Você está na página 1de 68

E-BOOK

FISIOLOGIA DA
PERDA DE PESO

Drd. Rafael Genario


Rafael Genario é formado em Nutrição pela

Universidade de Passo Fundo (UPF).

Atualmente é membro associado da

Sociedade Brasileira de Neurociências e

Comportamento (SBNeC) e da Associação

Brasileira de Sono (ABS). Também é pós-

graduando em Emagrecimento e Metabolismo

pela UNIGUAÇU e realiza seu doutorado

direto pela Universidade de São Paulo (USP).

Durante toda sua iniciação científica buscou

investigar efeitos neurofisiológicos da melatonina, tanto em modelos

experimentais como em revisões de estudos clínicos. Atualmente conta

com 1 livro publicado, 2 capítulos em livro internacional, 21 artigos

completamente publicados em periódicos internacionais, 1 prêmio

científico e outros trabalhos acadêmicos em andamento.


Sumário
OBESIDADE.....................................................................................................................4
Classificação e características da obesidade....................................................................... 5
Resumo do capítulo:........................................................................................................................... 10

REGULAÇÃO ENERGÉTICA DA PERDA DE PESO............................................ 11


Regulação energética da perda de peso................................................................................ 12
Resumo do capítulo:........................................................................................................................... 17

INTEGRAÇÃO METABÓLICA................................................................................... 19
Estado de jejum.................................................................................................................................... 20
Estado alimentado............................................................................................................................... 21
Resumo do capítulo:.......................................................................................................................... 23

FISIOLOGIA DO EMAGRECIMENTO....................................................................24
Digestão, transporte e armazenamento de gorduras................................................... 25
Composição do tecido adiposo................................................................................................... 26
Mecanismos envolvidos no emagrecimento......................................................................28

REGULAÇÃO DE FOME E SACIEDADE: QUAL O PAPEL DO TECIDO


ADIPOSO COMO ÓRGÃO ENDÓCRINO?............................................................ 31

Neurofisiologia da fome e saciedade....................................................................................... 32

3
Papel do tecido adiposo como órgão endócrino e regulação energética.......... 33

ADAPTAÇÕES NEUROFISIOLÓGICAS NA PERDA DE PESO,


TERMOGÊNESE ADAPTATIVA E EFICIÊNCIA METABÓLICA.................... 36
Resumo do capítulo:..........................................................................................................................42

MANUTENÇÃO E SUCESSO NO EMAGRECIMENTO....................................43

ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS E FERRAMENTAS DIETÉTICAS............. 47


Dieta Hiperproteica............................................................................................................................48
Low carb x Low fat.............................................................................................................................49
Ciclagem de calorias......................................................................................................................... 50
Ciclagem de carboidratos.............................................................................................................. 52
Jejum intermitente.............................................................................................................................54
Alimentos e emagrecimento......................................................................................................... 55
Fibras......................................................................................................................................................... 55
Frutas e vegetais................................................................................................................................. 56

www.uniguacu.com.br
4

OBESIDADE

www.uniguacu.com.br
Classificação e características da
obesidade

A obesidade é caracterizada atualmente como uma doença

multifatorial, de característica crônica e sendo considerada uma

epidemia visto seus dados atuais alarmantes e em constante aumento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2025 teremos

cerca de 2,3 bilhões de adultos acima do peso, sendo 700 milhões de

indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal

(IMC) acima de 30. No brasil, desde o início do estudo Vigitel (Vigilância

de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito

Telefônico) em 2006, a prevalência de sobrepeso em adultos subiu

de 42,6% para 55,4% na última análise de 2019, enquanto que

a obesidade saltou de 11,8% para 20,3%. Ou seja, atualmente no

Brasil a cada 10 pessoas, 5 apresentam sobrepeso e 2 apresentam

5
algum grau de obesidade. Abaixo, observamos na figura 1, o resumo

de alguns dos diversos impactos negativos que a obesidade pode

ocasionar em nosso organismo.

www.uniguacu.com.br
Complicações Clínicas da Obesidade

Doença pulmonar
função anormal Hipertensão intracraniana
apneia obstrutiva do sono idiopática
síndrome de hipoventilação

Acidente vascular encefálico

Cataratas

Doença hepática gordurosa


não alcoólica
esteatose
esteato-hepático Doença cardíaca coronariana
cirrose

Diabates melito

Dislipidemia

Hipertensão arterial
sistêmica

Doença da vesícula biliar

Pancreatite grave

Anormalidades ginecológicas
alterações menstruais
infertilidade Câncer
síndrome dos ovários policísticos mama, útero, colo do útero
esôfago, pâncreas,
rim, próstata

Osteoartrite

Pele
Flebite
estase venosa
Gota
6

Figura 1: Complicações clínicas da obesidade, com foco em problemas cardiovasculares, metabólicos,


hepáticos, endócrinos, oncológicos e dermatológicos.

Para classificação de sobrepeso e obesidade, é utilizado o

cálculo de IMC, conforme descrito na tabela 1.

Tabela 1: Classificação para índice de massa corporal (IMC)

para adultos:

Sabemos que o IMC é um dado generalista, utilizado mais

www.uniguacu.com.br
em nível populacional ou quando não é possível realizar análises

antropométricas. Além disso, o IMC não dita a região de adiposidade,

bem como pode ocorrer um falso positivo caso a pessoa possua

um maior nível de massa muscular, como ocorre com atletas.

Entretanto, quando falamos de nível populacional, o IMC é um

parâmetro importante e está intimamente associado com riscos

cardiometabólicos, bem como com o risco de mortalidade (figura 2).

A. Mulher B. Homem
3,5 3,5
Indivíduos saudáveis
e que nunca fumaram
2,93
Mortalidade por qualquer causa

Mortalidade por qualquer causa


3,0 3,0
Indivíduos saudáveis
e que nunca fumaram
2,51
2,5 2,5

2,06
2,02 1,98
2,0 1,88 1,99 2,0 1,93

1,60
1,44
1,44
1,5 1,47 1,34 1,58 1,5
1,19 Todos os 1,37 1,21 1,44
1,06 1,09 1,18 Todos os
1,00 ,25 indivíduos 1,06
1,14 1,00 indivíduos
1,11 1,16
1,0 1,0
1,00 1,00 1,03 1,01 1,00 1,00 097 1,03

0,5 0,5
0,0 16,0 17,0 20,0 22,5 25,0 27,5 30,0 32,5 35,0 37,5 40,0 42,5 45,0 0,0 16,0 17,0 20,0 22,5 25,0 27,5 30,0 32,5 35,0 37,5 40,0 42,5 45,0

Índice de massa corporal Índice de massa corporal

Figura 2: Conforme podemos observar na imagem, tanto IMC muito baixo, bem como um IMC elevado,
está associado com maior risco de mortalidade por qualquer causa.

7
Além do IMC, as circunferências de cintura, de quadril e

abdominal são amplamente utilizadas como dados importantes na

classificação e avaliação da obesidade. A circunferência de cintura,

por exemplo, pode ser utilizada para classificar obesidade central,

sendo caracterizado obesidade central quando esta for igual ou

maior que 88cm na mulher e 102cm no homem. Entretanto, alguns

estudos discutem que esses valores podem ser diferentes conforme

etnia, como observamos na tabela 2.

www.uniguacu.com.br
REGIÃO/ GRUPO ÉTNICO CIRCUNFERÊNCIA DE CINTURA

Homem
Europeus
Mulher

Homem
Sul-asiáticos
Mulher

Homem
Chineses
Mulher

Homem
Japoneses
Mulher

Usar medidas sulasiáticas até que estejam disponíveis


América Central e Sul-Americanos
referências específicas

Usar med s
Leste-Mediterrâneo e mundo árabe

Tabela 2: Diferenças étnicas na classificação de circunferência de cintura conforme obesidade central.


Fonte: Tratado de Obesidade – 2° edição.

Um outro parâmetro interessante a ser utilizado na prática


8

clínica é a Relação Cintura Quadril (RCQ), no qual é simplesmente

dividido o valor encontrado da circunferência de cintura pela do

quadril (tabela 3).


RCQ MASCULINO
RISCO
IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO
ATÉ 29 < 0,83 0,71 - 0,77 0,89 - 0,94 > 0,94
30 - 39 < 0,84 0,72 - 0,78 0,92 - 0,96 > 0,96
40 - 49 < 0,88 0,73 - 0,79 0,96 - 1,00 > 1,00
50 - 59 < 0,90 0,74 - 0,81 0,97 - 1,02 > 1,02
> 59 < 0,91 0,76 - 0,83 0,99 - 1,03 > 1,03

RCQ FEMININO
RISCO
IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO
ATÉ 29 < 0,71 0,71 - 0,77 0,78 - 0,82 > 0,82
30 - 39 < 0,72 0,72 - 0,78 0,79 - 0,84 > 0,84
40 - 49 < 0,73 0,73 - 0,79 0,80 - 0,87 > 0,87
50 - 59 < 0,74 0,74 - 0,81 0,82 - 0,88 > 0,88
> 59 < 0,76 0,76 - 0,83 0,84 - 0,90 > 0,90

Tabela 3: Pontos de corte para classificação de RCQ de acordo com o sexo e idade.

www.uniguacu.com.br
Causas prováveis da obesidade
A obesidade é caracterizada como uma doença multifatorial,

sendo resultante da relação entre ambiente, fatores genéticos e

psicossociais, bem como o estilo de vida. Se tratando de estilo de

vida, dois grandes problemas são apontados como causas bases

do aumento da prevalência de obesidade nos últimos anos: maior

consumo energético e menor gasto energético. Ou seja, as pessoas

estão cada vez mais sedentárias, ao mesmo passo que os hábitos

alimentares vem piorando ao longo dos anos. Por exemplo, desde a

década de 80, o consumo energético aumentou cerca de 250 a 300

kcal. Não obstante, a qualidade nutricional da população também

vem sendo reduzida, visto que os alimentos ultraprocessados estão

cada vez mais presentes na mesa das pessoas. Abaixo, observamos

através da figura 3 a ilustração sobre esse looping que facilita o

9
acúmulo de gordura a partir do estilo de vida:

Massa de
gordura
corporal Diminuição das
atividades da vida
diária

Diminuição
da atividade
física relacionada
ao trabalho
Aumento do
comportamento
sedentário

Alimentos com Ein E gasta


alto teor de
gordura alta
densidade
energégica
Porções
grandes

Alimentos
palatáveis
de baixo custo
e disponíveis

Figura 3: Associação entre redução da atividade física com redução da qualidade nutricional, facilitando
o acúmulo de massa de gordura corpora. Fonte: Nutrição Moderna de Shils – 11° Edição.

www.uniguacu.com.br
Resumo do capítulo:
• A obesidade além de ser classificada como uma doença,

também é um importante fator de risco para outras

comorbidades, inclusive de mortalidade;

• Além do IMC, a circunferência de cintura, quadril e

abdominal também são dados interessantes a serem

considerados para avaliar a obesidade e acompanhar o

emagrecimento ao longo do regime calórico;

• Analisar o RCQ pode ser um parâmetro adicional para

avaliar o risco cardiovascular em indivíduos obesos;

• A obesidade possui etiologia multifatorial, sendo que

o estilo de vida é predominante quando pensamos em


10

balanço energético;

• A prevalência de obesidade vem crescendo ano após ano

e, identificar os principais fatores causais, é de extrema

importância; 

www.uniguacu.com.br
REGULAÇÃO ENERGÉTICA

11
DA PERDA DE PESO

www.uniguacu.com.br
Regulação energética da perda de peso
Acabamos de falar que a redução do gasto energético e o

aumento no consumo energético, nos últimos anos, podem estar em

partes relacionadas ao aumento da prevalência de obesidade. Mas

qual a importância disso quando falamos em manutenção de peso

corporal?

É aí que conhecemos o famoso balanço energético. O balanço

energético nada mais é do que um produto final do equilíbrio entre

ingesta e gasto calórico, caracterizando os estados de superávit ou

déficit calórico (podendo também ser normocalórico quando há um

equilíbrio entre a ingesta e o gasto, no qual o peso se mantém estável),

como observamos de forma analógica através de uma balança na

figura 4.
12

Figura 4: Ilustração sobre o balanço energético positivo (superávit calórico) e negativo (déficit
calórico), no qual é realizado através da relação entre consumo e gasto calórico.

Mas como eu analiso o consumo energético de uma pessoa? E o

gasto energético, quais equações são mais indicadas?

Precisamos entender que, de forma geral, a energia do nosso

corpo é despendida através de 3 componentes: Gasto Energético

www.uniguacu.com.br
Basal (GEB) (também conhecido como taxa metabólica basal), efeito

térmico do alimento (ETA) (em menor significância) e termogênese

por atividade (TA).

Figura 5: Gráfico ilustrativo sobre contribuição de diferentes fatores sobre o gasto energético diário,
podendo sofrer variação conforme modalidade esportiva, TMB individual e dieta.

Se tratando de equações, primeiramente é necessário

analisar a Taxa Metabólica Basal (TMB), que nada mais é do que a

13
quantidade de energia que o corpo necessita para manter suas

funções orgânicas básicas, como respiração, atividade cerebral e

cardíaca, temperatura corporal, entre outras. Aqui muitas pessoas

erram em acreditar que quanto mais massa muscular a pessoa

ganhar, maior será o gasto calórico, visto que a musculatura gera

um alto gasto calórico em nosso organismo. Entretanto, conforme

visualizamos na tabela 4, a massa muscular resulta em um gasto

calórico extremamente baixo, sendo aproximadamente 13 Kcal em

24h para cada kg de massa muscular.

www.uniguacu.com.br
Tabela 4: Contribuição calórica sobre o gasto energético

diário a partir de diferentes órgãos e tecidos, no qual podemos

observar que os músculos e tecido adiposo desempenham uma

baixa contribuição sobre o gasto calórico total. Fonte: Nutrição

Moderna de Shils – 11° Edição.

Contribuição dos diferentes órgãos e tecidos para o gasto energético


Peso Taxa metabólica

Órgão ou tecido kg (% do total) kcal/kg/dia (% do total)

Rins 0,3 (0,5) (8)


440
Cérebro 1,4 (2,0) (20)
240
Fígado 1,8 (2,6) (21)
200
Coração 0,3 (0,5) (9)
440
Músculos 28,0 (40,0) (22)
13
Tecido adiposo 15,0 (21,4) (4)
4
Outros (pele, vísceras, ossos, etc.) 23,2 (33,0) (16)
12
Total 70,0 (100) (100)

Para cálculos mais precisos, a calorimetria indireta é uma

ótima ferramenta clínica para determinar a TMB de uma pessoa.

Entretanto, como não é acessível a todos devido seu custo, algumas


14

fórmulas preditivas podem ser aplicadas para estimar a TMB. Abaixo,

podemos observar um dos cálculos mais comuns utilizados, de

Harris-Benedict:

Tabela 5: Equação preditiva calórica de Harris-Benedict

(1919).
Cálculo TMB para TMB = 66,5 + (13,75 x peso em kg) + (5,003 x altura em cm) –
homens (6,755 x idade em anos)

Cálculo TMB para TMB = 655,1 + (9,563 x peso em kg) + (1,850 x altura em cm) –
mulheres (4,676 x idade em anos)

Esse, por sua vez, vem sendo discutido amplamente como

um cálculo impreciso, principalmente para pessoas que realizam

exercício físico e atletas. Por esse motivo, quando é possível obter o

teor de massa livre de gordura (MLG), outras fórmulas preditivas são

indicadas, como as descritas abaixo:

www.uniguacu.com.br
Equação de Cunningham:

TMB = 500 + (22 x MLG)

Equação de Katch – McArdle:

TMB = 370 + (21,6 x MLG)

Equações de Tinsley (fisiculturistas):

TMB = (24,8 x P) + 10

TMB = (25,9 x MLG) + 284

Para obesos, a equação de Mifflin–St Jeor parece

apresentar uma maior precisão em comparação as demais,

conforme abaixo:

TMB (mulheres) = (10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) - 161

TMB (homens) = (10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) + 5

(sendo P=Peso, A=Altura e I=Idade)

Após o conhecimento da TMB, é então multiplicado pelo

15
Fator de Atividade (FA), descrevendo assim o Gasto Energético Total

(GET). O FA é amplamente discutido, visto que um dado subjetivo e

generalista, conforme observamos na tabela abaixo:

Tabela 6: Fator de atividade (FA) de acordo com nível de

atividade física estimado.


ATIVIDADE FÍSICA FATOR ATIVIDADE (FA)

Muito sedentário 1,4

Sedentário pouco ativo 1,5

Sedentário mais ativo 1,6

Moderadamente ativo (treina) 1,7

Muito ativo 1,8 – 1,9


Atividade intensa 2,0 ou mais

www.uniguacu.com.br
Ou seja, para analisar o GET de uma pessoa é necessário

fazer a formulação abaixo:

GET = TMB x FA

Como exemplo, vamos imaginar um sujeito com TMB de

1800Kcal e com um FA de nível “moderadamente ativo” (1,7).

GET = 1800 x 1,7

GET = 3060 Kcal


Além disso, torna-se também interessante avaliar a

Termogênese por Atividade de Não Exercício (TANE). Essa, por

sua vez, é o gasto calórico em atividades comuns do nosso cotidiano,

mas que resultem em um aumento do gasto calórico, como por

exemplo o gasto energético no trabalho, fazer compras, serviço


16

doméstico, entre outros. Por exemplo, a TANE de um trabalhador com

serviço braçal (como pedreiro ou carpinteiro) é significativamente

maior do que trabalhos em que a pessoa passa o dia sentada (como

operadora de telemarketing ou bancário). Alguns exemplos de TANE

são observados na tabela 5:

Tabela 7: Contribuição calórica sobre o gasto energético

diário a partir de diferentes atividades do nosso cotidiano. *O teor

calórico pode ter variação entre as pessoas, pois idade, peso,

gênero, comorbidades, fatores do exercício, temperatura e outros,

podem interferir no gasto calórico das atividades citadas.

www.uniguacu.com.br
ATIVIDADE GASTO CALÓRICO ESTIMADO

Jogando vídeo game 108 kcal/hora


Lavar louça 60 kcal/hora
Limpeza de casa 300 kcal/hora
Pintar casa 160 kcal/hora
Dormindo 60 kcal/hora
Cozinhar 168 kcal/hora
Digitando 95 kcal/hora
Estudar 120 kcal/hora
Escrever 10 a 20 kcal/hora
Sexo 190 kcal/hora

Mas o gasto energético pós-exercício, conhecido como

EPOC, não deve ser contabilizado? Na verdade, os estudos são

unânimes em mostrar que sim, o EPOC existe, mas o auxílio sobre

o gasto adicional de calorias é extremamente baixo. Em trabalhos

prévios que analisaram o EPOC em diferentes modalidades de

exercícios, observaram que o adicional calórico gira comumente entre

17
9 e 40 Kcal, sendo no máximo 70 Kcal em situações de exercícios de

alta intensidade por longa duração.

Além disso, o Efeito Térmico do Alimento (ETA) também

impacta no gasto calórico diário, visto que gastamos calorias para

digerir, absorver e metabolizar os alimentos. Em geral, o ETA gera um

acréscimo de 10% no GET.

Resumo do capítulo:
• O balanço energético, através da Lei da termodinâmica, é

regra no que tange direcionamento para perda ou ganho

de peso;

www.uniguacu.com.br
• A energia do nosso corpo é despendida através de 3

componentes: Gasto Energético Basal (GEB) (também

conhecido como taxa metabólica basal), efeito térmico do

alimento (ETA) e termogênese por atividade (TA);

• Conheces as equações preditivas da TMB é de extrema

importância, visto a especificidade de cada equação;

• A TANE deve ser levada em consideração quando

analisado o GET do paciente;

• O EPOC apresenta um efeito adicional insignificante no

GET;

• De acordo com a distribuição de macronutrientes no

plano alimentar, o ETA pode ser um importante auxiliar do

déficit calórico durante um regime alimentar;


18

www.uniguacu.com.br
19
INTEGRAÇÃO
METABÓLICA

www.uniguacu.com.br
Primeiramente precisamos entender de forma básica como

ocorre a integração metabólica em nosso organismo nos estados de

jejum e alimentada. Um dos principais sinalizadores para a regulação

do metabolismo energético é a nossa glicemia (concentração de

glicose sanguínea).

Estado de jejum
Quando nossa glicemia está baixa, por exemplo durante o

jejum, a insulina liberada pelo pâncreas é reduzida, enquanto que

o glucagon possui aumento sobre sua produção e secreção. Após

algumas horas sem comer, através da importante sinalização do

glucagon, o fígado torna-se o principal fornecedor de glicose para

o cérebro, principalmente pela quebra de glicogênio hepático


20

(glicogenólise). Além disso, a partir do glucagon e de outras moléculas,

como adrenalina e cortisol, ocorre a otimização na formação de

energia a partir de substratos provindos do tecido muscular e adiposo.

Ou seja, a partir dos aminoácidos provindos do tecido muscular e do

glicerol provindo do tecido adiposo, ocorre a formação de glicose

(glicose-6-fosfato) pela via de gliconeogênese. Já os ácidos graxos

provindos também da quebra do tecido adiposo, podem ser tanto

utilizados para combustível hepático, como também para geração de

corpos cetônicos, também importante combustível para o cérebro

juntamente com a glicose. Tudo o que foi descrito é possível observar

de forma arquitetônica na figura 6 abaixo:

www.uniguacu.com.br
Insulina Para o cérebro, o tecido adiposo e o músculo
Pâncreas

Glicose

Insulina

Glicose Glicose Glicose


Glicogênio

Vaso Fígado ATP


Piruvato
sanhuíneo CO2
ATP
Amino- Aminoácidos
Acentil-
ácidos -CoA CO2 Cérebro
NH3 Urea

Gorduras a -Cetoácidos
Sintese de TAG VLDL
proteínas

Intestino TAG

TAG
Tecido
adiposo
Ácidos graxos

Sistema linfático ATP Músculo

CO2

21
Figura 6: “O estado de jejum: O fígado glicogênico”. Principais substratos energéticos para
gliconeogênese durante o estado de jejum, sendo o cérebro o principal dependente de glicose durante
a baixa glicêmica. Fonte: Princípios de Bioquímica de Lehninger 13ed.

Estado alimentado
Ao contrário do estado alimentado, os níveis de glucagon

estão reduzidos e os de insulina aumentados. A insulina possui um

importante papel anabólico, otimizando processos de síntese, como

de síntese proteica a partir de aminoácidos, bem como de gordura

a partir dos ácidos graxos. A glicose, por sua vez, é principalmente

armazenada na forma de glicogênio hepático, porém, o seu excesso

pode ser armazenado em forma de gordura, mesmo que em menor

www.uniguacu.com.br
parcela. Abaixo, através da figura 7, observamos a importante

interação entre os sistemas durante o estado alimentado:

Insulina Para o cérebro, o tecido adiposo e o músculo


Pâncreas

Glicose

Insulina

Glicose Glicose Glicose


Glicogênio

Vaso Fígado ATP


Piruvato
sanhuíneo CO2
ATP
Amino- Aminoácidos
Acentil-
ácidos -CoA CO2 Cérebro
NH3 Urea

Gorduras a -Cetoácidos
Sintese de TAG VLDL
proteínas

Intestino TAG

TAG
Tecido
adiposo
22

Ácidos graxos

Sistema linfático ATP Músculo

CO2

Figura 7: “O estado bem-alimentado: O fígado lipogênico”. Após uma refeição rica em calorias, ocorre
um aumento de insulina a partir da alta concentração glicêmica, otimizando a captação de glicose pelos
tecidos. O excesso de glicose é acumulado no fígado e musculo, através do glicogênio. Os ácidos graxos
são desviados principalmente para o fígado e tecido adiposo, sendo armazenado principalmente nos
adipócitos e em uma pequena parte no músculo (gordura intramuscular). Os aminoácidos são utilizados
para síntese proteica em diferentes tecidos, podendo também sofrer desaminação (perda do seu grupo
amina na forma de amônia). Fonte: Princípios de Bioquímica de Lehninger 13ed.

Em resumo, observamos na tabela 8 como nosso organismo

e a interação metabólica se comportam nos estados de jejum e

alimentado:

Tabela 8: Respostas resumidas do organismo e metabolismo

frente aos estados de jejum e alimentado:

www.uniguacu.com.br
JEJUM ALIMENTADO
↑Glucagon ↑Insulina

Gliconeogênese (quebra do glicogênio) Glicogênese (síntese de glicogênio)

Lipólise (quebra de gordura) Lipogênese (síntese de gordura)

Proteólise (quebra de proteína) Proteogênese (síntese de proteínas)

↑Adrenalina ↓Adrenalina

↑Cortisol ↓Cortisol

↑Síntese de Corpos cetônicos ↓Síntese de Corpos cetônicos

Resumo do capítulo:
• A glicemia é um dos principais sinalizadores de estado

energético, orquestrando todo metabolismo energético;

• O cérebro é um dos principais órgãos dependentes

de glicose durante o estado de jejum, sendo que a

gliconeogênese desempenha uma importante função

durante o jejum que é manter níveis adequado de glicose

durante o jejum alimentar;

23
• Durante o estado de jejum, há elevação de glucagon no

qual é um dos principais sinalizadores para recrutamento

de energia a partir do tecido muscular e do tecido adiposo;

• Durante o estado alimentado, há elevação de insulina no

qual é um dos principais sinalizadores para armazenamento

de energia, em especial estimulando o armazenamento

de gorduras, glicogênese (síntese de glicogênio) e síntese

de proteínas;

www.uniguacu.com.br
24

FISIOLOGIA DO
EMAGRECIMENTO

www.uniguacu.com.br
Vimos que o ambiente energético é primordial para direcionar

ou não a perda de peso, sendo que agora vamos entender como o

nosso corpo interpreta essa sinalização e realiza uma arquitetônica

regulação metabólica visando à mobilização e oxidação do tecido

adiposo.

Digestão, transporte e armazenamento


de gorduras
Após uma refeição rica em calorias, as gorduras alimentares

sofrem digestão após ação dos sais biliares, produzidos pelo fígado,

mas armazenados e liberados pela vesícula biliar. Os sais biliares

possuem a capacidade de emulsificar a gordura, formando assim

micelas (gotículas) de gorduras, no qual serão assim degradadas

pelas lipases. As lipases são enzimas produzidas pelo nosso

pâncreas, no qual possuem a capacidade de quebrar as moléculas de

25
triglicerídeos provindos da alimentação, visto que os triglicerídeos

são estruturas grandes e que não são facilmente absorvidas. Assim,

as lipases quebram os triglicerídeos em ácidos graxos e outros

produtos (como o glicerol), estruturas menores e que assim podem

ser absorvidos pela mucosa intestinal. Entretanto, após serem

absorvidos, novamente os ácidos graxos e os demais produtos são

novamente convertidos em triglicerídeos, no qual serão incorporados

aos quilomícrons, estruturas transportadoras de gordura. Ou seja,

o triglicerídeo é o passageiro e o quilomícron é o ônibus. Assim o

ônibus (quilomícron) será direcionado para os pontos de parada pré-

determinados, como na escola (tecido adiposo e tecido muscular).

www.uniguacu.com.br
E a principal sinalizadora para o armazenamento dos triglicerídeos

no músculo e tecido adiposo é a Lipase lipoproteica (uma enzima

extracelular), que estará principalmente com maior expressão no

estado alimentado. Tudo o que foi descrito está ilustrada de forma

resumida na figura 8:

Gorduras
ingeridas na
dieta
Miócito ou adipócito

Armazenamento

8 Os ácidos
graxos são
oxidados como
CO2 combustíveis ou
Vesícula esterificados
biliar novamente para
ATP armazenamento.
Capilar

7 Os ácidos graxos entram


Intestino delgado nas células.

1 Os sais biliares Lipase lipoproteica


emulsificam as
gorduras da dieta Mucosa
intestinal
26

no intestino delgado, 6 A lipase lipoproteica,


formando micelas ativada por apoC-ll nos
mistas. Capilares, converte
triacilgliceróis em àcidos
graxos e glicerol.

2 As lipases intestinais 5 Os quilomícrons movem-se


degradam os pelo sistema línfático e pela
triacilgliceróis. corrente sanguínea para
Quilomícron os tecidos.
3 Os ácidos graxos e outros
produtos da degradação são 4 Os triacilgliceróis são incorporados com
absorvidos pela mucosa intestinal e colesterol e apolipoproteínas,
convertidos em triacilgliceróis. nos quilomícrons.

Figura 8: O processamento da gordura provinda da alimentação, desde a digestão até o armazenamento


(lipogênese) nos miócitos (células do tecido muscular) e adipócitos (células do tecido adiposo). Fonte:
Princípios de Bioquímica de Lehninger 13ed.

Composição do tecido adiposo


Como acabamos de observar, recebemos a gordura da

alimentação através do triglicerídeos e similarmente, armazenamos

gordura em nosso corpo também nesse formato. O tecido adiposo,

em especial a sua célula chamada de adipócito, é formado por um

conjunto de triglicerídeos (também conhecido como triacilglicerol).

Seu nome provém de sua estrutura química, no qual é formato por 3

www.uniguacu.com.br
moléculas de ácidos graxos e 1 molécula de glicerol, como observamos

na figura 9.

TRIACILGLICEROL o H

c o c H
o
c o c H

Reservatório de
c o c H
gordura
3 fatty acids H
Núcleo
Glycerol

Figura 9: Molécula de triacilglicerol (triglicerídeo), no qual é formada por 3 estruturas de ácidos graxos
conectadas com 1 molécula de glicerol. A aglomeração de triglicerídeos formam nosso adipócito, célula
do tecido adiposo.

Conforme ocorre o aumento do peso, além de ocorrer hiperplasia

(aumento em número), também ocorre hipertrofia (aumento em

tamanho) dos adipócitos. Além disso, o excesso de acúmulo de

27
gordura também aumenta a resposta inflamatória local, aumentando

o número de células imunes, em especial macrófagos. Além dessa

resposta local, o excesso de tecido adiposo também aumenta a

inflamação sistêmica, facilitando assim piora endotelial e metabólica,

resultando no aumento do risco para doenças como diabetes,

doenças cardiovasculares, hipertensão e outras. Abaixo, observamos

na figura 10 como o acúmulo de tecido adiposo de forma demasiada

pode gerar respostas indesejadas para o nosso organismo.

www.uniguacu.com.br
Magro Gordo Estado pró-inflamatório Inflamação crónica

1 TAG
Dieta = TAG
Catabolisada
2 TAGDieta >TAG
Catabolisada
3 Adipócitos aumentados 4 Os macrófagos se
produzem proteína de infiltram no teciso
quimiotaxia de adiposo em resposta
macrófagos (MPC-1). à MPC-1.

Adipócitos pequenos Adipócitos maiores


5 OS macrófagos no tecido
a
adiposo produzem TNF , que
favorece a exportação dos
ácidos graxos.
TAG

6 Os adipócitos expertam
Ácidos Ácidos Ácidos Ácidos àcidos graxos para o músculo,
graxos graxos graxos graxos onde se formam depósitos
ectópicos de lipídios.

7 Os lipídeos ectópicos
Glicose Glicose Glicose Glicose interferem com o movimento
ATP ATP ATP ATP do GLUT4 para a superficie
do miócito, produzindo
resistência à insulina.

Músculo sensível à Músculo resistente à


insulina com transporte insulina com transporte
normal de glicose. reduzido de glicose.

Figura 10: O tecido adiposo “magro” possui de forma natural a liberação de algumas citocinas pró-
inflamatórias, mas sem impacto negativo para o organismo humano, como por exemplo impacto sobre
a tolerância à glicose. Entretanto, como é observado na obesidade, o excesso de tecido adiposo e de
forma crônica, resulta no aumento de forma exponencial no acúmulo de células imunes (em especial
macrófagos e linfócitos), aumentando a secreção de citocinas pró-inflamatórias (como TNF-α e
Interleucinas), podendo impactar de forma negativa nosso organismo. Os principais impactos no
músculo esquelético e no organismo no geral é o prejuízo na sensibilidade à insulina, sendo um forte
fator de risco para doenças, como por exemplo diabetes. Fonte: Princípios de Bioquímica de Lehninger
28

13ed.

Mecanismos envolvidos no
emagrecimento
Sabendo dos impactos deletérios para saúde provindos do

excesso de peso, torna-se necessário conhecer sobre os mecanismos

envolvidos no emagrecimento. Primeiramente, precisamos entender

dois termos importantes: Lipólise e Beta-oxidação. A lipólise nada

mais é do que a quebra da gordura dos adipócitos, fazendo a quebra

da molécula de triglicerídeo e liberando ácidos graxos para corrente

sanguínea. Entretanto, essa quebra não necessariamente fará com

que a gordura seja “queimada”, termo comum usado para a beta-

oxidação. Caso a pessoa esteja em superávit calórico, ela pode muito

bem realizar lipólise como após um exercício, por exemplo, mas não

necessariamente utilizar essa gordura como fonte energética ou criar

www.uniguacu.com.br
um ambiente que propicie a oxidação de gordura. Diferentemente,

a beta-oxidação ocorre de forma significativa e eficiente quando

estamos em déficit calórico e, a partir de estímulos exógenos (como

o exercício) e endógenos (catecolaminas como veremos em seguida)

ocorre assim a utilização da gordura para fornecimento energético,

ocorrendo em nossas mitocôndrias.

A partir da liberação de catecolaminas, seja pelo estado

energético ou por um evento agudo (como uma sessão de exercício),

a molécula de triglicerídeo é quebrada em suas 2 estruturas de

complemento: Ácidos graxos e glicerol. Conforme observamos na

figura 11, a partir da sinalização sobre a Lipase Hormônio Sensível

(LHS), ocorre essa quebra do triglicerídeo principalmente pela

sinalização do cortisol, da adrenalina e dos hormônios glucagon e GH.


SUPERÁVIT CALÓRICO

GH GLICOSE
GLUCAGON CORTISOL

29
ADRENALINA LHS INSULINA

TRIACILGLICEROL LL

GLICEROL ÁCIDOS GRAXOS VLDL

ADIPÓSITO

TRIACILGLICEROL

ÁCIDOS GRAXOS

ACETIL-COA

FÍGADO

NÚCLEO

MITOCÔNDRIA
(BETA-OXIDAÇÃO)

FIBRA
MUSCULAR

Figura 11: A LHS é sinalizada principalmente pelas moléculas de adrenalina, glucagon, GH e cortisol, no
qual são importantes sinalizadores para que ocorra a quebra e mobilização (lipólise) da gordura, sendo
desviada para a fibra muscular onde ocorrerá a beta-oxidação (queima da gordura). Fonte: Metabolismo

e Emagrecimento de Dudu Haluch.

www.uniguacu.com.br
A insulina possui sinalização inibitória da mobilização de

gordura, conforme demonstrado na imagem. Entretanto, essa

afirmação merece cautela, pois comumente as pessoas acreditam

que a partir dessa premissa, uma dieta low carb ocasionaria uma

maior perda de gordura, o que não necessariamente é verdade

principalmente a longo prazo. Em nosso último capítulo do e-book

falaremos um pouco mais sobre isso e o que os estudos nos mostram

atualmente.

Questões complementares do capítulo:

1. Após a alimentação, qual é a principal enzima

extracelular que possui o papel de auxiliar na absorção e

armazenamento de gordura?

2. Explique a diferença entre lipólise e beta-oxidação:


30

3. Qual o nome do transportador de triglicerídeos no

sangue e no sistema linfático após captação intestinal

das gorduras provindas da alimentação?

4. Qual o nome da enzima liberada pelo pâncreas, que tem

a capacidade de auxiliar na digestão e metabolização da

gordura após uma refeição?

5. Em que organela e em que tecido ocorre principalmente a

beta-oxidação?

6. Quais são as principais moléculas que sinalizam a lipólise:

a) Glucagon, GH, insulina e cortisol

b) Insulina, adrenalina, GH e cortisol

c) Glucagon, GH, adrenalina e cortisol

d) Cortisol, testosterona, insulina e adrenalina

www.uniguacu.com.br
REGULAÇÃO DE FOME E

31
SACIEDADE: QUAL O PAPEL
DO TECIDO ADIPOSO COMO
ÓRGÃO ENDÓCRINO?

www.uniguacu.com.br
Neurofisiologia da fome e saciedade
A neurofisiologia da fome é arquitetonicamente sincronizada

através de hormônios anorexigênicos e orexigênicos. Os hormônios

anorexígenos promovem a sensação de saciedade, enquanto que

os orexígenos promovem a importante sensação de fome. Como é

possível observar na figura 12, o tecido adiposo, pâncreas, intestino

e estômago são os principais órgãos periféricos que controlam o

estado de fome e saciedade.

Efetores

Músculo
Tecido adiposo
Fígado

Hipotálamo
32

“Coma menos; “Coma mmais;


Neurônios metabolize mais” metabolize menos”
de segunda
ordem

Neurônios
do núcleo
a - MSH NPY

arqueado

Órgãos Leptina Insulina PYY3-36 GLP-1 Grelina


(tecido adiposo) (pâncreas) (intestino) (estômago)

Sinais Sinal de Sinal de


adiposidade saciedade fome

Figura 12: Quando nosso corpo está privado de alimento, nosso estômago é o principal sinalizador para
a busca de comida, aumentando a produção de grelina. A grelina, por sua vez, age a nível central na
região do hipotálamo, conhecida como núcleo arqueado. Nessa região, a grelina aumenta a atividade
de neurônios NPY (secretagogos de neuropeptídeo Y), sinalizando assim a busca por alimento (fome).
Por outro lado, como por exemplo após uma refeição, ocorre o aumento de sinalizadores de saciedade,
principalmente pelo intestino, pâncreas e tecido adiposo. Essas moléculas anorexígenas (insulina, leptina,
PYY e GLP-1) aumentam a atividade de neurônios -MSH (secretagogos de peptídeo de melanocortina),
sinalizando saciedade e estado energético positivo.

www.uniguacu.com.br
Papel do tecido adiposo como órgão
endócrino e regulação energética
Há alguns anos, o tecido adiposo vem sendo considerado um

importante órgão endócrino, desempenhando funções fundamentais

para nossa homeostasia. Nossos adipócitos produzem hormônios,

conhecidos como adipocinas, que podem agir tanto no próprio

tecido adiposo (efeito autócrino) ou em células alvo próximas (efeito

parácrino), como também em outras regiões do nosso corpo (efeito

endócrino). O efeito hormonal mais conhecido do tecido adiposo

é seu papel endócrino sobre o sistema nervoso central (SNC),

auxiliando no manejo de fome e saciedade, bem como sinalização

de estoques energéticos. Seu hormônio mais conhecido é a Leptina,

que entre outras funções, desempenha uma importante sinalização

anorexígena (aumento da saciedade) à nível do SNC. Além disso, é um

“comunicador” para nosso cérebro sobre o nível de nosso estoque

33
energético, dizendo se possuímos pouco ou muita energia estocada.

Na tabela 9 é possível observar as principais adipocinas conhecidas:

Tabela 9: Principais adipocinas descritas, no qual

observamos o impacto sobre seus níveis a partir do emagrecimento

e quais são os principais efeitos fisiológicos dessas moléculas.

Adipocina Emagrecimento Efeitos fisiológicos


Sinaliza saciedade no hipotálamo e aumenta o gasto
Leptina Diminui
energético
Aumenta a sensibilidade à insulina e tem propriedade
Adiponectina Aumenta
anti - inflamatória
Sintetizada pelos macrófagos no tecido adiposo.
Resistina Diminui
Aumenta a inflamação e a resistência à insulina
Produzida pelos adipócitos do tecido adiposo visceral.
Visfatina Diminui
Diminui a resistência à insulina.
Citocina inflamatória que aumenta a resistência à
TNF - α Diminui
insulina, a inflamação e a lipólise.
Citocina inflamatória que aumenta a resistência à
IL- 6 Diminui
insulina e a inflamação.

www.uniguacu.com.br
Quando ocorre o excesso de tecido adiposo, evento esse

caracterizado pela obesidade, o aumento da inflamação sistemática

pode agir em outros órgãos, facilitando comorbidades associadas

com a obesidade, como é possível visualizar na figura 13:

Secreção de: Inflamação


Visceral IL-8, IP-10, MCP - 1 sistêmica e local
RANTES

Secreção de:
Resistência à
Muscular TNF-α, ácidos graxos
IL-6 insulina

Tecido adiposo Secreção de: Inflamação local


Epicárdico IL-6, TNF-a, MCP-1
branco e quimiotaxia

Secreção de:
Perivascular IL-1, IL-6, IL-8 Aterosclerose e
IP-10, MCP-1, TNF-a hipertensão arterial

Reabsorção Aumento da hipertrofia


Perirrenal de sódio tensão intravascular

Figura 13: O tecido adiposo branco, sendo classificado como um órgão endócrino, pode promover
34

produção e secreção de citocinas e hormônios. O seu acúmulo demasiado, observado no excesso


de peso corpora, resulta no aumento de secreções inflamatórias que podem ser tanto a nível local
como sistêmico. Essa resposta, principalmente sistêmica, está intimamente associada com doenças
metabólicas e cardiovasculares.

Questões complementares do capítulo:

1. Quais são os principais tecidos que contribuem para o

manejo da fome e saciedade?

2. Explique qual o “caminho” da sinalização da fome entre o

sistema periférico e central:

3. Durante o emagrecimento, o que ocorre respectivamente

com os níveis de leptina, adiponectiva e citocinas pró-

inflamatórias (TNF - e IL-6):

a) Aumento, aumento e redução

b) Redução, aumento e redução

c) Diminuição, aumento e aumento

www.uniguacu.com.br
d) Todas sofrem redução

4. Pensando na obesidade, qual hormônio regulatório de

fome e saciedade pode estar mais alterado na sua opinião e por qual

motivo?

35

www.uniguacu.com.br
36

ADAPTAÇÕES
NEUROFISIOLÓGICAS
NA PERDA DE PESO,
TERMOGÊNESE ADAPTATIVA
E EFICIÊNCIA METABÓLICA

www.uniguacu.com.br
O que muitas pessoas se enganam, quando falamos em

perda de peso, é que ela acontece em um ritmo linear e constante,

como observamos na figura 14, isso não é bem assim.

COMO IMAGINAM COMO OCORRE

ALTA CHANCE DE
REGANHO DE PESO

!
PESO

PESO

TEMPO TEMPO

Figura 14: Ilustração sobre modelos de emagrecimento ao longo do tempo, demonstrando que a perda
de peso não ocorre linearmente e após um período, há cada vez mais um aumento significativo nas
chances de reganho de peso, principalmente pelo aumento de fome.

Devido algumas adaptações do nosso organismo, ao longo do

emagrecimento ocorre diminuição do potencial lipolítico e oxidativo da

37
gordura. Essa diminuição é resultante da redução da taxa metabólica

(termogênese adaptativa), aumento da eficiência mitocondrial,

aumento da fome ocasionado pela redução de leptina e aumento de

grelina, bem como alterações endócrinas sobre os níveis de cortisol,

hormônios tireoideanos e testosterona.

O resumo geral dessas adaptações é observado na figura 15,

uma fantástica visão geral das principais alterações que ocorre em

nosso organismo durante o emagrecimento, imagem essa a partir de

Müller et al. (2016).

www.uniguacu.com.br
Weight loss Maintenance of reduced weight

Gluc-ox LIP-ox = REEadj for FFM


FFM Glykogen
Fluid balance Phase 1
Gluconeogenesis
ICW/ECW Prot-ox ( ) nREEadj for FFM
Sodium balance
Lip-ox
FM=
Phase 2 Gluc-ox
Phase 1 Phase 2 Phase 3
FM Prot-ox

FFM Phase 3: Gluc-ox ( ) Lip-ox ( )


Steady state:
OM/MM Prot-ox=

FM=
Insulin
FFM=
Glukagon
OM/MM= Leptin
Leptin
FFA
T3

SNS
Insulin

NP T3

Aldosterone SNS

Regulation, set Settling Regulation, set


38

Figura 15: Principais respostas do organismo durante o emagrecimento, principalmente sendo dividido
em 3 grandes fases.


A fase 1 (phase 1) é caracterizada pela resposta aguda

após iniciar uma dietoterapia, resultando principalmente na maior

redução da água intra e extracelular, ocorrendo principalmente

pela redução da insulina e menor balanço de sódio. Além disso, já

pela rápida diminuição do peso, há uma maior sinalização à nível do

SNC, no conhecido “Set point”. Ou seja, nosso cérebro possui uma

“antena” que consegue identificar qual é nosso peso. Quando ocorre

uma redução do peso corporal ele acredita que algo está errado e

realiza uma gama de sinalizações visando a recuperação do peso

corporal, como redução do sistema nervoso simpático, redução de

T3 e redução do gasto energético em repouso.

www.uniguacu.com.br
Já na fase 2 (phase 2) é onde começa ocorrer realmente

a redução de gordura corporal, no qual nosso organismo otimiza a

oxidação de lipídeos (tecido adiposo) e reduz a oxidação de glicose e

proteína. Essa é a fase no qual os resultados mais consistentes são

observados e, trabalhar a aderência consistência durante essa fase,

é o ponto chave para o sucesso no emagrecimento.

Porém, é na fase 3 (phase 3) que esses resultados podem se

manter consolidados ou ocorrer o reganho de peso, efeito conhecido

comumente como “efeito sanfona”. Nessa fase, a fome se eleva de

forma mais significativa (figura 16) e recentes estudos apontam

que em média, a cada kg de peso perdido, ocorre um aumento de

aproximadamente 100kcal no apetite.


Beseline Week 10 Week 12

A B
Peptide YY (pg/ml)

200 200
Ghrelin (pg/ml)

60

100 100

39
20

0 0
0 30 60 120 180 240 0 30 60 120 180 240

Postprandial Time (min) Postprandial Time (min)

C D

200 200
Amylin (pg/ml)

CCK (fmolml)

100 100

0 0
0 30 60 120 180 240 0 30 60 120 180 240

Postprandial Time (min) Postprandial Time (min)

Figura 16: É possível observar aumento na fome ao longo do emagrecimento, no qual ocorre
principalmente pela redução nos níveis de Leptina, elevação de grelina (gráfico A) e diminuição de
hormônios gastrointestinais e pancreáticos com papel sacietogênico (Peptídeo YY (gráfico B), Amilina
(gráfico C) e CCK (gráfico D)). Fonte: (SUMITHRAN, P. et al., 2011).

www.uniguacu.com.br
Além do aumento da fome, nessa fase é onde ocorre maior

impacto sobre o metabolismo, tanto pela redução mais significativa

da atividade do sistema nervoso simpático, como também maior

redução dos níveis de T3. Similarmente, a redução do gasto

calórico em repouso também é significativa após a perda de peso.

Em estudo coordenado por Hopkins et al. 2014, observou uma

redução de aproximadamente 103kcal por dia após emagrecimento

resultante de exercício aeróbico supervisionado. De forma mais

exponencial, o estudo clássico “The biggest loser” observou que

essa redução calórica pode se perpetuar por anos, visto que após 6

anos a adaptação metabólica foi de aproximadamente 500kcal nos

participantes. Nesse estudo, o reganho de peso ao longo dos anos

(aproximadamente 41kg) não esteve relacionado com essa adaptação


40

metabólica, mas aqueles que mantiveram maior perda de peso aos 6

anos também experimentaram um menor impacto dessa adaptação

metabólica.

Mas e o sono, será que ele também pode impactar nesse

controle de fome e saciedade? Sim, e muito!

Estudos recentes observaram que comparado às pessoas

com sono adequado, sujeitos que sofrem de privação de sono

apresentam aumento nas concentrações plasmáticas de Grelina

e redução de Leptina. Não obstante, além do aumento do apetite,

também ocorre aumento na atividade de áreas cerebrais relacionadas

ao comportamento alimentar de recompensa, fazendo com que

as pessoas privadas de sono reportem maior busca por alimentos

palatáveis e com maior teor de calorias. Em consequência disso,

www.uniguacu.com.br
recente estudo observou que comparando pessoas com tempo de

sono entre 7 e 8 horas, pessoas com tempo de sono entre 3 e 5 horas

apresentavam consumo calórico aumentado de aproximadamente

385 Kcal. Por esse motivo, visto que já ocorre fisiologicamente um

aumento da fome durante a perda de peso, é fundamental que o sono

esteja adequado quando pensamos no sucesso a longo prazo da

perda de peso. Abaixo, observamos na figura 17 um resumo referente

ao impacto da privação de sono sobre o comportamento alimentar e

balanço energético:

PROVAÇÃO DE SONO

ATIVAÇÃO DO SISTEMA
OREXÍGENO

AUMENTO DE HORMÔNIOS AUMENTO NA ATIVIDADE EM AUMENTO DA FOME E


OREXÍGENOS (GRELINA) E SISTEMA DE RECOMPENSA APETITE

41
REDUÇÃO DE HORMÔNIOS
ANOREXÍGENOS (LEPTINA, GLP-1)

BALANÇO ENERGÉTICO
POSITIVO

AUMENTO DO PESO
CORPORAL

Figura 17: A privação de sono (ato de dormir menos do que 7h por noite) aumenta a atividade do sistema
orexígeno, resultando em maior fome e apetite ao longo do dia. Além disso, também ocorre redução
de hormônios anorexígenos e maior atividade de sistemas cerebrais relacionados com recompensa
alimentar. Isso facilita um ambiente com balanço energético positivo e um consequente aumento do
peso corporal, principalmente de gordura.

www.uniguacu.com.br
Resumo do capítulo:
• A perda de peso não ocorre de forma linear;

• Devido adaptações inevitáveis de nosso organismo, o

emagrecimento perde potência ao longo do tempo;

• Essas adaptações facilitam o reganho de peso,

principalmente pelo aumento da forme;

• Se tratando de hormônios regulatórios de fome e

saciedade, ocorre aumento de grelina e diminuição de

leptina, CCK, Peptídeo YY e amilina;

• Além do aumento de fome, ocorre redução do metabolismo,

facilitando o reganho de peso ou dificuldades para ocorrer

mais perda de gordura;

• O sono possui um papel primordial no comportamento


42

alimentar;

• A privação de sono ou um sono de baixa qualidade pode

prejudicar o emagrecimento e até resultar no ganho de

peso corporal; 

www.uniguacu.com.br
MANUTENÇÃO

43
E SUCESSO NO
EMAGRECIMENTO

www.uniguacu.com.br
Mesmo com o avanço das pesquisas científicas na

obesidade, sua prevalência continua subindo ano após ano. No

âmbito nutricional, diversos estudos já buscaram investigar o papel

dietético sobre a prevenção e tratamento da obesidade, desde

estratégias alimentares, como também o papel de substâncias

isoladamente, conforme discutiremos nesse e no próximo capítulo.

Será que existe uma dieta superior visando emagrecimento? Perder

peso rapidamente pode facilitar um maior reganho de peso? Quais

são os nutrientes chaves no emagrecimento? Quais são os principais

comportamentos relacionados com o sucesso no emagrecimento?

Essa última pergunta é discutida no artigo de Wing &

Phelan (2005), no qual observou que seis comportamentos foram

fundamentais na manutenção do peso perdido em estudos da época,


44

sendo: 1) envolvimento em altos níveis de atividade física; 2) seguir

uma dieta pobre em calorias e gorduras; 3) tomar café da manhã;

4) automonitoramento do peso regularmente; 5) manter um padrão

alimentar consistente; e 6) pegar “deslizes” antes que se transformem

em hábitos e facilitem o reganho de peso corporal. Além disso, os

autores destacaram que iniciar a perda de peso após um evento

médico também pode ajudar no sucesso a longo prazo.

Mas e perder peso rapidamente, será que pode ser um

problema pensando em manutenção do peso corporal? A resposta

é depende!

A perda de peso mais abrupta tem como efeito negativo o

aumento mais rápido e significativo das adaptações do organismo,

resultando principalmente no aumento da fome e apetite. Entretanto,

www.uniguacu.com.br
uma maior perda de peso inicial também pode auxiliar no sucesso do

emagrecimento, visto que aumenta a motivação e dessa forma pode

facilitar a aderência na dietoterapia. Vale frisar que, de maneira mais

determinante, a mudança no estilo de vida tem um papel fundamental

nisso.

E é exatamente o que um estudo clássico de revisão

desenvolvido por Astrup & Rossner (2000) deixa claro, com

comentários importantes sobre essa discussão:

“Existem evidências de estudos de intervenção randomizados

para apoiar que uma maior perda de peso inicial induzida sem

mudanças no estilo de vida (por exemplo, dietas com fórmula líquida

ou medicamentos anoréticos) melhora a manutenção do peso a

longo prazo, desde que seja seguido por um programa integrado

de manutenção de peso de 1-2 anos consistindo de intervenções no

estilo de vida que envolvem mudanças na dieta, educação nutricional,

45
terapia comportamental e aumento da atividade física.”

“Em conclusão, um aumento da perda de peso inicial em

obesos pacientes produz uma melhor retenção de peso a longo prazo

perda, desde que a terapia auxiliar seja fornecida pelo menos em a

fase de manutenção do peso do programa.”

Ou seja, os autores discutem que se for optado por uma

intervenção buscando uma perda de peso mais rápida e abrupta, é de

extrema importância que seja seguida de mudanças no estilo de vida,

visando consolidar esses resultados e proporcionando uma vida mais

saudável. Vamos aguardar novos estudos, inclusive aproveitando a

crescente da nutrição comportamental, buscando nos direcionar

www.uniguacu.com.br
de forma mais fidedigna sobre o que seria melhor no tratamento

da obesidade, mesmo que seja sempre fundamental levantarmos a

bandeira da individualidade biológica, inclusive no emagrecimento.

Questões complementares do capítulo:

1. Analisando a prevalência cada vez maior de obesidade,

cite 3 fatores que podem estar associados com esse

aumento e descreva brevemente por qual motivo os

escolheu:

2. Cite 1 ponto negativo e 1 ponto positivo que você observa

na perda de peso mais rápida:

3. Cite 1 ponto negativo e 1 ponto positivo que você observa

na perda de peso mais lenta:


46

4. Na sua opinião, qual o ponto mais importante no que tange

sucesso a longo prazo no emagrecimento?

www.uniguacu.com.br
ESTRATÉGIAS

47
NUTRICIONAIS E
FERRAMENTAS DIETÉTICAS

www.uniguacu.com.br
Dieta Hiperproteica
Existe uma melhor dieta para emagrecimento? Essa é uma

pergunta que comumente nos fazem ou observamos em nosso

cotidiano. A partir disso, diversos estudos buscaram avaliar de

que forma estratégias alimentares podem ajudar, principalmente

pensando em um emagrecimento eficiente, que é perder gordura

sem afetar de forma significativa o teor de massa muscular e óssea.

Nessa proposta, dietas hiperproteicas parecem ser interessantes,

principalmente pelo seu potencial sacietogênico, impacto sobre

termogênese induzida pela dieta (TID) e aumento de peptídeos

anorexígenos (CCK, GLP-1 e PYY) (WITJAKSONO, F. et al., 2018).

Além do maior papel sacietogênico em uma dieta rica

em proteínas, esse tipo de estratégia para ser extremamente


48

interessante para auxiliar na preservação da massa muscular durante

o emagrecimento. A restrição calórica pode acelerar o declínio da

massa muscular, principalmente em dietas com restrição proteica,

aumentando assim a proteólise para gliconeogênese. Entretanto,

quando há um aporte proteico aumentado na alimentação, nosso

organismo não sente a necessidade de utilizar o músculo como

fornecimento energético, por aumentar a utilização dos aminoácidos

pela alimentação para essa finalidade (SMITH, G.I. et al., 2016;

WITJAKSONO, F. et al., 2018). Não é necessário um consumo excessivo

de proteínas na alimentação, visto que em pessoas que praticam

exercício físico regularmente, a indicação média fica entre 1,6 a 2,2

g/kg corporal (IRAKI, J. et al., 2019).

www.uniguacu.com.br
Low carb x Low fat
Comumente as pessoas acreditam que dietas com restrição

de carboidratos são mais eficientes na perda de peso. Entretanto,

quando analisamos estudos comparativos entre dietas low carb e

low fat, observamos que não é bem assim.

Em estudo coordenado por Foster (2010) observou que a

dieta low carb ocasionou uma leve superioridade na perda de peso

nos primeiros meses de intervenção. Entretanto, a longo prazo, a

perda de peso foi semelhante com o grupo que realizou a dieta low

fat, como observamos na figura 18 referente ao estudo.

-2 Low-fat diet group


Change in Weight, kg

-4 Low-carbohydrate diet group

-6

49
-8

-10

-12
-14
3 6 12 24
Month
Figura 18: Alterações no peso corporal ao longo de 24 meses, em comparação as estratégias dietéticas
em que um grupo recebeu uma dieta com baixo teor de carboidratos e outro grupo recebeu uma dieta
com baixo teor de gorduras. Fonte: (FOSTER; G.D. et al., 2010).


Outro trabalho comparativo entre essas 2 dietas foi

publicado no renomado The American Journal of Clinical Nutrition

(VAN ZUUREN; E.J. et al., 2018), agora sendo uma meta-análise e

incluindo pacientes diabéticos, demonstrou que:

www.uniguacu.com.br
• De forma aguda, dietas low carb reduziram de forma mais

significativa os níveis de hemoglobina glicada. Entretanto,

ao passar do tempo a diminuição foi semelhante entre as

dietas;

• Dietas low carb apresentaram melhores resultados na

diminuição da glicemia e triglicerídeos a médio e longo

prazo;

• Avaliando dados antropométricos e peso corporal, a longo

prazo as dietas apresentaram resultados semelhantes.

Como resumo do estudo em pacientes diabéticos, a dieta

low carb pode apresentar leve vantagem no que tange melhora

metabólica, mas sem diferença significativa na perda de peso ao

longo do acompanhamento dos estudos inclusos na meta-análise.


50

Vale frisar que o mais importante, principalmente pensando a longo

prazo, é preconizar mudanças positivas no estilo de vida e ajustes

alimentares que facilitem a adesão alimentar. Inicialmente a dieta

low carb pode resultar em uma perda de peso mais exponencial,

principalmente pela maior perda hídrica. Porém, os estudos que

analisam ao longo do tempo demonstram não haver diferença

significativa na perda de peso entre as estratégias.

Ciclagem de calorias
Tanto a ciclagem de calorias, como de carboidratos, são

excelentes estratégias visando um resultado mais consistente a

longo prazo e visando reduzir os efeitos adaptativos da perda de

peso.

www.uniguacu.com.br
A ciclagem de calorias, também conhecida como Restrição

Energética Intermitente (REI), possui como finalidade a oscilação

calórica seja durante dias da semana ou entre semanas. Ou seja,

dias com menos ou mais calorias, podem ser planejados conforme

o volume e intensidade do treinamento. Particularmente uso muito

essa estratégia, pois é de fácil aplicabilidade e comumente de fácil

aderência. Um exemplo que uso, é realizar um decréscimo calórico

do plano alimentar em dias de descanso ou de treinos com menor

intensidade, no qual a redução calórica vai variar de acordo com o

teor calórico do plano alimentar, mas podendo ser entre 200 a 400

Kcal. Além disso, também é possível realizar a ciclagem de calorias

alternando entre semanas. Por exemplo, quando conseguimos realizar

um trabalho interdisciplinar com o personal trainer, é possível realizar

semanas com aumento gradual de calorias conforme progressão da

periodização de treinamento, ao mesmo tempo realizando semanas

51
de teor calórico reduzido em semanas que o treinamento está voltado

para recuperação e/ou volume de treinamento mais baixo.

A REI, além de sua boa aplicabilidade prática, também foi

demonstrada em estudo prévio como uma excelente estratégia

visando atenuar a redução sobre a TMB durante o emagrecimento.

Como podemos observar na figura 19 do estudo “MATADOR” (BYRNE,

N.M. et al., 2018), a REI resultou em maior perda de peso ao longo

das 16 semanas do estudo, bem como resultou em menor reganho de

peso ao longo do follow-up de 6 meses.

www.uniguacu.com.br
a
CON
INT
0
a
a
-2

-4
a
-6
3
*
Weight Loss (kg)

3
*
-8 b

*
-10
* 3
*
-12 c *
** * * *
** * *
*
-14
d
-16

-18
e

-20
-4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52
Baseline Energy balance Follow-up

Figura 19: Comparação entre a restrição calórica convencional vs restrição calórica intermitente (REI)
sobre a perda e reganho de peso ao longo do “The MATADOR Study”. Fonte: (BYRNE, N.M. et al., 2018).

Ciclagem de carboidratos
Atualmente ainda não há estudos na literatura que analise
52

o potencial dessa estratégia no emagrecimento, entretanto,

empiricamente muitos nutricionistas acham essa estratégia

extremamente eficiente e comumente de fácil aderência. A ciclagem

de carboidratos (carb cycling), de mesma forma que outras

estratégias, possui o papel de buscar reduzir os efeitos adaptativos

na perda de peso, principalmente mantendo bons resultados na

sensibilidade à insulina. Além disso, é uma ótima estratégia quando

combinada com a periodização de treinamento, permitindo assim um

maior aporte energético para sessões mais volumosas e intensas de

treinamento. Eu, particularmente, gosto muito de combinar a ciclagem

de calorias com a ciclagem de carboidratos, observando uma melhor

aplicabilidade prática e melhor aderência. Por outro lado, a ciclagem

de carboidratos também pode ser feita de forma separada.

www.uniguacu.com.br
De mesma forma que a ciclagem de calorias, a carb cycling

tmb pode ser feita alternando entre semanas ou até mesmo dias de

uma mesma semana. Comumente é uma boa abordagem utilizada

em fases de restrição calórica, no qual a performance física começa

a ser prejudicada devido a depleção dos estoques energéticos. Por

esse motivo, alinhando com a periodização de treino quando isso

é possível, pode auxiliar a manter uma boa performance e assim,

atenuar a perda de massa magra durante o regime calórico.

Além disso, outra excelente forma de aplicar a carb cycling

é utilizando a oscilação de carboidratos entre semanas, variando em

semanas de “low carb” com outras em “high carb”. Essa abordagem,

conhecida como “Modelo Haluch”, foi desenvolvida pelo nosso

excelentíssimo Prof. Dudu Haluch, visando a aplicabilidade dessa

estratégia dietética com intervalos maiores de tempo quando

comparada com a abordagem tradicional. Abaixo, observamos na

53
tabela 10 um exemplo dessa periodização nutricional:

Tabela 10: Exemplo do Modelo Haluch sobre a ciclagem de

carboidratos ao longo de uma periodização nutricional.

Primeira fase: Segunda fase: Terceira fase: Quarta fase:


Macronutriente 6-10 semanas 2-4 semanas 2-4 semanas 2-4 semanas
low carb high carb low carb high carb
Carboidratos 10 – 45% 30– 60% 10 – 45% 30 – 60%

Proteínas 25– 45% 20– 40% 25 – 45% 20 – 40%

Gorduras 20– 30% 15 – 30% 20 – 35% 15 – 30%

www.uniguacu.com.br
Jejum intermitente
O jejum intermitente consiste em uma estratégia dietética

que visa redução da janela alimentar. Ou seja, reduzindo o tempo

de ingestão calórica no dia e priorizando um estado de ausência

calórica por um período de 12, 16, 18 ou 24 horas. A principal teoria

dessa estratégia alimentar está baseada no aumento da mobilização

de estoques energéticos durante o estado de jejum, visto que ocorre

aumento de catecolaminas (como o cortisol e adrenalina) importantes

na mobilização de gordura, bem como aumento de hormônios como

glucagon. A partir disso, imagina-se que realizar um período maior

de jejum poderia assim otimizar a mobilização de gordura e utilização

desse componente como substrato energético, otimizando a perda

de peso.
54

Diversos trabalhos publicados já demonstraram importantes

benefícios do jejum intermitente, como emagrecimento, melhora de

perfil lipídico, melhora sobre marcadores inflamatórios e oxidativos,

bem como melhora em parâmetros metabólicos como a resistência

insulínica (PATTERSON, R.E. & SEARS, D.D., 2017; SANTOS, H.O. &

MACEDO, R.C.O., 2018). Ou seja, quando a pessoa consegue aderir

bem à essa estratégia alimentar e estando associada com o déficit

energético, é possível obter excelentes resultados na perda de peso. E

esse é o ponto mais importante quando pensamos em emagrecimento:

Aderência! Estudos recentes discutem que indiferente da estratégia

adotada, seja ela jejum intermitente ou consumo alimentar em janela

normal, o mais importante visando sucesso no emagrecimento a

longo prazo é promover aderência, balanço energético negativo

www.uniguacu.com.br
(déficit calórico) e alimentos de alta qualidade (FREIRE, R. 2020).

Alimentos e emagrecimento
Alguns alimentos vêm sendo explorados no emagrecimento,

por possuírem papel chave no que tange saúde, principalmente

gastrointestinal. Abaixo, veremos um importante comentário de

um estudo por Mozaffarian e colaboradores (2011), publicado no

renomado “New England Journal of Medicine”:

“Alguns alimentos - legumes, nozes, frutas e grãos integrais

- foram associados com menor ganho de peso quando o consumo

foi realmente aumentado. Obviamente, esses alimentos fornecem

calorias e não podem violar as leis termodinâmicas. Suas associações

inversas com ganho de peso sugerem que o aumento do consumo

reduziu a ingestão de outros alimentos mais calóricos, diminuindo

a quantidade total de energia consumida. Maior teor de fibra e

55
digestão mais lenta desses alimentos aumentariam a saciedade, e

seu aumento no consumo também deslocaria outros alimentos mais

processados na dieta, fornecendo mecanismos biológicos plausíveis

para que pessoas que comem mais frutas, nozes, vegetais e grãos

integrais ganhassem menos peso ao longo do tempo”.

Fibras
Se tratando de nutrientes isoladamente, eu poderia arriscar

que as fibras são os compostos mais importantes quando pensamos

em emagrecimento. Além do primordial benefício sobre a saúde

de nossa microbiota intestinal, as fibras desempenham um papel

www.uniguacu.com.br
fundamental na saciedade e, como já discutimos anteriormente,

estratégias que visem reduzir a fome durante o emagrecimento são

de extrema importância visando o sucesso a longo prazo.

Na tabela 11 é possível observar o conteúdo de fibras em alguns

alimentos, inclusive chamando atenção da quantidade encontrada

no feijão, um alimento no qual é feito muito terrorismo nutricional,

mas pode ser extremamente interessante no emagrecimento pelo

seu teor de fibras.

Tabela 11: Teor de calorias e fibras sobre porção de alguns

alimentos. Fonte: Tabela TACO.

Alimento Porção (g) Kcal Fibra (g)


Batata doce 100 77 2,2
56

Pão integral 50 122 3,3


Aveia 30 104 2,9
Inhame 100 116 3,9
Feijão 100 76 8,5
Abacate 100 96 6,3
Brócolis 100 25 3,4
Linhaça 15 75 4,2
Chia 15 80 5,3
Fibra de trigo 10 15 4,5
Psyllium 10 - 8,0
Farinha de maracujá 15 35 7,5

Frutas e vegetais

Sendo ótimas fontes de fibras e já conhecendo a importância

da fibra no emagrecimento, frutas e vegetais são extremamente

importantes para o emagrecimento. Estudos já observaram

www.uniguacu.com.br
que pessoas que consumiam uma maior quantidade de frutas e

vegetais apresentavam menor ganho de peso ao longo dos anos,

bem como um maior emagrecimento durante acompanhamento

dietético (SARTORELLI, D.S. et al, 2008; VIOQUE, J. et al., 2008).

Além do teor de fibras, frutas e vegetais são excelentes alimentos

no emagrecimento por apresentarem baixa densidade energética.

Ou seja, menos calorias em maior quantidade de alimento. Assim

torna-se possível ofertar um plano alimentar com maior volume e

menor teor calórico durante o emagrecimento, auxiliando no manejo

da fome. Além do que já foi discutido, frutas e vegetais auxiliam

significativamente na saúde intestinal e são excelentes fontes de

polifenóis e compostos antioxidantes, que também são importantes

adjuvantes no emagrecimento. Ou seja, melhorar o desbalanço

oxidativo na obesidade pode auxiliar na melhora da sensibilidade

à insulina e assim, otimizar o emagrecimento, além de promover

57
melhora sobre parâmetros de risco cardiometabólicos (CRUJEIRAS,

A.B. et al., 2006).

Questões complementares do capítulo:

1. Cite 2 pontos positivos da dieta hiperproteica durante o

processo de emagrecimento:

2. Em sua opinião profissional, há alguma estratégia que você

observa ocorrer melhor aderência em seus pacientes?

3. Qual foi a principal vantagem observada em estudos com

restrição calórica intermitente e como isso pode auxiliar

a reduzir o reganho de peso após um regime calórico?

4. Quais são os principais benefícios envolvidos no

www.uniguacu.com.br
emagrecimento a partir de frutas e vegetais:

a) Saciedade apenas

b) Saciedade, baixa densidade calórica e saúde intestinal

c) saúde intestinal apenas

d) baixa densidade calórica e saúde intestinal apenas

5. Cite 1 ponto positivo e 1 ponto negativo que você observa

na estratégia alimentar de jejum intermitente:

6. Em sua opinião, a dieta low carb pode trazer bons

benefícios a curto prazo e facilitar a aderência em alguns pacientes?

7. Cite 1 benefício prático da estratégia baseada em ciclagem

de calorias e como pode ser aplicada associando a periodização de

treinamento:
58

www.uniguacu.com.br
Referências bibliográficas

ASTRUP, A.; RÖSSNER, S. Lessons from obesity

management programmes: greater initial weight loss improves long‐

term maintenance. obesity reviews, v. 1, n. 1, p. 17-19, 2000.

BYRNE, N. M. et al. Intermittent energy restriction improves

weight loss efficiency in obese men: the MATADOR study. International

journal of obesity, v. 42, n. 2, p. 129-138, 2018.

CRUJEIRAS, A. B. et al. A role for fruit content in energy-

restricted diets in improving antioxidant status in obese women

during weight loss. Nutrition, v. 22, n. 6, p. 593-599, 2006.

FOSTER, G. D. et al. Weight and metabolic outcomes after 2

years on a low-carbohydrate versus low-fat diet: a randomized trial.

Annals of internal medicine, v. 153, n. 3, p. 147-157, 2010.

FOTHERGILL, E. et al. Persistent metabolic adaptation 6

years after “The Biggest Loser” competition. Obesity, v. 24, n. 8, p.

59
1612-1619, 2016.

FREIRE, R. Scientific evidence of diets for weight loss:

different macronutrient composition, intermittent fasting, and

popular diets. Nutrition, v. 69, p. 110549, 2020.

FRITZEN, A. M.; LUNDSGAARD, A. M.; KIENS, B. Tuning fatty

acid oxidation in skeletal muscle with dietary fat and exercise. Nature

Reviews Endocrinology, v. 16, n. 12, p. 683-696, 2020.

GREENWAY, F. L. Physiological adaptations to weight loss

and factors favouring weight regain. International journal of obesity,

v. 39, n. 8, p. 1188-1196, 2015.

HELMS, E. R. et al. A systematic review of dietary protein

www.uniguacu.com.br
during caloric restriction in resistance trained lean athletes: a case

for higher intakes. International journal of sport nutrition and exercise

metabolism, v. 24, n. 2, p. 127-138, 2014.

HILL, J. O.; WYATT, H. R.; PETERS, J. C. Energy balance and

obesity. Circulation, v. 126, n. 1, p. 126-132, 2012.

HOPKINS, M. et al. The adaptive metabolic response to

exercise-induced weight loss influences both energy expenditure

and energy intake. European journal of clinical nutrition, v. 68, n. 5, p.

581-586, 2014.

IRAKI, J. et al. Nutrition recommendations for bodybuilders

in the off-season: A narrative review. Sports, v. 7, n. 7, p. 154, 2019.

KINROSS, J. M. et al. The human gut microbiome: implications

for future health care. Current gastroenterology reports, v. 10, n. 4, p.


60

396-403, 2008.

KNUTSON, K. L.; VAN CAUTER, E. Associations between

sleep loss and increased risk of obesity and diabetes. Annals of the

New York Academy of Sciences, v. 1129, p. 287, 2008.

LEPROULT, R.; VAN CAUTER, E. Role of sleep and sleep loss in

hormonal release and metabolism. In: Pediatric Neuroendocrinology.

Karger Publishers, 2010. p. 11-21.

MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause–

Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 12ª Edição. São Paulo: Roca, p.

270-281, 2010.

MAKKI, K.; FROGUEL, P.; WOLOWCZUK, I. Adipose tissue in

obesity-related inflammation and insulin resistance: cells, cytokines,

and chemokines. International Scholarly Research Notices, v. 2013,

www.uniguacu.com.br
2013.

MOZAFFARIAN, D. et al. Changes in diet and lifestyle and

long-term weight gain in women and men. New England Journal of

Medicine, v. 364, n. 25, p. 2392-2404, 2011.

NELSON, D. L.; LEHNINGER, A. L.; COX, M. M. Lehninger

principles of biochemistry. Macmillan, 2008.

PANISSA, V. L. G. et al. Magnitude and duration of excess of

post‐exercise oxygen consumption between high‐intensity interval

and moderate‐intensity continuous exercise: A systematic review.

Obesity Reviews, 2020.

PATTERSON, R. E.; SEARS, D. D. Metabolic effects of

intermittent fasting. Annual review of nutrition, v. 37, 2017.

POLIDORI, D. et al. How strongly does appetite counter

weight loss? Quantification of the feedback control of human energy

intake. Obesity, v. 24, n. 11, p. 2289-2295, 2016.

61
REUTRAKUL, S.; VAN CAUTER, E. Sleep influences on

obesity, insulin resistance, and risk of type 2 diabetes. Metabolism, v.

84, p. 56-66, 2018.

SANTOS, H. O.; MACEDO, R. C. O. Impact of intermittent

fasting on the lipid profile: assessment associated with diet and

weight loss. Clinical nutrition ESPEN, v. 24, p. 14-21, 2018.

SARTORELLI, D. S.; FRANCO, L. J.; CARDOSO, M. A. High

intake of fruits and vegetables predicts weight loss in Brazilian

overweight adults. Nutrition Research, v. 28, n. 4, p. 233-238, 2008.

SMITH, G. I. et al. High-protein intake during weight loss

therapy eliminates the weight-loss-induced improvement in insulin

www.uniguacu.com.br
action in obese postmenopausal women. Cell reports, v. 17, n. 3, p.

849-861, 2016.

SUMITHRAN, P. et al. Long-term persistence of hormonal

adaptations to weight loss. New England Journal of Medicine, v. 365,

n. 17, p. 1597-1604, 2011.

TAHARA, Y. et al. Fat-free mass and excess post-exercise

oxygen consumption in the 40 minutes after short-duration exhaustive

exercise in young male Japanese athletes. Journal of physiological

anthropology, v. 27, n. 3, p. 139-143, 2008.

TOWNSEND, J. R. et al. Excess post-exercise oxygen

consumption (EPOC) following multiple effort sprint and moderate

aerobic exercise. Kinesiology, v. 45, n. 1, p. 16, 2013.

TREXLER, E. T.; SMITH-RYAN, A. E.; NORTON, L. E. Metabolic


62

adaptation to weight loss: implications for the athlete. Journal of the

International Society of Sports Nutrition, v. 11, n. 1, p. 1-7, 2014.

VAN ZUUREN, E. J. et al. Effects of low-carbohydrate-

compared with low-fat-diet interventions on metabolic control in

people with type 2 diabetes: a systematic review including GRADE

assessments. The American journal of clinical nutrition, v. 108, n. 2, p.

300-331, 2018.

VIOQUE, J. et al. Intake of fruits and vegetables in relation to

10‐year weight gain among Spanish adults. Obesity, v. 16, n. 3, p. 664-

670, 2008.

WING, R. R.; PHELAN, S. Long-term weight loss maintenance–.

The American journal of clinical nutrition, v. 82, n. 1, p. 222S-225S,

2005.

www.uniguacu.com.br
WITJAKSONO, F. et al. Comparison of low calorie high protein

and low calorie standard protein diet on waist circumference of adults

with visceral obesity and weight cycling. BMC research notes, v. 11, n.

1, p. 674, 2018.

63

www.uniguacu.com.br
64

www.uniguacu.com.br
65

www.uniguacu.com.br
NOSSOS CURSOS

A Pós-graduação UNIGUAÇU
alcança todo o Brasil, já temos 6
Grandes
lançamentos: cursos e mais de 40 professores
mestres e doutores renomados.
Contando com as modalidades,
On-line, AO VIVO e Presencial
aplicando a seguinte metodologia:

On-line, AO VIVO
e/ou Presencial

Duração de 18 meses

Certificação
Rápida

Carga horária de
360h aula On-line, AO VIVO

Aulas exclusivas
Tira dúvidas

Aulas exclusivas
Práticas

Aulas
Interativas

Ajuda de supervisor
Personalizado

Ferramentas
Digitais de Fixação
CONHEÇA NOSSA
LOJA VIRTUAL
lojauniguacu.com.br

+de
+de
30
cursos
on-line
com os melhores
professores do Brasil!

Você também pode gostar