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O crescimento econômico é algo buscado por quase todos os países do mundo.

Para
que esse intento seja concretizado é imprescindível uma força de trabalho altamente
qualificada; diversas nações para se manterem competitivas no concorrido mercado global
estão optando por uma educação técnica voltada ao mercado de trabalho em detrimento de
uma educação mais humanista. A curto prazo essa estratégia pode incrementar um pouco a
riqueza de uma nação, entretanto esse não é um caminho sustentável a médio e longo prazo:
uma democracia não funciona de maneira adequada com uma população sem consciência
política e sem empatia pelo próximo. Além da degradação do ambiente democrático uma
educação que exclui as ciências humanas e as artes não será capaz de preparar as pessoas para
o mercado de trabalho do futuro aonde as capacidades técnicas perderão relevância para
habilidades como a flexibilidade, inteligência emocional e o pensamento crítico; uma instituição
de ensino que não disponibilizar em seu currículo as disciplinas de humanidades e artes não
obterá êxito nesse novo cenário.

O estouro da bolha imobiliária americana em 2008 desencadeou uma crise econômica


sem precedentes que atingiu inúmeros paises e virou um objeto de estudo de inúmeros
pesquisadores e universidades. Apesar da gravidade desse acontecimento essa drama foi
superado com razoável sucesso pelo planeta inteiro. Uma crise mais aguda e profunda que
mergulha varias regiões do mundo à muito tempo e que não vem tendo a devida atenção é a
decadência de forma avassaladora da educação humanista. A retirada das artes e humanidades
dos currículos escolares e universitários é encarada praticamente sem nenhum repúdio e
indignação pela sociedade: várias pessoas vê essas disciplinas como desimportante e sem
nenhuma utilidade para seus projetos de vida. Essa visão mecanicista que privilegia o lucro e o
sucesso profissional a qualquer custo chega ao absurdo de ver as ciências humanas como um
obstáculo ao progresso e ao desenvolvimento econômico. Essa percepção é percebida quando
os pais desestimula e até ridiculariza dos filhos que escolhem cursar disciplinas como filosofia e
sociologia,até a carreira artista é vista de maneira depreciativa.

A preponderância dessa visão é preocupante porque apesar de serem vistos como


supérfluas é até como um desperdício de tempo as ciências humanas e as artes são
fundamentais para construir uma sociedade mais justa e igualitária. A criança nasce como um
ser dependente que necessita constantemente do cuidado dos pais para não ficarem
desamparadas; essa dependência e impotência levam as crianças a desenvolverem uma postura
narcisista ao perceberem os pais como escravos que tem de satisfazer suas necessidades. O
processo de socialização pode reforçar essa postura nas crianças quandos elas recebem uma
educação afirmando que são superiores as outras pessoas. Esse sentimento de superioridade é
uma forma da criança de esconder suas fraquezas e culpar o outro por suas frustrações e
infortúnios. Para que isso não ocorra e as crianças cresçam de forma saudável superando a
impotência e percebendo que é uma criatura autônoma e que precisa dos outros indivíduos
para sobreviver é imprescindível que criança se coloque no lugar do próximo para desenvolver
a empatia e questionar as inúmeras situações de injustiça no mundo. Para alcançar esses
objetivos são de crucial a importância um ensino lúdico e com pensamento crítico que somente
as ciências humanas e as artes são capazes de proporcionar.

Um ensino que não têm as disciplinas de humanidades e artes formará pessoas que não
se sensibilizararão com situação do próximo e também não terão nelhuma capacidade para
questionar as inúmeras injustiças do mundo. Indivíduos que não possui pensamento crítico é
um contingente facilmente manipulável e sujeito a aceitar qualquer tipo de decisão arbitrária,
mesmo se esta medida for contra os seus próprios interesses. A pressão de inúmeros grupos e
governos para suprimir as artes e ciências sociais dos currículos educacionais não passa de uma
estratégia para manter convenções e estruturas sociais injustas , sem a reflexão e o raciocínio
crítico obtido por intermédio dessas disciplinas poucos indivíduos questionarão o poder vigente
e a maioria aceitará de forma pacífica as leis impostas pelos detentores do poder.

As váriaos direitos obtidos pelos grupos sociais oprimidos só foi possível porque teve
indivíduos que se revoltaram contra o poder estabelecidos; os trabalhadores so conseguiram
seus direitos porque organizaram prostestos e greves, essa conquista so foi possível devido a
consciência que são explorados pelos capitalistas.As ciências humanas são essencial para
desenvolver o pensamento crítico nas pessoas, essa capacidade permite o indivíduo questionar
a sua situação na sociedade e a partir disso lutar para que ela melhore. Uma sociedade formada
por uma educação humanista é mais solidária e não tolera qualquer forma de injustiça e
exploração.

Apesar dos inúmeros benefícios que as artes e as humanidades traz para a sociedade a
tendência de excluir essas disciplinas dos currículos educacionais encontram eco em
praticamente todos os paises do mundo. O argumento utilizado para justificar esse absurdo é
que essas disciplinas são supérfluas e o seu sistema educacional devem concentrar os seus
recursos escassos em disciplinas e componentes curriculares que dão retorno econômico. Essa
escolha proporciona ganhos econômicos a um pais, mas a longo prazo uma sociedade focada
exclusivamente com o crescimento econômico sem se preocupar com as contradições e
desigualdades que a formam podem se desestabilizar.

Para os modelos tradicionais de desenvolvimento a China é um exemplo de pais que


conseguiu se desenvolver de forma rápida e o Brasil é um pais fracassado que não conseguiu
atigir uma renda per capta elevada. O crescimento econômico da China foi obito pela exploração
da forca de trabalho aonde as empresas transnacionais que instalaram no pais pagava uma
quantia irrisória para o trabalhador. Alem de ser um processo excludente que beneficiou uma
minoria em detrimento da maioria o desenvolvimento chinês acarretou uma destruição da
natureza e do meio ambiente como nunca visto antes na história do planeta. Apesar de ter
melhorado as condições de vida de muitos chineses o rápido desenvolvimento vem acarretando
inúmeras divisões na sociedade chinesa aonde uma pequena elite e classe média tem um padrão
de vida razoável e a maioria da população ainda continua miserável sem se beneficiar das
benesses do rápido crescimento econômico do pais.

O Brasil assim como a China também experimentou uma fase de crescimento econômico
elevado durante a ditadura militar. Na década de 1970 o pais cresciam de forma muito rápida,
mas esse crescimento beneficiou apenas as camadas mais abastadas da sociedade. As pessoas
pobres alem de não se beneficiarem tiveram seus ganhos diminuídos pela política de arrocho
salarial do regime. Porém o principal dano que o regime militar fez foi a supressão das direitos
políticos dos indivíduos, aonde qualquer pessoa que era contra o governo era preso e torturado.
Apesar denao crescer de forma avassaladora como acontecia na epoca da ditadura o Brasil
durante a democracia estendeu direitos sociais e conseguiu diminuir um pouco a desigualdade,
mas atualmente essas parcas conquistas estão ameaçadas devido a degradação do ambiente
democrático do pais

Umas das questões mais importantes da atualidade é a crise da democracia, esse flagelo
ocorrem na maioria dos paises do mundo. Não é mais incomum lideres autocráticos e
autoritários vencerem eleições, o exemplo que melhor retrata essa tendência é chegada de
Donald Trump a presidência da democracia mais estável e consolidada do planeta. Essa
decadência do regime democrático não é por acasso, é um processo ocassionado pela
ampliação das desigualdades sociais que vem crescendo de forma avassaladora nas últimas. O
aumento do fosso econômico entre as pessoas corroi o tecido social e deixa as pessoas mais
suscetíveis a propostas populistas e demagógicas. Uma educação humanista podem evitar esse
cenário ao propiciar o desenvolvimento do pensamento crítico e da empatia pelo próximo, a
exclusão dessas disciplinas do currículo escolar formará indivíduos que não conseguirão fazer
uma análise correta da situação e essa deficiência será uma aliada de lideres autocráticos.

Além da degradação do ambiente democrático a retirada das humanidades e artes da


educação podem ser também uma decisão catastrófica no âmbito econômico. Com a
progressiva e irreversível tedendencia de automatização da produção econômica as habilidades
técnicas terão uma mportância menor com o advento da quarta revolução industrial. A
substituição de funções mecânicas e repetitivas por robôs e pela inteligência artificial eliminará
diversos empregos que demandam uma formação técnica, é praticamente impossível e sem
nelhum sentido o ser humano competir com a máquina porque ela é mais produtiva e eficiente.
A substituição dos homens pelas máquinas não será uma catástrofe como muitos analistas
prevêem, inúmeras empregos serão eliminados, mas outros serão criados principalmente nas
áreas que exigem habilidades humanas como a empatia, colaboração, o pensamento crítico e a
inteligência emocional.

O trabalho do futuro será mais humano e exigirão profissionais mais flexíveis que se
adaptam com facilidade as mudanças e tenha a habilidade de resolver problemas complexos
que demandam uma solução multidisciplinar. Nesse contexto as humanidades e artes terão um
papel mais relevante na formação da força de trabalho, trabalhadores que não possuírem uma
formação mais humanista terão mais dificuldade de arranjar um emprego. Os trabalhadores do
futuro serão responsáveis pela parte criativa e tomada de decisões, um cientista de dados
analisará os dados obtidos pela inteligência artificial, esse profissional tomará decisões que
servirão como parâmetro para fabricação de produtos e serviços customizados de acordo com
a vontade do cliente. Em vários casos a tecnologia será uma aliada do trabalhador ao auxiliar
este a exercer a sua profissão de forma mais produtiva, a máquina ficará com a parte mecânica
e repetitiva e o humano ficará com as funções e atividades que exigem habilidades e
características inerente ao homem como a empatia e o pensamento crítico.

Essa redefinição do sistema produtivo engendrada pela quarta revolução industrial


humanizará o trabalho ao eliminar as funções mecânicas e repetitivas; profissionais que possui
somente habilidades técnicas não obterão exito nesse novo cenário. Essa mudança estrutural
do mercado de trabalho favorecerá as ciências humanas e as artes porque essas disciplinas
aperfeiçoa competências que os robos e máquinas não tem e dificílima terão como a
capacidade de colocar e compreender a situação o próximo , o raciocínio crítico e flexibilidade.
A retirada das humanidades dos currículos educacionais é uma decisão temerária e que pode
acarretar inúmeros prejuízos também na economia, sem uma educação humanista os paises
não conseguirão preparar a sua força de trabalho para a indústria 4.0.

Essa marcha da insensatez que é a progressiva perda de relevância das ciências humanas
e as artes nos sistemas educacionais de diversas nações do globo constitui umas das crises mais
agudas vivenciadas pela humanidade na atualidade. Essa tendência preocupante é a raiz de
vários problemas atuis como a crise da democracia; sem empatia pelo próximo e pensamento
crítico os indivíduos ficam mais vulneráveis e suscetíveis a propostas autoritárias e populistas
que o costume de apresentar uma solução simplória para uma questão complexa. Nos Estados
Unidos Donald Trump foi eleito atribuindo o desemprego aos imigrantes, se os americanos
tivessem um raciocínio crítico logo descobriria que isso não passa de uma falácia e o desemprego
é um problema complexo que pode ser explicado pela automação da economia até pela
ausência de qualificação profissional das pessoas desempregadas.

Além de degradar a democracia e corroer a coesão social a falta de uma educação mais
humanista deixará vários paises despreparo para a indústria 4.0. O Brasil poderá ser prejudicado
se atual política educacional do governo for implementada. Essa política privilegia capacidade
tecnicas em detrimento do raciocínio crítico e da empatia. O governo alega falta de recursos
quando apresentam propostas que diminuem a importância das humanidades no sistema
educacional, mas esse argumento não procede porque um curso de humanas é infinitamente
mais barato do que qualquer curso nas áreas de engenharia e exatas. Apesar de negar o
verdadeiro objetivo dos atuais governantes é suprimir o pensamento crítico e impor medidas
sem ninguém reclamar, esse obscurantismo custará um caro ao pais com possíveis prejuízos a
incipiente e frágil democracia e também a própria economia.

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