Você está na página 1de 2

MEDIDAS TRABALHISTAS DE ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE CORONAVÍRUS 1

Profª Janaina Vargas Testa

A COVID-19 impactou severamente a nossa realidade. Como resposta às diversas mudanças


na vida de todos, tivemos, no Brasil, várias alterações normativas, como a promulgação de Medidas
Provisórias, leis e portarias relacionadas ao combate da pandemia. Trata-se de alterações
legislativas transitórias, as quais terão vigência apenas no contexto de calamidade pública.
Importante frisar que as demais espécies normativas, a exemplo da CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho) e outras leis específicas, continuam em pleno vigor regulamentando as relações
de trabalho.
O estudo que aqui se apresenta refere-se tão somente às mudanças normativas transitórias
criadas para atender as transformações sociais e trabalhistas no contexto da pandemia.

LEI nº 14.128 de 26 de março de 2021 – dentre outros assuntos, alterou a Lei 605/1949, que
regulamenta o Repouso Semanal Remunerado, incluindo os parágrafos 4° e 5° ao artigo 6°, dispondo
a respeito do atestado durante a pandemia:

Durante o período de emergência em saúde pública decorrente da Covid-19, o fato de o


empregado permanecer em isolamento o dispensará de comprovar a doença por sete dias.
Desse modo, no caso de imposição de isolamento, o trabalhador poderá apresentar, além
do atestado, como justificativa válida, no oitavo dia de afastamento, documento de unidade de
saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) ou documento eletrônico regulamentado pelo Ministério
da Saúde.

MEDIDAS PROVISÓRIAS nº 1. 045 e 1.046 – de 27/04/2021 - Medidas trabalhistas de enfrentamento


à pandemia de coronavírus - Institui Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da
Renda e dispõe sobre medidas para o enfrentamento das consequências da emergência de saúde
público de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19) no âmbito das relações
de trabalho:

As medidas provisórias lançadas pelo governo permitem a suspensão de contratos de


trabalho por até 120 dias e redução da jornada e salário de até 70%, com compensação parcial pelo
governo na remuneração dos trabalhadores.
Os principais pontos das medidas provisórias foram os seguintes:
• Redução de jornada e salário ou a suspensão do contrato de trabalho por até 120
dias;
• Salários e jornadas poderão ser reduzidos em 25%, 50% e 70% em acordos individuais
ou coletivos;
• A comunicação ao governo deve ser feita pelo sistema Empregador Web
(empregador pessoa jurídica) ou no Portal de Serviços gov.br, na aba “benefício
emergencial” (empregador pessoa física);
• Durante a vigência do acordo, o governo paga diretamente aos trabalhadores o
Benefício Emergencial para ajudar a complementar a renda, de acordo com faixas do
MEDIDAS TRABALHISTAS DE ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE CORONAVÍRUS 2
Profª Janaina Vargas Testa

seguro desemprego. O governo pagará uma compensação proporcional à redução


salarial calculada sobre o valor do seguro desemprego a que o trabalhador teria
direito se fosse demitido;
• No caso de suspensão de contrato de trabalho, o pagamento da compensação será
de 100% do seguro desemprego a que o trabalhador teria direito;
• Para as empresas com receita bruta superior R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e
oitocentos mil reais), somente poderá haver a suspensão do contrato de trabalho
mediante o pagamento de ajuda compensatória mensal no valor de 30% do salário
do empregado;
• Os empregados terão garantia no emprego durante o período em que a empresa usar
o mecanismo legal e, após o restabelecimento da jornada, por um tempo igual ao
que durou a redução ou a suspensão;
• A empresa que dispensar sem justa causa durante o período da garantia de emprego
(estabilidade provisória) deverá pagar, além das parcelas rescisórias, indenização
sobre o salário a que o empregado teria direito no período de estabilidade provisória.
Referida indenização será calculada conforme o percentual de redução salarial;
• As empresas poderão adiar o recolhimento do FGTS e antecipar férias dos
trabalhadores.

LEI nº 14.151 de 12 de maio de 2021 – Dispõe sobre o afastamento da empregada gestante das
atividades de trabalho presencial durante a emergência de saúde pública de importância nacional
decorrente do novo coronavírus.

A presente lei, com vigência, a partir de 13/05/2021, determina que toda empregada
gestante com vínculo de emprego com natureza trabalhista deverá permanecer em trabalho à
distância durante o período de emergência de saúde pública em razão da pandemia do coronavírus.
Trata-se de medida que tem por objetivo proteger a saúde da gestante e do nascituro,
em consonância com o que dispõe a Constituição Federal, arts. 6° e 227, eis que as gestantes estão
inseridas no grupo de risco, pois podem ter sintomas mais agressivos da doença decorrente da
contaminação pelo coronavírus.
As possibilidades de trabalho para a gestante serão os realizados à distância – trabalho a
domicílio, remoto, home office e teletrabalho – regido pelos arts. 6°, 75-A a 75-E da CLT, sendo
vedado o trabalho presencial.
Importante ressaltar que se trata de norma de caráter cogente destinada à proteção à
saúde da empregada gestante, devendo, portanto, ser cumprida, independentemente de estarem
vacinadas ou não.

Você também pode gostar