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T O P IC O S E S P E C IA IS EM T E C N O L O G IA D E
P R O D U T O S N A T U R A IS
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UWverîîdade Federa! do f* r ê
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
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THOMAS A. MITSCHEIN
Coordenador Geral do POEMA
Sumário
Ó LE O S V E G E T A IS
Joaquin A. M orón-V illarreyes ............................... 9
O X ID A Ç Ã O D O S Ó L E O S DE TU CU M Ã (ASTROCARYVM
VULGARE M A R T .) E B U R IT I (MAVRITIA FLEXUOSA M A R T.)
A ntônio C láu dio L . M . B astos e Francisco P. Assunção .. 29
PLA N TA S C O R A N TE S D A A M A ZÔ N IA
O svaldo R. Kato, Victor P a u lo de O liveira e L ên io J. G.
de F a r ia ............................................................ 41
O B TE N Ç Ã O E A P L IC A Ç Ã O DE C O R A N TE S N ATU RAIS
Raim unda F . R. d e N a z a r é ......................... 56
M IC R O B IO L O G IA IN D U STR IA L T Ê X TIL
L u cia Beckm ann C . M e n e z e s................................... 74
U T IL IZ A Ç Ã O IN D U STR IA L DE FIB R A S V E G E TA IS
E din áldo José S. Cunha ........................................ 82
L Á T IC E S N ATU R AIS
M á rio C. F . Guim arães e C élio F. M . de M e lo ............ 93
FO N TES FO R N ECE D O R A S DE L Á T IC E S E PR O CE SSO S DE
OBTEN ÇÃO
E u rico P in h e ir o ................................................... 105
PR O D U TO S M AN U FATU RAD O S DE B O R R A C H A N A TU R A L
M ig u e l P . R. B it a r ................................................ 121
Ó LE O S E SSE N CIA IS D A A M A ZÔ N IA : IN VEN TÁR IO DA
F L O R A A R O M Á T IC A
José G uilherm e S. M a ia e M a ria das G raças B . Z o g h b i.. 127
ÓLEOS ESSEN CIAIS D A AM AZÔNIA: M ÉTODOS DE ANÁLISE
José G uilherm e M aia, M a ria das G raças B . Zoghbi,
A lberdan Silva Santos e L. Scott R a m o s ..................... 147
PIM EN TA-D O -R EIN O : Ó L E O E O LEO R R ESIN A
C é lio F . M . de M elo, José Furlan Jr. e Sebastião H ühn .. 163
E X T R A Ç Ã O DE Ó L E O E SSE N C IA L DE PEMENTA-DO-REINO
P E L O P R O C E SS O DE A R R A ST E DE V A P O R E C O O B A Ç Ã O
E M A P A R E L H O C L E V E N G E R M O D IFICA D O
Sebastião Hühn e C élio F. M. de M e lo ............................. 172
E L A B O R A Ç Ã O DE PR O D U TO S D ER IVA D O S DO L E ITE
A D IC IO N A D O S DE P O L P A S DE FRU TA S A M A ZÔ N IC A S
E lisa Cristina A. N e v e s................................................................... 18 5
P L A N E JA M E N TO E A N Á LISE E S T A T ÍS T IC A DE
EX PE R IM E N TO S A P L IC A D O S A O B EN EFICIA M EN TO DE
PR O D U TO S N ATU RAIS
M aria Elena S. Taqueda, Cristiane M . L. Costa e Lênio 20 5
J. G. de F a r ia .....................................................................................
O T IM IZ A Ç Ã O DO P R O C E SS O DE E X T R A Ç Ã O Q U ÍM IC A DE
Ó L E O S V E G E T A IS U TILIZA N D O M E T O D O L O G IA DE
SU PER FÍCIES DE R E SP O ST A
Cristiane M . L. Costa e Lênio J. G. de F a r ia ........................ 220 > v
E X T R A Ç Ã O C O M S O L V E N T E E M CO N D IÇÕ ES
SUPERCRÍTTCAS 242
Nádia Cristina F. C o rrêa ..............................................................
A S P E C T O S D A U T IL IZ A Ç Ã O D A V IB R A Ç Ã O NA S E C A G E M
C élio Augusto G. Souza e Theo G. K ieckbusch.................. 288
Óleos vegetais
Joaquin A. Morón-Villarreyes*
Histórico
9
Em 1914 uma companhia de navegação inglesa, a B o o th C o.,
estabelecida no Pará, forneceu m eios para as viagens necessárias,
pudendo p ercorrer durante alguns meses, d iv e rso s m u n ic íp io s do in te rio r
do estado, até a fro n te ira com o estado do A m azonas, a procura de outras
sementes e inform ações necessárias, a fim de conhecer a im portância das
colheitas, produção e outras inform ações. O s resultado dessas viagens,
fo ra m rem etidos a Lo n d re s, juntam ente com as amostras das sementes
colecionadas. D o is quím icos ing le se s, D r . R . B o lto n F . J. C . e D r . D o ro ty
G. H e rv e r B . fo ra m encarregados do estudo e análises dessas sementes.
N o mesm o ano se in ic ia a exportação para Inglate rra de algumas
qualidades de sementes oleaginosas, especialmente de u c u ú b a , porém a I
G ue rra M u n d ia l, que estava alterando o comércio em todo o m undo, veio
p rejudica r esta in d ú stria em in íc io . To d a v ia , centenas de toneladas de
sementes de u c u ú b a , remetidas para L iv e rp o o l, bem secas e descascadas,
tin h a m encontrado mercado fa vo rá ve l; porém lo tes de m a io r im portância,
rem etidos sem cuidado algum, p o r o u tro s exportadores, chegaram ao
d estino podres e desgostaram os fabricantes ing leses, que não q uiseram
re p e tir os pedidos. E fo i m u ito custoso recomeçar as transações das
sementes paraenses com a Inglate rra .
A fábrica de Pesce, em C am etá-PA, trabalhou m u ito s anos no
preparo de sementes d iversas que eram exportadas para a E u ro p a e S u l
do B r a s il, especialmente São P a u lo . A té que em 1919, com o concurso de
um in d u stria l ita lia n o , in sta lou -se u m estabelecimento nas vizinha nça s da
capital e a exportação das sementes oleaginosas para a Itá lia começou a > t
se desenvolver com m a io r intensidade. D e p o is, ou tro s estabelecimentos
fo ra m montados na capital e vizinha nça s, no preparo de sementes para
exportação [3 9 ].
10
Figura 1. Procedência dos óleos e gorduras naturais.
Fontes vegetais
Gênero A s tro c a ry u m
11
TUCUMÃ-Y - A s t r o r a r iu m c a u d e s c e n s Barb. Rodr.
TUCUMÃ - A . tu c u m ã Mart.
TUCUMÃ-UAÇÚ - A . p r i n c e p s Barb. Rodrig.
TUCUMÃ-PIRIRICA - A. p r i n c e p s var. a u r a n t i a c u m Barb. Rodr.
TUCUMÃ-UAÇÚ-RANA - A. p r i n c e p s v a i . f l a v u m Barb. Rodr.
TUCUMÃ-PURURUPU - A. p r i n c e p s var. v ite lliu m Barb. Rodr.
TUCUMÃ-ARARA - A. p r i n c e p s var. s u lp h u r e u m Barb. Rodr.
TUCUMÃ DA VÁRZEA - A. g i g a n t e u m Barb. Rodrig.
MURUMURÚ - A. m u r u m u r ú Mart.
MURUMURÚ DA TERRA FIRME ou MUMBACASSÚ - A. r o d r ig u e s i i Trail.
JAUARI - A. j a u a r y Mart.
MURUMURÚ-IRY - A. f a r i n o s u m Barb. Rodr.
MUMBACA - A. m u m b a c a Mart.
G ênero O rb ig n ia
CURUÁ-PIXUNA ou PRETO - O r b i g n i a p i x u n a Barb. Rodr.
INDÁYA-ASSÚ - O . m a c r o c a r p a Barb. Rodr.
INDÁYA-VERDADEIRA - O . c a m p e s t r i s Barb. Rodr.
INDÁYA-MIRIM - O . lo n g i b a c t e a t a Barb. Rodr.
BABAÇU - O . s p e c i o s a Barb. Rodr.
G ênero A ttale as
CURUÁ TINGA - (A t t a l e a m o n o s p e r m a Mart.)
CURUÁ Y - (a t t a le a a g r e s t i s Mart.)
CURUÁ PIRANGA - (a tt a le a s p e c t a b i l i s Mart.)
PIAÇAVA - { a tta le a f u n i f e r a Mart, e L e o p o l d i n i a p ia s s a v a Wal.) »
URUCURY - (a t t a le a e x c e l s a Mart.)
G ênero C o co s
PIRIRIMA ou Jata - { c o c o s s y a g r u s Drude)
JAREUA - {s y a g r u s i n a j a - i Spruce)
PUPUNHA DO PORCO - { c o c o s a e q u a t o r i a l i s Bar. Rodr.)
PUPUNHA-RANA - { c o c o s s p e c i o s a Barb. Rodr.)
JATAHY - { c o c o s j a t a h y )
JARAY UVA - { L e o p o l d i n i a p u l c h r a Mart.)
INAJÁ Y - { C o c o s i n a já y Tvl.)
G ênero O e n o ca rp u s
BACABA - { O e n o c a r p u s d i s t i c h u s e O . b a c a b a Mart.)
BACABINHA - { O e n o c a r p u s m i n o r Mart.)
PATAUÁ - { O e n o c a r p u s b a t a u á Mart.)
CIAMBO - { O e n o c a r p u s m u lt ic a u lis Spre.)
G ênero B a c tr ix
12
MARAJÁ - (b a c t r i x t r a ilia n a Barb. Rodr.)
MARAJÁ - (b a c t r i x m o r o s a Barb. Rodr.)
MARAJÁ - (b a c t r i x t u r b i n o c a r p a Barb. Rodr.)
MARAJÁ - (b a c t r i x m a r a j á Barb. Rodr.)
MARAJÁ AÇU - (B a c t r i x m a r a j á a ç u Barb. Rodr.)
MARAJÁ DA MATA - (b a c t r i x p i r e n g a Barb. Rodr.)
MARAJÁ RANA - (b a c t r i x g r a n u r io s c a r p a Barb. Rodr.)
MARAJÁ var. - (b a c t r i x c o n s t a n c i a e s Barb. Rodr.)
PUPUNHA - (g u i li e lm a s p e c i o s a Mart.)
PUPUNHA PIRANGA - (g u i li e lm a s p e c i o s a var. c o c c i n e a Barb. Rodr.)
PUPUNHA MARAJÁ - (g u i li e lm a s p e c i o s a var. f l a v a Barb. Rodr.)
JACITARA - (d e s m o n c u s p a r a e n s i s Barb Rodr.)
MIRITI - (m a u r itia f l e x u o s a Mart.)
BURITI - (m a u r itia v in if e r a Mart.)
MUCAJÁ - (a c r o c o m i a s c l e r o c a r p a Mart.)
MUCAJÁ PEQUENO - (a c r o c o m i a m i c r o c a r p a Mart.)
ASSAHY - (e u t e r p e o l e r a c e a e e u t e r p e p r e c a t ó r i a Mart.)
CAJAUE - (e l a e i s m e l n a o c o c c a Gaertn.)
INAJÁ - (m a x im ilia n a r e g i a Mart.)
JUPATY - (r a p h ia v in ife r a Mart.)
L egu m in osas
CUMARU - (c o u m a r o u m a o d o r a t a - Aubl.)
CUMARÚ SEM CHEIRO - (c o u m a r o u m a p o l y p h y l l a - Ducke)
CUMARÚ-RANA - (t a r a li a o p p o s it o f o li a - Aubl.)
PRACAXI - { p e n ta c le t r h a f i l a m e n t o s a - Benth.)
FAVA DE EMPIGEM - (v a t a ir e a g u i a n e n s is - Aubl.)
C a ry o ca re ce a s
PIQUIÁ - (c a r y o c a r v illo s u m - Pers.)
PIQUIÁ-RANA - { c a r y o c a r g l a b r u m - Aubl.)
V och ysiaceas
JABOTI - (e r is m a c a l c a r a t u m - Warm.)
QUARUBA - { e r is m a u n c in a t u m - Warm.)
M y ristica ce a s
UCUÚBA BRANCA - { v ir o la s u r in a m e n s is - Warb.)
13
UCUÚBA VERMELHA - ( v ir o la s e b i f e r a - Aubl.)
UCUÚBA RANA - ( ir y a n th e r a s a g o s t ia n a - Benth.)
M elia cea s
ANDIROBA - (c a r a p a g u i a n e n s is - Aubl.)
L a u ra c e a s
MAHUBA - (c lin o s t e m o m m ahuba - Sampaio)
E u p h o rb ia ce as
ASSACU - ( h u r a c r e p it a n - L.)
ANDORINHA - (a m o n e a - spec.?)
CASTANHA DO ARARA - ( jo a n n e s i a h e v e o i d e s - Ducke)
COMADRE DO AZEITE - (o m p h a le a d ia n d r a - Aubl.)
COMPADRE DO AZEITE - (e l e o p h o r a a b u t a e f o li a - Ducke)
SERINGUEIRA - (h e v e a - spec.)
TAQUARI - (m a b e a ta q u a r y - Aubl.)
G u ttife ra s
BACURI - ( p la to n ia in s ig n is - Mart.)
BACURI PARI - (r h e e d i a m a c r o p h i lla - Mart.)
TAMAQUARE - (c a r a ip a l a c e r d a e i - Barb. Rodr.)
BARATINHA - (c a r a ip a m i n o r - Hubr.)
UANANY ou ANANY - (s y m p h o n ia g l o b u l i f e r a - L.)
ABRICÓ - (m a m m e a a m e r ic a n a - Jacq.)
O la c a ce a s
SAPUCAINHA - (a p ta n d r a sp ru cea n o - Miers.)
A p o cin aceas
JORRO-JORRO - (th e v e t ia n e r e ifo lia - Juss.)
S tercu lia ce a s
CUPUAÇU - (th e o b r o m a g r a n d i f lo r u m - Spring.)
CUPUI - { th e o b r o m a s u b in c a n u m - Bern.)
CACAU AZUL - { th e o b r o m a s p r u c e a n u m - Bem.)
CACAU QUADRADO - { th e o b r o m a a t r o r u b e n s - Hubr.)
CACAU DO PERU - { t h e o b r o m a b i c o l o r - H. B.)
CABEÇA DE URUBU - { th e o b r o m a o b o v a t u m - Bem.)
TACACAZEIRO - { s te r c u lia s p e c i o s a - Schum.)
CACAU-Y - { t h e o b r o m a s p r c i o s u m - Spring.)
Ica cin a ce a s
UMARY - { p o r a q u e i b a p a r a e n sis - Ducke)
14
UMARY DO AMAZONAS - ( p o r a q u e i b a s e r i c a - Tul.)
UMARY BRAVO - ( p o r a q u e i b a g u i a n e n s i s - Benth.)
A n acard ia ce a s
C A J U - (a n a c a r d i u m occidentale - L . )
C A J U D O M A T O - (a n a c a r d i u m g i g a n t e u m - H a n c . )
CAJU AÇU - (a n a c a r d i u m sp ru n cea n u m - Benth.)
H u m iriaceas
UXI-PUCU - (s a c c o g l o t t i s u c h y - Hubr.)
UXI-CURUÁ - (s a c c o g l o t t i s v e r r u c o s o - Benth.)
L ecyth id a cea s
CASTANHA DO PARÁ - (b e r t h o lle t ia e x c e l s a - X. B. K.)
SAPUCAIA - (le c y th is u s ita ta - Miers.)
SAPUCAIA AÇU - (le c y t h i s p a r a e n s i s - Hubr.)
CHURU - (g o e l d i n a r i p a r i a - Hubr.)
B om baceas
SUMAÚMA - (c e i b a p e n t a n d r a - Gaertn.)
MUNGUBA - (b ô m b a x m u n g u b a - Mart.)
CUPUAÇU-RANA - (m a tis ia p a r a e n s i s - Hubr)
MAMORANA - ( b ô m b a x a q u a t i c u m - Aubl.-Schum.)
MAMORANA GRANDE - ( b ô m b a x s p r u c e a n u m - Ducke-Desne.)
MAMORANA PEQUENA - ( p a q u ir a i n s ig n is - Sov.)
H ip p o crataceas
FAVA DE ARARA - ( h y p p o c r a t e a v o lu b ili s - L.)
Sap in d aceas
SABONETEIRO - ( s a p i n d u s s a p o n a r ia - L.)
T ilia cea s
PENTE DE MACACO - ( a p e i b a tib o u r b o u - Aubl.)
R osaceas
PAJURA - ( c o e u p i a b r a c t e o s a - Benth.)
CASTANHA DE ANTA - ( c o e u p i a - spec.?)
MARY-RANA - ( c o e u p i a s u b c o r d a t a - Benth.)
CURUPIRA - ( c o e u p i a - spec.?)
C u c u rb ita ce a s
FEL DE PACA ou PACA-PIÁ - ( f a v i lle a tr ib o la ta - L.)
T h y m ela cea s
CUMACA-Y - ( lo p h o s t o m a c a lo p h illo id e s - Meissn.)
15
%
Potencial oleífero das gorduras naturais
16
Química dos óleos e gorduras naturais
17
È-'
D o ponto de v ista e stru tu ra l, u m trig lic e ríd io pode considerar-se
pela condensação de uma m olécula de g lic e ro l com trê s de ácidos graxos,
para p ro d u zir trê s m oléculas de água e uma de trig lic e ríd io .
H
H - C -O H H - O O C —R j H - O -H H—C —O O C —F. 1
I
1
H - C - OH + H—O O C —IU
1
K
0
------► H - -I- H -C -O C C -R ,
1
H - C -O H H -O O C -B -3
1
H - O -H H -C -O O C -F -3
1
H
18
I
rvVw NA
A /W W
Sa / w v \
19
Aplicações industriais dos óleos naturais
O s usos in d u stria is dos óleos vegetais são amplos e inc lue m
aplicações específicas: alim ento s; saboaria; a d itivo s de flu id o s de corte
de m etais, de lu b rific a n te s, de tin ta s; e como co m b ustíveis a lte rn a tivo s ao
diesel.
A aplicação in d u stria l dos óleos em função do tamanho médio,
n, dos seus ácidos graxos, classifica-se segundo a tabela 4 [4 1 ].
20
outras já m ostraram eficiência como co m b ustíve is alternativo s ao diescl
[4, 5, 6 , 16, 17, 18, 19, 3 3, 3 5, 3 7, 4 5 , 5 1 ].
A ucuúba contém uma gordura com 3 0 % de trim iris tin a o qual
é um éster u tiliza d o em cosm éticos.
vegetai
com estível 68,3%
m arinho 2.0%
vegetal
não com estível 3.0%
il 26.7%
PRODUÇÃO
alimentação 60.6%
CONSUMO
Figura 3: Produção e consumo mundial de óleos e gorduras.
21
O cupuaçú apresentando as mesmas características
botânicas e de aplicações in d u stria is que o cacau, é uma alternativa na
in d ú stria do chocolate [2 5 ].
O tucumã, pupunha, b u riti, u x i, m a ri, e outras, m ostraram -se
como excelentes fornecedores de beta caroteno [1 , 2, 3, 12].
Cosmético - 2 5 5
Farmacêutico - - 2 -
Saboarias 20 30 10 100
Saboneterias 5 25 20 250
Siderúrgico 5 - - 5
Químico 2 7 80 16
TOTAL 57 72 1917 376
’r o c e s s o s u s a c o s n a t r a n s f o r m a ç ã o d o s ó le o s n a tu r a
22
O s óleos e gorduras vegetais, anim ais ou de outra
procedência natural, co nstituem uma a lternativa altamente p rom issora
à sub stituiç ão parcial ou to ta l, em m uitas in d ú stria s, dos m ateriais
derivados do petróleo e dos re cursos fó sse is não renováveis.
A s oleaginosas amazônicas apresentam vantagens sobre
outras fonte s naturais de substâncias gordurosas, p o r serem abundantes,
renováveis, e praticamente inesgotáveis desde que processadas
racionalmente, além de terem c u ltiv o e produção não poluente, não
esgotando o solo.
A s m atérias p rim a s gordurosas, em geral, oferecem grande
versatilidade na sua transform ação in d u stria l devido à ausência de
e nxofre e de m etais pesados na sua composição os quais estão presentes
nos óleos de orig em m in e ra l; apresentam características co m b ustíveis
sim ila re s às dos hidrocarbonetos fó s se is e não têm risc o de radiações
como os co m b ustíve is nucleares [5 1 ],
O uso de m atérias p rim a s derivadas de oleoculturas é
evidentemente vantajoso, in c lu siv e sob o ponto de v ista ecológico e
am biental, devido a que fo rç a ria a u m planejam ento agronôm ico no qual,
consequentemente, a fo to ssín te se ind ispensá vel no desenvolvim ento
vegetal im p e d iria a concentração contínua de d ió x id o de carbono na
atm osfera [1 9 ].
D iv e rs o s são os processos de transform ação a que são
subm etidos os óleos e gorduras n a turais para seu aproveitamento
tecnológico. A lg u n s dos m ais usados são m ostrados no esquema
seguinte [3 3 ].
MATÉRIA-PRIMA PROCESSO PRODUTO APLICAÇÃO
23
Referências bibliográficas
1. ARRUDA, A.C.; BENTES, SERRUYA, H.; Avaliação quantitativa do
teor de beta-caroteno em oleaginosas da Amazônia; A n a is d o 3 o E n c o n tr o
d e P r o fissio n a is d e Q u ím ic a d a A m a z ô n ia ; p. 243 - 249; Manaus, Maio de
1982.
2. ARRUDA, A.C.; ARRUDA,M.S.P.; BENTES, SERRUYA, H.;
Quantificação de beta-caroteno em nove espécies vegetais; A n a is d o 4 o
E n c o n tr o d e P r o fis s io n a is d e Q u ím ica d a A m a z ô n ia ; p. 147 - 154; Belém,
Dezembro de 1983.
3. ARRUDA,A.C.; BENTES,M.H.S.; SERRUYA,H.; Avaliação quantitativa do teor
de beta-caroteno em oleaginosas da Amazônia; A n a is d o 3 o E n c o n t r o d e
P r o fissio n a is d e Q u ím ica d a A m a zôn ia ', Manaus, Junho de 1982.
4. ASSUNÇÃO, F.P.; SERRUYA, H.; PINHEIRO, G.M.S.; Albuquerque, M.R.;
Estudo do óleo da semente de seringa (H e v e a b ra silie n sis Muell. Arg.) para
fins combustíveis; A n a is d o 3 o E n c o n tr o d e P r o fissio n a is d e Q u ím ic a da
A m a zôn ia ', p. 233 - 241; Manaus, Maio de 1982.
5. ASSUNÇÃO, F.P.; SERRUYA, H.; VIEIRA, R.S.A.; BAYMA, J.C.; Comparação
da estabilidade à autooxidação de três óleos vegetais com o óleo diesel.;
A n a is d o 3 o E n c o n tr o d e P ro fissio n a is d e Q u ím ica d a A m a zôn ia ', p. 93 -
100; Manaus, Maio de 1982.
6. ASSUNÇÃO, F.P.; SERRUYA,H.; FERREIRA, C.T.; GUARDIA, N.M.A.;
Investigação do óleo da semente de palheteira para fins energéticos; A n a is
d o 4 o E n c o n tr o d e P r o fis s io n a is d e Q u ím ica da A m a zôn ia ', p. 91 - 96;
Belém, Dezembro de 1983.
7. ASSUNÇÃO, F.P.; DA SILVA, I.A.; Efeito da concentração de ácido clorídrico
na extração de metais em óleos vegetais; A n a is d o 4 o E n c o n t r o d e
P r o fis s io n a is d e Q u ím ic a d a A m a zôn ia ', p. 177 - 181; Belém, Dezembro de
1983.
8. ASSUNÇÃO, F.P.; LOBATO,C.M .L.; Influência da temperatura na oxidação do
óleo da semente de seringa.; A n a is d o 5 o E n c o n tr o d e P r o fis s io n a is d e
Q u ím ic a d a A m a zôn ia ', p. 99 - 103; São Luis, Junho de 1985.
9. BAHIA,J.; A importância atual dos óleos de patauá, dendê e tucumã; Anais
do 3o Encontro de Profissionais de Química da Amazônia; Manaus, Junho
de 1982.
10. BAHIA,J.; A importância atual dos óleos de patauá, dendê, e tucumã; A n a is
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Introdução
29
maduras e não-maduras de Thevetia peruviana (pers.) K. Schum
coletadas na cidade de B e n in - N ig é ria , em d ifere ntes estações do ano
(seca e chuvosa) e a d ifere ntes estágios m o rfo ló g ic o s de
desenvolvim ento. O estudo re ve lou a presença dos ácidos láurico,
cáprico e ca p rílico no óleo e a ausência de to c oferol no c u ltiv a r
nigeriano. B R E E N E et al. (1 9 8 8 ) avaliaram os e fe ito s da localização
geográfica no rendim ento em óleo e no conteúdo de proteína em
am ostras de soja e v e rific a ra m e fe ito s sig n ific a tiv o s da localização no
rendim ento e conteúdo de óleo, porém pequenos e fe ito s no conteúdo de
proteínas.
Fo ra m ob je tivo s de nosso estudo: p rim e iro , v e rific a r as p o ssív e is
in flu ê n c ia s am bientais na composição e na estabilidade oxid a tiva dos
óleos de Tu c u m ã (Astrocaryum vulgare Mart) e B u r it i (M a u r i t i a
flexuosa Mart)\ e segundo, determ inar a ordem das reações de oxidação
desses óleos e comparar a estabilidade dos m esm os. E s sa s espécies
nativas são encontradas em grande quantidade em d iversas regiões do
B r a s il, p rincipalm ente nos Esta d o s do M aranhão, P ia u í, Am azonas e
Pará, onde se deu a coleta nos m u n ic íp io s de São Caetano de O divelas
(S C O ) e Ig a ra p é -M iri ( IM ) . O s fru to s dessas espécies são com estíveis,
sendo usados na preparação de doces e geléias, porém seus óleos, não
são p rod uzido s em escala in d u stria l.
A escolha das duas localidades de coleta, baseou-se nas diferenças
am bientais que caracterizam cada região. E m Ig a ra p é -M iri, a umidade
re la tiv a do ar é de 8 6 % , o índice p lu v io m é tric o é de 2 .4 0 0 mm/ano
( O L IV E IR A et al. 1 99 4) e as espécies fo ra m coletadas em área de
flo re sta praticamente v irg em , às margens de u m pequeno rio . E m São
Caetano de O d ivela s, a umidade re la tiv a do ar e o índice p lu v io m é tric o
são m u ito p ró x im o s dos observados em Ig a ra p é -M iri - 8 4 % e 2 .6 0 0
mm/ano, respectivamente - ( O L I V E I R A et al. 1 99 4), a região é litorânea,
sofrend o, portanto, a in flu ê n c ia da proxim idade do Oceano A tlâ n tic o , e
no local de coleta a flo re sta já havia sid o depredada.
Parte experimental
A m o stra s
30
aparelho S o x h le t usando-se n-hexano. A s propriedades e a com-posiçâo
em ácidos graxos desses óleos são m ostradas na tabela 1.
O x id a ç ã o d o s ó le o s
A n á lis e s
31
''1
Resultados e discussão
In flu ê n c ia do a m b ie n te na c o m p o siç ã o e p ro p rie d a d e s d o s ó le o s
C o m p o siç ã o e m á c id o s g ra x o s
32
nas duas am ostras de óleo estudadas, sendo seu te o r mais abundante nas
amostras de Tu c u m ã . C om o exem plo, observa-se que a percentagem de
ácido p a lm ítico (1 6 :0 ) encontrada p o r O B O H et al. (1 9 8 8 ) no óleo de
Tucumã foi, em média, de 3 1 % , enquanto que C R U Z et al. (1 9 8 4 )
encontraram uma percentagem de 2 7 % e o v a lo r encontrado neste
trabalho fo i, em média, também de 2 7 % . O te o r deste ácido encontrado
por L O G N A Y et al. (1 9 8 7 ) no óleo de B u r i t i f o i de 1 7 % , enquanto a
percentagem encontrada neste trabalho fo i, em média, de 1 8 ,8 % ,
mostrando concordância com os dados da lite ra tu ra .
O s teores dos ácidos esteárico (1 8 :0 ), lin o lê ic o (1 8 :2 ) e lin o lê n ic o
(18:3) fo ra m , de m aneira geral, m aiores para as am ostras de Tu c u m ã em
relação as de B u r it i. N o s trabalhos de O B O H et al. (1 9 8 8 ) e de C R U Z et
al, (1 9 8 4 ) não fo i id e n tific a d o o ácido lin o lê n ic o (1 8 :3 ) nas amostras do
óleo de Tu c u m ã , aparecendo o ácido araquídico (2 0 :0 ) com u m teo r de
cerca de 5 % . Para o óleo de B u r it i estudado p o r L O G N A Y et al. (1 9 8 7 ),
foi detectada a presença dos trê s ácidos mencionados acima, com teores
p ró xim o s aos encontrados neste trabalho.
N a Ta b e la 2, X I representa u m ácido graxo não id entificado,
detectado apenas nas am ostras de Tu c u m ã em quantidades relativam ente
baixas. O s teores dos ácidos olêico (1 8 :1 ), lin o lê ic o (1 8 :2 ) e lin o lê n ic o
(18:3) variaram m u ito pouco durante o processo o x id a tiv o para o óleo de
Tucumã, e permaneceram praticamente constantes para o óleo de B u r it i.
Porém, não se pode a firm a r que a variação na composição deveu-se,
exclusivamente, a oxidação so frid a pelos óleos, p o is as percentagens
iniciais dos ácidos lin o lê ic o (1 8 :2 ) e lin o lê n ic o (1 8 :3 ), para os d o is óleos,
■fto muito pequenas.
A percentagem to ta l de ácidos graxos insaturad os d im in u iu à
medida que os óleos so frera m oxidação (Ta b e la 2 ), sendo essa
diminuição m ais acentuada para o ácido lin o lê n ic o (1 8 :3 ), seguido do
ácido linolêico (1 8 :2 ), que são os que apresentam as m aiores velocidades
relativas de reação com o oxig ênio, de acordo com A P P L E W H I T E
(1 9 8 5 ). E s ta percentagem d im in u iu m ais acentuadamente para as
amostras dos óleos de Tu c u m ã , indicando que estes fo ra m mais
susceptíveis a oxidação que as dos óleos de B u r it i.
p c r !c r a l d o *
>“f0
Unlversidcí /S .to
il ! n3
. .i.esao • Infofin^S4*
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,'o m a I bíblío« ca
33
1
M u d a n ç a s n o s ín d ic e s de a c id e z e de p e ró x id o
34
I
Figura 1: Mudanças nos índices de acidez para os óleos de Tucumã e Buriti.
35
tendo o índice de p e ró xid o alcançado u m v a lo r m á xim o de 3 4 0 meq/kg.
O óleo de B u r it i apresentou comportamento totalm ente atípico, v is to que,
durante o processo de oxidação não houve variação sig n ific a tiv a no v a lo r
do índice de p eró xido . E s te fa to é ju stific a d o pelos n ív e is elevados de
antioxidantes na tu ra is, p rincipalm ente carotenóides e to c o fe ró is (Ta be la
1), presentes no óleo de B u r it i.
V is c o sid a d e e d ie n o s c o n ju g a d o s
36
praticamente constantes para o óleo dc B u r it i. Is to comprova que houve
1
discreta formação de insaturações conjugadas durante o processo
o xid a tivo, acompanhado de u m pequeno aumento na viscosidade (F ig u ra
3). O teor de dienos conjugados é u m dos parâmetros u tiliza d o s para
ftcompanhar e comparar a estabilidade oxid a tiva de óleos vegetais, p ois
OR óleos que contém ácidos graxos p o li-insa tura d os são oxidados a
■iltemas dienos conjugados, sendo esta conjugação medida através de
abiorção no ultra v io le ta ( G R A Y , 1978 e W H I T E e M I L L E R , 1988).
Plgura 4: Mudanças nos teores de dienos conjugados para os óleos de Tucumã e Buriti.
37
C a ro te n ó id e s to ta is e to c o fe ró is to ta is
V e lo c id a d e s de oxid a ç ã o
38
do B ra s il e seringa, oxidados a 4 6 ()C , as reações de oxidação seguiram
cinética de p rim e ira ordem para produção de hid ro p e róxid os, desde os
estágios in ic ia is do processo de oxidação até a máxima concentração de
hid ro p e ró xid o s (Assunção e t a l. 1984).
Te n d o em v ista o que fo i apresentado neste trabalho, pode-se
ob servar claramente que o óleo de Tu c u m ã fo i m ais susceptível à
oxidação que o óleo de B u r it i , que apresentou elevada estabilidade
durante o processo o xid a tivo . E s te re sulta d o encontra-se subsidiado,
principalm ente, pelas variações na composição em ácidos graxos e nos
teores de carotenóides e de to c o fe ró is to ta is, sendo estes os prováveis
responsáveis pela alta estabilidade apresentada pelo óleo de B u r it i.
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40
Plantas corantes da Amazônia
Osvaldo R. KatoM
Victor Paulo de Oliveirg^
Lênio J. G. de Faria
Introdução
41
carpelos; fo rm a ovóide, alongada, bico de calango, bico de pato ou
achatada; com pouco, m édio ou m u ito s pêlos; coloração verde,
verm elha, amarela, carm im e verde-amarelada, além de o u tro s m atizes
( K A T O , 1 991).
O núm ero de sementes localizadas dentro das cápsulas é variável.
Sendo o núm ero m édio de sementes em to m o de 45 ( D U A R T E et al.,
1 98 9). A coloração das sementes varia desde o verm elho in te n so (m a io r
te o r de corante ) até róseo-claro (m enor te o r de corante).
A grande im portância do u ru c u m está na semente, cujo o pericarpo
é ric o em pigm entos, os quais têm ampla aplicação in d u stria l. Os
corantes obtidos do u ru c u m podem se r extra íd os com óleo vegetal ou
com solução alcalina aquosa, obtendo-se p rincipalm ente b ix in a
(lip o sso lú v e l) e sa is da n o rb ix in a (h id ro sso lú v e l).
O corante presente em m a io r concentração é a b ix in a , que
compreende m ais de 8 0 % dos carotenoides to ta is e sua concentração
varia com o tip o de c u ltiv a r, so lo , clim a, tra to s c u ltu ra is e com as
operações de pós-colheita, secagem e beneficiam ento. A camada que
encobre a semente de u ru c u m representa cerca de 6 % do peso to ta l da
semente, dos quais pouco m ais de 2 % , do peso da mesma, é devido à
b ix in a ( C A R V A L H O , 1990).
São encontradas na região, sementes de u ru c u m com teores de
b ix in a na fa ix a de 1 % a 6 % fornecidas orig ina lm e nte pela planta. N a
Ta b e la 1 são apresentados os teores de b ix in a de alguns tip o s cultivad os
no Esta d o do Pará.
O B r a s il é o m a io r p ro d u to r m und ia l de urucum , com uma
produção estimada de aproximadamente 6 .0 0 0 ton/ano. Na Região
Am azônica, o Esta d o do Pa rá é o m a io r p rod utor, com uma produção
estimada para 1997 de 8 0 0 toneladas.
A s sementes de u ru c u m são classificadas em d ois tip o s e d e finid a s
com os lim ite s m á xim o s de tolerância de umidade, teo r de pigm entos,
im purezas, m atérias estranhas e os d efeitos (ferm entadas, mofadas,
brotadas, chochas, descoloridas, carunchadas, danificadas e quebradas),
de acordo com a Ta b e la 2.
42
Tabela 1 - Teores de bixina de tipos cultivados no Estado do Pará
Teor de Teor de
Cultivar Município umidade bixina
(% )b .u (% )b .u
Piave Gigante Igarapé-Açu 12,70 6,00
Bico de Pato Igarapé-Açu 10,40 5,75
Dico Bento I Igarapé-Açu 12,49 4,77
Peruana/Ronald Belém 7,81 4,78
Pastelão Igarapé-Açu 8,75 4,70
Piave Vermelha Igarapé-Açu 11,68 4,34
Dico Bento II Igarapé-Açu 13,57 4,18
Abe São Fco. do Pará 11,51 4,27
Ramal do Prata Igarapé-Açu 10,50 4,25
Verdinha Igarapé-Açu 10,78 4,17
Piave Verde Igarapé-Açu 9,25 4,22
Dico Bento III Igarapé-Açu 13,39 3,90
Wagner Igarapé-Açu 12,25 0,92
Fonte: FALESI e KATO (1992)
*
43
Os corantes de u ruc um podem te r as seguintes aplicações
in d u stria s não alim entícias:
- Rem éd ios (líq u id o s e só lid o s).
- C orantes, v e rn ize s e ceras para madeira.
- Tin g im e n to de tecidos, couros e fib ra s em geral.
- Coloração de carnes.
- C rom atografia de tela, película e film e .
- Cosm éticos (bronzeadores e loções)
- Ó leo s vegetais hidrogenados.
- Ceras para assoalhos e calçados.
E x tra to s são os p rod utos oleosos ou alcalinos obtidos pela
remoção da camada externa das sementes da árvore de u ru c u m (B i x a
orellana L . ) p or d iv e rso s processos, mecânicos ou q uím icos.
44
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Tabela 3 - Usos do Extrato de urucum em alim entos
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Tabela 4: Usos de corantes urucum em alim entos
a) D escrição do corante:
E x tra to de u ru c u m lip o s s o lú v e l: apresenta cor verm elha escura a
castanho-avermelhado, quando concentrado; m a tiz amarelo-esverdeado
em concentrações moderadas e u m líq u id o amarelo em concentrações
baixas.
E x tra to de u ru c u m h id ro sso lú v e l: apresenta cor castanho-
avermelhada a castanho.
Pig m e n to b ru to : pó verm elho escuro.
b) N ú m e ro s indexados:
C .I. (1 9 7 5 ) 7 5 .1 2 0
EEC E160b.
L-o ra ng e 4
c) Com posição e nome q uím ico :
O extra to de u ru c u m lip o sso lú v e l contém d ive rso s componente
c o lo rid o s, sendo o p rin c ip a l a b ix in a , que pode estar presente sob as
fo rm a c is e tra s, como também seus p rod utos de degradação térm ica. O
extrato de uruc um h id ro sso lú v e l contém como componente c o lo rid o
p rinc ip a l, a n o rb ixin a , na fo rm a de sal de sódio ou potássio. Podem estar
presentes também, as fo rm a s c is e trans.
B ixin a:
18-m etoxycarbocarbonil - 3, 7 , 12, 16 - tetra m etil (1, 3, 5, 7 , 9 , 11,
13, 15, 17) - nonadecanóico ácido ( IU P A C )
d) F ó rm u la s quím icas:
46
B ix in a C25H 30O 4
N o rb ix in a C24H 28O 4
0) F ó rm u la s e stru tu ra is:
H3 COOC
Bixina
CHCOOH
COO
HOOC
Norbixina
CHCOOH
f) Teor de pureza
O extrato de uru c u m lip o sso lú v e l deve conter no m ín im o 0 ,2 % de
Ctrotenóides expressos como b ix in a , e o h id ro sso lú v e l deve conter no
fnínimo 0 ,2 % de carotenóides expressos como no rb ixin a .
g) So lub ilid a d e
■ E x tra to lip o sso lú v e l: so lú v e l em acetona e c lo ro fó rm io , pouco
so lú v e l em etanol e p rop ileno g lic o l e in so lú v e l em água.
■ N o rb ix in a : so lú v e l em ácido acético glacial e in so lú v e l em água,
etanol, p ro p ile n o g lic o l, óleos e gorduras.
■ E x tra to h id ro sso lú v e l (norb ixa to de só d io ou potá ssio): so lú ve l em
água, pouco so lú v e l em etanol e in so lú v e l em acetona,
c lo ro fó rm io , ésteres, óleos e gorduras.
47
h) Estab ilid ad e:
■ Tem p era tura : boa (pouca variação de cor durante o tratam ento
térm ico, em alim entos). O extrato lip o sso lú v e l é estável até 100°C ,
provavelm ente estável entre 100°C e 125°C e in stá ve l acima 125
°C.
■ L u z : moderada (boa estabilidade à lu z em produtos protéicos:
q ueijos, massas, cereais e produtos de salsicharia embalados a
vácuo)
■ p H : ru im p H 1 a 3 : verm elho-alaranjado
p H 3 a 7 : laranja/tangerina
p H 7 a 10: amarelo-alaranjado
T e c n o lo g ia s de obtenção de c o ra n te s do u ru c u m
48
A tecnologia desenvolvida para a produção de corantes de urucum
está sum arizada na Ta b e la 5.
49
i
• C ú rc u m a (C u r c u m a l o n g a L . )
50
apresenta potencial para ser cultivada por pequenos produtores na
A m azônia.
O s produtos in d u stria liza d o s p rovenientes dos rizo m a s de cúrcuma
são: cúrcuma em pó, extrato de curcum ina e curcum ina purificad a . A
curcum ina purificad a confere somente cor, e é u tiliza d a como a ditivo
estético em alim entos nos quais a presença de óleo essencial é
indesejada. O s extra tos de cúrcuma são amplamente u tiliz a d o s em
conservas, bebidas manteiga, sorvetes, q u e ijo s e doces. A cúrcuma é
aplicada em m ostardas, sopas desidratadas, m istu ra s para b olo s, recheios
de b isc oito e em condim entos como o “c u rry ” ( M I L Á N , 1992).
a) Descrição do corante:
P ó amarelo-castanho ou amarelo-castanho escuro, com aroma e
sabor característico.
b) S in o n ím ia :
A çafrão das ín d ia s
A m a re lo de cúrcuma
Açafroa
A ç a fro eira
A çafrão da terra
Gengibre dourada
B a ta tin h a amarela
Mangarataia
C) N ú m e ro s Indexados:
C .I. (1 9 7 3 ) 7 5 .3 0 0 ; E E C E 1 0 0
d) T e o r de Pure za :
O produto comercial deve conter 1 a 5 % de curcum ina
e) N om es Q u ím ic o s (curcum ina)
l . 1,7-b is (4 hid ro xi-3-m e to xife n il)-h e p ta -l,6-d ie n -3 ,5 -d io n a .
II. 1 -(4 -h id ro x ife n il)-7 -(4 -h id ro x i-3 -m e to x ife n il)-h e o ta -1,6 -dien-
3,5-diona.
m. 1,7 -b is(4 -h id ro fe n il)h e p ta -l ,6-dien-3,5-diona.
h) C aracterísticas:
- In so lú v e l em água e era éter.
- S o lú v e l em etanol e em ácido acético glacial.
- Coloração se n síve l ao p H .
- Coloração amarelo in te n so em m eio ácido.
• D e n d ê (E l a e s guineensis)
52
• Cacau ( T h e o b r o m a c a c a o L . )
• A ç a í ( E u t e r p e oleracea L . )
• C a rá -ro x o (D i o s c o r e a alata)
• J e n ip a p o (G e n i p a a m e r i c a n a )
53
geniposídeo. Se este corante o b tive r aceitação no mercado, seu c u ltiv o
pode se r racionalizado.
Perspectivas
U m a planta se r fo n te de corante natural e se r com ercializado como
a d itivo a lim entar (p rin c ip a l mercado para corantes n a tu ra is no m om ento),
necessita preencher fundam entais re q u isito s:
a) S e r inócuo à saúde humana, de preferência se r consum ido desde longa
data p o r alguma população;
b) T e r características de estabilidade à lu z , ao p H , à oxidação, alto poder
corante, dentre outras;
c) T e r elevada concentração de pigm entos;
d) S e r de m atéria p rim a com elevada produção p o r área a preços
com patíveis;
e) D e fá c il c u ltiv o e colheita;
f) N o caso de fo n te s e xtra tivas, te r em grande quantidade e que sua
extração não agrida a natureza;
g) B a ix o custo de extração;
h) Purific a ç ã o de custo re duzid o;
i) Capacidade de associação com ou tro s compostos (copigmentação);
j) T e r outra função além de corante, como: m edicinal, condim ento,
conservante, vita m ina , antioxidante e outras.
- A n il verdadeiro - I n d ig o fe r a a n il
- Barba tim ão - S t y p h n o d e n d r u m b a r b a t i m a n
- B u r u ti - M a u r i t i a f l e x u o s a
- C a ra juru - A r r a b i d a e a c h i c a
- Cumatê - M y r c i a a t r a m e n t i f e r a
- Guaraná - P a u l i n i a c u p a n a
- M ucajá - A c r o c o m i a a c u l e a t a
- Pau T e rra - Q u a le a g r a n d iflo r a
- Pe q ui - C a r y o c a r b r a s ilie n s e
- Pupunha - B a c t r i s g a s i p a e s
- Ta ju b a - C h l o r o p h o r a t i n c t o r i a
54
- T u á - G n e t u m leyboldi
- Tu c u m ã - A s t r o c a r y u m vulgare
- U m a ri - P o r a q u e i b a guianensis
- V in a g re ira - H i b iscus saodariffa
Referências bibliográficas
55
Obtenção e aplicação de corantes naturais
Raimunda F. R. de Nazaré
Introdução
Revisão da literatura
57
“ A rtig o 10 - O s corantes tolerados pelo presente Decreto
compreendem corantes n a turais, caramelos e corantes a rtific ia is.
§ I o - C onsidera-se “corante n a tural” o pigm ento ou corante
inócuo extraído de substância vegetal ou anim al.
§ 2o - C onsidera-se “ caramelo” o p rod uto obtido à p a rtir de
açúcares, pelo aquecimento a tem peratura su p e rio r ao seu ponto de
fusã o e p o ste rio r tratam ento indicado pela tecnologia.
§ 3o- C onsidera-se “ corante a rtific ia l” a substância corante
a rtific ia l de composição quím ica d efinida , obtida p o r processo de
síntese.
A rtig o 11 - N o s alim entos contendo corante a rtific ia l é
ob riga tória a declaração “ co lo rid o a rtific ia lm e n te ” .
A rtig o 12 - Se rá o b rig a tó rio constar da rotulagem do corante
o núm ero de re g istro ; o nome comercial ou sin ô n im o oficia lm ente
reconhecido conform e discrim inação deste D ecreto e ainda a
declaração de que se destina a gêneros a lim entício s.
A rtig o 13 - Se rá tolerada a venda de m istu ra ou solução de,
no m áxim o, trê s corantes.
Parágrafo único - D everá constar na rotulagem da m istu ra
ou da solução posta à venda sua composição q ua lita tiva e
quantitativa, bem como o núm ero de re g istro dos corantes
componentes.
A rtig o 2 0 - É proibida , aos fla v o riza n te s, a adição:
a) de corantes, exceto o caramelo.”
58
O urucu é um produto corante usado nas in d ú stria s de alim entos da
Inglaterra , Esta d o s U n id o s, N o va Ze lâ n d ia e em ou tro s países onde é
grande a produção de derivados de le ite e margarina. N o s Esta d o s
U n id o s, o uruc u também é usado em in d ú stria s de sorvetes, produtos de
padarias e óleos com estíveis. N a A m érica la tina o urucu é usado para
tin g ir o a rro z durante o cozim ento e como condimentos em m olhos e
guisados (INGRAN, 1 969).
INCREASED (1960), já alertava para a im portância d o corante de
uruc u para o u so em qu eijo, sorvete, ó le o com bustível, etc e com entava
sobre o alto grau de estabilidade d o extrato de urucu p rop orcion ad o pela
bixin a (um carotenóide á cid o ca rb o x ilico ) que é m uito mais estável que
o s carotenóides de um m od o geral e tem cin co vezes mais poder corante
que estes.
O corante natural d o urucu é extraído das sementes e trata-se de
carotenóides, cu jos principais são bixina e norbixina. A co r varia d o
laranja ao verm elho e é aplicado em manteiga, margarina, produtos de
pan ificação, ó le o para salada, qu eijo, sorvetes, cereais, carnes e
em butidos. (A M A Y A , 1988).
CH, CH,
H H H H H H H
> J, 1 ' 1 I I I 1
H3 OOOC c c c c c c c c c
9I 9I I9 cI IC IC I C C CHOnCH
H H H H H H
CH, CH,
BIXINA.: CjsHsjQjímv 394,52)
ch 3 CH,
H 1 H H H H H H
1
I 1 1
H00C C. c c C1 C C C C C
/ X / X / / X / X / X / X / s
c1 c1 c1 C C C C CHXH
1 1 1 I
H H H H H
CH, ch 3
59
A çaí {Euterpe oleracea)
• C a rá -ro x o { D i o s c o r e a p u r p u r e a R o x b .)
60
A L B U Q U E R Q U E , 1 97 0, fala da orig em do cará que “ A exem plo do
que acontece com as demais tuberosas tro p ica is, o cará, ou m e lho r
dizendo, os carás, são explorados em toda a extensão da fa ixa úm ida
quente (inte rtro p ic a l de nosso planeta). É m u ito d ifíc il p recisar o local de
sua origem , dada a m u ltip lic id a d e de espécies cultivadas em todo o
G lobo, desde tempos rem otos. A im portância da c u ltu ra no m undo todo é
tão grande quanto a das outras tuberosas do grupo das feculentas. E m
alguns países da Á fric a , a sua exploração sobrepuja as demais em volum e
e produção” .
• Je n ip a p o (G e n i p a a m e r i c a n a )
61
E stu d o s publicados p o r U E D A 1991, relatam o isolam ento de ácido
geniposídico e geniposideo de fru to s fre sc o s p rod uzido s na Indonésia.
D a s fo lh a s o autor is o lo u somente o ácido geniposídico. E m experim ento,
observou uma grande quantidade de tarenosídeo, ácido geniposídico e
gardenosídeo, p ro d u zid o s p o r calos e c u ltu ra s de células em suspensão.
O s compostos isola d os p o r U E D A 1991, haviam sid o estudados p o r
T O U Y A M A 1983, o qual estabeleceu que os fru to s de jenip a po contém
genipina, geniposideo beta-glucosídeo que é abundante em fru to s de
gardênia ja sm in ó id e s. N a presença de oxig ênio, a genipina reage com
aminas p rim á ria s e am inoácidos, p ro d u zin d o um pigm ento a zu l, o qual
pode se r usado como corante para alim ento s. N o decorrer dos estudos do
pigm ento azul form ad o pela reação de genipina com m e tila m ina 2 “red”
e 7 “b ro w n ish -re d ” , fo ra m ob tid os pigm entos in te rm e d iá rio s na ausência
de oxig ênio. O s com postos fo ra m id entifica d os como derivados de 2-
m e til - 4 carbom etoxi - 2 p irid in a . C om a subsequente exposição ao
oxig ênio, os o lig ôm ero s rapidamente tom am -se azuis. O peso m olecular
do pigm ento a zul é 8 9 7 0 ± 6 0 0 .
Materiais e métodos
M a te ria is
M é to d o s
• U ru cu
A determinação dos corantes fo i fe ita pelo m étodo de K O H ,
u tiliz a d o como padrão nacional, proposto ao M in is té rio da A g ric u ltu ra ,
pelo G ru p o de E s tu d o s de U ru c u ( G E U ) . O corante f o i extra íd o com
62
solução fervente de K O H a 5 % . A le itu ra fe ita em espectrofotôm ctro a
453 n m , em célula de 1 cm, contra u m branco de solução de K O H a 0 ,5 % .
M étodo completo, no A ne xo 1 deste artigo.
• A ç a í e C a rá -ro x o
• J en ip ap o
O corante a zul fo i extraído de fru to s verdes de jenipapo, através de
maceração à f r io , em solução de N a O H a 0 ,1 % . O extrato a zul obtido,
permanece praticamente sem alteração v is ív e l de cor, p or longo período
sob refrigeração. N o extrato c o lo rid o de a zul, fo i determinado o conteúdo
de geniposídeo e executada análise p o r H P L C .
Resultados e discussão
• U ru cu
N o processo de seleção das progénies m ais produtoras de corantes,
fo ra m analisadas 131 amostra, das quais 36 fo ra m selecionadas e
instalados experim entos de ensaios genéticos em Tra c u a te u a -PA e
Capitão P o ç o -P A . O m aterial p ro d u zid o nos d o is ensaios f o i analisado à
cada safra, durante quatro anos, para a avaliação da quantidade de
corante nas sementes. O urucu apresentou bons resulta d os, no tocante aos
teores de n o rb ix in a e b ix in a , encontrados nas sementes analisadas. Como
re sulta d o m ais relevante pode ser mencionado o lançamento p or parte da
E M B R A P A , de duas novas cu ltiva re s contendo acima de 6 % e 7 % de
b ix in a , respectivamente.
• A ç a í e C a rá -ro x o
63
resultados de absorbância a 515 nm , m ostrando C V e C Q de am ostras de
açaí e cará-roxo, tratadas com os solventes que forneceram os m elhores
valores destes parâmetros.
Volume CQ/g
Espécie Massa (g) CV CQ
(mL) amostra
E u te r p e o le r a c e a A 480 35,8 60 2148 4,5
B 480 42,2 55 2321 4,8
64
+ 1 00 A
0.200
U/OIV.)
+ O.OOA
65
32.990
*í- <D CM CO O ® 1 CM
cm CM cm - m
66
Figura 3: Análise por HPLC de extrato de cará-roxo ( D io s c o r e a purpurea).
Coluna Nucleosil SCs, 4,6 mm x 200 17% Metanol (pH 2,5 tampão). 530 nm
67
Ta m b ém fo ra m realizados análise dos corantes de açaí e cará-roxo,
utiliza nd o -se a técnica de crom atografia em camada delgada ( T L C ) . O s
dados fo ra m obtidos usando-se placa de celulose Funase S F e solvente n-
butanol: ácido acético: água = 4 :1 :2 .
F o ra m executados testes de u tiliza ç ã o de ambos os corantes para
c o lo rir bombons e gelatinas (fig u ra s 4 , 5, 6 e 7 ), com excelentes
resultados.
Figura 4: Bombons (do tipo baia soft) coloridos com corante natural,
extraído de açaí ( Euterpe oleracea)
68
Figura 6: Bombons (do tipo bala soft) coloridos com corante natural,
extraído de cará-roxo (D ioscorea purpurea).
69
• Jen ip ap o
70
Amino A cid — i
■♦Blue pigment
-O V
) - Glucose
™ hi
Gardenia f r u i t s — |
—* G eniposide — j— » G e n ip in -
E x truction H id rolysis
(/® -glucosidase)
71
Conclusões
Anexo
M é to d o do K O H
C álculo: E j cm da n o rb ix in a : 3 4 7 3
72
Referências bibliográficas
p.1-14.
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Alagoas, v. A c t a A m a z ô n i c a . Manaus-AM. 18 (112):305-312. mar/jun. 1988.
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S e m in á r i o C o r a n t e s p a r a A l i m e n t o s . Resumos. ITAL/SBCTA. Campinas-SP.
73
Microbiologia industrial têxtil
Lucia Beckmann C. Menezes *
Introdução
74
D o is aspectos podem se r abordados na m icrobiologia tê x til: a
liberação de fib ra s vegetais através do ataque m icrobiano aos m ateriais
envolventes e a deterioração das fib ra s p or ação dos m icro rg anism o s.
Neste capítulo serão tratados apenas os aspectos re la tiv o s a liberação das
fib ra s devida a ação m icrobiana.
M éto d o s Q u ím ic o s
U tiliz a m álcalis e ácidos que se combinam com os envolventes das
fib ra s ou então os d isso lve m . E s te s métodos são m ais caros que os
m icro biológ ico s e p roporcionam fib ra s de qualidade in fe rio r, com m enor
resistência, sendo sua única vantagem o fa to de serem m ais rápidos que
os m icrobianos ( R O S E N B E R G , 1975 ; I P T , s.d).
M é to d o s M ic r o b io ló g ic o s
Maceração em água
75
equivalem e apenas a comodidade leva a escolher um dos tip o s. O s
processos realizados em rio s de lenta m obilidade, usando água fria ,
produzem boas fib ra s, sendo bastante u tiliza d o s para a ju ta .
O uso da água m orna é m ais eficiente, devido a m a io r facilidade de
dissolução e extração de substâncias quím icas da planta, além do fato de
que as tem peraturas u tiliza d a s, na fa ixa de 3 0 -3 5 °C , são p róxim a s às
temperaturas de crescim ento da m aioria das bactérias que atuam no
processo. A s s im , o tem po de maceração em água m orna é bem m enor que
o em água fria , variando entre 4 8 e 120 horas.
N o s d iv e rso s processos de maceração são empregados in te rva lo s
de tem peratura m u ito amplos. E m geral, tem peraturas de 3 7 -3 8 °C
favore-cem a rapidez dos processos mas são menos convenientes do
ponto de v ista da qualidade. São consideradas m ais favoráveis,
tem peraturas nas fa ixa s de 2 6 -2 8 °C e de 3 0 -3 2 °C ( P R E S C O T T &
D U N N , 1952 ; P R E S C O T T , 1982).
Q uanto ao modo de condução, o processo em cascata, que emprega
tanques em v á rio s n ív e is, não é prático e não m o stra vantagens quanto à
qualidade do p rod uto; já o uso de canais e tanques fechados, visa a
obtenção de condições anaeróbias, sendo m ais eficie ntes que os tanques
abertos. E s s e s tanques podem se r de aço in o x ou de concreto armado,
dotados de re sistê n c ia s elétricas, tubulações e term ôm etro.
A maceração com água pode se r fe ita com ou sem adição de
c ultura s, substâncias quím icas . A s adições de c u ltu ra pura e de enzim as
vem sendo estudadas, com resultados p o sitiv o s, enquanto que a de
substâncias quím icas é discutida, p ois há correntes que defendem a idéia
de que a acidez form ada te ria que ser neutralizada, a ssim a adição só
poderia se r de substâncias alcalinas ( P R E S C O T T , 1 98 2 ; I P T , s.d.).
O processo de maceração anaeróbia pode se r su b d iv id id o em trê s
etapas: físic a , b iológica e mecânica ( P R E S C O T T & DUNN, 1952 ;
R O S E N B E R G , 1975 ; I P T , s.d.)
a) Eta pa F ís ic a
76
fortem ente co lo rid o que fic a em contato com a planta, é adequado ao
desenvolvim ento das bactérias e o u tro s organism os.
b) Eta pa biológica
c) Etapa mecânica
77
O método consiste em estender o m a te ria l em lâm inas delgadas
sobre uma vegetação adequada, deixando-o exposto a ação do so lo , do ar
e da chuva. A s s im , a qualidade do processo é dependente das condições
atm osféricas, da natureza do le ito vegetal e do so lo .
E um procedim ento barato, mas de d if íc il regulagem, o que leva a
baixos rendim entos. Neste processo também ocorrem as etapas físic a ,
biológica e mecânica.
a) Pré-maceração
b) Maceração
c) Super-maceração
78
São encontrados nas camadas inte rce lulare s das plantas, fru to s c ítric o s e
tubérculos ( R O S E N B E R G , 1975).
Pectinas são ácidos pécticos, capazes de fo rm a r geleias com as
mesmas proporções de açúcar e ácido, em condições determinadas. Pela
h id ró lise ácida a quente, fornecem ácido galacturônico ( P E L C Z A R ,
R E I D & C H A N , 1981).
A s m atérias pécticas podem so fre r h id ró lise enzim ática p or
m icro rg anism o s, reação na qual está a base do processo de liberação de
fib ra s. A s s im é necessário que predom inem no processo de maceração,
orga nism os que possuam enzim as capazes de re a liza r a h id ró lise .
H á várias enzim as pécticas, sendo as p rin c ip a is ( R O S E N B E R G ,
1975 ; I P T , s.d.):
- Protopectinase ( P P ) - O corre em plantas sup eriores e m icro rg anism o s.
C atalisa a h id ró lise de protopectina em ácido pectínico e ta lvez
celulose. H á pouco conhecimento sobre esta enzim a.
- Poligalacturonase (P G ) (Pectase, Pectolase) - O corre em
m icro rg a nism o s e plantas su p eriores. C atalisa a h id ró lise de ácido
péctico em ácido galacturônico, atuando sobre as ligações 1,4 dos
ácidos poligalacturônicos.
- Polim e tilg a lac turon ase ( P M G ) (Pectinase) - O corre principalm ente em
fung o s. É capaz de catalisar a h id ró lis e da pectina em ésteres m e tílic o s
de poligalacturonídeos e de ácido péctico em ácidos poligalacturônicos
menores.
- Pectinesterase (P M E ) (Pectinam etilesterase) - O corre em
m ic ro rg a nism o s e plantas sup eriores. C atalisa a h id ró lise de ácidos
pectínicos e etanol, agindo p o r desesterificação.
PMG
I W Polimetilgalacjturonatos
Polimetilgalaciu
Protopectina Pectina— I PM E
1 ^ Poligalacturonatos -G||Bcturonato
PG
(ácidos pécticos)
79
Microorganismos promotores da liberação de fibras
Recomendações
Referências bibliográficas
80
PUIG, J. B. Tecnologia dei Ensaimaje de las Fibras Textiles. Tomo I. 1* ed.
Barcelona: José Montesó. 231 p.
ROSENBERG, J.A. Microbiologia Têxtil. In: Aquarone, E. ; Borzani, W. &
Almeida Lima, U. Biotecnologia: Tópicos de Microbiologia Industrial. Ia ed.
São Paulo: Edgar Blucher, 1975. vol. 2, cap. 5, p. 97-112
SANCHEZ, M. R. & OLIVA, A.M. Quimica Aplicada a la Industria Textil. Tomo
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SCRIBAN, R. Biotecnologia. São Paulo: Manole, 1985.
V ILLA VECCHIA, V . Tratado de Química Analítica Aplicada. Tomo II. 3a ed.
Barcelona: Gustavo Gili S.A. 1963. 974 p.
81
Utilização industrial de fibras vegetais
Edmaldo José S. Cunha
Introdução
82
• D escon h ecim en to das exigências e o com portam ento das plantas
quando introduzidas em cultivo.
• F a lta de m e lho ria s nos processos de obtenção e beneficiam ento das
fib ra s
• F a lta de in c e n tivo s à pesquisa e desenvolvim ento de tecnologias
apropriadas as outras planta fib ro sa s, além das já existentes no
mercado.
• Descontinuidade de ofe rta comercial do p rod utor, consequentemente,
incapacidade de estabelecer um a tradição de mercado.
• F a lta de m elhoram ento genético das plantas em c u ltiv o
A s fib ra s vegetais atualmente comercializadas no mundo podem
ser agrupadas da seguinte maneira:
• Sem entes: Algodão
• L íb e r: Juta, lin h o , cânhamo, crotalária, ra m i, papoula-de-são-francisco
e guaxíma
• F o lh a s: S is a l, abacá, henequem, cantala, fó rm io , caroá, istle , rá fia ,
pita, curauá e piaçava.
• F ru to : coco e paina
• R a iz : zacatão
Sendo que, o algodão, ju ta , lin h o , sisa l, abacá, cânhamo e
henequém são as de m a io r significação econômica. C ontudo, é provável
que algumas das fib ra s tê x te is de valores secundários atualmente,
apresentem com o d esenvolvim ento da tecnologia, u m v a lo r exp ressivo e
passem a ocupar o grupo das fib ra s p rim á ria s.
83
a fib ra de sisa l, constatando-se que no campo comercial o term o fib ra s
não apresenta usualm ente o sig n ific a d o botânico e strito de células
in d iv id u a is de certa categoria de esclerenquim a. As plantas
dicotiledoneas como lin h o , cânhamo, ju ta , ra m i, e etc, o term o fib ra
denota de um fe ixe fib ro so . Já as fib ra s o rig in á ria s das fo lh a s das plantas
monocotiledôneas como sisa l, curauá, abacá, e etc, o term o fib ra refere-
se aos fe ixe s vasculares associados com agrupamentos destas. E m
algumas plantas, o sistem a vascular da ra iz (Zacatão, p o r exem plo) ou a
planta toda (barba-de-velho, p o r exem plo) tam bém são designadas como
fib ra ( M E D I N A , 1959).
O m aterial fib ro s o u tiliz a d o para enchim ento, como as painas e as
sedas vegetais, ou para confecção de cestos, como o vim e e o ju n c o , ou
na m anufatura de escovas e vassouras, como a piaçava, estão in c lu íd o s
na designação genérica de fib ra s ( M E D IN A , 1959). D e sta form a,
considera-se como fib ra s, pêlos e fib ra s de orig em vegetal, pêlos, lãs e
sedas de orig em anim al, fib ra s de o rig e m m in e ra l, e n fim , todas as fib ra s
a rtific ia is ou sintétic a s que o hom em fabrica a p a rtir de vegetais, anim ais
ou m ine ra is principalm ente de m a teria is ce lulósico s.
A denominação fib ra tê x til é geralmente empregada com um
se ntid o que não é precisamente d e fin id o , com o qual, na prática corrente,
se procura ind ic a r o m aterial p ro n to para fiação. En tre ta n to , deve-se
entender como fib ra tê x til aquela que p roporciona de im ediato, ou depois
de desfibrada ou após macerada quim icam ente ou biologicam ente, fib ra s
so lta s imediatamente aproveitáveis na in d u stria liza ç ã o das mesmas para
fiação e tecelagem.
F ib r a s in tra x ila re s
84
classificação incerta. São as vezes, agrupados sob a designação genérica
de fibras liberianas (FA H N .1990).
Terminologia
A s fib ra s tê x te is e suas plantas produtoras são designadas p or uma
diversidade de denominações, confundindo os que não estão
fa m ilia riza d o s com a m atéria. N a comercialização das fib ra s vegetais
empregam-se várias denominações que dependem geralm ente do pais de
origem e do p roduto. A lé m de e x is tir alguns nom es que são comuns a
diversas fib ra s derivadas de espécies d ife re n te s. D e n tro dessa
nom enclatura ambígua, a designação maguey, por exem plo é
correntemente empregado em m u ito s países hispano-am ericanos para
designar as plantas dos gêneros A g a v e s e F r u c r a e a de fo lh a s carnosas e
grandes ( M E D IN A ,1 9 5 9 ) .
O term o pita , correntemente empregado em quase toda a A m érica
L a tin a para designar tanto a planta como a fib ra de diversas
amarilidáceas, tom ou-se de u so tão corrente que chegou a se converter
praticamente em sin ô n im o da palavra fibra. N a lite ra tu ra tê x til e no
comércio a designação alo é tem sido empregada não para designar fib ra
de planta do gênero A l o é mas, sim as fib ra s da p ite ira ( F u r c r a e a gigantea
V e n t.) espécie esta que, no passado, fo i erroneamente confundida com as
pertencente ao citado gênero do V e lh o M u n d o . A denominação m a l v a é
indiferentem ente empregada para designar tanto as fib ra s como as
plantas de várias espécies de malváceas pertencentes a gêneros
d ife re n te s (M E D IN A , 1 959).
A confusão de te rm in o lo g ia não se lim ita apenas às regiões de
ocorrência das espécies, mas é estendida aos mercados e às estatísticas de
produção de diversas fib ra s. A s s im é que na lite ra tu ra Inglesa, o term o
h e m p c â n h a m o nome vu lg a r da planta e fib ra de C a n a b i s sativa L in n . , ou
cânhamo verdadeiro, é indiscrim inadam ente usado em num erosas
combinações com os nom es p ró p rio s de outras fib ra s , macias ou duras,
que m uitas vezes, nada tem de comum com aquela planta tê x til, e is so a
ponto de ta l term o tom ar-se quase sin ô n im o da palavra fibra ( M E D I N A ,
1959).
85
V é tilla rd e Bea nve rie , entre o u tro s, em suas obras clássicas,
estabeleceram sistem as de classificação para as fib ra s vegetais conform e
um ou o u tro desses c rité rio s ( M E D I N A , 1 9 5 9 ).D e n tro dos aspectos que
consideram , cada u m dos sistem as prop ostos têm m é rito s e desvantagens.
N a s classificações segundo a orig em anatômica, a natureza quím ica e a
u tiliza ç ã o econômica das fib ra s seria im p o ssív e l estabelecer sub d ivisõ es
que fo sse m mutuamente exclusiva s ou totalm ente in c lu siv a s. M u ita s
espécies de plantas fib ro sa s podem ou devem se r classificadas em m ais
de um grupo de tip o de fib ra , como as bombacáceas, p o r exem plo, que
além da paina dos fru to s , também fornecem fib ra s libe ria na s de casca,
enquanto o utras, devido sua características ou ainda à fa lta de
conhecimentos sobre as fib ra s, não podem se r adequadamente colocadas
em nenhum dos grupos. Q uanto a u tiliza ç ã o econômica das fib ra s, pode
acontecer que em determinada época uma espécie de fib ra tenha
im portância sig n ific a tiv a , mas passe a te r v a lo r in sig n ific a n te em outra
época, podendo o c orrer o in v e rso . A classificação segundo os grupos ou
fa m ília s botânicas é, de todas, portanto, a m ais precisa e científica .
P e rm ite reconhecer que as afinidades entre as espécies, dentro de uma
mesma fa m ília botânica, se estendem, frequentem ente, as fib ra s; que
certas fa m ília s são particularm ente ricas em espécies produtoras de
fib ra s; que outras fornecem m a teria is fib ro s o s sim ila re s; que as plantas
m onocotiledôneas fornecem , em geral, fib ra s do tip o duras, enquanto que
as plantas dicotiledôneas dão, principalm ente, fib ra s do tip o m a c i a s etc
( M E D IN A , 1959).Fazend o-se a classificação e estudo conform e a
quantidade consum ida ou o v a lo r do produto obtido através das matérias
p rim a s, se ria p reciso o m itir a paina Capok. En tre ta n to é p o ssív e l
v is u a liz a r estas fib ra s celulósicas, a p a rtir da Ta b e la 1, que apresenta o
quadro sinó p tic o de acordo com a sistem ática da botânicos
( E R H A R D T , 1 976).
86
1
Tabela 1: Q uadro sinóptico das fibras celulósicas naturais (fibras vegetais)
Denominação Geral Simbologia Descrição das fibras
(ABNT)
Pelos vegetais
Algodão CO Fibras de sementes do algodoeiro
G o s s y p lu m
Capok — Fibras da cápsula ( interior do fruto da
(paina) paineira ) S e i b a p e n t a n d r a
Fibras liberianas
Linho CL Fibras do líber tiradas do talo (hastes)
do linho lin u m u s ita tis s im u m .
Cânhamo CH Fibras do líber do talo do cânhamo
C a n n a b i s s a tiv a .
Cânhamo — Fibras do talo do cânhamo C a n n a b i s
de Bengala s a t i v a , que em Bengala na índia é
conhecida pelo nome de ganja, para
produção de narcótico.
Juta CJ Fibras do líber das hastes do
C o r c h o r u s o lit o r iu s e do C o r c h o r u s
c a p s u la r is .
Kenaf 0 Knaf H i b i s c u s c a n n a b i n u s , é
considerado o sucedâneo da juta, suas
fibras são obtidas a partir do caule
Rami CR Fibras do líber da B o e h m e r i a n iv e a e
da B o e h m e r i a t e n a c ís s im a
Urtiga — Urtiga U r t ic a d i o i c a Linn. Fibras de
caule
Fibras das folha
Caroá CN Caroá N e o g l a s o v i a v a r ie g a t a Mez
Agave (sisal) CS Fibras das folhas da A g a v e s is a la n a .
Manilha — Fibras da cápsula da folha da M u s a
(Abacá) te x tillis .
Fórmio — Fórmio P h o r m iu m t e n a x Forster
Yucca — Y u c c a b a c c a t a Tort ; Y u c c a
s c h id i g e r a R.
Sanseviera — S a n s e v ie r i a li b e r i c a Gér
Alfa — Fibras das folhas da S t ip a
(Esparto) te n a c ís s im a .
Fibras dos frutos
Coco CK Fibras do fruto de C o c o s n u c i fe r a
87
A química das fibras vegetais
CHjOH H OH CHjOH
H>Lj<ír^x°x
H
•o — . / i H
K S h OH
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H Ÿ \J_____o " H H
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J r - XOH
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88
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A
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COOCH 3 OH cooch3
j
°\ V H A '- 1 / H ~ X H
hV ‘
V 1 \ ° H h/ L o
XL A —y
H 1— Y
k
1
OH
H OH i
89
estas características são as propriedades físic a s, quím icas e mecânicas,
avaliadas nos lab ora tórios de pesquisa e do controle de qualidade das
matérias p rim a s na in d ú stria . N a in d ú stria tê x til p o r exemplo, as fib ra s
passam p o r inúm eras etapas de beneficiam ento, onde são submetidas aos
esforços de tração, flexão, torção, ataques q u ím ic o s e outras ações que
in flu e n c ia m nas mudanças de suas características o rig in a is, necessitando
o estudo de suas propriedades físico-m ecânicas ao longo do
beneficiam ento. En tre ta n to , algumas aplicações não prom ovem
mudanças sig n ific a tiv a s nas características o rig in a is das fib ra s, como p or
exem plo na produção de m anufaturados em crina-látex para
conformações de peças autom otivas.
O s países do H e m isfé rio N o rte , preocupados com a crescente
produção de lix o s não recicláveis e não biodegradáveis, vem adotando
uma p o lític a de taxa sobre p rod utos que gerem lix o s de d ifíc il
degradação, prom ovendo in c e n tivo aos p rod utos de origens renováveis,
biodegradáveis e recicláveis. A in d ú stria de autom otivos D A I M L E R
BEN Z, tem in v e stin d o na pesquisa de fib ra s vegetais na A m azônia
b ra sile ira , objetivando a aplicação destas em re fo rç o s de m a trize s
polim éricas, e em m anufaturados de fib ra s para estofam entos e o
re ve stim ento do in te rio r de seus autom óveis e caminhões ( C O N V Ê N IO
0 11 /9 2 D A I M L E R B E N Z / F A D E S P / U F P A / P O E M A ) . A Mercedes
B e n z do B r a s il, uma das su b sid iá ria da re fe rid a empresa Alem ã, também
vem incentivando a aplicação de m atérias p rim a s de origem vegetal em
seus caminhões fabricados em São B e rn a rd o do Campo em São Paulo.
P o r ocasião da F e ira B r a s il Alem anha em novem bro de 1995, d ivu lg o u a
im prensa inform a ções referente as in ic ia tiv a s do u so de produtos naturais
em caminhões de sua fabricação, onde na cabina do caminhão
denominado P ro -N a t 2 0 0 1 , é fabricada com p rod utos de orig em vegetal,
como fib ra s de sisa l, ju ta , ra m i, coco, óleo de mamona e de caju, pó de
madeira, casca de a rro z e borracha na tural (M ercedes B e n z do B ra s il,
1995).
O L E P R O N - La b o ra tó rio de Eng enha ria de P ro d u to s N a tu ra is, do
Departam ento de En g enha ria Q uím ica da U F P A , o qual fa z parte do
Program a Pob reza e M e io A m biente na A m a z ô n ia - P O E M A , e que
através de u m convênio com a re fe rid a empresa A lem ã, vem pesquisando
sobre a caracterização, otim ização dos processos de obtenção ( F A R I A ,
1 99 3) e da aplicação in d u stria l das fib ra s vegetais. A s pesquisas são
direcionadas para caracterização físic a , quím ica e mecânica
(LO U R E N Ç O et al. 1 99 4), p o r processo q uím ico s ( C A R V A L H O &
F A R IA , 1994) e a otim ização do processo combinado maceração
90
biológica/desfibram ento mecânico de obtenção de fib ra s de coco (C o c o s
nucifera), em uma comunidade da A m azônia (C U N H A &
P E N A L B E R . ,1 9 9 5 ) . A lé m desses trabalhos, testes p re lim in a re s efetuados
nas fib ra s de curauá { A n a n a s erectifolius) dem onstram que estas podem
ser utiliza d a s nos re fo rç o s de m a trize s polim éricas como u m contratipo
das fib ra s de v id ro , em função das suas características físico-m ecânicas
além de fib ra s amazônicas como a fib ra de b u riti, aninga, tucum ã e
outras.
Referência bibliográfica
91
i? CARVALHO, A. B. e FARIA, L. J. G. O b t e n ç ã o d e f i b r a s N a t u r a i s p o r P r o c e s s o s
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de Química).
CUNHA, E.J.S. e PENALBER, T.J.A. Otimização de um Processo Sustentável para
Extração de Fibras na Amazônia, R e s u m o X X X V C o n g r e s s o B r a s i l e i r o d e
Q u í m i c a , Setembro de 1995.
92
Látices naturais
*
Mário C. F. Guimarães
Célio F. M. de Melo
Introdução
93
E n tre as espécies do gênero S a p i u m 1 fa m ília Euphorbiaceae,
e xiste m algumas que p rod uze m borracha de excelente qualidade já
conhecida e com ercializada durante o ciclo do e x tra tiv ism o , como a
Sapium aubletianum ( M u ll.A rg .) H u b e r, conhecida comumente como
m urupita, cuja m etodologia de exploração é bem semelhante à de H e v e a .
A s propriedades fís ic a s e físico-m ecânicas das borrachas de S a p i u m
devem ser consideradas excelentes, p e rm itin d o enquadrá-las entre as
m elhores classes.
Das onze espécies do gênero Hevea, trê s fo ra m bastantes
exploradas, a saber: H e v e a brasiliensis M u ll.A rg .; H e v e a guianensis
A u b l e H e v e a b e n t h a m i a n a M u ll A rg . V a le re ssa lta r que o prod uto das
duas ú ltim a s é conceituado como de qualidade in fe rio r e com ercializado
como “borracha fraca” . E s s e fato, contudo, não é verdadeiro. C om efeito,
W I S N I E W S K I & M E L O (1 9 8 6 ) destacam que a única diferença entre as
propriedades das borrachas das espécies H . brasiliensis, H . b e n t h a m i a n a ,
H . rigidifolia, H . guianensis e H . pauciflora, está na plasticidade. A s
demais propriedades fís ic a s , quím ica s e físico-m ecânicas não apresentam
diferenças capazes de s itu a r as borrachas dessas espécies abaixo dos
padrões de qualidade especificados.
A espécie Hevea brasiliensis M u ll. A rg ., conhecida como
se ring ueira , é a única extensivam ente cultivada, devido às suas
características de precocidade e produtividade, aliadas à su p e rio r
qualidade da borracha. C ontudo, como não é im une ao ataque de
in ú m e ro s agentes patógenos, C e n tro s de pesquisas desenvolvem
programas de m elhoram ento genético visando a c ria r clones com
características que p e rm ita m a obtenção de um elevado desempenho na
sua exploração in d u stria l. E m face do exposto, será a única a se r objeto
deste trabalho.
94
1,5% de açúcares e quebrachitol e 0 ,2 a 0 ,9 % de m ateriais m in e ra is, e
segundo M iric a et al. ( 1 9 9 _ ), p o r 3 6 % de só lid o s to ta is; 3 3 % de borracha
seca; 1 a 1 ,5 % de substâncias protéicas; 1 a 2 ,5 % de substâncias
re sino sa s; 1% de açúcares; < 1% de cinzas e 6 4 % de água.
Deve-se re ssa lta r que o p rin c ip a l hidrocarboneto contido na
borracha é o isop reno p o lim e riza d o na fo rm a cis (1 ,4 ).
A viscosidade do látex varia de acordo com o te o r de borracha, no
entanto, o u tro s fato res podem in flu e n c ia r nessa variação como o tamanho
das partículas, o método de preservação e o tempo de armazenamento.
N o momento da sangria o p H do látex é levemente alcalino,
porém, p o r se r um m eio p rop íc io ao d esenvolvim ento de m icro rg a nism o s,
rapidamente se a cidifica podendo, in c lu siv e , causar a desestabilização do
sistem a ( B R A S , 1960).
Coleta e beneficiamento
95
Ta m b é m denominado de amazônico, é em pírico, lento,
proporcionando condições bastantes in sa lu b re s ao se rin g u e iro . C o n siste
na utiliza ç ã o dos vapores provenientes da decomposição pirogenada de
certas madeiras duras ou sementes.
O sistem a é composto de duas fo rq u ilh a s de madeira sobre as quais
é colocada uma travessa c ilín d ric a , também de madeira, e uma peça na
form a de tronco de cone denominada boião, localizada abaixo da travessa
com a fina lid a de de o rie n ta r a fumaça. Gradativam ente o látex vai sendo
derramado sobre a travessa em m o vim e nto, coagulando p o r e fe ito das
substâncias contidas na fumaça, ta is como: ácido acético, fe n ó is, álcool
e tílic o , acetona e cresóis que exercem ainda im portante papel na
conservação da borracha, por p o ssu íre m ações antioxidantes e
antissépticas. A coagulação é realizada em fin a s camadas até
conseguirem -se bolas com diâm etro aproximado de 40cm .
96
durante quatro a se is horas. A p ó s a secagem se processa a defumação das
lâm inas em “ casas de fumaça” que consistem de um lug a r fechado onde
são in tro d u zid o s, pela parte in fe rio r, vapores e gases obtidos pela
combustão incom pleta de m adeiras. A tempetura in te rio r deve ser
m antida em 4 5 °C . O fin a l do processo é reconhecido quando as lâm inas
adquirem coloração castanho-escura, translúcida, não apresentando
pontos ou manchas brancas e opacas.
Intem acionalm ente estas lâ m ina s são conhecidas como R . S . S .
(R u b b e r Sm oked Sheet) e no B r a s il, em p articular, como F F B (F o lh a
Fum ada B ra sile ira ).
97
N o caso de se usa r, como m atéria-prim a, bolas ou pélas, o produto
fin a l é denominado G ranulado E s c u ro B ra s ile iro - G E B ( S A M P A IO
1991).
A especificação b ra sile ira para borrachas n a turais beneficiadas
pode se r observada na Ta b e la 1.
98
L áte x C o n ce n tra d o
99
Os agentes de cremagem m ais empregados são ca rb oxim etil-
celulose de alta viscosidade, sal de só d io do ácido p o lia c rílic o , gomas
como adragante e karaia, pectina, alginato de am ónio e hem iceluloses de
diversas origens como o pó de ju ta í.
O s requesitos exig id os pela especificação b ra sile ira para borrachas
na turais beneficiadas podem se r v ista s na Ta b e la 2.
100
O teste de odor é su b je tiv o e q u a lita tiv o , mas de grande
im portância na qualificação do látex. É realizado neutralizando-se a
amónia com solução saturada de ácido bórico. O odor deve ser
adocicado, não-amoniacal e não-putrefato ( W IS N IE W S K I, 1983;
A B N T , 1990).
101
do látex combinados com amónia e re fe rid o a 100 gramas de só lid o s
to ta is ( T S ) . N a verdade, o índice ou N ° de K O H indica a m ín im a
quantidade de K O H que deve ser adicionada ao látex, a f im de
assegurar-lhe uma estabilidade a longo prazo em presença de ó xid o de
zinco.
Espum a de látex
102
C om o d esenvolvim ento das espumas plásticas, principalm ente a
poliuretana, as espumas moldadas (colchões e tra ve sse iro s) perderam sua
a nte rio r im portância. E m contrapartida, os lam inados, empregados em
palm ilhas de sapatos, tecido espumado para su tiã e peças de vestuá rio,
vêm crescendo consideravelm ente.
Imersão
Tratamento de papel
M oldagem
A glom eração
103
O látex tem um emprego de grande im portância como aglomerante
de fib ra de coco, couro, papel e o u tro s. N o caso específico de couro,
produz-se m atéria-prim a para p a lm ilh a s de sapatos. C o m relação à fib ra
de coco, inicialm ente obtem-se uma manta, p o r aspersão do form ula d o , e
em seguida a manta seca é adicionada em fô rm a s onde se processa a
vulcanização. O prod uto está sendo empregado na elaboração de
encostos de cabeça e assentos para a in d ú stria autom obilística.
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104
Fontes fornecedoras de látices
e processos de obtenção
*
Eurico Pinheiro
Introdução
105
sangue e o coração humano. A borracha, sangue da árvore, era sím b o lo e
su b stitu to de sangue humano. O sangue tira d o das v ítim a s im oladas era
m istura d o ao látex. A s v ítim a s eram ainda envoltas em c o lo rid os film e s
de borracha.
O Pla n a lto M exicano so fria estiagens prolongadas e, para invocar
a proteção dos deuses da chuva, os Astecas queimavam archotes
embebidos em látex, p ro d u zin d o densa fumaça negra que eles
relacionavam com as nuvens de chuva.
A s c iviliza çõ es pré-colombianas praticavam ainda um jo g o m u ito
p op ula r que pode se r considerado o p re c u rso r do basquete, onde as
equipes procuravam m anter a bola no ar, o m a io r espaço de tempo
p o ssív e l, tentando faze-la passar por argolas de pedra fixadas
verticalm ente nas paredes laterais que lim ita v a m o campo de jo g o . O
d ifíc il é que a bola maciça de borracha somente poderia se r jogada com
os jo e lh o s e quadris. Segundo S e rrie r (loc. c it.) esse jog o também era
praticado com fin s re lig io so s e se rv ia notadamente para prever o fu tu ro
determ inando im portante decisões. Se u caráter d iv in a tó rio p e rm itia
so luc io na r os c o n flito s p o lític o s ou te rrito ria is , su b stitu in d o m uita s vezes
as guerras de conquista.
E im portante fris a r que todos esses usos da borracha eram
preparados com látex de uma planta da fa m ília das M oraceas, do gênero
Castilloa, principalm ente a Castilloa elastica S e r., o caucho. E s ta
Moraceae desenvolveu-se em clim as tro p ic a is , quentes e ú m id o s ,
ocorrendo ao su l do M é xic o , nas A n tilh a s , e em outras regiões m ais ao
S u l. O látex de caucho era coletado nessas regiões e levado para a região
central do M é x ic o , em viagens que duravam semanas. Graças às
características do látex do caucho era p o ssív e l sua condução p o r longas
viagens sem coagular ( S E R R I E R 1991).
A alta estabilidade mecânica do látex de Castilloa d ific u lta n d o sua
coagulação, é atrib uíd a às elevadas proporções de substâncias
a lb um inoid es contidas nesse látex ( P O L H A M U S 1962).
Levada para a Eu ro p a pelos conquistadores espanhóis, a borracha
permaneceu exclusivam ente como curiosidade. Som ente d o is séculos
m a is tarde, a França redescobriu a borracha, quando C harles M a ria de L a
C ondam ine fe z a p rim e ira descrição c ie n tífic a da borracha. E m viagem à
A m érica do S u l, a serviço da Academia de Ciência de P a ris , ele
encontrou na P ro v ín c ia de Esm e ra ld a uma árvore que os n a tivos
chamavam de “ heve” , da qual re tira va m u m líq u id o branco que enegrecia
e lentam ente endurecia quando exposto ao ar. N a P ro v ín c ia de Q u ito ,
Condam ine, copiando o que fa zia m os n a tivo s , usando o látex de caucho,
106
im perm eabilizou tecidos com os quais protegeu das chuvas seus
in stru m e n to s de pesquisa. Descendo o Am azonas Condam ine observou
que os ín d io s M a in a s que v iv ia m à margem do grande rio , u tiliza v a m o
látex de um a planta que eles denominavam “cahutchuc” (a árvore que
chora) e com ele, além de im p e rm e a b iliza r tecidos defumavam o látex
para confeccionar sapatos, peras ou sacos onde conduziam água, aos
quais m ais tarde, os portugueses chamaram “ seringa” .
Chegando às G uianas, Condam ine encontrou o u tro pesquisador
francês a quem rela tou o que havia observado em sua viagem. E s te era
Fresneau, botânico da Academia Francesa, que encontrou, em Caiena,
uma planta que exudava látex e pensou tratar-se do caucho mencionado
por C ondam ine, dando-lhe o nome de H e v e a guianensis. F o i a p rim e ira
descrição do gênero H e v e a .
O s re la tó rio s de Condam ine e Fresneau, enviados à Academia de
Ciências de P a ris provocaram , dentre seus contemporâneos, m ais que
sim p les curiosidade sobre a borracha. V á rio s pesquisadores começaram a
estudar a borracha como m atéria-prim a, so lub iliza nd o-a e
im perm eabilizando a seda u tiliza d a nos balões, além de fabricarem
produtos elásticos de precária durabilidade p o r tom arem -se pegajosos e
quebradiços no frio .
C ha rles Goodyear, fo rtu ita m e n te , descobriu que aquecendo uma
m istu ra de borracha e e n xofre era p o ssív e l e sta b iliza r as características
elásticas da borracha. E sta v a descoberta a vulcanização, começando uma
nova era para esta im portante m atéria-prim a.
A p a rtir da vulcanização ampliaram-se as u tiliza ç õ e s da borracha.
E m 1845 Th o m p so n conseguiu fa b rica r o p rim e iro pneu para carro de
tração anim al. A redescoberta do pneu, realizada p o r D u n lo p em 1888,
am pliou m u ito a u tiliza ç ã o e o consum o de borracha, cuja produção era
dominada pelo B r a s il, p rincipalm ente com látex da se ring ueira ( H e v e a
spp• ) •
N e ssa época a demanda p o r borracha era m a io r que a oferta,
provocando acentuada elevação do preço de comercialização que, em
1910, no mercado de N o va Y o r k chegou a U S $ 2 ,9 2 a lib ra peso, o
equivalente a U S $ 6 ,5 0 p o r q u ilo .
O v a lo r do produto e stim u lo u a busca de outra s plantas produtoras
de borracha, a exem plo da L a n d o l p h i a na Á fric a , Fi c u s elasíica na A sia ,
além do caucho (C astilloa), mangabeira (R h a n c o m i a ), borracha do Ceará
ou maniçoba ( M a n i h o t glaziovii) e o guaiule ( P a r t h e n i u m a r g e n t a t u m ) na
A m érica do N o rte .
107
O B ra s il fo i o grande b eneficiá rio da elevação do preço da
borracha, p rincipalm ente a da H e v e a spp., situação que prevaleceu até o
in íc io do século X X quando o Sudeste A siá tic o começou a lançar no
mercado, a preços m u ito baixos, a borracha de plantação.
A ampla o fe rta de borracha de H e v e a a preço re duzid o e de
qualidade sup e rio r, condicionou o to ta l desinteresse pela produção e
utiliza ç ã o de borrachas demanadas de espécies diferentes da do gênero
H e v e a que m uitas vezes p o ssu i u m látex com elevado teo r de resina,
depreciando a qualidade da borracha, além de e x ig ir, para seu
aproveitamento d isp end iosos processos de separação ( P I N H E I R O 1993).
O desinteresse pela borracha de outras espécies provocou a
erradicação de grandes plantações de F i c u s elastica na Á s ia e de
L a n d o p h i a m a d a g a s c a r i e n s i s nas colônias alemães na Á fric a Ocidental
( W E B S T E R & B A U L K W I L L 1989).
N a s A m éricas, as plantações de M a n i h o t , F u n t u m i a e Castilloa
fo ra m sim plesm ente abandonadas, bem como o e x tra tiv ism o de todas as
borrachas, restando somente a borracha de H e v e a , procedente de c u ltiv o s
racionais, como a única m atéria-prim a elastom étrica a ser oferecida e
consum ida nos mercados internacionais.
A ocupação pelo exército japonês de toda a região p rodutora de
borracha no Sudeste A siá tic o , durante a Segunda Guerra M u n d ia l,
cortando o sup rim e n to dessa estratégica m atéria-prim a para as forças
aliadas, p rop orc io nou aos se ring a is n a tivos da Am azônia, bem como às
outras espécies la tic ífe ra s ocorrentes nos tró p ic o s americanos e africanos,
um tra n s itó rio su rto de interesse, quando os aliados, a qualquer custo e
preço, volta ra m à exploração de todas as p o ssív e is fontes de borracha
extra tiva. Nesse esfo rç o bélico, as borrachas de caucho, maniçoba e
mangabeira, volta ra m a se r prod uzida s para, m a is uma vez, term inada a
Segunda G uerra desaparecerem do mercado, relegadas a interesse
meramente h istó ric o ( W I S N I E W I S K I & M E L O 1984).
En tre ta n to esse interesse ocasional não fo i capaz de e stim u la r
novos estudos tecnológicos sobre essas borrachas e o n ív e l de
conhecimento que hoje se dispõe, data praticamente do fin a l do século
passado e in íc io do presente século. Fa ze m exceção duas im portantes
plantas da fa m ília C om positae, o guaiule ( P a r t h e n i u m argen t a t u m ) que
continua experim entalm ente sendo plantado e estudado nas áreas sem i-
áridas dos Esta d o s U n id o s, além do K o k -sa g h y z (Taraxacum sp.)
cultivad o como planta p rodutora de borracha ao su l da antiga U n iã o
So viétic a .
108
E m razão da im portância e do destaque a trib u íd os pelo mercado
consum idor à borracha de H e v e a , desde as p rim e ira s décadas do século
X X , as pesquisas tecnológicas e fitotécnicas convergiram para m e lh o r
entender a fis io lo g ia da produção do látex, a b io ssín te se da borracha, e a
composição do germ oplasma das H e v e a s p e rm itin d o que o m elhoram ento
genético criasse plantas cada vez m ais prod utivas e re siste n te s aos
in im ig o s na turais, buscando ainda m odelos m ais econômicos para a
coleta e processamento da borracha.
109
fa m ília s Apocinaceae, Moraceae, Asclepiadaceae e Euphorbiaceae. Nesta
ú ltim a fa m ília fazem exceção os gêneros M a n i h o t e H e v e a , nos quais os
vasos la tic ífe ro s são do tip o “ vasos a rticulados” , onde as células
alongam-se form ando d iv e rtíc u lo s e anastomosam-se umas às outras,
compondo verdadeiros re tíc u lo s d istrib u íd o s em mantos concêntricos,
regularm ente d isp o sto s como anéis no córtex das plantas. O s vasos
la tic ífe ro s restringem -se ao córtex ou casca das árvores não sendo
encontrados no lenho ou cerne das plantas.
O calibre dos vasos la tic ífe ro s e o núm ero de anéis ou m antos,
estão, norm alm ente, correlacionados, com a m a io r produção de látex.
Segundo M O R A E S & P A I V A (1 9 8 1 ) a articulação dos vasos la tic ífe ro s
é m u ito im portante na exploração das plantas arbóreas produtoras de
látex.
A e stru tu ra dos la tic ífe ro s d isp ostos em vasos articulados e a
capacidade que tem as H e v e a s de, rapidamente, regenerarem o látex
extra íd o pela sangria é que p e rm itira m a criação do sistem a idealizado
p o r R id le y , na M a lá sia , em fin s do século passado ( R I D L E Y 1 98 7). A
criação desse sistem a fo i um dos m ais im portantes eventos na
domesticação da H e v e a brasiliensis e que v ia b iliz o u a exploração
racional dos se ring a is de c u ltiv o em todo o m undo heveícola.
Nas plantas portadoras de vasos la tic ífe ro s ina rticula d os, a
extração do látex se procede de fo rm a exaustiva e m utila dora ,
provocando, quase sempre, a m orte das plantas.
O látex no gênero H e v e a
110
classificadas com “ borrachas fracas” . A Hevea bentamiana ganhou
im portância como fo n te fornecedora de germoplasma re sistente ao mal-
das-folhas ( M icrocyclus ulei) nos programas de hibridações
interespecíficas (H. brasiliensis X H . bentha m i a n à ) , visando obter, pelo
m elhoram ento genético, plantas re siste n te s e p rod utivas para a utiliza ç ã o
nas áreas de ocorrência do patógeno.
Estud a nd o as características quím icas, físic a s e fisico-m ecânicas
das borrachas prod uzida s por 8 espécies do gênero Hevea,
W IS N IE W S K I & M ELO (1 9 8 6 ) concluíram não haver diferenças
fundam entais entre espécies. A variação nos valores de “ Plasticidade
W a lla ce” , decorre m a is de fa to re s externos. A s borrachas de H e v e a que
se apresentam com teores elevados de re sina s, são produtos de
adulteração com agregação de o u tro s látices difere ntes dos de H e v e a .
111
folhas-de-flandres, de rebordo afiado que era in tro d u zid o na casca da
sering ueira , fixa n d o a tigela na planta. O látex acumulado era coletado e
conduzido ao “ ta p iri” , onde o se rin g u e iro p ro m o via a confecção dos
bolões de borracha agregando, a cada dia de sangria , novas quantidades
de borracha, espargindo sobre a bola, o látex coletado.
O látex é coagulado quando exposto à fumaça p rod uzida pela
queima de co quilho s de certas palm eiras ou ainda cavacos de madeira
dura. O fog o é fe ito sob uma campânula de b arro ou fe rro zincado,
term inando p o r uma pequena chaminé, fa c ilita n d o , dessa form a, o
contato da fumaça com a bola de borracha, girada sobre o fu m e iro .
O se rin g u e iro fa zia quím ica sem se aperceber. A pirogenação a
seco da madeira p ro d u z o ácido p iro le n h o so v o la tiliza d o . U m a das
frações do ácido p iro le n h o so é o ácido acético o qual, entrando em
contato com a borracha provoca a sua coagulação, aumentando
gradativamente o tamanho da bola de borracha.
E s ta m aneira de exp lo ra r a se rin g u e ira ainda hoje é praticada, da
mesma fo rm a , na extração e produção de borracha na m a io r parte dos
se ring a is silv e stre s da Am azônia.
A fo rm a como o se rin g u e iro praticava a sangria é chamada “ corte
amazônico” . É um sistem a descontínuo p o is o se rin g u e iro sempre deixa,
entre d o is sulcos, u m in te rstíc io ín te g ro da casca. O s sulcos têm o
com prim ento médio de 25 cm e ao co njunto vertica l dos sulcos dá-se o
nome de painel de corte. O sistem a d escontínuo tem o inconveniente de
levar a sangria, rapidamente, até a base da planta e de não e x tra ir da
se ring ue ira a quantidade de látex que ela deveria p ro d u zir.
A e stru tu ra do sistem a la tic ífe ro em vasos articulados p e rm itiu que
R id le y em 1897 (loc. c it.) criasse o sistem a racional da sangria
denominada “ sistem a o rie n ta l” . N e ste sistem a é aberto u m sulco que
descrevendo uma e sp ira l, estendem-se pela metade do tronco da
sering ueira . A sangria nada m ais é que a reavificação da su p e rfíc ie de
corte, rem ovendo um a fin ís s im a camada da casca, praticamente,
reabrindo as extrem idades dos vasos la tic ífe ro s que haviam sido cortados
no dia a n te rio r de sangria. N o sistem a contínuo, o consum o de casca é
m u ito m enor, p e rm itin d o que a expansão do painel de corte até a base da
planta seja realizada em quatro a cinco anos, quando a sangria passa
para a outra metade do tronco, re ve stid o ainda com a casca virg em . O
p rim e iro ciclo de sangria é completado após 8 a 10 anos de exploração.
C ic lo s suc essivos alongam a vida econômica da se ring ueira para 25 a 3 0
anos após a p rim e ira sangria.
112
Na sangria, o látex que escorre na sup erfície de corte é canalizado
para a tigela de onde é norm alm ente coletado na form a de coágulos, ou
ainda, o látex é preservado com substâncias estabilizadoras a fim de ser
coletado na form a líq u id a .
O látex escorre na su p e rfíc ie de corte até a entrada em
funcionam ento de u m mecanismo fis io ló g ic o que determ ina a parada do
flu x o . O s responsáveis pelo mecanism o de cessação do escorrim ento do
látex são os “ lu to id e s” , que ao rom perem suas membranas externas
prom ovem a floculação das m icelas da borracha, nas extremidades dos
vasos la tic ífe ro s, provocando a coagulação da borracha e parada da
sangria.
E x is te m hoje substâncias capazes de bloquear, na sering ueira , o
mecanismo que prom ove a parada da exudação do látex, fazendo com
que a planta produza m ais borracha p o r dia de corte. A m ais eficiente
dessas substâncias é o etileno que tem a capacidade de re fo rç a r a
membrana que envolve o lu to id e , retardando seu rom pim ento. Graças a
essas substâncias denominadas estim ulantes a exem plo do dicloro-
e th ilfo sfô n ic o (E th e fo n ). a sangria da sering ueira que antes era praticada
em dias alternados, hoje a passou a se r praticada, em bases econômicas,
de quatro em quatro dias e até em uma única vez na semana, com
extra ord iná ria economia de mão-de-obra, componente m ais d ispendioso
na exploração do se ring a l de plantação.
N a atualidade, a borracha é coletada principalm ente na fo rm a de
coágulos e levada para processamento nas u sin a s de beneficiam ento. E s te
consiste em lavar os coágulos, re tira n d o sujidades e depois fragm enta-los
em pequenas partículas ou grânulos, que são colocados a secar em
estufas . O s grânulos, após a secagem, são prensados, em blocos e
entregues à in d ú stria na form a de “ borracha granulada” .
113
P ia u í, Ceará, norte de G oiás, chegando ao platô do nordeste de M a to
G ro sso .
No período áureo do e x tra tiv ism o da borracha, a maniçoba
mereceu lug a r de destaque como planta fornecedora de m aterial
elastom érico , tendo c o n trib u íd o para o desenvolvim ento econômico de
grande porção do nordeste b ra sile iro . P O L H A M U S (1 9 6 2 ) reporta que
grandes plantações de M a n i h o t piauiensis fo ra m estabelecidas nas
colônias alemães e inglesas na Á fric a Ocidental onde, a exem plo do
nordeste b ra sile iro , ocorrem longos períodos de estiagem, m u ito bem
suportados pela maniçobeira. E s te , p o r sin a l, f o i o m o tiv o que e stim u lo u
a F ire sto n e a estabelecer na região sem i-árida dos Esta d o s U n id o s,
p la n tio s experim entais para ava liar o comportamento das maniçobeiras
naquela região.
N o apogeu do e x tra tiv ism o da borracha a maniçoba ocupou lugar
de destaque, sendo que em 1 91 2 sua produção representou 1 0% da
borracha com ercializada no mercado internacional ( W I S N I E W S K I &
M ELO 1 98 3). C om o colapso do e x tra tiv ism o , a “ceará rub be r”
desapareceu do mercado e, a ssim como as borrachas e xtra tivas da
A m azônia, somente volta ra m a despertar passageiro interesse p o r ocasião
da Segunda G ue rra M u n d ia l.
114
é rem ovida após várias sangrias e o coágulo aplastado é denominado
“ maniçoba chapa” .
N o in íc io deste século Z I M M E R M A N N (1 9 3 4 ) desenvolveu nas
plantações alemães, na Á fric a O cidental, u m sistem a de sangria m ais
racional que c o nsistia em execução de um grande núm ero de pequenas
incisões h o rizo n ta is de 1 a 2 cm de com prim ento, aplicando sobre elas
com a u x ílio de u m pincel, solução de ácido c lo ríd ric o a 2 % . C om a
exudação, o látex coagulava na fo rm a de fita s que, em seguida, eram
colhidas. E s te sistem a recebeu o nome de “M éto do Le w a ” . A sangria,
neste caso, era menos traum atizante e praticada com m a io r freqüência,
p rod uzindo m a io r quantidade de borracha p or planta.
W IS N IE W S K I & M ELO (1 9 8 3 ) estudando as características
quím icas, físic a s e fisico-m ecânicas das borrachas do gênero M a n i o t ,
chegaram a im portantes conclusões: a borracha da maniçoba, apesar da
heterogeneidade, é pouco re sino sa , apresentando extratos acetônicos
ligeiram ente superiores às borrachas de Hevecr, quando processadas
em composições específicas, não apresentam qualquer problema
especial; em condições experim entais, as m istu ra s de borracha de
maniçoba e caucho em proporções ig ua is, apresentam propriedades
físico-m ecânicas comparáveis ao padrão “F im a A c re ” .
115
O látex de caucho desempenhou papel relevante dentre as
c iviliza ç õ e s pré-colombianas, d istrib u íd a s do M é x ic o ao Pe rú , que a ele
a trib uía m um v a lo r quase sagrado. So b esse aspecto a d ifu sã o de seu uso
somente f o i p o ssív e l em v irtu d e da alta estabilidade mecânica que
apresenta o látex do caucho, demorando vá ria s semanas para coagular.
Há in c o n fu n d ív e is in d íc io s, segundo PO LH A M U S (1 9 6 2 ) que na
A m azônia, berço da H e v e a , os n a tivos u tiliz a ra m p rim e iro o caucho
como fo n te do su p rim e n to de látex, p ois a sangria do caucho p rod uzia
látex de fo rm a m ais abundante. Som ente após a escassez das árvores de
caucho, abatidas na exploração do látex é que começaram a sangrar a
Hevea.
116
mesmo sulco. A s s im , para novas sangrias, o u tro s sulcos devem ser
abertos na casca v irg e m da planta. D e ssa maneira, o caucho suporta até
três sangrias p or ano.
E s s a técnica de sangria descrita é praticada no M é xic o e Am érica
C entral. N o B ra s il, o único método empregado na extração do látex do
caucho é abatendo a árvore. N e ste caso, escolhido o local para onde vai
tom bar a árvore ele é lim p o , o so lo aplainado e ligeiram ente compactado.
A nte s da árvore se r derrubada, com a u x ílio de u m facão, são abertos
sulcos p ro fund o s na base da árvore e ra íze s su p e rfic ia is. N o dia seguinte,
o coletor derruba a árvore e rapidamente, re a liza , com o facão, uma
profusã o de o u tro s cortes prom ovendo v á rio s andam entos no tronco e
galhos m a is g rossos. O so lo funciona como f ilt r o separando a borracha
do so ro e, 10 a 15 dias após a derrubada, as placas de borracha que se
fo rm a m são coletadas. À borracha a ssim obtida dá-se o nome de “ caucho
pancha” .
Segundo C A B R A L (1 9 4 6 ) nas regiões do Ju ru á e P u ru s é u tiliza d a
a in fu sã o de batatarana (H i p o m e a spp.) a f im de p rom over a coagulação
do látex do caucho. W I S N I E W S K I & M E L O (1 9 8 2 ) referem -se ainda à
coagulação com solução de sabão, concluindo que a borracha coagulada
por qualquer dos métodos é sempre de su p e rio r qualidade e com menos
im purezas que a coletada do solo. E s te s m esm os autores depois de
detalhados estudos quím icos e físico-m ecânicos com a borracha de
caucho concluíram : “ A borracha de caucho embora com desempenho
técnico in fe rio r às m elhores classes de borrachas de H e v e a , apresenta
propriedades e características su fic ie n te s para coloca-la ao n ív e l das boas
borrachas naturais
117
A m azônia b ra sile ira , o gênero S a p i u m não se d istin g u iu como plantas
produtoras de borracha, sendo conhecidas no B r a s il com o nome
genérico de m urupita, apresentando plantas cuja a ltura ascende a trin ta
m etros. L E C O I N T (1 9 4 7 ) rela tou que as m u ru p ita s eram exploradas com
a finalidade de e x tra ir látex que, dada às qualidades de sua borracha eram
m istura d as ao látex de H e v e a , p ro d u zin d o a borracha “ fin a fo rte ” ,
perfeitam ente aceita pelo mercado consum idor.
A exem plo de quase todas as plantas p rod utora s de borracha, as do
gênero S a p i u m , também possuem o sistem a la tic ífe ro form ado de vasos
ina rticula d os, o que fo i comprovado p o r M O R A E S & P A I V A (1 9 8 1 ). Na
A m azônia, as espécies m ais conhecidas como p rodutoras de borracha são
o S. taburu, ocorrendo na região do B a ix o A m azonas; S. h i p o m a n e ,
d istrib u íd o na região de mata do B a ix o Araguaia e vale do X in g ú ;
enquanto o S. m a r m i e r e , é m u ito freqüente ao longo dos rio s So lim õ e s e
Ta p a jó s. M a is recentemente fo ra m desenvolvidos estudos sobre as
características tecnológicas do S a p i u m aubletianum, ocorrente no R io
N e g ro , cujos resultados fo ra m m u ito interessantes ( P I N H E I R O 1993).
118
animadores resultados. D u a s dessas plantas, sangradas em meia espiral c
em dias alternados, chegaram a p ro d u zir mais de 4 0 gramas de borracha
seca por árvore e dia de corte, assemelhando-se, portanto, ao
desempenho de alguns clones de Hevea de produção média. A
continuação desses estudos aventa a possib ilid ad e da m urup ita v ir a ser
agronomicamente domesticada.
O s m inuciosa s exames quím ico s, fís ic o s e físico-m ecânicos
realizados com a borracha de m u ru p ita p or W I S N I W S K I & M ELO
(1 9 8 4 ), concluíram que essa borracha pode ser enquadrada nas m elhores
classes, guardando pleno para lelism o com as borrachas de H e v e a .
Referências bibliográficas
119
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cultivation. In: Memmier, K. ed. T h e s c i e n c e o f r u b b e r . New York, Reinhold,
1934.
120
Produtos manufaturados de borracha natural
Miguel P. R. Bitar
Introdução
121
m m m m ffi m
o o E LU o LU
Ü IL 1 L Ü O O
O o b je tivo do presente trabalho deve ser d iv id id o em duas partes.
■ P ro d u to s m anufaturados de borracha natural
■ P ro d u to s fabricados com borracha só lida e
■ P ro d u to s fabricados com borracha líq u id a (látex)
A referência aos p rod utos fabricados com borracha sólida im plica
em citarm os as borrachas obtidas das seguintes variedades:
■ H e v e a brasilienses
■ M a n i h o t Glaciovii (encontrada no Ceará)
■ Caucho (encontrada em A lta m ira , no Esta d o do Pará:)
■ Balata
■ C oquirana
A borracha obtida pela sangria da se ring ueira será submetida a
difere ntes métodos, no processo de beneficiam ento, resulta nd o produto
semi-acabado: borracha crepada ou borracha granulada, etc.
Para obterm os a borracha líq u id a , deverá se r adicionada solução
amoniacal, resulta nd o a ssim o látex, que também so fre rá beneficiam ento
(centrifugação). Não acrescentando a solução amoniacal à seiva da
sering ueira , a mesma “ coagula” , espontaneamente ou p o r adição acida de
fo rm a l ou de ácido acético, quando então poderá se r obtida placas de
borracha, p o r exemplo.
E s ta s placas subm etidas a compressão será classificada em
“cem abim v irg e m prensada: C V P ” . N o B r a s il estão sendo realizadas
tentativas para a produção de P B D , (placa b ra sile ira defumadas).
Inúm e ras tentativas tem sido fe ita s para e lim in a r a classificação
tra d iciona l, desde as origens do e x tra tiv ism o até a data de hoje, mas na
região amazônica, ainda existe m algumas reações contrárias a esta
orientação.
O prod uto semi-elaborado pode se r su b d ivid id o em:
■ B o rra c h a granuladas
■ Borra c h a crepada
■ F o lh a s fumadas
■ Placas b ra sile ira s defumadas
A borracha só lid a já sem i in d u stria liza d a será o fundam ento básico
para a form ulação de in úm ero s produtos. A m a io r parte dos a rtig os será
obtidos com a combinação de:
■ Borra c h a
■ E n x o fre
■ Aceleradores
■ C onservantes (anti-oxidantes e anti-ozonantes)
■ Cargas ativas
■ Cargas ine rtes
■ Cargas reforçadas
■ P la stific a n te s (naftenicos e arom áticos)
123
A s inúm eras composições seguem padrões específicos, mas grande
m a ioria são m antidas secretamente pelas in d ú stria s. Dam os a se g uir uma
sequência para uma composição de borracha:
C o n tro le de plasticidade
• D e natureza orgânica:
124
Borra c h a regeneradas, p la stific a n te s, hidrocarbonetos
só lid o s (parafina e ceras)
Ó leo s e resina s
Aceleradores de vulcanização
C orantes
• D e natureza inorgânica:
O x id o de zinco
O x id o de chumbo
O x id o de magnésio
Carbonetos
S u lfa to s
N e g ro de fu m o
O x id o de fe rro , de cromo, oxid o de titâ n io
125
das “ mantas” , que são obtidas no m istu ra d o r. Te m p o de armazenagem e
analise da qualidade da m istu ra recém-processada com identificação.
O s testes de u m produto vulcanizado são:
Dureza...................................................... ASTMD 1415-81
Treção..................................................... ABNT MB 57-68
Deformação permanente a compressão................. MB 383-68
Envelhecimento............................................................ MB394-67
Abrasão...................................................................... MB382-66
Rasgamento............................................ABNT MB 407-69
Para c o nc lu ir apresento sugestão para uma form ulação:
Borracha..............................................................100
Acido esteárico......................................................2
Oxido de zinco........................................................5
Antioxidantes........................................................ 1
Acelerador........................................................... 1 a í ,5
Enxofre................................................................ l a 2
D e acordo com a finalidade da composição haverá acréscimo de
o u tro s produtos. A lé m desta sugestão deverá se r p re v isto adição de
carbonatos, negro de fu m o , sílic a , caulim , talco, pigm entos e corantes.
126
Óleos essenciais da Amazônia:
inventário da flora aromática
n
José Guilherme S. Maia
Maria das Graças B. Zoghbi
Introdução
127
ou c ie ntific o . N o entanto, nada se d iz, ou se conhece, acerca do v a lo r
comercial destas plantas ou de seu aproveitam ento in d u stria l.
O elevado potencial da flo ra o d o rífe ra da A m azônia apresenta-se
como a fo n te renovável m ais apropriada para a produção de essências
aromáticas. Para ta l, tom a-se necessário aumentar a fonte de matéria-
p rim a da região, com o desenvolvim ento racional de novas cultura s,
preferentem ente de especies vegetais de ciclo vegetativo rápido, em áreas
adequadas e amparado em pesquisa agronôm ica bem direcionada.
En tre ta n to , antes de se alcançar esta etapa, é necessário conhecer a
composição quím ica de seus óleos essenciais e aromas a fim de avaliar o
v a lo r comercial de seus c o n stitu in te s vo lá te is, ou do “bouquet” oferecido
por estas m istu ra s, às in d ú stria s de p erfum es, cosméticos e de
medicamentos. Para se te r uma idéia da im portância deste segmento e o
que representa a região amazônica neste contexto, a importação b ra sile ira
de componentes v olá teis em 1993 ultrap assou U S $ 2 0 0 m ilh õ e s. E s te fato
re fle te o completo desconhecimento das potencialidades da flo ra
o d o rífe ra e da biodiversidade amazônica, que abriga em sua área
continental cerca de 1 0 % do p a trim ô n io genético de plantas vasculares
do planeta e m a io r porcentagem de anim ais ( N E L S O N , 1991). D a s 2 5 0
m il a 2 7 0 m il espécies de plantas vasculares existentes em nosso planeta,
170 m il são exclusivam ente tro p ic a is, 90 m il neotropicais e
aproximadamente 3 0 m il amazônicas. T a lv e z 5 m il diferentes espécies de
árvores exista m na A m azônia, contra 6 5 2 nativas em todo o continente
norte-am ericano ao no rte do M é xic o . E m apenas um hectare de flo re sta
amazônica é comum encontrar de 150 a 2 0 0 espécies d ifere ntes de
árvores, podendo chegar a 3 0 0 espécies d ifere ntes na A m azônia ocidental
( N E L S O N , 1 99 1). P o rta n to , tom a-se urgente o levantamento desta
riq ue za nativa.
A agilização do in v e n tá rio da flo ra o d o rífe ra da A m azônia, que
vem sendo realizado pelo no sso grupo desde 1980, propiciará uma
alternativa para o desenvolvim ento sustentado da região, antes que
m uita s das espécies o d o rífe ra s existentes atinjam pressão ambiental
indesejável e risc o de extinção. A u tiliza ç ã o econômica da flo ra o d orífera
de o u tro s países vem sendo fe ita exaustivam ente nos países m a i s
d esenvolvid os. A França, para dar u m exem plo, há m ais de u m século
explora suas essências nativas, p e rm itin d o a geração de empregos e de
riq ue za para uma grande parcela de cidadãos campesinos.
128
Revisão da literatura
129
competição com produtos sin té tic o s, estes ú ltim o s fornecidos pela
in d ú stria petroquím ica. N o entanto, para os óleos essenciais de origem
na tural m ais procurados, como pau-rosa, v e tiv e r, patchouli, p o r exemplo,
a form ulação sintética é bastante im provável, o que assegura o mercado
para os óleos naturais ( E R I C K S O N , 1976).
A produção de óleos essenciais vem sendo explorada
principalm ente em países em d esenvolvim ento, devido a m enor exigência
à a g ricultura p rim ária. A s s im é que Gautemala, ín d ia , C hina , E g ito ,
Indonésia, S ri La n ka , T u rq u ia e B r a s il, entre o u tro s, são grandes
exportadores de óleos essenciais. O s países do p rim e iro m undo im porta m
esta m atéria-prim a e lhe agregam v a lo r através de métodos de
purificação, destilação fracionada, preparação de derivados, isolam ento
de c o n stitu in te s e modificações quím icas ( C R A V E I R O & Q U E IR O Z ,
1993). N o ssa s m aiores exportações têm sid o para os Esta d o s U n id o s da
A m érica , Holanda, Japão, A rg e ntina , B é lg ic a e Ing la te rra ( S U D A M ,
1972).
A tivid a d e praticamente desconhecida, até o advento da exploração
da menta em 1936, a c ultura das plantas aromáticas no B r a s il ainda se
encontra em fase de implantação. A fo ra a menta, as explorações m ais
antigas de plantas aromáticas d ize m re sp eito à desordenada e p rejud icia l
devastação do pau-rosa da Am azônia, da canela-sassafrás de Santa
C atarina e de alguns destilados de ervas d iversa s u tiliza d a s em farmácias
provinc ia nas e saboneterias elementares com patíveis com a época.
A exploração do pau-rosa parece datar de 1850, sempre voltada
para a exportação. Sua p rim e ira exportação para a E u ro p a esta registrada
na G uiana Francesa, em 1883. N o B ra s il, sua in d u stria liza ç ã o iniciou-se
p o r v o lta de 1924, após investigação fe ita p o r M a lle t e João de So u za nas
matas de J u r iti V e lh o ( S U D A M , 1972). Desde esta época o pau-rosa vem
desaparecendo, e x istin d o agora somente no recôndito da flo re sta
amazônica, exigindo agora considerável e anti-econômico esforço para
tra n sp o rta r suas toras às usin a s de destilação, norm alm ente situadas em
flu tu a n te s e tra nsp ortá veis pelos rio s. Te n ta tiv a s de exploração p o r
p la n tio racional, ou busca sistem ática p o r espécies su b stitu ta s não
passaram de fases em brioná rias, ou fo ra m in fru tífe ra s . N um a planta
botanicamente bem distante, o nosso grupo descobriu na década de 7 0
que as fo lh a s de sacaca (C r o t o n cajucara, Euphorbiaceae) são uma fonte
rica de lin a lo l (cerca de 7 0 % ) , p rinc ip al c o n stitu in te v o lá til do óleo
essencial do pau-rosa, ( A R A Ú J O et al., 1 97 1) e que tra nsform a do em
acetato de lin a lila , c o n stitu i-se no in s u b s titu ív e l fix a d o r para as m ais
caras e im portantes fragrâncias comercializadas na Eu ro p a . Dados da
130
C A C E X (Banco do B ra s il) m o stra m que a região amazônica b ra sile ira ,
no período de 1979 a 1989 chegou a exportar m ais de 5 0 0 toneladas/ano
de óleo essencial de pau-rosa.
C om o fo i d ito , o óleo-resina de copaíba também é explorado
comercialmente na A m azônia. O bálsamo de copaíba fo i mencionado
pela p rim e ira vez n u m trabalho de Puchas, na Inglate rra , em 1625. O s
franceses fo ra m os que m ais se dedicaram ao estudo e exploração do
bálsamo de copaíba. Já no período da guerra de 1 91 4 se exportava cerca
de 3 0 a 5 0 toneladas de óleo-resina de copaíba ( F E R N A N D E S , 1 98 6). A
C o p a i f e r a multijuga, conhecida como copaíba-roxa, cujo óleo-resina é
c o n stitu íd o somente de hidrocarbonetos sesquiterpênicos, apresenta
d istrib u iç ã o geográfica entre o M é d io Ta p a jó s e toda a A m azônia
Ocidental. A s demais espécies exploradas comercialmente encerram em
seus óleo s-re sinas além dos hidrocarbonetos sesquiterpênicos,
sesquiterpenos oxigenados e d iterpenos. O óleo-resina de copaíba
apresenta propriedades m edicinais, com uso p op ula r em infecções, como
cicatrizante e antisséptico das v ia s u rin á ria s, sendo in d u stria liza d o p or
farm ácias no Pará e R io de Janeiro. É empregado também na in d ú stria de
v e rn ize s e cosm éticos. P o r essas características, o óleo-resina de copaíba
tem sid o u m produto de re la tiv o v a lo r na economia da Am azônia.
Som ente o Esta d o do A m azonas, no período de 197 4 a 1 97 9, exportou
4 3 0 toneladas para o e x te rio r e in te rn a liz o u no p ró p rio país outras 100,
a ufe rind o u m v a lo r médio anual de 2 15 m il dólares ( A L E N C A R , 1 982).
A cum arina é o p rin c ip a l c o n stitu in te das sementes de cumarú
(Dipteryx odorata), que ao serem extraídas p o r prensagem e álcool
e tílic o fornecem uma massa c rista lin a (3 -5 % de cum arina) que são
exportadas para u so em “bouquets” , p e rfu m a ria e aromatização de
tabacos. A s exportações de sementes de cum arú a tin g ira m a fa ixa de 10-
2 3 0 toneladas/ano entre 191 0 e 1 94 0, quando os Esta d o s U n id o s da
A m érica in ic ia ra m a aromatização de tabacos. N o s anos seguintes a
demanda aumentou pelo seu u so como arom atizante de bebidas
alcoólicas (w h isk e y e verm outh) e como su b stitu to de Vanilla (baunilha)
em balas e bom bons ( P E S C E , 1 9 8 5 ), decaindo nas duas ú ltim a s décadas
face as lim ita çõ es de uso o ra l im po sta s pelas agências de controle de
a lim ento s da Eu ro p a e Esta d o s U n id o s , p o r tratar-se de produto contendo
cum arina, com propriedade anti-coagulante.
C o m base nesta situação, o nosso grupo in ic io u em 1980 o
levantam ento m ais completo quanto p o ssív e l da flo ra o d o rífe ra da
A m a zô nia , do ponto de v ista botânico e q uím ico , visando in v e n ta ria r as
espécies vegetais que p ossuem óleos essenciais e c o n trib u ir
131
concrctamente para o seu aproveitam ento com ercial. N u m a p rim e ira
etapa, fo ra m realizadas expedições c ie n tífic a s nos Esta d o s do A m azona s,
Pará e A cre, tendo sid o coletadas m ais de 6 0 0 plantas, p erc orrid o s cerca
de S.OOOkm, com produção de m ais de 3 0 0 óleos essenciais. E s ta
p rim e ira fase fo i executada tendo como bases in stitu c io n a is o M u se u
Paraense E m ílio G o eld i ( M P E G ) , em B e lé m , e o In s titu to Na ciona l de
Pesquisas da A m a zônia ( IN P A ) , em M a naus. A Ta b e la 1 apresenta uma
relação de plantas aromáticas produtoras de óleos essenciais. N a presente
fase estão sendo inventariadas áreas dos Esta d o s do Am apá, R o ra im a e
M a to G ro sso , tendo como bases in stitu c io n a is o M u se u Paraense E m ílio
G o eldi e a U n ive rsid a d e Federal do Pará.
Os resultados deste esforço são apresentados neste trabalho,
m ostrando de fa to como é rica a flo ra o d o rífe ra da A m a zô n ia , qual a
experiencia tecnico-cientifica adquirida pelo grupo e qual a contribuição
efetiva para o D e se n v o lvim e n to Sustenta do da Região.
Metodologia
132
crom atografia líq u id a de alta eficiência ( C L A E ) e espectrom etrias no
in fra -ve rm e lho ( IV ) e de ressonância magnética nuclear ( R M N ) .
Família Espécie
Annonaceae A n n o n a a m b o ta y , A n n o n a sp., G u a t t e r i a fo lio s a , G u a tte r ia
sp., T etra m era n th u s d u c k e i,T e t r a m e r a n t h u s sp., X y lo p i a
n itid a , X .p o ly a n t h a
Aristolochiaceae A r i s t o l o c h i a r o d r ig u e s i
Bignoniaceae A d e n n o c a ly m m a a lli a c e u m , T a n a e c i u m n o c t u r n u m
P r o tiu m sp.
Caesalpiniaceae C o p a i f e r a d u c k e , C .m u lt i ju g a , C .r e t ic u la t a , C o p a ife r a sp.,
E p e r u a o le i fe r a , E .m u lt i ju g a
Cyperaceae C y p e r u s o d o r a tu s
Euphorbiaceae C ro to n c a ju c a r a , C .c a u l i c u l a r i s , C .c h a m a e d r if o liu s ,
C .la n j o u w e n s i s , C .lo b a t u s , C .m a t o u r e n s i s , C .m iq u e l e n s is ,
C .p a la n o s t i g m a , S a g o t i a r a c e m o s a
b a ls a m u m , O r m o s i a f l a v a , P o e c i l a n t h e p a r v i f lo r a
Gramineae C y m b o p o g o n c itr a tu s
Lamiaceae A e o la n th u s s u a v e o le n s , C o le u s a m b o in icu s , C .b a r b a t u s ,
H y p tis m u ta b ilis , H .s u a v e o le n s , H .g o y a z e n s is , H .c r e n a t a ,
H y p tis sp., M a r r u b iu m v u lg a r e , M a tr ic a r ia d is c o id e a ,
M en th a p i p e r it a , M e n th a sp., O c im u m b a s ilic u m ,
O .g r a tis s im u m , O .m ic r a n th u m , O .m in im u m , O c im u m sp.,
P o e o ste m o n h ey n ea n u s
Continua
133
Continuação.
F a m ília E spécie
Lauraceae A n ib a rosa eodora , A .b u r c h e l l i i , A .c a n e l i l l a , A .c i t r i f o li a ,
A .d u c k e i , A .f r a g r a n s , A .f ir m u la , A .g a r d n e r i , A .g u ia n e n s i s ,
A .h o s t m a n n ia n a , A .p a r v i f lo r a , A .p e r m o li s , A .p s e u d o c o t o ,
A .p u c h u r y - m in o r , A .r i p a r i a , A .s a n t a lo d o r a , A n ib a sp.,
C in n a m o m u m z e y la n ic u m , D ic y p e lliu m c a r y o p h y lla t u m ,
E n d lic h e r ia sp., L ic a r ia m a c r o p h y lla , L .p u c h u r y -m a j o r ,
E r ig id a , L .t e n u i c a r p a , L i c a r i a sp., N e c ta n d ra a m a zon u m ,
N. c u s p id a ta , N ec ta n d ra sp., O co te a b o is s ia n a ,
O. c a n a li c u la t a , O .c o s t u la t u m , O .c y m b a r u m , O .la x i f lo r a ,
O .p a u c i f l o r a , O .p e t a la n t h e r a , O c o t e a sp.
Mimosaceae P a r i d a o p p o s it if o li a
Monimiaceae S ip a r u n a a m a z ô n ic a , S .g u ia n e n s is , S .c u s p id a t a ,
S .lo r o t e n s is , S ip a r u n a sp.
Myristicaceae V i r o la s u r in a m e n s i s
Myrtaceae C a ly p t r a n t h e s spru cea n a , C a ly p t r a n t h e s sp., E u g e n ia
c o p a c a b a n e n s is , E .p u n i c i f o l i a , E .u n i flo r a , E u g e n ia sp.,
M y r c ia cu prea, M .p o ly a n t h a var. c o r ia c e a e , M .s e r v a t a ,
M .s y lv a t ic a , P s e u d o c a r y o p h y llu s p a b s t ia n u s
Phytolacaceae P e tiv e r ia a llia c e a
Piperaceae P ip e r h is p id in e r v iu m , P .a d u n c u m var. adu n cu m ,
P .a d u n c u m var. c o r d u la tu m , P .a m a z o n ic u m , P .a r b o r e u m ,
P . c a l lo s u m , P .c a v a lc a n t e i , P .c r a s s in e r v i u m ,
P .h o s t m a n n ia n u m , P . m a r g in a tu m , P .o t t o n o i d e s ,
P .r e t i c u la t u m , P i p e r sp.
Rutaceae E s e n b e c k ia a lm a w illia , P ilo c a r p u s g ig a n t e u s ,
P .m ic r o p h y llu s , P i l o c a r p u s sp.
Scrophulariaceae B a c o p a a q u a tic a , C o n o b e a s c o p a r io id e s
Verbenaceae L a n ta n a c a n ta r a , L a n ta n a sp., L i p p i a a lb a , L .g r a n d i s ,
L .o r i g a n o i d e s , L i p p i a sp., V ite x a g n u s -c a s t u s
Zingiberaceae A l p i n i a n u ta n s , A l p i n i a sp., R e n e a lm i a f l o r i b u n d a , Z i n g i b e r
o ffic in a lis
Resultados e discussão
134
classifica m os os óleos essenciais analisados, na fo rm a seguinte: com a
presença de c o n stitu in te v o lá til m a jo ritá rio na m istu ra (> 3 0 % ), com ação
inseticid a , com atividade biológica, com “ bouquets” apropriados à
in d ú stria de fragrâncias e cosm éticos, e com provável u so em
aromaterapia. A Ta b e la 2 apresenta uma relação de espécies aromáticas
que possuem componentes v o lá te is m a jo ritá rio s em seus óleos essenciais.
Espé cie s de A m b r o s i a , Ichthyothere e A rtemísia (Asteraceae) são
usadas p o r ín d io s e caboclos como repelente de in se to s, particularm ente
para pescar em rio s e lagos da região. O s componentes volá teis dos óleos
essenciais dessas espécies contêm sim ila rid a d e s, particularm ente dos
monoterpenos oxigenados cânfora, bom eol, acetato de b o rn ila e dos
hidrocarbonetos sesquiterpênicos (3-himachaleno e y-elemeno ( M A I A et
ai, 19 8 8 ; ZO G H BI et al, 1996; LU Z et ai, 1 996). C apim -lim ão
( C y m b o p o g o n citratus, Gram ineae) também apresenta ação repelente e
is to se deve a presença de c itra l (m istu ra dos aldeídos monoterpênicos
iso m é ric o s geranial e neral) em alta concentração no seu óleo essencial.
N o entanto, a m a io r descoberta neste campo fo i a pim enta longa ( P i p e r
hispidinervium, Piperaceae) do Esta d o do A c re, cujo óleo essencial
p o ssu i u m ó tim o rendim ento (3 ,5 a 5 ,5 % ) e um te o r de sa fro l m u ito
elevado (8 0 a 9 7 % ) . A F ig u ra 1 apresenta u m re la tó rio de análise da
pim enta longa, obtido p o r C G - E M . H á uma grande demanda no m undo
p o r óleo de sa fro l, tendo em v ista que este éter fe n ílic o é m atéria prim a
para a obtenção de piperonal (h e lio tro p in a ) e b u tó xid o de pip ero nila . O
p rim e iro é usado como fix a d o r na in d ú stria de fragrâncias e cosméticos.
O segundo é usado como agente sin e rg ístic o ju n to ao p ire triu m ,
c o nstituind o-se no único inseticid a na tural, de conotação “ verde” e
biodegradável, autorizado na Eu ro p a , E sta d o s U n id o s e Japão para o
controle de pragas no armazenamento e processam ento de alim entos e,
em uso doméstico.
A tua lm ente o óleo de sa fro l na tural u tiliz a d o pela in d ú stria é
obtido por destilação da madeira de espécies de Cinnamomum
(Lauraceae), que ocorrem na C h in a e V ie tn a m , através de exploração
predatória. O B r a s il já fo i o m a io r p ro d u to r de óleo de sa fro l quando
explorava a madeira de canela-sassafrás ( O c o t e a pretiosa, Lauraceae) de
Santa C atarina, u tiliza n d o o mesm o m odelo de exploração e com sérias
ameaças de extinção à espécie. O I B A M A p ro ib iu o seu corte em 1989.
O óleo essencial de pimenta longa ( P i p e r hispidinervium), u m arbusto de
l,8 0 m , é proveniente das fo lh a s e galhos fin o s , sem risc o de destruição
da espécie. O consum o m und ia l de óleo de sa fro l é da ordem de 2 .0 0 0
135
toneladas/ano, com preço no mercado internacional da ordem de
U S $ 5 .0 0 / q u ilo .
O grupo d e fin iu uma tecnologia para o c u ltiv o de pim enta longa
estabelecendo um sistem a de produção baseado nos seguintes
experim entos: enraizam ento de estacas, germinação de sementes,
produção de mudas, p la n tio , espaçamento, adubação, época e a ltura de
corte, secagem, destilação no campo e m onitoram ento q uím ico periódico
do óleo essencial, em cinco anos de trabalho com a planta. O c u ltiv o
m o stro u que a planta p o ssu i grande potencial podendo p ro d u z ir 100
toneladas de biom assa fresca p o r hectare/ano e, consequentemente, 100 0
q u ilo s de óleo essencial/ha/ano. A rusticidade da planta, a facilidade de
manejo e a sua adaptabilidade às condições adversas p e rm ite m que a
tecnologia gerada possa se r repassada im ediatam ente aos p rod utore s da
região, dando-lhes m a is uma alternativa agrícola para uso de suas terras
com so lo de baixa fe rtilid a d e .
A quase totalidade das espécies vegetais produtoras de óleos
essenciais apresenta u so na m edicina popular, no tratam ento das mais
d iversas doenças. N ã o são poucas as que fo ra m objeto de n o sso s estudos
e que tive ra m a validação das suas ações, preconizadas popularm ente,
p o r estudos farm acológicos. A s s im é que vindicá (Alpinia nutans,
Zingiberaceae) que tem o chá de suas fo lh a s usado popularm ente como
d iuré tic o e agente h ip o te n so r teve comprovadas estas atividades
( M A T O S , 1990), através de estudos farm acológicos. A ação hipotensora
do vindicá fo i recentemente atribuída ao te rp in e o l, o c o n stitu in te
p rinc ip a l do seu óleo essencial, que também p o ssu i potentes ações
cardiovasculares ( N A S C I M E N T O et al, 1 9 9 6 ). O chá das cascas de
casca-preciosa (A n i b a canelilla, Lauraceae) é usado para tra ta r d ia rréias,
dores-de-cabeça e como fe b rífu g o . E stu d o s farm acológicos evidenciaram
que o p rinc ip a l c o n stitu in te do seu óleo essencial, o l-n itro -2 -fe n ile ta n o
apresenta alta toxicidade especialmente à C o n d i d a albicans ( O G E R et
al, 1 994). O chá de capim -lim ão ( C y m b o p o g o n citratus, Gram ineae) é
usado nos d istú rb io s estom acais, como fe b rífu g o , calmante e h ip o te n so r.
E stu d o s farm acológicos dem onstraram que esta espécie apresenta
atividade depressora do S N C e analgésica, tendo como p rin c íp io s ativos
d ois dos m onoterpenos encontrados no seu óleo essencial, o c itra l e o
m irceno ( B R I T O & B R I T O , 1 99 3). O p op ula r alecrim , ou falsa-erva-
c id reira (Lippia alba, Verbenaceae) tem suas fo lh a s empregadas nos
estados g rip a is, to sse s, como antiespasmódica e calmante. Avaliação
biológica revelou que esta espécie apresenta efe ito na d im in u iç ã o do
tô nus in te stin a l, e fe ito analgésico e atividade citostática ( D l S T A S I et al,
136
1989). O seu óleo essencial p o ssu i fo rte atividade antifúngica frente a
patógenos como Trichophyton mentagrophytes var. interdigitale e
C a n d i d a albicans ( F U N & SV EN D SEN , 1 990). O óleo essencial de
erva-do-marajó (Lippia grandis, Verbenaceae) in ib iu 100% o
crescim ento do p ro to zo á rio Critidia fasciculata, usado como modelo de
T r i p a n o s s o m a cruzii, no estudo da doença de Chagas. E s ta atividade se
deve, provavelm ente, ao elevado te o r de tim o l e carvacrol, existentes no
óleo essencial de erva-do-marajó, que possuem atividade cercaricida e
bactericida. O breu-branco (P r o t i u m heptaphyllum, Burseraceae)
encontra uso popular no tratam ento da b ronq uite , tosse, dores-de-cabeça
e como antisséptico local. E stu d o s revelaram que o óleo essencial das
suas fo lh a s e fru to s apresenta atividade contra cercárias de S c h i s t o s o m a
m a n s o n i ; da mesma fo rm a o óleo essencial de caápeba-cheirosa (Piper
marginatum, Piperaceae) também apresenta sig n ific a n te atividade
cercaricida contra S . m a n s o n i ( F R I S C H K O R N e í ai, 1 978). O fa lso -
boldo, também conhecido como anador ( C o l e u s barbatus, Labiatae) e
usado para combater d istú rb io s gastro- in te stin a is, como no controle da
gastrite, dispepsia e comó estim ulante da digestão.
137
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Gottlieb,1981
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__________________________Tabela 2: Constituintes voláteis majoritários em plantas odoríferas da Amazônia______________________
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__________ Figura 1: Relatório de análise da pimenta longa por CG-EM
Quantitation Report File: PPA294
Data: PPA294. TI
03/07/95 13:46:00
Sample: PAA294
Conds.: 60C/240C 3C/MIN
Formula: - Instrument: FINN Weight: 0.000
Submitted by: LAD/MPEG Analyst: ELOISA ACCT. No.: 25
No Name
1 TERPINOLENE DB5-608
2 CYMEN-8-OL (P-) DB5-837
3 SAFROLE DB5-1101
4 METHYL EUGENOL DB5-1403
5 CARYOPHYLLENE (BETA-) DB5-1442
6 GERMACRENEB DB5-1632
7 PENTADECANE (C l5) DB5-1646
8 MYRISTICIN DB5-1691
9 ELEMICIN DB5-1772
10 NEROLIDOL (TRANS ) DB5-1796
11 SPATHULENOL DB5-1825
12 CARYOPHYLLENE OXIDE DB5-1837
13 GUAIOL DB5-1873
SCAW
T IM E
141
A n á lise se n so ria l dos óleos essenciais re sulta ntes deste
levantamento fo i realizada por especialistas suíços, m otivado pelo
interesse comercial de uma empresa internacional de p erfum es e
fragrâncias. E n tre os onze óleos considerados excelentes para a alta
p erfum a ria m und ia l, encontram-se os de envirataia ( A n n o n a a m b o t a y ,
Annonaceae), erva-de-são-joão ( E u p a t o r i u m maximiliani, Asteraceae),
capitiú (S i p a r u n a guianensis, M onim iaceae), arataciú, ( Sagotia
r a c e m o s a , Euphorbiaceae) e p ip rio ca ( C y p e r u s odoratus, Cyperaceae),
que nos parece com m a iores perspectivas de aproveitamento. Ó leos
essenciais com estas características, em geral não possuem c o n stitu in te
v o lá til m a jo ritá rio , ao c o n trá rio , o “ bouquet” agradável é sempre
resulta nte de uma m istu ra heterogênea de várias classes de com postos,
com predom inância dos hidrocarbonetos sesquiterpênicos. A erva-de-
são-joão, p o r exem plo, é uma planta daninha, u tiliza d a em banhos
arom áticos, p articularm ente durante as festivid ad es ju n in a s. In fe sta
pastagens, beiras de estradas e te rre n o s baldios. A análise do óleo
essencial de suas fo lh a s e galhos fin o s p e rm itiu a identificação de v in te e
o ito c o n stitu in te s v o lá te is. A Ta b e la 4 apresenta a composição quím ica
do óleo essencial de erva-de-são-joão ( M A I A , 1988).
142
d isso lv id o s cm soluções alcoólicas, e m u lsific a n te s e gorduras, penetram
na pele p o r massagens e p or inalação, ating ind o o cérebro através de
m ilha res de células se n sitiv a s, controlando as emoções do sistem a
lím b ic o e as funções do corpo, aumentando o bem estar fís ic o e
psicológico. Pla ntas nativas ou cultivadas na Eu ro p a , Á s ia e Á fric a são
empregadas em aromaterapia. D e n tre estas, são comuns no B ra s il, e
particularm ente na A m azônia, canela (C i n n a m o m u m zeylanicum,
Lauraceae), capim -lim ão (C y m b o p o g o n citratus, Gramineae) e
manjericão (O c i m u m basilicum, Lamiaceae). As propriedades
terapêuticas m ais com uns e popularmente a trib u íd a s à estas plantas são:
contra fadiga, ansiedade, depressão, dores-de-cabeça, problemas da pele
e como tônicas. O s problem as de saúde que m a is são tratados através dos
aromas das plantas são stre ss, sin u site , depressão, insônia , enxaqueca,
falta de concentração e problemas dig estivo s ( M c G I L V E R Y & R E E D ,
1993).
C om base nas inform ações de uso p opular, atividade biológica e
composição quím ica podemos su g e rir que alguns óleos essenciais de
plantas aromáticas da Am azônia, após cuidados e testes especiais de
tolerância, tenham perspectivas de u so em aromaterapia, como espécies
da fa m ília Asteraceae (E u p a t o r i u m maximiliani, Melampodium
camphoratum , W e d e l i a paludosa), de Lamiaceae ( C o l e u s barbatus,
Hyptis crenata, H. goyazensis, H. mutabilis, H . suaveolens, Ocimum
minimum, O. micranthum, O. gratissimum), Calyptranthes spruceana,
pertencente a fa m ília das M yrtaceae e R e n e a l m i a floribunda, uma
Zingiberaceae.
O grupo já publicou m a is de 5 0 trabalhos c ie n tífic o s sobre
óleos essenciais e aromas de plantas aromáticas e fru to s tro p ic a is da
Am azônia. N o m omento, está empenhado na conclusão de u m banco de
dados sobre o assunto, que será posto a disposição das comunidades
científica e em presarial, através da rede nacional de Pesq uisas e In te rn e t,
contendo inform ações completas sobre cada planta trabalhada, que vão
desde a identificação da planta, do seu ecossistem a, do rendim ento em
óleo, do u so popular, da composição quím ica e de sua perspectiva
econômica.
143
N o ta de agradecimentos
Referências bibliográficas
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146
Óleos essenciais da Amazônia:
métodos de análise
*
José Guilherme S. Maia^
Maria das Graças B. Zoghbi^
Alberdan Silva Santos***
L. Scott Ramos
Introdução
147
O aperfeiçoamento de colunas e novas fases estacionárias, a introdução
de am ostras, novos injeto res e o u tro s m elhoram entos fiz e ra m com que a
separação in d iv id u a l dos c o n stitu in te s de um a m istu ra P o r CG se
tom asse m ais fá c il. A combinação direta da crom atografia de gás à
espectrom etria de massas (C G -E M ), c o n stitu iu -se n o aperfeiçoamento de
um novo sistem a analítico com elevada capacidade de resolução para a
análise de óleos essenciais e aromas. A técnica de G C - E M fa z uso do
poder de separação do cromatógrafo de gás associada à inform ação
e stru tu ra l dos c o n stitu in te s, derivada do espectrôm etro de massas.
Para a análise da composição quím ica dos óleos essenciais e
aromas de plantas aromáticas e fru to s da região amazônica o nosso grupo
fe z uso da crom atografia de gás acoplada à espectrom etria de massas,
com a u x ílio de computador e bibliotecas de referências de susbstâncias-
padrão. A p rim e ira fase deste p rojeto fo i executada no IN P A , em
M anaus. A segunda fase vem sendo executada no M P E G , em B e lé m . O
presente trabalho aborda o progresso alcançado no u so dessa técnica.
Revisão da literatura
148
Em cromatogramas com plexos, uma fração apreciável dos
c o n stitu in te s é conhecida. Sua identificação por interpretação dos
correspondentes espectros de massas leva bastante tempo e a
confirm ação com u m espectro de massa autêntico é necessário. Se os
espectros de massas fo re m de fa to id ênticos, o tem po gasto será somente
aquele consum ido para a seleção e comparação dos espectros. P o rta n to , é
bastante lógico re d u z ir este processo, p or comparação d ireta do espectro
de massas em questão com uma coleção de m u ito s espectros de massas
conhecidos, elim inando a interpretação manual. O u so m ais generalizado
de sistem as C G - E M é a d isp onib ilid a d e de bibliotecas com m ais de
10.000 espectros de massas de referência, que requer u m computador
para efetuar o elevado núm ero de comparações necessárias. A
disponibilidade e o uso em la b o ra tó rio de sistem a C G - E M computado
riza do, é capaz de p ro d u zir 4 0 0 espectros de massas em in te rv a lo de
tempo necessário para c o rre r u m cromatograma de meia hora de duração.
A n á lise das técnicas descritas na lite ra tu ra revela que é p o ssív e l
id e n tific a r inequivocamente substâncias desconhecidas, ou in fo rm a r ao
operador do sistem a a natureza do desconhecido, p o r comparação de seu
espectro de massas com uma biblioteca de substâncias conhecidas.
T r ê s métodos com putadorizados são p o ssív e is de serem usados a
p a rtir de um espectro de massas para chegar a e stru tu ra da substância
( V E R N IN et al, 1 98 6, 1 98 7): (1) u m método esta tístic o chamado de
“ Reconhecim ento Padrão” , que co nsiste na u tiliza ç ã o de correlações
em píricas entre espectro e e stru tu ra , p e rm itin d o uma rápida classificação
do composto desconhecido em uma dada fa m ília q uím ica; (2) u m método
teórico de “Intelig ência A r t ific ia l” que consiste no desenho de uma
dedução lógica da inform ação e stru tu ra l, examinando d ifere ntes
espectros, interpretando o padrão de fragmentação e, então, comparando
o espectro teórico com o espectro desconhecido; (3) e u m método
comparativo, ou de “B u sc a na B ib lio te c a ” , que co nsiste em comparar o
espectro desconhecido com m u ito s espectros de uma biblioteca de
referência.
O uso de qualquer u m dos métodos citados acima exige uma
biblioteca de referência para le va r pelo menos à caracterização do
desconhecido. A s s im , A BRA H A M SO N & STEN H A G EN (1 9 6 4 )
propuseram o u so de computadores para este trabalho, que fo i
aperfeiçoado posteriorm ente p o r H E L L E R (1 9 7 4 ) e P E T I T J E A N (1 9 8 2 ).
Porém , não são m u ito s os programas de computação desenhados
especificamente para a identificação de com postos v o lá te is de óleos
essenciais e aromas. E n tre estes, os propostos p o r C R A V E I R O (1 9 8 0 ),
149
M U M & M C L A F F E R T Y (1 9 8 1 ), C H I E N (1 9 8 6 ), R A M O S et al (1 9 8 7 ),
A D A M S (1 9 8 9 ) e V E R N I N et al. (1 9 9 0 ). D e toda sorte, o uso destes
métodos envolve d ois estágios essenciais: (1) o estabelecimento de uma
biblioteca que solucione o problema de aquisição de dados e a sua
validação e, (2) a escolha de u m método de comparação entre espectros.
C R A V E IR O (1 9 8 0 ) fe z uso de trê s programas de computação
e sc rito s em linguagem B a sic para a análise de óleos essenciais do
N o rd este B ra s ile iro . E s te s programas ( Á R E A 1, K O V T 16 e B S K O 10)
fo ra m testados com ê x ito em 10 espécies de C r o t o n (Euphorbiaceae). O
programa Á R E A 1 f o i usado para calcular a área tota l dos picos, o
programa K O V T 16 para calcular os índices K o v a ts dos c o n stitu in te s
presentes e o programa B S K O 10 fo i usado para identificação automática
da substância p o r comparação de seu espectro de massas, através dos
“P ic o s In te rp re ta tiv o s V is u a is ” , que se ria m fragm entos de massas de
pequena intensidade porém , sig n ific a tiv o s na identificação de
determinadas classes quím icas, particularm ente, hidrocarbonetos
a lifá tic o s, terpenos e com postos aromáticos.
M UM & M C LA FFER TY (1 9 8 1 ) re visa ra m o programa S T I R S
( S e lf- T ra in in g Interp re ta tive and R e trie v a l Sy ste m ) que associou métodos
e sta tístic o s e teóricos na fragmentação de massa, além da busca em
biblioteca de referência com 1 3 .0 0 0 espectros.
C H I E N (1 9 8 6 ) descreveu um programa contendo u m arquivo de
dados in d iv id u a is para cada óleo essencial e u m d ire tó rio que liga todos
os a rq uivo s de dados, conjuntamente. Um arquivo de dados, por
exem plo, continha inform ações sobre a identidade dos componentes, seus
índices de retenção e percentuais no óleo essencial.
R A M O S et al (1 9 8 7 ) estabeleceram u m programa chamado O L E O
para a nalisa r automaticamente os espectros de massas e os tempos de
retenção re la tiv o s dos componentes v olá teis de óleos essenciais da
A m azônia. O programa f o i criado na linguagem de comando do sistem a
IN C O S , cativo do sistem a C G -E M Fin n ig a n , m odelo 4 .1 0 0 . E s te
program a fo i usado pelo nosso grupo e é d isc utid o no ite m de M a te ria l e
M éto do s.
A D A M S (1 9 8 9 ) fe z u so de um sistem a de detecção p o r armadilha
de ío n s (Io n T ra p D e te c to r Sy ste m ) para c ria r a sua p ró p ria biblioteca e
pesq uisar c o n stitu in te s v olá teis de óleos essenciais e aromas. U s o u o
program a I T D S (Io n T ra p D ete cto r So ftw a re ) p ro d u zid o pela Fin n ig a n
C o rp o ra tio n, com patível com o programa IN C O S , re fe rid o no parágrafo
acima e propriedade da mesma empresa. C om este sistem a o autor
p ro d u ziu uma biblioteca com 575 entradas, contendo espectros de
150
massas, tem pos dc retenção ( coluna capilar de sílic a , D B - 5 , 30m x 0 ,2 6
m m ), e stru tu ra s e sin ô n im a para os componentes v o lá te is que ocorrem
m ais comumente em óleos essenciais e aromas. O programa I T D S , a
semelhança do programa IN C O S usado pelo nosso grupo, perm ite trê s
tip o s de “buscas” na biblioteca: P U R I T Y , F T T e R E V E R S E F I T . U m a
“ busca” tip o P U R I T Y mede a semelhança do espectro desconhecido com
o espectro da biblioteca; uma “ busca” tip o F I T mede o grau em que o
espectro da biblioteca se superpõe ao espectro desconhecido, uma
“busca” tip o REV ERSE F IT mede o grau em que o espectro do
desconhecido se superpõe ao espectro da biblioteca. Quanto m ais
p ró x im o do v a lo r m á xim o (1 0 0 0 ), m a is provável será a identificação fe ita
com o a u x ílio dos parâm etros P U R I T Y , F I T e R E V E R S E F I T .
V E R N IN et a l.(1 9 9 0 ) cria ram o banco de dados S P E C M A e o
programa S I M P A para análise de óleos essenciais e aromas, dada a baixa
especificidade dos bancos de espectros de massas, d isp o n íve is no
mercado. O banco de dados S P E C M A fo i testado em m ais de 2 0 0 óleos
essenciais. O sistem a proposto u tiliz o u o índice K o v a ts para gerar dados
de tempo de retenção, p articularm ente porque este é m u ito pouco
influe nc ia d o p o r programações de tem peratura, norm alm ente usada em
crom atografia gás-líquido.
Material e métodos
151
e seu espectro de massas. O s R R T s (em relação ao pelargonato de m etila)
são calculados e armazenados p o r d o is program as cativos do sistem a
IN C O S , chamados C H R O e E D Q L . C om o program a E D Q L é p o ssív e l
também comparar-se os R R T s de componentes desconhecidos, com
aqueles das bibliotecas de referências. O a lg o ritm o de “ busca” da
biblioteca-padrão, in se rid o no so ftw a re do siste m a IN C O S , compara um
espectro desconhecido com aqueles da b iblioteca e prod uz parâmetros
denominados P U R I T Y (re la tiv o à superposição de unidades de massa e
suas intensidades) e F I T (re la tiv o ao grau pelo qual o espectro da
biblioteca se assemelha ao espectro do componente em análise). E s te
programa, chamado L I B R pode selecionar u m ou m ais dos com postos
que m ais se aproxim am (ou se assemelham) do c o n stitu in te desconhecido
, tra n sfe rin d o seu(s) nom e(s) para o u tro programa denominado E D L L .
A p ó s c o n firm a r a presença do padrão in te rn o ( P I) e selecionar alguns
picos do cromatograma, o program a in ic ia o processo de identificação
dos espectros de massas. A biblioteca de substâncias autênticas fo i
criada a p a rtir de com postos p u ro s, juntam ente com o padrão in te rn o , nas
condições analíticas da programação de tem peratura estabelecida para o
crom atógrafo de gás. O espectro de massa obtido é in se rid o na m em ória
do computador, associado com o u tro s dados como o R R T e o nome do
pico de referência. O s re sulta d os da “ busca” automática à biblioteca-
padrão são abreviados através da seleção dos espectros de massas que
possuem um v a lo r F I T m a io r que 9 0 0 . A n á lise de p rim e ira ordem é
processada pelo program a ED LL ( L ib ra ry L is t E d ito r) que,
tem porariam ente, chama o program a a u x ilia r E D Q L que contém somente
os dados do padrão in te rn o e do pico que está sendo analisado. O R R T
ob tid o no program a E D L L é levado à comparação com o R R T do pico.
Se estes d ois valores comparados p o ssu íre m uma diferença m e nor ou
ig ua l a 0 ,0 0 5 R R T , a identificação é confirm ada e o pico é subm etido a
quantificação fin a l. E s te re sulta d o é armazenado em uma lis ta separada,
ju n to com a id entificação obtida. En q u a n to is to , o programa seleciona o
p ró x im o pico do cromatograma e a seqüência acima se repete. H á
cam inhos a lte rn a tivo s se determinadas comparações falharem . Por
exem plo, se não h o u ve r nenhum re g istro com F I T p ró x im o de 9 0 0 , o
programa passa para uma b iblioteca alternativa, criada a p a rtir de
espectros de m assas de componentes volá teis desc rito s na lite ra tu ra , para
a qual não p o ssu ím o s am ostras autênticas, nem dados de R R T para o tip o
de coluna usada ( S E - 5 4 ou D B -5 ). A u tilid a d e desta biblioteca é
alternativa e serve para se ob ter inform ações da classe a que pertence o
composto desconhecido. Na “ busca” à biblioteca a lterna tiva os
152
parâmetros P U R I T Y (m áxim o de 8 0 0 ) e F I T (m áxim o de 9 0 0 ) são
u tiliza d o s. Quando atinge ou ultrapassa os valores m áxim os, m u ito
provavelm ente trata-se de um c o n stitu in te autêntico da m istu ra , ou de u m
isôm ero relacionado aos com postos da biblioteca-padrão. Se a busca
fa lh a r na consulta à biblioteca alternativa, o pico é chamado de
“ desconhecido” e, esta diferenciação aos demais picos acompanha toda a
varredura do íon-cromatograma, até a etapa de quantificação fin a l. O
programa consulta, p o r ú ltim o , a b iblioteca cativa ( N IH / E P A ) do sistem a
C G - E M , contendo somente dados de espectrós de massas.
A segunda fase do levantamento da flo ra aromática da A m azônia
vem sendo executada no Departam ento de Botâ nic a do M u se u Paraense
E m ílio G o eldi, em Be lé m . U tiliz a - s e u m sistem a C G - E M Fin n ig a n ,
m odelo IN C O S X L , quadrupolo, coluna capilar de sílic a D B - 5 (3 0 m x
0 ,2 6 m m ), em fase ligada, com se is bibliotecas de referências. As
bibliotecas W ile y / N B S (N a tio n a l B u re a u Sy ste m ) com 5 3 .0 0 0 espectros
de massas de compostos orgânicos, G P ( General Purp o se ) com 4 .8 0 0
espectros de massas de c o n stitu in te s v olá teis e T R (Te rp e n o s) com 5 9 0
espectros de massas e tempos de retenção de terpenóides, são cativas do
sistem a C G - E M . A s bibliotecas J A (Janet/Alberdan) e V A (V o lá te is/
A lim e n to s), respectivamente com 162 espectros de massas de
substâncias-padrão e 1.6 0 0 espectros de massas de c o n stitu in te s voláteis
comumente encontrados em alim ento s, fo ra m criadas pelo no sso grupo.
A s bibliotecas O E e E O , citadas no parágrafo a nterior, permanecem
sendo usadas no novo sistem a analítico.
N e sta segunda fase do p rojeto vêm-se u tiliza n d o o sistem a IN C O S ,
cativo do C G -E M F in n ig a n m odelo X L, na identificação dos
c o n stitu in te s vo lá te is de óleos essenciais e aromas da região, tendo em
v ista a disp onibilida de de u m núm ero m a io r de bibliotecas de referências.
O programa O L E O , previamente u tiliz a d o para identificação automática,
está sendo reestruturado para adaptação às novas bibliotecas.
Presentem ente, o sistem a IN C O S ao se r acionado re g istra o “ scan” do
c o n stitu in te em foco e armazena inform ações de seu tempo de retenção
( R T ) e espectro de massas. O s programas C H R O e E D Q L calculam e
comparam os R Ts do c o n stitu in te desconhecido com aqueles das
bibliotecas-padrão. A varredura (scan) do cromatograma é fe ita à cada
segundo e o seu v a lo r fin a l corresponde ao tempo de retenção do
c o n stitu in te na coluna. O a lg o ritm o de “busca” das bibliotecas-padrão
compara o espectro desconhecido com aqueles da biblioteca e p ro d u z os
parâm etros P U R IT Y e F IT , baseado nas mesmas v a riá ve is já
comentadas. A s etapas seguintes são as mesmas descritas no parágrafo
153
a nte rio r para o programa O L E O , com exceção de que o re la tó rio fin a l é
p ro d uzid o exclusivam ente p o r controle manual.
A lg u n s aperfeiçoamentos fo ra m fe ito s ao novo sistem a de
identificação dos c o n stitu in te s volá teis. O tempo de retenção re la tiv o
( R R T ) não é mais u tiliz a d o como na p rim e ira fase do projeto. O s tempos
de retenção ( R T ) agora obtidos correspondem ao valores a trib u íd o s aos
“ scans” , em função da varredura que o sistem a IN C O S fa z no
cromatograma a cada segundo. Por exem plo, o scan de oc-pineno
apresenta uma medida ig ua l a 3 1 8 e o seu tempo de retenção (coluna
D B - 5 ) corresponde a 5 m in u to s e 18 segundos que, tra nsform a do s em
segundos, to ta liza m 3 1 8 segundos. E s te ajuste p e rm itiu uma resposta
m a is precisa das bibliotecas-padrão, que possuem dados de tempo de
retenção programados à mesma tem peratura de análise da am ostra em
foco. O u tro exemplo, a biblioteca TR , cativa do sistem a C G - E M
F in n ig a n X L , p rod uzida com a mesma coluna ( D B - 5 ) usada pelo grupo,
pode ser acessada tanto para a comparação de seus espectros de massas,
quanto para os seus tem pos de retenção. E s ta p ossib ilid a d e, logicamente,
aumenta a confiabilidade na identificação dos c o n stitu in te s volá teis p o r
comparação com bibliotecas-padrão.
Com o a tendência m und ia l é u t iliz a r o índice K o v á ts ( I K ) para
m ensura r o tempo de retenção em crom atografia de gás de alta resolução,
o nosso grupo passou a adotar esta técnica, ao mesmo tempo que
prom oveu o seu aperfeiçoamento para a u tiliza ç ã o dos valores d escritos
na lite ra tu ra de in ú m e ro s componentes v o lá te is id entifica d os em óleos
essenciais e aromas. O índice K o v á ts ( K O V Á T S , 1958) é u m v a lo r
num érico in te iro , calculado para expressar o tem po de retenção de
c o n stitu in te s volá teis em determinada coluna, tendo p o r base os tempos
de retenção de hidrocarbonetos a lifá tic o s hom ólogos, co-injetados na
mesma amostra, ou mesma programação de temperatura. A sim p le s
interpolação entre os T R s dos c o n stitu in te s da am ostra e os valores de
TR e I K a trib uíd o s aos alcanos m ais p ró x im o s p erm ite a obtenção dos
índ ices K o v á ts para estes compostos. Com o o índice K o v á ts apresenta
nu la ou pequena variação com a programação de tem peratura em
crom atografia gás-líquido, S A N T O S (1 9 9 2 ) u so u a regressão lin e a r para
correlacionar T R s de c o n stitu in te s v olá teis de óleos essenciais da
A m azônia, com I K s da lite ra tu ra . En tre ta n to , como os valores calculados
apresentaram um desvio padrão elevado, o método re v isto e usado para
re d u z ir esta diferença f o i u m m odelo matemático de regressão p o lin o m ia l
de ordem su p e rio r ( S A N T O S , 1 99 6), que re d u ziu os desvios de I K s a
154
n ív e is aceitáveis ( 0 ,5 - 1 ,0 % ), p e rm itin d o m e lho r comparação com os
valores da litera tura .
Resultados e discussão
155
Constituintes RRT ID1 L.alba Lcam ara P .c a llo s u m M .c a m p h o
% % % rathu m %
n.i.2 0,386 3,3
Ciclofencheno 0,401 CG-EM 7,9
a-Pineno 0,402 CG-EM 1,1 0,3 4,5
Canfeno 0,437 CG-EM 0,6
Sabineno 0,485 CG-EM 8,2 0,6 11,8
(3-Pineno 0,492 CG-EM 0,3 1,6
n.i. 0,513 1,0
Mirceno 0,523 CG-EM 3,7 0,1 6,1
cc-Felandreno 0,546 CG-EM 1,4
A3-Careno 0,562 CG-EM 0,8 14,2
a-Terpineno 0,571 CG-EM 0,8
n.i. 0,580 0,9
p-Cimeno 0,587 CG-EM 0,3 0,4
Isosilvestreno 0,589 MS 1,0
Limoneno 0,597 CG-EM 18,4 0,2 14,9
1,8-Cineol 0,602 CG-EM 34,9 21,4 6,3
c is - P-Ocimeno 0,616 CG-EM 0,1 0,4
tram-p-Ocimeno 0,637 CG-EM 0,7 0,3 1,7
y-Terpineno 0,657 CG-EM 0,08 0,2 2,4 0,5
n.i. 0,673 0,9
a-Terpinoleno 0,718 CG-EM 0,03 0,6 32,6
n.i. 0,737 0,5
Linalol 0,743 CG-EM 0,7 0,6 1,1
n.i. 0,811 0,2
n.i. 0,820 0,2
n.i. 0,834 0,4
n.i. 0,880 0,8
Isopinocanfona 0,895 CG-EM 0,3
4-Terpineol 0,901 CG-EM 0,3 0,2 1,1
ot-Terpineol 0,929 CG-EM 1,3 0,8
Dihidrocarvona 0,942 CG-EN 0,7
n.i. 0,957 0,5
Ocimeno (a?) 1,044 MS 10,8
Piperitona 1,058 CG-EM 0,4
Acetato de 1,120 CG-EM 0,1
isobomila
Continua
156
Continuação
Constituintes RRT ID1 L.alba L .c a m a r a P .c a llo s u m M .ca m p h o
% % % ra th u m %
157
de referência e m a io r confiabilidade na identificação dos picos
representativos da amostra. U m exem plo do aperfeiçoamento desta
técnica se encontra na F ig u ra 1, com a análise do “ scan” de núm ero
1265 da amostra de óleos essencial de P r o t i u m llewelynii (Burseraceae).
O acesso à biblioteca T R , cativa do sistem a C G - E M F in n ig a n X L , com
7 9 0 espectros de massas e tem pos de retenção ( D B - 5 ) de terpenóides,
p e rm itiu comparar o scan 1265 da amostra, resultante da varredura do
íon-cromatograma, com o scan da b iblioteca id entifica d o como D B 5 -
1267. O a lg oritm o de busca do sistem a IN C O S compara os cinco
espectros de massas m ais prováveis da biblioteca (com base nos
parâmetros P U R I T Y e F T T ) e, complementarmente com o tempo de
retenção expresso no v a lo r do scan D B 5 - 1 2 6 7 (rank 2), que corresponde
a a-cubebeno. N e ste caso, a identificação é baseada p o r comparação de
espectros de massas e tempos de retenção autênticos Com o a
programação de análise a trib uíd a à uma biblioteca de referência nem
sempre é igual à programação de análise da amostra, os tempos de
retenção das substâncias-padrão desta biblioteca, provavelm ente,
poderão d ife rir dos tempos de retenção dos c o n stitu in te s da amostra.
N e ste caso, a comparação d ireta com bibliotecas de referência fica
invia b iliza d a . Para co ntorna r este problema fez-se uso de índ ices K o v a ts
( I K ) , que independem da programação de temperatura, para comparação
d ireta entre c o n stitu in te s da am ostra e substâncias-padrão das bibliotecas
de referência. A F ig u ra 2 expressa o uso do índice K o v á ts como a u x ílio à
identificação de c o n stitu in te s v o lá te is, com a análise do óleo essencial de
A n i b a citrifolia (La ura cea e ).Por exemplo, o scan a trib u íd o ao pico n° 10
é ig ua l a 6 3 9 . O v a lo r de seu tem po de retenção é 545 segundos, portanto
difere nte do v a lo r do scan. N e ste caso, a p a rtir do tem po de retenção
calcula-se o índice K o v á ts e compara-se com os valores padrões da
biblioteca de referência. Pa ra o pico de n° 10 o v a lo r calculado de I K fo i
1 0 6 0 e, para o y-terpineno da biblioteca o v a lo r de I K é também 1060.
N e ste caso, confirm a-se a identificação do pico n° 10 como sendo y-
terpineno.
158
Figura 1: Análise do óleo essencial de P r o t i u m lle w e ly n ii
com base no algoritmo de busca do Programa INCOS
159
F ig u ra 2: A n á lis e e id e n tific a ç ã o d o s c o n s titu in te s vo lá te is de
Aniba citrifolia co m o u so de ín d ic e K o vá ts
160
Agradecimentos
Referências bibliográficas
161
VERNIN, G., PETITJEAN, M„ POITE, J-C. & METZGER, J„ M a s s S p e c tr a
a n d K o v a t s I n d i c e s D a t a b a n k o f V o la t ile A r o m a in Computer
C om p ou d s,
Aids to Chemistry, Eds. G.Vernin and M.Chanon, John Wiley & Sons, New
York, 1986.
VERNIN, G., PETITJEAN, M. & METZGER, J., G a s C h r o m a t o g r a p h y - M a s s
S p e c t r o m e t r y o f E s s e n t i a l O ils , in Capillary Gas Chromatography in essential
Oil Analysis, Eds. P.Sandra and C.Bicchi, Huethig, Heidelberg, 1987.
VERNIN, G„ METZGER, J„ SUON, K-N., FRAISSE, D„ GHIGLIONE, C„
HAMOUD, A. & PARKANYI, G C - M S - S P E C M A B a n k A n a l y s i s o f E s s e n t i a l
O i l s a n d A r o m a s , Lebenim.-Wiss.u.-Technol. 23:25, 1990.
162
Pimenta-do-reino: óleo e oleorresina
Célio F. M. de Melo ^
José Furlan Júnior^
Sebastião Hühn
Introdução
163
A
164
Extração do óleo essencial e da resina
165
Figura 1: Fluxograma para a extração do óleo essencial e da resina de
pimenta-do-reino ( M E L O et ai, 1996).
166
A nalisando-se os resulta d os contidos na Ta b e la 1, ve rific o u -se que
são os m esm os perfeitam ente com patíveis com os apresentados na
lite ra tura especializada. ( J O S E 197 8 & M A T T E W 1978). C ontudo, como
os teores de óleo essencial determ inados em la b ora tório fo ra m bastante
superiores aos obtidos na u sin a -p ilo to , evidenciou-se a necessidade de
o tim iza r a extração através de ajustes na usin a e no processamento
tecnológico, p e rm itin d o , com isso , que os teores de re sina possam ,
também, ser m ais elevados.
Procedência Piperina
Produto Cultivar
(%)
Resina Cingapura Igarapé-Açu 35,24
Resina Bragantina Tomé-Açu 39,67
Grão Cingapura Igarapé-Açu 3,14
Grão Cingapura Capitão Poço 3,16
Grão Bragantina CPATU 3,52
Grão Cingapura CPATU 3,30
Grão laçará Capitão Poço 2,48
Grão Cingapura-branca Igarapé-Açu 3,99
Grão Cingapura Santa Maria 5,28
Grão Cingapura-chocha Igarapé-Açu 7,07
Fonte: MELO et al (1996).
167
O s resulta d os contidos na Ta b e la 2 encontram-se, também,
dentro dos lim ite s re fe rid o s na lite ra tu ra interna cional, com destaque
para o elevado te o r ( 7 ,0 7 % ) determ inado nos grãos de pim enta chocha da
c u ltiv a r Cingapura, coletada no m u n ic íp io de Igarapé-Açu.
168
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Oleorresina em pó
Considerações finais
170
• O s teores de p iperina encontrados na extração com álcool e tílic o
perm item su g e rir esse solvente com vantagem de custo e produção em
larga escala no B ra s il;
• A p ossib ilid ad e de transform ação do o leo rresina em pó perm ite
m e lho r homogeneização com p rod utos de umidade interm ediária.
• O o le o rre ssina em pó obtido na fo rm a de "absorbed p ow der" deve ser
u tiliz a d o imediatam ente, enquanto que o pó extraído do "sp ra y d ry e r"
é m ais estável, tendo como desvantagem o uso da goma arábica de
elevado custo.
Referências bibliográficas
171
Extração de óleo essencial de pimenta-do-reino
pelo processo de arraste de vapor úmido e
coobação em parelho de c l e v e n g e r , modificado
Sebastião H ü h n *
C é lio F . M . de M e lo *
Introdução
172
A destilação p o r coobação é semelhante a hidrodestilação, a
diferença entre as mesmas é que na p rim e ira a água destilada ao se
seperar do óleo no coletor, seja desperdiçada, neste processo, retomando
ao alambique, e evitando a perda de u m volum e considerável.
Te m -se observado que a pressão de vapor durante a destilação se
situ a em to rn o de 0 ,5 a 2 kg/cm2 para alambique com capacidade de 5 0 a
100 kg de m aterial, enquanto que para alambiques com 2 a 3 toneladas, é
recomendada a pressão de 3 a 5 kg/cm2 .
O tempo de destilação v a ria em função do tip o de m aterial
u tiliz a d o e do tamanho das p artículas da m atéria-prim a. A p ó s a moagem,
o tamanho recomendado é de 5 m m para sementes, ra íze s e tubérculos,
enquanto que para fo lh a s e talos é de 5 0 a 100 m m ; após a murcha de 3 a
5 dias à tem peratura ambiente.
Em p re sa s portuguesa, espanhola e sul-africana afirm a m que o
tempo de destilação varia de 2 a 5 horas para alambiques com capacidade
de 1 a 2 toneladas, enquanto no B r a s il empresas d estila m 2 toneladas de
E . citriodora em uma hora, E . globulus em 1,2 horas e E . staigeriana em
1,5 horas (Coppen et a lli, 1992).
173
para 2 horas, enquanto que in fe rio re s a 1% , estabeleceria um tempo
m édio de 3 horas.
O u tro problema observado em equipamentos de destilação de
óleos essenciais p or arraste de vapor, onde os coletores são acoplados em
sistem a fechado, é a ocorrência de turb ulê ncia s na pressão de vapor,
acarretando com isso perda de óleo essencial, que f lu i juntam ente com a
água elim inada do coletor. E s te fa to é comprovado quando se comparam
os desvios padrões dos rendim entos m édios dos óleos essenciais,
re sum ido no s Q uadros 3 e 4 , antes e após as alterações fe ita s n o sistem a.
N o p rim e iro , o cálculo forneceu u m desvio de sd = 1 ,0 7 6, enquanto que no
segundo, observou-se u m desvio de sd = 0 ,2 5 .
174
de vapor úmido (antes das alterações no coletor) e coobação em
aparelho de Clevenger, modificado).
X ,X = 8,73 X X 2 = 19,8735
-2
X= 1,746 X =3,9747
] T X = 3,65 £ x 2 = 2,9147
-2
X = 0,73 X = 0,58294
175
(sd = 0 ,2 5 ) re d u ziu para 2 1 ,4 % , a perda com relação ao obtido p or
coobação.
A comparação dos dados percentuais antes e após as m odificações
fe ita s no coletor, indica que ocorreu uma redução na perda de óleo de
3 5 ,2 0 % entre os d o is processos.
E m term os econômicos, esses re sulta d os são m u ito im portantes
não só para os em presários como para os fabricantes desses
equipamentos, que em função dessas observações, deverão redelinear
seus aparelhos, a fim de o tim iz a r os coletores de óleos com a fina lid a de
de c o rrig ir essas perdas que in flu e n c ia m n o s rendim entos da m a io ria dos
destiladores de óleos essenciais.
Considerações finais
• N o s equipamentos de destilação p o r arraste de vapor, os coletores não
devem se r acoplados em sistem as fechados, p o is ocasionam perdas;
• processo de coobação apresenta m a io r rendim ento na extração do óleo
essencial da pim enta-do-reino;
• A alteração fe ita no coletor p e rm itiu uma redução na perda do óleo do
processo p o r arraste de vapor de 3 5 ,2 0 % ; e
• tempo médio de destilação pode se r re d uzid o para trê s horas, sem
p re ju íz o do rendim ento, uma ve z que 8 0 % do óleo é extra íd o nas duas
p rim e ira s horas.
Referências bibliográficas
COPPEN, J:J.W. & HONE, G.A. E u c a ly p tu s o ils : a rev iew o f p r o d u c tio n a n d m a rk ets.
Natural Resources Institute., United Kingdom, n. 56, 45p.
MILCHARD, M.J. E s s e n tia l o ils : L e c t u r e n o te s o f a s e m in a r o n th e d is tilla tio n o f
e s s e n tia l o il. Belém-PA, FCAP. 1992. 30p.
MELO, C.F.M. de; HUHN, S; BARBO SA, W.C.; FURLAN JR, J.; ASAN O , K.;
OHMURA, T. E x tr a ç ã o e c a r a c te r iz a ç ã o d o ó le o e o le o r r e s in a d a p im e n ta -d o - r e in o .
In: EM BRAPA, Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental. Geração de
Tecnologia Agroindústrial para o desenvolvimento do trópico úmido. Belém:
EMBRAPA-CPATU/JICA, 1996. p. 125-138.
176
A
Inibidores de corrosão naturais
Introdução
177
C om relação a classificação dos in ib id o re s, existem d ifere ntes
fo rm a s de fazê-la. Especifica m ente no caso do óleo de copaiba
(Copaifera multijuga), m o tiv o deste trabalho, ele pode se r classifica do
como u m in ib id o r orgânico natural de corrosão. O s estudos relacionados
com a utiliza ç ã o de óleos de origem vegetal como in ib id o re s de corrosão
são cada vez m aiores, p rincipalm ente em função dos m esm os
apresentarem uma m enor to x id e z quando comparados com os seus
sim ila re s sinté tic o s (Sriva sta va e Sriva sta va , 1 98 1; Hanna et al, 1989).
Recentem ente, estudo realizado com o óleo de Copaiba (C O P ), o rig in á rio
da Am azônia, m ostra que este apresenta características de in ib id o r de
corrosão do aço em m eio de N a C l (Fra n c e sc h in i et al, 1995).
A ação in ib id o ra exercida p o r compostos orgânicos sobre a
dissolução de m ateriais m etálicos é norm alm ente atribuída a interação de
adsorção entre o in ib id o r e a su p e rfíc ie do m etal, embora alguns autores
considerem que este fenôm eno represente somente o p rim e iro estágio do
processo de inibição. O o b je tivo deste trabalho é in ve stig a r, através dos
re sulta d os experim entais de perda de massa, o efe ito do p H no processo
de adsorção dos componentes quím ico do C O P , responsável pela inibiçã o
da corrosão do aço em N a C l, nos p H 's 5 ; 7 e 9.
Materiais e métodos
178
destilada, álcool, acetona e secos em corrente de ar quente. A s suas
massas eram então determ inadas em balança analítica, antes e após terem
sido im e rso s na solução de N a C l.
To d a s as soluções usadas neste trabalho fo ra m preparadas a p a rtir
de reagentes P .A . em água destilada e os ensaios fo ra m conduzidos a
tem peratura de 2 5 °C . O s e le tró lito s u tiliza d o s nos ensaios eram soluções
de N a C l 3 % em p H 's 5 ; 7 e 9.
O tempo de im ersão fo i tomado de 1 a 5 dias, com o volum e da
solução de 2 5 0 m l u tiliz a d o para cada corpo de prova, que era trocado a
cada 2 4 horas. A p a rtir destes ensaios fo i determinada a velocidade de
corrosão, a eficiência do in ib id o r e o seu mecanismo de atuação.
Resultados e discussão
179
140
Tempo (dias)
Figura 3: Curvas de perda de massa do aço obtidas em NaCI (3%-25°C-pH=9).
180
26
□ pH 5
O pH 7
20
<2
£Í 15
E
;o
O)
10
O
D
2
5
% E = ab —-xlOO [1 ]
ab
onde: otj - sem in ib id o r e % - com in ib id o r
181
N o p H igual a 7 (F ig u ra 5 ), para concentrações de C O P superiores
a 0,1 % v/v, são encontradas eficiências em to m o de 8 5 % . E m m eio ácido,
para concentrações de C O P sup eriores a 0 ,l% v / v , a eficiência é próxim a
de 8 0 % . D e v id o a lim itação da so lub ilid ad e do óleo de Copaíba nos meio
estudados, não fo i p o ssív e l a realização de ensaios em concentrações de
C O P sup eriores a l,5 % v / v .
Observa-se na F ig u ra 6 ( p H = 7 ) que o coeficiente Oíjj/oq varia
linearm ente com a concentração de C O P (0 a 0,1 % V / V ) , m ostrando que
o m ecanismo de adsorção pode se r representado p o r uma isoterm a do
tip o de La n g m u ir (Equações [2 ] e [3 ]) , o que caracteriza uma adsorção
quím ica.
[3]
i H +K- c'
onde,
C o n e . I n i b i d o r (% V / V )
182
contra o lo g a rítim o da concentração do in ib id o r (C j), re su lta uma curva
em form a de “ S ” , que é característica de uma isoterm a de adsorção de
F ru m k im (Equação [4 ]).
8 [4]
-— - e x p ( - f G ) = K adsC j
1—u
onde: f=constante
183
Conclusões
Referências bibliográficas
184
Elaboração de produtos derivados do leite
adicionados de polpas de frutas amazônicas
*
Elisa Cristina A. Neves
Introdução
185
is to indica que o B ra s il está participando com somente 1,6% do
fornecim ento externo ( S U D A M , 1992).
As fru ta s Am azônicas ta is como: cupuaçu (T h e o b r o m a
G r a ndiflorum, Schum), m u ru c i (B y r s o n i m a crassifolia), taperebá
{Spondias m o m b i m L.) e bacuri ( Platonia insignis, M a r t ) apresentam
sabores e aromas característicos e m u ito apreciados não só pelos na tivos
da região bem como pelos tu rista s, tornando uma opção sua adição na
produção de p rod utos derivados do le ite como o io g u rte e doce de leite.
O cupuaçu ( T h e o b r o m a G r a ndiflorum, S c h u m ) apresenta quando
m aduro casca dura, lenhosa, cheiro pronunciado, cor m a rro m escura,
coberta de pelos pardos, que raspando-se de leve, aparece uma camada
verde clo ro fila d a p or baixo da camada pilosa . O fru to tem diâm etro e
com prim ento m édios de 10 e 2 0 cm, respectivam ente, variando o peso de
5 0 0 a 2 50 0g , com 45 a 5 0 sementes, revestidas e firm em ente aderidas p or
uma polpa amarelada, abundante, ácida, odor ativo, apresentando p H
aproximadamente igual a 3 ,2 e 1 0 ,8 ° B r ix ( C A V A L C A N T I, 1991;
C A L Z A V A R A , 1 98 4; B A R B O S A , 1978).
O m u ru c i (B y r s o n i m a crassifolia) apresenta diâm etro de 1,5 a 2
cm, endocarpo delgado, de cor amarela no fru to maduro, polpa pastosa,
amarela, com cerca de 5 m m de espessura de cheiro e sabor m u ito
característicos, com caroço arredondado ou ovalado, ríg id o
( C A V A L C A N T I , 1991).
O taperebá ( S p o n d i a s m o m b i m L.), também conhecido como cajá,
apresenta 3 a 4 cm de com prim ento, casca fin a , de cor amarelo-
alaranjado, polpa sucosa, doce acidulada, de sabor e cheiro m u ito
agradáveis, com caroço espesso ( C A V A L C A N T I , 1991).
O bacuri ( Platonia insignis, M a r t ) é uma das fru ta s m ais populares
do Pará, seu m a io r p rod utor. P o s s u i sabor e odor agradáveis e “ su i
g eneris” , é apreciado ao na tural e ainda como sorvete, creme, refresco e
pode fo rne c e r compota, geléia, purê e c rista liza d o ( B A R B O S A , 1978;
C A V A L C A N T I , 1991).
186
estado de saúde do anim al; higienização do anim al, do estábulo c do
ordenhador, equipamentos e u te n s ílio s de ordenha; tip o de ordenha;
manipulação do le ite ; condições de armazenamento; água u tiliza d a no
estábulo; condições de tra nsp orte e condições de saúde do ordenhador
( B E H M E R , 1 97 7; L O P E S , 1985).
Leite
Para produção de io gurte deve-se u tiliz a r le ite com acidez in fe rio r
a 2 0 ° D o m ic e o te o r de gordura deve se r padronizado, p ois in flu ê n c ia
no sabor, consistência e sobretudo no v a lo r energético do prod uto fin a l.
O io gurte pode se r elaborado com le ite inte gral, desnatado ou sem i
desnatado.
187
O te o r de só lid o s, extrato seco desengordurado( E S D ) , do le ite é
im portante na consistência do iogurte, p o is seu aumento d ific u lta a
sinerese, que é a separação do so ro. Para aumentar o teor de E S D do
leite, costuma-se adicionar 3 -4 % , em peso, de le ite em pó inte gral ou
desnatado, so ro em pó, ou concentrar o le ite através da evaporação
( T A M I N E & R O B I N S O N , 1981).
D IA C E T IL C O N SO M E 0 2
t t I
( In íc io da
e stim u la ^ sim b iose)
L a c to c o cc u s s a li v a r i u s s s p t h e r m o p h ilu s
<
Á C ID O Á C ID O L Á C T I C O Á C ID O
L Á C T IC O A M IN O Á C ID O S Á C ID O F Ó R M IC O L Á C T IC O
e stim ula estim üla estim ula inibe
▼
L a c t o b a c i l l u s helveticus s s p b u l g a r i c u s
Á C ID O L Á C T IC O
A C E T A L D E ÍD O
— ►
E O U TR O S
C O M P O S TO S
188
processo dc terapia dos anim ais, a n tib ió tic o s, ou re síd uos de d e sin
fetantes e detergentes ( B E H M E R , 1977).
O tratam ento térm ic o do le ite pode se r fe ito combinando os fatores
tempo-temperatura, como p or exem plo: aquecimento 8 0 a 88 ° C p o r 15
a 30 m in u to s; 9 0 0 C durante 2 a 3 m in u to s, 140 a 1 50 ° C durante 2 a 4
segundos para a e s te riliz a ç ã o .( T A M IN E & R O B IN S O N , 1981;
B R A N D Ã O , 1995)
Após o tratam ento térm ic o deve-se abaixar rapidamente a
temperatura do le ite até u m v a lo r conveniente para a inoculação da
cultura láctica. A tem peratura, após o re sfria m e n to , depende da
temperatura de fermentação que, na in d u stria , é geralmente de 4 2 a 4 4°C
( B R A N D Ã O , 1995).
189
A p ós o té rm in o da fermentação o io g u rte é agitado a 15 rp m com
batedor especial que não rompe as propriedades de viscosidade do
iogurte. E m seguida passa através de um disco de aço p erfurado dentro
da tubulação para d esfa zer p o ssív e is grum os (coágulos) , não d esfeito
com a agitação. O io g u rte é re sfria d o em trocador de calor de
placas com água gelada, até aproximadamente 3 - 5 °C , para
in te rro m p e r a fermentação.
190
adicionada ao iogurte juntam ente com o edulcorante a rtific ia l, aspartame,
nas concentrações adequadas.( S O U Z A et al, 1994)
A s concentrações necessárias de xarope de fru ta s Am azônicas
adicionadas ao iogurte, apresentadas na Ta b e la 1, são m aiores do que as
usualm ente utiliza d a s. Is to se deve a não existência, ainda no mercado,
de essências dessas fru ta s, o que c o n trib u iria m para re fo rça r o sabor.
To d o s os produtos elaborados apresentaram cor adequada, não sendo
necessário a adição de corantes. O io gurte de taperebá apresentou-se
m ais flu id o devido a m a io r concentração de xarope adicionado
( S A N T O S et al. 1995).
191
m ine ra l fix o ; no m áxim o, acidez ig ua l a 5 m l de so lu to alcalino norm al
p o r cento, pode se r adicionado de cacau, amendoim, coco, castanha-do-
Pará e outras substâncias aprovadas pela D I P O A ” ( R II S P O A , 1980).
192
tampas metálicas e ste riliza d a s, através da recravadeira de copos M etal
G ráfica R o je k .( L O P E S & N E V E S , 1995)
R e a liza -se o re sfria m e n to im ediato dos produtos envasados,
im ergindo os copos em recipiente com água corrente até o produto
a tin g ir a tem peratura ambiente. Os produtos obtidos podem ser
armazenados à tem peratura ambiente.
Segundo R Ü S P O A / M a o doce de le ite deverá apresentar no
m áxim o 3 0 % de umidade, sendo que o doce de le ite adicionado com
2 0 % de cupuaçu apresentou 2 0 ,3 9 % de umidade, portanto encontra-se
dentro das especificações. E s te p rod uto apresentou aceitabilidade m u ito
boa de 9 3 ,1 4 % .( L O P E S & N E V E S , 1 995)
Referências bibliográficas
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194
Conservação da pupunha (B a c t r i s G a s i p a e s ) por
enlatamento em líquido de cobertura
Cláudio Cavalcanti Ribeiro
Eliana Y. Fujiyama*
Introdução
A flo ra amazônica é m u ito rica em fru to s , alguns, como a pupunha
(Bactris gasipaes) de alto v a lo r n u tritiv o ( C A M P O S et al, 1 951). O s
fru to s da p upunheira são ric o s em proteínas, óleos, carboidratos, e vários
elementos como cálcio, fe rro , fó s fo ro , entre o u tro s e tem u m alto teo r de
vita m ina A , frequentem ente ausente da dieta tro p ica l ( C L E M E N T , 1991;
C A V A L C A N T E , 1991).
D u ra n te o decorrer dos séculos a pupunha se to m o u a palm eira
mais domesticada nas A m érica s, como testem unha a grande diversidade
de nom es, u so s e tamanho dos fru to s . Se u uso p rin c ip a l fo i como fru to
amidoso, cozido para consum o d ire to, ferm entado para fa ze r chicha, ou
m oído e seco para fa ze r fa rinha . U m a grande diversidade genética e
variadas preferências indígenas deram origem a m u ita s raça d istin ta s de
pupunha, que v a ria m no tamanho, fo rm a e composição do fru to
( C L E M E N T , 1 98 8).
A p upunheira fornece, ainda, excelente p a lm ito , podendo ser
explorada para ta l, à p a rtir dos trê s a quatro anos ( C A V A L C A N T E ,
1 976). C O S T A (1 9 9 2 ) processou p a lm ito da p upunheira e fe z u m estudo
comparativo das características fís ic a s, quím icas e se n so ria is deste
p a lm ito com aquele p rod uzid o à p a rtir da palm eira E u t e r p e oleracea
M a rt (açaí) no qual o p alm ito da pupunha apresentou aceitação
ligeiram ente su p e rio r ao de açaí, tradicionalm ente p ro d u zid o no estado
do Pará.
B A R B O S A (1 9 8 3 ), usando o processo de pasteurização, p ro d u ziu
pupunha u tiliz a n d o calda a 65 B r i x e salm oura com 2 0 e 5 0 % de sal. O s
resultados fo ra m razoáveis, com ausência to ta l de m icro rg anism o s
indesejáveis. O teste de preferência m o stro u m a io r aceitação do produto
em calda.
N e ste trabalho fo ra m d esenvolvidos quatro enlatamentos da
pupunha, em salm oura e em calda, conservados p o r esteriliza çã o ou p or
195
acidificação e pasteurização, com o o b je tivo de avaliar o grau de
aceitabilidade e a conservação destes prod utos.
Material e métodos
M a té ria P rim a
Sa l
U tiliz o u - s e sal re fina d o e iodado M A R L I N (C ia. In d u stria l do R io
Grande do N o rte , M a c a u -R N ).
Açúcar
C u r v a d e titu lação
196
P ro cessa m en to
LAVAGEM
U
SELEÇÃO
lí
PRÉ-AQUECIMENTO
U
DESCASCAM ENTO
lí
CORTE E DESCAROÇAM ENTO
lí
ENVAZAM ENTO
4
ADIÇÃO DO LÍQUIDO DE COBERTURA
lí
EXAUSTÃO
lí
R E CRAVAÇÃO
lí
TRATAMENTO TÉRMICO
U
RESFRIAMENTO
lí
ARMAZENAM ENTO
( 1)
c-=c>7f (%)
onde:
C c - concentração do ácido na calda
C p - Porcentagem de ácido obtido da curva de titulação para p H = 4 ,3
M p - massa da pupunha a se r colocada na lata
M c - massa da calda a se r colocada na lata
Exaustão
Recravação
198
As latas fo ra m recravadas em máquinas recravadeiras se m i
automática W A N K E (M e ta lú rg ic a H e n riq u e S /A - Inda ia l, S C ).
No caso dos p rod utos e ste riliza d o s, o tratam ento térm ico fo i
realizado em autoclave vertica l F A B B E , mod. 103 (Soc. Fabbe L td a , São
Pa ulo ), a 1 20 °C durante 3 0 m in u to s.
O tratam ento térm ic o dos produtos acidificados e pasteurizados fo i
realizado p o r im ersão em água em ebulição, durante 30 m in u to s, em
tacho encamisado F A B B E , mod. 1 8 1 A (Soc. Fabbe L td a , São Pa ulo).
Resfriam ento
A nálises físicas
199
b) A c id e z total titu lá v e l: determinada p o r titu lo m e tria com N a O H 0 ,1 N
tendo a fe n o lfta le ín a como ind icad or ( In s titu to A d o lfo L u t z , 1976).
c) T e o r de cloreto de sódio: determ inado de acordo com o In s titu to
A d o lfo L u t z (1 9 7 6 ).
A nálise sensorial
100% M (2)
A .P = ---------- K ’
7
onde:
M - média das notas obtidas
7 - nota máxima
Resultados e discussão
Matéria Prima
Caracterização F ís ic a
200
O s resultados obtidos no Ta b e la 1, m ostram que os valores estão
p ró xim o s dos resulta d os apresentados p o r C H A V E S et al (1 9 4 9 ).
Segundo estes autores, a polpa representa 7 5 ,2 % e semente 1 0 ,9 % do
fru to .
C urva de Titu la ç ã o
Pupunha Processada
Caracterização F ís ic a e Físic o -Q u ím ic a
A n á lise se n so ria l
201
diferença sig n ific a tiv a de aceitabilidade entre os produtos doces e
salgados e nem entre os p rod utos e ste riliza d o s e os acidificados e
pasteurizados.
202
em salmoura em calda pasteurizado pasteurizado
em salmoura em calda
Líquido de cobertura 5,3 5,1 4,3 4,1
Pupunha 5,3 5,1 4,3 4,1
Conclusões
Referências bibliográficas
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204
Planejamento e análise estatística de experimentos
aplicados ao beneficiamento de produtos naturais
Maria Elena S. Taqueda*
Cristiane M . L . Costa**
Lênio J. G. de Faria
Introdução
Revisão da literatura
205
J. W is h a rt, C . P . W in s o r, E . A . M its c h e rlic h , F . Y a te s e ou tro s, p o r volta
de 1 9 3 0 , mas, só a p a rtir de 1951, a R M S f o i form alm e nte desenvolvida
p or G .E .P . B O X e K . B . W ils o n e o u tro s colegas do Im p e ria l Chemical
In d u strie s na Inglaterra . O seu o b je tivo fo i e x p lo ra r relações existentes
entre algumas va riá re is que supostam ente in te rfe re m no processo
(conhecidas como va riá veis de entrada, v a riá ve is independentes ou
va riá ve is co ntrolá veis) com uma va riá ve l resposta (conhecida como
va riá vel dependente), tal como o re ndim ento do processo. Desde então,
vem sendo amplamente empregada em d iv e rso s campos, como
engenharia quím ica, desenvolvim entos in d u stria is, otim ização de
processos e pesquisas na a gricultura e na biolog ia , em simulação
computacional. Pode, in c lu siv e , ser aplicada em qualquer procedimento
experim ental.
A m etodologia da su p e rfíc ie de resposta consiste, portanto, de um
c o njunto de técnicas usadas no estudo e m p íric o das relações entre uma
ou m ais respostas, como rendim ento, viscosidade, etc. e outras variáveis
de entrada, como tempo, temperatura, concentração, catalisador, tip o de
so lvente empregado na extração, etc.
A técnica vem sendo empregada para responder questões do tip o :
• C om o uma resposta p a rtic u la r é afetada p o r u m dado co njunto de
v a riá v e is de entrada em u m espaço a m ostrai de interesse?
• Q ue co njunto de condições específicas das va riá veis de entrada
p ro d u z sim ultaneam ente as especificações desejadas para a resposta
estudada?
• Q ue valores específicos das va riá v e is de entrada p rod uz um
re ndim ento m áxim o para uma resposta específica, e qual a su p e rfíc ie
de resposta que contém esse m áxim o?
C om o ilustra çã o, podem-se citar alguns trabalhos desenvolvidos:
■ R O S E I R O , J. C. et al. (1 9 9 2 ), M é d iu m D evelop m ent fo r Xanthan
P ro d u c tio n , onde fo ra m usados p rojeto s de experim entos em todas as
etapas da pesquisa, para determ inar n ív e is ó tim o s de n u trie n te s para a
produção de Xantana por fermentação, com as su p e rfíc ie s de
respostas encontradas. F o ra m obtidas, também, inform ações sobre o *
m etab olism o da X a n t h o m a s campestris.
■ S C H M A L K O , M . E . et al. (1 9 9 6 ), A com p arision o f the d iffu s io n
m odel and the response surface m ethod ( R S M ) in estim a tin g the
d ry in g tim e o f ile x paraguariensis. N e ste trabalho, estim ou-se o tempo
de secagem de fo lh a s e caules, com d o is m étodos: a equação de F ic k e
o M é to d o da S u p e rfic ie de resposta. O s resulta d os m ostra ra m que a
R S M apresentou m elhores estim ativa s do que a Equação de F ic k . O s
206
e rro s médios fo ra m de 8 ,6 0 % e 2 4 ,4 5 % para fo lh a s e 9 ,6 4 c 2 4 ,8 6 %
para caules, respectivamente, para ambos os métodos.
■ A N D R A D E , G. M . S . (1 9 9 8 ), Hidrogenação catalítica do óleo de
maracujá (passiflora edulis ): estudo e otim ização das va riá veis de
processo. A hidrogenação do óleo da semente de maracujá fo i feita
empregando-se u m catalisador de níq uel suportado em sílic a , com o
ob jetivo de sa tura r parcial ou totalm ente as duplas ligações do óleo
insaturado. F o ra m realizados ensaios em difere ntes condições
reacionais para v e rific a r a in flu ê n c ia das variáveis independentes,
temperatura, pressão de hid ro gê nio, quantidade de catalisador,
velocidade de agitação e tem po reacional. A s va riá veis de resposta
estudadas fo ra m , índice de iôdo, concentração de ácido oléico,
concentração de ácido lin o lé ic o e concentração de isô m e ro s trans. O
estudo fo i realizado u tiliza n d o como m etodologia de p ro je to e análise
a técnica da su p e rfíc ie de resposta, associada à função desejabilidade,
v is to que, para a o tim iza r este processo têm-se que obedecer uma
série de re striç õ e s ditadas pelas respostas estudadas.
Metodologia
207
M odelos e projetos de primeira ordem
208
contínuas, como, p o r exem plo, a possib ilid ad e de se a justar modelos de
p rim e ira ordem. As va riá veis codificadas proporcionam facilidade
computacional, com aumento da exatidão na estim ativa dos coeficientes
do modelo e facilidade de interpretação dos coeficientes, p ois todas as
variáveis estão sendo estudadas d entro de um mesmo inte rva lo.
N o projeto fa to ria l completo em d ois n ív e is, pode-se trabalhar com
variáveis independentes q ua lita tiva s (decontínuas) ou quantitativas
(contínuas). O s n ív e is de cada variável podem se r codificados em n ív e l
baixo (-) e n ív e l alto (+ ), como m ostrado na Ta b e la 1. N o caso de se
trabalhar apenas com va riá veis quantitativas, quando os códigos são
su b stitu íd o s p or -1 e + 1 , para todas as variáveis independentes, esses
podem ser relacionados às va riá veis o rig in a is, conform e a relação lin e a r
mostrada na equação 1,
T -T
x = T .
1 min
- T
1 m ax
(1)
2 _
onde x é a variável codificada; T é a variável em unidades o rig in a is; T é
a média entre os va lore s do n ív e l baixo e do n ív e l alto da variável
o rig in a l; T ^ n é o v a lo r do n ív e l baixo da variável o rig in a l; T m x é o v a lo r
do n ív e l alto da variável o rig in a l.
Tabela 1: Notação mais conveniente e usual para a matriz de ensaios em
209
mediante a técnica do gradiente ascendente. P o r o u tro lado, se já há sinal
de curvatura do modelo (indicação de presença de m áxim os e/ou
m ín im o s), o p ro je to pode se r composto para se obter um modelo de
segunda ordem. A curvatura de u m m odelo é observada mediante a
realização do p ro je to fa to ria l completo ou fra c io n á rio com ensaios no
ponto central do d om ínio . C onvém le m b ra r que ensaios no ponto central
só poderão se r fe ito s com va riá veis independentes contínuas. U m a
descrição detalhada dos procedim entos de cálculo dos e fe itos das
v a riá ve is e avaliação de curvatura do m odelo encontra-se em B O X et al.
(1 9 7 8 ).
O espaço fa to ria l em d o is n ív e is pode se r representado
geometricamente p or: u m quadrado para k = 2 , u m cubo para k = 3 e um
hipercubo para k > 3 .
O gradiente ascendente
210
dc um m áxim o. Nesta região planeja-se um p rojeto dc segunda ordem,
isto é um p rojeto composto, capaz de a justa r um modelo quadrático.
Para descrever o método gradiente ascendente matematicamente,
começa-se assum indo hip erplano (m odelo de p rim e ira ordem ), do tip o:
k
y = b0 + X b iXi (2)
(3 )
211
se trabalha com k = 2 v a riá ve is independentes, ou podem se r interpretadas
matematicamente quando k > 2 .
A tua lm ente e x iste m programas e sta tístic o s para m icrocom putador
que a u x ilia m na construção dos p ro je to s e no tratam ento matemático dos
dados, mas Convém le m b ra r que o conhecimento p révio do assunto ajuda
o pesquisador a não fa z e r interpretações inc orreta s de cálculos corretos
( B O X et al., 1978).
A se g u ir será apresentada o estudo de caso com a aplicação da
técnica.
Estudo de caso
212
T abela 3: M atriz de Experimentos
Rendimento
C o rrid a s A B c D
(%)
1 -1 -1 -1 -1 5 ,1 5
2 +1 -1 -1 -1 6 ,6 5
3 -1 +1 -1 -1 4 ,7 9
4 +1 +1 -1 -1 6 ,9 8
5 -1 -1 +1 -1 7 ,5 0
6 +1 -1 +1 -1 8 ,4 6
7 -1 +1 +1 -1 7 ,8 0
8 +1 +1 +1 -1 9 ,0 6
9 -1 -1 -1 +1 6,8 3
10 +1 -1 -1 +1 9 ,5 0
11 -1 +1 -1 +1 9 ,0 6
12 +1 +1 -1 +1 19,19
13 -1 -1 +1 +1 8 ,1 9
14 +1 -1 +1 +1 17,38
15 -1 +1 +1 +1 11,81
16 +1 +1 +1 +1 2 3 ,5 2
17 -2 0 0 0 8 ,22
18 +2 0 0 0 9,41
19 0 -2 0 0 6 ,6 4
20 0 +2 0 0 9 ,0 4
21 0 0 -2 0 6 ,9 9
22 0 0 +2 0 13,31
23 0 0 0 -2 7 ,9 8
24 0 0 0 +2 17,61
25 0 0 0 0 8 ,5 0
26 0 0 0 0 9,01
27 0 0 0 0 9 ,9 2
28 0 0 0 0 13,23
213
havendo portanto a necessidade da confirm ação desta análise com base
na análise de variância apresentada na Ta b e la 5.
214
isoladas (A , B ,C e D ) e das combinações biná ria s A D e BD , pois são
e fe ito s que apresentam m enor probabilidade de estarem dentro da região
de hipótese nula (sem sig n ific â n c ia estatística para a resposta),
evidenciado pela ordem de grandeza dos valores num éricos da coluna de
probabilidade (P). As va riá ve is A, B, C e D têm seus efe itos
sig n ific a tiv o s, p o is, uma mudança, do n ív e l m ais baixo para o m ais alto,
nestas va riá veis ocasiona u m efe ito p o sitiv o na variável de resposta,
re ndim ento em no rb ixin a .
C om base nas va riá veis m ais in flu e n te s observadas na
análise acima, é p rop osto u m m odelo estatístic o para a extração de
n o rb ix in a , descrito pela equação 4, em função das variáveis codificadas
que apresentam sig n ific â n c ia para o ajuste proposto, segundo os
coeficientes de regressão apresentados na Ta b e la 6.
onde:
O H - 1 ,2 5 (5)
A =
0,25
215
(6)
t —45 (7 )
C=
15
T-6 5 ( 8)
D =
15
216
independentes o modelo proposto não representa m u ito bem os valores
experim entais do rendim ento, conform e observa-se pelo exame das
F ig u ra s 1, 2, 3, 4 e 5, cuja percentagem de n o rb ix in a estimada através das
sup e rfíc ie s re sulta m em valores abaixo dos obtidos experimentalm ente.
217
Figura 5: Superfície de resposta
rendimento em função 9 e t Figura 6 :Superfície de resposta
rendimento em função cp e T
Valnrps ftprtifriK *■
Figura 7: Comparação entre o
Figura 8 : Distribuição dos
modelo e os dados xperimentais
resíduos
218
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BOX, G. E. P e t a l. S t a tis tic s f o r E x p e r i m e n t e r s , New York, John Wiley & Sons,
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FERREIRA, M.F.P. O t i m i z a ç ã o d o P r o c e s s o d e E x t r a ç ã o d e N o r b i x i n a d e
S e m e n t e s d e U r u c u m ( B ix a o r e l la n a L ) . Belém, PIBIC/PROPESP/UFPA,
Introdução
220
im plicando cm perdas na quantidade de óleo extraído c na qualidade da
torta a ser u tiliza d a como ração anim al. O hexano ainda é o solvente mais
empregado, apesar de re striç õe s de alta inflam ab ilida d e e toxid ez. D e n tre
os outro s solventes líq u id o s testados nos processos de extração quím ica,
destacam-se os álcoois, porém sua utiliza ç ã o ainda se re strin g e à fa lta de
dados necessários para a avaliação e otim ização dos processos
(R E S E N D E e M A C IE L F IL H O , 1 9 9 5 ). A extração u tiliza n d o C 02
supercrítico, co nstitui-se nu m método não convencional de extração de
óleos vegetais com potencialidades fu tu ra s de s u b s titu ir a extração
hexânica, em razão deste solvente não apresentar os m esm os
inconvenientes do hexano, além do produto ob tid o p o ssu ir qualidade
su p e rio r aos alcançados com solventes líq u id o s. To d a v ia , o processo de
extração supercrítica ainda não compete economicamente com os atuais
processos co ntínuos de extração quím ica, estando em fase de
desenvolvim ento (P E N E D O e C O ELH O , 1997a; PEN ED O e
C O E L H O , 1997b ; A R A Ú J O e M E I R E L E S , 1 99 7).
Para alcançar o m áxim o de rendim ento e qualidade de óleo a um
custo m ín im o , as variáveis do processo devem se r cuidadosamente
controladas e suas in flu ê n c ia s na variável de resposta quantificadas,
sendo recomendado a utiliza ç ã o de experim entos estatisticam ente
planejados e técnicas de otim ização, que são ferram entas indispensáveis
de a u x ilio à pesquisa, p ois fornecem resulta d os a p a rtir de u m re d uzid o
núm ero de experim entos com se nsíve l aumento na precisão das in fo rm a
ções obtidas ( B O X et al., 1 9 7 8 ; A K H N A Z A R O V A e K A FA RO V ,
1982).
U m a das técnicas m ais u tiliza d a s é a M eto do lo gia de Su p e rfíc ie s
de Respo sta que im plica na representação de su p e rfíc ie s em três
dim ensões, demonstrando de fo rm a clara uma tendência na va riá vel de
resposta que deve ser analisada criteriosam ente. A p ó s a determinação da
região onde o rendim ento de óleo deve se r m a io r, busca-se um
detalhamento desta área visando obter-se as condições nas quais o
rendim ento será o m áxim o. O ponto de m a io r rendim ento pode ser
determinado p o r inspeção, no caso em que o núm ero de variáveis é
pequeno, ou p o r otim ização num érica ( N U N E S et al., 1994).
D esta fo rm a , visando o aproveitam ento econômico das sementes
de cupuaçu é realizada a otim ização dos parâm etros da extração quím icu
convencional u tiliza n d o hexano como solvente, com o ob jetivo dc
m a x im iza r o rendim ento em óleo, u tiliza n d o as técnicas de Plancjum cnto
F a to ria l de Ex p e rim e n to s e M eto do lo gia de S u p e rfíc ie s de Resposta.
221
Material
! * í £ ! ss u - í i t h • • t f *
222
T abela 1: Variáveis de entrada e seus respectivos níveis
V a riá v e is N ív e is
B a ix o (-) A lt o ( + )
C - S o lv e n te E ta n o l h exa no
D - R e la ç ã o m a te ria l/ so lv e n te 1/6 1/12
(m a ssa /m a ssa )
E - G ra n u lo m e tria (d iâ m e tro da 0 .0 7 cm 1 .2 4 cm
p a rtíc u la )
F - Is o la m e n to A u s e n te P re s e n te
G - A g ita ç ã o A u s e n te P re s e n te
223
Neste trabalho realiza-se u m p ro je to fa to ria l que conduz a apenas
16 corridas experim entais com os geradores E = A B C , F = B C D e G
= A C D , para uma mesma amostra, realizadas de fo rm a aleatória. A m a triz
de experim entos, com os valores da va riá vel de resposta (rendim ento, % ),
está sum arizada na Ta b e la 2.
C o rrid a s A B C D E F G R e n d im e n to (% )
1 1 2 ,0 8
2 + - - - + - + 3 ,2 6
3 - + - - + + - 4 ,4 2
4 + + - - - + + 1 3 ,6 0
5 - - + - + + + 1 5 ,4 5
6 + - + - - + - 5 3 ,2 0
7 - + + - - - + 4 8 ,0 3
8 + + + - + - - 7 ,4 4
9 - - - + - + + 2 1 ,5 0
10 + - - + + + - 6 ,1 2
11 - + - + + - + 5 ,6 9
12 + + - + - - - 2 4 ,1 2
13 - - + + + - - 9 ,5 3
14 + - + + - - + 5 7 ,0 4
15 - + + + - + - 5 2 ,8 3
16 + + + + + + + 8 ,8 4
224
O bserva-sc que as variáveis C e E são as que individualmente apresentam
efeitos mais significativos, con form e T abela 3 e 4.
A 0 ,5 1 1 2 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
B - 1,6 5 12 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
C 2 0 ,1 9 6 3 + / - 0 ,3 3 1 2 5
D 3 ,5 2 3 7 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
E - 2 7 ,7 0 6 3 + / - 0 ,3 3 1 2 5
F 1 ,0 9 62 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
G 0 ,4 5 8 7 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
A B + C E + FG - 1 4 ,7 5 3 7 + / - 0 ,3 3 1 2 5
AC + B E + DG - 0 ,3 4 1 2 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
A D + CG + E F 1 ,1 3 12 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
A E + BC + D F - 2 ,8 6 8 7 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
A F + BG + D E - 3 ,6 2 1 2 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
AG + B F + CD - 2 ,4 9 3 7 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
B D + C F + EG 0 ,9 7 3 7 5 + / - 0 ,3 3 1 2 5
Grande média 2 1 ,4 4 6 9 + / - 0 ,1 6 5 6 2 5
40 -
°r
Figura 3: Efeitos principais
225
Tabela 4: Análise de variância
Total 5760,12414 15 - - -
226
confundidas com outras combinações que podem ser sig n ific a tiv u s,
conform e indicado na Ta b e la 4.
As interações de dois fato res confundidas encontram-se
alinhadas, exceto a combinação A B + C E + F G , merecendo assim uma
interpretação cuidadosa, devido a mesma conter variáveis que
individ ua lm e nte são as m ais in flu e n te s ( C ,E ) , apresentando interação
entre as mesmas ( C E ) .
C onfirm a -se , pelo exame da F ig u ra 5, que os efe itos princip ais
m ais in flu e n te s são o solvente e a g ranulom etria, não tendo as demais
variáveis m a io r significâ ncia. A relação entre massa de m aterial e volum e
de solvente apresenta re la tiva in flu ê n c ia , podendo neste caso, u tiliz a r-se a
m enor relação nos processos de extração, apesar de obter-se rendim ento
m enor, v isto que o resultado obtido com a m a io r relação (1/12) não é
m u ito expressivo. Levando-se em consideração os gastos com o custo do
solvente, a m enor relação poderá se r utiliza d a .
Na F ig u ra 4, os e fe ito s das variáveis isoladas (C e E) e
combinadas duas a duas A B + C E + F G , podem também c o n firm a r os
efe itos mencionados anteriorm ente.
EGfca
CSd
.-,47537
AB+CE+R3
AF+BG+CE _ ■ ■ ■ -3.82125
D:Rei _ ■ ■ ■ 352375
AE+BOOF m || -286B75
m -Z 43375
AG+BF+CD
Bt ~ l A55125
1.13125
ADtOG+EF
1.06625
Rtod
0.97375
BDtCF+EG
A7HO _ | 0.51125
GAj
_| 045875
AC+BE+OG _ j -0.34125
0 5 10 15 20 25 30
E fe ito s
227
100
P = --------------- onde i representa o núm ero de ordem e m os efe itos
m
p rin c ip a is e interações (m = 1 4 ). O s efeitos, aproximados para duas casas
decimais, provém da Ta b e la 3.
i 1 2 3 4 5 6 7
Efeitos -27.71 -14.75 -3.62 -2.87 -2.49 -1.65 -0.34
I. E. E AB+CE AF+BG AE+BC AG+BF B AC+B
+ + + - + E+
FG DE DF CD DG
P(%) 3,6 10,7 17,9 25,0 32,1 39,3 46,4
i 8 9 10 11 12 13 14
Efeitos 0.46 0.51 0.97 1.10 1.13 3.52 20.19
I. E. G A BD+CF F AD+CG D C
+ +
EG EF
P(%) 53,6 60,7 67,9 75,0 82,1 89,3 96,4
N a qual:
I. E . = Identificação dos efeitos
P ( % ) = probabilidade
228
m > ) t
229
Nesse caso, não m ais ocorre co nfundim ento entre duas variáveis,
podendo a ssim id entifica r-se as va riá re is de real im portância sobre a
variável de resposta. É então proposto u m m odelo estatístico adequado
para o rendim ento em óleo, verificando-se a fa lta de ajuste através da
metodologia de sup e rfíc ie s de resposta.
A n a lisa n d o as p rim e ira s 16 corridas experim entais da
extração quím ica do óleo de cupuaçu, é ve rific a d o in flu ê n c ia sig n ific a tiv a
para as variáveis isoladas do processo (C , E ) e u m confundim ento, entre
as variáveis combinadas A B + C E + F G , sendo então necessário separar
estes efeitos. Para isto , faz-se a inversã o dos sin a is da coluna E ,
realizando novamente 16 corridas experim entais, conform e apresentado
na Ta b e la 6 (novo projeto). D e sta fo rm a , é p o ssív e l is o la r o efeito C E das
interações A B + F G , quantificando a in flu ê n c ia da combinação b inária
C E.
230
Tabela 7: Estim ativas dos efeitos (Novo projeto)
P ro je to o rig in a l N o v o P ro je to
1AB = -14,7537 -» AB + CE + FG 1’ab = 18,7988 -+ AB - CE + FG
1AC = -0,34125 —> AC + BE + DG l’AC = 0,84375 -+ AC - BE + DG
Iad = 1,13125 —» AD + CG + EF P ao = 5,78875 —» AD + CG - EF
Iae = -2,86875 -+ AE + BC + DF 1’ ae = -0,62125 -+ -AE + BC + DF
Iaf = -3,62125 -> AF + BG + DE 1’AF = 0,37875 -+ AF + BG - DE
1AG = -2,49375 -> AG + BF + CD 1’ac = -2,28875 -+ AG + BF + CD
1BD = 0,97375 —> BD + CF + EG 1’bd = -2,13375 -+ BD + CF - EG
Apresenta-se então uma análise visando separar os efeitos
confundidos para os contrates acima re fe rid o s. A estim ativa do efe ito dc
todas as interações binárias envolvendo a variável E é m ostrado a seguir,
exceto para o contraste I a g , pois o mesmo envolve a re fe rid a variável:
AB:
231
1 ( 1 AB - 1 ' a b ) = ^ ( - 1 4 . 7 5 3 7 - 1 8 . 7 9 8 8 ) = - 1 6 .7 7 6 3 - + C E
AC:
1 1
- a AC + 1 'a c ) = - (-0 .3 4 1 2 5 + 0 .8 4 3 7 5 ) = 0.25125 —» AC + DG
1 ( 1 AC - r AC) = 1 ( - 0 .3 4 1 2 5 - 0 .8 4 3 7 5 ) = -0 .5 9 2 5 -+ BE
AD:
1 (1 AD - T ad ) = ^ ( 1 .1 3 1 2 5 - 5 .7 8 8 7 5 ) = -2 .3 2 8 7 5 -> EF
A E:
A F:
1 ( 1 . + r . ) = 1 ( —3.62125 + 0.37875) = -1 .6 2 1 2 5 -+ A F + B G
BD:
1 (1 BD +1 ao ) = 1 ( 0 .9 7 3 7 5 - 2.13375) = - 0 .5 8 -> B D + CF
232
interação A B + C E + F G . Observa-se que as varáveis isoladas C (solvente)
e E (granulom etria ) são também as de m a io r significâ ncia estatística,
indicando que quando combinadas duas a duas leva riam a uma provável e
efetiva in flu ê n c ia na variável de resposta.
O aumento do rendim ento em óleo u tiliza n d o -se m aterial com
m enor granulom etria e hexano como solvente co nfirm a os dados
d isp o n íve is na lite ra tu ra ( R E Z E N D E e M A C I E L F I L H O , 1995) as quais
que indicam que este solvente apresenta m a io r rendim ento em relação aos
álcoois, e que a redução de tamanho do m aterial fa c ilita sobremaneira a
saída do óleo presente nos in te rtíc io s das sementes oleaginosas.
M e to d o lo g ia d e su p e rfície s de re sp o sta
G - Agitação Ausente
233
N a Ta be la 9 estão representadas as variáveis e os respectivos
n ív e is u tiliza d o s na otim ização do rendim ento da extração de óleo de
cupuaçu u tiliza nd o -se solvente orgânico.
234
Tabela 10: Matriz de experim entos da terceira fase do experim ento
G - 0 ,8 (3)
0 ,2
(4)
R end = - 7 ,3 + 0 ,2 5 t + 1 5 1,7G - 8,2 x 10 4 12 - 1 0 5 , 4 G 2
235
Tabela 11: Resultados para o ajuste do modelo
Variáveis Limite
Estimativa Erro Padrão Limite Inferior
Superior
Constante 65,268 1,86376 61,1141 69,4218
t 3,44199 1,01070 1,18941 5,69456
G -3,39532 1,01070 -5,64789 -1,14274
I -1,01064 1,01070 -3,26321 1,24193
TG 1,19625 1,31995 -1,74558 4,13808
t2 -2,95207 1,05127 -5,29507 -0,60906
G2 -4,21695 1,05127 -6,55995 -1,87395
I2 1,56005 1,05127 -0,78295 3,90305
236
Tabela 13: Análise de variância para a regressão
237
modelo proposto (equação 1), as quais apresentam valores negativos
indicando que a função p o ssu i u m m á xim o no ponto estacionário, como
pode ser visua liza d o na F ig u ra 6. P e lo exame das F ig u ra s 6 e 7 verifica-se
que os valores num éricos ó tim o s das va riá veis codificadas B e E , na
região estudada, são respectivamente 0 ,5 8 e -0,4. A s equações 2 e 3
fornecem valores para o tempo de extração igual a 1 55m in e
granulom etria do m aterial 0 ,7 2 m m que correspondem ao rendim ento
m áxim o.
A F ig u ra 8 representa a d istrib u iç ã o aleatória dos re síd uos, e
m o stra a ausência de u m com portam ento tendencioso, indicando que o
m odelo matemático descreve adequadamente os dados experim entais,
não havendo portanto qualquer inc onsistê ncia entre estes e os valores
calculados.
A comparação entre os valores experim entais e os calculados
através do modelo proposto para o rendim ento em óleo, indicada na
F ig u ra 9, m ostra a existência de u m bom ajuste entre os valores
observados e os p reditos.
5.7 -
3.7 - • •
1.7 -
Resíduos
-0.3 -
-2.3 -
' 4*3 L j_ _ i_
47 52 57 62 67 72
Valores Preditos
238
Valores Preditos
Conclusões
239
Cabe re ssa lta r que o modelo desenvolvido neste trabalho é
em pírico e não pode se r extrapolado além dos lim ite s dos valores das
va riá veis u tiliza d a s. C ontudo, a equação 0 4 pode p e rm itir o cálculo das
condições necessárias para se obter um rendim ento desejado em
equipamentos de extração convencional em pequena escala u tiliza n d o
solventes orgânicos líq u id o s. P a rtin d o das observações do processo em
escala de laboratório, m odelos sim ila re s podem se r desenvolvidos para o
processo em escala in d u stria l.
Referências bibliográficas
240
Campinas, Unicamp, 1997b (Anais do II Encontro sobre Hxtrnçflo
Supercrítica de Produtos Naturais).
PENEDO, P. L. M. e COELHO, G. L. V. P u r i f i c a ç ã o d e Ó l e o s V e g e t a i s p o r
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Encontro sobre Extração Supercrítica de Produtos Naturais).
RESENDE, D. F. e MACIEL FILHO, R. A n á l i s e d a s E t a p a s d e B e n e f i c i a m e n t o
d e Ó l e o s d e S e m e n t e s , Maringá: UEM, 1995 (Anais do XXIII Congresso
241
Extração com solvente em
condições supercríticas
N á d ia C r is t in a F . C o rrê a *
Introdução
*
Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Pará.
242
T c e pressão m enor que Pc, denom inou-se região gasosa, onde ocorre a
extração gasosa ( E G ) ; para a região de pressão m a io r que Pc, porém de
temperatura m enor que T c , denom inou-se a região líquida supcrcríticu
( L S C ) , onde ocorre a extração líq u id a supercrítica ( E L S C ) e finalm cntc,
acima da tem peratura e pressão c rític a s, denom inou-se região supercrítica
(S C ), onde ocorre a extração sup ercrítica ( E S C ) .
S = s ó lid o
L = líq u id o
G = gás
243
T a b e la i: C o m p a ra ç ã o e n tre a s p ro p rie d a d e s de gás,
líq u id o e flu id o s u p e rc rític o [R Y Z N ie ta iu , 1986a].
Massa
Difusividade Viscosidade
Estado Específica
(cm3/s) (g/cm s)
(g/cm3)
Gás
P=latm (0,6-2)0)xlO3 01-0,4 (1-31x1o4
T = 15-3CPC
Supercrítico
P=Pt,T=Tc 02-05 0,7x IO-3 (1-31x1o4
P=4Fc,T=Tc 0,4-09
02xl0-3 (3-91X104
liquido
P=latm 06-1,6 (02-2,0)xlO5 (02-3,0)x IO2
244
PRESSÃO REDUZIDA
DENSIDADE REDUZIDA
245
F ig u ra 3: V is c o s id a d e do D ióxido d e C a rb o n o (R E ID et alli, 1986).
246
G LA TZ, 1984; T A N IG U C H 1 et alli, 1985; B R U N E T T I et alli, 1989;
Q U E IR O Z , 1993; C A B R A L et alli, 1993; A R A Ú J O et alli, 1993 e
M E I R E L E S & N IC O L O V , 1994).
A seletividade na extração com flu id o supercrítico está
intim am ente ligada com o grau de solub iliza ç ão do so luto no solvente e
de sua volatilidade. É bem conhecido que, se os componentes de uma
m istu ra são quimicamente sim ila re s e d ife re m significa tivam ente em sua
volatilidade, a solução na fase gasosa dependerá da volatilidade dos
componentes. O mesmo é vá lid o para compostos orgânicos que são
quimicamente d iferentes e tem uma vola tilid ad e diferente. N o s casos em
que as substâncias são quim icam ente sim ila re s e com volatilidade
semelhantes, a seletividade pode se r melhorada com a adição de uma
substância m odificadora (co-solvente), cuja volatilidade está entre aquela
do c o nstituinte a ser separado e a do solvente, mudando a ssim as
características do sistem a frente ao e q u ilíb rio de fases das substâncias
( B R U N N E R , 1983).
Escolha do solvente
247
Tabela 2: Alguns solventes utilizados em EFSC (RIZVI e t a lli, 1986a).
Substância Temperatura Pressão Densidade
Crítica (K) Crítica (bar) Crítica
(g/cm3)
Metano 190,6 46,0 0,162
Etileno 282,9 50,3 0,218
Clorotrifluormetano 302,0 39,2 0,579
Dióxido de carbono 304,2 73,8 0,468
Etano 305,4 48,8 0,203
Propileno 365,0 46,2 0,233
Propano 369,8 42,4 0,217
Amónia 405,6 113,0 0,235
N-Pentano 469,6 33,7 0,237
Acetona 508,1 47,0 0,278
Metanol 512,6 80,9 0,272
Benzeno 562,1 48,9 0,302
Tolueno 591,7 41,1 0,292
Piridina 620.0 56,3 0,312
Água 647,3 220,0 0,322
248
tanto da temperatura quanto da pressão, aumentando com o aumento de
pressão e/ou com a d im inuição da temperatura ( M A R E N T I S , 1988).
A constante dielétrica é u m in d ic a tivo da polaridade do solvente. O
C O 2 líq u id o é um solvente apoiar, porém na fase supercrítica a sua
constante dielétrica aumenta com o aumento da pressão. Porta nto, através
do controle da pressão (ou através da adição de um co-solvente polar), a
seletividade do C O 2 sup ercrítico pode ser controlada ( M A R E N T I S ,
1988).
M c H U G H & K R U K O N I S (1 9 8 6 ) estudaram o comportamento da
d ifusivid a d e do C O 2 , onde ve rific a m que seus valores são bem m aiores
do que os valores de d ifu sivid a d e de solventes orgânicos convencionais,
tanto na região de L S B C quanto na região supercrítica.
Pressão Ibor)
V AN TAG EN S DESVANTAGENS
P o d e r solvente su fic ie n te . Elevada pressão de operação.
250
Figura 5: Fluxograma de um processo de extração a alta pressão
(HEDERER & HEIDEMEYER, 1985).
Aplicações
U m a característica im portante no flu id o supercrítico é o controle
do poder de solvatação. Q ualquer aumento no poder de solvatação de um
solvente aumenta não somente a so lub ilid ad e de u m dado so lu to , como
também o núm ero de com postos so lu b ilizá v e is (M c H U G H &
K R U K O N I S , 1986). N a F ig u ra 6, estão identificadas as áreas ótim as para
algumas aplicações de extração usando C O 2 sup ercrítico com variação no
poder de solvatação. Pode-se notar que a extração de aromas e óleos
essenciais ocorre u tiliza n d o -se o solvente em condições p róxim a s ao seu
ponto c rític o e que a obtenção de extratos to ta is de produtos naturais,
como oleoresinas de especiarias e óleos vegetais ocorrem em condições
de altas pressões, bem acima do ponto c rític o , e fin a lm e n te , as operações
de fracionam ento ocorrem com o emprego de grandes variações no poder
de solub iliza ção, numa ampla fa ixa de pressão.
O processo de extração com flu id o su p e rc rític o oferece várias
vantagens d istin ta s para o processamento de m atérias-prim as cosméticas.
C om o crescim ento do m ovim ento contra a poluição do m eio ambiente,
os p rod utos que u tiliz a m ingredientes extra íd os com C O 2 supercrítico
oferecem oportunidades únicas de m arketing. O u tra s vantagens são:
ausência de re síd uo s de solventes nos p rod utos; evita a contaminação dos
efluentes in d u stria is p or re stos de so lvente s; é um processo
ecologicamente com patível; perm ite a manutenção de determinadas
251
propriedades dos ingredientes cosm éticos; extração e/ou concentração de
componentes o d o rífe ro s ( K IN G , 1992).
A pesar da pouca aceitabilidade do processo, já existem alguns
processos de extração supercrítica em escala in d u stria l, como é o caso da
descafeínação do café desenvolvido p o r Z o z e l em 1978 e a extração de
lú p u lo e óleos essenciais ( A R A Ú J O , 1993). A lé m d isso , existem várias
patentes com processos aplicando a extração com flu id o a altas pressões
para a obtenção de p rod utos a lim e n tíc io s e farm acêuticos. U m a relação
destas patentes está publicado em M c H U G H & K R U K O N IS (1 9 9 4 ).
BRUN N ER (1 9 9 4 ), apresenta v á rio s trabalhos desenvolvidos na área,
bem como os p rin c íp io s fundam entais da extração com gás sup ercrítico.
P R E S S Ã O (bar)
252
Os trabalhos d esenvolvidos no B ra s il usando o processo dc
extração supercrítica, têm se direcionado para a área de produtos naturais,
enfocando o desenvolvim ento term odinâm ico e de transferência de massa
( A R A Ú J O , 1 99 3; A R A Ú J O e t a lli, 1993; A R A Ú J O , 1997; C A B R A L et
a lli, 1 9 9 4 ; C O R R Ê A , 1 99 4; C O R R Ê A e t a lli, 1991; F E R R E I R A , 1996;
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255
Extração de constituintes de óleos e gorduras
com dióxido de carbono supercrítico
M a rile n a E m m i A ra ú jo *
M a ria A n g e la A . M e ire le s * *
Introdução
*
Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Pará
**
Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (SP)
256
inflam ável, obtido com abundância e com alta pureza. P o ssu i umu
temperatura crític a (3 1 ,0 5 °C ) baixa, sendo portanto o solvente ideal pura
a área de extração, re fin o e fracionam ento de óleos e gorduras.
N o s anos 8 0 as pesquisas sobre a extração com C O 2 sup ercrítico de
óleos e gorduras se concentravam em estudos sobre óleos vegetais quanto
a composição do óleo, propriedades organolépticas e estabilidade
oxidativa, principalm ente de óleos de alto v a lo r comercial (com estíveis).
Basicam ente estes estudos fazem comparação entre a extração com C 0 2
supercrítico e o processo convencional com hexano. Paralelamente alguns
estudos apresentavam dados de solubilidade dos óleos em C 02
supercrítico ( F R J E D R I C H et al, 1982; F R I E D R I C H e PRYD E, 1984;
L I S T et al, 1984a,b; Z H A O et al, 1987).
E stu d o s m a is recentes apresentam a extração supercrítica com
aplicações para o re fin o (desodorização e desacidificação) de óleos
com estíveis ( Z I E G L E r e L I A W , 1 993); separação e fracionam ento de
ácidos graxos ( B H A R A T H et al, 1 99 3); extração seletiva de trig lic e ríd io s
( W E L L S , 1 99 0; N I L S S O N e H U D S O N , 1 9 9 3 ); como também o u so do
C 0 2 sup ercrítico associado a reações com enzim as para m o d ific a r
trig lic e ríd io s e ésteres ( A D S C H I R I et al, 1 99 2; S H I S H I K U R A et al,
1994).
A A m a zônia com sua rique za de espécies, p ossu i um enorme
potencial como fo n te de óleos vegetais. A s fru te ira s nativas, como o
Cupuaçu e o B a c u ri, de grande consum o na região pelo sabor inigualável
de suas polpas; ao lado do M aracujá que fo i in tro d u zid a e encontra na
região plenas condições de c u ltiv o , produzem grandes quantidades de
sementes que são consideradas re je ito s das in d ú stria s de suco
concentrado, sorvetes e doces. R e je ito s estes que representam para o
Cupuaçu, B a c u ri e M aracujá 1 6% , 1 8% e 20% dos fru to s,
respectivamente; e que apresentam rendim entos em óleos e gorduras
vegetais em to m o de 5 0 % , 5 5 % e 2 7 % respectivamente.
D e v id o às características da extração supercrítica, dentre elas, a de
p roporcionar a obtenção de produtos isento s de solvente, é u m processo
que tem despertado o interesse para pesquisas visando a obtenção de
produtos naturais de oleaginosas da A m azônia.
257
Extração e refino de óleos vegetais: aplicação da extração
supercrítica
258
Em geral a extração com flu id o supercrítico dc olcaginoNBN
(só lid o s) consiste cm duas etapas: a extração e a separação do extrato do
solvente. Na extração o solvente sup ercrítico f lu i através de um le ito fix o
de partículas sólidas e d isso lve os componentes extra íveis do só lido . O
solvente é alimentado no e xtra tor e d istrib u íd o uniform em ente na entrada
do le ito fix o . O solvente e os componentes so lú v e is saem do e xtra tor e
alim entam o separador ou precipitador onde se separam os produtos do
solvente sup ercrítico. O m ais sim p le s método para regeneração do
solvente, consiste na redução da densidade por expansão (abaixamento da
pressão), v is to que a baixas densidades o poder de solubilização do
solvente d im in u i e os produtos precipitam. D e n tre as variáveis
determinantes do processo estão as propriedades cinéticas (vazão do
solvente, etc..) e poder de solub iliza ção do solvente que dependem das
condições de operação ( P , T ) , do m aterial só lid o e do tip o de solvente
( B R U N E R , 1994).
N o processo de extração supercrítica em u m único estágio u m ou
mais com postos são separados da m istu ra . A extração de óleos vegetais
de sementes oleaginosas pertence a este tip o de processo.
Para extração de d iferentes componentes de uma m istu ra , a
extração em v á rio s estágios, para fatores de separação não m u ito altos
pode p ro d u zir d iferentes produtos. N a extração em m ú ltip lo s estágios,
tanto as condições de extração ( P , T ) quanto as condições de separação
( P , T ) podem v a ria r em cada estágio, então d iferentes componentes da
m istu ra são extraídos ou depositados u m após o o u tro . A tra vé s de suces
siva s reduções na pressão e aumento de temperatura, diferentes frações
são separadas de acordo com suas volatilidades ou suas solubilidades no
solvente supercrítico. Ex e m p lo s de aplicação deste tip o de processo são o
re fin o e o fracionam ento de óleos com estíveis ( B R U N E R , 1994).
C om baixos fatores de separação, a extração com flu id o
supercrítico pode ser eficiente para operação contínua de separação em
contra-corrente. Nesta form a, a extração supercrítica é comparável ao
processo de extração líq u id o -líq u id o . E x e m p lo s deste tip o de separação
inc lue m a separação de mono e d ig lic e ríd io s, separação de ácidos graxos
e separação de to c o fe ró is ( P E T E R , 1984; B R U N E R , 1994).
D e n tre as vantagens da operação em contra-corrente para uma
separação estão: redução da quantidade de solvente necessária e
possibilidade da obtenção de altas concentrações de extrato no solvente e
baixa concentração re sid ua l no refinado em comparação com o processo
em u m único estágio ou em m ú ltip lo s estágios. A extração em contra-
corrente é portanto ú t il para separações com alto fa to r de separação.
Poré m , a operação em contra-corrente é absolutamente necessária para
259
a tin g ir uma razoável separação entre duas substâncias com um fa to r de
separação relativam ente baixo.
O considerável interesse no d esenvolvim ento da extração com
C O 2 sup ercrítico pela in d ú stria de óleos e gorduras tem sido demonstrado
através de inúm eras publicações que envolvem o assunto. N as pesquisas
in ic ia is sobre a aplicação da extração supercrítica de sementes
oleaginosas u tiliza n d o o C 0 2 como solvente, fo ra m estudados o impacto
das condições de operação do processo ( T , P ) e do estado da matéria
p rim a (moída, flo c o s) em relação à qualidade do produto fin a l (sabor,
aparência e cor), quando comparados ao processo convencional.
F o i verifica do para os óleos de soja, g ira sso l e colza que o
rendim ento, cor, sabor e odor dos óleos extraídos com C 0 2 sup ercrítico
são dependentes da pressão e da temperatura de extração bem como do
tamanho c da fo rm a das partículas das sementes ( S T A H L et al, 1980).
E m estudos com a soja em C 0 2 supercrítico a pressões entre 2 0 0 e
6 0 0 bar e 5 0 °C , fo ra m ob tid os óleos m ais claros com m enor conteúdo em
fe rro e com 1/10 de fó s fo ro quando comparados com o óleo extraído com
hexano. O óleo re finad o obtido p or processo convencional e o óleo
extraído com C 0 2 sup ercrítico apresentaram inicialm ente odor e aroma
equivalentes que se m antiveram após 4 dias de armazenamento a 6 0 °C
( F R I E D R I C H et al, 1 98 2; F R I E D R I C H e P R Y D E , 1984).
Em b o ra esteja comprovada a obtenção de produtos de m elhor
qualidade e a sub stituiç ão de várias etapas do processo de re fin o de óleos
co m estíveis , o processo de extração com C 0 2 supercrítico não é ainda
largamente usado in d u stria lm e n te , devido ao fato da operação e x ig ir alto
inv e stim e n to e alto custo de operação, além de apresentar dificuldades
para operação em processo contínuo. Recentemente tem-se notícias de
duas aplicações in d u stria is no processamento de óleos e gorduras: a
extração de óleo de m ilh o p o r uma in d ú stria do Japão e a extração de
ácidos graxos da cevada p o r uma in d ú stria na Alem anha, ambas de
capacidade não divulgada ( S U T T E R et al, 1994).
O poder de fracionam ento do C 0 2 sup ercrítico fo i demonstrado
também em v á rio s casos como a separação de a lq u il esteres derivados de
óleo de peixe ( K R U K O N I S , 1 98 8; N I L S S O N et al, 1 98 6; N I L S S O N et
al, 1 9 8 8 ; R I Z V I et al, 1 98 8) e a remoção de mono e d ig lic e ríd io s de
trig lic e ríd io s ( N I L S S O N et al, 1991). Ta m b é m podemos cita r a separação
de to c o fe ró is de subprodutos da produção de óleo de soja refinado
( B R U N E R etal, 1 991).
Recentem ente os óleos de peixe têm atraído o interesse comercial e
acadêmico como uma fo n te de ácidos graxos polinsaturados,
particularm ente o ácido eicosapentaenóico, E P A (C 2 0 :5 0)3) e ácido
260
docosahexaenóico, DHA (C 2 2 :6 co3), os quais são reportados na
lite ra tura como apresentando potencial vantagens terapêuticas c
nutric io na is ( K I N S E L L A , 1986; K I N S E L L A et al, 1990; B E L D A c
P O U R C H E T - C A M P O S , 1991). E s s e s ácidos ocorrem naturalm ente, mas
suas concentrações são geralmente m u ito baixas (em to m o de 2 5 % ),
além do que os óleos de peixe contém num erosos o u tro s ácidos graxos. A
separação de ácidos graxos usando a destilação a vácuo convencional
necessita de tem peraturas relativam ente altas onde alguma decomposição
ou degradação pode ocorrer. To d o s esses estudos têm estim ulado
considerável interesse no desenvolvim ento de métodos m ais eficientes
para concentrar ácidos graxos p olinsaturados co-3 dos óleos m a rinhos. A
extração com C 02 sup ercrítico oferece grandes possiblidades de
concentrar seletivam ente estes ácidos graxos, quando o óleo é
esterificado e o processo de fracionam ento é empregado para separar os
ésteres e tílic o ou m e tílic o do óleo de peixe.
— Viscosidade — Solubilidade
Densidade ELV, ELL, etc...
— Coeficiente de Difusão — Coeficiente de Distribuição
Tensão Superficial Seletividade
— Taxa de Transf. de Massa — Pressão de Vapor
Coef. de Transf. de Massa Propriedades Críticas (Tc.Pc)
261
D e n tre as relações term odinâm icas, é de fundam ental im portância
o conhecimento do e q u ilíb rio de fases, nas condições de operação ( P , T ) ,
que fornecem dados sobre a solub ilid ad e e a seletividade dos so lu to s nos
solventes sup ercrítico s. O e q u ilíb rio de fases term odinâm ico determ ina os
lim ite s para a transferência de massa entre d ifere ntes fases, as quais estão
envo lvid o s em d iv e rso s processos de separação in c lu siv e a extração com
flu id o sup ercrítico ( B R U N E R , 1 99 4).
O projeto de extratores de le ito fix o requer o conhecimento de
variáveis como as taxas de extração, as d ifu sivid a d e s das substâncias
extraídas, a taxa de transferência de massa que é função do coeficiente de
transferência de massa, que p o r sua vez é função da so lubilidade
( F E R R E I R A , 1 9 9 6 ; R O D R I G U E S , 1996).
A precisão das inform ações relacionadas com as propriedades
físic a s e de transporte e as relações term odinâm icas e de transferência de
massa atingem diretam ente os custos de in v e stim e n to de unidades de
extração supercrítica. U m a e stim ativa de custo de uma planta de extração
supercrítica relacionada ao tamanho dos extratores a altas pressões fo i
apresentada p o r D O H R N (1 9 9 2 ) (Ta b e la 1).
262
O cálculo do e q u ilíb rio de fases com equações de estado cúbicas
requer inform ações sobre as propriedades físic a s dos c o n stitu in te s da
m istu ra e do solvente supercrítico , as regras de m istu ra que são relações
que expressam a dependência com a composição dos parâmetros da E D E .
A F ig u ra 2 apresenta as inform ações necessárias para a aplicação de uma
E D E para o cálculo do e q u ilíb rio de fases de sistem as m ulticom ponentes.
263
Quando se deseja estudar o comportamento das fases em
e q u ilíb rio , para sistem as m ulticom ponentes, d iv e rso s fatores devem ser
considerados. O com plexo comportamento das fases existente depende do
tip o do componente no sub strato ; suas vola tilid ad es; a densidade da fase
supercrítica e das interações biná ria s características dos compostos
e nvolvid o s ( B R U N E R e P E T E R , 1982).
A lite ra tu ra tem apresentado o estudo do e q u ilíb rio de fases de
sistem as com plexos (aquela m istu ra onde o núm ero de com postos total é
desconhecido e m u ito s não são id entifica d os) em C 0 2 sup ercrítico através
do cálculo do e q u ilíb rio u tiliza n d o uma equação de estado e d e fin in d o os
componentes chaves p o r grupos de funções orgânicas presentes, levando
em conta ps percentualmente m ais representativos ( T E M E U . T et al,
1990; A R A Ú J O et al, 1 9 9 4 ; F E R R E I R A , 1996)
A R A Ú J O et al (1 9 9 3 ) aplicaram a equação de P e n g -R o b in so n ,
com as regras de m istu ra de van der W a a ls com d ois parâm etros de
interação binária para predição do e q u ilíb rio líq uid o -va p or do sistem a
m ulticom ponente C 0 2/ m istu ra de ácidos graxos, baseado na composição
do óleo de semente de Tu c u m ã (A s t r o c a r y u m vulgare Mart.). O b tiveram
desvios na ordem de 10"3 (em fração m o la r) na predição da fase vapor
quando comparados a dados experim entais de so lubilidade do óleo de
Tu c u m ã em C 0 2 supercrítico .
U tiliz a n d o esta m etodologia, em representar um sistem a
complexo como são os óleos vegetais, p o r suas composições em ácidos
graxos, A R A Ú J O (1 9 9 7 ) aplicou a equação de P e n g -R o b in so n para
sim u la r o e q u ilíb rio de fases entre o C 0 2 e o óleo de P a lm iste , tendo
como ob je tivo s v e rific a r a capacidade da equação de P e n g -R o b in so n em
p re d ize r a so lubilidade de óleos vegetais em C 0 2 sup ercrítico e, v e rific a r
a in flu ê n c ia da composição in ic ia l do sistem a m ulticom ponente na
predição do e q u ilíb rio . F o i verifica do que a equação de P e n g -R o b in so n
descreveu m u ito bem o comportamento do óleo em C 0 2 su p e rc rític o em
ambas as fases quando comparados com dados experim entais e, que a
composição in ic ia l u tiliza d a para simulação in flu e n c ia os valores das
solub ilid ad es calculadas.
P o ste rio rm e n te A RA ÚJO e M E IR E L E S (1 9 9 7 ) estim aram as
solub ilid ad es dos óleos das sementes de Cupuaçu (T h e o b r o m a
g r a n d i f l o r u m ), B a c u ri ( Platonia insignis) e M aracujá ( Passiflora edulis)
em C 0 2 sup ercrítico , baseadas nas d iferentes composições em ácidos
graxos dos extratos obtidos a pressões entre 2 0 0 e 3 0 0 bar e a 3 2 3 ,1 5 K .
A equação de P e n g -R o b in so n com as regras de m istu ra de van der
W a a ls com d ois parâm etros fo i usada para sim u la r o e q u ilíb rio de fases
entre o d ió xid o de carbono e os óleos vegetais. Fo ra m considerados n u lo s
264
os parâmetros para as interações do tip o CCVac. graxo i, onde nflo
existem dados experim entais de e q u ilíb rio e, fora m também conside
rados n ulo s os parâmetros para as interações ac.graxo í/ac.graxo j.
A equação de P e n g -R o b in so n é dada por:
p ^ _ R T ____________a ( T ) (1)
V - b V(V + b ) + b { V - b )
am ~ X X x ix j a ij (2)
(3)
bm = X X x ix jb[j
(4)
ij = (a Ü a jj (l ~ ^ a ij )
(5)
265
representada pela soma dos quadrados dos e rro s re la tiv o s para a predição
das frações m olares nas fases líq u id a e vapor.
A s composições em ácidos graxos necessários para a estim ativa
das solub ilid ad es dos óleos vegetais em C 0 2, fo ra m determinadas p or
C rom atografia Gasosa e, estão apresentadas nas Ta be la s 2 a 4.
266
T a b e la 3: C o m p o s iç ã o em Á cid o s G ra x o s (% molai) pa ra as dife re n te s condlçO e»
de O p e ra çã o do Ó le o de B acuri.
Pressão (bar)
Ácidos Graxos
200 250 260 300
C-16:0 56,81 60,66 64,60 59,93
C-16:l 9,51 8,04 7,60 7,73
C-18:0 1,19 1,21 1,00 1,30
C-18:l 29,79 27,53 24,00 28,48
C-18:2 2,70 2,56 2,80 2,56
Rendimento (%) 48,2 47,5 52,52 53,40
* massa de extrato/massa de sólido seco.
M c o 2 -y c o 2
267
V e rific a -se que, apesar de, os teores dos ácidos graxos dos óleos
extraídos com C 0 2 não terem apresentados grandes variações, essas
composições in ic ia is c o n trib u íra m para a determinação de diferentes
valores de solub ilid ad es principalm ente a pressões acima de 150 bar.
As solub ilid ad es calculadas para todos os óleos e todas as
composições in ic ia is u tiliza d a s aumentam a p a rtir de 150 bar a 3 2 3 ,1 5 K
e estão entre 0 ,0 5 a 0,1 g óleo/g C 0 2. A mesma ordem de grandeza para
as solubilidades preditas fo ra m obtidos p o r A R A Ú J O (1 9 9 7 ) para o óleo
de P a lm iste com d ifere n tes composições in ic ia is a pressões acima de 150
bar e 3 2 3 ,1 5 K .
Baseados nos resulta d os obtidos verifica -se que a região de m aior
interesse para a extração com C 0 2 su p e rc rític o desses óleos vegetais está
entre 150 a 3 0 0 bar para 3 2 3 ,1 5 K , onde a densidade do C 0 2 aumenta
bruscamente.
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271
Princípios gerais e aplicações da
transferência de calor e massa
L u i z F e r r e ir a de Fra n ç a *
Introdução
272
Transferência de calor
T ra n s fe rê n c ia s de c a lo r m o le c u la r
D T (2 )
p C „ — = V .k V T + q
p Dt
273
onde q representa o term o de geração de calor por unidade de volum e e
os operadores _D e y estão d e fin id o s na Ta b e la 1. Nota-se a lí, que há uma
Dt
fo rm a adequada para cada geom etria.
Para u m sistem a só lid o , sem geração de calor e com k constante,
a Equação 2 se re duz a:
dl (3 )
PCp k V 2T
dt
É m u ito comum no tratam ento de produtos naturais, o aquecimento
ou re sfria m e n to de só lid o s, como na pasteurização, cozim ento, secagem e
outras operações. A m a io ria destes processos acontecem no estado não
estacionário, ou seja, haverá uma variação de temperatura no só lid o que
precisa m uitas vezes ser m onitorada. D u a s condições gerais podem ser
consideradas:
■ Quando a resistência à transferência de calor no só lid o é
desprezível com relação àquela entre o só lid o e suas vizinhanças.
Isto acontece quando a condutividade térm ica do só lid o é m u ito
grande ou quando o cam inho de transferência (espessura) é
pequeno.
■ Quando a resistênc ia à transferência de calor no só lid o é
sig n ific a tiv a e, portanto haverá uma considerável variação da
tem peratura com a posição, dentro do sólido.
274
t< 0
T(t)
(4)
~ h A s( T - T ^ ) = p V C p —
T - T (5)
T -T
A1
275
flu id o de tem peratura L ^ T 0, e se quer d eterm inar a variação da
tem peratura com o tempo e com a posição.
2b
JT = k d 2T (6 )
dt pC p d x 2
276
J
sup erfície do só lid o ig ua l à tem peratura do flu id o , ou seja, T| = T „ , u
solução da Equação 6 é:
T l - T =2 “ (-D' 1 ( nx. (7)
exp - I n + — 1 x 2 at / b 2 cosi n + — —
2 b
Tl - Ti n=0(n + i|^v
277
x
senA„ cosA
T - T 2 OtX (8)
■ 2 1 -
-exp -A t —ír
T ;- T n=0 sen2A
^ + 1
Bi
T -T L „ y 1 J ,( A „ ) j ,2 a t ' (10)
Ía exp
T i- T ^ “ ~ A B J 2(A „) + J 2(A„) ° 1 "rJ r -f J
278
onde J i e Jo são funções de B e sse l de p rim e ira espécie e podem ser
encontradas tabeladas nos liv ro s de Fenôm enos de Tra n sp o rte . Os
autovalores, A„, podem ser obtidos a p a rtir da equação transcendental
i sen
T-T» sen(An)-A „co s(A ,,) ( 12)
exp
T; - To
2Ï A „-sen(A „)cos(A „)
C o n d u tiv id a d e té rm ic a
Substâncias k (kcal/h.m.°C)
Gases 0,0015-0,15
Líquidos 0,015 - 1,5
Sólidos 1,5 - 150
279
Segundo B E N N E T T & M Y E R S (1 9 7 8 ), a coleção m ais extensivas
de medidas de condutividade térm ica encontra-se em T h e r m o p h y s i c a l
Properties o f M a t t e r ( T h e Th e rm o p h y sic a l P ro p e rtie s Research Center
Data S e rie s, v o ls. I - I I I , N o va Y o rk , P le n u m P re ss, 1970), na qual o
volum e I I trata de só lid o s não metálicos.
(14 )
= h (T s - T J
UJ
onde T s é a tem peratura da interface só lid o -flu id o e h é o coeficiente de
transferência de calor, também conhecido como coeficiente de
convecção.
O coeficiente de transferência de calor, h, depende das
propriedades, das condições de estado e da fo rm a de m ovim ento do
flu id o , bem como da fo rm a da sup erfície de troca térm ica e da construção
do equipamento ( B R U N N E R , 1994). Geralmente os valores de h são
obtidos experim entalm ente em p rotó tip os dos equipamentos a serem
usados no processo. N a lite ra tu ra existem várias correlações obtidas a
p a rtir de dados experim entais, com razoáveis lim ite s de erro s, e devem
se r usadas em certas regiões dos parâmetros, que geralmente são
especificadas. E s ta s correlações são apresentadas em term os de grupos
a dim ensionais, re d u zin d o a ssim o núm ero de va riá veis independentes e
geralmente têm as seguintes fo rm a s:
Siste m a s com convecção forçada:
(15 )
N u = — = a R ebPrc
kf
280
Sistemas com convecção natural:
(16)
Nu = — = d (Gr Pr)e
kf
(18 )
N u = — = 0 , 0 3 6 5 R e f /5P r ° ’62
kf
281
(20)
N u D = — = 2 ,0 + 0 ,6 R e " 2P r 1/3
kf
gL3(Ts - T M)
sendo G rL =
v 2T
para G rD P r < 10 n
Transferência de massa
282
sim p le s que considera um sistem a c o n stitu íd o do d ois componentes, A e
B , o flu x o do componente A é dado por:
(25)
dyA
N Ax _ Y a ( N A x + N Bx ) - _ c D AB
dx
Ta b e la 2.
283
Tabela 2: Operadores matemáticos
N o tratam ento de produtos naturais só lid o s, como sccugcm e
extração p o r solvente, m uitas vezes o fenôm eno de transferência dc
massa é m ais sig n ific a tiv o na fase sólida. N estes casos, se é considerada
uma d ifusivid a d e efetiva do so lu to no só lid o p oroso e, não havendo
reação quím ica, a equação que rege o processo é
(27)
= DefV2^
dt
D ifu s iv id a d e m á ssic a
285
C oeficientes de transferência de m assa
N ax = k c (CAs- C AJ (28 )
(29 )
Sh = ^ = a R ebS cc
D Ab
(30)
Sh = = d (Gr S c )e
D AB
onde d é um com prim ento característico, S h (núm ero de Sh e rw o o d ), R e
(núm ero de R e y n o ld s), Sc = v /D Ab (núm ero de Sc h m id t) e G r (núm ero de
G ra sh o ff) são os grupos adim ensionais e a, b, c, d e e são os coeficientes
ajustados experim entalm ente. O núm ero de G ra s h o ff aqui é d e fin id o
g L t C As ~ C Aoo)
como G r =
v 2C .
C om o existe uma sim ilarid ad e das constantes nas equações
adim ensionais de transferência de calor e massa, as mesmas correlações
de transferência de calor são geralmente u tiliza d a s para a determinação
de kc, a p a rtir da igualdade:
Nu Sh (3 1 )
R e Pr1/3 R e S c 1/3
286
Referências bibliográficas
789p.
287
Aspectos da utilização da vibração na secagem
C élio Augusto G. Souza*
Theo G. Kieckbusch **
Introdução
288
Leitos vibro-fluidizados:características dos parâmetros
« -{y
289
Figura 1: Registro de um movim ento periódico, THOM SON (1978).
t
y = A sen2n —
y T [ 1]
[2]
y = A senw t
[3 ]
m ovim ento harm ônico são determ inadas pela diferenciação da equação [3 ]
N a secagem p o r vibração, a movimentação das p artículas é realizada
p or d isp o sitiv o s que geram ação vibracional. O s tip o s m ais gerais são,
F I N Z E R e K IE C K B U S C H (1 9 9 2 ): a )V ib ra d o r M ecânico de Inérc ia : este
p rod uz uma força de excitação mediante a rotação de massas
desequilibradas; b )V ib ra d o r Exc ê n tric o : é u tiliza d o quando necessita-se de
forças de excitação elevadas e de baixa freqüência; c )V ib ra d o r Pneum ático
ou H id rá u lic o : são usados para proporcionar alta freqüência de vibração;
d )V ib ra d o r Eletro m a gné tico : é usado para sistem as que trabalham com alta
freqüência de vibração.
C la ssifica çã o do tam anho da partícula
U m grande núm ero de experim entos tem sid o realizad os para uma
variedade de m a teria is particulados. O método de classificação do tamanho
da p a rtícula é pela classificação de G eldart, ve r F ig u ra 2.
290
P - Pu
Kg/W l\
t
11 l l i l l l «
k .o l l
0 ( l i i r n t » . M lhullm
m S y m iih ittilk tiv c l ui.
X B n i i u . .iln cM ii
4 l’ u skiishi
A Y u ii i a i a k i . .Umbu
D kolo so \ , L rie v
■ R vzh ko v et »1.
r T ó th et al.
T DO iiiyel
• Freger
• E i dcsz et a l.
B R a h u i G u p la et a).
a R in g e r et al.
4 ÍY Iiijiin d a r et a).
4 B ie tsz n a id e r
T Reed . Fenske
* B u kh a re va
• M iisia lev et al.
• B u yevich et al.
Observa-se que um pequeno núm ero de experim entos tem sid o fe ito s
em tip o s de m a teria is C e A devido serem p artículas coesivas, ou seja, m uito
fin a s. Q uanto ao m aterial B , tem -se m u ito s experim entos nesta fa ixa , pois
além de serem bons de flu id iz a r, eles adquirem m elhores características
quando subm etidos a um a vib ro -fluid iza ç ã o . E m relação ao m aterial D ,
devido às partículas serem grandes, no le ito flu id iza d o convencional não é
m u ito empregado, porém num erosos experim entos em le ito s v ib ro
flu id iza d o s tem sid o re alizad os, apresentando bons re sulta d os no processo
de secagem, também u tiliza -se nesta fa ixa le ito de jo rro ou le ito pneum ático,
ou seja, a vibração fa c ilita de sobrem aneira a fluid iza ç ã o das p artículas B e
D . E sta classificação do tamanho da partícula é o p rim e iro passo para se
estabelecer o m odelo aerodinâm ico, o qual levará a escolha adequada do
tip o de secador.
Um a aplicação dos secadores LV F resid e na secagem de
aglomeração de pós, obtida pelo spray-dryer, bem como de to rta s saídas de
filtro -p re n sa . A Ta b e la 1 lis ta um a variedade de produtos que são secados
p or L V F , em aplicações in d u stria is, R E A Y & B A K E R (1 9 8 5 ).
291
Tabela 1. Aplicações Industriais para secadores em leitos vibro-fluidizados.
R e g im e s de c o m p o rta m e n to s v ib ra c io n a is
A: A m p litu d e de vib ra ç ã o do v a so ;
w: fre q u ê n c ia a n g u la r de v ib ra ç ã o ;
A w 2: aceleração v ib ra c io n a l;
F a: fo rç a a tua nte so b re a p a rtíc u la d e v id o ao a trito co m o gás;
F v: fo rç a a tua nte d e v id o à v ib ra ç ã o ;
Vmf: ve lo c id a d e m ín im a de flu id iz a ç ã o sob ação do flu x o de
gás e d o com p one nte v e rtic a l da fo rç a v ib ra c io n a l;
vg: ve lo c id a d e do a r de operação na entrad a do le ito .
B R A T U & J IN E S C U (1 9 7 1 ), a p u d G U P T A & M U J U M D A R
(1 9 8 0 ) d e fin ira m trê s regim es em um le ito v ib ro -flu id iza d o , dependente da
força de fluid iza ç ã o do ar ( F a), relacionada com a força de vibração ( F v):
A. Reg im e de le ito vibrado: F a > F v;
B. Regim e de le ito v ib ro -flu id iza d o : F a= F v.
C. Reg im e de le ito vibrado p o r fluid iza ç ã o : F a < F v.
292
alto num m ovim ento ascendente, sendo que o ar é u tiliza d o apcnus como
um m eio de tra nsferência de calor e massa.
Com o a operação de secagem necessita de um flu x o dc ar
considerável e situa-se de um m odo geral no regim e inte rm e d iá rio , a
classificação dos regim es nos le ito s que está se popularizando é a de
S T R U M IL L O & P A K O W S K I (1 9 8 0 ), a qual é baseada no adim ensional V
( r = A w 2/g), que relaciona a aceleração vibracional e a da gravidade, onde:
a) Regim e do L e ito vib ra d o: o le ito so fre a vibração, sem escoamento do
ar, para T > 1;
b) Regim e de L e ito v ib ro -flu id iza d o : é um le ito aerado no qual o ar escoa
com velocidade in fe rio r à velocidade m ínim a de fluid iza çã o, ou seja, vg
< Vmf, e a vibração p rod uz F e l ;
c) Reg im e de L e ito flu id iza d o vib rad o: é form ado em condições ta is que
v g > v mf.
Para o regim e v ib ro -flu id iza d o , o ar escoa a velocidades baixas, o que
não te ria condições de m ovim entar as partículas do le ito , estas flu id iza d a s
devido a um efe ito re d u to r da vibração sobre a velocidade m ínim a de
fluid iza çã o. A ssim , B R A T U & J IN E S C U , denom inaram de Regim e V ib ro -
flu id iza d o para v mvf < v < v ^ , onde v mvf é d efinida como velocidade
incipiente de vib ro -fluid iza ç ã o , observando que para v < vmvf, tem -se o le ito
vibrado.
Re sum ind o , a Fig u ra 3 representa os regim es citados acima:
Vmvf Vmf
-----------------------1-------------------------------------------------------------1----------------------------- 1--------------------------------------- ►
a b c
293
secador vib ro -jo rra d o bid im e nsiona l, para determinação de tem po de
residência de com prim idos.
S O U Z A (1 9 9 7 ), observou experim entalm ente que em le ito vib ro-
jo rra d o o tem po m édio de ciclo cresce com o aumento da carga in ic ia l do
le ito e com o tamanho de p artículas. A vibração (1 0 H z , 8m m de
am plitude), reduz o tem po m édio de ciclo em cerca de 10% e d im in u i a
dispersão de sua d istrib u iç ã o quando o le ito é sem vibração.
Parâm etros m atem áticos concernentes à secagem em le ito s su je ito s à
vibração, ta is como: velocidade incip iente de vib ro -flu id iza ç ã o , queda de
pressão, porosidade do le ito , etc., bem como da m istu ra e as propriedades de
escoamento no le ito , a transferência de calor e massa, e secagem nesses
le ito s (p o r condução, convecção e radiação), fo ra m re v isto s de modo
abrangente p or G U P TA & M U JU M D A R (1 9 8 0 ), S T R U M IL L O &
P A K O W S K I (1 9 8 0 ), M U J U M D A R (1 9 8 1 ), P A K O W S K I et a lii (1 9 8 4 ) e
E R D É S Z (19 9 0).
- m b (ai + a w) - m bg + N + Z R = 0 [4]
- m b a w - m bg + Z R = 0 [5]
294
—m h . ( A w 2 ) - m hg + 1L R = 0 IM
I R
[7 ]
Aw
ou,
A w 2 "LR
r =
g rnb g [ 8]
295
v a lo r m áxim o e decresce novam ente, até oc orrer a colisão do le ito com o
vaso. A variação da pressão absoluta no espaço va zio é típ ica. N o instante
da sua expansão, cria-se um "vácuo" e a pressão é m enor que nas regiões
adjacentes; com isso , o ar escoa através do le ito em direção ao vazio ,
revertendo-se o sentido de escoamento. Quando o le ito desloca-se
novamente para o suporte do vaso, a pressão no espaço va zio aumenta e o
gás é novamente forçado a um deslocam ento para cima através do le ito .
E sta reversão do escoamento do ar no le ito , várias vezes p o r segundo,
exerce uma influ ê n c ia considerável sobre a circulação de só lid o s no le ito .
E x iste m d ive rso s m odelos que descrevem a posição do le ito durante
o ciclo de vibração e são d iv id id o s em d ois grupos:
a) M od elos onde as propriedades do le ito são independentes do tem po;
b) M od elos onde as propriedades dependem do tem po, ou seja, é quando
considera-se a expansão e a contração do le ito durante o ciclo de
vibração. E ste s m odelos m atem áticos podem se r ú te is para o cálculo de
parâm etros, como queda de pressão no le ito e velocidade gás-partícula,
S T R U M IL L O & P A K O W S K I (1 9 8 0 ).
V a le re ssa lta r que a expansão do le ito , a taxa de circulação dos
só lid o s e os coeficientes de troca de calor su p e rfíc ie -le ito , são medidas
tem porais, onde estas grandezas são medidas durante um longo período de
tem po, quando comparadas com o período de vibração.
Quando tem -se equipam entos de grande escala, há a necessidade de
inform ações sobre a m istu ra em le ito s vib ra c io na is, p ois são necessárias p or
exem plo, para estim a r a d istrib u iç ã o do tem po de residência das partículas.
A Fig u ra 5 m ostra observações em le ito s vibrados ou le ito s
v ib ro flu id iza d o s, quando o tip o de escoamento c irc u la tó rio , este m ovim ento
é in d u zid o p o r esforços cisalhantes nas paredes do vaso e a circulação é
m a io r nos equipam entos onde apenas o suporte do vaso vib ra ,
S T R U M IL L O & P A K O W S K I (1 9 8 0 ); F I N Z E R & K IE C K B U S C H (1 9 9 2 )
296
com portam ento bastante irre g u la r, devido à existência dc cunuis dc
circulação preferencial do ar e ao efe ito de adesão partícula-purede c
partícula-partícula. Q uanto ao com portam ento da secagem em L V J , us
curvas m ostram -se quase coincidentes, comprovando as características dc
secagem u n ifo rm e em todo o le ito , devido o m ovim ento c irc u la tó rio dos
só lid o s.
O utra m aneira de prom over escoamento de p artículas com vibração
consiste em v ib ra r apenas o suporte do le ito , que se conecta ao vaso por
m eio de um a membrana fle x ív e l.
A s Fig u ra s 7 e 8 m ostram o m ovim ento das p artículas sólida s no
le ito . O equipamento fo i denom inado le ito vib ro -jo rra d o " L V J " (V ib ro
Spouted B e d ), por R A T K A I & T O R O S (19 8 6) e F I N Z E R (19 8 9).
297
I
Membrana
298
C a lo r C on vecção C on d u çã o R a d ia ç ã o
s t° S S tG s S r
1 1 1 r
P r a to > - O "O o
_ o ^ _ o _____„ __
p e r fu r a d o
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p e r fu r a d o
► s
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i vapor
T
G
s ' s£óalsi d o V - v a p o r
Figura 9: Secadores contínuos vibrados com leitos
horizontais, ERDÉSZ e t alii (1989).
299
— L_i
1- M atéria prima
2- Bico do spray
3- M aterial um
4- Secador de leito
vibro-fluidizado
5- Ciclone
6 - Peneira
7 - Produlo
Considerações finais
300
secagem de perclorato de am ónia, com características aglom crantes, G H E N
et a lii (1 9 9 1 ); secagem de a rg ila , H A S A T A N I et a lii (1 9 9 1 ); secagem de
fa re lo de trig o E R D É S Z e B A R T H A (1 9 9 0 ). A situação atual das pesquisas
no B ra s il, no que se re fe re a secagem p or vibração, ainda está em fase
em brionária. O s poucos trabalhos publicados analisaram a técnica em le ito
v ib ro -flu id iza d o e vib ro -jo rra d o : secagem de m ilh o verde, O G IH A R A
(1 9 8 9 ); secagem de suspensões a lim entícia s em le ito de p artículas ine rte ,
N O V Y e K IE C K B U S C H (1 9 8 7 ); secagem de cubos de batata e de grãos de
soja, F T N 7.F.R (1 9 8 9 ). In d u stria lm e n te m u ito s produtos so fre m secagem
com vibração, ta is como: produtos b iológ ic os, q uím icos, a lim e ntíc io s,
fe rtiliza n te s e p lá stic os, R E A Y e B A K E R (1 9 8 5 ).
Para os secadores in d u stria is o volum e de m aterial processado é
m uito grande e geralm ente são secados em camada fin a , sendo necessários
equipam entos de grandes dim ensões. H á então a necessidade de novos
estudos para v e rific a r p ossib ilid ad e de secagem em camadas espessas,
visando to m a r os equipam entos m ais econômicos e compactos. D e vid o o
uso da vibração em equipam entos de secagem se r um a técnica
relativam ente nova, e xiste um campo a ser preenchido no que concerne a
levantam entos de parâm etros, visando m odelos físic o s matem áticos para os
o u tro s tip o s de le ito s.
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^ c ro\ - \ -Xi
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302
SÉRIE POEMA 7
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