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1.2. Ação Penal Privada: para que um crime seja processado por meio de
ação penal privada é necessário que haja previsão legal no CP ou em outras leis
penais especiais. A titularidade do exercício da ação penal privada é do ofendido
ou de ser representante legal, caso o ofendido seja menor ou doente mental (art.
30 do CPP). Se não tiver representante legal, a ação penal privada poderá ser
exercida por curador especial nomeado pelo juiz (art. 33 do CPP). O exercício da
ação penal privada é feito por meio do oferecimento da queixa ou queixa-crime
(art. 100, §2º, do CP). O ajuizamento da queixa é feita obrigatoriamente por meio
de advogado, com poderes especiais (art. 44 do CPP). No caso de morte ou
ausência do ofendido, a ação penal privada poderá ser exercida pelo seu cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP). A ação penal privada também
tem prazo decadencial de 6 meses para ser exercida, contados do conhecimento
da autoria do crime. Se ela não for exercida nesse prazo, extingue-se a
punibilidade do crime (art. 38 do CPP). Mesmo sendo de titularidade do ofendido,
o MP participa obrigatoriamente da tramitação do processo na ação penal privada
como fiscal da lei (art. 45 do CPP). Na ação penal privada, o ofendido é chamado
de querelante, e o acusado é chamado de querelado.
a) Espécieis:
-> exclusiva (propriamente dita): é a regra geral nos casos de ação
penal privada. Exemplos: crimes contra a honra (art. 145 do CP); crime de dano
(art. 167 do CP); e violação de direito autoral (art. 186 do CP).
-> personalíssima: é uma exceção, porque nesse caso a ação penal só
poderá ser exercida pessoalmente pelo ofendido, não podendo ser exercida pelo
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, mesmo no caso de morte ou ausência
do ofendido. Atualmente só existe um caso de ação penal privada personalíssima,
que é o art. 236 do CP.
-> subsidiária: é uma ação penal privada ajuizada pelo ofendido nos
casos em que, sendo o crime inicialmente de ação penal pública, o MP perder o
prazo para exercer a ação penal (art. 29 do CPP). É um caso de legitimidade
concorrente, formando-se um litisconsórcio ativo necessário entre o ofendido
e o MP. Por isso, o MP não perde a sua legitimidade. O ofendido tem o prazo
decadencial de 06 meses para exercer a ação penal privada subsidiária, contados
a partir do fim do prazo para o MP oferecer a denúncia. Esse prazo decadencial
não gera a extinção da punibilidade do crime. Assim, caso o ofendido perca esse
prazo, não poderá mais exercer a ação penal privada subsidiária, mas o MP ainda
poderá exercer a ação penal pública contra o acusado enquanto o crime não estiver
prescrito. Como o MP não perde a titularidade da ação penal, se o ofendido ajuizar
a queixa subsidiária, surge para o MP as seguintes possibilidades: 1) aditar a
queixa para incluir outros fatos ou outros acusados pelo mesmo crime; 2) repudiar
a queixa, se esta for inepta ou contiver algum vício processual, e oferecer denúncia
substitutiva; 3) requerer a produção de provas e interpor qualquer recurso cabível
durante o processo; 4) retomar a titularidade como parte principal e dar
seguimento na ação penal em caso de desistência ou abandono do ofendido.
Obs.: Não cabe ação penal privada subsidiária se o MP se manifestar
pelo arquivamento do inquérito dentro do prazo para o oferecimento da denúncia.