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Anatomia ASE8 Problema 6 – Obesidade

Introdução
A obesidade é definida como um estado de peso corporal aumentado, devido ao acúmulo de
tecido adiposo, que é de magnitude suficiente para produzir efeitos adversos à saúde. O perfil
lipídico e de peso é monitorado de três formas: IMC, dobras cutâneas e circunferências corporais,
especialmente a relação da circunferência cintura-quadril.

- Classificações: Há diversas classificações para a obesidade. Segundo a celularidade, a obesidade


pode ser hiperplásica ou hipertrófica:

(I) Obesidade hiperplásica: há aumento da quantidade de adipócitos. Instala-se em geral antes da


puberdade, quando se determina o número de adipócitos.
(II) Obesidade hipertrófica: Na obesidade hipertrófica não há, inicialmente, aumento do número
de adipócitos, mas apenas de seu tamanho e, portanto, de seu conteúdo em gordura. Com a
persistência da obesidade, pode ocorrer multiplicação de adipócitos e ela se tornar hipertrófico-
hiperplásica.

Segundo a localização, a obesidade classifica-se em central ou periférica, dependendo se o


acúmulo de gordura ocorre no tronco ou nos membros.
A obesidade central, mais comum em homens, é mais maligna, pois predispõe à síndrome
metabólica, que consiste em hipercolesterolemia, resistência à insulina, hipertensão arterial e
aterosclerose. Ácidos graxos liberados da gordura intra-abdominal caem no sistema porta e chegam
ao fígado, o que predispõe à síndrome metabólica e à esteatose hepática. Já a obesidade periférica,
mais comum em mulheres, é menos danosa.

- Classificação segundo IMC: IMC na faixa de 18,5-25 kg/m2 é considerado normal, enquanto
IMC entre 25-30 kg/m2 identifica excesso de peso (sobrepeso) e com IMC superior a 30 kg/m2 o
indivíduo é considerado obeso.

Etiologia da Obesidade

A etiologia da obesidade é complexa e compreendida de forma incompleta. Estão


envolvidos fatores genéticos, ambientais e psicológicos. No entanto, de forma simples, a obesidade
é um distúrbio do equilíbrio energético. Os dois lados da equação de energia, a ingestão e os
gastos, são finamente regulados por mecanismos neurais e hormonais, de modo que o peso corporal
é mantido dentro de um intervalo estreito, durante muitos anos.
Aparentemente, esse delicado equilíbrio é controlado por um ponto de ajuste interno, o
“lipostato”, que detecta a quantidade de reservas de energia (tecido adiposo) e regula a ingestão de
alimentos de forma adequada, assim como as despesas de energia (teoria lipídica).

- Os mecanismos neuro-humorais que regulam o equilíbrio de energia e o peso corporal podem


ser
divididos em três componentes:

(I) O sistema periférico ou aferente gera sinais de vários locais. Seus principais componentes são
a leptina e a adiponectina (produzidas pelos adipócitos), a insulina (pâncreas), a grelina
(estômago) e o peptídeo YY (íleo e cólon).
(II) O núcleo arqueado no hipotálamo processa e integra os sinais periféricos e gera novos sinais
que são transmitidos. (1) pelos neurônios POMC (pró-opiomelanocortina) e CART (transcritos
regulados pela cocaína e anfetamina), e (2) pelos neurônios NPY (neuropeptídeo Y) e AgRP
(peptídeo relacionado com agouti)
(III) O sistema eferente, que consiste em neurônios hipotalâmicos regulados pelo núcleo arqueado.
Os neurônios POMC/CART ativam os neurônios eferentes que aumentam o gasto energético e a
perda de peso, enquanto os neurônios NPY/AgRP ativam os neurônios eferentes que promovem a
ingestão
de alimentos e ganho de peso.

- Causas da obesidade

1. O Estilo de Vida Sedentário É Causa Maior de Obesidade

2. O Comportamento Alimentar Anormal Constitui uma Importante Causa de Obesidade: Fatores


ambientais, como urbanização, acesso com a abundância de alimentos muito energéticos
(especialmente, os alimentos gordurosos) e com estilos de vida sedentários (tecnologia).
Fatores psicológicos apodem contribuir para a obesidade em algumas pessoas, em que a
comida é um meio de liberar a tensão.

3. Fatores genéticos: Evidências atuais, todavia, sugerem que 20% a 25% dos casos de obesidade
possam ser provocados por fatores genéticos. Mas também estão associados a fatores culturais pois
os membros de uma família, em geral, compartilham muitos dos mesmos hábitos alimentares e
padrões de atividade física.

Consequências Clínicas da Obesidade


A obesidade influi negativamente sobre o funcionamento de vários sistemas, como o
circulatório, respiratório, urinário e locomotor. Além disso, predispõe a muitas doenças,
notadamente hipertensão arterial, cardiopatia hipertensiva, aterosclerose, acidentes vasculares
cerebrais, infarto do miocárdio, diabete, litíase biliar, câncer do fígado e da vesícula biliar e doenças
articulares. Por esse motivo, o índice de sobrevida dos obesos é menor em relação ao da população
em geral, com diferença altamente significativa.
A obesidade central também está envolvida em um grupo de alterações conhecidas como
síndrome metabólica, caracterizada por anormalidades da glicose e do metabolismo lipídico, em
associação a hipertensão e a um estado pró-inflamatório sistêmico evidente.

A. Resistência à insulina e hiperinsulinemia: são características importantes do diabetes tipo 2.

B. Hipertrigliceridemia (ou colesterol): Indivíduos obesos geralmente sofrem de


hipertrigiceridemia
e baixos níveis de colesterol HDL, fatores que aumentam o risco de doença arterial coronariana
(ateroma/aterosclerose).

C. Aumento do risco de câncer: Há um aumento na incidência de certos tipos de câncer em indiví-


duos com excesso de peso, incluindo câncer de esôfago, tireoide, cólon e rins, nos homens, e câncer
de esôfago, endométrio, vesícula biliar e rins, em mulheres.

D. Esteato-hepatite (gordura no fígado): Esteato-hepatite não alcoólica é comumente associada às


obesidade e diabetes tipo 2. Essa condição, também conhecida como doença hepática gordurosa não
alcoólica, pode progredir para fibrose e cirrose.

E. Colelitíase (cálculos biliares): é seis vezes mais comum em obesos do que em indivíduos
magros. Os mecanismos principais são o aumento nos níveis de colesterol total do corpo, o aumento
da renovação do colesterol e a excreção biliar aumentada de colesterol na bile, que por sua vez
predispõe as pessoas afetadas à formação de cálculos biliares ricos em colesterol.

F. Hipoventilação: o peso corporal e o acumulo de gordura dificultam a expansão da caixa torácica


ocasionando déficit na ventilação.

G. Osteoartrite: Quanto maior for a carga de gordura no corpo, maior o trauma das articulações
com o passar do tempo.

H. Quadro pró-inflamatório: Os marcadores da inflamação, como a proteína C reativa e as


citocinas pró-inflamatórias (como o TNF), estão frequentemente elevados em pessoas obesas.

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