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Medo/Coação moral

1 – Vício da vontade – existem os 3 estádios da vontade: de ação, de declaração e


funcional/negocial. Qual o problema? A vontade está viciada, porque a liberdade do
declarante está condicionada.

2 – Medo - Intervenção de um fator na formação da vontade (previsão de certo mal) que


determina o declarante a querer algo que de outro modo não quereria. Quem age por medo,
quer a conduta adotada (vontade de ação), mas não a quereria se não fosse o receio de tal mal
se concretizar.

3 – Coação moral é diferente de coação física, porque na coação moral temos opção, mesmo
que desfavorável e na coação física não há vontade de ação. Na coação moral, os meios
podem ser físicos, desde que levem à celebração de um negócio que, se não fosse pelo medo,
não aconteceria.

4 – Coação moral – causa do medo – art. 255º + 256º - violência ou ameaça ilícita de um mal
com o fim de obter uma declaração. Tem 3 elementos + dupla causalidade:

● Ameaça de um mal – a conduta do coator consiste em desencadear ou manter o mal


já iniciado. O mal pode respeitar à pessoa do coagido, à sua honra ou ao património, ou do
terceiro (255º n2). A pessoa do 3º costuma ser alguém próximo do coagido, senão a ameaça
não terá grande efeito (CF). A ameaça do mal pode vir do declaratário ou de 3º - 256º n2 no
caso de 3º.

● Ilicitude da ameaça – 255º n1 e n3º. Há ameaça ilícita quando há exercício anormal


de um direito, ou seja, abuso de direito – 334º. Pode respeitar aos meios usados pelo coator,
como aos fins por ele tidos em vista.

● Intencionalidade da ameaça – a ameaça tem de ter a intenção de conseguir a


declaração com a ameaça, havendo dolo – 255º n1 parte final. Falta este elemento se o
coagido emitir outra declaração que não aquela a que a ameaça se dirija.

● Dupla causalidade – o declarante é ilicitamente ameaçado, sendo que essa ameaça


causa o receio de um mal e, por sua vez, esse receio está na causa da declaração. Com este
requisito, a declaração negocial do coagido é anulável – art. 256º + 496º - anulável um ano
até à cessação do vício que lhe serve de fundamento.

5 – Distinguir se a coação vem do declaratário ou de terceiro:


● Do declaratário – se há dupla causalidade, então – 256º a contrario sensu.

● Do terceiro – o mal deve ser grave e justificado o receio da sua consumação – art.
256º. Gera responsabilidade civil para os anos sofridos pelo declarante, como pelo declaratário
que não seja cúmplice na coação.

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