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OBESIDADE - CONCEITO

Promove alterações
Estado clinico no qual há um morfológicas e
aumento relativo e absoluto da fisiopatológicas, que reduzem
massa de TECIDO ADIPOSO a qualidade e o tempo de vida
OBESIDADE - ETIOLOGIA

DOENÇA MULTIFATORIAL
- Fatores comportamentais, culturais, genéticos, fisiológicos
e psicológicos.

75%
OBESIDADE - ETIOLOGIA
FATORES DIETÉTICOS
INDUSTRIALIZAÇÃO
OBESIDADE - ETIOLOGIA
FATORES DIETÉTICOS

INDUSTRIALIZAÇÃO

• Aumento do consumo de gordura trans;

• Aumento do consumo de doces e alimentos industrializados;

• Redução do consumo de fibras;


OBESIDADE - EPIDEMIOLOGIA

✓ A obesidade é considerada, em países


desenvolvidos e em desenvolvimento,
um importante problema de saúde
pública, e para a OMS, uma epidemia
global.
OBESIDADE - EPIDEMIOLOGIA

Mais da metade dos Brasileiros


apresentam excesso de peso
• A proporção de obesos na
população com 20 anos ou mais de
idade mais que dobrou no país entre
2003 e 2019, passando de 12,2%
para 26,8%. Nesse período, a
obesidade feminina subiu de 14,5%
para 30,2% , enquanto a obesidade
masculina passou de 9,6% para
22,8%.
OBESIDADE

A PREVALÊNCIA ATUAL DE OBESIDADE NÃO


É COMPATÍVEL COM OS PADRÕES DE BELEZA
DA SOCIEDADE, ALÉM DE TRAZER DIVERSAS
COMORBIDADES....

A OBESIDADE É UMA FONTE RENTÁVEL


DE GANHO FINANCEIRO:
- Dietas milagrosas;
- Suplementos alimentares;
- Medicamentos;
- Produtos cosméticos;
- Aparelhos de ginástica.
OBESIDADE - DIAGNÓSTICO

Padrão ouro: ressonância magnética, tomografia computadorizada e


absorciometria com raios-X de dupla energia (DEXA) - o custo e a falta dos
equipamentos necessários impedem o uso dessas técnicas na prática clínica.

Na prática: IMC, dobras, BIA.


OBESIDADE – CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS:

O IMC é um bom indicador, mas não totalmente correlacionado com a


gordura corporal. É simples, prático, sem custo. Pode haver diferenças na
composição corporal em função do sexo, idade, etnia, no cálculo de
indivíduos sedentários quando comparados a atletas, na presença de perda
de estatura em idosos devido a cifose, em edemaciados, etc.

• O IMC não distingue MG de MM, podendo ser menos preciso em indivíduos


mais idosos, em decorrência da perda de MM, e superestimado em
indivíduos musculosos.

• O IMC não reflete a distribuição da gordura corporal.


IMC
OBESIDADE – CLASSIFICAÇÃO
IMC (kg/m²) CLASSIFICAÇÃO GRAU/ CLASSE RISCO DE DOENÇA
<18,5 Magro ou Baixo Peso 0 Normal ou elevado
18,5 a 24,9 Normal ou Eutrófico 0 Normal
25 a 29,9 Sobrepeso ou Pré-obeso 0 Pouco elevado
30 a 34,9 Obesidade I Elevado
35 a 39,9 Obesidade II Muito elevado
≥ 40 Obesidade Grave/ Mórbida III Muitíssimo elevado
Fonte: OMS

IMC ≥ 50 Kg/m² - SUPEROBESIDADE

IMC ≥ 60 Kg/ m² - SUPER - SUPEROBESIDADE


OBESIDADE – CLASSIFICAÇÃO
MASSA GORDUROSA E DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA

• Medição da espessura das pregas cutâneas: sua reprodutibilidade é


uma limitação como método diagnóstico.
• Bioimpedância.
• Ultrassonografia.
• Tomografia computadorizada.
• Ressonância magnética.

• Gordura visceral (intra-abdominal) é um fator de risco potencial para a


doença, independentemente da gordura corporal total. Indivíduos com o
mesmo IMC podem ter diferentes níveis de massa gordurosa visceral.
OBESIDADE – CLASSIFICAÇÃO

MASSA GORDUROSA E DISTRIBUIÇÃO DE GORDURA

RCQ - Relação circunferência abdominal/quadril: foi inicialmente, a medida mais


comum para avaliação da obesidade central, mas há aproximadamente 20 anos
reconheceu-se que não apresenta boa validade.

CA - Circunferência abdominal – reflete melhor o conteúdo de gordura visceral que


a RCQ e também se associa muito à gordura corporal total.
OBESIDADE – CLASSIFICAÇÃO
MASSA GORDUROSA E DISTRIBUIÇÃO DE GORDURA

RISCO Circunferência abdominal:


CARDIOVASCULAR ≥94 cm em homens;
AUMENTADO ≥80 cm em mulheres.

RISCO Circunferência abdominal:


CARDIOVASCULAR ≥102 cm em homens;
MUITO AUMENTADO ≥88 cm em mulheres.
OBESIDADE – CLASSIFICAÇÃO

AVALIAÇÃO COMBINADA

A associação da medida da circunferência abdominal com o IMC pode oferecer


uma forma combinada de avaliação de risco e ajudar a diminuir as limitações
de cada uma das avaliações isoladas, mas no rastreamento inicial (prevenção
primária), o IMC pode ser usado isoladamente.
OBESIDADE – CLASSIFICAÇÃO

MAIS COMUM EM HOMENS; MAIS COMUM EM MULHERES;


MAIOR RISCO CARDIOVASCULAR. MENOR RISCO CARDIOVASCULAR.
OBESIDADE E DOENÇAS CRÔNICAS
OBESIDADE
NOSSA EVOLUÇÃO
❖ TEORIA DO GENÓTIPO ARMAZENADOR DE ENERGIA
As pressões por busca e aquisição de
alimentos na era pré-histórica geraram
um perfil de ser humano capaz de
armazenar energia na forma de Tecido
Adiposo.
OBESIDADE

BALANÇO ENERGÉTICO???

A obesidade tem que ser encarada


como uma doença complexa, de
origem multifatorial e não apenas
como um desequilíbrio intencional
entre o que se gasta e o que se ingere
de calorias.
OBESIDADE

NÃO É ASSIM TÃO


SIMPLES!!!!
OBESIDADE

• Obesidade não é tão simples de resolver;


• Não há dúvidas quanto a importância da atividade
física e da ingestão alimentar;
• Porém há outros fatores tão importantes quanto,
envolvidos no desenvolvimento da obesidade.
OBESIDADE

ALTERAÇÕES
NEUROLÓGICAS AÇÃO
HORMONAL
PROCESSO ALTERAÇÃO DA
INFLAMATÓRIO MICROBIOTA
INTESTINAL
OBESIDADE

PROCESSO
INFLAMATÓRIO

QUE SE INICIA NO TECIDO ADIPOSO!


OBESIDADE
TECIDO ADIPOSO - ADIPOCINAS

➢ São substâncias secretadas


pelo tecido adiposo que vão
controlar a função
cardiovascular, inflamação,
balanço energético, apetite,
reprodução e SENSIBILIDADE à
INSULINA
OBESIDADE – TECIDO ADIPOSO

TECIDO ADIPOSO

ANTIGAMENTE: reconhecido como órgão passivo de energia, SOMENTE


para armazenamento de triglicerídeos.

ATUALMENTE => considerado um importante órgão endócrino


metabolicamente ativo. Ele expressa e/ou secreta, várias substâncias
bioativas com ação local ou sistêmica.
• Essas substâncias são chamadas adipocinas e estão envolvidas em
processos metabólicos, imunes e neuroendócrinos
OBESIDADE – TECIDO ADIPOSO

INFLAMAÇÃO DO TECIDO ADIPOSO NA OBESIDADE

Atualmente, a obesidade é uma enfermidade caracterizada por um baixo


grau de inflamação crônica no TAB, detectada por duas evidências
científicas:

a) elevação de marcadores e citocinas inflamatórias nesses indivíduos;

b) presença de macrófagos infiltrados no TAB de indivíduos obesos.


OBESIDADE
• Processo inflamatório na Obesidade
INÍCIO: Aumento significativo da reserva de gordura corporal e
HIPERTROFIA DOS ADIPÓCITOS, levando ao seguinte processo:

1. compressão dos vasos sanguíneos no TAB, DIMINUINDO o suprimento de


oxigênio.
2. hipóxia local e morte de alguns adipócitos, desencadeando a cascata da
resposta inflamatória e a angiogênese, para formação de novos vasos.
3. Infiltração de macrófagos e expressão de genes pró-inflamatórios.
4. elevação dos marcadores inflamatórios (TNF-a, IL- 6, PCR, MCP-1),
produzidos pelos adipócitos e pelos macrófagos infiltrados, em resposta à
hipóxia.
OBESIDADE - Processo inflamatório

HIPERTROFIA DE
O2
ADIPÓCITOS E
DIMINUIÇÃO DE O2

MCP 1

O2
OBESIDADE - Processo inflamatório

IL -6
IL -6 TNF -
TNF - alfa
alfa

IL -6
TNF -
alfa IL -6
TNF -
alfa
OBESIDADE - Processo inflamatório
• Marcadores inflamatórios na obesidade e seus efeitos
• TNF-α => é uma citocina pró-inflamatória. Estudos demonstram que seus níveis
plasmáticos possuem correlação positiva com a obesidade e a resistência insulínica.
• IL-6 => outra citocina pro-inflamatória. Produzida no TAB, principalmente o visceral.
Está elevada em obesos e a perda de peso promove diminuição dos seus níveis
plasmáticos. Também apresenta correlação positiva com a obesidade e a resistência
insulínica.
• PCR => Proteína hepática de fase aguda que tem sua produção estimulada pela IL-6
expressa no TAB. A quantidade de PCR circulante é proporcional ao IMC. Têm sido
associada à obesidade e ao diabetes mellitus, decaindo com a perda de peso.
• MCP-1 => Monócito - secretado no TAB, aumentado na obesidade. Favorece a
infiltração de macrófagos no tecido adiposo do obeso. Uma vez ativados, os
macrófagos secretam fatores inflamatórios como TNF-a e IL-6, exacerbando a
resposta inflamatória e a resistência insulínica.
OBESIDADE
TECIDO ADIPOSO: UM ÓRGÃO ENDÓCRINO
OBESIDADE – AÇÃO HORMONAL
LEPTINA
• Responsável pelo controle da ingestão alimentar, atuando em células neuronais do
hipotálamo no SNC.
• Promove a redução da ingestão alimentar e o aumento do gasto energético, além
de regular a função neuroendócrina e o metabolismo da glicose e de gorduras, com
ação catabólica.

“HORMÔNIO DA SACIEDADE” AUMENTA O GASTO ENERGÉTICO

PRODUZIDA PELO TECIDO ADIPOSO - ADIPÓCITOS


OBESIDADE – AÇÃO HORMONAL

TECIDO ADIPOSO LEPTINA

....ENTÃO INDIVÍDUOS OBESOS TÊM MAIS


SACIEDADE E MAIOR GASTO ENERGÉTICO????

NÃO!!!!!

OS INDIVÍDUOS OBESOS DESENVOLVEM


RESISTÊNCIA À AÇÃO DA LEPTINA
OBESIDADE – AÇÃO HORMONAL
LEPTINA

• A expressão da leptina é controlada por diversas substâncias, como a


insulina, os glicocorticóides e as citocinas pró-inflamatórias.
• Indivíduos obesos apresentam elevados níveis plasmáticos de leptina,
cerca de cinco vezes mais que aqueles encontrados em pessoas eutróficas:
HIPERLEPTINEMIA.
• Porém...

Devido a alterações no receptor de leptina ou


a uma deficiência em seu sistema de RESISTÊNCIA À LEPTINA
transporte na barreira hemato-cefálica.
Inflamação e Saciedade

Obesidade/ IL – 6
Inflamação TNF - alfa
Hiperleptinemia

Bloqueia a
Sinalização de Resistência a leptina
Leptina
TECIDO ADIPOSO HIPERLEPTINEMIA
VISCERAL =
RESISTÊNCIA À AÇÃO
DA LEPTINA

NÃO RECEBE SINAIS FOME


DE SACIEDADE ANORMAL
OBESIDADE – AÇÃO HORMONAL
ADIPONECTINA

Possui funções benéficas:

A adiponectina é a única adipocina com efeitos antiinflamatório,


antidiabético e antiaterogênico.

Níveis séricos de adiponectina estão marcadamente


REDUZIDOS em indivíduos com obesidade visceral e em
estados de resistência insulínica, como doença hepática não-
alcoólica, aterosclerose e diabetes.
OBESIDADE E ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS
REWARD DEFICIENCY SYNDROME – “SÍNDROME DA FALTA DE RECOMPENSA”

• ESTADO INFLAMATÓRIO NA OBESIDADE:


• Leva a alterações no receptor D2 de Dopamina no cérebro leva a
modificações na cascata cerebral de recompensa que envolve outros
neurotransmissores como serotonina e opióides.

• Para compensar essa alteração dopaminérgica, busca-se por


comportamentos compulsivos que geram prazer como a ingestão de
álcool e/ou carboidratos para fazer como que o cérebro produza
Dopamina.

BLUM et al. Functional Foods in Health and Disease: 9: 310-378, 2011


OBESIDADE E ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS
REWARD DEFICIENCY SYNDROME – “SÍNDROME DA FALTA DE RECOMPENSA”

↓Dopamina
Microbiota Intestinal & Obesidade
DIETA INADEQUADA

Bactérias
Patogênicas
Bactérias
Benéficas

Disbiose Intestinal
OBESIDADE E INTESTINO
Endotoxemia Metabólica
• A obesidade está relacionada com níveis plasmáticos elevados de
lipopolissacarídeo bacteriano (LPS) ➔ Bactérias Gran Negativas;
• Estudos demonstraram que o aumento plasmático de LPS, causa:

•  peso corporal e fígado;


•  tecido adiposo;
• Elevação de TNF- alfa, IL – 1 e IL – 6;
• Hiperglicemia em jejum;
• Insulinemia;
OBESIDADE E INTESTINO
Microbiota do obeso vs. alterações metabólicas

 LPS CIRCULANTE
O INÍCIO DE UM
BOM TRATAMENTO
PARA OBESIDADE É
NO INTESTINO!
A inflamação é um estado consequente à obesidade.
A obesidade é o resultado de uma doença inflamatória.

Na verdade, a obesidade e a inflamação estão associadas e apresentam


contribuição cíclica no agravamento de ambas.

OBESIDADE INFLAMAÇÃO

INFLAMAÇÃO OBESIDADE
CONCLUSÃO – RESUMO:

• A obesidade é uma doença inflamatória;


• A inflamação no TA leva a RI, podendo levar à diversas doenças;
• A hiperleptinemia associada à inflamação contribui com a
diminuição da saciedade;
• A microbiota intestinal apresenta um papel importante no controle
da saciedade, no processo inflamatório nos indivíduos obesos;
PÓS-AULA 07/08 – ASSISTIR DOCUMENTÁRIO “MUITO ALÉM DO PESO”

PRÉ-AULA – 14/08 - LEITURA:


ESTUDO DIRIGIDO

Após a leitura, responda por escrito o que você entende da relação


entre obesidade e inflamação.

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