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UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE


CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

RAFAELA BORGES RIBEIRO

ANALISE ERGONÔMICA POSTURAL DO POSTO DE TRABALHO


DO MONTADOR EM UMA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS
AUTOMOTIVOS

LAGES (SC)
2013
1

RAFAELA BORGES RIBEIRO

ANALISE ERGONÔMICA POSTURAL DO POSTO DE TRABALHO


DO MONTADOR EM UMA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS
AUTOMOTIVOS

Relatório de estágio submetido à Universidade


do Planalto Catarinense para obtenção dos
créditos da disciplina Estágio Supervisionado
no curso de Engenharia de Produção.

Orientação: Prof. Reginaldo Brutti, Esp

Supervisor de estágio: Prof. Carlos


Eduardo de Liz, Msc

LAGES (SC)
2013
2

Agradeço primeiramente aos meus pais que


sempre estiveram presentes, a todos os colegas
de turma pelo companheirismo, aos estimados
professores pelo apoio e incentivo. Em
especial ao meu orientador Prof.° Esp.
Reginaldo Brutti por ter acreditado no meu
trabalho e ter compartilhado seu
conhecimento, para que este pudesse ser
concluído. Também ao Prof.° Msc. Carlos
Eduardo de Liz. E à UNIPLAC por ter
proporcionado a oportunidade de qualificação
profissional.
3

O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra.


(Aristóteles)
4

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo a avaliação ergonômica da postura exercida pelo
trabalhador no seu posto de trabalho no setor de montagem de uma indústria de equipamentos
automotivos situada na cidade de Lages – SC. A oportunidade de desenvolvimento do estudo
relacionado com a saúde e segurança no trabalho através da ergonomia foi efetuada como
forma de entendimento do processo de desenvolvimento deste tema. Como metodologia de
aplicação, foi utilizada observações diárias da jornada de trabalho, registros fotográficos e
leitura sobre o tema ergonomia, a análise dos resultados foi efetuada a partir do método
OWAS, que detectou condições de trabalho prejudiciais à saúde, como a alta prevalência de
desconfortos posturais. Com isso, foram apresentadas sugestões de melhorias no setor para
minimizar os prejuízos causados pela má postura no andamento do trabalho e afastamentos
por motivos de saúde. E contribuir positivamente à produtividade e qualidade do trabalho. O
conteúdo do relatório de estágio apresenta colocações sobre o desenvolvimento da ergonomia
no ambiente de trabalho e suas perspectivas, considerando-se a busca do conhecimento por
parte das empresas, as competências a serem adquiridas, como se dá o desenvolvimento
dessas competências para a empresa e pessoas.

Palavras-chave: Ergonomia; posto de trabalho, produtividade.


5

ABSTRACT

This study aimed to evaluate ergonomic posture performed by the worker in his job in the
assembly sector of an industry of automotive equipment in the city of Lages - SC. The
opportunity to study development related to health and safety at work through ergonomics
was made as a way of understanding the process of developing this theme. As application
methodology was used daily observations of the workday, photographic records and reading
on the topic ergonomics, the analysis of the results was performed by the method OWAS,
which detected working conditions harmful to health, such as the high prevalence of
discomfort posture. With this, suggestions have been made for improvements in the sector to
minimize the damage caused by bad posture at work progress and absences for health reasons.
And contribute positively to productivity and work quality. The contents of the probation
report presents placements on the development of ergonomics in the workplace and its
prospects, considering the pursuit of knowledge by firms, the skills to be acquired, how is the
development of these skills to the company and people.

Keywords: ergonomics, workplace, productivity.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Posição das costas, braços e pernas……………………………………………….27


Figura 2 – Sistema de análise Win-OWAS…………………………………………………...28
Figura 3 – Amostra 1: Montador no posto de trabalho……………………………………….29
Figura 4 – Análise pelo método OWAS……………………………………………………...29
Figura 5 – Amostra 2: Montador no posto de trabalho………………………………………30
Figura 6 – Análise pelo método OWAS……………………………………………………...31
Figura 7 – Amostra 3: Montador no posto de trabalho………………………………………32
Figura 8 – Análise pelo método OWAS……………………………………………………...32
Figura 9 – Amostra 4: Montador no posto de trabalho………………………………............33
Figura 10 – Análise pelo método OWAS…………………………………………………….34
Figura 11 – Sugestão de melhoria: Bancada…………………………………………………35
Figura 12 – Sugestão de melhoria: Bancada…………………………………………………35
Figura 13 – Análise pelo método OWAS…………………………………………………….36
7

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Categorias de ação segundo posição das costas, braços e pernas para uso
de forças no Método OWAS......................................................................................25
Quadro 2 – Categorias de ação Método OWAS para posturas de trabalho de acordo
com percentual de permanência na mesma postura....................................................26
8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
IEA – Associação Internacional de Ergonomia
NR 17 – Norma Regulamentadora n° 17
OWAS – Método de Avaliação de Postura
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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO................................................................................................................10
2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA.............................................................................................11
2.1 Caracterização da organização............................................................................................11
2.2 Problema de pesquisa..........................................................................................................12
3 OBJETIVOS..........................................................................................................................13
3.1 Objetivo Geral....................................................................................................................13
3.2 Objetivos Específicos.........................................................................................................13
4 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................14
5 REFERENCIAL TEORICO..................................................................................................15
5.1 História da Ergonomia........................................................................................................15
5.2 NR 17 – Ergonomia............................................................................................................18
5.3 Ergonomia e postos de trabalho..........................................................................................21
6 METODOLOGIA..................................................................................................................23
6.1 Estudo de caso.....................................................................................................................25
6.2 Pesquisa qualitativa e quantitativa......................................................................................26
6.3 Delineamento da Pesquisa..................................................................................................27
6.4 Coleta de Dados..................................................................................................................28
6.5 Análise dos Dados..............................................................................................................28
7 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA.............................................................................29
7.1 Método de Avaliação postural OWAS................................................................................29
7.1.1 Classificação da Postura...................................................................................................30
7.2 Aplicação do método OWAS..............................................................................................35
7.3 Análise dos resultados.........................................................................................................41
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................44
9 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................46
10

1 APRESENTAÇÃO

Neste relatório apresentaremos uma análise obtida no setor de montagem de uma


indústria de equipamentos automotivos, localizada na cidade de Lages – SC, visando a
postura ergonômica exercida no cotidiano do montador.
A ergonomia faz-se necessária no ambiente de trabalho, pois com o avanço
tecnológico a relação homem x trabalho está cada vez mais delicada. É preciso que o homem
acompanhe esse avanço tecnológico, mas de uma maneira saudável, sem que o ambiente de
trabalho condene a sua saúde e bem-estar.
Por isso analisar a situação do ambiente de trabalho, as máquinas e equipamentos,
ferramentas e também o comportamento do trabalhador, pode garantir seu conforto e saúde,
pois quando o ambiente é adequado à tarefa a ser executada, a produtividade é influenciada
positivamente.
Neste contexto, a realização da análise ergonômica do comportamento postural do
trabalhador no seu dia-a-dia é de suma importância, pois a má postura provoca dores, o que
afeta diretamente a saúde do trabalhador e seu rendimento de trabalho, diminuindo assim a
produtividade.
11

2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

2.1 Caracterização da Organização

Esta empresa foi constituída em 1990 e situa-se no bairro Coral na cidade de Lages –
SC. É uma empresa de administração familiar voltada para o desenvolvimento e fabricação de
equipamentos automotivos designados a suprir as necessidades dos mercados de revendedores
de pneus, concessionários de veículos, renovadores e transportadores de pneus.
Atualmente fabrica montadoras de pneus para veículos utilitários, de passeio e
motocicletas, alinhadores de direção com tecnologia laser, digital e computadorizada,
balanceadores computadorizados de rodas, elevadores pneumáticos e plataformas para uso
com alinhadores de direção.
Possui cerca de 18 funcionários e tem uma jornada de trabalho de oito horas e
quarenta e cinco minutos com pausas de almoço e lanches totalizando duas horas, de segunda
a sexta-feira.
A empresa importa produtos da China, estando estes a pronta entrega para os
consumidores. A produção é sob encomenda, só é produzido o que já está vendido. E
casualmente a empresa recebe máquinas depreciadas, que voltam ao processo produtivo e são
vendidas como reformadas.
A linha de produção é totalmente manual, o que gera desperdício de tempo quando o
trabalhador se vê na necessidade de parar a sua função por atraso de peças. O grande impasse
da organização, é o espaço físico, pois a empresa foi se desenvolvendo e ocupando toda a área
disponível, e encontra-se limitada para ampliar sua produção.
O problema com o espaço físico gera desconfortos aos trabalhadores, pois o ambiente
de trabalho torna-se apertado para executar as atividades de forma mais adequada e segura,
exigindo posturas inadequadas no decorrer das atividades.
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2.2 Problema de Pesquisa

O trabalho do montador, dessa indústria de equipamentos automotivos de Lages – SC,


é uma atividade que exige esforço físico e má postura, pois a atividade é realizada maior parte
no chão.
No decorrer da pesquisa observou-se que este profissional assume repetidas vezes
posturas desconfortáveis e inadequadas o que faz diminuir seu rendimento e disposição,
afetando a produtividade do trabalho.
A norma regulamentadora n° 17 (NR-17) que trata sobre ergonomia, “visa estabelecer
parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente”.
Portanto a postura correta no posto de trabalho auxilia na prevenção de dores,
equilibrando a produtividade e o bem estar do trabalhador.
Neste contexto, surge a pergunta: É possível melhorar a postura do montador no seu
posto de trabalho visando o seu bem estar, a partir da análise ergonômica?
13

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Analisar ergonomicamente a postura do montador, no seu posto de trabalho em uma


empresa de equipamentos automotivos de Lages – SC.

3.2 Objetivos Específicos

a) Estudar a postura do trabalhador no setor de montagem da empresa objeto desse


trabalho;

b) Propor adaptações para melhorar a postura do montador a partir da análise


realizada no item anterior.
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4 JUSTIFICATIVA

Estamos realizando esta pesquisa para salientar dificuldades que são diárias na jornada
do montador com relação ao posto de trabalho, onde podem ocasionar queixas ou doenças
ocupacionais crônicas, podendo vir a comprometer a produtividade e qualidade do trabalho.
Existindo a possibilidade de aplicação da ergonomia constata-se que a conservação de
uma postura ideal é de suma relevância ao trabalhador. As doenças em decorrência da má
postura avolumam os afastamentos e incapacitações de funcionários.
A inadequação dos postos de trabalho ocasionam estresses musculares, dores e fadiga
que pode ser corrigida com atitudes simples. Na maioria das vezes, os sintomas aparecem aos
poucos até serem visivelmente notados. E frequentemente vão agravando após momentos de
quantidades de trabalho ou jornadas maiores, e comumente o funcionário procura manter sua
atividade mesmo sentindo dores, com isso a redução de sua capacidade física é notada no
trabalho e fora dele.
O objetivo da interferência ergonômica é transformar o caso avaliado possibilitando
alcançar ligeiramente e com segurança, a baixo custo, as metas definidas a ponto de melhorar
as condições de trabalho, especialmente em termos operacionais: qualidade, confiabilidade e
produtividade, tendo em vista a economia de movimentos e diminuição das exigências
biomecânicas do trabalhador.
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5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 História da Ergonomia

A origem da ergonomia surgiu juntamente com a percepção do homem pré-histórico


ao utilizar lascas de pedras como ferramentas do cotidiano. Segundo MORAES (2009) desde
civilizações antigas, o homem constantemente buscou aprimorar as ferramentas, os
instrumentos e os utensílios que usa na sua vida cotidiana.
A Revolução Industrial trouce uma maior inquietação em relação ao enigma trabalho x
homem, pois nos primeiros estabelecimentos fabris as condições de trabalho eram precárias e
o regime de semiescravidão. Mas com o passar do tempo ocorreram novos estudos e por volta
de 1912, o movimento conhecido como taylorismo apoiava que o trabalho deveria ser
avaliado com críticas e técnicas adequadas de execução para cada tarefa.
Na I Guerra Mundial em meados de 1914, fisiologistas e psicólogos proporcionaram
estimado auxílio para com a melhoria do trabalho. Contribuindo, posteriormente, para a
realização de pesquisas sobre a fadiga na indústria. Já em 1929, as pesquisas tratavam sobre
posturas no trabalho, levantamento de cargas, treinamento, ventilação e iluminação. Nesse
instante, o grande progresso alcançado foi o trabalho interdisciplinar e os saberes de fisiologia
e de psicologia que beneficiaram o estudo do trabalho.
“Na II Guerra Mundial (1939 – 1945), com a construção de instrumentos bélicos,
muitos acidentes fatais ocorreram. Dessa forma, o alvo era redobrar o esforço da pesquisa
para reduzir a fadiga e os acidentes” (PINHEIRO, 2006, pg.2).
Em 1949, na Inglaterra, houve o primeiro encontro de pesquisadores e cientistas com o
desígnio de instigar a nova seção interdisciplinar da ciência. E no segundo encontro, em 1950,
o termo novo “ergonomia”, composto pelos vocábulos gregos ergos, (trabalho) e nomos,
(regras) foi sugerido.
A palavra “ergonomia” alastrou-se pela Europa. Foi constituída a “Associação
Internacional de Ergonomia”, e em 1961 aconteceu 1° Congresso em Estocolmo.
Nos Estados Unidos, foi criada a Human Factors Society, em 1957, sendo o termo
mais usual human factors – fatores humanos; entretanto, o termo ergonomia foi
reconhecido como sinônimo (IIDA, 1990 apud Pinheiro, 2006, pg.3).

No Brasil, o I Seminário Brasileiro de Ergonomia, onde vários estudiosos brasileiros


apresentaram seus trabalhos, aconteceu no Rio de Janeiro em 1974. E em 1983, fundou-se a
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Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO. Ainda em 1989, no Programa de Pós-


Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina implantou-
se o primeiro mestrado na área do país.
Diversas associações nacionais de ergonomia apresentam as suas próprias
definições. Aquela mais antiga é a da Ergonomics Society
(www.ergonomics.org.uk), da Inglaterra: Ergonomia é o estudo do relacionamento
entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e particularmente, a aplicação
dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas
que surgem desse relacionamento (IIDA, 2005, pg.2).

Segundo a ABERGO (www.abergo.org.br), em agosto de 2000, a IEA - Associação


Internacional de Ergonomia adotou a definição oficial apresentada a seguir. A Ergonomia (ou
Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações
entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios,
dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do
sistema.
O objetivo da ergonomia se define através de vários fatores que influenciam no
andamento do sistema de produção e busca minimizar os seus efeitos nocivos sobre o
trabalhador. Portanto, a ergonomia procura diminuir a fadiga, estresse, erros e acidentes,
favorecendo a segurança, a satisfação e a saúde aos trabalhadores, durante a sua relação com o
sistema de produção. E pode ser definida como sendo a ciência de emprego das forças e
aptidões do homem.
A partir de Moraes & Soares (1989, apud Moraes, 2009, pg.21), é possível observar a
seguinte definição: “conceitua-se ergonomia como tecnologia projetual das comunicações
entre homens e máquinas, trabalho e ambiente”.
Para Dul (2000, pg.13) “a ergonomia se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos,
sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no
trabalho”.
Então, a ergonomia explora as adaptações do trabalho ao homem e as suas relações. É
feita a observação do ambiente de trabalho, dos equipamentos e das atividades, aliando aos
conhecimentos psicológicos, fisiológicos, as características, habilidades e limitações do ser
humano.
A ergonomia surgiu como uma ciência inovadora, agrupada às várias ciências e
especialidades da engenharia, da arquitetura, da sociologia, da psicologia, da
medicina, da medicina do trabalho e de outras. Tudo isso para humanizar o trabalho,
determinar regras, normas e precauções. O alvo da ergonomia é dotar o homem de
atenção e cuidados (PINHEIRO, 2006, pg.3).
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Percebe-se assim, que a ergonomia é o vocábulo designativo do emprego


multidisciplinar de conhecimento que discute uma série de cuidados que abrangem o homem
e as características inerentes a cada atividade que elabora nas condições de trabalho,
observadas as habilidades e limitações.
A ergonomia é conceituada pela Norma Regulamentadora n° 17 (NR17) como sendo
“Parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente”.
A ergonomia tem uma visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e
projeto, que ocorrem antes do trabalho ser realizado, e aqueles de controle e
avaliação, que ocorrem antes e após esse trabalho, afim que o trabalho possa garantir
os resultados desejados (IIDA, 2005, pg.2).

Assim sendo, a ergonomia busca oferecer o equilíbrio ao homem entre si mesmo, o


seu trabalho e o ambiente no qual é realizado. Minimizando desconfortos dos trabalhadores
durante o processo produtivo como a fadiga, estresse, possíveis erros e acidentes, oferecendo
maior satisfação, saúde e segurança aos mesmos.
A ergonomia se baseia essencialmente em conhecimentos no campo das ciências do
homem (antropometria, fisiologia, psicologia, uma pequena parte da sociologia),
mas constitui uma parte da arte do engenheiro, à medida que seu resultado se traduz
no dispositivo técnico. Por outro lado, seu resultado é avaliado principalmente por
critérios que pertencem às ciências do homem (saúde, sociologia, economia)
(WISNER, 1987, pg.12).

Portanto, é relevante considerar além das máquinas e equipamentos empregados no


trabalho, ainda toda a situação em que há a relação do homem e seu trabalho, assim sendo,
não apenas o ambiente físico, mas também as perspectivas da organização de como o trabalho
é planejado e controlado para alcançar os resultados almejados.
Para Grandjean (1998), a ergonomia pode ser entendida como a ciência da
configuração das ferramentas, das máquinas e do ambiente de trabalho e que seu alvo é o
desenvolvimento de bases científicas para a adequação das condições de trabalho às
capacidades e às realidades da pessoa que trabalha.
Para que isso ocorra, a ergonomia aplica várias outras ciências no desenvolvimento de
projetos ergonômicos, para que o profissional adquira conhecimento suficiente e solucione os
problemas encontrados no ambiente de trabalho, ou na forma como é executado e organizado.
A ergonomia, assim, é a ciência aplicada a melhorar e facilitar o trabalho feito pelo
homem, sendo a palavra “trabalho”, aqui interpretada como algo muito vasto, abrangendo
todas as áreas e ramos de atuação.
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Por ser multidisciplinar, a ergonomia utiliza várias outras ciências, para que o
desenvolvimento de projetos seja eficiente e alcance os diversos pontos do ambiente de
trabalho com resoluções necessárias aos problemas identificados.
A ergonomia se difere de outras áreas do conhecimento pelo seu caráter
interdisciplinar e pela sua natureza aplicada. O caráter interdisciplinar significa que
a ergonomia se apoia em diversas áreas do conhecimento humano. O caráter
aplicado configura-se na adaptação do posto de trabalho e do ambiente às
características e necessidades do trabalhador (DUL, 2000, pg.14).

Essa análise da relação trabalho x homem mostra-se como uma maneira de ampliar
conhecimentos, pois o estudo da ergonomia implica no trabalho como um todo, seu ambiente,
a atividade executada, a organização do trabalho, o comportamento do trabalhador, pois para
que a ergonomia traga melhorias é necessária a compreensão de tudo o que acontece no
ambiente de trabalho para que sua aplicação seja efetiva.
Assim, a ergonomia faz o planejamento ou a correção física das áreas industriais
através de intervenções que ampliem a possibilidade de segurança, conforto e bem-estar aos
trabalhadores. Tornando assim, a eficácia das atividades ampliada, ocasionando um ganho do
funcionário de menor função até o empresário que o contratou, sendo este um ganho
profissional, econômico e pessoal a todos que estão ligados a empresa.
A adequação dos postos de trabalho, ferramentas e instrumentos, máquinas e ambiente
de trabalho às necessidades do trabalhador é o objetivo prático da ergonomia. Pois a
concretização desses objetivos ao plano industrial, facilita o trabalho e melhora o rendimento
do trabalho.
“Numa situação ideal, a ergonomia deve ser aplicada desde as etapas iniciais do
projeto de uma máquina, sistema, ambiente ou local de trabalho. Estas devem sempre incluir o
ser humano como um de seus componentes” (IIDA, 2005, pg.19). Ou seja, as particularidades
do trabalhador precisam ser atendidas conjuntamente com as particularidades ou limites dos
fragmentos mecânicos, sistêmicos ou ambientais, para uma adequação mútua.

5.2 NR 17 – Ergonomia

A norma regulamentadora NR 17 foi Instituída em 23 de novembro de 1990, pela


Previdência Social e Ministério do Trabalho, através da Portaria n° 3.751, e aborda a
ergonomia de forma específica, regulamentando a utilização de materiais, mobiliário,
ambiente e jornada de trabalho. Permitindo o ajustamento do trabalho às condições físicas e
19

mentais daqueles que o realizam, oferecendo maior conforto, segurança e desempenho


eficiente.
A NR-17 “visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente”.
Segundo Nascimento & Moraes (2000), a Norma (NR 17) expõe parâmetros para o
posto e a organização do trabalho, com o objetivo de adequar as condições do ambiente de
trabalho, adaptando a área de trabalho para a economia de movimentos, moderação de
manipulações e repetições, melhoria do ritmo do trabalho, adequação do formato ao operador,
o que permite a diminuição da atividade muscular.
De acordo com a Norma n° 17, a adequação das condições de trabalho às
necessidades psicofisiológicas do trabalhador é dever do empregador.
Conforme são estabelecidas nesta Norma, as condições de trabalho abrangem
perspectivas pertinentes ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário,
aos equipamentos e às condições do ambiente do posto de trabalho e à organização do
trabalho.
O levantamento, transporte e descarga de materiais deve ser feito de acordo com as
características do trabalhador designado a realizar esta tarefa, levando em consideração o peso
da carga, a idade do trabalhador, para que este serviço não comprometa a sua saúde e sempre
que possível, a empresa deve oferecer treinamentos.
O mobiliário deve ser planejado com regulagens que possibilitem o trabalhador
adequá-lo as suas necessidades antropométricas como a altura, peso, comprimento das pernas
e braços. Deve oferecer a opção de se trabalhar sentado sempre que possível, ou a alternância
de posturas (sentado, em pé), pois uma única postura exercida durante toda a jornada de
trabalho não proporciona conforto.
Todos os equipamentos que fazem parte do posto de trabalho precisam ser adaptáveis
às necessidades psicofisiológicas do trabalhador e à natureza da tarefa exercida.
As condições ambientais de trabalho também devem adequar-se às características
psicofisiológicas do trabalhador e a natureza da atividade de trabalho em questão. O controle
das condições do ambiente de trabalho oferece melhores padrões de higiene e segurança ao
trabalhador, auxiliando positivamente a produtividade.
De acordo com a Norma Regulamentadora n° 17, Nos locais de trabalho onde são
executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas
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de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre


outros, devem ser analisados os seguintes tópicos:

 Ruído;
 Temperatura;
 Velocidade e umidade do ar.

Todos os postos de trabalho devem oferecer iluminação apropriada, natural ou


artificial, geral ou suplementar, de acordo com a natureza do trabalho a ser realizado. E deve
ser planejada e instalada para evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes
excessivos.
O Risco ergonômico é o mais encontrado nos variados campos de trabalho e torna-se o
principal responsável pelas doenças ocupacionais.
A organização do trabalho de acordo com a NR-17, considera:

 As normas de produção;
 O modo operatório;
 A exigência de tempo;
 A determinação do conteúdo de tempo;
 O ritmo de trabalho;
 O conteúdo das tarefas.

Sempre que possível, devem ser incluídas pausas para descanso, e após qualquer
afastamento, o retorno à atividade deve ser de forma gradativa aos níveis de produção.
A ergonomia, então, projeta e corrige fisicamente os campos industriais,
especialmente através de interferências que permitam ao trabalhador segurança, bem estar e
conforto. Portanto, a eficácia é expressivamente aumentada, ocasionando um rendimento do
trabalhador de menor cargo num posto até a gerência, seja este um rendimento econômico,
profissional e pessoal.
21

5.3 Ergonomia e postos de trabalho

“A ergonomia tem uma visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto,


que ocorrem antes do trabalho ser realizado, e aqueles de controle e avaliação, que ocorrem
antes e após esse trabalho, afim que o trabalho possa garantir os resultados desejados” (IIDA,
2005, pg.2).
“Ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação
confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente procurando adaptar as
condições de trabalho às características do ser humano” (COUTO, 1995 pg. 55).
Portanto, a análise dos postos e ambiente de trabalho, visando o bem estar do
trabalhador é de suma importância para a organização e o próprio trabalhador, pois o
ambiente aconchegante e o posto adequado refletem diretamente na capacidade produtiva do
funcionário.
De acordo com Iida (2005) “posto de trabalho é a configuração física do sistema
homem-máquina ambiente é uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento
que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda”.
As condições ergonômicas implicam de forma direta no acontecimento de erros
humanos, e para a prevenção eficiente, é necessário adotar medidas para o indivíduo em
relação ao seu trabalho, e atender às melhorias é aumentar a confiabilidade do serviço
humano. Na concepção da ergonomia, o erro humano está ligado às anomalias ergonômicas
do ambiente de trabalho.
A ergonomia é empregada na integração da gestão de qualidade, meio-ambiente, e
segurança do trabalho. No campo da segurança do trabalho, a ergonomia age na situação
homem- ambiente de trabalho, aborda a saúde e segurança dos trabalhadores prevenindo
doenças e acidentes ou minimizando seus efeitos.
Uma análise empresarial vem ganhando importância com o dia-a-dia, o número de
erros e posições ergonomicamente inadequados. Contudo, esses equívocos de posturas,
muitas vezes são desconhecidos pelos trabalhadores, em razão do hábito em seu cotidiano,
sendo para eles, as posturas assumidas erroneamente, normais para a função.
Para o bom desempenho do trabalhador no seu posto de trabalho, é preciso
continuamente mostrar para a empresa a relevância do local de trabalho adequado
ergonomicamente, tendendo o bem estar e segurança do funcionário durante a execução de
suas atividades diárias.
22

A NR 17 fala sobre o mobiliário nos postos de trabalho e recomenda que sempre que
o trabalho puder ser efetuado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser projetado ou
modificado para esta posição. E para trabalhos manuais sentado ou que tenha de ser efetuado
em pé, o mobiliário deve oferecer boas condições de postura, visualização e operação ao
trabalhador.
Com posturas inadequadas e permanência numa única posição por muito tempo, o
trabalhador dispõe-se a adquirir lesões no seu corpo, danificando sua saúde e produtividade.
Ocasionando assim, o seu possível afastamento, onde a empresa perde financeiramente, tendo
que buscar e treinar outro profissional. E pelos seus princípios de segurança e bem estar do
trabalhador, visando sua saúde e integridade a frente da atividade exercida.
23

6 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste estudo, caracteriza um estudo de caso, sendo aplicada,


descritiva, qualitativa e quantitativa. Refere-se à análise ergonômica postural do posto de
trabalho do montador em uma indústria de equipamentos automotivos de Lages – SC. E visa à
postura adequada durante as atividades realizadas neste setor, procurando manter o bem estar
do trabalhador e a produtividade.
“Estuda-se metodologia, em particular técnicas de pesquisa que ensinam como gerar,
manusear e consumir dados, em contato com a realidade” (DEMO, 1991, pg.11).
A metodologia tem o papel de indicar o caminho a ser percorrido na pesquisa e
auxiliar na reflexão e na indução de uma nova visão sobre a realidade, uma visão curiosa,
exploradora e criativa.
Para DEMO (1987, pg.19) “metodologia é uma preocupação instrumental. Trata das
formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. A
finalidade da ciência é tratar a realidade teórica e praticamente”.
O trabalho de conclusão de curso carece estar fundamentado em um plano cauteloso,
para que seus efeitos sejam aceitáveis, através de uma reflexão conceitual concreta
consolidada em saberes já estudados.
A metodologia é considerada como uma maneira de guiar uma pesquisa ressaltando
quais as etapas necessitam ser adotadas em um certo procedimento. Pois aborda o estudo dos
métodos.
Lakatos & Marconi (1991) especificam a metodologia como sendo a reunião das
atividades sistemáticas e racionais que, com mais segurança e economia, consente alcançar o
objetivo e projetar a rota a ser seguida, além de detectar erros e assistir nas decisões dos
cientistas.
Assim, percebe-se que a metodologia é uma ferramenta que tem por finalidade a
pesquisa.
A pesquisa surge quando há um problema e não se encontra informações que
auxiliem na solução. Considera-se a pesquisa um conjunto de ações, propostas para descobrir
a solução de um problema.
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Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como
objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é
requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao
problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de
desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema (GIL, 2002,
pg.17).

Pesquisa é a atividade científica pela qual descobrimos a realidade. Partimos do


pressuposto de que a realidade não se desvenda na superfície (DEMO, 1987, P.23).
Minayo (1993), fala sobre a pesquisa como sendo uma tarefa fundamental das
ciências na sua investigação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de
imutável busca que define um processo essencialmente imperfeito e duradouro. É uma
atividade de aproximação contínua da realidade que nunca termina, fazendo uma combinação
específica entre teoria e dados.
A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a
utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na
realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras
fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos
resultados (GIL, 2002, pg.17).

Gil (2002, pg.17) comenta sobre as razões que motivam a execução de uma pesquisa,
e classifica-as em: “razões de ordem intelectual e razões de ordem prática. As primeiras
decorrem do desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer. As últimas decorrem do
desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz”.
“A pesquisa é um processo interminável, intrinsecamente processual. É um
fenômeno de aproximações sucessivas e nunca esgotado, não numa situação definitiva, diante
da qual já não haveria o que descobrir” (DEMO, 1987, pg.23).
O êxito de uma pesquisa depende fundamentalmente de certas qualidades intelectuais
e sociais do pesquisador, entre as quais são:
 Conhecimento do assunto a ser pesquisado;
 Curiosidade;
 Criatividade;
 Integridade intelectual;
 Atitude autocorretiva;
 Sensibilidade social;
 Imaginação disciplinada;
 Perseverança e paciência;
 Confiança na experiência (GIL, 2002, pg.18).
25

De acordo com Silva (2005) a pesquisa é uma mistura de ações e propostas para
determinar a solução para um problema, que se fundamenta em procedimentos racionais e
sistemáticos. A pesquisa é executada quando há um problema e não se encontram
informações para solucioná-lo.

6.1 Estudo de Caso

Refere-se a um estudo detalhado de um ou mais casos, para que seja possível o seu
vasto e aprofundado conhecimento. O estudo de caso é uma pesquisa de origem empírica que
indaga um certo acontecimento, inserido numa situação real, quando os limites entre o
acontecimento e a situação em que está inserido não se encontram visivelmente determinados.
Tem por finalidade desenvolver o conhecimento acerca de uma situação
problemática não definida, tendo em vista incitar o entendimento, propor suposições e
discussões ou aperfeiçoar a teoria.
O estudo de caso envolve a análise de registros, observação de fatos, entrevista
estruturada ou não-estruturada, e outras técnicas de pesquisa. Pode ter como objetivo um
indivíduo ou grupo, uma organização ou várias organizações, e ainda uma situação.
“Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que
permita seu amplo e detalhado conhecimento” (GIL, 2002, pg.54).
“Um estudo de caso refere-se a uma análise intensiva de uma situação particular”
(TULL, 1976, pg.323).
O estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o
fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de
evidência são utilizadas (YIN, 1989, pg.23).

O maior proveito do estudo de caso é constatado nas pesquisas exploratórias. Por ser
flexível, é indicado nas primeiras etapas da pesquisa de temas complexos, para o
desenvolvimento de hipóteses ou reelaboração do problema. É útil nas variadas áreas do
conhecimento. A coleta de dados comumente se dá por mais de um procedimento, os mais
utilizados são: a observação, a entrevista, a análise de documentos e a história da vida.
Contudo é possível distinguir algumas fases na maior parte dos estudos de caso:
 Definição do problema;
 Delimitação da unidade-caso;
26

 Coleta de dados;
 Análise e interpretação dos dados;
 Redação de relatório.
O estudo de caso é caracterizado de acordo com YIN (1989, pg.19) como sendo a
“capacidade de lidar com uma completa variedade de evidências, documentos, artefatos,
entrevistas e observações”.
É visto como o delineamento ideal para a pesquisa de um acontecimento
contemporâneo no seu contexto real, onde o limite entre o acontecimento e o contexto não é
nitidamente compreendido.
De acordo com Gil (2002, pg.54) a utilização do estudo de caso pode apresentar
diferentes propósitos, tais como:
 Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos;
 Preservar o caráter unitário do objeto estudado;
 Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada
investigação;
 Formular hipóteses ou desenvolver teorias;
 Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações
complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos
(GIL, 2002, pg.54).
O estudo de caso é uma categoria de histórico de um acontecimento, retirado de
diversas fontes de evidências onde qualquer registro importante ao fluxo de ocorrências que
delineiam o acontecimento é um dado possível para estudo.

6.2 Pesquisa Qualitativa e Quantitativa

“Na pesquisa científica, a escolha do método depende – isto é muito importante – de


uma postura filosófica sobre a possibilidade de investigar a realidade” (ROESCH, 1996,
pg.114).
Em princípio, qualquer tipo de projeto pode ser abordado da perspectiva quantitativa
e qualitativa, embora se possa generalizar dizendo que a tendência seria utilizar um
enfoque mais quantitativo na avaliação de resultados e um enfoque mais qualitativo
na avaliação formativa (ROESCH, 1996, pg.117).
27

Associar métodos qualitativos e quantitativos faz uma pesquisa mais vigorosa e


minimiza as dificuldades da adoção de uma única técnica, enquanto que a eliminação do uso
do método qualitativo, em uma pesquisa em que seja útil a sua utilização, desqualifica o ponto
de vista do pesquisador quanto à situação em que ocorre o fato.
O projeto pode combinar o uso de mais de um método. Aliás, é comum que na fase
exploratória se utilize uma postura de ouvir o que as pessoas tem a dizer e participar
de eventos sem a preocupação de que isso possa influenciar os respondentes ou
processos em andamento, como no método qualitativo. Numa etapa seguinte, a
tendência é buscar medir alguma coisa de forma objetiva, como é o propósito do
método quantitativo (ROESCH, 1996, pg.118).

O entendimento e a interpretação dos acontecimentos, no seu contexto, são tarefas


presenciadas na geração de conhecimento, fornecendo a percepção benéfica na utilização de
técnicas que ajudam a compreender os problemas de forma mais abrangente.

6.3 Delineamento da Pesquisa

“Embora todos os projetos utilizem uma metodologia, nem todos implicam a


realização de uma pesquisa. Especialmente no caso de uma pesquisa, espera-se que haja clara
especificação de seu plano ou estratégia” (ROESCH, 1996, pg.118).
O delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais
ampla, que envolve tanto a diagramação quanto a previsão de análise e interpretação
de coleta de dados. Entre outros aspectos, o delineamento considera o ambiente em
que são coletados os dados e as formas de controle das variáveis envolvidas (GIL,
2002, pg.43).

Roesch (1996, pg.118) comenta que “o delineamento da pesquisa determina quem vai
ser pesquisado e quais questões serão levantadas”.
Gil (1999) comenta que com o delineamento da pesquisa, as preocupações
basicamente lógicas e teóricas dão lugar às dificuldades mais técnicas de realização. O
delineamento ocupa-se justamente da oposição entre a teoria e os fatos, e seu feitio é o de uma
tática ou plano comum que determine as operações necessárias para realiza-lo. O
delineamento é composto pela etapa em que o pesquisador considera a aplicação dos métodos
discretos, ou seja, daqueles que oferecem os meios técnicos para a averiguação.
Nesta análise será considerado apenas o setor de montagem da empresa, onde
apresentou situações posturais críticas e prejudiciais ao trabalhador no decorrer da sua
atividade.
28

6.4 Coleta de Dados

“Com efeito, nos estudos de caso os dados podem ser obtidos mediante análise de
documentos, entrevistas, depoimentos pessoais, observação espontânea, observação
participante e análise de artefatos físicos” (GIL, 2002, pg.141).
A coleta de dados é realizada em situações espontâneas em que ocorrem os
acontecimentos, onde são observados de forma direta, sem a influência do pesquisador.
Para Roesch (1996, pg.120) “a coleta de dados primários é feita através de entrevistas,
questionários, observação ou testes. E quando se trata de dados secundários é importante
relatar sua natureza e especificações”.
Na idealização adequada da coleta de dados deve haver cuidado aos detalhes, pois o
estudo de caso pode não ser considerado. Assim sendo, deve haver um plano formal de coleta.
Gil (2002) destaca que a coleta de dados no estudo de caso deve acontecer de forma
mais cuidadosa do que em outras modalidades de pesquisa, por ser mais complexa e afirma
que “obter dados mediante procedimentos diversos é fundamental para garantir a qualidade
dos resultados obtidos (...)” e estes necessitam “(...) ser provenientes da convergência ou
divergência das observações obtidas de diferentes procedimentos”.
Para a coleta de dados será utilizada a observação, entrevista e fotografias.

6.5 Análise dos Dados

Através das fotografias serão descritos os movimentos e posturas exigidos na


atividade, por meio do software OWAS. Serão propostas sugestões de melhorias quanto ao
mobiliário, visando maior conforto do montador.
29

7 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Foi realizado com base nos dados da Indústria de Equipamentos Automotivos,


constituída em 1990, situada no bairro Coral da cidade de Lages – SC.
Para melhor compreensão da cadeia produtiva relatamos abaixo.
Após a chegada do caminhão na empresa, o material para fabricação dos
equipamentos é levado ao setor de preparação das peças, onde são feitos os cortes necessários
de cada componente, seguindo para a soldagem, usinagem e pintura, posteriormente os
componentes seguem para a montagem onde vão ganhando a forma do produto. Para finalizar
seguem para a montagem dos componentes eletrônicos, embalagem e expedição.
A etapa da montagem apresentou situações críticas com relação a postura adotada
pelo trabalhador durante suas atividades, podendo vir a ocorrer fadiga e dores, ocasionando
baixa na produtividade.
A amostra foi composta pelos funcionários que exerciam suas atividades no instante
da avaliação.
Realizamos a observação do posto de trabalho e descrição dos movimentos e hábitos
posturais desempenhados e para a análise do problema foi adotado o método OWAS,
explicado a seguir.

7.1 Método de Avaliação Postural OWAS

Para Iida (2005, pg.169) o método OWAS (Ovako Working Posture Analysing
System) é um sistema prático de registro que foi elaborado por três pesquisadores finlandeses
(Karku, Kansi e Kuorinka, 1977), que trabalhavam em uma sinderúrgica. Eles iniciaram com
análises fotográficas das principais posturas efetuadas características na indústria pesada.
O método OWAS surgiu da necessidade de se identificar e avaliar as posturas
inadequadas durante a execução de uma tarefa, que podem em conjugado com
outros fatores, causar o advento de problemas músculos-esqueletais, gerando
incapacidade para o trabalho, absenteísmo e custos adicionais ao processo produtivo
(KARHU et.al., 1997a).

Neste método a atividade é capaz de ser subdividida em diversas etapas e em seguida


categorizada para a análise postural do posto de trabalho. As atividades analisadas que exigem
levantamento manual de cargas são identificadas e categorizadas conforme a dificuldade
imposta ao trabalhador, apesar de este não ser o principal enfoque do método. Aspectos como
30

vibração e dispêndio energético são desconsiderados. Em seguida, são feitos a análise e o


mapeamento das posturas a partir da observação de registros fotográficos e/ou vídeos do
indivíduo na sua situação de trabalho.

7.1.1 Classificação de Postura

O método fundamenta-se na análise de determinadas atividades em intervalos


variáveis ou constantes analisando-se a frequência e o tempo utilizado em cada postura. O
registro é obtido através de vídeo e observações diretas. Nas atividades cíclicas é observado
todo o ciclo e nas não-cíclicas um período de no mínimo 30 segundos.
Para o registro das posturas procede-se através da observação do trabalho de forma
geral, analisando a postura, a força e a fase do trabalho, em seguida desviar o olhar e registrar.
Pode-se fazer estimativas da proporção do tempo durante o qual as forças são exercidas e as
posturas assumidas.
No decorrer das observações são analisadas as posturas pertinentes às costas, braços,
pernas, uso de força e a fase do trabalho que está sendo observada, onde são atribuídos
valores e um código de seis dígitos. No primeiro dígito do código é indicada a posição
relacionada às costas, no segundo, os braços, posteriormente, no terceiro dígito as pernas, no
quarto dígito é analisado o levantamento de cargas e/ou o uso de força, por fim no quinto e
sexto dígitos, a fase em que se encontra a atividade. São analisadas as posturas a seguir:

1º Dígito - Costas

1- Ereta
2- Inclinada para frente ou para trás
3- Torcida ou inclinada para os lados
4- Inclinada e torcida ou inclinada para frente e para os lados

2º Dígito – Braços

1- Ambos os braços abaixo do nível dos ombros

2- Um braço no nível dos ombros ou abaixo

3 - Ambos os braços no nível dos ombros ou abaixo


31

3º Dígito - Pernas

1- Sentado

2- De pé com ambas pernas esticadas

3- De pé com o peso em uma das pernas esticadas

4- De pé ou agachado com ambos os joelhos dobrados

5- De pé ou agachado com um dos joelhos dobrados

6- Ajoelhado em um ou ambos os joelhos

7- Andando ou se movendo

4º Dígito - Levantamento de carga ou uso de força

1- Peso ou força necessária é 10 Kg ou menos

2- Peso ou força necessária excede 10 Kg, mas menor que 20 Kg

3- Peso ou força necessário excede 20 Kg.

5º e 6º Dígito - Fase do trabalho

De acordo com essas avaliações, as posturas são classificadas em uma das seguintes
categorias propostas por Iida (2005, pg. 171):
Classe 1 – postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais.
Classe 2 – postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira dos
métodos de trabalho.
Classe 3 – postura que deve merecer atenção a curto prazo.
Classe 4 – postura que deve merecer atenção imediata.
Iida (2005, pg. 171) ainda comenta que “essas classes dependem do tempo de
duração das posturas, em percentagens da jornada de trabalho ou da combinação das quatro
variáveis (costas, braços, pernas e carga)”.
Dois dígitos são preservados para a etapa da atividade variando de 00 a 99,
escolhidos através da subdivisão de tarefas. A combinação das posições das costas, braços e
pernas geram níveis de ação para as medidas corretivas (quadro 1). Quando a atividade é
32

habitual, ainda com carga leve, o processo de amostragem consente a estimativa da proporção
do tempo que o tronco e membros fiquem nas diversas posturas durante o período de trabalho
observado.

Quadro 1 - Categorias de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de força no
método OWAS

Costa Braços 1 2 3 4 5 6 7 Pernas


s
1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 Força.
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1
2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1
3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 3 2 2 3 1 1 1 1 2
2 1 2 2 3 2 2 3 2 2 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 3 3
2 2 2 3 2 2 3 2 3 3 3 4 4 3 4 4 3 3 4 2 3 4
3 3 3 4 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 4
3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 3 3 4 4 4 1 1 1 1 1 1
2 2 2 3 1 1 1 1 1 2 4 4 4 4 4 4 3 3 3 1 1 1
3 2 2 3 1 1 1 2 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 1 1 1
4 1 2 3 3 2 2 3 2 2 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 4
23 3 3 4 2 3 4 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 4
4 4 4 2 3 4 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 4
CATEGORIAS DE AÇÃO
1 – Não são necessárias medidas corretivas
2 - São necessárias medidas corretivas em um futuro próximo
3 - São necessárias correções tão logo quanto possível
4 - São necessárias correções imediatas
Fonte:Software OWAS

Quando a atividade é frequente, ainda com carga leve, o processo de amostragem

permite a estimativa da proporção de tempo que o tronco e membros ficam nas várias posturas

durante o período de trabalho (quadro 2).


33

Quadro 2 - Categorias de ação do método OWAS para posturas de trabalho de acordo com o
percentual de permanências na mesma postura .

COSTAS
1 – ereta 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

2 – inclinada 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3
3 – torcida 1 1 2 2 2 3 3 3 3 3
4 – inclinada e torcida 1 2 2 3 3 3 3 4 4 4
2
BRAÇOS
1 – ambos os braços 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
abaixo dos ombros
2 – um braço no nível 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3
ou acima dos ombros
3 – Ambos os braços 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3
no nível ou acima dos
ombros
PERNAS
1 – sentado 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2
2 - de pé com ambas 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2
as mãos esticadas
3 - de pé com uma das 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3
pernas esticadas
4 – Dois joelhos 1 2 2 3 3 3 3 4 4 4
dobrados 2
5 – Um joelho 1 2 2 3 3 3 3 4 4 4
dobrado 2
6 – Ajoelhado 1 1 2 2 2 3 3 3 3 3
7 – Andando 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2
% de tempo de 0 20 40 60 80 100
trabalho
Fonte: Software OWAS

A seleção de etapas para análise é dada a partir do observador que leva em


consideração o grau de maior constrangimento postural para o trabalhador. Na análise da
postura, força e fase da atividade é preciso observar a amostragem coletada a partir de
filmagens e observações diretas e estimar o tempo em que são exercidas forças e posturas.
34

A combinação das posições das costas, braços, pernas e uso de força no método
OWAS admite uma pontuação que pode ser compreendida no sistema de avaliação Win-
OWAS que consente categorizar níveis de ação para medidas corretivas propondo a ascensão
da saúde ocupacional.
Está apresentado nas figuras 1 e 2 as posições das costas, braços, pernas através do
sistema de análise Win-OWAS.

Figura 1-Posição das costas, braços e pernas

Fonte:Software OWAS.

Na figura a seguir software OWAS.


35

Figura 2 - Sistema de análise Win-OWAS.

Figura 2 - Sistema de análise Win-OWAS.

Ainda que o método possua limitações, demonstra ganhos benéficos no


monitoramento de atividades que impõe constrangimentos, o que permite identificar as tarefas
mais prejudiciais e também permite indicar as regiões anatômicas mais atingidas. Assim, este
método permite a elaboração de sugestões ergonômicas que excluam ou reduzam as
atividades mais agressivas.

7.2 Aplicação do método OWAS

Foram feitas 4 amostras onde foram constituídas pelo funcionário da empresa que
exercia suas atividades no momento da avaliação. Foram feitas observações e descrição dos
movimentos e hábitos posturais realizados. Após as análises, foi elaborado um relatório com
as fotos, descrição dos movimentos e posturas realizadas e sugestões de melhoria.

Amostra 1 – coletamos os dados da jornada de trabalho no período das 8:00 às 12:00,


levamos em consideração a postura das costas mais realizada onde notou-se que estava
inclinada e torcida, postura das pernas que estavam agachadas, braços abaixo do nível dos
ombros e um esforço inferior a 10kg.
36

Figura 3 – Amostra 1: montador no posto de trabalho

Fonte própria – registrada em 08/04/2013 às 10:34

Utilizando o software para análise da postura:

Figura 4 – Análise pelo método OWAS

Fonte própria a partir do software OWAS


37

No Software OWAS apresentado acima demonstra onde preenche-se as posturas de


acordo com o observado e se detecta que são necessárias correções imediatas.

Amostra 2 - coletamos os dados da jornada de trabalho no período das 8:00 as 12:00,


levamos em consideração a postura das costas mais realizada onde notou-se que estava
inclinada e torcida, postura das pernas que estavam ajoelhadas, braços acima do nível dos
ombros, e um esforço inferior a 10kg.

Figura 5 – Amostra 2: montador no posto de trabalho

Fonte própria – registrada em 10/04/2013 às 08:57


38

Utilizando o software para análise da postura:

Figura 6 – Análise pelo método OWAS

Fonte própria – a partir do software OWAS

No Software OWAS apresentado acima demonstra onde preenche-se as posturas de


acordo com o observado e se detecta que são necessárias correções imediatas.

Amostra 3 - coletamos os dados da jornada de trabalho no período das 8:00 as 12:00,


levamos em consideração a postura das costas mais realizada onde notou-se que estava
inclinada e torcida, postura das pernas que estavam agachadas, um dos braços acima do nível
dos ombros, e um esforço inferior a 10kg.
39

Figura 7 – Amostra 3: montador no posto de trabalho

Fonte própria – registrada em 10/04/2013 às 09:06

Utilizando o software para análise da postura:

Figura 8 – Análise pelo método OWAS

Fonte própria – a partir do software OWAS


40

No Software OWAS apresentado acima demonstra onde preenche-se as posturas de


acordo com o observado e se detecta que são necessárias correções imediatas.

Amostra 4 - coletamos os dados da jornada de trabalho no período das 8:00 as 12:00,


levamos em consideração a postura das costas mais realizada onde notou-se que estava
inclinada e torcida, postura das pernas que estavam ajoelhadas, um dos braços acima do nível
dos ombros, e um esforço inferior a 10kg.

Figura 9 – Amostra 4: montador no posto de trabalho

Fonte própria – registrada em 10/04/2013 às 09:23


41

Utilizando o software para análise da postura:

Figura 10 – análise pelo método OWAS

Fonte própria – a partir do software OWAS

No Software OWAS apresentado acima demonstra onde preenche-se as posturas de


acordo com o observado e se detecta que são necessárias correções imediatas.

7.3 Analise dos resultados

Todas as posturas estudadas foram classificadas na categoria 4, segundo o software


OWAS, que determina a necessidade de correção imediata.
Após as observações realizadas, foram descritos os movimentos e posturas que o
trabalhador costuma realizar durante sua atividade de trabalho.
Dentre as condições ambientais importantes observadas na análise ergonômica, foram
identificados aspectos que influenciam negativamente na saúde ocupacional do trabalhador,
além de provocarem insatisfações no local de trabalho, na área produtiva da empresa
pesquisada.
Este setor deveria ter suas atividades executadas utilizando alternadamente as posições
em pé e sentado, pois evitariam os riscos de fadiga e estresse no local de trabalho.
42

Para demonstrar uma forma mais correta improvisamos uma bancada, onde foi
realizada as atividades que são frequentes na jornada do trabalhador que foram registradas por
meio de fotos onde as mesmas passaram pelo mesmo modo de analise do software OWAS.

Figura 11 – Sugestão de melhoria: bancada

Fonte própria – registrada em 10/04/2013 às 10:31

Figura 12 – Sugestão de melhoria: bancada

Fonte própria – registrada em 10/04/2013 às 10:35


43

Utilizando o software para análise da postura:

Figura 13 – Análise pelo método OWAS

Fonte própria – a partir do software OWAS

No Software OWAS apresentado acima demonstra onde preenche-se as posturas de


acordo com o observado e se detecta que não são necessárias medidas corretivas.
A ideia de improvisarmos uma bancada e simularmos posições surgiu porque
precisávamos confirmar que o método é eficaz e foi um modo de não gerar custos a empresa
sem ter a certeza se adiantaria realizar as modificações, com isso também demonstrou que não
é difícil fazer adaptações, e para um futuro próximo possa ser modificado o mobiliário
possibilitando assim o bem estar do montador.
44

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo retratou o dia-a-dia do montador no seu ambiente de trabalho, onde o


objetivo geral pretendia propor uma metodologia para a implantação da ergonomia no setor de
montagem de uma indústria de equipamentos automotivos, visando melhorar a postura e
hábitos do trabalhador (montador) envolvido.
Notamos que nas empresas de pequeno e médio porte há mais restrições ao uso desses
métodos, pois muitas vezes trata-se de empresas de administração familiar, onde as
preocupações são primeiramente voltadas à geração de lucro e a segurança e conforto aos
trabalhadores acaba ficando em segundo plano.
Na empresa estudada houve certa rejeição à pesquisa por parte dos trabalhadores que
se mostraram receosos perante as análises efetuadas e resistentes às sugestões de melhoria no
setor de montagem. Mas o que tornou a pesquisa possível foi a participação do funcionário
descrevendo suas atividades e dificuldades no dia-a-dia. A participação do montador é
fundamental para a priorização das soluções no caso de intervenção no seu posto de trabalho.
Diferente de problemas em máquinas e equipamentos que são solucionados
facilmente, as dores e desconfortos que afetam o trabalhador geralmente são trágicas e
causam consequências cognitivas comprometendo a satisfação e autoestima do funcionário, o
que pode afetar sua produtividade e concentração no trabalho, e seu bem estar físico e
emocional.
Sabemos que um profissional qualificado custa caro para qualquer empresa, e com o
afastamento desse trabalhador, gera gastos ainda maiores pelo fato de ter que encontrar e
treinar um novo funcionário para ocupar a vaga, podendo até ocorrer atrasos na produção caso
a empresa encontre dificuldades na seleção de um novo trabalhador.
Ficou evidente que com as análises elaboradas no setor de montagem, identificamos
possíveis problemas causados pela má postura exercida no cotidiano. Sugerimos uma bancada
para realizar a montagem das peças nos equipamentos sobre ela, sendo esta numa altura
confortável ao trabalhador. Para facilitar ainda mais o trabalho é necessário que a bancada
tenha regulagem de altura, pois dependendo da fase da montagem o trabalhador necessita
variar a sua posição de trabalho e assim não exigiria esforços prejudiciais à sua integridade
física, e também sugerimos facilitadores para erguer cargas (peças) por exemplo, instalação
de talhas.
45

Ao iniciar a pesquisa, encontramos profissionais habituados a sua rotina e sem


motivação, com o surgimento da ideia de melhorar seu ambiente de trabalho visando maior
conforto, começaram a se empenhar e colaborar ajudando com o necessário para que
pudéssemos obter uma análise relevante.
Como o objetivo principal da empresa é a indústria e comércio de equipamentos
automotivos, e a mesma pretende se expandir, nota-se que dependem da organização para que
tudo isso reflita no seu desenvolvimento frente ao mercado, sem essa visão, os resultados das
atividades exercidas ficam restritos a cada ação, perdendo a visão global, pois trabalhadores
insatisfeitos além de produzir pouco, comprometem o desenvolvimento do trabalho do outro
que tem um bom resultado.
Nas análises realizadas através do método OWAS de acordo com as posturas
registradas obtivemos resultados comprometedores, pelo malefício que causam a saúde e por
passarem despercebidos pelos próprios trabalhadores. Com isso, acabam comprometendo
diretamente a produtividade diária.
Com a realização da pesquisa acrescentamos um vasto conhecimento na carreira
profissional além da experiência prática de executar uma melhoria. Com o estudo
aprofundado analisamos que o tema relacionado à pesquisa é muito relevante e de grande
significância por tratar diretamente dos hábitos e conforto do trabalhador. Notamos que o
tema estudado é pouco explorado, apresentando um amplo campo de atuação, despertando
interesses profissionais futuros.
46

9 REFERÊNCIAS

ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em:


http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia Acessado em: 09/03/2013 às
16:12

COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da


máquina humana. Belo Horizonte: Ergo, 1995.

DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987.

DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo - SP; Ed. Edgard Bluncher
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