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O "Match Do Século" e A "História Esportiva" Do Xadrez
O "Match Do Século" e A "História Esportiva" Do Xadrez
2013 doi:
Artigo Original
The “match of the century” and the “sports history” of chess - a sociological interpretation
Abstract: This paper is a summary of the master's degree thesis defended by the author with the title
“Chess in check: a sociological analysis of its sporting history” (SOUZA, 2010). The research problem that
the thesis has had on screen was the ability to recover and understand the conjunctural and market
potentiated changes in chess sport's subfield at the level of supply and demand of the practice on the
occasion of the end of the world championship 1972. And then evaluate what these changes meant or
represented in the construction of “sports history” of chess. As a working hypothesis it was argued that
during the historical and social context of the “match of the century”, chess has known the “golden phase” of
its “sports history”, a condition that, from the joint empirical-theoretical carried out during the study, was
proven.
Keywords: Chess. Sports. History.
A par dessa última premissa, assumida, 12,5 a 8,5 colocando fim a uma hegemonia
inclusive, como norte do estudo, argumenta-se soviética de 24 anos no subcampo do xadrez. A
então que a “história esportiva” do xadrez vem a série de 21 partidas realizadas entre os dois
ser mais bem decodificada e transparecida ao se jogadores em 1972 foi divulgada e ficou
observar, por exemplo, que em cada um dos conhecida como o “match do século”.
ciclos de campeonatos mundiais dessa prática – o
Paralelamente ao problema investigativo
que representa um recorte temporal relativamente
situado, assumiu-se a hipótese de trabalho que,
pequeno (em média três anos) – uma série de
durante o período do “match do século”, a
deslocamentos e ressignificações foram
modalidade de xadrez conheceu a “fase de ouro”
negociadas pelos agentes no interior do
de sua “história esportiva”, demarcando então um
microcosmo social que a própria modalidade
momento de singularidade histórico-estrutural
constituía, reorientando assim a dinâmica da
denominada de cristalização deste subcampo no
oferta e da demanda, da prática e do consumo
interior do campo esportivo, justamente por
enxadrístico.
evidenciar um período em que o entrelaçamento
Durante o processo de estruturação do que entre os contornos espetaculares, simbólicos e
aqui está sendo chamado de “história esportiva” miméticos conferidos à oferta da prática
relativamente autônoma do xadrez foram enxadrística representou a consolidação da
disputados 47 campeonatos mundiais modalidade frente à lógica de distribuição e
oficializados num período compreendido entre consumo das demais práticas esportivas no
1886 a 2012. Dessa forma, ao levar-se em conta contexto histórico-social em questão.
que cada um desses micro-ciclos foi marcado e
constituído por seus próprios avanços e recuos, Nas páginas que seguem procura-se, portanto,
demonstrou-se impossível e inviável percorrer-se apresentar alguns dos elementos analíticos que
pelas linhas histórico-sociológicas de todos os vieram a consubstanciar a hipótese de partida que
campeonatos mundiais de xadrez. Daí a decisão subsidiou o referido estudo. Antes, no entanto, de
e, ao mesmo tempo, justificativa em definir como explorar tais elementos é necessário situar
ponto de partida de compreensão dessa trama aqueles procedimentos teórico-metodológicos que
que constitui a “história esportiva” do xadrez, as foram adotados na pesquisa, até porque tanto a
transformações potencializadas na modalidade no seleção e dimensionamento dos materiais
ciclo de um único campeonato mundial. empíricos quanto a posterior interpretação dos
mesmos e articulação segundo um quadro teórico
Deste modo, e para via da análise sociológica coerente se deu através de tais procedimentos.
aqui proposta, optou-se em recortar o
campeonato mundial de xadrez de 1972 como Encaminhamentos teórico-
universo intelígivel onde se assenta a presente metodológicos
discussão. Mais especificamente, a problemática “Toda sociologia digna do nome é “sociologia
de pesquisa que esteve em tela na dissertação
histórica” (MILLS, 1975, p. 159). Eis uma das
consistiu na possibilidade de recuperar e
teses sustentadas pelo sociólogo norte-americano
compreender as transformações conjunturais e
Charles Wright Mills em seu clássico texto “A
mercadológicas potencializadas no subcampo
imaginação sociológica” de 1959. Para este autor,
esportivo do xadrez, em nível de oferta e
as ciências sociais são disciplinas
demanda da prática enxadrística, pela ocasião da
fundamentalmente históricas. Daí sua insistência
final do campeonato mundial de 1972 e, em
em que os cientistas sociais recorram aos
seguida, avaliar o que essas transformações
materiais históricos e ao método comparativo em
representaram no processo de construção da
suas análises, de modo que possam elaborar as
“história esportiva” da modalidade.
perguntas sociológicas mais adequadas, bem
Vale notar que o referido confronto foi como respondê-las.
realizado em Reykjavik na Islândia entre os dias
Ao reivindicar uma proposta de historicidade
onze de julho a primeiro de setembro de 1972.
para o desenvolvimento dos estudos sociológicos,
Nessa ocasião, disputaram o título o enxadrista
Mills rejeita o rótulo atribuído à sociologia como
soviético Boris Spassky e o enxadrista norte-
ciência social do presente. Nessa linha de
americano Robert James Fischer. O confronto
raciocínio, o autor se junta a outros sociólogos de
terminou com a vitória do norte-americano por
vanguarda como, por exemplo, Norbert Elias e
Pierre Bourdieu. A propósito, Elias (1980) estudos sociológicos não históricos, isto é, que
recomenda a formação de cientistas sociais desconsideram o papel da historicidade na
atentos às dimensões de longo prazo, ao passo construção da realidade social, tendem a serem
que Bourdieu (1990a, p. 57-58), insiste que a estáticos e curtos ou então limitados a ambientes
sociologia é de ponta a ponta histórica, muito (MILLS, 1975, p. 162). Por sua vez, o método
embora pondere que a história necessária para comparado, tal como trabalhado na abordagem
exercer seu ofício dificilmente pode ser sociológica de Mills, diz respeito a comparações
encontrada entre diferentes sociedades, diferentes épocas,
enfim, entre diferentes estruturas sociais.
Como maneira de pensar o mundo social, à
sociologia cabe então a tarefa de recombinar Em síntese, o estudo comparado das
presente e passado, micro e macro-história, local estruturas sociais ou o mínimo de conhecimento
e global, referências de curto prazo e de longo histórico sobre as descontinuidades estruturais
prazo, sociedades próximas e distantes no tempo constituintes do mundo social é fator de suma
e espaço. Por sua vez, a escrita da história para importância para uma análise sociológica que se
não ficar fadada, a fornecer apenas uma visão ambicione reflexiva. Além disso, essa postura
ideológica de quem a escreve, quando senão metodológica demonstra extrema vantagem
uma opinião sobre a autenticidade das fontes, científica com relação a estudos que se
deveria se substanciar em modelos teóricos concentram sobre uma suposta unidade nacional
gerativos sistematizados no âmbito das ciências recortada no tempo e espaço, trans-histórica e
sociais (ELIAS, 2001). sem conexões com a estrutura de outras
sociedades e outras épocas.
Inclusive, pensando nesse dilema é que Mills
adverte que, “[...] se os historiadores não têm Na construção da problemática de pesquisa
“teoria”, podem proporcionar material para aqui em tela, procurou-se então conservar uma
escrever-se a história, mas não podem êles devida sensibilidade comparativa para perceber o
mesmos, escrevê-la” (MILLS, 1975, p. 158). Com quão limitado seria reportar-se à final do
base nessa leitura ainda é que Bourdieu defende campeonato mundial de xadrez de 1972, tomando
que “[...] la separación entre la sociología e la por referência cronológica unicamente aquele
historia es una división desastrosa, y que esta momento histórico ou então referenciando
totalmente desprovista de justificación espacialmente e circunscrevendo a análise
epistemológica: toda sociología debería ser apenas no cenário geográfico em que se
histórica y toda historia sociológica” (BOURDIEU; protagonizou o referido confronto, quando senão
WAQCUANT, 2008, p. 126). ponderando os efeitos dessa conjuntura no
interior de uma sociedade isolada sem
Pautados nesse estatuto transdisciplinar
restabelecer as devidas conexões com outros
reivindicado por tais autores, é que se decidiu,
domínios de tempo-espaço.
portanto, transitar pelas chamadas linhas
histórico-sociológicas que definiram a constituição Nesse particular, antes de se avançar às
do subcampo esportivo do xadrez em sua lógica chamadas análises situadas que prescrevem uma
de concorrência frente ao universo das práticas leitura estrutural das relações e disputas
esportivas. Nesse sentido, é possível dizer que o simbólicas no interior dos campos e subcampos
presente estudo constituiu-se (1) em uma em voga bem como nas aproximações que
investigação histórico-sociológica amparada no engendram, decidiu-se recorrer e explorar
método comparativo e (2) em uma pesquisa preliminarmente as tendências de
empírica guiada por teoria ou, melhor dizendo, em desenvolvimento estrutural em longo prazo, tanto
uma abordagem na qual se procurou tratar os no que se refere à “história esportiva”
materiais históricos sob o crivo dos modelos relativamente autônoma do xadrez quanto à
teóricos de Elias e Bourdieu, ambos retomados história social da Guerra Fria. A respeito desses
em um sentido complementar no estudo. ajustes Mills novamente corrobora:
Prosseguindo na exposição dessa lógica Se quisermos compreender as transformações
dinâmicas de uma estrutura social
argumentativa, convém reiterar que para Mills contemporânea, teremos de distinguir sua
toda pesquisa sociológica que se apeteça sólida e evolução a longo prazo, e em têrmos desta
consistente deveria empregar materiais históricos indagar: qual a mecânica da ocorrência dessas
tendências, que transformam a estrutura da
e comparados. E isso essencialmente porque os sociedade? É com essas indagações que nossa
Por sua vez, o uso dos materiais históricos se trazido à tona por conta do falecimento de Bobby
deu em conformidade com o modelo Fischer.
metodológico esboçado por Bourdieu no capítulo Feitas essas ressalvas de ordem teórico-
do livro “Razões práticas” que tem como título metodológica que, por sua vez, sinalizam para a
“Por uma ciência das obras” (BOURDIEU, 2007). possibilidade de tratamento da “história esportiva”
Em tal ocasião, o sociólogo francês apresenta um do xadrez a partir da inter-relação e confrontação
modelo de análise dos bens históricos e culturais de tendências históricas de longo prazo e curto
que tem por objeto a correspondência (ou prazo, convém então apresentar nas páginas que
dialética) entre duas estruturas homólogas, isto é, seguem alguns dos principais argumentos
entre a estrutura interna de uma obra – forma e analíticos que reiteram a validade da hipótese de
conteúdo – e a estrutura externa de sua partida do estudo diante do problema de pesquisa
produção. formulado.
Essa perspectiva de leitura lança luz ao
embate historiográfico em torno de velhas e Resultados e Discussões
conhecidas polarizações como “verdade versus No decorrer dessa pesquisa, foi demonstrada
mentira”, “fontes primárias versus fontes a constituição histórico-estrutural do subcampo
secundárias”, já que a imposição legítima das esportivo do xadrez tomando por referência de
realidades históricas, segundo Bourdieu (2007), análise alguns dos principais eventos –
resulta primeiramente de lutas pelo monopólio de campeonatos mundiais e torneios – disputados
trazer à existência as coisas propriamente entre a metade final do século XIX e os últimos
nomeadas pelos produtores culturais no interior anos da década de 1970. Nesse percurso, foram
dos mais distintos campos sociais. Nesse caso, o recuperadas algumas rupturas inerentes à
que interessa a Bourdieu e também para a constituição deste subespaço, rupturas essas
realização dessa pesquisa, é problematizar as condicionadas às exigências do mercado e que,
condições sociais de produção e recepção dos portanto, remetiam a tomadas de posição dos
materiais históricos, bem como os usos sociais a especialistas e produtores culturais em
que os mesmos se prestam. conformidade com as sanções impostas pela
nova lógica mercantil que passou a vigorar no
Sobre a distribuição desses materiais contexto pós-Revolução Industrial inglesa.
históricos como requisitos e ao mesmo tempo
ferramentas de compreensão das respectivas Um primeiro indício dessa conjuntura pode ser
estruturas sociais de curto prazo e longo prazo elencado ao se retomar as publicações do
delimitadas, foi realizada a seguinte divisão: enxadrista inglês Howard Staunton nos anos de
1847 e 1860 bem como a confecção de um
(1) Para avaliar e objetivar a estrutura de longo padrão standart para as peças de xadrez em sua
prazo que a “história esportiva” relativamente
autônoma da modalidade de xadrez constitui, homenagem no ano de 1849 (LOUREIRO, 2006,
tomou-se como ponto de partida as p. 1012). Ambas as inserções ao mesmo tempo
considerações desenvolvidas nas chamadas em que reforçavam ou conferiam um senso de
literaturas enxadrísticas, com ênfase àquelas distinção ao jogador inglês também conformavam
obras de caráter histórico que circularam no um sentido de oferta das práticas esportivas
interior do subcampo esportivo em questão.
condizente com as demandas mercadológicas
(2) Com relação ao entendimento do embate que se faziam presentes e atuantes no interior
entre o bloco capitalista e socialista durante o
dos mais distintos locus e universos sociais.
contexto social da Guerra Fria, buscou-se
sustentação nos referenciais historiográficos Outro exemplo esclarecedor, dentre vários
produzidos sobre a temática. outros destacados ao longo do estudo, se deu em
(3) Para leitura de curto prazo, mais 1873 quando o enxadrista Wilhelm Steinitz, já
precisamente, do delineamento e direcionamento residindo na Inglaterra, obteve uma coluna no
da oferta e demanda da modalidade de xadrez
Jornal The Field e Fígaro, que destinavam um
durante o “match do século” em 1972, também foi
conferido centralidade às literaturas enxadrísticas, espaço editorial para divulgar as práticas
reservando um maior espaço para análise de esportivas em potencial destaque na sociedade
reportagens e imagens veiculadas na mídia inglesa daquela época, quais sejam, rúgbi,
impressa e nos próprios livros de xadrez durante futebol, atletismo, golfe, remo e o recém
aquele período e agora mais recentemente em
inventado tênis (GARCIA, 2006, p. 10-11).
2008, quando o match de 1972 novamente foi
racionalmente planejada para um fim específico campeonato mundial de xadrez dos Estados
que animou essa elevação momentânea do Unidos. Esse evento foi divulgado e transmitido
xadrez a um patamar de visibilidade e prestígio no no mundo inteiro sob a rubrica de “match do
campo esportivo mundial. século”. O xadrez nunca foi tão consumido e
assistido no mundo. Aumentou-se
Como se viu até aqui a “história esportiva” do
significativamente a demanda de livros e
xadrez se trata de um processo que vem sendo
tabuleiros de xadrez, para além dos círculos já
construído a partir de continuidades e rupturas
socializados com essa prática esportiva (SOUZA,
que se evidenciaram mais explicitamente a partir
2010).
do momento em que essa prática se fez circular
no interior da Inglaterra vitoriana e dos Estados Isso, no entanto, não foi fruto de uma
Unidos do final do século XIX. Viu-se também que estratégia racionalizadora do mercado, mas teve
a partir dos anos 1920 se iniciou um processo de como principal mola propulsora o fato de aquela
massificação enxadrística na União Soviética, até final em 1972 ter materializado mimeticamente o
hoje sem precedentes. Ambas as experiências embate político da Guerra Fria travado na
foram conduzidas sob os efeitos de expansão de configuração social mais ampla. Essa conjuntura,
um mercado enxadrístico a partir dos por conseguinte, ao vir ser apropriada pelo campo
campeonatos mundiais e demais torneios midiático e conduzida pelo mercado de bens
importantes, muito embora na URSS essa prática simbólicos acabou transformando o xadrez num
tenha sido atrelada aos ideais do Estado e produto mais comercializável, se bem que menos
servido, portanto, de apoio à doutrina comunista. pelo que essa prática trazia de atrativo em si e
mais pelos componentes miméticos acionados. A
De 1948 até 1972 a URSS manteve a
esse processo por conta de sua singularidade
hegemonia de títulos mundiais no subcampo
histórica e estrutural deu-se o nome de
esportivo do xadrez. Essa estrutura ortodoxa, por
cristalização do xadrez no campo esportivo.
sua vez, não coligia com os interesses do
mercado esportivo em expansão pelo mundo,
Considerações Finais
uma vez que o monopólio de um país, clube ou
A combinação entre a abordagem sincrônica e
qualquer outra instituição esportiva por muito
diacrônica nesse estudo foi fundamental para se
tempo a frente de uma modalidade tende a
avançar no entendimento rigoroso e não-
reduzir o componente catártico contido no
fantasioso de alguns dos rumos que a modalidade
consumo dessa mesma prática, já que é possível
de xadrez (na figura de seus agentes e
antecipar os resultados e prever o curso dos
estruturas) trilhou no contexto do campeonato
acontecimentos. No caso do xadrez, isso ajuda a
mundial de xadrez de 1972 e, de uma forma mais
explicar a redução de sua potencialidade
ampla, ao longo da “história esportiva” da
mercadológica e, portanto, a sua restrição a um
modalidade. Se, como foi demonstrado ao longo
público bastante seleto ao longo de mais de duas
do artigo, é evidente que houve uma reorientação
décadas.
da dialética oferta-demanda da modalidade de
Desde o início dos anos 1960, no entanto, a xadrez por conta do “match do século”, menos
estrutura ortodoxa arranjada no subcampo autoevidente seria afirmar que este momento
esportivo do xadrez com a União Soviética no representou a “fase de ouro” dessa modalidade
pólo dominante começou a demonstrar alguns no espaço de concorrência esportiva.
sinais de estar seriamente ameaçada. Isso,
No entanto, o exame da estrutura de longo
dentre outras coisas, se articulou especialmente
prazo que compreende então a denominada
em função da emergência dos Estados Unidos
“história esportiva” do xadrez e, mais que isso, a
como um potencial concorrente da URSS não só
confrontação dessas tendências de longo alcance
no âmbito do xadrez, mas de todos os esportes e
com a estrutura situada de uma época específica,
domínios sociais possíveis, uma vez que ambos
a saber, com o contexto social que abrangeu a
os países rivalizavam socialmente pela chamada
final do campeonato mundial de xadrez de 1972
Guerra Fria.
(1970-1975), permitiu, por sua vez, confirmar a
Em 1972, Bobby Fischer, melhor preparado hipótese de partida sustentada no estudo, tendo
técnica e psicologicamente que seu oponente em vista que tanto o período que precedeu esse
Spassky, construiu ao longo de um mês o recorte temporal definido quando o que veio a
primeiro – e até hoje o único – título de suceder, não superaram, em termos de oferta