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Fazer Quimio
LAURA BOND
Tradução de:
Tiago Tavares
Pergaminho
CAPÍTULO 1
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chamado o “assassino silencioso”. A mãe tinha andado a sentir uma
dor fraca, mas persistente, no abdómen inferior, os seus períodos
acabavam e voltavam a começar, e estava a sentir-se inchada. Foi ao
médico de família e pediu-lhe para fazer a análise do CA-125 e uma
ecografia transvaginal. Ela tinha lido, muitos anos antes, que estes
dois testes fornecem a melhor indicação sobre o cancro nos ovários.
De facto, num estudo em curso com 200 mil mulheres, os médicos
britânicos descobriram que, usando os testes em conjunto, detetaram
90% dos casos de cancro nos ovários.3
Mas, mesmo depois destes dois testes terem regressado positivos,
a mãe estava convencida de que o tumor, ou o que quer que fosse a
massa escura que a ecografia tinha revelado, não era nada para se
preocupar. Isto até à noite a seguir à sua histerectomia. O cirurgião,
que tinha passado a noite debruçado sobre o relatório patológico da
mãe, revelou o diagnóstico: ela tinha um cancro no ovário, que já
estava também no seu útero. A mãe rompeu em lágrimas.
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A Verdade Sobre as Suas Escolhas
Números Adulterados
Certos fatores dão aos números oficiais um brilho mais forte: estamos
agora a apanhar o cancro numa fase mais precoce, o que significa
que os pacientes não estão necessariamente a viver mais tempo depois
de terem cancro, mas sim que estão a viver mais tempo depois de lhes
ser diagnosticada a doença; os cancros não-invasivos, como o carci-
noma ductal in situ (CDIS) – também conhecido como “cancro de
grau zero”12 – são incluídos nas estatísticas; e a palavra “sobreviver”
tem sido redefinida, para passar a significar apenas cinco anos.
“A minha tia – que fez toda a quimio que lhe propuseram – ficou
imortalizada para sempre como ‘sobrevivente’ do cancro da mama”,
conta Day. “Ela sobreviveu os cinco anos, mas morreu seis meses
depois. Por isso ela está ‘curada’ e morta.”
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Há vinte e cinco anos, Day embarcou numa investigação por todo
o mundo para encontrar a “resposta” ao cancro. O resultado? Ele
descobriu que as clínicas que estão a obter os melhores resultados
estavam a concentrar-se na alimentação, na gestão do stresse e nas
alterações dos hábitos de vida. “Elas não estavam a fazer quimiote-
rapia e radioterapia. Isso surpreendeu-me”, confessa Day.
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Quando confrontados com o cancro, a maioria dos pacientes quer
fazer os possíveis e impossíveis, o que cada vez mais significa passar
pelo terapeuta de reiki ou médico chinês e tomar suplementos poten-
tes. Um estudo recente do MD Anderson Cancer Center revelou que
uns impressionantes 83% dos pacientes recorriam à medicina alter-
nativa, juntamente com os tratamentos convencionais.14 No entanto,
estes extras nunca são considerados nas estatísticas do cancro. Na
verdade, o “progresso” é associado exclusivamente aos avanços
médicos e não à iniciativa do paciente.
Para Newton-John, a meditação, a homeopatia, a acupunctura
e as técnicas de relaxamento foram apenas algumas das terapias
curativas para as quais ela se voltou após o tratamento convencio-
nal.15 Também se diz que ela toma diariamente enzimas digestivas
e vitamina D (ver Capítulo 4) e que é apaixonada pela alimentação
saudável e comida orgânica. Embora Newton-John tenha conse-
guido recuperar da quimioterapia, muitos não o conseguem.
Segundo Ciaran Devane, CEO do Macmillan Cancer Support:
“O tratamento do cancro é a luta mais dura que muita gente vai
enfrentar, e os pacientes ficam muitas vezes com problemas emo-
cionais e de saúde a longo prazo, muito depois de terem terminado
o tratamento.”
A leucemia, a insuficiência cardíaca e a infertilidade são apenas
uma parte da lista de efeitos secundários da doxorrubicina, um fár-
maco comum usado na quimioterapia, enquanto o 5-FU, outro fár-
maco, é tão tóxico que alguns médicos se referem a ele como
“Debaixo da Terra”.16 Embora estejamos constantemente a ler sobre
“novos tratamentos inovadores”, a realidade é que são dados a mui-
tos pacientes medicamentos que já têm décadas. Uma das minhas
leitoras do Reino Unido, Jayne Brown, ficou chocada ao descobrir
que o mesmo medicamento de quimioterapia que tinha sido usado
sem sucesso no seu falecido companheiro, em 1993, foi administrado
na sua amiga em 2007: “Não posso crer que, com mais doze anos
de investigação, o cocktail de quimioterapia que foi dado ao meu
companheiro ainda faça parte da medicina tradicional.”
É importante ter em mente que se crê que cerca de três quartos
da investigação publicada atualmente sobre fármacos na literatura
médica sejam escritos por empresas de relações públicas, contratadas
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Porque é Que o Cancro Volta
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investigação publicada no Australian Family Physician, na Austrália
os doentes visitam agora profissionais alternativos quase tão frequen-
temente como o seu médico de família. O professor Ian Brighthope,
reputado médico e cirurgião, tem assistido a uma mudança dramática
na opinião pública nos últimos trinta e cinco anos: “Tem sido inte-
ressante ver como, por exemplo, as altas doses de vitamina C – em
tempos vistas como pura charlatanice – se têm tornado numa ten-
dência generalizada”, conta.
Em todo o mundo, o movimento da saúde natural está a ganhar
força rapidamente. Os britânicos gastam atualmente 450 milhões de
libras por ano na medicina alternativa e complementar (MAC), e
nos Estados Unidos as vendas de alimentos e bebidas orgânicas cres-
ceu de mil milhões de dólares em 1990 para 26,7 mil milhões em
2010.25 As pessoas têm fome de alimentos verdadeiros e não pro-
cessados, tal como de informações não adulteradas sobre as suas
opções de saúde. Felizmente, existe agora investigação de confiança,
disponível através de fontes noticiosas predominantes como o Natu-
ral News.com e o Mercola.com. Com milhões de leitores, estes sites
conseguem divulgar notícias de saúde inovadoras a uma velocidade
vertiginosa. Com cada vez mais informação disponível, os pacientes
estão a chegar às consultas com impressões e uma lista de perguntas
a fazer, em vez de levarem apenas um conjunto de sintomas para
tratar.
Tomar decisões médicas importantes pode ser excecionalmente
stressante e, por vezes, incrivelmente solitário, mas este livro vai
ajudá-lo a navegar na escuridão. Vai encontrar pormenores de tra-
tamentos alternativos de ponta – como a hipertermia e a ozonote-
rapia (ver Capítulos 7 e 9) – que inverteram inúmeros casos de
cancros “terminais”. Vou também tocar no emocionante campo da
oncologia molecular e referir uma técnica inovadora que permite
aos médicos identificar as células cancerosas anos antes dos testes
comuns com marcadores (ver Capítulo 10). No final do livro encon-
trará uma útil secção de Recursos, com bastante informação sobre
os testes, tratamentos, clínicas e especialistas referidos no texto.
Pode ficar surpreendido ao saber que, quando uma pessoa é diag-
nosticada com cancro, geralmente já está a viver com a doença há
sete anos, em média. Certamente que isto contraria a crença comum
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