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Reflexões Iniciais
Em princípio, é preciso considerar que sua identificação e
conseqüente e simultânea legitimação na esfera social, estão associadas à
prestação de serviços de assistência, em relação à qual existe uma demanda
concreta no nível das instituições públicas e privadas. 1 Ao mesmo tempo, é
importante frisar que esse trabalhador é caracterizado, no processo social de
trabalho, numa dada totalidade social, enquanto inserido na produção de serviços
sociais, logo ocupando uma função na divisão sociotécnica do trabalho, em
relação à qual sua valorização é atribuída. Nesta função, desenvolve atividades
específicas circunscritas numa determinada instituição social: é um indivíduo
ativo, produtivo, relacionado e engajado num processo de produção de serviços
através de seu trabalho. Assim sendo, sua atividade permite-lhe objetivar-se, ao
mesmo tempo que lhe é estruturante, vez que este processo polariza não apenas
seu intelecto e suas energias físicas, mas o contempla em suas múltiplas
dimensões, possibilitando-lhe expressar-se e se circunscrever. Trata-se, portanto,
de uma atividade que envolve o homem na produção de si, no mesmo movimento
da produção social e simbólica, numa relação de unidade e luta com a natureza,
em cujo embate ele a transforma e é por ela transformado. O que caracteriza o
homem nesse processo de construção, é que, a um só tempo, ele é individual e
social. E é nessa articulação que tal construção adquire sentido, pois é nessa
relação que se faz a transformação no domínio de tudo que o cerca.
Na perspectiva assumida neste trabalho, a natureza e o fazer do
homem sintetizam uma relação que se expressa numa transformação contínua
daquele que se faz homem. Não são grandes transformações; são sutis e geram
novas lutas, novas sínteses, sempre provisórias e potencialmente transformáveis.
Nesse processo, tem-se a humanização do homem frente ao outro, e a
construção da sociedade à qual ele se articula constitutivamente. A atividade
humana, como trabalho, constitui-se no espaço através do qual, seja no processo
de humanização, seja na construção da sociedade, apresenta-se como um
elemento constitutivo do ser social. O trabalho, enquanto atividade humana
mediatizada pela linguagem e pelo ato de se pôr consciente na relação com o
outro, é condição fundamental para sua existência como homem.
Pensar a prática do Serviço Social como trabalho( Iamammoto,
1982), significa entender que o trabalho do assistente social, concretiza-se a partir
de sua inserção nos processos de trabalho das instituições, e o assistente social
como trabalhador assalariado. Estes processos potencializam e se articulam, num
dinamismo complexo, a matéria-prima ou o objeto sobre o qual recai a ação
daqueles que a instituição engaja, os meios e instrumentos tecnicos-operativos e
elementos éticos-políticos que norteiam e viabilizam esta ação, e o trabalho,
propriamente dito dos profissionais envolvidos que realizam um trabalho de forma
cooperativa e combinada, tendo em vista uma ação transformadora. A
consideração da prática do assistente social como trabalho nesta perspectiva
conduz, sobretudo, a se pensar as condições reais e objetivas de trabalho, os
limites e possibilidades do trabalho profissional, as condições de assalariamento
do profissional que vende sua força de trabalho que tem valor de uso em troca do
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