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A filosofia cristã pauta-se inicialmente na vida de Jesus Cristo.

Desde o
princípio, foi responsável por trazer uma nova visão de mundo para a
sociedade que pouco a pouco iam bebendo de suas fontes religiosas. Essa
nova teoria se mesclava indulgentemente aos pensamentos dos filósofos
gregos e por vezes o conflito entre eles eram indissociáveis.
A principal característica da fé religiosa fundamentada no pensamento cristão
era que tudo estava subordinado a verdade dela própria e dos mandos divinos
de Deus e os exemplos de Jesus Cristo, por esse motivo obteve-se um
extremo empobrecimento do uso da razão e do pensamento crítico, levando a
um regresso filosófico.
No entanto, o cristianismo foi responsável por instituir uma noção de um
pensamento jurídico a partir de sua moral, que colocava Deus como um juiz
justo que observava as condutas humanas e dizia se eram certas ou não. A
partir disso, houve o desenvolvimento de uma ideia de alteridade e justiça.
Outra importante consequência do cristianismo está no que Werner Jaeger
disse sobre o pensamento cristão ter revelado um grande avanço na busca de
conhecimento, uma vez que assim como as demais filosofias, o cristianismo
possuía um mestre professor capaz de revelar a verdade aos ignorantes
homens.
Paulo de Tarso foi uma grande expoente do cristianismo e representou uma
fonte de disseminação da filosofia do direito cristã, devido suas opiniões fortes
e muitas vezes até radicais e intransigentes no que cerne a superioridade de fé
e de Deus em função dos homens e suas leis.
Para ele a autoridade superior – aqui representada por Deus – deve ser
reconhecida e obedecida por todos os homens. Partindo desse pressuposto,
Paulo, foi responsável por perpetuar a ideia de uma coerção divina, que apoiou
o medo dos indivíduos de sofrer sanções divinas, fomentando a obediência as
leis superiores, que eram as leis de Deus. Dessa forma, gerando ensinamentos
da fé cristã para os homens, correlacionando Deus e as leis humanas – agora
negligenciadas, dando espaço para as leis divinas-.
No final da idade antiga, entra em discussão um novo pensamento pautado na
religião. São Agostinho propusera uma defesa da ortodoxia religiosa, somado a
uma filosofia cristã, que se tornaria expoente da Igreja pelos próximos séculos.
Agostinho acreditava que a única justiça existente era a divina e que nenhuma
lei dos homens seria capaz de alcançar tal perfeição. Ademais, expunha que a
injustiça era característica do plano sensível e que não restava alternativa aos
homens a não ser submissão aos poderes terrenos, pois mesmo a autoridade
não era justa.
Seus pensamentos demonstram o grande problema do cristianismo na Idade
Antiga, o fanatismo. Esquecendo por completo qualquer afirmação lógica ou
racional, Agostinho foi um exemplo de supressão da filosofia que busca o saber
e o ama da forma que lhe for feito, para a adoração de novos caminhos ilógicos
e metafísicos – esses completamente baseados na necessidade humana de se
apegar a algo superior para explicar aquilo que ainda não se possui resposta-.
Amplamente armada pelo conservadorismo, Agostinho ajudou a criar uma
filosofia do direito cristã que acreditava na predestinação e nas injustiças feitas
a mando de um Deus justo. A ambiguidade e falha dos seus pensamentos
perpetuaram pelos séculos seguintes.
Até então a fisolofia cristã de Agostinho não tinha tido rivais a altura, devido ao
nível elevado de religiosidade presente na mesma, suprimindo a racionalidade.
No entanto os mulçumanos e judeus passaram a rememorar os ideais de
Aristóteles e fomentar uma nova filosofia. Essa redescoberta fez surgir uma
base filosófica forte e bem desenvolvida, capaz de competir com a filosofia
cristã de Agostinho regada de misticismos.
São Tomás de Aquino, diferentemente da Igreja, tentou dialogar com o
pensamento aristotélico. Para ele, a fé e a graça de Deus, somado aos atos
humanos carregados de razão buscando a virtude, são a fonte da salvação.
Correlacionando a fé cristã com o pensamento e a razão no agir de forma justa,
Aquino foi um expoente muito sábio da filosofia cristã, não permitindo ser
cegado pelo fanatismo, mas usando-se da racionalidade a seu favor.
Além disso, Tomás de Aquino acreditava na validade das leis humanas, que
eram justas e possuíam a capacidade de serem entendidas pelos homens. Ele
subdivide a lei em três: lei natural – que teriam como principio a natureza criada
por Deus; lei divina – as leis perfeitas e somente passiveis de compreensão se
revelada por Deus ao home; e a lei dos homens – que carregam sua
necessidade de organização do plano terreno.
Guilherme de Ockham foi um representante de uma filosofia medieval diferente
das demais. Ockham era franciscano – pregava a pobreza como guia de
conduta- e por essa razão passou por desavenças com o papa da época João
XXII e a partir de então escreveu seus pensamentos a respeito da figura papal.
Para ele o papa que era considerado um juiz pelos cristãos, não deveria ter
essa atribuição, uma vez que era inapto para tal, até mesmo na área religiosa.
Concomitante a isso, Guilherme acredita que as normas deveriam ser seguidas
com rigor, pois se tratava de uma apreciação da natureza das coisas.
No campo filosófico Ockham possuiu grande importância por ser um defensor
ferrenho do nomilanismo, revoltando-se quando –por vias de pensamentos
aristotélicos- se considerava atributos a natureza que não são parte inerente
sua. Para ele um individuo é apenas e simplesmente um individuo, sem
afiliação, passados ou demais atributos. Nesse sentido o eixo do mundo passa
a ser a individualidade, que possui grande correlação com a justiça e o direito.
No que se volta para o direito, tudo envolve o individuo unicamente, sendo,
portanto o nominalismo considerado um filho do positivismo. Ockham foi
pioneiro em atribuir a justiça pela defesa da autoridade da norma, colocando a
razão, muito sabiamente, a cima do misticismo.

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