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XV Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo

19 a 21 de setembro de 2018 – São Paulo/SP

Visitações e Turismo em patrimônio militar sob a guarda do Exército


Brasileiro: implicações da candidatura de um conjunto de fortificações
brasileiras a Patrimônio Mundial

Flávia Ferreira de Mattos1


José Claudio dos Santos Junior2
Roberto Bartholo3

Resumo
A partir da abertura de sítios fortificados de origem militar a visitação pública e do atual cenário de
desafios para a construção da candidatura de um conjunto de fortificações brasileiras a Patrimônio
Mundial, o artigo discute três aspectos: 1. Que tipo de turismo é compatível com essa candidatura? 2.
Que tipo de turismo e visitação acontece hoje nesses sítios? 3. Que adaptações podem ser necessárias
para o êxito da candidatura? O artigo toma por base uma revisão documental das diretrizes específicas
relativas a turismo e visitação, expressas em Manuais de Referência da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) sobre Patrimônio Mundial e Cartas
relacionadas ao mesmo tema, produzidas pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios
(ICOMOS) (International Council of Monuments and Sites) e pelo seu Comitê Cientifico Internacional
sobre Fortificações e Patrimônio Militar (ICOFORT) (International Scientific Committee on
Fortifications and Military Heritage). Além disso, a pesquisa também se apoia em trabalhos
antecedentes de extensão universitária, coordenados pelo Laboratório de Tecnologia e
Desenvolvimento Social (LTDS) e realizados em parceria com a Diretoria do Patrimônio Histórico e
Cultural do Exército (DPHCEx). Importante referência teórica para a abordagem é a noção de “sítios
simbólicos de pertencimento”, em sua dupla dimensão, material e imaterial. A referência empírica do
trabalho são duas fortificações sob a guarda do Exército Brasileiro que integram a lista das 19
fortificações selecionadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN para
compor a candidatura do “Conjunto de Fortificações Brasileiras” a Patrimônio Mundial da
Humanidade: a Fortaleza de Santa Cruz da Barra, localizada em Niterói, sob a administração da
Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército (AD/1), e a Fortaleza de São João, localizada no
bairro da Urca, Rio de Janeiro, sob a administração do Centro de Capacitação Física do Exército
(CCFEx). Os resultados apontam para a complexa tarefa de defesa do patrimônio militar, que impõe
aos militares uma crescente qualificação dos quadros em áreas de cultura e redesenhos institucionais
para o fortalecimento de seu Sistema Cultural.

Palavras-chave: visitação; patrimônio mundial; Exército Brasileiro; fortificações.

1
Doutora em Engenharia de Produção – PEP/COPPE/UFRJ. Pesquisadora do Laboratório de Tecnologia e
Desenvolvimento Social – LTDS/PEP/COPPE/UFRJ, da linha de Pesquisa “Gestão, Inovação e Turismo em
Patrimônio Militar” (http://lattes.cnpq.br/2421887409087916). E-mail: flaviamattosbr@gmail.com.
2
Mestrando em Engenharia de Produção – PEP/COPPE/UFRJ. Coronel do Exército Brasileiro, Vice-Presidente
do ICOFORT e Pesquisador do Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social –
LTDS/PEP/COPPE/UFRJ, da linha de Pesquisa “Gestão, Inovação e Turismo em Patrimônio Militar”.
(http://lattes.cnpq.br/9734038318693105). E-mail: joseclaudiosj@gmail.com.
3
Professor Titular do Programa de Engenharia de Produção – PEP/COPPE/UFRJ. Coordenador do Laboratório
de Tecnologia e Desenvolvimento Social – LTDS/PEP/COPPE/UFRJ (http://lattes.cnpq.br/8226406163217491).
E-mail: bartholo.roberto@gmail.com.
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1. O lugar do turismo nas convenções e cartas internacionais: o caso da candidatura das


fortificações brasileiras a patrimônio mundial

Desde o advento da Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações


Unidas - UNESCO, em 1946, comunidades de sentido internacionais vêm se organizando e
elaborando orientações gerais em suas respectivas áreas de atuação. No campo da preservação
do patrimônio a Carta de Veneza, de 1964, a fundação do Conselho Internacional de
Monumentos e Sítios - ICOMOS, em 1965 (com representação no Brasil em 1978, sendo
registrado em 1980), e a convenção do Patrimônio Mundial, em 1972, são referências desse
percurso que se prolonga até os dias atuais. Estudos contemporâneos sobre patrimônio
cultural apontam as transformações sofridas nesse campo nas últimas décadas, com sua
abertura e ampliação. Esse contexto reflete tanto a afirmação de novas identidades e sujeitos
partícipes, como também uma busca por superar a compartimentação de saberes e a primazia
de visões stricto senso sobre bens patrimoniais.
A criação do Comitê Científico Internacional do ICOMOS sobre fortificações e
patrimônio militar - ICOFORT, em 2005, está inserida nesse dinâmico processo, em que as
especificidades relacionadas ao patrimônio de origem militar, e particularmente as
fortificações são destacadas para que sejam tratadas dentro da lógica que lhes é própria – ao
mesmo tempo em que se articulam às demais convenções do campo mais amplo. Este comitê
de especialistas na temática de fortificações e patrimônio relacionado vem trabalhando há
pelo menos uma década na elaboração de um documento que seja referência para o tratamento
adequado dessa tipologia patrimonial – trata-se da Carta de ICOFORT sobre fortificações e
patrimônio relacionado; guia para a proteção, conservação e interpretação (ICOFORT, 2017).
Esse esforço envolve um conhecimento profundo das peculiaridades do bem, que, neste caso,
estão associadas à evolução das estratégias de guerra, e uma articulação com os demais
preceitos contemporâneos para o cuidado do patrimônio, incluindo aí, a sua interface com o
turismo.
A relação entre turismo e patrimônio cultural, entendido como fenômeno complexo e
multidimensional é uma importante face da patrimonialização, uma vez que o reconhecimento
de um bem, particularmente, em nível mundial, pode frequentemente resultar no aumento da
atratividade do sítio e determinar um fluxo maior de visitações, impactando economias locais
e a própria existência do bem. Além disso, é preciso considerar que, se por um lado, as
comunidades de sentido buscam eleger valores e estabelecer mecanismos de salvaguarda do
patrimônio, os efeitos produzidos por esses próprios mecanismos são passíveis de reflexão. A
corrida pelo status de patrimônio mundial ocorrida nos anos 1990 na Europa e a ampliação de
um espírito de concorrência entre espaços (Peixoto, 1997 e 2002) revelam a complexidade do
campo e as diferentes lógicas envolvidas, que podem incluir a prevalência de uma apropriação
mercadológica do patrimônio.
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No Brasil, o histórico de relação entre turismo e patrimônio cultural tampouco foram
lineares ou mesmo harmônicas – ora essa relação foi oportuna, ora foi conflituosa, ora foram
“desconfiadas” por parte do órgão federal de proteção do patrimônio, o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, em relação ao turismo, como observou
Marcelo Sotratti, durante o Seminário Internacional Turismo, Natureza e Cultura, ocorrido em
2016, no Rio de Janeiro. Sotratti (2010; 2016) ao abordar as políticas públicas de patrimônio
cultural no Brasil, a partir de um olhar para a trajetória do IPHAN, identifica três momentos
significativos da relação do órgão com o turismo: um primeiro momento quando o turismo se
apresenta como “um instrumento educativo e até mesmo político”; um segundo momento,
onde turismo é visto como “uma atividade propulsora de desenvolvimento econômico”; e um
terceiro momento em que o turismo é enxergado como “um instrumento de gestão integrada e
de valorização social do patrimônio”. Esses momentos, embora possam ser identificados em
períodos específicos da trajetória das políticas culturais do país, em maior ou menor grau, são
perspectivas que vão se sobrepondo no desdobramento do campo. Servem para trazer luz às
influências e diversificadas matizes do campo do patrimônio.
Em 2015 o Brasil considerou a inclusão de um conjunto de dezenove fortificações,
situadas em dez Estados brasileiros e classificadas como um “bem seriado”, em sua Lista
indicativa a Patrimônio Mundial da UNESCO. A candidatura do “Conjunto de Fortificações
Brasileiras”, coordenada pelo IPHAN, vem sendo articulada com a participação dos
Ministérios da Cultura, da Defesa e do Turismo. Em abril de 2017, o IPHAN promoveu o
Seminário Internacional Fortificações Brasileiras - Patrimônio Mundial: estudos para
análise de modelos de gestão e valorização turístico-cultural, na cidade do Recife, PE,
visando construir diretrizes para a candidatura, que se configurou na Carta do Recife, assinada
pelos representantes institucionais dos referidos ministérios.
A candidatura das fortificações brasileiras a Patrimônio Mundial da Humanidade
desencadeia uma discussão crucial sobre a gestão do patrimônio de origem militar. Na
atualidade cada sítio fortificado é administrado por uma organização pública, ou privada de
interesse público, com distintas finalidades e culturas organizacionais. Das 19 fortificações
contempladas na candidatura, oito estão sob a guarda do Exército brasileiro (Forte de
Coimbra, em Corumbá (MS); Real Forte Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO); Forte
São João Batista do Brum, em Pernambuco; Forte de São Diogo, Forte de Santa Maria e Forte
de Nossa Senhora de Monte Serrat, em Salvador (BA), Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em
Niterói (RJ), e Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro (RJ)), quatro são administradas por
Prefeituras, duas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, uma
por uma OSCIP, uma pela Marinha do Brasil, uma por um governo Estadual e duas por uma
Universidade Federal. As Forças Armadas, particularmente o Exército Brasileiro, é detentor
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da guarda de aproximadamente 44 fortificações4 espalhadas pelo território nacional, de um
universo de 139 ainda existentes5, seja em bom estado de conservação ou em ruínas.
Com a Carta do Recife, técnicos e autoridades das três esferas de governos
participantes do Seminário “legitimam o debate sobre os modelos de gestão e valoração
turístico-cultural para esse bem seriado” (Carta do Recife, 2017). A Carta estabeleceu dez
diretrizes gerais na orientação dos trabalhos. Entre elas:

1. Promover o uso sustentável para assegurar a preservação do bem,


garantindo sua conservação e manutenção; 2. Fomentar a gestão do
conhecimento para preservar a memória e estimular o turismo cultural;
3. Implementar estratégias de comunicação para a valorização e
divulgação das Fortificações; 4. Promover a interpretação do Patrimônio
para ampliar a compreensão sobre o bem cultural e proporcionar meios de
qualificar a experiência da visita; 5. Estimular iniciativas de educação
patrimonial que favoreçam a apropriação das Fortificações a partir do
conceito ampliado de Patrimônio Cultural; 6. Promover a certificação
das Fortificações como destinos patrimoniais no desenvolvimento do
Turismo Cultural no Brasil; 7. Empreender iniciativas de Qualificação
para o Turismo Cultural tomando como base de referência as
Fortificações; 8. Estimular a gestão compartilhada das Fortificações de
forma a propiciar a participação da população nesse processo; 9.
Identificar e promover formas inovadoras de fomento entre entidades
públicas e privadas na gestão das Fortificações; 10. Promover a
integração do “Conjunto de Fortificações do Brasil” e o respeito às
especificidades de cada componente, de modo a estabelecer uma matriz
de responsabilidades para a sua Governança. (Carta do Recife, 2017 –
grifos nossos).

Desde então vem sendo construída interfaces institucionais desde o nível federal que
buscam qualificar as iniciativas no campo da preservação, gestão e acesso ao patrimônio
militar para a construção do dossiê da candidatura. Uma etapa fundamental é a criação dos
Comitês Técnicos, que irão “estabelecer as diretrizes, conceitos e demais ações para a
elaboração do dossiê técnico” referente às fortificações.
O Exército Brasileiro é ator relevante nesse contexto, não apenas pelo quantitativo de
fortificações que integram a candidatura, mas por sua própria identidade e também por sua

4
Dados fornecidos pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército – DPHCEx.
5
Cf. Base de dados do Projeto Fortalezas.org. Disponível em http://fortalezas.org/.
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peculiar trajetória no campo da preservação do patrimônio militar construída ao longo das
últimas décadas.
No plano internacional, as Cartas do ICOMOS/ICOFORT e os Manuais de Referência
da UNESCO têm assumido a função de estabelecer princípios, critérios e metodologias para
os desafios da conservação, servindo de horizontes e instrumentos de referência para a adoção
das práticas nacionais.
A partir da experiência que se inicia com a assinatura da Carta do Recife, na
construção da candidatura do “Conjunto de Fortificações Brasileiras” a Patrimônio Mundial
da Humanidade, buscamos reunir nesse tópico, a partir de um olhar para alguns desses
documentos-chave de orientação, um recorte sobre “turismo e visitações” em sítios
patrimônio mundial. Com isso, buscar identificar como o turismo é tratado e quais seriam as
principais prescrições para esse tema.
O documento Preparação de Candidaturas para o Patrimônio Mundial - Manual de
Referência do Patrimônio Cultural (UNESCO BRASIL/IPHAN, 2013), é um instrumento
sintético de difusão e orientação dos principais conceitos e etapas da candidatura de um bem a
Patrimônio Mundial. Está dividido em cinco capítulos: 1. Sobre o Patrimônio Mundial; 2.
Preparação; 3. Definindo e compreendendo o bem; 4. Preparando e redigindo o dossiê da
candidatura, e 5. Processo de Avaliação. Este manual salienta aspectos que a equipe da
candidatura deve considerar na elaboração do dossiê.
De maneira geral, observa-se que ao mesmo tempo em que se espera que o status da
titulação produza visibilidade e atratividade ao bem, como estratégia para manutenção de sua
autenticidade e integridade, a preocupação com a má administração da atividade turística e os
efeitos destrutivos associados, são mencionados e mobilizam esforços na construção de
mecanismos adequados de gestão. O item “visita responsável dentro dos sítios do Patrimônio
Mundial” traz orientações específicas para a caracterização, o planejamento e o
monitoramento das visitações. A utilização de metodologias apropriadas é um requisito
importante para uma fundamentação adequada dos estudos de caracterização das visitações.
Espera-se que o documento da candidatura expresse não apenas uma descrição pormenorizada
do status da visitação do bem na atualidade, mas também projeções de níveis de visitação
tendo em vista a sua possível inscrição como Patrimônio Mundial. Inclui-se a necessidade de
se definir a “capacidade de lotação” do bem, explicitando os métodos de análise, e formas de
aperfeiçoamento de sua gestão em termos do quantitativo de visitantes. Em outras palavras,
não se trata de gerar meras conjecturas e sim de produzir estudos embasados em provas que
sustentem as conclusões. Recomenda-se que sejam consideradas possíveis “formas de
deterioração do bem devido à pressão e ao comportamento dos visitantes, incluindo aquelas
que afetam seus atributos imateriais” (UNESCO BRASIL/IPHAN, 2013). Questões que devem
ser realizadas nesse contexto: Há gestão de visitantes e turistas no bem? Ela é adequada e
eficaz? Assim como os dados quantitativos atualizados (números de turistas e visitantes), a
experiência do visitante ou turista é também um dos itens a serem observados e descritos no
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plano de gestão de turismo que deve integrar o dossiê da candidatura. Gestores dos bens
inscritos como Patrimônio Mundial devem prever e estar preparados para realizar o
monitoramento do impacto da visitação no bem. O manual recomenda que o dossiê de
candidatura apresente, não só as definições específicas sobre o bem proposto, mas também a
interpretação e apresentação que será realizada aos visitantes e demais públicos - desde
instalações de sinalização, trilhas, avisos ou publicações, guias; museu ou exposição dedicado
ao bem; centro de visitantes ou de interpretação e/ou uso potencial de tecnologias digitais e
demais serviços oferecidos (UNESCO BRASIL/IPHAN, 2013). As orientações do documento
incluem uma seção dedicada ao tema “instalações para visitantes e infraestrutura”, incluindo a
necessidade de observação dos aspectos de segurança e acesso adequado aos bens, e também
de seus possíveis conflitos.
Em síntese, de maneira geral, o turismo integra o rol de informações relevantes para a
caracterização do bem como um elemento significativo. Recomenda-se que a gestão do
turismo seja tratada de forma integrada a candidatura e não de maneira desvinculada.
Também deve ser lembrado que as zonas de amortecimento dos sítios são indicadas como
lugares propícios ao estabelecimento de atividades de apoio ao turismo, sendo recomendada
sua gestão aberta às comunidades locais.
O documento intitulado “Gestión del turismo em sítios del Patrimonio mundial:
Manual práctico para administradores de sítios del Patrimonio Mundial” elaborado por
Arthur Pedersen, publicado em língua inglesa em 2002, e em língua espanhola, em 2005, é a
referência para a gestão do turismo cultural em sítios patrimônio mundial. Este manual está
concebido como uma contribuição para:

el establecimiento de una política turística inspirada en objetivos de


conservación y preservación que deben recibir el apoyo de todos los
interesados, respetando las obligaciones reglamentarias, estimulando un
debate permanente y supervisando las actividades turísticas
(PEDERSEN, 2005 p. 12)

Os documentos até aqui referidos introduzem o leitor aos propósitos da Convenção do


Patrimônio e a conceitos fundamentais que orientam o turismo sustentável, servindo como
orientação na resposta às questões norteadoras de nosso artigo, principalmente a primeira
delas: 1. Que tipo de turismo é compatível com essa candidatura? 2. Que tipo de turismo e
visitação acontece hoje nesses sítios? Refletir sobre esses aspectos nos leva a projetar quais
seriam as possíveis adaptações para o êxito da candidatura.
O manual está respaldado pela Carta Internacional sobre Turismo Cultural – La
Gestión del Turismo en los sítios com Patrimonio Significativo, aprovada na XXII reunião da
Assembleia Geral do ICOMOS, em 1999. Esta carta, expressa uma atualização nas
perspectivas do campo do patrimônio e do turismo, se comparada à primeira versão, ainda no
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ano de 1976. A Carta Internacional sobre Turismo Cultural, de 1999, está dividida em seis
princípios, que afirmam compromissos com as comunidades anfitriãs e visitantes numa
perspectiva de sustentabilidade. Esta carta é o documento mais específico sobre o tema do
turismo cultural elaborado pelo ICOMOS. Seus princípios estão em pauta nos manuais de
referência para a gestão, produzidos pela UNESCO, como é possível atestar no manual de
referencia “Gestão do Patrimônio Mundial Cultural” (2016). Numa visão aplicada dos
princípios este manual de referência, aborda a “gestão de visitantes (incluindo acessibilidade,
uso, instalações)” e sugere a formação de grupos de trabalho sobre visitantes e educação,
incluindo representantes nas diferentes frentes de atuação – de associações de turismo a
representantes da área educacional (UNESCO BRASIL/IPHAN 2016 p. 30). Um maior
compromisso com a interpretação do sítio e com instalações para visitantes são questões
centrais nos planejamentos sugeridos. Este documento adverte sobre o risco de as medidas
para o patrimônio estarem sendo ameaçadas por outros planos governamentais de
desenvolvimento, ou mesmo de turismo. Recomenda verificar se a estrutura legal que se está
criando assegura a prioridade da legislação e dos planos de patrimônio cultural sobre outras
legislações e planos (UNESCO BRASIL/IPHAN 2016 p. 72). Adverte que para um processo
de planejamento efetivo, “planos de trabalho regulares (...) devem ser complementados por
planos estratégicos de longo prazo”, dispondo de “recursos (tempo de equipe e custos) para a
contínua revisão dos planos durante sua implementação” (UNESCO BRASIL/IPHAN, 2016 p.
90). Essas revisões incluiriam, por exemplo, novas funções organizacionais, tais como “o
agendamento online para visitas de escola”.
Ainda na interface com o turismo, o manual recomenda avaliar de que maneira a
atividade impacta o patrimônio, identificando tanto ameaças quanto oportunidades, atuais e
potenciais. O aumento da satisfação do visitante e o aumento da conscientização e apoio dos
visitantes são expressos como efeitos desejados nos processos de gestão, que envolvem o
planejamento, implementação e o monitoramento. O manual sugere a elaboração de um plano
de gestão de visitantes, como parte das estratégias de gestão de visitantes. Um “produto”
desejável pode ser a elaboração de “novos itinerários para visitantes”, incluindo “sinalização,
audioguias, plataformas na web, rotatividade de abertura etc.”.
Embora se considere que nem sempre é possível prever os impactos potenciais do
turismo, recomenda-se que eles sejam objetos de estudo. O uso social e cultural do patrimônio
deve ser identificado e analisado – incluindo perspectivas que possam indicar as modificações
ocorridas ao longo dos anos. Entre as fontes de informação para coletas de informações são
mencionados: relatórios sobre abordagens/planos para a interpretação e gestão de visitantes;
verificação das instalações para visitantes (bilheteria, alimentação, banheiros etc.); realização
de pesquisas sobre as percepções dos visitantes e seus impactos e verificação de recursos
educacionais disponíveis.
Todo esse conjunto de recomendações, sugestões e princípios dirigidos à gestão do
turismo na interface com a conservação do patrimônio cultural, se sobrepõem às
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recomendações específicas para o patrimônio fortificado. Cabe destacar que a Carta do
Comitê Científico de Fortificações e Patrimônio Militar - ICOFORT sobre fortificaciones y
patrimonio relacionado; guias para la protección, conservación e interpretación (ICOFORT,
2017), contribui com diretrizes específicas para esse segmento, principalmente no que tange a
necessidade de compreensão de seu significado, sua história e fundamentos estratégicos, que
as diferencia de outras categorias e tipos de patrimônio. A carta está dividida em três grandes
problemáticas:
1. Questões teóricas e metodológicas, onde são abordados sete aspectos, entre eles: (i)
a perspectiva da evolução construtiva histórica e a complexidade estratigráfica de sua
estrutura; (ii) o alcance funcional além de seus limites estruturais; (iii) a necessidade de
produzir estudos acadêmicos sobre suas características formais e funcionais; (iv) a adequação
na reutilização de suas estruturas; (v) questões para a compatibilização da acessibilidade; (vi)
a necessidade de construção de um plano integral, para a compreensão global desse segmento
patrimonial, em suas diversas formas, baseado na compreensão dos sistemas, territórios e
assentamentos urbanos; (vii) questões pertinentes aos valores atribuídos pelas próprias
comunidades; 2. A identificação de valores únicos que pertencem às fortificações e
patrimônio relacionado. Entre eles: (i) o valor arquitetônico e técnico; (ii) o valor territorial e
geográfico; (iii) o valor humano e social; e (iv) o valor educativo; e 3. Os princípios para a
intervenção em fortificações e patrimônio relacionado. Destaca-se a necessidade de se
estabelecer um “Plan Maestro” elaborado por equipe multidisciplinar, contendo os diferentes
estudos.
Essa carta faz referencia a outros documentos relacionados. Entre eles, destacamos: a
Carta para Interpretación y Presentación de Sitios de Patrimonio Cultural (ICOMOS, 2008),
a Carta sobre Rutas Culturales (ICOMOS, 2008).

2. A abertura das fortificações sob a guarda do Exército Brasileiro à visitação pública

A gestão de um patrimônio militar obsoleto como lugar de combate é nas últimas


décadas questão de crescente importância estratégica para o posicionamento do Exército
Brasileiro na cultura contemporânea. Caso exemplar é o de antigos grupamentos de artilharia
de costa da Baía de Guanabara. A conversão de uma unidade militar de artilharia de costa em
uma unidade militar exclusivamente voltada para a cultura, com a incorporação de um museu
militar nas instalações do sítio fortificado de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi evento
decisivo nessa grande transformação. O que se formatou foi um importante redesenho
institucional, que com a criação, nos anos 1990, da Diretoria de Assuntos Culturais (DAC)
desdobrou-se numa série de normatizações da área cultural, ocorrida a partir do final dos anos
de 1990. A gestão do general Zenildo Zoroastro de Lucena como Ministro de Exército, de
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1992 a 1998, durante os governos dos Presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique
Cardoso, foi um divisor de águas para a área cultural do Exército, conforme relatos no meio
militar.
As mudanças desencadeadas desde o alto escalão do Exército com implicações na
política de pessoal foram decisivas para a formatação de uma área técnica dedicada aos
assuntos culturais. Destaca-se a atuação de militares da reserva no cargo de Prestadores de
Serviço por Tempo Certo – PTTC em trabalho conjunto com profissionais oriundos de
diversas formações (história, arquitetura, museologia), compondo os quadros Complementar
(QCO) e Técnico-Temporário (OTT) da DAC.
Um importante marco regulador do uso turístico das fortificações foi a criação das
“Normas para Abertura das Fortificações à Visitação Pública”, de 20006, que até então era
conduzido de forma pouco uniforme. Esta normatização surge no mesmo ano em que também
foi criada a Fundação Exército Brasileiro (FUNCEB), uma entidade civil, com personalidade
jurídica, de direito privado, sem fins lucrativos, dispondo de autonomia administrativa,
financeira e patrimonial7.
As regulações (políticas/diretrizes/normas) criadas nesse período inauguram novos
padrões e possibilidades que contribuem para a institucionalização do Sistema Cultural. Em
2008, a reformulação da antiga Diretoria de Assuntos Culturais (DAC), em Diretoria do
Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx) conduz à configuração de um novo
Sistema Cultural. Este processo tem importantes implicações para gestão do turismo e
visitações em sítios históricos sob a guarda do Exército,
A DPHCEx, como órgão técnico-normativo do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx), trabalha no sentido da orientação geral sobre a preservação do
patrimônio cultural, tendo como uma de suas ações a assessoria aos espaços culturais das
organizações militares. Em sua visão, a visitação as fortificações, entendidas como “lugares
de memória”, possui o potencial de proporcionar oportunidades de aprendizagens para
públicos civil e militar e de gerar sentimentos de pertencimento pelo compartilhamento do
patrimônio cultural.
Nesse contexto, cabe destacar os esforços advindos dos próprios comandos das
organizações militares, responsáveis diretamente pelos sítios históricos fortificados, quanto os
esforços gestados no âmbito da diretoria, como a elaboração do Plano de Revitalização e Uso
Turístico-Cultural dos Fortes Históricos da Baía de Guanabara (que reúne os Programas: de
preservação patrimonial; histórico cultural; de uso turístico e social; e de educação ambiental),
incorporado ao Plano de gestão do sítio – Rio de Janeiro: paisagens cariocas entre a montanha
e o mar, aprovado em 2015, pelo Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO. O Plano tem

6
Portaria nº 615, de 13 de novembro de 2000.
7
O estatuto da Fundação Cultural Exército Brasileiro – FUNCEB. Disponível em
<http://www.funceb.org.br/Estatuto_da%20FUNCEB_1_Re_Conj2005.pdf >. Acesso em 5 de maio de 2018.
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como proposta central “restituir a esses monumentos a função social, reintegrando-os à vida
cotidiana das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói” (SANTOS JUNIOR, 2010).

Aspectos da visitação na Fortaleza de Santa Cruz

A Fortaleza de Santa Cruz, localizada no bairro de Jurujuba, em Niterói possui marcos


de construção que datam desde o século XVI, quando naquele promontório, à direita de quem
entra na barra do Rio de Janeiro, foi erguida a Bateria de Nossa Senhora da Guia (FORTES,
2001). Ao longo dos séculos, seguindo os Planos de Defesa da época, foi sendo ampliada e
remodelada até atingir a configuração atual (CASTRO, 2009). Hoje a Fortaleza de Santa Cruz
é a segunda fortificação mais visitada, do conjunto de fortificações da Baía de Guanabara,
com estimativa anual de 45 mil visitantes que realizam o circuito turístico da fortaleza8. A
estimativa sobe para 90 mil visitantes por ano, considerando também os públicos que
frequentam a área externa ao portal (para atividades desportivas, de lazer e participação em
eventos na área de concessão) e os que participam de celebrações militares. Perde apenas para
o Forte Copacabana, que recebe mais de 800 mil visitantes por ano. Seu tombamento integral
data de 1939, sendo elemento constitutivo do Sítio Paisagem Cultural (UNESCO) desde 2012.
Mesmo após sua obsolescência como uma fortificação ativa, a fortaleza permaneceu
sob a administração de sucessivas organizações militares que ali se instalaram. Das unidades
operacionais, o 1º Grupo de Artilharia de Costa, tradicional guarnição da Fortaleza de Santa
Cruz, foi extinto em 1968 (FORTES, 2001). De 1968 a 1976 a fortaleza abrigou o presídio do
Exército. Desde dezembro de 2005 sedia o Quartel General da Artilharia Divisionária, ligada
à 1º Divisão de Exército e ao Comando Militar do Leste.
Em 1978, uma extensa matéria abordou “as belezas naturais de uma cidade que a
maioria dos cariocas desconhece” (O Globo, 1978), referindo-se à cidade de Niterói. Nela, os
variados pontos de possível interesse turístico são apresentados como incentivo ao lazer dos
niteroienses. A Fortaleza de Santa Cruz aparece no rol de possibilidades de visitação, ao lado
de outros lugares históricos e de referência cultural da cidade. Na ocasião, uma iniciativa da
prefeitura havia criado duas atividades de incentivo às visitações na cidade: um roteiro de
excursões turísticas, criado pela Fundação de Atividades Culturais – FAC e o “Domingo Boa
Praça”, com manifestações culturais. Uma dica acompanhava a descrição dos atrativos da
Fortaleza de Santa Cruz: “O modo mais prático de se conhecer a importante edificação é
através das excursões da FAC, pois as visitas dependem de autorização prévia do
comandante” (O Globo, 1978).
Os anos 1980 também são marcados por experiências de visitação pública, que, no
entanto, aconteciam de forma não sistemática. A partir dos anos 1990, com a Brigada de

8
Dados fornecidos pela DPHCEx em 2016 mencionavam que o complexo de fortificações de Niterói recebeu
45.721visitações por ano.
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Artilharia Antiaérea, as visitas passaram a ocorrer com alguma regularidade, mas ainda sem a
estruturação de grupos de guiamentos com horários fixos. A visitação acontecia "por
demanda".
De 1994 a 2006 a Fortaleza de Santa Cruz abrigou o 8o. GaCosM, tendo como um dos
comandantes o coronel Antônio Ferreira Sobrinho. Foi nesta ocasião que a visitação ao sítio
histórico começou a receber um tratamento regular. O coronel Ferreira contou sobre o
reposicionamento institucional e o seu desafio de conciliar a sobreposição da gestão cultural
em meio às atividades operacionais da organização militar. Conforme o seu relato:

Quando eu assumi o comando dessa Unidade, em 24 de janeiro de 1997


eu recebi uma missão do Ministro do Exército, na época, o general
Zenildo, de abrir os fortes, porque ele extinguiu o meu material de
artilharia, me deixou sem canhões (...) Eu comecei a cuidar das ruínas, do
Forte São Luiz, da Fortaleza de Santa Cruz. E consegui nesse um ano e
meio transformar aquilo em um parque temático. Introduzi recursos,
dinheiro para reinvestir no próprio forte. Como? Abrindo os fortes para a
sociedade, como o Ministro Zenildo mandou. Não deixei de ser quartel,
não deixei de formar a minha artilharia, não deixei de atirar com o
foguete, na época, previsto, e conseguimos colocar esses fortes no roteiro
turístico do Brasil, do Rio de Janeiro. E quando eu comecei a contar a
gente conseguiu colocar aqui, em 1 ano e meio, 154 mil visitantes.
(Coronel Ferreira – depoimento em 1º de agosto de 2017, no IX Encontro
dos Integrantes do Sistema Cultural do Exército.)

Evidencia-se que, num processo gradual, os fortes vão se abrindo à visitação e à


realização de eventos artísticos e culturais.
A Fortaleza foi contemplada com recursos do BNDES, mediados pela FUNCEB, em
importantes projetos de restauração e revitalização na área patrimonial, concluída em 2004 (O
Globo, 2004). A partir de 2006, com a chegada instalação da AD/1 nas dependências da
Fortaleza de Santa Cruz, iniciou-se um trabalho para o incremento na visitação: criação de um
novo circuito, formação de soldados como “guia” de visitantes, realizado sob a coordenação
de militares que continuaram a se dividir entre as funções operacionais da unidade e às
voltadas para a difusão cultural.
O funcionamento da Fortaleza de Santa Cruz ocorre de terça a domingo, de 10h às 17
horas. Segundo informações prestadas pela Seção de Comunicação Social da AD/1, existe um
efetivo de 15 a 25 militares envolvidos com a visitação, entre guias, bilheteiros e
responsáveis. Toda visita à Fortaleza é mediada por um soldado que oferece ao visitante uma
narrativa estruturada. Isto se constitui em característica da dinâmica da visitação associada a
abordagem “conteudística” do sítio, frequentemente bem avaliada pelos visitantes,
considerando-se os depoimentos do livro de visita. A formação dos soldados guias é assim um
elemento estratégico na gestão das visitações ao sítio, impondo uma constante reedição de
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procedimentos diante da rotatividade anual no desempenho dessa função. A experiência do
soldado guia foi retratada exemplarmente no vídeo Hungria, integrante do webdocumentário
Nós do Forte, do Projeto Roteiros dos Fortes (2014)9.
A visita realizada na fortaleza possui um único circuito, com parada em diversos
pontos do caminho. Um militar que há mais de 10 anos acompanha o trabalho operacional e
turístico da AD/1 na Fortaleza de Santa Cruz reconhece o potencial de se diversificar os
circuitos internos, incluindo outros pontos de visitação. No entanto, o incremento da atividade
de visitação, depende não só da qualificação da interpretação, baseada em estudos específicos,
mas também da própria capacidade da unidade militar absorver o impacto desses
melhoramentos. A experiência tem mostrado que muitas ideias consideradas como
importantes do ponto de vista da gestão do patrimônio cultural, particularmente das
visitações, acabam não se efetivando, uma vez que os esforços envolvidos sobrecarregariam
os trabalhos já dispensando à gestão cultural na Fortaleza. Por se tratar de uma unidade militar
ativa e alinhada com sua missão institucional de defesa e garantia da lei e da ordem, seu
contingente é, muitas vezes, desdobrado para operações externas, o que dificulta igualmente a
manutenção do padrão nas atividades inerentes à operação de visitação.
A visita possui uma taxa de visitação e é franqueada para militares e escolas públicas,
com agendamento prévio. Na área militar externa, esta sim, de livre circulação, é frequentada
por aqueles que utilizam o espaço para atividades físicas ou desejam apenas contemplar as
belas visitas do lugar. Nesse espaço do sítio existe uma área de concessão, onde foi construído
um restaurante que passou a funcionar como casa de festas, para eventos privados.
Como serviço de apoio a visitação, a Fortaleza dispõe de banheiros e de uma
lanchonete terceirizada. Uma questão crítica é o acesso a Fortaleza, por se tratar de um lugar
que é “fim de linha”, ou seja, o acesso é feito por um único caminho de ida e volta. A única
forma de se chegar a Fortaleza é por transporte terrestre. O transporte público é restrito a
poucos horários. Embora o acesso marítimo seja uma demanda há décadas cogitada para
ampliar as opções de acesso ao lugar, os projetos nunca conseguiram sair do papel. A
acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais ainda é também outra
demanda a ser observada.

Aspectos da visitação na Fortaleza de São João

A Fortaleza de São João, no bairro da Urca, tem em seu sítio o marco de fundação da
cidade do Rio de Janeiro. É formada por um complexo militar que inclui, além de três fortins,

9
O projeto Roteiros dos Fortes: circuitos de visitação em fortes e fortalezas da Baía de Guanabara foi um projeto
de extensão, realizado entre 2012-2014, coordenado pelo Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social –
LTDS, do Programa de Engenharia de produção da UFRJ em parceria com a DPHCEx. Entre os produtos desse
projeto, o Webdocumentário Nós do Forte pode ser acessado no endereço eletrônico: http://nosdoforte.net/
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o Forte São José, o terceiro mais antigo do Brasil, fundado em 1578. O Sítio Histórico da
Fortaleza de São João é administrado pelo Centro de Capacitação Física do Exército
(CCFEx). Nesse sítio também estão localizados a Escola Superior de Guerra (ESG), fundada
em 1949 e o Museu do Desporto do Exército, criado em 2004. A estimativa de visitação é de
21 mil visitantes por ano, segundo informações colhidas junto ao gestor do sítio histórico.
Seu tombamento é parcial, datado de 1938, e diz respeito a uma obra da arquitetura colonial
portuguesa, o Portal. A Fortaleza de São João é elemento constitutivo do Sítio Paisagem
Cultural (UNESCO) desde 2012.
Mesmo após sua obsolescência como uma fortificação ativa, a fortaleza permaneceu
sob a administração de sucessivas organizações militares que ali se instalaram. Foi guarnecida
por vários Batalhões de Artilharia de Posição e Grupos de Artilharia de Costa até, quando o 2º
Grupo de Artilharia de Costa foi extinto (FORTES, 2001). Na Fortaleza de São João já
funcionaram a Escola de Aplicação do Exército (1855), a Escola de Aprendizes Artilheiros
(1880), o Centro de Instrução de Artilharia de Costa (1934), o 1º Distrito de Artilharia de
Costa (1934), o Arsenal da Urca (1944), o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (1970), a
Companhia de Comando e Serviços e o NPOR do IME (1975), e a Bateria de Artilharia de
Costa do CCFEx (1991)10. Após essa extinção foi ali instalado o Centro de Capacitação Física
do Exército.
Em 1969, durante o regime militar, o jornal O Globo trazia as seguintes reportagens:
“Fortaleza de São João abre suas portas aos turistas” (O Globo, 1969a)11 e “Fortaleza de São
João: calam-se os canhões para a invasão turística” (O Globo, 1969b). Evidenciava-se assim
a tendência a que os próprios fortes se constituíssem em atrativo turístico oficial da cidade,
sendo afirmado que “a Secretaria de Turismo da Guanabara pretende incluir a Fortaleza de
São João no roteiro turístico do estado. E o comando da nova fortaleza acha a ideia excelente”
(O Globo, 1969b). A matéria também apontava que a parte da fortaleza aberta à visitação (o
Forte São José) já oferecia visitas diárias a escolares. Enquanto a abertura para a visitação
turística dependia ainda do “devido entrosamento entre as empresas turísticas e os órgãos
militares” (O Globo, 1969b).
Ao longo de décadas tanto a Fortaleza de São João, como também o Forte Duque de
Caxias, no Leme, foram referência na organização de Colônias de Férias e na abertura para a
visitação de escolas, num movimento de aproximação entre unidades militares e juventude.
As experiências dessa aproximação com a juventude também foram retratadas exemplarmente
nos vídeos Pedro e Karina, integrantes do webdocumentário Nós do Forte, do Projeto
Roteiros dos Fortes (2014)12.
A partir de meados dos anos de 1980, com a redemocratização do Brasil, a diversidade
de expressões culturais é incorporada às novas leituras do patrimônio e o uso compartilhado

10
Disponível em http://www.ccfex.eb.mil.br/sitio-historico. Acesso em 05/05/2018.
11
Cf. O Globo, 30 de outubro de 1969, p. 3.
12
O Webdocumentário Nós do Forte pode ser acessado no endereço eletrônico: http://nosdoforte.net/
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de sítios históricos fortificados ganha importância como possibilidade de aprofundamento das
relações dialogais entre civis e militares. No Rio de Janeiro, ao longo dos anos 1980, um
padrão mais contínuo de visitações aos sítios fortificados da Baía de Guanabara passa a fazer
parte da dinâmica de algumas organizações militares, iniciando um processo embrionário de
gestão turístico-cultural dos sítios históricos fortificados. Como afirma Santos Junior (2010),
foi na década de 1990 que a revitalização e o uso turístico e cultural dos sítios históricos
fortificados ganham crescente importância e atenção para o Exército Brasileiro.
Na primeira década do milênio a fortaleza de São João também foi contemplada com
recursos do BNDES, mediados pela FUNCEB, em importantes projetos de restauração e
revitalização patrimoniais (O Globo, 2003). Um projeto tendo por foco o Sítio Histórico da
Fundação da Cidade foi idealizado e cogitava-se fazer dele eixo de referencia para “preparar
um grande roteiro turístico unindo as fortificações da Guanabara” (O Globo, 2003).
De modo análogo ao apontado anteriormente no caso de Santa Cruz, a formação de
soldados para a realização do guiamento na Fortaleza de São João pode ser entendida como
questão estratégica para a abertura dos fortes às visitações e ao turismo. No caso específico de
São João, conforme explica o assessor cultural do Sitio Histórico da Fortaleza de São João, do
contingente de jovens incorporados ao Exército no CCFEx anualmente, cerca de seis
soldados recrutas são designados aos trabalhos do Sítio Histórico. Ao final do Serviço Militar
Obrigatório, esses recrutas retornam a seus lares e, no ano seguinte, novos soldados são
designados para a função. Além dos seis soldados guia, a equipe do Sítio Histórico da
Fortaleza de São João é composta, atualmente, por um Assessor do Patrimônio Histórico e
Cultural (um coronel da reserva); e um auxiliar (um sargento). Os soldados recrutas após
receberem a instrução militar básica são instruídos em aspectos inerentes à função de
guiamento, incluindo discussão (conteúdo) e trabalho de campo (prática).
Embora a Fortaleza de São João esteja situada num lugar de extrema densidade
histórica da cidade e a visita oferecida pela organização militar seja gratuita, avalia-se que a
procura pela visitação não é elevada, se comparada a outros espaços culturais da cidade, tanto
civis quanto militares. Conforme informações prestadas pelo assessor cultural de São João,
estima-se que o sítio receba uma média de 400 pessoas por semana e, portanto, 1.600 por mês.
Não se pode deixar de considerar, no entanto, que esse número cresceu na última década. Em
2004, por exemplo, uma reportagem do Jornal O Globo que trazia informações sobre a
visitação as fortificações da Baía de Guanabara apresentava números ainda mais modestos.
Conforme a reportagem, a Fortaleza de São João (entenda “sitio histórico”), com
funcionamento de segunda a quinta, agendamento prévio, possuía cerca de 400 visitantes por
mês (O Globo, 2004). A visita a Fortaleza de São João é somente realizada com agendamento
prévio.
Em relação a outros usos da área do Sítio Histórico da Fortaleza de São João, o
assessor explica que a área pode ser usada para outros eventos, preferencialmente ligados à
temática cultural, porém, esse procedimento (eventos) não é incentivado e as propostas que
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surgem são muito bem analisadas pelo setor. Há expectativas por parte da equipe de gestão da
Fortaleza para que seja elaborado projeto para construção de área de apoio ao visitante.

3. Adaptações e inovações institucionais para o uso cidadão e a gestão compartilhada

Em ambos os casos estudados são os próprios militares das unidades que administram
os espaços culturais e a visitação aos sítios históricos, atuando em consonância com
orientações da DPHCEx. É certo que as visitações são uma atividade que já tem longo
histórico nas organizações militares, ainda que seu planejamento e gestão sejam conduzidos
com forte componente de conhecimentos tácitos e empíricos.
Identificou-se assim a carência de uma cultura gerencial de monitoramento das
visitações. A falta de um acompanhamento sistemático que forneça uma confiável base de
informações relativas aos usos dos sítios históricos é um obstáculo para que tal atividade
possa ser desenvolvida em plenitude.
O fato de cada sítio histórico ser administrado por uma organização militar de natureza
específica, respondendo a sistemas hierárquicos próprios, implica, muitas vezes, o não
compartilhamento de informações sobre modalidades e padrões de visitações nelas vigentes.
Nesse sentido, os Encontros dos Integrantes do Sistema Cultural do Exército são atualmente o
principal instrumento e ocasião para tais interações, trocas de experiências e
compartilhamento de iniciativas inovadoras. A DPHCEx desempenha nesse contexto papel
institucional estratégico, contribuindo para o fortalecimento e conexão dos integrantes do
sistema cultural, sem para isso necessariamente implicar no estabelecimento de hierarquias
sobrepostas. Cada organização tem a autonomia na gestão dos assuntos relacionados ao
patrimônio histórico e cultural sob a sua guarda.
Três características que merecem destaque foram observadas na pesquisa junto aos
militares diretamente envolvidos na gestão dos sítios históricos fortificados da Baía de
Guanabara:
1. A alta rotatividade nos comandos - que é uma característica inerente da vida
militar da ativa, interfere na atenção dada à área cultural, pois nem todos os comandantes
estão familiarizados ou possuem aderência às questões pertinentes a esse campo. Não raro,
equipe técnica da DPHCEx e gestores diretamente envolvidos com o patrimônio cultural se
ressentem de descontinuidades em relação a algumas iniciativas, ou mesmo assinalam a
vulnerabilidade sentida a cada novo recomeço.
2. Burocratização e judicialização de processos e procedimentos - Em muitas
situações os comandos preferem “recuar” em determinadas atividades ou frentes de ação com
receio de enfrentar possíveis ações do Ministério Público. As queixas em relação à
burocratização dos processos existentes no setor público, quando aplicadas à área cultural do
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Exército acabam por inibir ações proativas. Torna-se menos estressante restringir o uso do
que se envolver em uma extensa cadeia de prestações de contas.
3. Necessidade de qualificação de recursos humanos - Se por um lado o
envolvimento de recrutas na função do guiamento é significativo na vida do próprio soldado,
como expressou o soldado Hungria, e oportuno para a própria unidade militar que responde a
essa demanda com uma solução “caseira”, por outro lado, é preciso admitir que o trabalho
empreendido por esses jovens pode assumir um alcance limitado, dado as condições de sua
preparação e as demandas por uma formação mais abrangente.
Nesse contexto uma forma de potencializar as ações é o estabelecimento de parcerias
institucionais, conforme vem sendo indicado pelo próprio sistema de planejamento do
Exército e reforçado pelos representantes institucionais da DPHCEx. Tais parcerias tanto em
nível geral e estratégico como setorial e tático podem ser relevantes para uma gestão que
potencialize as visitações nos sítios históricos sob a guarda do Exército. Nos casos estudados
as parcerias ainda são incipientes, talvez em razão das limitações impostas pelo fato das
visitações serem reconhecidas como uma atividade desenvolvida em condição subsidiária.
Isso pode ser expresso nas dúvidas do assessor cultural da Fortaleza de São João com relação
ao estabelecimento de parcerias:

Oficialmente não entramos em contato com entidades educacionais para


apoio de estudantes (...) tem que seguir determinações superiores. Deve
também ser verificado esse apoio de estudante: Seria necessário até que
ponto: orientação técnica ou servir como guia? O horário disponível
desse jovem? Teria algum recurso financeiro e a quem caberia
pagar? (Assessor Cultural da Fortaleza de São João)

À subsidiariedade das visitações se somam constrangimentos inerentes aos padrões


vigentes na gestão pública brasileira contemporânea, e suas restrições orçamentárias. Assim,
quando indagado sobre se a setorização do setor cultural no interior da unidade militar seria
uma solução viável para os constrangimentos e limitações vigentes, o assessor cultural militar
responde:

É meio complicado porque depende de decisões superiores e poderá cair


em vínculo empregatício ou mesmo a quem caberá pagar esse pessoal
contratado. (Assessor Cultural da Fortaleza de São João)

Não se pode negar o grande esforço empreendido pelo Exército na gestão do


patrimônio histórico cultural fortificado. Isto é evidente nos indicadores relativos às visitações
realizadas num passado recente. Merece também destaque nesse contexto o zeloso trabalho
realizado pela DPHCEx e por militares implicados com as atividades nos próprios sítios. Mas
os desafios não são pequenos e podem ser divididos em duas grandes categorias:
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1. Restrições permanentes no período de vigência da candidatura, ou seja,
condições de contorno para as linhas de ação que venham a ser adotadas, de modo que o
modus operandi não tenha como objetivo alterá-las, e sim, incorporá-las da melhor maneira
possível, com vistas a atingir o objetivo desejado.
Duas restrições permanentes a serem consideradas nos casos estudados são:
(i) a permanência do aquartelamento nos sítios; e
(ii) os limitados acesso e acessibilidade considerados os sistemas de transporte
urbanos das cidades do Rio de Janeiro e Niterói e a localização e topografia dos sítios em
questão.
2. Restrições variáveis no período de vigência da candidatura, ou seja, diante delas
não se trata apenas de encontrar comportamentos adaptativos, mas sim proativos, de modo
que, promovendo alterações e inovações, novos modus operandi venham a ser viabilizados.
Três restrições variáveis são, na nossa avaliação, aquelas sob as quais deveriam incidir
ações prioritárias para a promoção do êxito da candidatura.
Estes itens são convergentes nas avaliações expressas pelos gestores dos sítios e
demais interlocutores militares diretamente envolvidos com a área cultural do Exército13.
Nesse rol de “linhas de ação prioritárias”, podemos destacar:
(i) a qualificação de pessoal;
(ii) o estabelecimento de parcerias estratégicas; e
(iii) uma revisão do modelo de gestão das visitações nos sítios fortificados.

O planejamento da gestão das visitações nos sítios históricos fortificados sob a guarda
do Exército necessita dar resposta a esses três imperativos. Uma necessidade tanto mais aguda
se considerarmos o contexto da candidatura a patrimônio mundial das oito fortificações (do
total de dezenove) que estão sob sua guarda. Em diversas delas uma observação, ainda que
superficial, pode indicar que as restrições permanentes e variáveis aqui apontadas são
significativas, não apenas para os casos de Santa Cruz e São João.
Tanto as pesquisas desenvolvidas no âmbito do projeto Roteiros dos Fortes, quanto a
visão que orienta o presente estudo na observação dos casos apresentados são apoiadas na
noção de “sítios simbólicos de pertencimento” (ZAOUAL, 2003), em sua dupla dimensão,
material e imaterial e alinham-se a outros estudos produzidos nessa mesma vertente, entre
eles, Santos Junior (2013), Bartholo (no prelo) e Mattos (2018).

Conclusão
Entendemos que a construção da candidatura é um processo de aprendizado e pode ser
uma valiosa oportunidade para o fortalecimento de relações dialogais entre esses sítios
simbólicos e a população brasileira. Sítios simbólicos de pertencimento são importantes para

13
Conforme estudos anteriormente referidos nesse mesmo artigo.
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a organização da cultura, pela relação vinculante que estabelecem entre vida e memória,
vínculo que supera os riscos do esquecimento e do desenraizamento. Assim o processo da
candidatura do Conjunto de Fortificações Brasileiras a Patrimônio Mundial da Humanidade, é
em si valioso, independentemente de seu êxito pragmático, porque camino se hace al andar.

Referências

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Hyperheritage International Seminar, Jenin, 2017 (no prelo).

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FORTES, Hugo Borges. Canhões cruzados: Uma síntese da História da Artilharia de Costa
Brasileira. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 2001.

MATTOS, Flávia Ferreira de. Inovação institucional e patrimônio cultural de origem


militar no Brasil. Tese (Doutorado). PEP/COPPE/UFRJ, 2018.

PEIXOTO, Paulo. A corrida ao status de Patrimônio Mundial e o mercado urbano de lazer e


turismo. Veredas – Revista Científica de Turismo. Ano 01. Nº 1. Julho de 2002.

SANTOS JUNIOR, J. C. Plano de revitalização e uso turístico-cultural das fortificações


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––––––––––. Fuertes y fortalezas de Brasil administradas por el ejército Brasileño: un modelo


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SOTRATTI, Marcelo Antonio. O Turismo e as políticas de preservação do patrimônio


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ZAOUAL, Hassan. (2003). Globalização e Diversidade Cultural. – São Paulo: Cortez, 2003.
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Multimídia

Fortalezas Multimídia: Anhatomirim (CD-ROM). www.fortalezasmultimídias.com.br.

Webdocumentário Nós do Forte. Disponível em http://nosdoforte.net/.

Documentos

ICOFORT.
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referência do patrimônio mundial).

Jornais

(a) O Globo, 30 de outubro de 1969, p. 3.


(b) O Globo, 6 de novembro de 1969, Turismo, p. 8.
O Globo, 23 de novembro de 1978, Turismo e Automóveis, p. 46.
(b) O Globo, 9 de novembro de 2003, Rio, p. 29.
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