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Claudionor Agibert
IESDE BRASIL
2020
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Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Fer Gregory/igorstevanovic/Torin55/Shutterstock
Agibert, Claudionor
Terrorismo, narcotráfico, organizações criminosas e crimes digitais /
Claudionor Agibert. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020.
106 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6595-0
4 Segurança e globalização 68
4.1 Os riscos e as ameaças globais à segurança 68
4.2 A criminalidade e a violência modernas 73
4.3 Os novos desafios de segurança na globalização 77
Burdun Iliya/Shutterstock
mensurar a violência. Seria unicamente pelos crimes
violentos? E, dentro deles, quais tipos de crimes?
Taxa de
Número
País Região homicídios Ano
absoluto
(por 100 mil)
1 El Salvador América Latina 3.954 60.0 2017
2 Jamaica América Latina 1.616 56.0 2017
3 Venezuela América Latina 16.046 53.7 2017
4 Honduras América Latina 3.791 42.8 2017
5 S. Cristóvão e Nevis América Latina 23 42.0 2017
6 Lesotho África 897 41.2 2015
7 Belize América Latina 142 37.2 2017
8 Trindade e Tobago América Latina 494 36.0 2017
9 São Vicente e Granadinas América Latina 39 35.5 2016
10 África do Sul África 18.673 34.3 2015
11 Santa Lúcia América Latina 57 34.0 2017
12 Bahamas América Latina 123 31.0 2017
13 Brasil América Latina 57.395 27.8 2016
14 Guatemala América Latina 4.410 26.1 2017
(Continua)
Tabela 2
Dados de homicídios por Estado do Brasil
Tabela 3
Custo econômico da violência no Brasil
Bilhões
Ano de Percentual
Componente de R$ (PIB
cálculo do PIB
2016)
Fonte: Diest/lpea. Trata-se de uma aproximação com base em Cerqueira (2014) e Cerqueira et al. (2007), atualizados com base no
PIB corrente de 2016. *Consideramos os valores apurados pela CPI do sistema carcerário brasileiro (2015, p. 67) para os Estados e
acrescentamos os gastos diretos da União.
Gráfico 1
Número de mortes por ataques terroristas de 1998-2017
Desde o pico em 2014, o número de mortes por ataques terroristas caiu 44%.
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016
Resto do Europa e
Iraque Afeganistão Nigéria
Mundo América do
Norte
Fonte: Institute For Economics And Peace, 2018
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível estudar a violência e a criminalidade tanto no espectro
mundial quanto no brasileiro. Com efeito, a criminalidade sofre interferên-
cia de inúmeros fatores – pessoais, sociais, culturais e econômicos, entre
outros –, podendo ainda migrar para outros locais.
No Brasil, por um lado, talvez a subcultura de “levar vantagem sem-
pre” tenha feito com que muitas pessoas utilizassem a violência como
demonstração de poder. Por outro, a sobrecarga para os órgãos de segu-
rança pública provocou o aumento da demanda por segurança privada,
com o surgimento dos “feudos modernos”, a exemplo dos condomínios
residenciais e shopping centers.
No Brasil, as organizações criminosas surgiram nas prisões, sendo res-
ponsáveis pelo tráfico de drogas, utilizado como uma das fontes de finan-
ciamento, que também sustenta grupos terroristas.
REFERÊNCIAS
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2014/2013/lei/l12850.htm. Acesso em: 7 jan. 2019.
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brasil-ocupa-13-lugar-20072018. Acesso em: 7 nov. 2019.
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on-homicide.html. Acesso em: 7 nov. 2019.
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de organização. 2018. Disponível em: https://acervodigital.ssp.go.gov.br/pmgo/
bitstream/123456789/1189/1/Pedro%2 0Filho%20Ferreira%20Da%20Silva.pdf. Acesso em:
8 nov. 2019.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. World Report on Violence and Health. 2002. Disponível
em: https://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/world_report/en/abstract_
en.pdf. Acesso em: 7 nov. 2019.
2. Como explica Hugo Grotius (2004), existe uma certa agressividade natural no ser
humano, um tipo de tendência inata à violência. Todavia, essa condição não pode, por
si só, criar uma relação direta com a criminalidade, já que esta deriva da influência de
inúmeras variáveis.
Por outro lado, as drogas ilícitas são aquelas que, também por ques-
tões de política de Estado, não têm sua fabricação, produção, comer-
cialização e distribuição permitidas. Dentre as drogas ilícitas, temos a
cocaína, o crack, o ecstasy etc.
Figura 1
Legalização da maconha no mundo
Legalizada
(uso medicinal e recreativo)
Legalizada (uso medicina)
Legalização em andamento
(uso medicinal)
Airin.dizain/Shutterstock
convenções internacionais sobre as drogas, como se pode observar
no artigo Drogas: Marco Legal, do Office on Drugs and Crime (Escritório
sobre Drogas e Crime) da ONU, pelo seu Escritório de Ligação e Par-
ceria no Brasil:
Convenção Única sobre Entorpecentes, 1961 (emedada em
1972): Esta convenção tem o objetivo de combater o abuso de
drogas por meio de ações internacionais coordenadas. Existem
duas formas de intervenção e controle que trabalham juntas: a
primeira é a limitação da posse, do uso, da troca, da distribuição,
da importação, da exportação, da manufatura e da produção de
drogas exclusivas para uso médico e científico; a segunda é com-
bater o tráfico de drogas por meio da cooperação internacional
para deter e desencorajar os traficantes;
Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas, 1971: Esta con-
venção estabelece um sistema de controle internacional para
substâncias psicotrópicas, e é uma reação à expansão e diversifi-
cação do espectro do abuso de drogas. A convenção criou ainda
formas de controle sobre diversas drogas sintéticas de acordo,
por um lado, a seu potencial de criar dependência, e por outro
lado, a poder terapêutico;
Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Subs-
tâncias Psicotrópicas, 1988: Essa convenção fornece medidas
Figura 3 Figura 4
Papaver somniferum, planta da qual se obtém o ópio. Erythroxylon coca, a planta que contém o alcaloide de cocaína.
Marzolino/Shutterstock
lynea/Shutterstock
Laszlo Mates/Shutterstock
Esse foi um dos fatores que influenciou de modo
decisivo a substituição dos cultivos tradicionais pela
implantação da coca e da maconha na América Lati-
na a partir dos anos 1970, depois da queda dos pre-
ços internacionais dos produtos agrícolas tropicais.
Nesse período, ocorreu, ainda, o estabelecimento
Folhas de coca
de uma aliança entre traficantes e guerrilheiros, que
Sabe-se que nos Andes as pessoas mascam a folha da coca para
começaram a demonstrar interesse no mercado enfrentar os efeitos da altitude e melhorar a disposição física há
norte-americano. muito tempo. Mas descobertas arqueológicas no Peru mostram
que a prática é muito mais antiga do que se imaginava: chegam
a datar de 8 mil anos atrás.
Tabela 1
Proporção de indivíduos que utilizaram determinada
substância alguma vez na vida
Wikimedia commons
(calmantes), o ópio, a morfina, os xaropes e gotas para tosse, e os
inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores). Sobre os efeitos
das drogas depressoras, Frazão (2019) explica que elas diminuem a
capacidade de raciocínio e de concentração, potencializam a sensa-
Dr. Albert Hofmann, em
ção de calma e tranquilidade. Há ainda a sensação de relaxamento 2006, com 100 anos.
exagerado e bem-estar, e podem provocar aumento da sonolência, Albert Hofmann (1906-2008)
diminuição dos reflexos, maior resistência à dor e dificuldade em foi o cientista responsável
pela sintetização do LSD em
fazer movimentos delicados.
1938, quando trabalhava
Esses efeitos se relacionam, ainda, com a diminuição da capa- no isolamento de princípios
ativos presentes no fungo ergo,
cidade para dirigir, da capacidade de aprendizagem na escola e um parasita do centeio.
da rentabilidade no trabalho. Pode-se notar, portanto, que as dro-
gas depressoras tendem a diminuir as tensões e o estresse, dando
sensação de bem-estar e de despreocupação.
Depressoras
Diminuem a atividade cerebral, deixando o indivíduo
“desligado”. Reduzem a tensão emocional, a
atenção, a concentração, a memória e a capacidade
intelectual. Podem causar sonolência, embriaguez e
em casos extremos o coma.
Estimulantes
Aumentam a atividade do cérebro, fazendo com que
a pessoa fique “ligada”, “elétrica”. Podem inibir as
sensações de fome, cansaço e sono, podendo produzir
estados de excitação e aumento da ansiedade.
Perturbadoras
Também chamadas de alucinógenas, modificam
a qualidade da atividade do cérebro, que passa a
funcionar de forma anormal. Alteram a percepção
e o pensamento e produzem alucinações e
delírios.
2.2.1 Maconha
Maconha é o nome dado no Brasil à Cannabis sativa. As folhas
podem ser fumadas ou ingeridas. Há também o haxixe, pasta semi-
sólida obtida por meio de grande pressão nas inflorescências, pre-
paração com maiores concentrações de THC (tetra-hidrocanabinol
– causadora dos efeitos).
Tendo verificado quais são as drogas ilícitas mais comuns, agora es-
tudaremos um pouco sobre o narcotráfico, isto é, o comércio de drogas
1 ilícitas, processo que se inicia com o cultivo (se aplicável), seguido pela
O índice de homicídios é produção e distribuição, finalizando com a venda ao consumidor.
considerado parâmetro para
aferição do nível de violência É notoriamente conhecida a informação de que o narcotráfico está
de uma determinada localidade relacionado ao financiamento de organizações criminosas e até terro-
por ser o delito que atinge o 1
ristas. Consequentemente, ele está ligado ao alto índice de homicídio ,
bem jurídico mais importante
(a vida). uma vez que há, segundo Portella et al. (2016, p. 6, tradução nossa),
“uma associação estatisticamente significativa entre o coeficiente do
Fica bastante claro, por conseguinte, que no Brasil a maioria das drogas
é absolutamente proibida, ressalvadas algumas exceções. Nessas exceções 2
entram, por exemplo, o álcool e o tabaco, drogas denominadas lícitas. O vocábulo ayahuasca pode se
referir tanto à bebida quanto
Também são vedados o plantio, o cultivo, a colheita e a exploração à planta.
de vegetais dos quais podem ser produzidas drogas. Nessa situação
se enquadram a coca, a papoula e a cannabis, com
Figura 6
uma excepcionalidade: plantas utilizadas em cultos
Banisteriopsis caapi, planta nativa da região amazônica.
religiosos.
De acordo com o World Drug Report 2019, cerca de 585 mil pessoas
perderam a vida pelo uso de drogas em 2017, sendo cerca de 167 mil
diretamente relacionadas à dependência e o restante indiretamente
relacionado ao uso, como, por exemplo, por HIV decorrente do com-
partilhamento de seringas no uso de drogas injetáveis (ONU, 2019b).
Sob o prisma social, pode-se destacar, mais uma vez, que o tráfico
de drogas impacta diretamente a segurança pública, já que a esmaga-
dora maioria dos crimes violentos tem com ele estreita relação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, vimos que as drogas podem ser naturais, sintéticas ou
semissintéticas, dependendo da forma de produção, além de depresso-
ras, estimulantes ou perturbadoras. Também vimos que o narcotráfico
é proibido em praticamente todo o mundo, com punições severas, po-
dendo chegar até mesmo à pena de morte em alguns países, como na
Indonésia, China, Irã e Vietnã, entre outros.
No Brasil, a legislação é bastante coerente em tratar o usuário como
dependente e, portanto, alguém que precisa de tratamento, apoio e orien-
tação. Além disso, ela também é severa com o tráfico, havendo repressão
adequada, com penas proporcionais.
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA BRASIL. Relatório revela que comércio ilegal de drogas prejudica economia dos
países. 2003. Disponível em: http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2003-02-25/
relatorio-revela-que-comercio-ilegal-de-drogas-prejudica-economia-dos-paises. Acesso em:
11 dez. 2019.
ANDREWS, S. Heroin, prescribed for coughs and headaches, was a trademarked medicine
produced by Bayer company. The Vintage News, 26 nov. 2017. Disponível em: https://www.
thevintagenews.com/2017/11/26/coughs-and-headaches/. Acesso em: 16 nov. 2019.
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Brasília, DF, 24 ago. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 7 jan. 2019.
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2019. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/a-
historia-do-narcotrafico.phtml. Acesso em: 16 nov. 2019.
DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS ESTADOS UNIDOS. International Narcotics Control Strategy
Report. v.1. 2019. Disponível em: https://www.state.gov/wp-content/uploads/2019/04/
INCSR-Vol-INCSR-Vol.-I-1.pdf. Acesso em: 16 nov. 2019.
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em: https://www.tuasaude.com/efeitos-das-drogas/. Acesso em: 22 nov. 2019.
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inpad.org.br/wp-content/uploads/2014/03/Lenad-II-Relat%C3%B3rio.pdf. Acesso em: 17
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MARIJUANASTOX. Under the Radar Cannabis Stock Could Be The Best Way to Play The
Future of Global Cannabis. MarijuanaStox. Disponível em: https://marijuanastox.com/
under-the-radar-cannabis-stock-could-be-the-best-way-to-play-the-future-of-global-
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MAY, C. Transnational Crime and the Developing World. London, UK; New York, USA:
Global Financil Integrity, 2017. Disponível em: http://www.gfintegrity.org/wp-content/
uploads/2017/03/Transnational_Crime-final.pdf. Acesso em: 16 nov. 2019.
GABARITO
1. Não. As drogas lícitas, como o cigarro e o álcool, também causam dependência, sendo
igualmente responsáveis por mortes e doenças decorrentes de seu uso, como o
câncer de pulmão e a cirrose hepática. O conceito de drogas está previsto no artigo 1º,
parágrafo único da Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006, que engloba, naturalmente,
as drogas ilícitas e as lícitas. A questão da licitude das drogas tem a ver com a política
pública de cada país sobre o tema.
3. Pode ser definido como o comércio de drogas ilícitas. O processo se inicia com o
cultivo (se aplicável), seguido pela produção e distribuição, finalizando com a venda
ao consumidor.
Figura 1
Países patrocinadores do terrorismo internacional, segundo os Estados Unidos.
países que anteriormente foram classificados como “patrocinadores do terrorismo” pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Figura 2
Bandeira do Estado Islâmico
railway fx/Shutterstock
É importante compreender
que existem diversos tipos de
agentes químicos. Entre os mais
Figura 4
Agentes neurotóxicos
GraphicsRF/Shutterstock
Figura 5
Agentes sufocantes
GraphicsRF/Shutterstock
Os agentes vesicantes, a seu turno, tem potencial letal relativamen-
te baixo, conquanto acarretem a baixa, ou seja, a indisponibilidade da
pessoa para o combate ou ações físicas.
Figura 8
Agentes incapacitantes
GraphicsRF/Shutterstock Documentário
O documentário Como as
Os agentes incapacitantes não são fatais, funcionando como ele-
armas ajudaram Assad a
mentos dissuadores de comportamento em multidões, comumente estar perto da vitória, pu-
blicado pela BBC News
utilizados, por exemplo, por órgãos policiais em ações de controle de
Brasil, demonstra o uso de
distúrbios civis (como o gás lacrimogênio). armas químicas em plena
modernidade e o respec-
Mesmo sendo proibido o uso de armas químicas em conflitos ou tivo perigo que elas repre-
guerras desde 1993, pela Convenção Sobre Armas Químicas, tem-se sentam.
notícias do uso de armas químicas recentemente na Guerra da Síria. Disponível em: https://www.
bbc.com/portuguese/internacio-
As armas para uso massivo com potencial letal são extrema- nal-45816458. Acesso em: 3 jan.
mente perigosas, devido a isso existe um esforço mundial para 2020.
erradicá-las totalmente.
Quadro 1
Resoluções do Conselho de Segurança da ONU
Resolução Decreto de
Objeto
CSONU internalização
Determina a interdição, aos agentes não-esta-
1.540 tais, de fabricar, prover-se, preparar, possuir, 7.722
(28 abr 2004) transferir, utilizar armas nucleares, químicas (20 abr 2012)
ou biológicas e seus vetores
(Continua)
1.803 6.448
Proíbe transferências de bens sensíveis ao Irã
(3 mar 2008) (7 mai 2008)
1.928 7.479
Estabelece sanções contra a Coreia do Norte
(7 jun 2010) (16 mai 2011)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo foram abordadas as questões relativas ao terrorismo,
seu conceito e histórico, bem como sua tipologia e seus aspectos. Tam-
bém estudamos os Estados patrocinadores do terrorismo, sua privatiza-
ção e as formas de combatê-lo.
Verificou-se que não existe uma única definição de terrorismo, mas
que ele pode ser caracterizado pela prática de um crime ou pela ameaça
de praticá-lo, pela intenção de provocar medo generalizado ou obrigar
autoridades a tomar ou não determinada decisão, bem como pela trans-
nacionalidade, ainda que possa haver atos de terrorismo sem necessaria-
mente implicar mais de um país.
No Brasil, por disposição legal, existe um conceito de terrorismo que
inclui a possibilidade de o ato terrorista ser praticado por uma única
pessoa, além da necessidade da intenção de espalhar terror generalizado,
com um componente de discriminação/preconceito.
Em nível mundial, muitas iniciativas foram desenvolvidas, em organis-
mos multilaterais, envolvendo vários países para o combate ao terroris-
mo, estando o Brasil engajado nesse processo.
Ainda que se esteja longe de um panorama ideal sobre o terrorismo
e as armas de destruição em massa, pode-se concluir que inúmeras pro-
vidências estão sendo tomadas e que, com o tempo e investimentos
necessários, certamente muitos resultados serão alcançados.
GABARITO
1. De acordo com a Lei Federal n. 13.260, de 16 de março de 2016, o terrorismo consiste
na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos no art. 2.º da lei, por razões
de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando
cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo
pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública a perigo.
Artigo
https://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito/-/asset_publisher/MjaG93KcunQI/content/id/10634440
Segurança e globalização 69
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (BRASIL, 1988)
Estatuto Geral das Guardas na segurança pública do território dos municípios que as tenham instituí-
Municipais aprovado pela Lei
do. Porém, atualmente, ocorrem também aplicações das Forças Armadas
Federal n.º 13.022, de 8 de
agosto de 2014. em ações de garantia da lei e da ordem, isto é, situações de segurança
pública complexas, em que as autoridades entendam ser necessário o
2 apoio dessas forças.
De acordo com o art. 144, §8º As Forças Armadas, portanto, são responsáveis pela segurança na-
da Constituição Federal, os
cional, enquanto as forças policiais são responsáveis pela segurança
municípios poderão constituir
guardas municipais destinadas à pública.
proteção de seus bens, serviços
e instalações. Antigamente, sob o viés da segurança nacional, a preocupação mais
significativa dizia respeito à possibilidade de conflitos bélicos, isto é,
de guerras. Sob o viés da segurança pública, a preocupação era com
os homicídios passionais e os furtos e roubos, além do jogo do bicho e
outras contravenções penais.
Existem, naturalmente, outros riscos e ameaças à segurança, como PINTO, J. R. de A.; ROCHA, A. J. R.
da; SILVA, R. D. P. (org.). Reflexões
a competição por recursos naturais – que não será objeto de discussão sobre defesa e segurança: uma
nesta obra. Franchini Neto (2009, p. 21) manifesta que é possível resu- estratégia para o Brasil. v. 1.
Brasília: Ministério da Defesa, 2004.
mir os desafios enfrentados pelos Estados da seguinte maneira: Disponível em: https://www.defesa.
“1) Ameaças tradicionais, especialmente a guerra “clássica” entre Esta- gov.br/arquivos/colecao/reflexao.
pdf. Acesso em: 2 jan. 2020.
dos; 2) Novas ameaças, incluindo-se aqui o terrorismo internacional e
o crime organizado transnacional; 3) Elementos estruturais, tais como
meio ambiente, pobreza [...]”.
Segurança e globalização 71
tilaterais, com o objetivo de “somar forças” para o combate às novas
ameaças.
Segurança e globalização 73
com que as informações circulam. Apesar de sua enorme exten-
são territorial, o planeta passa a ser cada vez mais interligado
pelos diversos meios de comunicação, em especial pela internet.
[...] Consequência óbvia e inevitável desta verdadeira revolução
provocada pela internet, no âmbito de um mundo cada vez mais
globalizado, é a evolução das formas de delinquir, fazendo surgir
uma criminalidade moderna e globalizada, diferenciada, portan-
to, da “criminalidade clássica”.
Segurança e globalização 75
pode ser sentido com as organizações criminosas e terroristas, que,
por meio da divulgação agressiva de suas atividades, radicalizam jo-
vens (homens e mulheres), que se tornam seus novos soldados.
Segurança e globalização 77
tentáculos pelo mundo, em quase todas as áreas, alcançando
esferas públicas, além das particulares. Com isso, globalizou
assim o tráfico de drogas, o tráfico de armas, o tráfico huma-
no, a pirataria, o contrabando e o descaminho, dentre outras
práticas criminosas. Globalizou-se a execução por motivo fútil,
em geral, associada ao tráfico de drogas. Globalizou-se o tráfi-
co de armas. Globalizou-se o tráfico de órgãos e de mulheres.
Globalizou-se a fraude e o crime virtual, inclusive o bullying e a
pedofilia a partir da internet.
Segurança e globalização 79
Acordo Quadro sobre Cooperação
Convenção Interamericana contra
em Matéria de Segurança Regional
a Fabricação e o Tráfico Ilícitos
entre os Estados Partes do
de Armas de Fogo, Munições,
Mercosul, Bolívia e Chile
Explosivos e Outros Materiais
Correlatos (CIFTA) (Convenção de
Decreto n. 35/04 (BRASIL, 2019): Washington de 1997)
conforme o artigo 1 do instrumento, o
objetivo do acordo é otimizar os níveis
de segurança da região, promovendo Decreto n. 3.229 (BRASIL, 1999).
a mais ampla cooperação e assistência
recíproca na prevenção e repressão
das atividades ilícitas, especialmente
as transnacionais, tais como o
tráfico ilícito de entorpecentes e
substâncias psicotrópicas, o terrorismo Convenção Interamericana contra a
internacional, a lavagem de dinheiro, Corrupção (Convenção de Caracas)
o tráfico ilícito de armas de fogo,
munições e explosivos, o tráfico ilícito
de pessoas, o contrabando de veículos
e os danos ambientais, entre outras. Decreto n. 4.410 (BRASIL, 2002b).
Segurança e globalização 81
Naturalmente, o caminho é longo e árduo, pois ainda existem mui-
tas dificuldades e desafios na sociedade brasileira, inclusive de ordem
cultural, que precisam e devem ser vencidos. Consideramos, assim,
que as iniciativas já consolidadas e a concreta possibilidade de aper-
feiçoamento dos modelos existentes acabam convergindo para uma
esperança de que os sistemas de segurança (nacional e pública) serão
cada vez mais eficientes e eficazes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, foram abordadas as questões relativas aos riscos e às
ameaças globais à segurança, perpassando uma análise da segurança na-
cional e da segurança pública, órgãos responsáveis e formas de atuação,
além das diversas implicações para o sistema de segurança.
Foi possível compreender a necessidade, cada vez mais forte, de
cooperação dos Estados, tanto em um reconhecimento de sua impotên-
cia ao tentar resolver as dificuldades por si próprios quanto pelo enten-
dimento de que a soma de forças resultará em soluções mais efetivas
às demandas.
Os crimes na modernidade foram aperfeiçoados, seja pela comunica-
ção mais eficiente entre os criminosos, seja pelo aumento das relações
negociais. Tanto o narcotráfico quanto o terrorismo utilizam-se das redes
sociais e da tecnologia para recrutar novos empregados e realizar as ati-
vidades ilícitas.
Destacamos também os crimes digitais, característicos dessa realidade
atual, que é resultado do incremento da rede mundial de computadores e
do desenvolvimento de tecnologias. Ao final, foram discutidos os assuntos
que versam sobre os desafios para os órgãos de segurança (nacional e
pública) e as tendências para o futuro.
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em: https://www.defesa.gov.br/arquivos/colecao/reflexao.pdf. Acesso em: 2 jan. 2020.
GABARITO
1. As Forças Armadas (Exército, Marinha e Força Aérea) são responsáveis pela segurança
nacional, de acordo com o art. 142 da Constituição Federal:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas
com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presi-
dente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Segurança e globalização 85
5
Crimes digitais e o
submundo da internet
Neste capítulo, serão abordadas questões relacionadas aos
crimes digitais, incluindo o contexto histórico da internet, sua
implantação e evolução no Brasil. Estudaremos suas definições, a
legislação aplicável e as dificuldades de investigação.
Por fim, analisaremos a rede mundial de computadores sob uma
perspectiva abrangente, discutindo sobre a Surface Web, a Deep Web e
a Dark Web, bem como sobre os criminosos digitais.
Tabela 1
Vinte países com o maior número de usuários de internet – 30 de junho de 2019
Usuários de Usuários de
População População Crescimento
# País/Região internet internet
2019 estimada 2000 estimada 2000-2019
30/06/2019 31/12/2000
1 China 1,420,062,022 1,283,198,970 854,000,000 22,500,000 3,695 %
2 Índia 1,368,737,513 1,053,050,912 560,000,000 5,000,000 11,100 %
3 Estados Unidos 329,093,110 281,982,778 292,892,868 95,354,000 207 %
4 Indonésia 269,536,482 211,540,429 171,260,000 2,000,000 8,463 %
5 Brasil 212,392,717 175,287,587 149,057,635 5,000,000 2,881 %
6 Nigéria 200,962,417 122,352,009 123,486,615 200,000 61,643 %
7 Japão 126,854,745 127,533,934 118,626,672 47,080,000 152 %
8 Rússia 143,895,551 146,396,514 116,353,942 3,100,000 3,653 %
9 Bangladesh 168,065,920 131,581,243 96,199,000 100,000 96,099 %
10 México 132,328,035 101,719,673 88,000,000 2,712,400 3,144 %
11 Alemanha 82,438,639 81,487,757 79,127,551 24,000,000 229 %
12 Filipinas 108,106,310 77,991,569 79,000,000 2,000,000 3,850 %
(Continua)
ram outros tipos de crimes virtuais, como a pirataria e a pedofilia. Sen- Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=or3mNrjTUxA.
do assim, compreendemos que, junto à evolução da internet, houve Acesso em: 20 dez. 2019.
aumento dos delitos no ambiente virtual.
Por sua vez, o Marco Civil da Internet, estabelecido pela Lei Federal
n. 12.965, de 23 de abril de 2014, assim dispõe:
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize
conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado subsidia-
riamente pela violação da intimidade decorrente da divulgação,
sem autorização de seus participantes, de imagens, de vídeos ou
de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais
de caráter privado quando, após o recebimento de notificação
pelo participante ou seu representante legal, deixar de promo-
ver, de forma diligente, no âmbito e nos limites técnicos do seu
serviço, a indisponibilização desse conteúdo.
Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter,
sob pena de nulidade, elementos que permitam a identificação
específica do material apontado como violador da intimidade do
participante e a verificação da legitimidade para apresentação do
pedido. (BRASIL, 2014, grifo do original)
Registros financeiros de páginas web que são de fácil acesso, todas co-
Documentos legais locadas em um servidor remoto aberto para que
Alguns registros científicos
qualquer pessoa entre nelas. Além disso, têm do-
Alguns registros governamentais
Informações somente para assinantes
mínios conhecidos como .com, .org, .net ou qual-
Alguns repositórios específicos da organização quer outro. Por outro lado, na web de superfície
não existe anonimato porque em todos os sites
que você visita você deverá fornecer informações
pessoais e terá cookies armazenados em seu na-
Dark Web vegador. (GONZÁLEZ, 2015)
TOR
Protestos políticos Assim, a navegação na Surface Web muito pro-
Tráfico de drogas e atividades ilegais vavelmente deixará rastros que permitem iden-
tificar o usuário. Na Deep Web, por outro lado,
estão bancos de dados acadêmicos, registros médicos e financeiros,
documentos legais, alguns registros científicos e de governos etc. E em
Atividade 3 um segmento da Deep Web, denominado Dark Web, concentram-se as
Comente as principais caracte- atividades ilícitas, como tráfico de pessoas, de drogas, de armas e de
rísticas da Surface Web, da Deep
Web e da Dark Web. explosivos, pedofilia, ataques terroristas e similares. Veremos mais de-
talhadamente cada uma dessas redes a seguir.
“Os atiradores Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25,
autores do massacre em Suzano, foram encontrados em diversas publicações dessas
comunidades de ódio online pedindo dicas para realizar o ataque. ‘Muito obrigado pe-
los conselhos e orientações’, diz um dos assassinos em uma publicação. ‘Esperamos do
fundo dos nossos corações não cometer esse ato em vão’, completa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, estudamos as questões sobre os crimes digitais, in-
cluindo o histórico da internet, sua implementação e evolução no Brasil.
Vimos que a internet foi trazida para o Brasil muito recentemente, mas já
atingiu cerca de 70% da população brasileira.
O ciberespaço trouxe muitos benefícios para a sociedade, facilitando a
vida das pessoas. No entanto, essa tecnologia também criou oportunida-
des para mentes criminosas, originando os crimes digitais, para os quais
existem várias definições, que incluem, em síntese, o uso de computado-
res, o ambiente virtual ou a internet como instrumento.
Foi possível compreender que a investigação dos crimes digitais está
repleta de desafios, que vão desde a necessidade de mais regulamenta-
ções e normatizações até melhores treinamentos para os policiais envol-
vidos nas operações.
Vimos que a rede mundial de computadores é composta de duas par-
tes, a Surface Web e a Deep Web, sendo que esta contempla, ainda, uma
parte integralmente formatada para a prática de vários delitos, como tráfi-
co de drogas, de pessoas e de órgãos, terrorismo, pedofilia, entre outros,
denominada Dark Web.
Apesar de não possuírem perfis predeterminados, os criminosos di-
gitais atuam na discrição e no anonimato, acessando fóruns da Dark Web
para discutirem e ampliarem seus conhecimentos e motivações, o que
exige que os cuidados sejam redobrados por parte de todos que usam a
rede mundial de computadores.
GABARITO
1. “Internet é uma ferramenta de transmissão global de dados, um mecanismo para
disseminação de informações, e um meio de colaboração e interação entre indivíduos
e seus computadores a despeito de suas localizações geográficas” (LEINER et al., 1997,
p. 2, grifo do original).
Deep Web: possui conteúdos não indexados pelos mecanismos de busca padrão,
constituindo a maior parte das informações da internet. As atividades nela realizadas
podem ter motivação lícita (proteção de bases de dados organizacionais) ou ilícita
(prática de crimes).
Dark Web: parte da Deep Web onde se encontram os mais diversos tipos de ilícitos.
Nela são disponibilizados conteúdos como canibalismo, tráfico de pessoas, de órgãos,
de drogas, turismo sexual, terrorismo, comércio de armas e de documentos falsos,
contratação de serviços de assassinos de aluguel e de criminosos digitais. São fóruns
com alta criptografia e de difícil identificação e rastreamento.