC: patogênese
Diminuição da resposta
eritropoetínica à anemia.
Aumento da expressão de
hepcidina hepática causando
retenção de ferro nos
enterócitos e macrófagos.
Encurtamento moderado da
sobrevida eritroide.
  Hipoferremia
Eritrograma (ADC)
ERITRÓCITOS 3,52 M/mL
HEMOGLOBINA 10,1 g/dL
HEMATÓCRITO 30,1 %
 VCM 85,5 fL
 HCM 28,8 pg
 CHCM 33,5 %
 RDW 13,5
RETICULÓCITOS 1,6% (56.320 /mL)
VSG 87 mm/1ª hora
Se a anemia for crônica:
lembrar a prevalência
Anemia ferropênica: # 1 no
consultório (mulheres!)
Anemia de doença crônica:
(ADC) # 2 no consultório,
# 1 em hospital.
Juntas, > 90% de todas as
anemias crônicas.
Falta de síntese de DNA
causa retardo mitótico, eritropoese
ineficaz e MACROCITOSE.
Causas usuais:
 Anemia megaloblástica (carência
de vitamina B12 ou folato).
 Drogas antiblásticas e antivirais.
 Alcoolismo e hepatopatia:
macrocitose leve, com ou sem
anemia.
Eritrograma de anemia
perniciosa avançada
ERITRÓCITOS 1,94 M/mL
HEMOGLOBINA 8,76 g/dL
HEMATÓCRITO 24,5 %
 VCM 126,1 fL
 HCM 45,2 pg
 CHCM 35,8 %
 RDW 20,5
Laudo evolutivo (escaneado do Lab.
Weinmann) de caso de anemia perniciosa
 

Consultou-me () em 20/01/2014 e voltou com resultados em 22/01/2014


 Citoneurin 5.000 I.M.
Falta de células da hematopoese:
infiltração da medula ou aplasia.

 PANCITOPENIA: anemia +
neutropenia + trombocitopenia.
Neoplasias hematológicas: leucemia
(blastos), linfoma
Reação leuco-eritroblástica: medula
infiltrada por neoplasia ou fibrose
Só pancitopenia: aplasia, necrose
SEMPRE: atentar para QT ou RT!
Hemograma: pancitope-
nia (leucemia aguda?)
ERITRÓCITOS 2,08 ×103/mL
HEMOGLOBINA 7,5 g/dL
HEMATÓCRITO 22,1 %
LEUCÓCITOS 2.400 /mL
 neutrófilos (21%) 508 /mL
 blastos (11%) 264 /mL
PLAQUETAS 16.000 /mL
Hospmed
MEDLAB
The End
The End
The End
-talassemia minor
♂ ♀
ERITRÓCITOS 6,06 5,48 M/mL
HEMOGLOBINA 12,4 10,9 g/dL
HEMATÓCRITO 38,6 35,2 %
I. de Mentzer 10,5 11,7
 VCM 64,0 fL
 HCM 20,2 pg
 CHCM 32,0 %
 RDW 14,4
 Reticulócitos 138.500 /µL
Hemoglobina  Sintomatologia

Hgb > 9 g/dL = irritabilidade, palidez ,


fatigabilidade, dor anginoide (?).
Hgb 6 a 9 g/dL = palidez ++, sopro, dispnéia
e taquicardia de esforço ++.
Hgb < 6 g/dL = palidez +++, sintomatologia
constante, desempenho .
Hgb < 3,5 g/dL = insuficiência cardíaca e
cerebral iminentes, atividade .
Histograma e RDW avaliam a
população de eritrócitos

HISTOGRAMA: volumes são


plotados contra frequência e geram
uma curva, que normalmente é
simétrica (gaussiana) e fechada.
RDW: coeficiente de variação dos
volumes individuais em torno da
média = medida da ANISOCITOSE.
Hemoglobina × Hematócrito
ANEMIA é conceituada e quantificada
pela HEMOGLOBINA.
Hematócrito foi inventado (Wintrobe,
1935) para substituir a trabalhosa e
inexata contagem de eritrócitos (E).
Gerou o cálculo do VCM = Hct  E
Hematócrito agora é calculado pela
máquina (Hct = VCM x E) e
fornecido por tradição.
Dados biológicos costumam
ser gaussianos ?
São só aproximadamente gaussianos
A contagem de eritrócitos e a hemo-
globina tem distribuição com cauda
maior à esquerda (mais para anemia do
que para poliglobulia)
A única com distribuição gaussiana no
soro é a dosagem de albumina
Mas nossa população eritroide tem
volume corpuscular com distribuição
quase gaussiana.
Estatística: distribuição
gaussiana ou normal
Distribuição é gaussiana (ou normal)
quando há simetria dos dados em
torno da média
Ramos direito e esquerdo do
histograma de frequência são imagens
de espelho
Perpendicular do pico representa na
abcissa a média, a moda e a mediana.
Semiologia (semios = sinal)

Sintomas: alterações subjetivas,


notadas pelo paciente, apresentadas
como queixas.
Sinais: alterações objetivas notadas
pelo médico e/ou o paciente.
 Também se usa dizer sintomas
objetivos e subjetivos.
Síndrome: conjunto de sintomas/sinais
que ocorrem por causas variadas.
Etiologia  Patogênese
Causa (ou Mecanismo pelo
agente causal) qual o agente
da doença etiológico
Genética ou causa a doença
adquirida e seus sinais e
sintomas
Idiopática = sem
causa conhecida
Patogênese  Etiologia
Falta de síntese Perda sanguínea
hemoglobínica, continuada, por
por falta de ferro hipermenorreia,
úlcera, gastrite
Destruição peri- Defeito genético
férica exagerada (esferocitose,
dos eritrócitos drepanocitose),
(hemólise) anemia auto-
imune
Patologia (do grego: pathos =
sofrimento, + logos = discurso):
Ciência que trata das doenças.
Doença, estado mórbido (do latim:
morbus), enfermidade: entidade da
Patologia, com (?) etiologia (aitia =
causa), semiologia e anátomo-
patologia consistentes.
Afecção: doença relacionada a um
órgão, ex. afecção renal = nefropatia
(Sub)unidades de volume e
massa no sistema métrico:
(mili, micro, nano, pico, fento)
De volume: 1 litro (L)  1.000 g de água
De massa: 1 grama (g)  0,001 L de água
1 mL = l0-3 L = 0,001 L (= 1 cm3)  1 g
1 mL = 10-6 L = 0,000 001 L (= 1 mm3)  1 mg
1 ng = 10-9 g = 0,000 000 001 g
1 pg = 10-12 g = 0,000 000 000 001 g
HCM é medida em pg
1 fL = 10-15 L = 0,000 000 000 000 001 L.
VCM e VPM são medidos em fL
Eritrócitos, hemoglobina,
leucócitos, plaquetas
Expressão: Brasil R.U. e EUA
Eritrócitos 5,0 ×106/µL 5.0 ×1012/L
1012

ou 5,0 (M) milhões/µL


Hemoglobina 15 g/dL 150 g/L
Leucócitos 6,5 ×103/µL 6.5 ×109/L
ou 6.500/µL
Plaquetas 230 ×103/µL 230 ×109/L
ou 230.000/µL
Estatística: desvio padrão
e coeficiente de variação
• Desvio Padrão (DP, SD ) é uma medida da
dispersão em torno da média (m), na mesma
unidade dos dados; a fórmula faz com que
 Média (m) ± 1 DP inclua 68,26% dos dados
 m ± 2 DP  95,46% dos dados (±1,96 DP = 95%)
 m ± 3 DP  99,73% dos dados
• Coeficiente de Variação (CV) é o DP
expresso em percentagem da média:
CV = DP ÷ m  100
Desvio padrão da
amostra
Renato Failace e
Flavo Fernandes

2015

manual de
interpretação
Qualidades dos resultados
(Estatística)
Reprodutibilidade Exatidão = acurácia
(precision): (accuracy):
Medida da variação Medida das diferenças
entre os resulta- dos resultados
dos de uma série obtidos por uma
de determinações, técnica, em um
feitas na mesma aparelho, em relação
amostra e no aos valores reais.
mesmo aparelho. Exige padrão.
= r2 × p × altura (espessura)

3,82 mm × 3,14 × 2 mm
 90 fL
(fL= 10-15 do L)
2 mm

7,6
mm
Hemodiluição espúria
(atenção laboratoristas!)
Coleta acima de infusão I.V.
Coleta de cateteres
EDTA líquido dilui. Uma gota
(50 µL) em 2 mL de sangue:
Hgb 15  14,6 g/dL
Heparina líquida na seringa
(gasometria arterial).
Eritropoese
Eritroblastos multiplicam-se na
medula óssea. Expulsam o núcleo e
passam ao sangue ainda imaturos,e
incompletamente hemoglobinizados.
Têm um resto de RNA citoplasmático,
são grandes e algo descorados.
Na periferia, maturam e sintetizam o
resto da hemoglobina (20-30%) em
 2 dias, principalmente no baço.
Hiper-regeneração
no eritrograma
Aumento óbvio de eritrócitos
recém-saídos da medula:
O RNA remanescente, com os
corantes usuais, cora o
citoplasma dos eritrócitos
jovens em cinza-azulado
 POLICROMATOCITOSE.
Reticulocitose +++

Fáceis de ver ao microscópio,


mas contá-los é inviável.
Reticulócitos:
aquarela ilustrativa
Falta de células da
hematopoese
A insuficiência hematopoética
caracteriza-se no hemograma
por PANCITOPENIA = anemia +
neutropenia + trombocitopenia.
Háuma rara APLASIA ERITRO-
BLÁSTICA PURA (só da série
vermelha).
Anemias hiporrege-
nerativas: patogênese
Falta de síntese de hemoglobina.
Falta de eritropoetina (pura ou
associada a outros mecanismos).
Síntese inapropriada de DNA com
inibição proliferativa.
Falta de células hematopoéticas
(= patologia da medula óssea).
Eritrograma (ADC)
ERITRÓCITOS 3,52 M/mL
HEMOGLOBINA 10,1 g/dL
HEMATÓCRITO 30,1 %
 VCM 85,5 fL
 HCM 28,8 pg
 CHCM 33,5 %
 RDW 13,5
Exagero na formação de rouleaux
VSG 87 mm/1ª hora

Você também pode gostar