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Cerimonial no
Ambiente Legislativo
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Sumário
MÓDULOI- História e Conceitos Básicos ............................................................................................................. 0
Unidade 1 - A importância do cerimonial nas organizações modernas .................................................. 2
Unidade 2 - Evolução Histórica ............................................................................................................ 7
Unidade 3 – Conceitos ...................................................................................................................... 17
Unidade 4 - Fundamentos da Etiqueta, do Protocolo e do Cerimonial ................................................. 25
MÓDULO II -Cerimonial Público ........................................................................................................... 34
Unidade 1 -Precedência, a base do cerimonial público ....................................................................... 35
Unidade 2 - O Decreto nº 70.274 ........................................................................................................ 44
Unidade 3 - A Precedência no Âmbito Oficial...................................................................................... 51
Unidade 4 - O Emprego da Precedência, situações cotidianas ........................................................... 58
MÓDULO III - O uso e emprego de símbolos: nacionais, estaduais e municipais ..................................... 70
Unidade 1 - Os Símbolos Nacionais ................................................................................................... 71
Unidade 2 - A Bandeira Nacional ....................................................................................................... 78
Unidade 3 - O Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo................................................................. 87
Unidade 4 - O emprego correto dos símbolos..................................................................................... 97
Módulo IV - Planejamento de Cerimônias ............................................................................................ 106
Unidade 1 - Tipos de Eventos .......................................................................................................... 107
Unidade 2 - A organização de eventos ............................................................................................. 117
Unidade 3 - O "Check-list". Convites. Roteiro para locutor ................................................................ 124
Unidade 4 - A Mesa ......................................................................................................................... 133
Conclusão ....................................................................................................................................... 143

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

MÓDULO I - História e Conceitos Básicos

Ao final deste Módulo, o aluno será capaz de:

o discriminar a importância do cerimonial nas organizações modernas;


o contextualizar suscintamente a evolução histórica do cerimonial; o
diferenciar os conceitos cerimonial, protocolo e etiqueta; e, o
diferenciar particularidades dos fundamentos do cerimonial, do
protocolo e da etiqueta.

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Unidade 1 - A importância do cerimonial nas


organizações modernas

“Ao longo da carreira, aprendi que a principal característica das


atividades de protocolo consiste, ao mesmo tempo, na importância das
sutilezas e em que tudo passe despercebido, o que é um desafio mais
complicado do que aparenta a um olhar leigo.”
Embaixador Sebastião do Rego Barros

Olá!

Você está pronto (a) para iniciarmos o nosso curso?

Então, mãos à obra!

Para começar, vamos refletir um pouco sobre a importância do cerimonial.


Destacar a necessidade da sua correta utilização nas organizações não é

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muito difícil. O seu significado já extrapolou o ambiente oficial e faz parte da


vida das pessoas.

Hoje em dia todo mundo fala de cerimonial e protocolo com uma certa
intimidade, não é? Até parece que todo mundo entende do assunto ou é
obrigado a entender. Por outro lado, vemos profissionais de outras áreas
envolvidos na organização de solenidades e cerimônias, sem o menor
conhecimento das técnicas e instrumentos utilizados, e até da legislação que
rege as atividades oficiais.

Vamos fazer um teste? Pegue um papel e uma caneta e procure listar as


situações, em seu ambiente de trabalho ou fora dele, em que você presenciou
ou vivenciou o uso incorreto das normas de cerimonial.

A lista é grande, não é? Cerimônias de casamento, confraternizações,


composição de mesas erradas, formaturas, cerimônias escolares, seqüência
da cerimônia trocada, precedências erradas, bandeiras postas em lugares
indevidos, atraso de autoridades, etc. Os exemplos parecem não ter fim.

Mas, apesar dessa universalização e aparente massificação, a atividade


de cerimonial vem se consolidando como uma atividade de suma importância
no dia a dia de todas as organizações, notadamente as públicas.

No legislativo federal, estadual e municipal o seu exercício é determinante


para o bom andamento dos variados eventos que caracterizam a natureza de
nosso Parlamento, Assembléias e Câmaras Municipais. São sessões solenes,

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especiais, compromissos constitucionais, cerimônias de instalação,


lançamentos, visitas oficiais e de cortesia, ou seja, uma sucessão de fatos
solenes ou não, em que o responsável pelo cerimonial tem de conduzir o seu
andamento de forma a garantir o sucesso do evento e não comprometer a
imagem da instituição e da autoridade que a preside.

Por isso, é necessário que o profissional responsável ou envolvido com as


atividades de cerimonial de uma casa legislativa estude, pesquise e se
atualize sempre sobre o assunto.

A razão da importância

O mundo vem passando por um processo de desenvolvimento em todos


os aspectos e setores, fato sem precedentes na história da civilização.

As pessoas no âmbito pessoal, profissional ou coletivo são bombardeadas,


continuamente, por um volume de informações que se propaga em
progressão geométrica. A reação a este movimento é uma natural procura
por mais informação devido ao interesse despertado.

O tão falado processo de globalização incrementou e tornou as


comunicações instantâneas, aproximando e estreitando os laços entre os
indivíduos seja em escala local, regional ou mesmo mundial.

Em função disso, você deve estar reparando que, hoje, as pessoas se


relacionam mais, e, em consequência, há um aumento natural das relações

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entre as organizações, o que resulta numa maior visibilidade e significação


das atividades oficiais.

Hoje, cada vez mais, a sociedade, como um todo, exige e clama por
transparência em relação aos assuntos públicos e oficiais.

Não há justificativa para a existência de organizações públicas fechadas e


distantes da população, e afastadas da opinião pública pelo isolamento de
seus atos. E no Legislativo, onde se encontram os representantes da
população, essa situação é simplesmente impensável, concorda?

As organizações, na busca constante pela excelência, pela transparência,


por relações duradouras com seus públicos e pela conquista de uma boa
imagem perante a opinião pública, começam a reconhecer a importância da
ação do cerimonial.

Os resultados de sua ação direta na organização de solenidades,


programas de visitas, agenda de autoridades e recepções oficiais, contribuem
de maneira concreta para o estabelecimento de relações oficiais e
institucionais sólidas, equilibradas e de respeito mútuo.

O Cerimonial hoje

Nos dias de hoje, de acordo com o Embaixador Augusto Estellita Lins


(1991:13), podemos identificar duas correntes ou escolas: a escola
formalista segue regras estritas para cada circunstância. Seu exemplo
máximo é o protocolo de corte encontrado no Vaticano, em casas reais
européias e na Corte Japonesa.

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A outra corrente é da escola política ou utilitária, mais adaptada às


implicações econômicas, sociais e políticas modernas, que simplifica o
protocolo e o adapta a outros interesses.

Na verdade, num mundo em que o conceito de tempo extrapolou a sua


significância original, medidor da passagem da vida, para ser uma referência
de valor econômico e medidor qualitativo de atuação profissional, a visão de
longas cerimônias, almoços e banquetes com horas de duração, solenidades
com início determinado e sem término previsto, tornaram-se totalmente
anacrônicas.

Por isso, observa-se, cada vez mais, uma tendência que tende a moldar o
dia a dia do cidadão, bem como das instituições. O profissional envolvido com
os assuntos de cerimonial não pode deixar de estar atento a este movimento
universal que objetiva simplificar o cotidiano das instituições e organizações.

Ou seja, a palavra de ordem nas relações, hoje em dia, é simplificação,


o que não implica na redução de importância das instituições ou autoridades
que as representam ou a elas estão ligados.

Como bem coloca Lins (1991:14), esta simplificação de procedimentos


não implica no abandono dos atributos de educação, discrição e bom gosto,
que devem permear toda e qualquer ação de cerimonial, bem como o
entendimento, claro, de que os princípios que regem a ação do profissional
aqui tratado, obrigatoriamente, devem ser o de generosidade, humildade e
real interesse pelas pessoas.

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Recapitulando, vimos nesta unidade o relevo das ações do cerimonial, e


como elas são importantes numa casa legislativa. Deu para você perceber
como é necessário estar bem preparado para atuar na área? Que bom! Então
podemos continuar.

Unidade 2 - Evolução Histórica

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“Não acreditamos que haja cérebro que possa guardar nos mínimos
detalhes as disposições vigentes dos cerimoniais. Acreditamos, entretanto,
que é preciso sentir seus princípios básicos e sua origem e história para
num determinado momento estarmos aptos a decidir, e por que não –
improvisar, dentro de uma linguagem onde a tônica constante é o respeito
recíproco e a solidariedade”
Nelson Speers

O Kwaryp kamaiurá na aldeia de Ipavu


Carmen Junqueira e Vaneska Taciana Vitti

Apresentação

É muito importante estudar as origens do cerimonial, a sua história, de


forma a entendermos melhor a aplicação das regras e normas atualmente
empregadas.

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Na primeira unidade, você estudou sobre a importância do cerimonial para


as organizações modernas, e que a grande tendência é um processo de
simplificação em função das características do mundo moderno.

Mas, nem sempre foi assim. Os códigos e normas de cerimonial eram


muito mais complicados. Você deve lembrar que, nas civilizações antigas, os
reis e imperadores eram identificados com o Deus de suas crenças, ou seja,
eram a própria divindade na terra. Daí você pode imaginar a complexidade
dos rituais e cerimônias.

Mas, onde estão as origens do cerimonial e do protocolo? Onde


encontrálas? Vamos pesquisar?

Os primeiros registros

Nos registros encontrados das primeiras grandes civilizações (egípcia,


chinesa, persa, indiana, mesopotâmica, grega, romana, etc), vamos
encontrar códigos, conjuntos de normas e preceitos, bem como sistemas
estruturados e rígidos de práticas de cerimonial voltados para o dia a dia das
cortes, da burocracia oficial e religiosa e até para os cidadãos comuns.

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Em cada civilização, as normas definiam, em maior ou menor grau de


complexidade e detalhamento, o comportamento nas cortes, a maneira de se
dirigir aos governantes, as relações entre governos com outros povos, a troca
de presentes, cerimônias do dia-a-dia, do casamento ao funeral, dentre
outras situações.

Onde você imagina que são encontrados esses registros? Pense um pouco
e responda.

Muito bem! Acredito que você tenha respondido algum dos seguintes
registros: na literatura, no Antigo Testamento, em documentos históricos e
nos registros em monumentos. Nos exemplos dados são encontradas diversas
referências ao enfoque dado ao cerimonial pelos antigos, principalmente nos
assuntos de precedência, normas ritualísticas e de comportamento.

Alguns exemplos nas civilizações antigas

Agora vamos conhecer alguns exemplos de situações de cerimonial e


protocolo ao longo da história da civilização.

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Do terceiro milênio antes de Cristo, existem registros da civilização


suméria, que tinha, já naquela época, indícios de uma organização de
protocolo:

“Na cidade de Mari, o palácio tinha uma área superior a 3 hectares e possuía
quase trezentos aposentos. Em meio a tanto esplendor, instalado num
trono sobre uma plataforma elevada, o lugar conduzia os negócios de
governo, recebia emissários de outras cidades-estado ...”
(Editores Time-Life Livros, 1989:27)

Ainda, no Palácio de Mari:

“... o rei, frequentemente, recebe os grandes personagens do império, os


chefes costumeiros e os reis vassalos, bem como os representantes dos
soberanos vizinhos, para banquetes que acontecem à noite na corte, e
talvez na grande sala adjacente ao pátio interno. Um cerimonial rigoroso
comanda o desenrolar do banquete: o rei é servido primeiro e, quando quer
honrar um de seus convidados, ele mesmo lhe apresenta o prato do qual
acabou de se servir. Em geral, os comensais ficam reunidos em grupos
definidos com antecedência e correspondendo a seu estado, profissão ou,
para os embaixadores, seu país de origem”. JOANNES (1998:59)

Muito avançado para a época, você não acha?

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A pompa das cortes dos faraós no antigo Egito é de conhecimento


generalizado, não é mesmo? Segundo SPEERS (2004:39):

“O Rito da Casa da Manhã previa o banho do Faraó com água sagrada,


simbolizando diretamente, um novo nascimento. Era função de dois
sacerdotes, que faziam com máscaras: uma do touro IBIS, outra do falcão
HORUS; ao vesti-lo e ungi-lo, investiam-no simbolicamente com os poderes
dessas duas divindades. A seguir, o Faraó dirigia-se ao templo de RA, onde
rompia o lacre de argila da porta, simbolizando a abertura do céu, com sua
identidade de SOL. Aí, então, despertava o deus RA, oferecia-lhe alimentos,
paramentava-o luxuosamente, pintava seu rosto e colocava emblemas
reais. Feito isso, retirava-se lacrando a porta novamente com argila e
apagando seus passos com uma folha de palmeira”

Já para os assuntos de Estado, o Faraó considerava o comércio como uma


questão diplomática, a ponto de que os acordos comerciais entre o Egito com
outros povos eram realizados pelos embaixadores egípcios ao trocarem
presentes com os monarcas estrangeiros.

Os hititas que se estabeleceram na Anatólia (região entre o Mar Negro e


o Mar Mediterrâneo) por volta de 1.500 a.C. eram detentores de um código
de leis bem definido e, mesmo sendo um povo extremamente guerreiro,
foram pioneiros da arte da diplomacia. Pode-se afirmar que eram
especialistas na arte de negociar e estabelecer tratados.

Mais ou menos um século depois, por volta de 1.400 A.C., os olmecas se


estabeleceram no Golfo do México e desenvolveram uma complexa civilização
que privilegiava extensos centros cerimoniais e, além das conquistas,
operavam uma espécie de “consulado comercial”.

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O historiador Heródoto relata que, no século VII a.C., o rei dos medos,
povo que deu origem à antiga Pérsia, “governava a partir de uma fortaleza
no topo de uma colina em Ecbátana ... ninguém podia rir ou cuspir na
presença do rei e toda a comunicação com este se fazia por um intermediário”
(Editores Time-Life Livros, 1989:13)

Você sabia que um dos sistemas mais completos e complexos de


cerimonial conhecido das civilizações antigas é da época de Chou Kung,
fundador da dinastia Chou, da China do século XII a.C.? É SPEERS(2004:40)
quem relata:

“Estevão Cruz, em sua “História Universal da Literatura”, dá-nos notícia


do Chu-Li e I-Li ... obras importantes para o conhecimento da história
chinesa no que respeita ao governo da dinastia Chu. O primeiro descreve
o complicado sistema administrativo e o segundo, em 17 livros, trata do
ritual a ser observado nas cerimônias religiosas e profanas”

Você deve ter reparado que com toda esta preocupação em ordenar tanto
a vida da corte, como também a vida do cidadão comum, os chineses, no
passado, foram os grandes mestres da arte do cerimonial.

Mas, vamos continuar, com mais dois exemplos de civilizações antigas.

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Há registro de que entre os celtas, 600 a.C., a disposição dos participantes


nos banquetes era definida por um protocolo extremamente rígido: membros
da alta nobreza, mais corajosos, mais ricos, e melhores contadores de
história.

Em 500 a.C., sempre que o Imperador Dario da Pérsia se deslocava de


uma capital para outra:

“se fazia acompanhar por um prodigioso séquito. Havia um secretário para


assuntos administrativos, um mestre de cerimônia para o protocolo, um
provador que experimentava a comida do imperador, o condutor do carro
real, um par de nobres que carregavam a lança e o arco reais, um grupo
de sacerdotes magi, dezenas de nobres ... comandantes militares e um
corpo de guarda com mil soldados ... suas seis esposas, 360 concubinas, e
os eunucos para servi-las” (Editores Time-Life Livros, 1989:32)

Dá para imaginar o trabalho desse mestre de cerimônia para o protocolo!

Da Idade Média à Revolução Industrial

Vamos dar um salto no tempo. As relações são outras, mas você ainda irá
encontrar um componente de força muito explícito nas relações entre os
estados. A precedência entre nações e seus representantes ainda é pelo
critério da força, como veremos mais a frente quando estudarmos
precedência.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Mesmo assim, na Idade Média tem origem o comportamento cortesão e


castelão, que vai se consolidar no Renascimento. É nesta época que se
desenvolvem o código de cavalaria e também as regras e princípios da
Heráldica. A influência do Império Romano no Oriente se faz sentir nas cortes
europeias.

O esplendor de Bizâncio é fonte de inspiração para o movimento de


ostentação que se inicia nas referidas cortes, notadamente na francesa e na
Santa Sé, espalhando-se por toda a Europa.

Chegamos a era Napoleônica, e de acordo com LINS (1991:23):

“a fúria codificadora de Napoleão e o volume crescente de negociações,


reuniões, conferências e congressos internacionais contribuíram para
disciplinar e regulamentar o protocolo e o cerimonial de todos os países,
consagrado as normas estabelecidas pela tradição e pelo costume e
estabelecendo outras mais racionais ou decorrentes de novos conceitos”.

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Com a Revolução Industrial, temos a crise das elites e o aparecimento dos


regimes republicanos, que mudaram não só os regimes de governo, mas
também alteraram as normas de convívio social para um ordenamento menos
formal, o que afetou diretamente as normas de cerimonial e protocolo.

Século XX e XXI

Para você, não deve ser novidade o fato de que durante o desenvolver do
século XX e o início deste século presencia-se uma influência cada vez maior
da mídia no dia a dia das pessoas, o acentuado processo de globalização e o
desenvolvimento, numa escala nunca antes vista, das comunicações
organizacionais e pessoais propiciadas pelo advento da internet e da telefonia
celular.

Tal processo midiático da sociedade alterou significativamente a etiqueta


e as normas protocolares, propiciando uma maior interação e aproximação
entre as nações, as organizações e fundamentalmente entre as pessoas.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Para terminar esta unidade é interessante ressaltar que as mudanças na


etiqueta e normas de cerimonial e protocolo da sociedade ocidental, estão
intimamente ligadas às trajetórias percorridas pelas suas elites ao longo dos
últimos séculos, como podemos observar no seguinte esquema:

Ao concluir, acredito que esta pequena revisão histórica o ajudou a


conhecer um pouco das raízes do cerimonial e a entender que as normas e
procedimentos que adotamos no nosso dia a dia profissional têm uma razão
de ser e estão diretamente ligadas ao nosso processo evolutivo.

Unidade 3 – Conceitos

“Quando dizemos que algo é protocolar, damos ao termo o sentido de


algo artificialmente formal. Já cerimonioso dá ideia de formas exteriores
tais como mesuras, gentilezas, manifestações de respeito em linguagem
de elite”
Embaixador Augusto Estellita Lins

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

O império da lei: ensaio sobre o cerimonial de sagração de D.

Pedro I (1822)
Eduardo Romero de Oliveira

Apresentação

Vamos agora estudar as definições e conceitos de cerimonial, protocolo e


etiqueta.

Como você verificou na unidade anterior, a sociedade evolui ao longo do


tempo e assim também as formas de se comportar e de se relacionar.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Todo este conjunto de práticas está diretamente relacionado e constitui o


que normalmente a maioria das pessoas conhece como etiqueta, protocolo e
cerimonial.

Neste processo, toda sociedade, ao longo de seu desenvolvimento, reúne


um conjunto de normas jurídicas aliadas a regras de comportamento
acordadas de forma consensual pelo grupo ou conjunto social. Estas se
associam a tradições, normalmente transmitidas de forma oral de geração
em geração, aos atos e costumes de uso geral, e à moda, hábitos, crenças,
mitos e tabus, que caracterizam e particularizam cada nível social.

Uma breve introdução

Cerimonial, protocolo e etiqueta são termos usualmente utilizados como


sinônimos. Esta confusão é natural, visto que a maioria dos especialistas que
trata do assunto difere nas suas abordagens.

Tal divergência não surpreende, pois tanto o cerimonial, quanto o


protocolo e a etiqueta são códigos que se estruturaram a partir das relações

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

humanas e tiveram por base os costumes aceitos por uma determinada


sociedade, num determinado período.

O objetivo comum destes três conceitos é sistematizar as relações sociais,


servindo de parâmetro para a atuação dos indivíduos, organizações e
governos.

Quem faz uma ótima descrição sobre o tema é MELLO (1962:298):

“Protocolo e cerimonial em sentido amplo são expressões sinônimas cuja


finalidade consiste, principalmente, em resolver o problema das
precedências. Este, por sua vez, reúne-se numa questão de ordem de
lugares. Em sentido restrito, significam o nome da seção ou divisão que, no
Ministério das Relações Exteriores, entre outras atividades, tem a zelar pelo
cumprimento do cerimonial do País”

Como você já deve ter percebido, os termos cerimonial e protocolo, apesar


de distintos, são empregados de maneira indiscriminada.

Os conceitos

Agora, vamos aos conceitos:

O Cerimonial, em termos gerais, estabelece a sucessão dos atos de uma


cerimônia ou evento. Trata-se de um roteiro geral a ser aplicado e respeitado
por todos aqueles que participarão do ato.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Por suas características intrínsecas, o cerimonial tem a responsabilidade


de promover a harmonia entre todos os participantes, respeitando os níveis
hierárquicos das autoridades presentes, por meio do uso adequado da
precedência, seu principal instrumento de orientação.

Podemos afirmar que é uma síntese dos usos e costumes, das tradições e
principalmente das leis e normas adotadas na diplomacia, e, na maior parte
das vezes, consagradas em acordos e tratados internacionais.

Protocolo é o conjunto de normas, regras e códigos utilizados nas


cerimônias e atos oficiais. É reconhecido internacionalmente como um
sistema de cortesia. Refere-se tanto às práticas adotadas por um país no seu
relacionamento com as demais nações estrangeiras, quanto às práticas dos
atos oficiais do governo no âmbito interno.

Pode-se definir etiqueta como o conjunto de normas e padrões de


comportamento social adotados por uma sociedade. Em decorrência da
dinâmica social, as regras de etiqueta estão em constante processo de
transformação e adequação.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

A etiqueta é o sistema que indica a forma adequada de um indivíduo viver


e conviver em sociedade, abordando aspectos como: vestuário, alimentação,
como convidar e ser convidado, a comunicação pelo uso da linguagem escrita,
oral e gestual etc. Dessa forma, possibilita que o convívio social se recubra
de uma atmosfera agradável e harmoniosa, evitando situações de embaraço
e conflito.

“A etiqueta é um fenômeno de cultura popular. Os ingredientes culturais da


etiqueta são a cordialidade e a hospitalidade.”
LINS (1995:25)

Conclusão

A partir dessas definições podemos estabelecer a seguinte


correspondência:

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O CERIMONIAL é a FORMA no sentido de estruturar, organizar e


caracterizar uma solenidade, cerimônia ou evento; o PROTOCOLO é a NORMA
que diz respeito às leis e regulamentos a serem obedecidos e aplicados; e, a
ETIQUETA corresponde à CONDUTA que os participantes dos eventos e
solenidades devem seguir.

Com as definições acima, você já tem condições e elementos para concluir


que o profissional que atua na área de cerimonial de uma Assembleia
Legislativa ou Câmara Municipal, quando planeja uma cerimônia, tem que ter
em mente a diferenciação apresentada.

Com esse entendimento, ficará mais fácil você planejar o evento e saber
que instrumentos empregar, além de auxiliar os participantes do evento,
autoridades e convidados, com o fornecimento das informações corretas de
forma a evitar constrangimentos ou embaraços do tipo “Eu não sabia” ou
“Não fui informado”, que com certeza estragam o brilho de qualquer
cerimônia e estressam a equipe e as autoridades envolvidas.

Outro aspecto importante a ser observado é que se você conduzir e


organizar uma solenidade de forma correta, a instituição sairá valorizada e
com uma boa imagem perante a opinião pública. O que contribuirá para que
a Casa Legislativa atinja os seus objetivos e atenda os interesses da
comunidade onde ela se insere.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Atuando com essa compreensão, ficará mais fácil para você dar o
destaque e a posição correta que as autoridades têm direito e tornará mais
clara para os demais convidados a razão dessa diferenciação.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Unidade 4 - Fundamentos da Etiqueta, do Protocolo e do


Cerimonial

“Rituais existem e é bom que sejam respeitados. Mas tudo tem hora e razão
de ser. Exigir um comportamento formal sem motivo não faz nenhum
sentido”
Gloria Kalil

Na unidade anterior, você aprendeu as diferenças conceituais entre


etiqueta, protocolo e cerimonial, e como os termos são utilizados,
indiscriminadamente, em muitas situações.

Esta situação se deve ao fato de que as ações de cerimonial se


fundamentam em valores que a sociedade estabelece como padrão de
conduta. LINS (1991:27) faz uma colocação precisa sobre o assunto:

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

“Os usos e costumes podem assumir a expressão de normas e regras de


conduta que reduzem a preceito tudo aquilo que se verifica pela experiência
ancestral que é benéfico ao grupo e as relações com os demais grupos.
Nesse conjunto de preceitos estão em geral incluídas regras de asseio e
higiene, bom-tom à mesa, respeito entre as pessoas para preservar a
estrutura social, culto aos antepassados e, finalmente, honras aos deuses
ou aos espirítos, ao rei e às autoridades”

Pare e pense a respeito do que você acabou de ler.

Para refletir:
Você concorda com a opinião do autor?

Depois dessa reflexão, você está pronto para estudar algumas funções
humanas que, segundo o autor, dão origem à etiqueta e fundamentam as
ações de protocolo e cerimonial: a alimentação e o vestuário.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Alimentação

Como é do seu conhecimento, a alimentação é a função básica de


sobrevivência da espécie humana. Mas, ao longo do tempo, as diversas
civilizações desenvolveram rituais e recobriram o ato de se alimentar de uma
significância além da sobrevivência, como atestam as comemorações, as
celebrações, as festas e os banquetes.

As normas e procedimentos relacionados com a alimentação variam de


cultura para cultura. Cada sociedade estabelece, com base no senso comum
às regras de boas maneiras à mesa, as receitas, a ordem dos pratos, os
menus, a relação e adequação das comidas e bebidas e o serviço.

Tudo isso é muito importante. Mas, o mais importante é que você, como
encarregado do cerimonial, deve ter sempre em mente que nem sempre o
orçamento e as condições de infraestrutura do local permitem organizar
aquele banquete no almoço, uma recepção sem precedentes ou um grande
jantar de gala.

O que fazer, então? Planejar com cuidado e realizar com o maior capricho
aquilo que é possível executar. Se não tem garçons e “maitres” suficientes
para servir, então não é viável empregar o serviço francês ou inglês. Por que
não optar pelo serviço americano, onde as pessoas se dirigem ao ”buffet”
para se servir? Bem mais simples, não?

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Se os convidados são menos solenes e mais informais, talvez uma boa


peixada ou um prato típico da região, que as cozinheiras locais são mestras
em preparar, faça mais sucesso do que um “menu” com receitas estrangeiras
e de difícil preparo.

Hoje, colocar as travessas diretamente em cima da mesa do almoço ou


jantar, já é aceito e característico do serviço brasileiro. Mas, cuidado! Este
tipo de serviço é apropriado apenas para ocasiões informais.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Outro cuidado que se deve ter, com respeito à alimentação, é não servir
pratos e comidas ou bebidas exóticas demais ao paladar. Lembre-se que,
talvez, a autoridade ou o visitante ilustre não esteja acostumado a
determinado tipo de alimento ou tenha até restrições médicas ou alérgicas.

Uma dica: o sucesso está no simples e bem feito.

A cenografia também faz parte. Aproveite para valorizar a cultura e as


características regionais e locais na definição da decoração e dos arranjos
florais, na escolha das toalhas e da louça, por exemplo.

Vestuário

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

As normas de conduta não têm prazo de validade e tampouco são


estabelecidas de forma uniforme e ao mesmo tempo, com data de início de
vigência, como as leis. O vestuário é uma das funções em que isto pode ser
considerado quase como uma regra, em função da dinâmica das mudanças
sociais.

A função vestuário é uma eterna preocupação, não é mesmo? De acordo


com LINS (1991:20), nela são observados os estilos e qualidades das roupas,
os trajes de gala e de cerimônia; os trajes de ocasião e os sinais distintivos.

Para você ter uma ideia de quanto o assunto é sério, os PADRES


SALESIANOS (1926) afirmavam, naquele tempo, que “No vestir, mais do que
em outras coisas, deve-se guardar um razoável meio termo, evitando os
exageros, isto é, o excessivo cuidado e o desleixo”.

Com base no que foi comentado até agora, vamos fazer uma reflexão.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Para refletir:
Em sua opinião, qual(is) a(s) regra(s) básica(s) que as pessoas que
trabalham numa Casa Legislativa, principalmente na área de
relações públicas, cerimonial ou eventos deve(m) seguir com relação
a maneira de vestir?

Como você percebeu, as regras e normas podem ser muitas e variadas,


mas uma coisa é certa: modismos, exageros e exotismos não são permitidos
nunca. Lembre-se sempre que o nosso ambiente de trabalho é público e
oficial, o que exige uma dose elevada de sobriedade e discrição.

Você deve estar se perguntando: então como definir o traje para uma
cerimônia ou evento?

As relações públicas ou o encarregado do cerimonial deve ter em mente


os seguintes pontos ao definir o traje para uma determinada cerimônia ou
evento:

Usar roupas e acessórios em perfeito estado de conservação;

Ser sóbrio e simples;

Seguir a moda apenas no que cai bem ao tipo físico;

Respeitar a idade e características físicas próprias;

Fugir de extravagâncias;

Cuidados com a higiene e asseio pessoal; e

Observar a ocasião e o horário.

Uma criteriosa análise dos itens acima deve ser observada no


planejamento do evento de forma a evitar-se a ocorrência de situações
constrangedoras ou deselegantes.

32
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Ultimamente, em nome de uma modernidade duvidosa, alguns autores


(poucos, ainda bem) afirmam que não se usa mais a indicação do traje no
convite, que isso é ultrapassado. Não é. A indicação do traje no convite é uma
informação extremamente importante para quem é convidado para um
evento. Pelo traje indicado, a pessoa sabe como será o evento.

Só para exemplificar a importância dessa indicação, vamos fazer um


exercício mental: você deve lembrar de algum evento no qual um homem
passa por uma situação constrangedora por estar totalmente informal numa
cerimônia em que estão todos engravatados, ou daquela senhora que chega
numa festa numa produção luxuosa e todas as mulheres estão informalmente
de jeans, ambos por não terem recebido a informação correta sobre o evento.

Vamos conhecer a classificação dos trajes?

Figura à esquerda: Traje Esporte

Figura à direita: Traje Passeio (Tenue de Ville)

33
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Figura à esquerda: Traje Passeio Completo ou Social

Figura à direita: Traje Black-tie ou Traje a Rigor

Trajes de Gala e de Cerimônia

Aqui vale um comentário: a casaca, o fraque e as fardas de gala são trajes


praticamente abolidos do dia a dia. Os últimos só são superados pelos trajes
de corte usados em cerimônias em que se leva coroa, tiaras, manto, capa e
espada ou cetro, como no Vaticano e em outras cortes europeias.

Não se esqueça que os militares têm um uniforme para cada tipo de


ocasião. Então, como proceder? Você não é obrigado a saber qual é o
uniforme do dia ou qual é a sua denominação. A solução é simples: no
convite, ao indicar o traje, colocar a expressão “uniforme correspondente”.

Por fim, para evitar erros, siga as recomendações abaixo:

34
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Usar roupas e acessórios em perfeito estado de conservação;

Ser sóbrio e simples;

Seguir a moda apenas no que cai bem ao tipo físico;

Respeitar a idade e características físicas próprias;

Fugir de extravagâncias;

Cuidados com a higiene e asseio pessoal; e

Observar a ocasião e o horário.

Resumo

Nesta unidade, você teve a oportunidade de refletir sobre a importância


de duas funções humanas que fundamentam, a partir de suas características
próprias, o protocolo, o cerimonial e a etiqueta.

Parabéns! Você chegou ao final do Módulo I de estudo do curso Cerimonial


no Ambiente Legislativo.

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma


releitura do mesmo e responda aos Exercícios de Fixação. O resultado não
influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o
seu domínio do conteúdo. Lembramos, ainda, que a plataforma de ensino faz
a correção imediata das suas respostas!

MÓDULO II - Cerimonial Público

Ao final deste Módulo, o aluno será capaz de:

35
Cerimonial no Ambiente Legislativo

o caracterizar os critérios de precedência; o


reconhecer particularidades do Decreto nº 70.274;
o diferenciar o uso dos critérios de precedência
no âmbito oficial; e, o conhecer o emprego da
precedência em situações cotidianas.

Unidade 1 -Precedência, a base do cerimonial público

36
Cerimonial no Ambiente Legislativo

“Guerras foram declaradas e

tronos foram perdidos em decorrência

do assunto precedência”

Lilian Eichler

Introdução ao Cerimonial Público

No módulo I você aprendeu a diferença conceitual existente entre os


termos cerimonial, protocolo e etiqueta, bem como os seus fundamentos.

37
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Agora vamos compreender mais um conceito: o de cerimonial público.

O cerimonial público rege o trato formal entre os Estados.

O cerimonial público trata das honras, das precedências, dos privilégios e


imunidades dos agentes diplomáticos e consulares, das normas protocolares
e das cerimônias oficiais.

De acordo com LUZ (2000:5), o cerimonial público também é denominado


cerimonial de Estado.

Por seu caráter oficial, o cerimonial público, aqui no Brasil, é regido por
lei -o Decreto nº 70.274, de 9 de março de 1972, que estabelece as “Normas
do Cerimonial Público da República Federativa do Brasil e a Ordem Geral de
Precedência”. Você vai estudá-lo, mais detalhadamente, na próxima unidade.

Portanto, você já deve ter concluído que as ações de cerimonial na área


pública, por sua natureza oficial, diferem das ações de cerimonial praticadas
no setor privado (empresas e instituições privadas) ou mesmo daquelas ações
realizadas em âmbito particular ou familiar (cerimônias de casamento, festas
de 15 anos, formaturas, festas de confraternização).

38
Cerimonial no Ambiente Legislativo

ETIQUETA : símbolo de "controle social" na corte de Luiz XIV

Antonio Carlos Frasson

No momento, é importante você saber que as ações de cerimonial


realizadas no âmbito dos Poderes Executivo e Legislativo (nos níveis federal,
estadual e municipal) e do Poder Judiciário (nos níveis federal e estadual)
referem-se ao Cerimonial Público.

Feito este esclarecimento a respeito do cerimonial público, você agora irá


estudar a questão da precedência.

Pronto?

Precedência

A precedência é um elemento chave na atividade do cerimonial. O termo


se origina do latim praecedentia, que significa ordem de preferência ou
primazia. Em linguagem mais simples: quem vem em primeiro lugar, quem
ocupa a principal posição, quem preside.

Ao longo da história, observa–se a ocorrência freqüente de pequenos e


grandes conflitos, normalmente decorrentes de disputas por precedência.

Os registros sobre questão de precedência encontram–se relacionados às


primeiras civilizações. Mas, pode–se dizer que, até o século XIX, a

39
Cerimonial no Ambiente Legislativo

precedência sempre foi estabelecida ou pelo critério da força ou pelo critério


econômico, quando não pelos dois critérios conjuntamente.

Para você ter uma idéia de como a questão era levada a sério, SPEERS
(2004:67) cita, entre vários casos históricos pesquisados, os seguintes:

“ -Em 1661, o enviado espanhol ataca a carruagem do embaixador francês


nas ruas de Londres, desbaratando seus cavalos e matando seus homens,
para garantir-lhe a chegada ao palácio em primeiro lugar.

-A História conta-nos que dois enviados, um de Gênova e um de


Brandenburgo, lutaram no quarto do Rei em Versailles, porque nenhum
queria dar ao outro a precedência para a primeira audiência.

-Há, ainda, a história de dois embaixadores que se encontraram cara a


cara sobre uma ponte em Praga e lá ficaram o dia inteiro, porque ambos
acreditavam que ao dar ao outro a precedência seria levar seu país à
desgraça. ”

É LUZ (2000:8) quem relata:

“Em 1713, durante o congresso de Utrech, realizado para decidir a


sucessão do trono de Espanha (Felipe V) com a participação da França,
Espanha, Inglaterra e Países Baixos, foi utilizada, por primeira vez, uma mesa
redonda, para evitar inconvenientes de precedências o que, igualmente gerou

40
Cerimonial no Ambiente Legislativo

problemas, porque o lugar de honra é aquele que está de frente para a


entrada.”

Somente em 1815, com a realização do Congresso de Viena, é


estabelecida a base da precedência entre os Estados Modernos:
internamente, cada país estabelece a precedência dos representantes
diplomáticos de acordo com a data de apresentação de suas credenciais ao
Chefe da Nação.

Com o Protocolo da Conferência de Aix-la-Chapele, em 1818, reconhecese


o princípio da igualdade jurídica dos Estados e a precedência pela ordem de
chegada das delegações, missões estrangeiras ou embaixadores nos eventos
internacionais.

Critérios de Precedência

Como você deve ter observado, o critério mais antigo foi o da força,
empregado desde os primórdios da civilização. Fazia prevalecer a precedência
em função da força individual ou do grupo. Caiu definitivamente na
Conferência de Viena, de 1815.

41
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Outro critério, também em desuso, é o econômico, aliado historicamente


ao critério da força. Traduzido pela relevância dada ao poderio econômico
entre nações e organizações, e empregado entre indivíduos como fator
divisório das classes econômicas, é ainda utilizado, mas de forma velada.

Hoje, em sua atividade, você poderá dispor de uma série de critérios, que
poderão ser empregados de forma isolada ou combinada. Vamos conhecêlos?

Já o critério hierárquico, como o próprio nome diz, hierarquiza os


membros de uma determinada estrutura. Você verá sua rígida aplicação nas
Forças Armadas, na Igreja Católica e no Poder Judiciário, por exemplo.

Outro critério, de uso mais restrito, é o nobiliárquico, utilizado em função


dos títulos existentes nos reinos, monarquias, e, também na hierarquia
religiosa.

42
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Um critério muito usado é o da antiguidade histórica, onde a data de


criação das organizações ou unidades administrativas é utilizada para
determinar a precedência entre organizações.

O cultural é um critério mais civilizado, prestigia o saber. A precedência é


dada em função do grau de conhecimento acadêmico ou de relevância cultural
pela qual a personalidade é reconhecida, exemplo: Fernanda Montenegro no
meio artístico.

43
Cerimonial no Ambiente Legislativo

O critério de antiguidade ou antecedência refere-se a uma posição


hierarquicamente determinada. É usado normalmente para determinar a
precedência dos representantes diplomáticos num país.

Você não está sentindo falta de nenhum critério? Pare e reflita. Pense em
suas atividades. Quais, na sua opinião são os dois critérios mais utilizados no
dia a dia?

Muito bem! É isso mesmo!

São os critérios de idade e de ordem alfabética.

No critério de idade, a precedência é definida de acordo com a idade das


autoridades presentes, o mais idoso precede o mais jovem.

Já o critério de ordem alfabética, além de ser prático, mostra um


profundo amadurecimento das relações entre países, instituições e pessoas.
Por ser simples e objetivo, pode ser empregado no ordenamento de pessoas,
organizações e estados. É muito comum, por exemplo, em eventos esportivos
internacionais, que reúnem delegações de vários países – Olimpíadas, Copa
do Mundo.

Este critério pode ser empregado em conjunto com outros critérios, como
o de rodízio periódico, atualmente adotado por vários organismos
internacionais: a precedência dos embaixadores creditados na ONU, por
exemplo, é determinada, em intervalos regulares; da mesma forma, o
MERCOSUL adota esta sistemática. Recapitulando, você percebeu que a

44
Cerimonial no Ambiente Legislativo

precedência é um conceito muito importante na relação entre as organizações


e as pessoas, principalmente na esfera pública e oficial. Saber empregar
corretamente os diversos critérios para o estabelecimento da precedência é
fundamental para a realização de atos e cerimônias harmoniosos e corretos.

O critério da ordem alfabética é muito útil na elaboração de listas de


autoridades como, por exemplo, a lista dos parlamentares de uma Casa
legislativa.

Exato. Normalmente, na abertura das sessões legislativas, o senador,


deputado ou vereador mais idoso é quem preside a sessão, de acordo com o
Regimento Interno da casa legislativa. Em qual situação é muito usado este
critério nas casas legislativas?

Unidade 2 - O Decreto nº 70.274

“A precedência é o ponto crucial e a base do cerimonial.

É reconhecer a primazia de uma hierarquia sobre a outra,

e tem sido, desde os tempos mais antigos, e em

todas as partes, motivo de normas escritas, cuja

45
Cerimonial no Ambiente Legislativo

falta de acatamento provoca desgraças”

Embaixador Dom Jorge G Blanco Villalta

Como você foi informado (a) na unidade anterior, aqui no Brasil, a


precedência é regida pelo Decreto nº 70.274, de 9 de março de 1972, que
aprova as “Normas do Cerimonial Público da República Federativa do Brasil e
a Ordem Geral de Precedência”.

Você deve ter observado que o Decreto dispõe, de maneira extensiva,


sobre as questões que permeiam o cerimonial público, mais especificamente
os assuntos da esfera do executivo federal.

Sua aplicação dá-se nas seguintes situações:

46
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Cerimônias oficiais de caráter federal, na capital da República;

Cerimônias oficiais com a presença de autoridades federais, nos


Estados;

Cerimônias oficiais de caráter estadual.


Pág. 3

Alterações do Decreto nº 70.274

É importante você ter em mente que esta lei foi elaborada no tempo do
regime militar. Portanto, algumas situações nele encontradas refletem a
relação de poder existente à época.

O texto da lei, apesar de seu anacronismo em relação a algumas situações


de precedência, continua em vigor, tendo sofrido poucas alterações ao longo
dos anos, que você irá conhecer agora:

Decreto nº 83.186, de 19 de fevereiro de 1979 -Inclui na ordem de


constituição histórica das unidades da federação, listada no artigo 8º, o recém
criado Estado do Mato Grosso do Sul, logo após o Estado do Acre, e retira o
Estado da Guanabara em função de sua fusão com o Estado do Rio de Janeiro.

Decreto nº 672, de 21 de outubro de 1992 - acrescenta ao artigo 88 um


parágrafo único, em função do desaparecimento do corpo do Dr. Ulisses
Guimarães, em trágico acidente. O texto é o seguinte:

Decreto nº 3.765, de 6 de março de 2001 -acrescenta ao artigo 88 um §


2º, renumerando o parágrafo único para 1º. O texto é o seguinte:

47
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Decreto nº 3.780, de 2 de abril de 2001 -menos de um mês após o decreto


anterior ter sido publicado, este decreto revoga o decreto anterior.
Acrescenta ao artigo 88 um § 2º, renumerando o parágrafo único para 1º.
O texto é o seguinte:

E foram estas as alterações processadas.

A situação hoje

“A evolução dos
costumes e das
relações
institucionais entre
Poderes, seus
órgãos e
dirigentes, foi, aos
poucos, fazendo de
alguns artigos do
Decreto

48
Cerimonial no Ambiente Legislativo

verdadeiras letras mortas. Extinção de cargos, troca de denominações e


ausência de revisões no Decreto original, de há muito, recomendam a atualização
do dispositivo legal, que regula os atos do Cerimonial Público.”

Outro exemplo: quando da redação do texto da Lei, não existia o Superior


Tribunal de Justiça. E como era uma época de restrição democrática, os
Prefeitos das capitais e de cidades com população entre 500 mil e 1 milhão
de habitantes e os Presidentes das Câmaras Municipais das cidades de mais
de 1 milhão de habitantes, em termos de precedência, vinham bem depois
dos membros da Academia Brasileira de Letras, dos membros da Academia
Brasileira de Ciências e dos coronéis das três forças armadas, o que hoje não
faz sentido.

Outra corrente não concorda com a ideia, pois acredita que as atualizações
da Ordem Geral de Precedência não devem ser matéria de lei, em função do
dinamismo das relações institucionais e sociais, como também da própria
dinâmica de mudanças na estrutura do Estado. CORRÊA (1996:71) resume
de maneira clara a situação:

Para o seu conhecimento, existe uma corrente de profissionais que


acredita que o Decreto 70.274 tenha que ser revisto e uma nova lei deva
substituí-lo, principalmente no que diz respeito à Ordem Geral de Precedência
nele prevista.

49
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Princípios gerais

No seu Capítulo I, o decreto estabelece princípios gerais de precedência,


que norteiam a atividade de cerimonial no País, e que você, em sua atividade,
não pode deixar de conhecer.

São eles:

“O Presidente da República presidirá sempre a cerimônia a que comparecer” (Art. 1º);

“Não comparecendo o Presidente da República, o Vice-Presidente da República presidirá a


cerimônia a que estiver presente”; (Art. 2º)

A precedência entre os estados e ministérios é definida pelo critério histórico de criação (Art.
4º e Art. 8º)

Nas unidades da federação “o Governador presidirá as solenidades a que comparecer, salvo


as dos Poderes Legislativos e Judiciário, e as de caráter exclusivamente militar.” (Art. 6º);

“Nos municípios, o Prefeito presidirá as solenidades municipais” (Art. 10)

50
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Com o que aprendeu nesta unidade, você já está pronto para começar a
entender e aplicar os critérios de precedência em diversas situações. Mas,
antes de avançar para as próximas unidades, que tal fazer uma reflexão e
leitura, com calma, do Decreto nº 70.274?

Afinal, quando se trata de precedência no Brasil, ele é “a” referência.

51
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Unidade 3 - A Precedência no Âmbito Oficial

“Protocolo, etiqueta e cerimonial são o cerne

de qualquer evento público ou empresarial,

dando-lhes forma e conteúdo”

Gilda Fleury Meirelles

Na unidade anterior, você aprendeu o fundamento legal do cerimonial


público e tomou conhecimento da “Ordem Geral de Precedência” no nosso
país. Nesta unidade, você verificará como são utilizados os critérios de
precedência em situações oficiais.

Nos Estados

A ordem de constituição histórica dos Estados é:

Bahia, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará, Pernambuco, São Paulo, Minas


Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraíba, Espírito Santo,
Piauí, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Alagoas, Sergipe, Amazonas,

52
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Paraná, Acre, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Tocantins, Amapá, Roraima,


Distrito Federal.

Esta ordem é a que determina a precedência entre os governadores.

Você deve observar que o Decreto nº 70.274, em seu Art. 94, estabelece
duas situações gerais de precedência em cerimônias no Estado, abaixo
apresentadas:

Cerimônias oficiais nos Estados da União, com a presença de autoridades


federais:

1 -Presidente da República

2 – Vice-Presidente da República

Governador do Estado da União em que se processa a cerimônia

Cardeais

Embaixadores Estrangeiros

3 – Presidente do Congresso Nacional

Presidente da Câmara dos Deputados

Presidente do Supremo Tribunal Federal

4 – Ministros de Estados

Vice-Governador do Estado da União

Presidente da Assembleia Legislativa

Presidente do Tribunal de Justiça

Cerimônias oficiais de caráter estadual:

1 – Governador

Cardeais

2 – Vice-Governador

3 – Presidente da Assembleia Legislativa

Presidente do Tribunal de Justiça

4 – Almirantes de Esquadra

53
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Generais de Exército

Tenentes-Brigadeiros e Prefeito da Capital

Na Esplanada dos Ministérios

Como você observou, a precedência estabelecida entre os Ministros de


Estado pelo Decreto nº 70.274, em seu Art. 4º, é determinada pelo critério
histórico de criação do respectivo Ministério.

Mas, como já foi mencionado, ministérios são criados e outros são


extintos e, além do mais, existem as diversas Secretarias de Estado, cujos
titulares têm prerrogativas de Ministro, para efeitos protocolares.

Evidente que você não é obrigado a saber a precedência de cor. Então, o


que fazer? Sempre que tiver que estabelecer a precedência entre Ministros
de Estado, consulte o site da Presidência da República.

No Estado e no Município

Não são poucas as vezes que você tem que organizar cerimônias com a
presença de Secretários de Estado e Secretários Municipais. Como proceder
para não incorrer em erros e ferir suscetibilidades?

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Alguns estados possuem legislação específica que rege o cerimonial do


estado e estabelece a sua precedência. No Estado de São Paulo, por exemplo,
o cerimonial é regido pelo Decreto 11.074 de 05/01/78.

Os municípios, em geral, não têm legislação sobre a matéria. Você poderá


procurar saber se existe alguma norma a respeito junto ao Cerimonial da
Prefeitura ou Gabinete do Prefeito.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Caso não haja nenhuma norma ou regulamentação a respeito, você


poderá, então, estabelecer a precedência dos Secretários Municipais,
empregando o critério histórico de criação das Secretarias Municipais.

No Legislativo

A precedência para o Poder Legislativo está estabelecida no Decreto nº


70.274 em seu Art. 9º:

“A precedência entre membros do Congresso Nacional e entre membros das


Assembleias Legislativas é determinada pela ordem de criação da unidade
federativa a que pertemçam e, dentro da mesma unidade, sucessivamente
pela data da diplomação ou pela idade”.

A partir do que estipula o artigo 9º você pode determinar a precedência


entre parlamentares no

Legislativo Brasileiro da seguinte forma:

1 – Presidente do Congresso Nacional

2 – Presidente da Câmara dos Deputados

3 – Senadores

(critério: criação da unidade da federação, diplomação, idade)

4 – Deputados Federais

(critério: criação da unidade da federação, diplomação, idade)

5 – Presidentes de Assembléias Legislativas

(critério: criação da unidade da federação)

6 – Deputados Estaduais

(critério: diplomação, idade)

7 – Presidentes de Câmaras Municipais

(critério: criação da unidade da federação, ordem alfabética)

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

8 – Vereadores

(critério: criação da unidade da federação, diplomação, idade)

Este ordenamento não significa nenhum tipo de linha de subordinação,


visto os Poderes Legislativos Federal, Estadual e Municipal serem
independentes entre si, como estabelece a Constituição Federal.

Outra questão importante que você deve estar atento é: os membros das
Mesas Diretoras, excetuando-se o Presidente e o Vice-Presidente, não têm
precedência sobre os demais parlamentares da Casa Legislativa, pois a mesa
diretora é um órgão colegiado.

Ainda sobre o Poder Legislativo existe uma questão que causa uma certa
confusão. Diz respeito à precedência entre os presidentes do Senado Federal
e da Câmara dos Deputados. O Presidente do Senado Federal, por ser o
Presidente do Congresso Nacional, portanto Chefe de Poder, passa à frente
do Presidente da Câmara dos Deputados.

Já na lista de sucessão à Presidência da República, o Presidente da Câmara


dos Deputados passa à frente do Presidente do Senado Federal. Ou seja,
cuidado para não confundir ordem de precedência com ordem de
sucessão.

Você no âmbito do Legislativo, poderá adotar os seguintes critérios para


autoridades na mesma posição:

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

No Judiciário

O Decreto 70.274/72 não dispõe de nenhum artigo específico relacionado ao


Poder Judiciário, a não ser o posicionamento de seus titulares na Ordem Geral
de Precedência. Na área federal o Poder Judiciário está assim constituído:

Supremo Tribunal Federal - STF;

Superior Tribunal de Justiça - STJ;

Tribunal Superior do Trabalho - TST;

Tribunal Superior Eleitoral - TSE;

Superior Tribunal Militar - STM;

Podemos concluir afirmando que nesta unidade você aprendeu como


aplicar os critérios de precedência em situações oficiais. Lembre-se que a
precedência no âmbito oficial é regida por lei, e por tanto deve ser matéria
da maior atenção.

Você deve se inteirar junto ao Tribunal de Justiça do seu Estado se existe


alguma norma que discipline o Cerimonial do Poder Judiciário do Estado. E
nas unidades da federação encontram-se os Tribunais Regionais Federais
TRF, os Tribunais Regionais do Trabalho -TRT, os Tribunais Regionais

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Eleitorais -TER, os Conselhos de Justiça Militar e os Juízes Federais, Eleitorais


e Militares.

Unidade 4 - O Emprego da Precedência, situações


cotidianas

“Só pode ceder a precedência quem a tem”

59
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Embaixador Augusto Estellita Lins

O mundo de hoje é muito mais informal do que era até meados dos anos
60 do século XX. Mas, isto não quer dizer que na área pública ocorra um
processo generalizado de revestir as ações de um caráter informal.

Você deve lembrar o que estudou no módulo I: a tendência é a


simplificação. Não se pode tornar informal o que é oficial. KALIL (2007:25)
expressa bem a questão ao afirmar que "lugares públicos pedem uma
etiqueta diferente do espaço privado. Isso é a regra base de uma sociedade
civilizada".

Na unidade anterior você aprendeu a definir a precedência entre as


autoridades dos três Poderes, de acordo com a legislação federal. Agora você
terá a oportunidade de estudar a aplicação da precedência em algumas
situações cotidianas.

Vamos lá?

Princípios gerais de precedência

Além dos critérios fixados pela Ordem Geral de Precedência, definida pelo
Decreto nº 70.274/72, para cerimônias oficiais do Governo, é possível o
emprego de outros critérios, que podem variar conforme a ocasião, a
relevância da situação e as autoridades e personalidades envolvidas.

60
Cerimonial no Ambiente Legislativo

A escolha do melhor critério para se estabelecer a precedência leva em


consideração aspectos subjetivos como o ambiente social, o contexto político
e, principalmente o bom senso.

Um princípio geral de precedência, que você deve conhecer desde criança,


estipulado pelas normas de cortesia e etiqueta, e adotado pela maioria das
culturas, estabelece que:

O mais velho passa à frente do mais jovem;

As mulheres precedem os homens; e

Os adultos precedem as crianças;

61
Cerimonial no Ambiente Legislativo

O princípio da direita

De acordo com SPEERS (1984:132):

"A direita, desde os tempos antigos, era a posição


preferida. Na antiga Roma, previa-se bons e maus augúrios,
observando-se uma ave se dirigia
respectivamente para a direita (bom) ou para a esquerda
(mau)."

A questão da direita consolidou-se ao longo dos anos como a “primazia da


direita”, ou seja, o lugar de honra é à direita, seja do anfitrião ou do ponto
central de referência do lugar.

Com esta regra um convidado de honra ou homenageado será sempre


colocado à direita do anfitrião ou da máxima autoridade presente à cerimônia.
É novamente SPEERS (1984:133) quem explica bem a situação:

Com este entendimento você não terá dificuldade em estabelecer o Lugar


de Honra, que tem as seguintes características:

62
Cerimonial no Ambiente Legislativo

O centro é destinado ao convidado de honra com hierarquia superior ao


anfitrião, cabendo ao anfitrião ficar à esquerda do homenageado.

Presidência X precedência

Tome muito cuidado para não confundir presidência com precedência.


Normalmente a presidência é do anfitrião, que nem sempre terá a maior
precedência no evento.

Ordem dos discursos

Nas cerimônias em que se faz o uso da palavra, a ordem dos discursos


seguirá a ordem inversa de precedência dos respectivos oradores, isto é,
usará da palavra em primeiro lugar a autoridade de menor hierarquia e,
subsequentemente, os demais oradores até o de precedência mais alta.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Como é do seu conhecimento a dinâmica do ambiente político muitas


vezes impede a permanência das pessoas durante todo o desenrolar de uma
cerimônia. Por isso é sempre bom consultar a maior autoridade para checar
a sua disponibilidade de tempo. Se o tempo disponível for muito restrito, a
ordem dos discursos pode ser adaptada.

Assinatura de contratos

Em cerimônias de assinatura de contratos, acordos e tratados, o primeiro


a assinar o documento é o representante da instituição favorecida em termos
financeiros ou técnicos e em seguida a outra autoridade.

É usual, também, os dois representantes assinarem o contrato ao mesmo


tempo. Para tanto devem ser providenciados dois originais do contrato que
serão apresentados às autoridades por duas pessoas da organização e do
cerimonial do evento. Após a primeira assinatura, elas recolhem as pastas,
trocando-as em ato contínuo, e colhem novamente as assinaturas.

64
Cerimonial no Ambiente Legislativo

A colocação de rubricas em todas as páginas não é usual. No entanto,


quando exigidas, são apostas posteriormente, para não prolongar o evento.

Você não pode deixar de prestar atenção a um detalhe muito importante:


as canetas a serem utilizadas devem ter boa apresentação e boas condições
de uso, a tinta deve ser azul, e serem apresentadas às autoridades ao mesmo
tempo em que se indica o local da assinatura.

Mas, qual a disposição no documento das assinaturas? Pegue uma folha


de papel e tente montar três situações: documento com duas assinaturas,
três assinaturas e quatro assinaturas.

A pior coisa que pode acontecer numa cerimônia com assinatura de


documentos é faltar uma caneta ou a mesma falhar, não é mesmo? Portanto
nunca deixe de testá-las um pouco antes do início da cerimônia.

Pronto? Vamos verificar os resultados?

Disposição das assinaturas nos documentos:

• Duas assinaturas

65
Cerimonial no Ambiente Legislativo

À direita (do documento) figurará a da pessoa de maior hierarquia

Assinatura A Assinatura B

• Três ou mais assinaturas:

Em 1º lugar a de maior hierarquia, e as demais por ordem decrescente de


importância.

Assinatura A

Assinatura B

Assinatura C

Assinatura D

A seguinte disposição também é válida:

Assinatura A Assinatura B

Assinatura C Assinatura D

assinaturas:

A de maior hierarquia assina no centro, em nível levemente superior, e as


demais por ordem decrescente de importância.

Assinatura A

Assinatura B Assinatura C

66
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Precedência em veículos

Em carros, a autoridade de maior importância senta-se à direita do banco


traseiro, na posição diagonal ao motorista. A autoridade seguinte na
precedência ocupa o assento à esquerda. O meio do banco traseiro deve ser
evitado para não haver desconforto e a cadeira ao lado do motorista deve ser
utilizada apenas por seguranças e assessores.

67
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Algumas situações

Você verificará no desenvolver das suas atividades que existem várias


situações em que se aplicam critérios de precedência, como por exemplo:

Galeria de Retratos

A mais alta precedência será em função do mandato exercido.

Linha Indiana

A pessoa de alta posição vai à frente e a ela seguem as demais, por


precedência.

Cortejos Formais

A pessoa de mais alta hierarquia cerra a fileira.

• Em uma calçada

Cabe ao de hierarquia inferior ficar mais próximo do meio fio, reservando ao


mais importante o lado da parede.

• Cortejos de Carros

Em deslocamento de comitivas, com vários carros, à frente estará sempre o


carro com a maior autoridade.

Nas apresentações

68
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Existem regras, universalmente aceitas, que devem ser seguidas ao se fazer


apresentações:

• Quem faz as apresentações são os anfitriões;


• Os mais jovens são apresentados aos mais velhos;
• O homem é apresentado à mulher;
• A mulher solteira é apresentada à mulher casada;
• A pessoa de menor nível hierárquico é apresentada à pessoa de maior
nível hierárquico;
• Cabe ao superior em hierarquia, ao mais idoso ou à senhora estender
a mão.

Existe regra também para se apresentar o cônjuge:

Um homem ao apresentar sua esposa, dirá: “Esta é minha mulher”.

A mulher ao apresentar o marido, dirá: “Este é o meu marido”.

Ao apresentar a esposa de um amigo, dirá: “Esta é a esposa de fulano”.

69
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Cumprimentos

O ato de apresentar alguém resulta na ação de cumprimentar. A maneira


ocidental de se cumprimentar é com o “aperto de mão”. Mas, existem as
formas orientais de cumprimento, notadamente a “reverência” utilizada pelos
japoneses, chineses e coreanos e a saudação “em forma de oração”, à
maneira dos indianos e tailandeses.

Ao receber uma comitiva, usa-se a forma ocidental de cumprimento.

Nesta unidade você conheceu várias situações em que são empregados


critérios de precedência. Nas suas atividades cotidianas você verificará uma
série de ocasiões nas quais o uso de algum critério será necessário.

Mas, você não pode esquecer use o bom senso sempre será o maior
critério. Até o próximo módulo!

Parabéns! Você chegou ao final do Módulo II de estudo do curso


Cerimonial no

70
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Ambiente Legislativo.

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma


releitura do mesmo e responda aos Exercícios de Fixação. O resultado não
influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o
seu domínio do conteúdo. Lembramos, ainda, que a plataforma de ensino faz
a correção imediata das suas respostas!

MÓDULO III - Ousoeemprego de símbolos: nacionais, estaduais


e municipais

Ao final deste Módulo, o aluno será capaz de:

o conhecer a importância dos símbolos nacionais e a base legal que os


determina;
o conhecer características físicas, históricas e simbólicas da Bandeira
Nacional; o conhecer a importância, o significado e a forma legal de
uso do Hino

71
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Nacional, das Armas Nacionais e do Selo Nacional; e, o conhecer


particularidades do emprego correto da Bandeira Nacional.

Unidade 1 - Os Símbolos Nacionais

“Este Brasil fez-se com o seu povo unido na identidade

dos símbolos nacionais, que em suas cores, em seus

sons, representam o Brasil e recontam a nossa

História, louvando a nacionalidade”

Senador Antonio Carlos Magalhães

72
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Para refletir:
Você já parou para pensar quantas vezes por ano se preocupa com a
correta utilização dos Símbolos Nacionais? Tente fazer uma pequena lista,
vamos lá!
As atuações são as mais diversas, não é mesmo?
Mas, o que são Símbolos Nacionais? O que eles representam? O que
significam?

73
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Para iniciar o estudo dos Símbolos Nacionais é importante que você reflita
sobre o significado deles para cada um de nós, cidadãos brasileiros, e para o
povo brasileiro enquanto Nação. LUZ (1999:9) traduz este sentimento de uma
maneira bastante clara:

Com esta visão abrangente de significação pode-se afirmar serem estes


símbolos manifestações gráficas e musicais, de importante valor histórico,
criadas para transmitir o sentimento de união nacional e mostrar a soberania
do País.

Vamos fazer um teste rápido. Responda: quais são os nossos Símbolos


Nacionais?

Muito bem!

A Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo


Nacional são o que há de mais importante em termos de significação para o
povo brasileiro. Seu emprego não poderia deixar de estar previsto em lei,
pelo fato de serem representações de nosso país.

74
Cerimonial no Ambiente Legislativo

A base legal

Enquanto representações da nacionalidade, o seu uso deve ser pautado


sempre pelo respeito e pelo cumprimento das normas legais que regulam a
sua utilização. Tudo que diz respeito aos nossos Símbolos Nacionais está
previsto em lei.

Os Símbolos Nacionais são regulados pela Lei n° 5.700, de 1° de


setembro de 1971, que “Dispõe sobre a forma e a apresentação dos Símbolos
Nacionais e dá outras providências”.

A lei está dividida em sete capítulos assim distribuídos:

• Capítulo I – Disposição Preliminar – onde são determinados e


listados os Símbolos Nacionais.

75
Cerimonial no Ambiente Legislativo

• Capítulo II – Da Forma dos Símbolos Nacionais – apresenta como


padrões dos Símbolos Nacionais os modelos compostos de
conformidade com as especificações e regras básicas estabelecidas na
Lei. Especifica os tipos (dimensões) da Bandeira Nacional, e como deve
ser a feitura da Bandeira Nacional, das Armas da República e do Selo
Nacional bem como a forma de condução do Hino Nacional.

• Capítulo III – Da Apresentação dos Símbolos Nacionais –


Especifica as formas de apresentação da Bandeira Nacional, onde ela
é hasteada diariamente, situações obrigatórias de hasteamento, como
ela é apresentada em situações de funeral; como deve ser executado
o Hino Nacional, a obrigatoriedade das Armas Nacionais; e a utilização
do Selo Nacional, e define as cores nacionais.

• Capítulo IV – Das cores Nacionais

• Capítulo V – Do Respeito Devido à Bandeira Nacional e ao Hino


Nacional
• Capítulo VI – Das Penalidades
• Capítulo VII – Disposições Gerais

76
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Alterações da Lei nº 5.700:

Ao longo dos anos a Lei nº 5.700 sofreu algumas alterações em seu texto,
que você irá conhecer agora:

• Lei 5.812, de 13 de outubro de 1972

No inciso IV do art.13, que dispõe os locais onde a Bandeira Nacional deve


ser hasteada diariamente, inclui os Tribunais de Contas da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e no inciso III do art. 18, que
trata do hasteamento da bandeira em funeral, inclui os ministros e
conselheiros dos Tribunais de Contas por ocasião do seu falecimento.

• Lei nº 6.913, de 27 de maio de 1981

Modifica a redação dos artigos 35 e 36 que trata como contravenção a


violação de qualquer disposição da lei e define as penalidades a que está
sujeito o infrator bem como o rito do processo da infração.

• Lei 8.421, de 11 de maio de 1992. Esta lei alterou a redação dos arts.
1º e 3º, que passaram a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1º São Símbolos Nacionais:

I – A Bandeira Nacional;

II – O Hino Nacional;

III – as Armas Nacionais; e IV – O Selo Nacional.

Art. 3º A Bandeira Nacional, adotada pelo Decreto nº 4, de 19 de novembro


de de 1889, com as modificações da Lei nº 5.443, de 28 de maio de 1968,
fica alterada na forma do Anexo I desta lei, devendo ser atualizada sempre
que ocorrer a criação ou a extinção de estados.

§ 1º As constelações que figuram na Bandeira Nacional correspondem ao


aspecto do céu, na cidade do Rio de Janeiro, às 8 horas e 30 minutos do dia

77
Cerimonial no Ambiente Legislativo

15 de novembro de 1889 (doze horas siderais) e devem ser consideradas


como vistas por um observador situado fora da esfera celeste.

§ 2º Os novos estados da Federação serão representados por estrelas que


compõem o aspecto celeste referido no parágrafo anterior, de modo a
permitir-lhes a inclusão no círculo azul da Bandeira Nacional sem afetar a
disposição estética original constante do desenho proposto pelo Decreto nº
4, de 19 de novembro de 1889.

§ 3º Serão suprimidas da Bandeira Nacional as estrelas correspondentes aos


estados extintos, permanecendo a designada para representar o novo estado,
resultante de fusão, observado, em qualquer caso, o disposto na parte final
do parágrafo anterior. ”

Também foi alterada a redação do inciso I do art.8º, que determina que o


número das estrelas de prata da bordadura do escudo das Armas Nacionais
deverá ser igual ao das estrelas existentes na Bandeira Nacional.

Outra alteração foi a inclusão dos Corpos de Bombeiros Militares no inciso VIII
do art. 26.

Bandeira do Mercosul

A partir da Lei nº 12.157, de 23 de dezembro de 2009, passou a ser


obrigatório o hasteamento da bandeira do Mercosul junto à bandeira do
Brasil.

Nesta unidade você aprendeu a entender a importância dos Símbolos


Nacionais, conheceu a sua significação bem como as leis que determinam o
seu emprego.

Agora, é importante que você leia atentamente a lei nº 5.700 e suas


alterações, para que possa dar prosseguimento ao curso.

78
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Unidade 2 - A Bandeira Nacional

79
Cerimonial no Ambiente Legislativo

“A Bandeira é o símbolo ótico da

Pátria, como o Hino Nacional, o

seu símbolo acústico”

Conde Afonso Celso

Vamos iniciar pela Bandeira Nacional, que de acordo com OLENKA LUZ
(2000:23) “constitui o mais relevante símbolo de um país, devendo ser
respeitada por nacionais e estrangeiros.

Um pouco de história

A atual Bandeira Nacional é a segunda republicana e é o quarto pavilhão


oficial do Brasil desde sua independência. Ou seja, tivemos duas versões
durante o Império e outras duas ao longo da República.

80
Cerimonial no Ambiente Legislativo

A nossa primeira bandeira foi a Bandeira do Império do Brasil, criada a


pedido de D. Pedro I por Jean-Baptiste Debret. Nela, alguns elementos de
caracterização do antigo Reino de Portugal, Brasil e Algarves, como a esfera
armilar e a Cruz da Ordem de Cristo, foram mantidos. E, foram introduzidas:
as cores verde e amarela; os ramos de café e tabaco, culturas de destaque
da nossa economia à época, que hoje são empregados como suporte do
brasão nacional; a coroa imperial e o círculo com as 19 estrelas representando
as províncias.

Esta configuração sofreu apenas uma alteração, no Segundo Reinado,


quando o número de estrelas passou a ser 20, em função da perda da

81
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Província Cisplatina e da criação das Províncias do Amazonas e do Paraná. Foi


nossa segunda bandeira, que teve a coroa de D. Pedro II substituindo a coroa
de D. Pedro I.

Com a proclamação da República, Rui Barbosa, um dos líderes do


movimento, cria uma bandeira inspirada na bandeira americana, é a nossa
terceira bandeira. Mas, só foi utilizada durante quatro dias, de 15 a 19 de
novembro de 1889, quando seu emprego foi vetado pelo Marechal Deodoro
da Fonseca.

O mais provável é que o campo verde representasse a Casa de Bragança,


dinastia a qual D. Pedro pertencia, e o campo amarelo seria da Casa
Habsburgo, origem de D. Leopoldina. Há controvérsia sobre a questão, visto
não haver nenhum documento oficial que comprove essa versão.

A Bandeira Nacional

De acordo com o site do Governo Brasileiro (www.brasil.gov.br):

82
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Em suas considerações, o Decreto nº 4 afirma:

Nossa Bandeira tem por base um retângulo verde na proporção 07:10,


sobrepondo-se um losango amarelo, tendo em seu centro a esfera celeste
azul, no meio da qual está atravessada uma faixa branca, em sentido oblíquo
e descendente da direita para a esquerda, com o lema nacional – “Ordem e
Progresso” – em letras maiúsculas verdes sendo a letra E central um pouco
menor; inseridas na esfera celeste estão vinte e sete estrelas brancas,
representando as unidades da federação.

A inscrição “Ordem e Progresso” é uma abreviação do lema positivista de


autoria do francês Auguste Comte: “O Amor por princípio e a Ordem por base;
o Progresso por fim”.

Além desses significados não existe nenhuma definição oficial sobre o


simbolismo das cores existentes na bandeira, mas, a tradição popular
convencionou ser o verde a representação das nossas matas, o amarelo
simbolizar nossas riquezas minerais, o azul representar o nosso céu e o
branco significar a paz.

83
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Desde a sua data de criação, em 19 de novembro de 1889, a Bandeira


Nacional teve apenas a adição de algumas estrelas, representantes dos novos
Estados, e alguns ajustes nas posições das estrelas de forma a que
correspondessem às coordenadas astronômicas. Como você pode verificar na
unidade 1 deste módulo.

O Uso da Bandeira Nacional

É utilizada em manifestações de sentimento patriótico dos brasileiros, de


caráter oficial, como nas cerimônias realizadas no âmbito das casas
legislativas, ou de caráter particular.

Mas, fique sempre atento a uma norma importantíssima: a Bandeira


Nacional ocupa sempre um lugar de honra. O que determina que ela seja
posicionada, de acordo com as Normas do Cerimonial Público, numa posição:

Central ou mais próxima do centro e à direita deste, quando com outras


bandeiras, pavilhões ou estandartes, em linha de mastros, escudos ou peças
semelhantes:

Exemplo 1: Centro de um dispositivo ímpar de bandeiras.

Exemplo 2: Centro de um dispositivo par de bandeiras.

84
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Destacada à frente de outras bandeiras, quando conduzida em desfiles e


formaturas.

À direita de tribunas, púlpitos, mesas de reunião ou trabalho.

O Decreto 70.274 e a Lei 5.700

O Decreto 70.274, nosso conhecido, na parte referente à Bandeira


Nacional incorporou em seu texto, integralmente, os artigos 10° a 23 da Lei
5.700, estabelecendo a seguinte correspondência:

Correspondência entre
artigos

Lei nº 5.700 Decreto nº 70.274

Art. 10º Art. 22

Art. 11 Art. 23

85
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Art. 12 Art. 24

Art. 13 Art. 25

Art. 14 Art. 26

Art. 15 Art. 27

Art. 16 Art. 28

Art. 17 Art. 29

Art. 18 Art. 30

Art. 19 Art. 31

Art. 20 Art. 32

Art. 21 Art. 33

Art. 22 Art. 34

Art. 23 Art. 35

Especificações técnicas

A feitura da Bandeira Nacional está sujeita a uma série de regras que


exigem a milimétrica obediência às proporções estabelecidas na lei, tanto no
que se refere às dimensões dos seus elementos gráficos quanto à sua posição.

Com relação às suas dimensões totais devem ser observadas as seguintes


especificações:

Tipos/panos dimensões

00 0,27 x 0,40 m

0 0,35 x 0,50 m

86
Cerimonial no Ambiente Legislativo

1 0,45 x 0,65 m

1,5 0,68 x 0,98 m

2 0,90 x 1,29 m

2,5 1,13 x 1,61 m Mais utilizadas

3 1,35 x 1,93 m

4 1,80 x 2,58 m

5 2,25 x 3,21 m

6 2,70 x 3,86 m

7 3,15 x 4,50 m

8 3,60 x 5,15 m

10 4,50 x 6,43 m

Pronto, agora você já conhece um pouco da história da nossa Bandeira, o


por quê de alguns significados, as especificações técnicas que devem ser
cumpridas na sua feitura e utilização, bem como normas de utilização.

Vamos estudar os demais símbolos?

87
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Unidade 3 - O Hino Nacional, as Armas Nacionais e o


Selo

“Lidar com tais símbolos é uma das mais nobres funções do Cerimonial.

É preciso preservar-lhes a dignidade, mas promover a sua

aproximação com a sociedade em eventos e manifestações

cívicas, não temendo nunca fazê-lo de forma criativa e

moderna.”

88
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Jack Corrêa

D.Pedro I e o Hino Nacional

Apresentação

Na unidade anterior, você estudou sobre a Bandeira Nacional. Nesta


unidade, você irá conhecer as características dos demais Símbolos Nacionais
do nosso País.

O Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional constituem,


também, manifestações da nacionalidade. Devendo ser apresentados sempre
de maneira digna e adequada, e como tal serem objeto do maior respeito.

Fleury (2002:155), ao explicar o que os Símbolos Nacionais significam,


afirma:

89
Cerimonial no Ambiente Legislativo

O Hino Nacional

Você com certeza deve ter perdido a conta do número de vezes que se
emocionou ao cantar ou ouvir o Hino Nacional sendo executado.

Saiba que os acordes que tanto emocionam a todos nós brasileiros, foram
compostos logo após a Independência do Brasil, mas levou mais de um século
para letra e música se encontrarem.

Quem explica o caso é MILTON LUZ (1999:131):

O que é confirmado pelo site oficial do governo brasileiro - www.brasil.gov.br:

A execução do Hino Nacional instrumental ou vocal deverá ser completa.


O tipo de cerimônia é que determinará qual das duas maneiras será adotada
pelo cerimonial.

90
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Nas cerimônias no Legislativo, a execução do Hino Nacional só terá início


depois que o Presidente da Casa Legislativa houver ocupado o lugar a ele
reservado.

Conforme a Lei n° 5.700/71, à execução do Hino não cabe aplausos, mas


esta postura tem sido repensada devido ao caráter espontâneo da
manifestação popular.

91
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Clique aqui, para ver a letra do Hino Nacional

Em cerimônias e eventos ao ar livre, sugere-se que o(s) hino(s) seja(m)


executado(s) por uma banda de música, de forma condigna. Em recintos
fechados, o(s) hino(s) deverão ser executados por instrumentos que não
deformem as suas características, ou será(ão) reproduzido(s)
eletronicamente. Sempre que possível, os hinos serão acompanhados por
coro ou cantados pelas pessoas presentes.

Nas cerimônias em que se tenha de executar hino nacional estrangeiro,


este precederá, em virtude do princípio de cortesia, o Hino Nacional Brasileiro.
Os hinos nacionais executados no local da cerimônia serão ouvidos ou
cantados de pé, em qualquer circunstância.

É importante que o responsável pelo cerimonial recomende um maior


comedimento dos fotógrafos e pessoal de filmagem durante a execução do
Hino Nacional.

Nas cerimônias e eventos em que couber a execução de outros hinos,


inclusive o do município, estes serão executados após curto intervalo depois
do Hino Nacional, com o cerimonial adequado a cada caso específico.

Será sempre executado quando a Bandeira Nacional for hasteada.

Será iniciado logo após a autoridade máxima ocupar o seu lugar. Os


presentes ouvirão ou cantarão o Hino de pé, em atitude profunda de respeito.

92
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Outros hinos

Você deve lembrar de outros hinos que aprendeu na escola. Eles também
são símbolos importantes para o país, por representarem momentos
fundamentais da nossa história.

Armas Nacionais

De acordo com MILTON LUZ (1999:100) o nosso brasão pode ser descrito
da seguinte maneira, com base na atualização feita em 1964:

A única divergência desta descrição com a Lei nº 5.700 diz respeito a


quantidade de estrelas inscritas num círculo azul-celeste, que passaram a ser
em número de vinte e duas.

93
Cerimonial no Ambiente Legislativo

O seu uso é obrigatório no Palácio da Presidência da República e na


residência do Presidente da República; nos Ministérios; nas Casas do
Congresso Nacional; no Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores,
e nos Tribunais Federais de Recursos; nos edifícios-sede do Poder Executivo,
Legislativo e judiciário dos Estados, Territórios e Distrito Federal; nas
Prefeituras e Câmaras Municipais.

Também é obrigatório o seu uso na frontaria dos edifícios das repartições


públicas federais; nos quartéis das forças federais de terra, mar e ar e das
Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares, nos seus armamentos, bem
como nas fortalezas e nos navios de guerra; na frontaria ou no salão principal
das escolas públicas; e nos papéis de expediente, nos convites e nas
publicações oficiais em esfera federal.

A data que aparece nas Armas é do dia da proclamação da República. O


Hino da Independência é o mais antigo deles e foi composto pelo próprio D.
Pedro I. O Hino da Bandeira, escrito pelo poeta Olavo Bilac, foi apresentado
pela primeira vez em 1906. Há ainda o Hino da Proclamação da República e
a Canção do Expedicionário, que era o hino cantado pelos pracinhas que
lutaram na 2ª Guerra Mundial na Europa.

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Cerimonial no Ambiente Legislativo

Movimentos de revisão e mudanças

Existe hoje uma corrente de opinião que reivindica a alteração do desenho


das Armas Nacionais, visto que consideram que os ramos de café e fumo não
condizem com a nossa realidade, já que o café deixou de representar a nossa
principal riqueza produtiva e de exportação e o fumo representa hoje um vício
prejudicial à saúde, além do que representavam a sociedade brasileira
preponderantemente rural, à época da criação deste símbolo.

O Selo Nacional

É baseado na esfera da Bandeira Nacional.

Expedidos pelos estabelecimentos de ensino


oficiais ou reconhecidos.

A finalidade do Selo Nacional é a autenticação dos documentos oficiais.


Seu uso é obrigatório em qualquer ato do governo e em diplomas e
certificados escolares. Ele reproduz a esfera existente na Bandeira Nacional,
com círculo em seu entorno com os dizeres "República Federativa do Brasil".

95
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Constelação Cruzeiro do Sul

Os militares e os Símbolos Nacionais

No âmbito militar existe legislação específica que estabelece o


“Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial
Militar das Forças Armadas”.

O Decreto nº 6.806, de 25 de março de 2009, delega competência ao


Ministro da Defesa para aprovar o referido regulamento, cujas prescrições,
de acordo com o texto da lei, “serão aplicáveis às situações diárias da vida
castrense, estando o militar de serviço ou não, em área militar ou em
sociedade, nas cerimônias e solenidades de natureza militar ou cívica”.

Em seu art. 3º o decreto determina que o referido regulamento observará


alguns preceitos, dentre eles o direito a continências na seguinte ordem:

96
Cerimonial no Ambiente Legislativo

A Bandeira Nacional;

O Hino Nacional;

O Presidente da República;

O Vice-Presidente da República;

Os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e


do Supremo Tribunal Federal;

O Ministro da Defesa;

Os demais Ministros de Estado quando em visita de caráter


oficial; e

Demais autoridades especificadas no regulamento.

Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer um pouco mais


sobre o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional. Conheceu a sua
importância, o seu significado e a forma legal de uso.

As especificações técnicas, como você deve ter percebido, são muito


precisas e detalhadas, por isso é importante estar sempre atento ao seu
emprego e nunca deixar de recorrer à lei para sanar qualquer dúvida.

97
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Unidade 4 - O emprego correto dos símbolos

“Os símbolos nacionais são o retrato vivo do Brasil,

de nossa terra e de nossa gente”

98
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Milton Luz

O uso da Bandeira Nacional

A lei prevê várias formas de se apresentar a Bandeira Nacional. Você


certamente já orientou, viu ou presenciou algumas dessas maneiras. Que tal
fazer um esforço de recordação? Liste as maneiras permitidas de
apresentação da Bandeira Nacional.

Vamos ver se você não esqueceu de nenhuma!

A lei estabelece que a Bandeira Nacional pode ser apresentada:

“I – hasteada em mastro ou adriças, nos edifícios públicos ou particulares,


templos, campos de esporte, escritórios, salas de aula, auditórios,
embarcações, ruas e praças, em qualquer lugar em que lhe seja assegurado
o devido respeito;

99
Cerimonial no Ambiente Legislativo

II – desfraldada e sem mastro, conduzida por aeronaves ou balões, aplicada


sobre parede ou presa a um cabo horizontal ligando edifícios, árvores,
postes ou mastros;

III – reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças, veículos e aeronaves;

IV – compondo, com outras bandeiras, panóplias, escudos ou peças


semelhantes;

V – conduzida em formaturas, desfiles, ou mesmo individualmente; e VI –

desfraldada sobre ataúdes, até a ocasião do sepultamento”.

Se você indicou três ou mais situações corretas está de parabéns. Mas,


não desanime se acertou duas ou menos, pois você está fazendo este curso
para aprender, não é mesmo?

Como você já compreendeu existem normas e procedimentos de utilização


da Bandeira Nacional, dos quais destacam-se os seguintes:

10
Cerimonial no Ambiente Legislativo

• Admite-se que a Bandeira Nacional seja hasteada e arriada a qualquer


hora do dia ou da noite, desde que no período noturno esteja
devidamente iluminada.
• No Dia da Bandeira, 19 de novembro, o hasteamento é realizado às
doze horas com solenidades especiais.
• Quando várias bandeiras são hasteadas ou arriadas ao mesmo tempo,
a Bandeira Nacional é a primeira a atingir o topo, o que deve coincidir
com o término da execução do Hino Nacional, e é a última a descer.
• Quando em funeral, a Bandeira fica a meio-mastro. Nesse caso, no
hasteamento ou arriamento, deve ser levada primeiro até o topo, para
só então descer para o meio em sinal de luto.

Hasteamento

Você sabe como a Bandeira Nacional pode ser apresentada. Mas, existem
alguns locais que a lei estabelece onde, obrigatoriamente, ela deve ser
hasteada diariamente:

“I – no Palácio da Presidência da República;

100
Cerimonial no Ambiente Legislativo

II – nos edifícios dos Ministérios;

III – nas Casas do Congresso Nacional;

IV – no Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores e nos Tribunais


Federais de Recursos;

V – nos edifícios-sede dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário dos


Estados, Territórios e Distrito Federal;

VI – nas Prefeituras e Câmaras Municipais;

VII – nas repartições federais, estaduais e municipais situadas na faixa de


fronteira;

VIII – nas Missões diplomáticas, Delegações junto a Organismos


Internacionais e Repartições Consulares de carreira, respeitados os usos
locais dos países em que tiverem sede; e

IX – nas unidades da Marinha Mercante, de acordo com as Leis e


Regulamentos da navegação, polícia naval e as praxes internacionais. ”

Numa cerimônia, caberá à autoridade máxima presente o hasteamento da


Bandeira Nacional. Se a cerimônia for do Legislativo, o ato de hastear a
bandeira caberá ao Presidente da Casa Legislativa.

Nos estabelecimentos de ensino, o hasteamento será


solene, pelo menos uma vez por semana, sendo,
preferencialmente, às segundas-feiras, ao início do turno matutino, e, às
sextas-feiras, ao início do turno vespertino, de acordo com o estabelecido na
lei.

101
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Uma dica valiosa: ao hastear, arriar ou apenas expor a Bandeira


Nacional, isoladamente ou em conjunto com outras bandeiras, certifique-se
de que estão limpas, em bom estado de conservação e que são todas do
mesmo tamanho.

Hasteamento nos estados e municípios

Nas sedes de Governo deverão estar hasteadas a Bandeira Nacional e a


Bandeira do Estado. A Bandeira do Estado só poderá ser hasteada, içada em
mastro ou conduzida em desfile quando estiver hasteada ou conduzida a
Bandeira Nacional, e ficará atrás, à esquerda ou abaixo da Bandeira Nacional.

Nos municípios deverão estar hasteadas a Bandeira Nacional, a Bandeira


do Estado e a Bandeira do Município.

Precedência entre bandeiras

Você deve estar lembrado(a) da primazia direita estudada na lição sobre


precedência. O princípio é o mesmo. Considera-se direita de um dispositivo
de bandeiras a posição à direita de uma pessoa colocada junto ao mesmo e

102
Cerimonial no Ambiente Legislativo

voltada para a rua, para a plateia ou, de modo geral, para o público que
observa o dispositivo.

Neste tópico SPEERS (2004:314) faz as seguintes colocações:

Portanto, ao montar um dispositivo de bandeiras, verifique qual a


precedência entre elas. No Brasil, entre as Unidades da Federação, vale a
ordem de criação dos Estados e do Distrito Federal, como você já aprendeu.
Quando a Bandeira Nacional estiver disposta ao lado de bandeiras de outros
países, entretanto, o procedimento correto é o de seguir a ordem alfabética
brasileira.

Então nunca se esqueça, no Plenário ou na frente do Prédio da Casa


Legislativa, a disposição correta das bandeiras é: a Bandeira Nacional no
centro, à direita a bandeira do estado e à esquerda a bandeira do município.

A ordem de precedência entre bandeiras é a seguinte: nacional, de outros


países (por ordem de chegada ou alfabética), dos estados (por ordem de
criação), do município (se houver mais de um município: primeiro a do
município onde está ocorrendo o evento, depois dos municípios sede de
capital de estado, os demais por ordem de criação ou ordem alfabética),

103
Cerimonial no Ambiente Legislativo

organismos internacionais, órgãos públicos, confederações, federações e


sindicatos, e empresas privadas.

E nunca se esqueça: se as demais bandeiras são de outras entidades, elas


devem ser de tamanho igual ou menor do que a Bandeira Nacional, nunca
maior.

Sobre a colocação de bandeiras em faixas de acesso a edifícios SPEERS


(2004:315) dá a seguinte orientação:

Utilização da bandeira por ocasião de luto

• Só se hasteia em luto a Bandeira Nacional nos casos expressamente


previstos na legislação federal, devendo nos demais casos ficar
hasteada no alto do mastro, mesmo quando a Bandeira do Estado ou
Município estiver em funeral.
• No caso de luto nacional todas as bandeiras devem ficar a meio-mastro
enquanto durar o luto.
• Hasteia-se a Bandeira do Estado em luto quando for decretado luto
estadual. E nesta situação a bandeira dos municípios também.

• As bandeiras das organizações devem seguir o luto nacional, estadual


ou municipal.
• Em caso de luto numa organização, somente a sua bandeira ficará a
meio-mastro.

104
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Se a bandeira nacional estiver a meio-mastro ou meia-adriça, em sinal de


luto, no hasteamento ou arriamento, deve ser levada inicialmente até o topo.
Em marcha, o luto é assinalado por um laço de crepe negro atado junto à
lança.

Bandeira em má condição de uso

As bandeiras em mau estado de conservação devem ser entregues na


Unidade Militar mais próxima, para que sejam incineradas, no Dia da
Bandeira, segundo formalidades próprias.

Conclusão

Deu para você perceber a variedade de especificações e normas de uso


da Bandeira Nacional? Por isso a importância de se tomar muito cuidado com
o seu emprego, pois qualquer incorreção é considerada contravenção e
passível de pagamento de multa e processo penal.

E, nunca é demais lembrar que, como afirma CORRÊA (2000:89):

105
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Muito bem! Você terminou o terceiro módulo do nosso curso. Agora, para
completar, está faltando apenas um módulo.

Vamos seguir em frente?

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma


releitura do mesmo e responda aos Exercícios de Fixação. O resultado não
influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o
seu domínio do conteúdo. Lembramos, ainda, que a plataforma de ensino faz
a correção imediata das suas respostas!

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, clique aqui.

Módulo IV - Planejamento de Cerimônias

106
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Ao final deste Módulo, o aluno será capaz de:

o Discriminar os tipos de eventos presentes dentro do cerimonial público;


o Identificar a importância da organização e planejamento de eventos; o
Discriminar as partes de um “check – list”.
o Reconhecer os tipos de mesa.

Unidade 1 - Tipos de Eventos

“Sucesso em Cerimonial só se faz com profissionalismo absoluto.

Não há chance para deslumbramento e, muito menos, tempo

para badalação, como muitos pensam”

107
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Jack Corrêa

Baile na Ilha Fiscal

Tipos de eventos

No seu dia a dia, você que lida com cerimonial está sempre às voltas com
algum tipo de evento, que pode ser da natureza mais diversa.

Mas, você sabe como classificá-los?

Além dos eventos oficiais eles podem ser classificados em


técnicocientíficos, de capacitação e treinamento, de interação e de
comercialização.

• Eventos técnicos científicos

108
Cerimonial no Ambiente Legislativo

- Congresso – reunião periódica promovida por uma entidade


associativa, pode ser regional, nacional ou internacional;

- Seminário – um tema geral é abordado sobre vários aspectos por


dois ou mais expositores;

- Simpósio – especialistas de renome expõe experimentos e


conhecimentos sobre o mesmo tema;

- Conferência – apresentação formal de tema científico, geral ou


técnico por um especialista;

- Vídeo-Conferência – sistema operacional que permite a realização


de encontros à distância com interação audiovisual dos
participantes;

- Fórum – debate de registro de todas as ideias e opiniões sobre


um assunto com a participação de um grande número de
pessoas;

- Mesa – redonda – debate entre especialistas sobre um


determinado tema, geralmente polêmico;

- Painel – explanação sobre um tema, por até quatro participantes


coordenados por um moderador, com duração de até 1h30min; e

- Reunião.

109
Cerimonial no Ambiente Legislativo

• Eventos de capacitação e treinamento

- Palestra – apresentação de um tema por um especialista;

- “Workshop” – oficina de trabalho com o objetivo de aliar a teoria


com a prática; e

- Cursos

• Eventos de interação - Comemorações;

- Datas festivas; e

- Confraternizações

Muitíssimo cuidado!!! Os eventos de confraternização nas organizações


podem ser considerados uma bomba preste a explodir. Seus responsáveis
podem se considerar sentados em cima de um barril de pólvora, visto ser
muito difícil agradar a todos e boa parte das pessoas acharem serem estas
confraternizações de caráter forçado, ou seja, as pessoas se sentem
obrigadas a participar.

• De comercialização

- Feiras

- Exposições

110
Cerimonial no Ambiente Legislativo

- “Show room” – ambiente de demonstração de produtos.

O responsável pelo cerimonial poderá estar envolvido um dia com a


realização destes tipos de eventos. Mas, existe uma categoria de evento que
o envolvimento é quase diário. São os eventos oficiais.

Eventos oficiais

Com certeza você provavelmente organizou, participou da realização ou


esteve presente em algum evento oficial no setor que você trabalha. Você
poderia citar três deles?

Ótimo!

Como você já deve ter percebido, um evento oficial se caracteriza por ser
uma cerimônia pública, realizada no âmbito de uma instituição pública, de
caráter solene e oficial.

111
Cerimonial no Ambiente Legislativo

No âmbito do Poder Legislativo vários eventos são considerados oficiais, os


mais comuns são:

• Sessões Solenes
• Posse do titular do Executivo

• Posse dos membros da Casa Legislativa


• Inauguração de Sessão Legislativa
• Visitas oficiais e protocolares com ou sem Sessão Solene
• Entrega de condecoração ou medalha
• Entrega do título de Cidadão Honorário
• Sessões especiais
• Cerimônia do Dia da Bandeira
• Cerimônias fúnebres
• Inaugurações
• Exposições

112
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Recepções oficiais

Além das cerimônias oficiais citadas acima, existe também uma outra
categoria de evento oficial: são as recepções oficiais.

É importante registrar que, apesar do seu caráter festivo, este tipo de


recepção é oficial, portanto é um evento público, com participação restrita.
Tem uma razão de ser, um objetivo a cumprir e horário de começar e de
terminar.

LINS (1991:35) divide as recepções oficiais de acordo com o seu gênero:

“Vin d’honneur” ou recepção na hora do almoço;

Almoço com “buffet”;

“Vin d’honneur” ou “cocktail” antes do jantar ou durante a tarde; e

Recepção na hora do jantar com “buffet“;

Usualmente estes gêneros de recepção são indicados para celebrações


de Festas ou Datas Nacionais, comemorar a passagem de uma personalidade
pela cidade, homenagear uma comitiva ou uma delegação vinda para uma
reunião ou congresso internacional.

Há outros gêneros de recepções, que normalmente se caracterizam como


banquetes ou recepções de gala, e que são oferecidas em honra de Chefes
de Estado, altos membros do Governo e Chefes de Missão Diplomática:

Almoço sentado com lugares marcados;

Jantar sentado com lugares marcados; e

Baile ou recepção depois do jantar.

113
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Existe uma série de critérios que o responsável pelo cerimonial deve


considerar para decidir que tipo de recepção sugerir ao Presidente da Casa
Legislativa oferecer ao(s) homenageado(s):

114
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Caráter oficial do motivo e objetivo da recepção;

Importância do acontecimento que motiva a recepção;

Grau hierárquico e nível dos cargos e papeis sociais exercidos


pelos convidados;

Grau ou nível funcional e social dos anfitriões e sua relação com


o acontecimento;

Recursos financeiros de que dispõem os anfitriões; e

Espaço físico, instalações e serviços disponíveis e respeito aos


usos diplomáticos e costumes locais.

Horários recomendados

Muitas pessoas pensam ser indelicado a indicação do horário de início de


uma recepção e de seu término. Ledo engano. Tal medida facilita a vida de
quem organiza o evento, faz fluir melhor os convidados e é um indicador para
os atrasados e desavisados, além de ser prática comum no mundo
diplomático.

115
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Os intervalos mais comuns são:

Café da manhã 07 às 08 - 08 às 09 horas

Coffee Break 10 às 11 - 15 às 16 horas

"Brunch" 10 às 15 horas

Almoço 12 às 13:30 - 13 às 14:30 horas

Chá 17 às 19 horas

Coquetel 18 às 20 - 19 às 21 horas

Jantar 20:30 às 22:00 horas

Ceia 23 às 24 horas

Agora que você conhece os diversos tipos de eventos está apto a continuar
se aprofundando no tema. Vamos em frente!

116
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Unidade 2 - A organização de eventos


“Planejar eventos com sucesso não é tarefa simples.

Tal planejamento envolve muitas providências de natureza

diversa, que devem ser tomadas em determinada ordem

e geralmente em curto espaço de tempo”

117
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Maria Cecília Giacaglia

INTER-RELAÇÕES ENTRE FESTAS POPULARES, POLÍTICAS


PÚBLICAS, PATRIMÔNIO IMATERIAL E TURISMO
Maria Cristina Caponero

Planejamento de eventos

O Manual de Eventos da Secretaria de Relações Públicas do Senado


Federal (2007:11) ao introduzir o capítulo sobre organização de eventos
destaca:

118
Cerimonial no Ambiente Legislativo

O primeiro passo, então, para bem planejar um evento é a montagem de


um projeto.

Um projeto básico deverá definir: os objetivos, as justificativas, o público


a atingir, as estratégias, a alocação de recursos necessários, os cronogramas,
as logísticas, estimativas de custos, e a avaliação.

Com estes dados definidos, as seguintes etapas de um evento passam a


ser processadas:

Organização;

Produção de material informativo e promocional;

Divulgação;

Execução; e

Avaliação final.

Organização

Nesta etapa são sistematizadas em detalhe as providências necessárias


ao sucesso do evento. Elas englobam todas as providências administrativas,
como definição de local e data, cadastramento de participantes, elaboração
de “mailing list”, serviços de som e de multimídia, fotografia, seleção de
recepcionistas, contratação de serviços de terceiros etc.

119
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Cuidado com a marcação da data do evento. Verifique se não coincide com


um feriado, com uma data festiva ou com outro evento importante na cidade
com a presença dos mesmos convidados.

Na escolha do local do evento devem ser consideradas as necessidades


do evento, as características do público, o conforto dos participantes, a
facilidade de acesso, as facilidades de estacionamento e os espaços de apoio.

Espaços Vazios FRACASSO

Espaços muito cheios DESCONFORTO


(superlotação)

Nesta etapa, existem outros quesitos a que se deve dar muita atenção:

• Programação das atividades;


• Palestrantes, expositores e moderadores;
• Transporte de convidados e participantes;
• Recursos materiais;
• Infraestrutura tecnológica:
recursos audiovisuais, de
sonorização, de iluminação e tradução
simultânea
• Ambientação – decoração do local do evento, colocação de arranjos de
flores, bandeiras, painéis decorativos, estandartes, faixas
promocionais, fotos, “banners” e de outros elementos que comporão o
ambiente;
• Cerimonial – montagem de mesas, definição da precedência entre as
autoridades, roteiro da cerimônia para o Mestre de Cerimônias;
• Hospedagem e alimentação, quando for o caso, para as autoridades
visitantes e/ou palestrantes /expositores;

120
Cerimonial no Ambiente Legislativo

• Convites – confecção e envio; e


• Recepção de autoridades nacionais e estrangeiras e dos convidados.

Especial atenção deverá ser dada ao planejamento dos recursos humanos


necessários à realização do evento.

A pergunta a ser respondida é: os recursos humanos da organização são


suficientes? Em caso contrário, qual a disponibilidade de recursos financeiros
para a contratação de serviços?

Para que um evento seja realizado sem correrias e atropelos, é importante


que seja montada uma estrutura mínima de pessoal com responsabilidades e
com prazos claros e bem definidos.

Uma estrutura ideal seria:

121
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Coordenador

Equipe de coordenação

Equipes de colaboração

Apoio administrativo
Apoio operacional
Apoio à recepção

Produção de material informativo e promocional

É necessária para qualquer tipo de evento.

São todos os materiais que permitem divulgar o evento para atrair o


público que se quer atingir, como: folders, cartazes, circulares, boletins,
brindes, banners, material de apoio, e toda gama de impressos sobre o
evento em si.

É bom lembrar a necessidade da criação de uma identidade visual única


para o evento, isto é, a marca que queremos fixar, que deverá estar presente
em todas as peças.

Divulgação

Qualquer evento, para que chegue até o público desejado, tem de ter uma
divulgação. Para tanto, tem de ser elaborado um plano de comunicação
dirigida e de comunicação para a mídia, dependendo da amplitude e dos
objetivos do evento.

Portanto, é preciso estabelecer qual a melhor estratégia de comunicação,


definindo qual o conteúdo da mensagem e como “vendê-la” aos públicos
previstos. Definem-se também quais os meios a serem utilizados e de que
forma se fará a veiculação.

122
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Prevê-se todo o tempo que levará o trabalho de relacionamento com a


imprensa e a distribuição do material informativo e promocional.

Para essas atividades se desenvolverem ordenadamente, é interessante


agrupá-las em cronograma apropriado, detalhando todas as providências
necessárias.

Execução

Esta fase compreende o desenvolvimento do evento desde o seu início até


o seu término.

Se as providências necessárias foram devidamente realizadas de acordo


com o planejado nas etapas anteriores, a possibilidade de sucesso é muito
provável.

Nesta etapa, o papel da coordenação do evento é fundamental no


acompanhamento das ações nos dias que antecedem ao evento, durante a
sua execução e por ocasião de seu encerramento, acompanhando e avaliando
o que está sendo implementado.

O Manual de Eventos da Secretaria de Relações Públicas do Senado


Federal (2007:27) destaca “que durante o evento podem acontecer situações
que não foram previstas no planejamento. Nesses casos, a equipe
organizadora deve ter controle sobre a situação e resolver questões
inesperadas com bom senso e rapidez. ”

Avaliação final

Depois do encerramento do evento, se possível, deve ser realizada uma


reunião de avaliação com a equipe para analisar os acertos e os erros, de
forma a proceder a possíveis correções no futuro.

Esta análise deverá constar do Relatório Final, que conterá todas as


informações sobre o evento reunidas durante o seu planejamento e execução.

123
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Deverão ser anexados os materiais promocionais e de divulgação, fotos,


vídeos, registros de imprensa, etc.

Conclusão

Concluímos, reafirmando que a importância da realização de um evento


está sobretudo no aproveitamento do instante, do ambiente ou da presença
de pessoas, pois dessa atitude resulta a impressão final.

O evento, quando bem planejado e executado, criará fatalmente um


conceito positivo para a organização que o promove. Nunca se esqueça de
que as cerimônias e eventos ao final refletem a imagem da organização.

Unidade 3 - O "Check-list". Convites. Roteiro para


locutor.

“Zelo com a aparência, jogo de cintura, e fidelidade

ao governo para o qual presta serviço.

Eis o receituário dos mestres de cerimônias dos

palácios e prefeituras”

124
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Flávia Foreque

Introdução

Na unidade anterior você constatou que na realização de um evento ou


cerimônia não cabe improvisação. Como afirma GIACAGLIA (2008:1),
arranjos de última hora podem não só prejudicar o evento em si, como
também comprometer de forma irremediável a imagem da organização.

Por isso, na hora de implementar as ações constantes do planejamento


feito deve-se ter muito cuidado para não deixar escapar nenhum detalhe, do
mais simples ao mais importante.

Nesta unidade, você tomará conhecimento de alguns aspectos


relacionados com três tópicos importantes da organização de eventos: o
“check-list”, os convites e o roteiro para locutor.

125
Cerimonial no Ambiente Legislativo

O “Check-list”

Como você aprendeu, a organização de um evento envolve diferentes e


numerosas atividades. O check-list é a grande ferramenta do organizador de
eventos.

CIACAGLIA (2008:251) define como:

Grande parte do sucesso de um evento reside num check-list completo


que contemple todas as tarefas a serem executadas, discriminadas em
planilhas que detalhem:

126
Cerimonial no Ambiente Legislativo

A seguir é apresentado um exemplo de check-list para material gráfico e


recursos humanos:
Responsáve Telefon Empresa Telefon Prazo
l/Setor/áre e ramal contratada/nom e ramal final
a e do contrato

Material
Gráfico

Ficha de
inscrição

Folders

Programa

Pasta

Certificado

Cartaz

Credencial
Estacionamento

Crachá

Recursos
Humanos

Recepcionistas

Receptivo de
autoridades

Tradutor

Assessoria de
imprensa

Fotógrafo

Cinegrafista

Operador de
som

Segurança

Apoio de copa

127
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Apoio limpeza

Mestre de
cerimônia

Como você deve ter observado pelo exemplo, cada evento requer a realização de
um check-list próprio, que obedeça exigências específicas.

Convites

Você já reparou a importância que os noivos dão ao convite da sua


cerimônia de casamento? E os pais com os convites para as festas de
aniversário dos filhos? Se forem os quinze anos da menina, nem se fala, não
é mesmo?

O mesmo deve acontecer com os convites dos eventos, cerimônias e


recepções oficiais.

Sabe por que? Os convites revelam muito da importância que a instituição


que convida deseja dar ao evento que irá promover.

As normas de cerimonial preconizam que a boa qualidade dos impressos


utilizados em eventos são uma forma de identificar e qualificar quem os usa.
Assim, todo e qualquer convite encerra uma mensagem pela qualidade do
papel, do envelope e da impressão, além da correção do tratamento e do
endereçamento.

É interessante que a Casa Legislativa estabeleça se possível categorias


diferenciadas de convites, a serem utilizados de acordo com os diferentes
tipos de eventos realizados.

128
Cerimonial no Ambiente Legislativo

A título de exemplo, o Senado Federal possui padrão de convites e de


material impresso, destinado a diferenciar os diversos eventos e cerimônias
que realiza, em função de seu grau de importância.

Nunca se esqueça, o convite sempre encerra uma mensagem pela:

Qualidade do papel;

Qualidade do envelope;

Qualidade da impressão; e

Correção do tratamento e do envelopamento.

129
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Mas, quem convidar? Esta é uma pergunta que chega a dar dor de cabeça
aos organizadores de qualquer evento, ainda mais se for oficial. A elaboração
da lista de convidados é uma tarefa que requer cuidados especiais.

A lista deve ser cuidadosamente elaborada para se evitar situações


desagradáveis.

Em primeiro lugar, deve-se considerar a capacidade máxima do local do


evento/cerimônia, que é o que determina de maneira geral o número de
convidados, para em seguida, em função do objetivo do evento, decidir os
convidados que farão parte da lista.

O responsável pela organização dos eventos numa Casa Legislativa tem


que cuidar para que o mailing esteja sempre atualizado de forma a evitar
transtornos. Num mailing bem montado e atualizado devem constar os
seguintes dados: nome completo, cargo, instituição, endereço completo com
CEP, telefone, fax, e-mail para confirmação, e nome da(o) secretária(o) e
telefone.

Em cerimônias de posse ou homenagem é correto solicitar ao empossado


ou homenageado a relação de pessoas que ele gostaria fossem convidadas.

Hoje, com a informatização cada vez mais presente em nossas vidas é


comum o envio de convites eletrônicos, usualmente encaminhados por email.
Bem como a utilização de cartões magnéticos para acesso a determinados
tipos de eventos.

Preste atenção com relação ao prazo mínimo de envio do convite.


Dependendo do tipo do evento, uma antecedência mínima de expedição é
exigida:

Reuniões informais – 3 dias;

Reuniões formais – uma semana;

Grandes eventos e recepções – quinze dias a três semanas; e

Casamentos – de três semanas a um mês.

Pág. 6

130
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Roteiro para locutor

Em geral, os eventos requerem a elaboração de um roteiro para orientar


a apresentação do locutor. Entretanto, alguns cuidados específicos devem ser
observados na sua elaboração e leitura.

O texto deve ser claro e objetivo, e impresso em fontes como Arial ou


Times New Roman, em tamanho 14, para facilitar a leitura. E deve-se evitar,
ao máximo, textos longos.

Lembre-se: o destaque da cerimônia não é o locutor, mas este deve ter


postura, voz clara e domínio do microfone.

O roteiro, normalmente, divide-se em seis partes: título, acolhida, motivo


ou tema, discursos, informações finais e despedida.

TÍTULO

É o cabeçalho do roteiro. Contém o nome do evento, a instituição


organizadora/promotora, a data, o local e o horário.

ACOLHIDA

131
Cerimonial no Ambiente Legislativo

É a forma de saudação aos convidados e marca o início da cerimônia. Faz-se


referência aos presentes, iniciando-se pelas mulheres, seguido dos
cumprimentos usuais de bom dia, boa tarde ou boa noite.

MOTIVO OU TEMA

Texto breve que explica a razão do evento, compreendendo, no máximo, dois


parágrafos.

DISCURSOS, FALAS E PRONUNCIAMENTOS

São ordenados em ordem crescente, conforme a precedência das autoridades


que farão uso da palavra.

INFORMAÇÕES FINAIS

Informações complementares sobre possíveis desdobramentos do evento,


tais como apresentação de coral, lançamento de livro, convite para coquetel,
etc.

DESPEDIDA

É o encerramento da cerimônia. O locutor agradece a presença dos


convidados e se despede com as formas usuais de bom dia, boa tarde ou boa
noite.

Muito bem! Você chegou ao final desta unidade. Reparou que só falta uma
unidade para encerrar o curso? Então, vamos finalizar?

132
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Unidade 4 - A Mesa

“O protocolo é o produto de uma reiterada prática de bem

viver, cujas regras somente podem ser repelidas em virtude de

preconceitos oriundos da inveja e da vaidade, ou então, frutos

do descaso pelos valores sociais”

Miguel Reale

133
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Apresentação

Em toda a história da civilização a mesa ocupa uma posição central,


enquanto mobiliário, e outra simbólica, na medida em que eventos,
comemorações e rituais, na maioria das vezes, ocorrem no seu entorno.

Para o Legislativo, o termo tem um significado especial, tendo em vista


que o colegiado que dirige as casas legislativas é denominado Mesa Diretora.

134
Cerimonial no Ambiente Legislativo

ROMAGNOLI (1998:496) afirma com propriedade que “A mesa é, por


excelência, o lugar da sociabilidade assim como o espaço onde se encontram
o corpo e a alma, a matéria e o espírito, a exterioridade da etiqueta e a
interioridade da ética”.

Para comprovar o que o autor afirma você deve se lembrar que o


imaginário popular sempre associa a pompa e a circunstância do protocolo
com as refinadas recepções, cujo símbolo máximo é a mesa de banquete.

Nesta unidade, você aprenderá um pouco sobre as regras relacionadas


com as situações de cerimonial e eventos que tem uma mesa como ponto de
partida.

As cabeceiras de mesa nas recepções

A distribuição dos convidados em uma mesa de almoço ou jantar passa


necessariamente pela definição da cabeceira. Como você aprendeu no
primeiro módulo, a partir dela é estabelecida a posição dos convidados pela
ordem de precedência.

135
Cerimonial no Ambiente Legislativo

São dois os tipos de cabeceira: a francesa e a inglesa.

LINS (1991:78) explica que a cabeceira francesa é:

Nas mesas retangulares e estreitas as extremidades ficam vazias, ou


podem ser ocupadas cada uma pelos homens de menor hierarquia. Nas mesas
com as extremidades mais largas ou em formato oval, em cada extremidade
pode ficar um casal, sempre os de menor precedência.

De acordo com LINS (1991:78) a cabeceira inglesa “É colocada nas


extremidades da mesa e a disposição dos convidados segue a mesma regra
de intercalação de cavalheiros e damas por ordem de hierarquia”.

A escolha do tipo de mesa e cabeceira é determinada em função:

• Do tipo de reunião
• Das características do local
• Da quantidade de convidados

136
Cerimonial no Ambiente Legislativo

• Do nível dos convidados

E fique atento para as seguintes regras:

• O número de participantes, incluindo os anfitriões, deve ser sempre


um múltiplo de quatro mais dois, de forma a permitir a alternância
cavalheiro\dama;
• Em mesas mistas as mulheres têm a mesma precedência de seus
maridos;
• No caso de mulheres com cargo oficial, a precedência de seus maridos
estará determinada pela sua posição em relação aos demais homens;
• À mesa alternam-se homens e mulheres, ficando separados os
membros de um casal.
• Jamais se colocam mulheres nas pontas das mesas.

Tipos de mesa em eventos

Como você aprendeu nas unidades anteriores, os objetivos do evento,


suas características, o local de realização e o número de participantes
esperados são determinantes para a definição de algumas decisões a serem
tomadas. Uma delas é a forma como será montado o esquema de mesas.

Existem vários modelos de disposição dos convidados/participantes. De


acordo com CIACAGLIA (2008:146) os mais utilizados são:

Disposição em "U"

Facilita o convívio e participação dos convidados, sem prejudicar a


movimentação do palestrante e a colocação de equipamentos.

137
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Disposição em Quadrado

Permite excelente interação e proximidade entre os participantes.

Disposição em "T"

Ótima para agregar os participantes, ao mesmo tempo em que cria uma


“cabeceira” para aqueles mais importantes e de maior precedência.

Disposição em Círculo

Todos os participantes têm uma excelente visão dos demais, é um


esquema que possibilita a quebra de barreiras hierárquicas e facilita a
integração.

138
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Auditório

É o modelo mais empregado em eventos com grande número de


participantes, onde a interação não é um dos objetivos.

"Espinha de Peixe"

Agrupa grande número de convidados, além de possibilitar uma certa


interação entre eles.

"Grupos"

Utilizada quando se deseja trabalhar em grupos, num mesmo ambiente.


Facilita o acompanhamento do desenvolvimento dos trabalhos pelos
organizadores.

139
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Composição de mesas

Os termos mesa diretora, mesa principal e mesa de honra, têm


definições muito similares. Todas referem-se à mesa composta por um
número par ou ímpar de pessoas que irão conduzir a cerimônia.

Usa-se a denominação mesa de honra quando a mesa é formada


basicamente por autoridades.

A definição dos lugares na mesa do evento é uma tarefa delicada e que


requer muita atenção. O primeiro passo é ter bem definida a ordem de
precedência a que cada convidado tem direito.

Mas, não basta distribuir os convidados apenas considerando as normas


gerais de precedência. Outros indicativos de precedência devem
obrigatoriamente ser observados:

Quem irá presidir a mesa?

Quem será o anfitrião?

Quem são os convidados de honra ou homenageados?

Há algum representante?

Pág. 6

Não se esqueça, também, do princípio da “Primazia da Direita” e da


diferença entre Presidência e Precedência, tópicos tratados no módulo II.

O centro da mesa será ocupado por quem irá presidir a cerimônia. Os


demais convidados serão dispostos nos assentos à direita e à esquerda do
presidente, a partir do centro, com base na ordem de precedência
identificada.

140
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Um aspecto interessante que não pode ser esquecido é que nem todas as
autoridades que compõem a mesa precisam fazer pronunciamentos. O ideal
é que no máximo 5 pessoas façam uso da palavra.

É muito importante que o roteiro final seja discutido com a autoridade que
preside a cerimônia, de forma a evitar mal-entendidos e situações
embaraçosas no decorrer do evento.

A título de exemplificação, segue o esquema de uma Mesa Diretora de


uma casa legislativa. O Presidente, ao conduzir as sessões, senta-se ao centro
da mesa diretora do Plenário. Os demais membros da Comissão diretora que
forem compor a mesa ficam dispostos nas cadeiras colocadas à direita e à
esquerda do Presidente da Casa.

Ao longo do curso, você percebeu que as situações de emprego das


normas e regras do cerimonial são as mais diversas possíveis. E que há toda
uma base legal que orienta o seu emprego.

Tenha sempre em mente que, apesar de todas as convenções e leis


existentes, a lei máxima do cerimonial é o uso do bom senso. E o seu
emprego é que determina a solenidade e a devida dignidade às cerimônias.

Este curso apresentou de forma geral os aspectos mais importantes da


sua prática. Nunca deixe de aprofundar os seus conhecimentos a respeito da
sua atividade. Para ajudá-lo(a), foi disponibilizada uma lista contendo as
referências bibliográficas empregadas durante o curso e alguns títulos de
referência da área.

E para refletir vale a pena ter em mente a afirmativa de KALIL (2007:94);

141
Cerimonial no Ambiente Legislativo

O Cerimonial Público e o poder simbólico manifesto no Congresso Nacional: a


posição hierárquica da Câmara dos Deputados

Darisa Ribeiro de Castro

Sucesso em sua caminhada profissional, que você tenha um longo tapete


vermelho à sua frente.

Até uma próxima oportunidade!

Parabéns! Você chegou ao final do último módulo do curso Cerimonial no


Ambiente Legislativo.

Sugerimos que você faça uma releitura do Módulo IV e resolva os


Exercícios de Fixação. O resultado não influenciará na sua nota final, mas
servirá como oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo. Lembramos
ainda que a plataforma de ensino faz a correção imediata das suas respostas!

Porém, não esqueça de realizar a Avaliação Final do curso, que encontrase


no Módulo de Conclusão. Lembramos que é por meio dela que você pode
receber a sua certificação de conclusão do curso.

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação,clique aqui.

142
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Conclusão
O curso de Cerimonial no Ambiente Legislativo foi concebido para lhe fornecer um conjunto de
informações e conhecimentos que auxiliem sua atuação profissional, uma vez que você está
constantemente envolvido em situações de relacionamento interpessoal, atendendo pessoas,
seja presencialmente, seja por telefone, pela Internet ou por carta.

É importante que você, comprometido como esteve com o curso que lhe foi
proposto, tenha atingido os objetivos de aprendizagem, os quais repetimos
abaixo com a intenção de enfatizar sua importância:

o Identificar a importância do cerimonial nas organizações modernas; o


Acompanhar a evolução histórica do cerimonial; o Conceituar :
cerimonial, protocolo e etiqueta; o Identificar os fundamentos da
etiqueta, do protocolo e do cerimonial; o Estabelecer a precedência no
cerimonial público e discutir os artigos do Decreto nº 70.274;
o Descrever o emprego da precedência no cerimonial público; o
Identificar as principais características e emprego adequado dos
símbolos, da bandeira, do hino, das armas e do selo nacionais;
o Discriminar diferentes tipos de eventos, assim como as especificidades
de sua organização;
o Estabelecer os itens do "check-list" , discutir a elaboração de convites
e o roteiro para locutor; e

143
Cerimonial no Ambiente Legislativo

o Trabalhar a organização da mesa.


Esperamos que você esteja satisfeito com o curso e que o conteúdo
apresentado sejaefetivamente útil ao seu desempenho profissional e o
ajude a aumentar a credibilidade de sua organização, de seu setor de
trabalho, de sua equipe.
Igualmente, esperamos que as informações disponibilizadas no curso sirvam
de instrumentos de crescimento pessoal, o que é diretamente proporcional
ao crescimento da organização em que você trabalha.

Ah! A condição para a realização da Avaliação Final é resolver todos os


Exercícios de Fixação ao final de cada módulo e responder à avaliação
do curso.

Para realizar a Avaliação do curso clique aqui.

Boa sorte!

144
Cerimonial no Ambiente Legislativo

Instituto Legislativo Brasileiro / Interlegis


Antônio Helder Medeiros Rebouças - Diretor Executivo

Coordenação de Capacitação Treinamento e Ensino


Amanda Rodrigues de Albuquerque - Coordenadora

Conteudista
Francisco Etelvino Biondo

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saberes.senado.leg.br

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