Uma história de vitórias | Especial • BS • Ed.

2582 • 30/09/2021 • ()

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ESPECIAL

Uma história de vitórias

BSGI celebra 61 anos, resultado dos esforços do Dr. Daisaku
Ikeda e reflexo do brilho de cada um dos membros que a
integram

REDAÇÃO

Vencer no momento presente e construir um futuro glorioso,

eis um ponto perseguido por muitos, nos diversos aspectos da
vida. Trazendo essa questão mais especificamente para a
dedicação em prol do kosen-rufu do Brasil, é importante
entender o passado, com os pés no presente e mirando o
grandioso futuro. Este mês de outubro, em que celebramos os
61 anos de fundação da BSGI, é o momento ideal para
compreender tudo o que vivemos até agora e definir os
próximos passos, rumo a 2030, quando também
comemoraremos o centenário da Soka Gakkai.

Vamos, então, fazer uma viagem no tempo e relembrar alguns

momentos marcantes da fundação da BSGI, em 19 de outubro
de 1960. Conscientes dos esforços do nosso mestre, Dr.
Daisaku Ikeda, para a criação da nossa organização,
inspiremo-nos na nova fase dessa gloriosa história.
Herdando o espírito do seu mestre

O presidente Ikeda jamais se esqueceu da ocasião em que o

segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, acamado e
pouco antes de falecer, contou-lhe sobre um sonho curioso
que teve. Toda sensei sonhara que fora ao México e disse-lhe:
“Eles estavam esperando. Todos aguardavam ansiosamente a
chegada do Budismo de Nichiren Daishonin. Como eu quero
viajar pelo mundo numa jornada pelo kosen-rufu...” e “O mundo
é seu desafio, seu verdadeiro palco. O mundo é vasto”.1
Estendendo a mão ao seu discípu­lo, que a segurou com
firmeza, Josei Toda rogou-lhe: “Você precisa viver! Viva o
máximo que puder e percorra o mundo!”.2 O brilho no olhar do
mestre refletiu intensamente no olhar do discípulo. O coração
do jovem Ikeda foi incendiado pela missão delegada por Toda
sensei e aquelas palavras ficaram gravadas em sua vida.

2 de outubro de 1960

Já empossado como novo presidente da Soka Gakkai em 3 de

maio de 1960, Daisaku Ikeda reuniu um grupo de pessoas e
formou uma comitiva que o acompanharia nessa nova
empreitada. A data escolhida para a primeira viagem de
propagação no exterior, 2 de outubro, era referência ao 2 de
abril de 1958, falecimento de Josei Toda, relembrado no
segundo dia de cada mês. Ikeda sensei registrou: “Tinha plena
consciência da importância que havia por trás do desejo de
Toda: ‘Percorra o mundo!’”.3
Aquela significativa primeira via­gem ao exterior representou o
passo inicial para a caudalosa correnteza que se tornaria, anos
mais tarde, em 26 de janeiro de 1975, a Soka Gakkai
Internacional (SGI). Iniciava-se ali um grande movimento
jamais visto na história do budismo, conforme consta na obra
Nova Revolução Humana (NRH): “Com o objetivo de criar a
história da revitalização humana, a SGI lança a luz do
humanismo sobre os povos sofridos do mundo”.4 Mas,
voltando a 1960, no roteiro da viagem constavam visitas a
Honolulu (Havaí), São Francisco, Seattle e Chicago (Estados
Unidos), Toronto (Canadá), Nova York e Washington (Estados
Unidos), São Paulo (Brasil), finalizando em Los Angeles
(Estados Unidos) e com retorno ao Japão previsto para 25 de
outubro.

19 de outubro de 1960

Apesar da forte convicção do Mestre, algumas incertezas

preocupavam a comitiva, entre elas as dificuldades de
comunicação com os membros brasileiros. Mesmo depois de
diversas correspondências enviadas, não existia praticamente
nenhuma informação sobre o que encontrariam em sua
chegada a São Paulo. Mais tarde, soube-se que apenas uma
carta havia sido recebida pelos membros do Brasil, no dia 20
de setembro. Outro motivo que preocupava a comitiva era a
saúde de Ikeda sensei. Às vésperas de sua chegada ao país, as
condições de saúde do presidente Ikeda se agravaram. Ainda
assim, ele se manteve firme, decidido a vir sem falta. O
compromisso firmado com seu mestre e com as pessoas que
o esperavam era maior que a doença que tentava derrubá-lo.
Ele declarou:

Contudo, eu irei. Existem

companheiros que estão me
aguardando. Jamais cancelaria a
viagem sabendo que eles estão me
esperando. O senhor sabe
perfeitamente que um dos propósitos
principais desta viagem ao exterior é a
visita ao Brasil. Chegamos até aqui
exatamente para isso. Não posso
desistir no meio do caminho. Houve
alguma vez que o presidente Toda
recuou em meio a uma luta? Eu sou
discípulo do presidente Toda! Eu vou.
Vou sem falta, custe o que custar. Se
tiver de tombar, então tombarei em
combate! Que desventura pode haver
nisso?!5
E foi no avião, a caminho de São Paulo, que o Mestre revelou a
um dos integrantes da comitiva seu profundo desejo de
oficializar o Brasil como um distrito, o primeiro fora do Japão.
Ele estava ciente ainda do pequeno número de famílias, mas
tinha a convicção de que o país seria o alicerce do kosen-rufu
da América do Sul. “A fundação do distrito elevará também a
consciência dos companheiros do Brasil e, acima de tudo,
fortalecerá a união deles”,6 declarou Ikeda sensei.

Na madrugada do dia 19 de outubro, o presidente Ikeda e

comitiva desembarcaram no Aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, e foram recepcionados pelos membros brasileiros, ao
som da canção Ifu Dodo no Uta (Canção do Imponente
Avanço), o que lhe despertou ainda mais a coragem. A energia
daquelas boas-vindas tocou o coração do Mestre, que se
encheu de ânimo. Porém, ao chegar ao hotel e se olhar no
espelho, ele se assustou com o que viu: olhos fundos e
enormes olheiras. “Isso é terrível!”, exclamou o presidente
Ikeda, pois não queria que os membros o vissem daquele jeito.

Durante o dia, parte da comitiva visitou a Fazenda Tozan, em

Campinas. Ikeda sensei e os demais foram até a Cooperativa
Agrícola de Cotia, associação composta por imigrantes
japoneses. À noite, participaram de uma reunião
comemorativa na residência de um membro da capital
paulista, ocasião em que Ikeda sensei dialogou animadamente
com os convidados.

Fundação do Distrito Brasil

Às 13 horas do dia 20 se deu o momento tão aguardado pelos
membros brasileiros: o encontro com o Mestre — e mal
sabiam aquelas pessoas a surpresa que as aguardava. Então,
teve início a 1ª Convenção da América do Sul, no salão do
restaurante Chá Flora, no bairro da Liberdade, em São Paulo.
Em meio a muita emoção e ao calor, os presentes exibiam um
aspecto radiante.

Após uma série de perguntas, às quais o presidente Ikeda

respondeu com total decisão de incentivar a todos, deu-se
início à fundação do Distrito Brasil. Na ocasião, o Mestre
declarou: “Tenho o prazer de anunciar neste momento a
fundação do Distrito Brasil!”.7 Palmas entusiasmadas
preencheram o ambiente, e os participantes, alegres e
emocionados, foram comunicados ainda sobre a fundação das
Comunidades São Paulo, Campinas e Arujá, as três no estado
de São Paulo. Por fim, Ikeda sensei afirmou:

— O Brasil tornou-se agora, fora do

Japão, o país pioneiro do movimento
pelo kosen-rufu mundial. Aqui existe
um potencial ilimitado. Como
pioneiros da paz e da felicidade,
solicito aos senhores que abram o
caminho do kosen-rufu do Brasil em
meu lugar. Por favor, façam o melhor
 que puderem. Conto com os
senhores!8

Este momento

Passaram-se 61 anos desde aquele dia. Embora o Distrito

Brasil tenha sido fundado no dia seguinte à sua chegada, o dia
19 de outubro é considerado como a data de fundação da
BSGI. A organização avançou e, com total dedicação dos
membros brasileiros, aquele único distrito expandiu-se para
cerca de 1.271 distritos, atualmente.

Mas o que fazer a partir de agora? O que fazer neste

momento? No dia 7 de janeiro de 2021, o Dr. Daisaku Ikeda,
presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), enviou uma
mensagem aos participantes da 1ª Reunião Nacional de
Líderes, dando partida ao centenário de fundação da Soka
Gakkai, na qual consta o seguinte direcionamento:

Os próximos dez anos serão um

período de extrema importância em
que devemos nos empenhar para a
solução das desafiadoras dificuldades
enfrentadas em todo o planeta e
edificar uma nova civilização da
 humanidade, que tenha como base o
respeito à dignidade da vida e a
revolução humana.9
Essas palavras do Mestre não se restringem à vindoura data
comemorativa da Soka Gakkai. Representam também um
direcionamento significativo para nós, membros da BSGI,
criando um ambiente para que, em 2030, possamos
comemorar os setenta anos de fundação da BSGI com vitória
absoluta. Vencer agora, em 2021, é crucial por ser o primeiro
ano, o primeiro passo na consolidação de uma vida plena de
felicidade e de comprovações individuais, o que refletirá no
desenvolvimento da organização, tão estimada pelo nosso
mestre.

Presidente Ikeda e comitiva durante a reunião de fundação do Distrito Brasil

(São Paulo, 20 out. 1960)
 

Presidente Ikeda e comitiva durante a reunião de fundação do Distrito Brasil

(São Paulo, 20 out. 1960)

No topo: Ikeda sensei aprecia exposição que narra a trajetória de

desenvolvimento da BSGI desde a sua primeira visita ao Brasil em 1960 (São
Paulo, 1993)

Notas:
1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora
Brasil Seikyo, v. 1, p. 10, 2019.

2. Ibidem.

3. Ibidem.

4. Ibidem, p. 13.

5. Ibidem, p. 216.

6. Ibidem, p. 221.

7. Ibidem, p. 243.

8. Ibidem.

9. Brasil Seikyo, ed. 2.547, 23 jan. 2021.