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DEFINIÇÕES
“Uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a
outra se apresenta como fonte de informação” (Gil, 1999).
Um breve Histórico
Nos anos cinqüenta, Deutsch e Murphy apresentaram sua técnica denominada Análise
Associativa que considerava importante registrar não somente o que o paciente dizia, mas,
também, em fornecer informações sobre o mesmo. Desse modo, desviou-se o foco sobre
o comportamento psicopatológico para o comportamento dinâmico. Ainda nesta década,
Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno sociológico, uma díade de interferência
mútua.
A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é, com um ou mais
entrevistadores e/ou entrevistados. No entanto, esse instrumento é sempre em função da
sua dinâmica, um fenômeno de grupo, mesmo que seja com a participação de um
entrevistado e de um entrevistador.
Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em saúde mental, pode-se classificar
a entrevista quanto aos seguintes objetivos:
Essa seqüência pode ser subdividida em: entrevista inicial; entrevistas subseqüentes e
entrevista de devolução, caracterizadas de forma diferente, e mostrando objetivos distintos
conforme o momento em que elas ocorram (GOLDER, 2000).
a) Entrevista Inicial
b) Entrevistas Subseqüentes
Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre a pessoa do
paciente, esclarecimentos sobre os motivos da procura, e realização do contrato de
trabalho de psicodiagnóstico, via de regra são necessários mais alguns encontros. O
objetivo das entrevistas subseqüentes é a obtenção de mais dados com riqueza de
detalhes sobre a história do entrevistado, tais como: fases do seu desenvolvimento,
escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais e outros.
VI - TIPOS DE ENTREVISTA
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classificadas em: informal, focalizada, por
pautas e estruturada.
O processo de entrevista é orientado por seu referencial teórico. Aqui serão vistas, em
síntese, algumas das perspectivas:
- O entrevistador deve ter o cuidado para não transformar a entrevista numa conversa
social. “Como posso ajudá-lo?”, é uma boa maneira de se iniciar uma entrevista;
- O entrevistador não deve completar as frases do entrevistado. Devem-se evitar
perguntas que induzam respostas do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o fluxo do
pensamento do entrevistado, a não ser que ele se perca em idéias que fogem dos tópicos
da entrevista;
- A atitude do entrevistador deve ser de aceitação completa das vivências do entrevistado.
Não deve haver discussão de pontos de vista;
- As pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos para o entrevistador. Nesses
momentos, possivelmente, o entrevistado está revivendo experiências que não consegue
expressar verbalmente. Quando as pausas forem longas, o entrevistador poderá retomar
um tópico anterior que estava sendo discutido;
- O tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevistado será comunicado de quanto
tempo dispõe. Se necessário, marca-se outra (s) entrevista (s). Deve-se limitar o número
de assuntos em cada sessão para não confundir o entrevistado;
- É necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de expressões2 mais vagas, tais
como: “parece que ...”; “parece melhor ...”; etc.;
- Recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em cada final de entrevista. E que o
entrevistador faça uma síntese para o entrevistado do que foi abordado na sessão;
- O término da entrevista não deve transformar-se numa conversa social, sem nenhuma
relação com os problemas discutidos. Isto pode prejudicar o resultado da entrevista.
- Adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você ...”;
- Empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e colocar a pergunta
sem rodeios de modo a que eles tenham dificuldade em mentir;
- Adotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos forneçam a informação
desejada sem terem consciência disso, a exemplo das técnicas projetivas;
- Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do questionário ou da entrevista de
modo a que as respostas não sofram qualquer conseqüência desse efeito.
IX – DINÂMICA DA ENTREVISTA
O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem sua história
de vida. Não deve permitir em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem
entrar em relação comercial, de amizade ou de qualquer outro benefício que não seja o
pagamento dos seus honorários. Para Gilliéron (1996), a investigação repousará:
Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à tona aspectos relevantes das
suas dificuldades. A linguagem que é um meio de transmitir informação, mas poderá ser
também uma maneira poderosa de se evitar uma verdadeira comunicação (BLEGER,
1980). Nem sempre, uma carga emocional intensa significa uma evolução no processo. O
silêncio é uma expressão não-verbal que muitas vezes comunica bem mais que as
palavras. O silêncio é, geralmente, o fantasma do entrevistador iniciante. Ele pode ser
também uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o sujeito não consegue
enfrentar. Castilho (1995) cita uma série de tipos de silêncio que são comuns nas
dinâmicas de grupo, mas que também ocorrem, com bastante freqüência, no processo de
entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados alguns tipos de silêncio:
Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador deve reunir duas qualidades: saber
observar (não desviar nada, não esgotar nada); saber buscar (algo de preciso, ter a cada
instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar) (grifo do
autor). Douglas (apud FODDY, 2002) corrobora com essa idéia quando afirma que
entrevistar criativamente é ter determinação atendendo ao contexto, em vez de negar, ou
não conseguir compreender. O que se passa numa situação de entrevista é determinado
pelo processo de perguntas e respostas, a entrevista criativa agarra o imediato, a situação
concreta, tenta perceber de que modo esta afetação vai sendo comunicada e, ao
compreender esses efeitos, modifica a recepção do entrevistador, aumentando, assim, a
descoberta das verdades3.
9.2) Transferência e Contratransferência
a) Transferência
b) Contratransferência
X – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no trabalho
do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que
fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiências que são adquiridas
emrollyplays através de estágio, supervisão; laboratório ou oficinas de sensibilidade. É
preciso desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, saber lidar
com a própria subjetividade e com a subjetividade do outro (entrevistando), facilitando
assim que seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se descortine. O entrevistador
precisa adquirir à habilidade da “dissociação instrumental”, e ser capaz de adentrar esse
universo, sem juízo de valor, sem preconceito, para que assim possa estar com o Outro,
conhecer, não temer, se perder e se achar e, finalmente, voltar à realidade do contexto. E
agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e
considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da neutralidade sempre
deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum
instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência sobre a pessoa do entrevistado, que
é mais importante e assim deve ser respeitado. O que não significa ser “meloso”, por
demais solicito, muito menos autoritário. O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever
na virtualidade da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa
na figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder
sua essência humana. Nesse investida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e
que faça de rotineiras as reflexões sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem
como de que tenha também flexibilidade em reformulá-los, quando a necessidade aponte.
Muito do trabalho do psicólogo certamente vem em conseqüência do auto “mergulho” que
lhe dará a base na qual se apóiam à sua atuação e intervenção com toda transparência.