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15/11/2021 04:21 Inteligência emocional: uma compreensão bíblica – Diálogo

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Inteligência emocional: uma compreensão bíblica


Neil Nedley
É indispensável dizer a verdade uns aos outros, mas acima de tudo a nós mesmos.
Quando um grupo de voluntários foi submetido a duas noites sem dormir, pesquisadores descobriram que a falta de sono prejudicou a
capacidade dos participantes de tomarem decisões diante de dilemas morais carregados de emoção.1 Talvez a constatação ainda mais
significativa foi de que alguns voluntários alteraram sua visão sobre o que era moralmente aceitável devido à privação do sono, embora
isso nem sempre ocorra dessa forma. No início do estudo, esses voluntários tiveram pontuação alta na avaliação sobre “inteligência
emocional” e não hesitaram em responder sobre o que consideravam ser moralmente adequado.

Você acha que pode enfrentar um dilema moral carregado de emoção? Na verdade, tanto nas Escrituras quanto no mundo ao redor, fica
claro que todos enfrentaremos tais dilemas em um futuro próximo (ver Apocalipse 13:12-17).

O papel da inteligência emocional


A inteligência ou quociente emocional (QE) não está relacionada apenas à tomada de decisões. Estudos mostram que o emprego que
você adquire após o término do curso universitário está relacionado com o quociente intelectual (QI). Mas o desempenho profissional
posterior tem pouca relação com seu QI.2 Nem sequer está relacionado com as suas notas na escola.3 Em vez disso, está relacionado
com seu QE.4 Dessa forma, seu sucesso e felicidade na vida estão mais estreitamente associados com o QE do que com qualquer outra
forma de inteligência.5

Em um grande número de estudos científicos, ficou provado que o aumento do QE serve para prevenir ou tratar depressão, fobias,
transtorno obsessivo compulsivo, estresse pós-traumático, anorexia, bulimia e vícios como o alcoolismo.6,7,8 O programa de 12 passos
utilizado pelos Alcoólicos Anônimos, por exemplo, tem alcançado um sucesso notável, mas é quatro vezes mais bem-sucedido se
combinado com um programa para melhorar a inteligência emocional.

E quanto às pessoas que não têm necessariamente um vício ou uma doença específica? Foi mostrado que o reforço do QE ajuda essas
pessoas a pensar mais claramente e a se comunicar mais eficazmente.9 Ele estimula a união em grupo, reduz declarações polarizadoras
e promove uma vida mais feliz.10

Influências sobre a inteligência emocional


As influências sobre o QE têm sido bem estudadas nos últimos 10 anos. Nossa composição genética tem um pequeno papel a
desempenhar. As experiências da infância – como fomos criados e as situações que vivenciamos – exercem alguma influência.11 O grau
de apoio emocional à disposição também tem sua importância.12 No entanto, esses não são os fatores mais relevantes.

A maior influência sobre o QE está naquilo em que acreditamos.13 Isso acontece porque nossas emoções são em grande parte moldadas
por nossas crenças – avaliações de eventos, a maneira como pensamos sobre os problemas, nosso silêncio (nem sempre tão silencioso!)
falam por si sós. As crenças têm muito mais a ver com a maneira que você se sente do que com aquilo que está realmente acontecendo
em sua vida.

Considere um exemplo da Bíblia. Paulo e Silas foram presos sem um julgamento justo, cruelmente espancados e jogados em um chão de
terra áspera, com os pulsos e pés presos em um tronco (Atos 16:22-24). Vamos encontrá-los chorando e se lamentando? Não, eles
estavam cantando louvores a Deus. Por quê? Porque os seus pensamentos eram mais poderosos do que o que realmente estava
acontecendo em sua vida.

A “psicologia” popular nos diz que se estivermos em uma circunstância como a de Paulo e Silas, só precisamos criar um mundo de
fantasia em nossa mente. Imagine que você está em uma praia no Havaí em vez de estar na prisão. Se tentássemos usar essa técnica, ela
iria funcionar por cerca de um ou dois segundos! A lembrança vívida das circunstâncias levaria a fantasia havaiana ao colapso. Para
Paulo e Silas, o valor duradouro estava nas crenças além da circunstância presente tendo em vista suas prioridades. Esses pensamentos
verdadeiros e corretos eram tão poderosos que eles podiam louvar a Deus.

A conclusão é que a inteligência emocional pode ser aprendida. E uma vez que a inteligência emocional é aprendida em vez de
meramente herdada, ela pode ser desenvolvida. Então, como podemos não só preservar, mas também efetivamente desenvolver a
inteligência emocional? Embora existam muitos princípios que poderíamos explorar,14 vamos ilustrar três, cada um através de um
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O caso de Saul
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Um caso de distorção cognitiva é bem ilustrado pela vida do primeiro rei de Israel. Saul era alto e incrivelmente bonito (1 Samuel 9:1, 2).
Ele também era rico. Apesar de ter essas vantagens aparentes, pensamentos negativos começaram a se desenvolver na mente de Saul.
Esses pensamentos eram distorções grosseiras da realidade. Aparentemente, tais pensamentos eram razoáveis, mas no fundo,
representavam um pensamento distorcido e irracional.

Sabemos de pelo menos três causas da confusão mental de Saul. A primeira causa, e a raiz das outras, foi a distorção cognitiva de
ampliação e minimização. Em outras palavras, Saul ampliava coisas que não eram importantes e minimizava as que eram
verdadeiramente significativas.

Como Saul minimizava a realidade? Quando confrontado com sua culpa, ele repreendia os outros e se justificava. Corrigido pelo profeta
de Deus e questionado por que ele não seguira as instruções divinas, Saul começou a mencionar ocasiões em que havia seguido as
instruções do Senhor (1 Samuel 15:20, 21). Basicamente, Saul queixouse a

Samuel: “Por que você não fala apenas sobre o que fiz de certo? Você está se concentrando em coisas que não fiz direito, o que, aliás,
não foi algo tão grave.” Seu problema foi a minimização de sua culpa. Ellen White escreveu: “Se tiverdes cometido erros, certamente
alcançareis a vitória, ao reconhecerdes estes erros e os considerardes farol de advertência. Assim transformareis a derrota em vitória,
desapontando o inimigo e honrando vosso Redentor.”15

No caso de Saul, encontramos um segundo problema: pensar insistentemente na injustiça contra si próprio. Como resultado de sua
culpa, Saul recebeu uma sentença. No entanto, considerou que o castigo excedeu o crime. Isso aconteceu? Embora Samuel tenha sido o
mensageiro, a sentença foi realmente emitida pelo próprio Deus. Então, era injusta? Na realidade, muitas pessoas que descrevem sua
vida como injusta foram tratadas muito bem.

Tendo em vista isso, devemos reconhecer que ninguém é tratado de modo justo o tempo todo. Assim, quando enfatizamos a injustiça e
alimentamos esse pensamento, ele irá inevitavelmente causar sérios problemas emocionais. Por falar em tolerância à frustração, Ellen
White diz: “Não devemos permitir que nossa paz nos seja roubada. Conquanto sejamos tratados injustamente, não demonstremos raiva.
Alimentando o espírito de represália, prejudicamo-nos a nós mesmos. Destruímos nossa própria confiança em Deus, e entristecemos o
Espírito Santo.”16

O terceiro aspecto do pensamento distorcido de Saul, ligado à ampliação, era uma autoestima excessiva (1 Samuel 15:16-19). Essa
autoestima exagerada foi também a causa da loucura de Nabucodonosor – “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?” (Daniel
4:30) – e da queda de Lúcifer – “Eu exaltarei o meu trono acima das estrelas de Deus” (Isaías 14:13, 14). Nós também podemos chamá-la
de orgulho, uma autoestima inflada, que foi facilmente ferida, no caso de Saul, pelo povo – e especialmente pelas mulheres – com a
manifestação da preferência óbvia por outro líder (1 Samuel 18:6-9).

Compare a atitude de Saul com a de Cristo: “Nunca Se exaltou por aplauso, nem ficou abatido por censuras ou decepções.”17 A primeira
parte do verso é a chave para a segunda. Se não ficamos eufóricos com aplausos, se temos humildade e não praticamos uma ampliação
distorcida de nós mesmos, nunca ficaremos deprimidos pela censura ou decepção.

A Bíblia nos lembra: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si
mesmos” (Filipenses 2:3). “Humildemente” não significa que você tenha um baixo senso de autoestima. Nós reconhecemos que Cristo
teria morrido por apenas uma pessoa. Isso significa que nós temos valor ilimitado. Mas algo ilimitado não é maior do que o próprio
infinito. Quando pensamos que somos mais valiosos do que aquele que está sentado próximo de nós, por quem Cristo também morreu,
cruzamos a linha da arrogância e do orgulho.

Saul passou por uma terapia recomendada para a depressão, e ele se sentiu melhor novamente por um tempo (1 Samuel 16:23). No
entanto, em certo momento, com as três causas ainda ativas – e a terceira causa, o orgulho ferido, tornando-se ainda mais proeminente
–, Saul caiu novamente em um estado de profunda ansiedade e escura depressão. Embora sendo um homem com um potencial
maravilhoso, ele continuou a viver uma vida egoísta, sem confiar em Deus e obedecer-Lhe completamente, sem desistir de seu orgulho
por mais do que poucos dias. Finalmente, sob enorme tensão e com os seus inimigos se aproximando, a triste vida de Saul terminou em
suicídio.

O caso de Salomão
A CNN recentemente fez uma reportagem que dizia: a próxima vez que você estiver decidindo entre sorvete ou bolo, comprar um carro
ou fazer uma viagem à Europa, aceitar um novo emprego ou manter o atual, você deve se lembrar de duas coisas. Primeira, a sua
decisão está enraizada no desejo de tornar-se feliz, ou pelo menos mais feliz do que você está agora. Segunda, há uma boa chance de a
decisão que você tomou estar incorreta.18

Isso nos leva à segunda distorção cognitiva: raciocínio emocional. O raciocínio emocional pode ser expressado assim: “Sinto-me como
um fracasso, portanto, sou um fracasso. Sinto-me oprimido e impotente, assim os meus problemas são impossíveis de resolver. Sinto
que estou no topo do mundo, por isso sou invencível. Estou com raiva de você, e isso prova que você foi cruel e insensível comigo.” Uma
das razões pelas quais as pessoas entram em um ciclo vicioso é devido a essa espécie de raciocínio baseado em emoções.

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A depressão é uma epidemia em nossa sociedade.19,20 Como Salomão, tendemos a pensar que quanto mais coisas divertidas temos e
fazemos, menos depressão iremos sentir. O sábio escreveu: “Eu disse a mim mesmo: Venha. Experimente a alegria... Não me neguei
nada que os meus olhos desejaram; não me recusei a dar prazer algum ao meu coração” (Eclesiastes 2:1, 10). Se coisas prazerosas
pudessem prevenir ou tratar a depressão, deveríamos ver níveis mais baixos de depressão. Mas isso não tem acontecido.

A maioria das “coisas divertidas” das quais as pessoas participam pode liberar níveis de dopamina em nosso cérebro, criando uma
sensação de prazer. Também pode em seguida desencadear uma queda dessa substância, muito abaixo do nível normal. Além disso,
quanto mais praticamos essas coisas, menos efeitos elas fazem. Logo, quando fazemos escolhas viciantes, elas nem mesmo nos mantêm
estáveis. Nos períodos de abstinência, sentimos uma profunda e esmagadora sensação de tristeza.

Salomão, por exemplo, se envolveu em uma vida de extremo prazer. Inicialmente, o prazer liberava altos níveis de dopamina, mas com a
repetição desse ciclo, ele disse: “Pelo que aborreci esta vida... tudo é vaidade e aflição de espírito. Pelo que eu me apliquei a fazer que o
meu coração perdesse a esperança” (Eclesiastes 2:17, 20). Estudos randomizados e controlados mostram que após uma exposição à
pornografia por seis semanas, tanto homens quanto mulheres se sentem menos atraídos pelo seu parceiro, se eles têm algum. Tornam-
se mais egocêntricos e demonstram menos empatia com outros a seu redor.21 Dessa forma, começam a viver de maneira autocentrada
e tendem a se desligar emocionalmente.

Ellen White afirma: “Muitos invejavam a popularidade e a imensa glória de Salomão, pensando que ele era o mais feliz de todos os
homens.”22 Ele tinha o mais alto poder, riqueza, mulheres, fama e posses. Seus contemporâneos talvez pensassem que ele era
realmente o mais feliz de todos os homens. Mas Ellen White escreveu: “Apesar de todo seu esplendor, ele se atormentava com
pensamentos de sofrimento e angústia ao rever sua vida desperdiçada em busca da felicidade por meio da satisfação e gratificação
egoísta dos desejos.” Por sua própria amarga experiência, Salomão conheceu o vazio de uma vida que busca nas coisas terrenas seu
mais alto bem. Pensamentos sombrios e importunos pertubavam-no dia e noite. Para ele, não havia mais qualquer alegria na vida ou
paz mental, e o futuro se mostrava sombrio e desesperador.”23

Uma das características mais significativas de todos os indivíduos realmente deprimidos, não importa qual a causa subjacente, é a
diminuição significativa do fluxo sanguíneo e da atividade do lobo frontal do cérebro.24,25 Quando vamos contra a nossa consciência, a
função do lóbulo frontal diminui. Se fizermos isso repetidamente, o declínio torna-se dramático. Salomão chegou nessa situação.

O homem mais sábio da Terra se tornou o mais deprimido. Ele sentiu que não tinha nada a esperar do futuro, que tudo era vaidade e
aflição. Mas, em sua profunda depressão, depois de um profeta haver lhe dado conselhos, Salomão transformou sua vida. Se a vida
disperdiçada de Salomão pode ser redirecionada, há esperança para cada um de nós. Podemos seguir o caminho de recuperação de
Salomão – ouvir as palavras do profeta, mudar nosso estilo de vida e alterar a maneira como nos sentimos de maneira autêntica e eficaz.

Tiago escreveu: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: Estou sendo tentado por Deus. Pois Deus não pode ser tentado pelo
mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido” (Tiago 1:13, 14). O
problema é que os sentimentos podem mentir! Quando experimentamos sentimentos, precisamos elevá-los à consciência, e avaliar se
eles são baseados em fatos ou em distorções.

O mundo oferece uma maneira falsa de alterar as nossas sensações – através do jogo, pornografia, álcool, drogas ou mesmo por meio
da compulsão por chocolate. O problema é que nunca nos cansamos do que não precisamos. Há coisas que fazemos por necessidade, e
que podemos ter o suficiente – podemos obter vitamina D suficiente, podemos comer a quantidade de brócolis suficiente, podemos ter
o sono necessário, podemos praticar exercício físico suficiente. Mas nunca nos cansamos do que não precisamos, porque aquilo que nós
não precisamos nunca nos satisfaz! Nossas escolhas de vida devem ser feitas com base no que é verdadeiro e em harmonia com o plano
de Deus para nossa vida.

O caso de Elias
O último exemplo é o mais curto deles. “E entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e
orou, pedindo a morte: ‘Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor que os meus antepassados!’” (1 Reis 19:4). Elias
possuía um senso de orgulho inflado, como Saul? Não, Elias era um homem humilde. Elias estava, como Salomão, envolvido em um
estilo de vida autoindulgente para tentar obter a felicidade? Não, Elias viveu uma vida simples. No entanto, Elias sofria de uma depressão
profunda.

Tais experiências demonstram que quando estamos tendo problemas emocionais, precisamos encontrar a causa exata, já que não é a
mesma para todos. Aqui está Elias, um homem que sempre tinha seguido a vontade de Deus. Ele havia acabado de experimentar a
intervenção miraculosa de Deus no Monte Carmelo. No entanto, dentro de um dia, alguém lhe informou que ele estava prestes a perder
a vida, e Elias entrou em pânico. Elias tinha razão para temer Jezabel? Sim, porque ela havia matado todos os outros profetas do Senhor!
Mas em vez de esperar em Deus, Elias se virou e correu. Trinta dias depois, Elias estava tão deprimido que desejava morrer.

Deus precisou colocar Elias em um programa de recuperação da depressão. Como muitas pessoas deprimidas, Elias queria ficar no
escuro, na caverna. Deus teve que enviar um terremoto e um redemoinho para levá-lo para fora da caverna e para a luz. Depois de todas
essas coisas, no entanto, Deus Se voltou para o que era mais importante na recuperação de Elias. Deus falou e usou terapia cognitivo-
comportamental para corrigir os pensamentos distorcidos de Elias.

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A distorção de Elias era a supergeneralização – generalizar a partir de casos muito pequenos. É aceitar a hipótese como fato, em vez de
meramente uma hipótese. As pessoas de QI alto têm uma tendência a fazer isso. Porque elas são capazes de generalizar facilmente, elas
têm uma tendência de fazer generalizações exageradas. Qual foi a supergeneralização de Elias? “Sou o único que não dobrou os joelhos
a Baal.” O Senhor o deixou pensar assim naquele momento. Mas, em seguida, Elias repetiu a frase, e o Senhor não pôde deixar que
continuasse por mais tempo nessa generalização autodestrutiva. “Elias”, disse Deus, “existem 7.000 pessoas que não se dobraram à
Baal.” O que Elias deveria ter dito era: “Senhor, sou o único que eu conheço”, mas disse que existia apenas ele.

Para ajudar a superar a depressão de Elias, Deus deu-lhe um conjunto de tarefas específicas para fazer – nenhuma das quais, por sinal,
eram atividades que Elias realmente queria fazer (1 Reis 19:15, 16). Mas ele fez o que o Senhor lhe pedira para fazer. Elias se recuperou?
Não só se recuperou, mas também foi trasladado para o Céu sem ver a morte (2 Reis 2:11).

Ser livre
O salmista diz: “Senhor, quem habitará no Teu santuário? Quem poderá habitar no Teu santo monte?” (Salmo 15:1). Basicamente, Davi
está fazendo a pergunta: “Quem afinal será bemsucedido na vida?” A resposta é dada: “Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o
que é justo, que de coração fala a verdade” (Salmo 15:2). A terceira parte do verso se reveste de particular interesse.

Os Dez Mandamentos nos orientam a dizer a verdade uns aos outros. Aqueles que finalmente são bem-

sucedidos, no entanto, não só dizem a verdade uns aos outros, mas dizem a verdade a si mesmos. Não é o que realmente temos de
fazer para conseguirmos dizer aos outros a verdade? Para falar a verdade aos outros, precisamos primeiro ter pensamentos sobre nós
mesmos que sejam corretos e verdadeiros.

Ellen White afirma: “Até vossos pensamentos devem ser trazidos em sujeição à vontade de Deus, e vossos sentimentos sob o domínio da
razão e da religião. Vossa imaginação não vos foi dada para que se lhe permitisse correr desenfreada a seu bel-prazer, sem nenhum
esforço para restringi-la ou discipliná-la. Se os pensamentos forem maus, maus serão também os sentimentos, e os pensamentos e os
sentimentos combinados constituem o caráter moral.”26 Sempre que há uma falha moral, ela começa com um pensamento distorcido.
Davi, em seu Salmo de arrependimento, escreveu: “Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria” (Salmo
51:6).

Quando Davi cometeu aquele terrível ato com Bate-Seba (2 Samuel 11:2), em vez de lembrar-se do que era verdadeiro e certo e de se
afastar do pecado, ele prosseguiu pelo caminho estimulante. Ele incorreu em racionalização, ampliação, supergeneralização e, talvez,
tenha apresentado autoestima excessiva, acreditando que ele, como rei, estava acima da lei. Dessa forma, agiu a partir dessas
distorções. Todo pecado cometido começou com a distorção de um pensamento.

Mas a boa notícia é que somos positivamente transformados ao reconstruirmos o nosso pensamento. Paulo diz: “Transformem-se pela
renovação da sua mente” (Romanos 12:2). Não só temos de reconhecer pensamentos distorcidos, mas temos de corrigi-los e substituí-
los por pensamentos verdadeiros e corretos – pensamentos que encontrem a sua fonte em Deus.

Como, então, a inteligência emocional pode ser protegida e melhorada? Ao evitarmos distorções cognitivas – ampliação, racionalização,
supergeneralização, entre outras.27 Precisamos ocupar nossa mente com pensamentos corretos e verdadeiros derivados de uma
compreensão do plano de Deus para nossa vida. Acontecerá, então, o que Cristo disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará” (João 8:32).

Neil Nedley, M.D., é presidente do Weimar Center of Health and Education, próximo de Sacramento, Califórnia. Ele é autor de muitos livros,
incluindo Depression – The Way Out, Proof Positive: How to Reliably Combat Disease e Achieve Optimal Health through Nutrition and
Lifestyle. O título de seu último livro é The Lost Art of Thinking. Seu website: drnedley.com.

Citação Recomendada
Neil Nedley, "Inteligência emocional: uma compreensão bíblica," Diálogo 23:2 (2011): 5-9

REFERÊNCIAS
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2. AYDIN, Mehmet Devrim; LEBLEBICI, Dogan Nadi; ARSIAN, Mahmut; KILIC, Mustafa; OKTEM, Mustafa Kemal. In: “The impact of IQ and EQ on pre-
eminent achievement in organizations: implications for the hiring decisions of HRM specialists.” In: The International Journal of Human Resource
Management 16.5 (mai. 2005): 701-719.
3. Ibid.
4. Ibid.
5. GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 370 p.
6. ITO, L.M.; ROSO, M.C.; TIWARI, S.; KENDALL, P.C.; ASBAHR, F.R. “Terapia cognitivo-comportamental da fobia social” In: Revista Brasileira de
Psiquiatria, v.30, supl. 2, São Paulo, out. 2008.
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Journal of Consulting and Clinical Psychology 61 (1993): 611-619.
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depression” In: American Journal of Psychiatry 161 (2004): 1872-1876.
9. GOLEMAN, p. 161-163.
10. Ibid.
11. HOOVEN, C.; KATZ, L.; GOTTMAN, J. “The family as a meta-emotion culture”. In: Cognition and Emotion 9 (1994): 229-264.
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12. FREEMAN, P.; REES, T. “How does perceived support lead to better performance? An examination of potential mechanisms” In: Journal of Applied
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13. BURNS D.D. Feeling good: the new mood therapy. New York: Avon, 1999. xix., 12.
14. NEDLEY, Neil. The lost art of thinking: how to improve emotional intelligence and achieve peak mental performance. Ardmore, Oklahoma: Nedley,
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15. WHITE, Ellen G. Parábolas de Jesus. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 332. [CD-ROM]
16. Ibid., p. 172.
17. WHITE, Ellen G. O Desejado de todas as nações. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p. 330. [CD-ROM]
18. CNN, David Martin. “The Truth about Happiness May Surprise You – CNN.” Featured Articles from CNN. 10 Nov. 2006. Disponível em:
http://edition.cnn.com/2006/HEALTH/conditions/11/10/happiness.overview/index.html.
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26. WHITE, Ellen G. White. Mensagem aos jovens. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001. p.92. [CD-ROM]
27. NEDLEY.

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