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Um esboço da questão
CURITIBA
2007
TATIANA AMÉLIA VALENTE
CURITIBA
2007
ii
"Não nego a necessidade objetiva do
estímulo material, mas sou contrário
a utilizá-lo como alavanca impulsora
fundamental. Porque então ela
termina por impor sua própria força
às relações entre os homens."
Che Guevara
iii
Para minha mãe,
que apesar de não entender o
sentido da existência deste
trabalho, ou nada saber
dos assuntos aqui tratados,
é a única pessoa que talvez,
seja capaz de compreender
o significado que ele tem
para mim.
iv
AGRADECIMENTOS
v
SUMÁRIO
RESUMO..........................................................................................................vii
SIGLAS............................................................................................................viii
INTRODUÇÃO..................................................................................................01
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................29
REFERÊNCIAS................................................................................................32
vi
RESUMO
vii
SIGLAS
Trabalhadores
Gestão
Familiar e Solidária
EA – Entidade de Apoio
ES – Economia Solidária
Solidária
viii
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INTRODUÇÃO
No Brasil atual onde o desemprego e a exclusão social estão cada vez mais
latentes, observam-se movimentos de organizações para a busca de alternativas
em geração de renda. São famílias, comunidades e pequenos grupos de
indivíduos que se organizam para buscar alternativas de renda e o mínimo de
dignidade. A organização de comunidades e grupos em cooperativas, redes,
associações e clubes de troca, tem tornado-se cada vez mais comum como
alternativa ao desemprego. As experiências desta natureza vêm gerando
resultados inesperados e satisfatórios, nas quais em sua grande maioria, a
organização dos grupos auxilia em muito para a organização do trabalho. A essa
experiência no Brasil dá-se o nome de economia solidária, desde o inicio dos anos
de 1990, com o conceito de uma “outra economia” que traz subsídios para a
geração de trabalho e renda. Diante desse novo quadro econômico e de suas
alternativas, surgem ações governamentais que agem conjuntamente com a
organização dos cidadãos e que tem por objetivo organizá-los ainda melhor na
geração de trabalho e renda. Nesse contexto, o programa Economia Solidária do
Governo Federal, que se destina a organização do trabalho, vem auxiliando nas
demandas existentes e criando novas demandas.
Das muitas formas de enfrentamento ao desemprego e aos baixos salários
do mercado de trabalho excludente e seletivo do Brasil, a economia solidária tem
surgido como uma alternativa a vários dos problemas para a forma econômica
capitalista vigente. A crise que atinge o atual sistema assalariado e gera
desemprego em massa e exclusão social, tem sido respondida com a busca de
alternativas de trabalho e renda. Nesta perspectiva, vários trabalhos tanto de
autores consagrados como de mestres, doutores e graduandos, têm estudado e
mostrado as propriedades e benefícios que a economia solidária vem ocasionar
às várias regiões do país.
Após a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES,
em 2003, pelo decreto do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as ações foram
melhor organizadas e suas ações passaram a ser contínuas, buscando
desenvolver esse novo tipo de economia como alternativa à exclusão. Em 2005
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Neste período é que se dá a formação das cooperativas que assumem a indústria Walling de
fogões, em Porto Alegre, a Cooperminas, falida em criciúma Santa Catarina e as cooperativas que
operam as fábricas em Recife e São José dos Campos da antiga tecelagem Parahyba de
cobertores. Todas elas permanecem em operação até hoje.
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2
Vamos adotar neste trabalho a expressão EES – Empreendimento Econômico Solidário, pois,
diante das várias possibilidades, esta é a que melhor convém para explicar o sentido em que
queremos atribuir neste trabalho.
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Por agrupamentos solidários, queremos dizer todas as formas de organizações solidárias, sem
exclusão ou benefícios de umas por outras. Isto por que apesar da referência mais próxima de
Economia Solidária ser o cooperativismo, não se excluem as associações, clubes de troca ou
comunidades tradicionais. Assim, agrupamentos solidários, neste contexto per se, define estes
outros grupos.
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ainda em construção, não é possível definir ainda critérios mais minuciosos para
este conceito. Isso já vem sendo feito aos poucos e em alguns estudos apontados,
respeitando as diferentes formas de organização, ou seja, para cada forma de
organização, estabelecem-se critérios diferentes. Isto é observável na obra de
LUIZ INÁCIO GAIGER:
solidariedade, e como tais, não capitalistas. É fato que também existem iniciativas
que se limitam a paliativos, soluções de resistência diante das forças negativas de
não integração, exercidas pelo movimento do capital.
A partir das diversas formas organizacionais e do movimento que se cria
dentro desta nova lógica de trabalho, tendo ainda em vista sua difusão e
crescimento no Brasil, a economia solidária tem obtido visibilidade dos governos
como uma alternativa para geração de trabalho e renda. Ela começa a
desenvolver-se no Brasil a partir da década de 90, e surge como uma reação à
crise do desemprego na forma de iniciativas locais de forma independente ou
ligada a movimentos como MST e Cáritas. 4
Após a criação da SENAES em 26 de junho de 2003 e que passou a
integrar o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, voltada a desenvolver,
fomentar e criar projetos na área de desenvolvimento da economia solidária, sob a
chefia de Paul Singer, os encontros, debates e estudos sobre a economia solidária
se intensificaram e alguns marcaram profundamente a história recente desta
trajetória, no Brasil e na sua articulação internacional, entre estes os principais
foram:
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A Cáritas cria desde 1980 cria diversos projetos alternativos comunitários - PAC`s, sob o lema “a
solidariedade liberta.” O MST também cria nestes mesmos anos, cooperativas agropecuárias nos
assentamentos da reforma agrária. E logo após estes, na década de 90 nas universidades as
incubadoras tecnológicas de cooperativas populares vem dar escopo para o movimento crescer e
se reproduzir. Ainda iniciativas com a ANTEAG- Associação Nacional dos Trabalhadores em
Empresas de Autogestão. UNISOL- União e Solidariedade das Cooperativas Solidárias.
UNICAFES - União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária e ADS/CUT -
Agência de Desenvolvimento Solidário da CUT, complementam estas iniciativas fortalecendo o
movimento da economia solidária em todo o país.
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No âmbito Federal os programas de transferência de renda tiveram inicio em 2001 com a criação
da bolsa escola, e do programa nacional de renda mínima vinculada a saúde, conhecido como
bolsa-alimentação. (Cardoso, J. c. e Jaccoud, L. (Org.) Política social no Brasil - Abrangência e
tensões da ação estatal. pg 221)
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A posição original, também tratada por “véu da ignorância” por Rawls se trata de que para
garantir a justiça se parta de determinados pressupostos, como refletir a partir de uma
comunidade racional e razoável, composta de sujeitos competentes e imparciais, dispostos a
cooperar comunicativamente (...), com o intuito de buscar, ou ao menos tentar, uma solução
para o conflito de interesses (...), mediante razões válidas (...), aceitas por aqueles que
participam do diálogo real. Mas para que isso ocorra, a caracterização fundamental desta
situação consiste, no fato de ninguém conhecer sua posição na sociedade, sua classe ou
status social.
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Esse é o exemplo de Rochdale, a “genetriz” de todas as cooperativas, e Mondragón, a maior
cooperativa do mundo. Devido a sua amplitude a gestão compartilhada de todos os setores tornou-
se impossível, bem como de manter apenas cooperados trabalhando, sendo necessário contratar
funcionários que nenhuma participação tem na gestão das cooperativas.
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apenas algumas definições gerais para isto ocorrer: na visão de GAIGER como
regra geral, essas inovações duradouras não se estabelecem bruscamente por
rupturas, mas por adaptações paulatinas que geram novos fatores de sustentação
(2004, pg.383). Isto é, ocorre quando a situação local está propícia a este
acontecimento, como pode ser o caso de uma falência de empresa na qual os
trabalhadores assumem a gestão da fábrica 9 . O movimento tende a ocorrer
também em regiões com baixo nível de emprego formal, onde trabalhadores se
reúnem em parceria para produzir, por vezes com materiais e artigos retirados da
própria natureza local, por vezes com produtos industrializados, o que melhor lhes
convier, como é o caso de associações de artesãos litorâneos que trabalham com
resíduos de peixes, ou cooperativos de artesãos em cipó, bambu, capim dourado,
entre outros. Pode-se ainda considerar outra condição de instalação da economia
solidária. Essa condição pode partir dos valores que um grupo de pessoas agrega,
que contribuem para a preservação de um determinado modo de produção, ou
tradição familiar. “Os valores definem as motivações mais profundas do agir
cooperativo, sendo a instância inspiradora dos princípios do movimento
cooperativo mundial”. (Schmidt, e Perius 2003, pg.63).
Entretanto uma das condições mais latentes, é o fato de existir uma
separação entre economia formal e informal e do aumento da pobreza e do
desemprego estrutural. Observamos em várias condições, pessoas buscando
alternativas a essa exclusão, através dos chamados “bicos”, ou alternativas, como
vender balas e brinquedos nas ruas, fazer malabarismos nos sinais de trânsito,
artistas que se apresentam nas ruas, além de pequenas iniciativas como
barraquinhas de cachorro-quente, entre outros. Começam como apenas bicos ou
renda extra, mas em várias ocasiões está forma de trabalho informal é que dá
início a um grupo que irá se tornar uma cooperativa com ideais solidários, com
mostra NYSSENS:
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Casos como esses já são comuns no Brasil. Os maiores destaques são a UNIFORJA, e a
COOPERBOTÕES na região sul; E no Norte: a Catende Armonia.
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10
QUIJANO, A. (2002, pg.489) sugere que aí estaria a diferença básica entre o “setor informal” e o
“setor moderno” Pois na literatura sobre a “economia informal” ou “economia alternativa” este
modo de produção se apresenta como completamente novo, pois nesse setor da economia os
trabalhadores fazem para produzir e distribuir entre eles próprios sua produção; Isto concretiza-se
no fato de que a unidade de produção é a força do trabalho e não a empresa. Diferente do modo
capitalistas ou o mundo empresa.
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Grupo de Trabalho brasileiro de economia solidária – Do Fórum Social Mundial ao Fórum
Brasileiro de Economia Solidária. (2002, pg.27)
27
A economia solidária ainda não se trata de uma política pública, mas ela
vem demonstrando necessidade de consolidar-se como tal. LUNARD (2004,
pg.153) comenta que a adoção dos modelos produtivos propostos a partir da
economia solidária, organizados por cooperativas, associações de moradores e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
crescido muito rapidamente, e, tende a crescer ainda mais pela própria iniciativa
dos trabalhadores e virtualmente pelas ações governamentais da SENAES,
governos estaduais e municipais que cada vez mais observam os benefícios da
economia solidária.
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REFERÊNCIAS
JESUS, Paulo de & TIRIBA, Lia. Cooperação in: CATTANI, A. A Outra Economia.
Porto Alegre: Veraz, 2003.
MELO, Alberto. A ação local dos cidadãos como forma de resistência a nova
onda de colonização global - O caso a associação in loco no sul de Portugal.
In: SANTOS, Boaventura Souza. (Org.) Produzir para Viver; os caminhos para a
produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
RAWLS, John. Uma Teoria da justiça (1971). In: O Contrato social, ontem e hoje.
Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_54/Artigos/Art_Romeu.htm
Acesso em 12/06/2007.
34
SINGER, Paul & MACHADO, João. Economia Socialista. São Paulo – ed.
Perseu Abramo, 2000.
TESES
REVISTAS
SITES CONSULTADOS:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_54/Artigos/Art_Romeu.htm acesso
em: 17/04/2007 Acessado as 00:20
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