Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE ADVENTISTA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

CURSO DE NUTRIÇÃO – 3º ANO, LABORAL

DOMINGAS JOSÉ GULELE – ID: 1063

EDIMILSON MALAIGE – ID: 1142

JOANA JOSE CHICUEGUE – ID: 1082

MISÉRIA ALBERTO JÔ – ID: 1123

VALDO MARCOS GENEROSO – ID: 1173

GENÉTICA E OBESIDADE

Beira

2024
DOMINGAS JOSÉ GULELE – ID: 1063

EDIMILSON MALAIGE – ID: 1142

JOANA JOSE CHICUEGUE – ID: 1082

MISÉRIA ALBERTO JÔ – ID: 1123

VALDO MARCOS GENEROSO – ID: 1173

GENÉTICA E OBESIDADE

Trabalho de pesquisa da Cadeira de Genética,


apresentado à Universidade Adventista de
Moçambique – UAM, como um dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Licenciatura
em Nutrição.

Orientador: Prof. MSc. Raúl Guta

Beira

2024
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4

1.1 Objectivos ........................................................................................................................ 4

1.1.1 Objectivo geral ............................................................................................................. 4

1.1.2 Objectivos específicos ................................................................................................. 4

2. OBESIDADE ...................................................................................................................... 5

2.1 Definição e causa da Obesidade ...................................................................................... 5

2.2 Diagnostico de Obesidade ............................................................................................... 5

2.2.1 Classificação do IMC ................................................................................................... 5

2.3 Epidemiologia.................................................................................................................. 6

2.4 Factores de risco .............................................................................................................. 6

2.4.1 Factores não modificáveis ........................................................................................... 6

2.4.2 Factores modificáveis .................................................................................................. 7

2.5 Complicações associadas à obesidade ............................................................................. 8

2.6 Prevenção da obesidade ................................................................................................... 8

2.7 Tratamento da obesidade ................................................................................................. 8

2.7.1 Cirurgia bariátrica ........................................................................................................ 8

2.8 Obesidade e Genética ...................................................................................................... 9

3 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 11

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 12
4

1 INTRODUÇÃO

A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um


importante problema de saúde pública, afectando crianças, adolescentes e adultos (WHO,
1998). Nos últimos anos, a prevalência de obesidade tem aumentado significativamente em
várias regiões do mundo, sendo responsável, em grande parte, pelo aumento da mortalidade e
morbilidade com implicações significativas no indivíduo, na família e na comunidade.

Sendo, portanto, definida como a acumulação excessiva de gordura corporal, deriva de


um desequilíbrio crônico entre a energia ingerida e a energia gasta. Neste desequilíbrio podem
estar implicados diversos factores relacionados com o estilo de vida (dieta e exercício físico),
alterações neuroendócrinas, juntamente com um componente hereditário. O componente
genético constitui um factor determinante de algumas doenças congênitas e um elemento de
risco para diversas doenças crônicas como diabetes, osteoporose, hipertensão, câncer,
obesidade, entre outras. O aumento da prevalência da obesidade em quase todos os países
durante os últimos anos, parece indicar que existe uma predisposição ou susceptibilidade
genética para a obesidade, sobre a qual actuam os fatores ambientais relacionados com os estilos
de vida, em que se incluem principalmente os hábitos alimentares e a atividade física.

1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo geral

▪ Caracterizar a Genética da Obesidade

1.1.2 Objectivos específicos

▪ Definir o conceito de Obesidade;


▪ Apresentar a forma de diagnostico, a epidemiologia, etiologia da doença e
factores de risco para doença;
▪ Apresentar as complicações associadas à obesidade, maneiras de prevenção e de
tratamento;
▪ Descrever a relação da Obesidade com a genética.
5

2 OBESIDADE

1.2 Definição e causa da Obesidade

A obesidade caracteriza-se pelo excesso de gordura corporal e é considerada pela


Organização Mundial da Saúde (OMS) como “Epidemia” (WHO, 2000). A obesidade ocorre
quando o número de calorias ingerido é superior ao gasto, por um considerável período de
tempo. Quando isso acontece, as calorias são armazenadas no organismo sob a forma de massa
gorda anormal ou excessiva.

Fig 1. Ilustração de indivíduos com Obesidade

Fonte: (Hirsch & Leibel, 1998).

1.3 Diagnostico de Obesidade

A medida mais comumente utilizada de status de peso hoje é o índice de massa corporal,
ou IMC. Segundo o Ministério da Saúde, a Obesidade é determinada pelo Índice de Massa
Corporal (IMC) que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em
metros). O resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado -
revelando sobrepeso ou Obesidade.

1.3.1 Classificação do IMC

▪ Menor que 18,5Abaixo do peso;


▪ Entre 18,5 e 24,9 - Peso normal;
6

▪ Entre 25 e 29,9 - Sobrepeso (acima do peso desejado);


▪ Igual ou acima de 30 - Obesidade.

1.4 Epidemiologia

A prevalência da obesidade a nível mundial tem aumentado dramaticamente nas últimas


décadas, sendo tão elevada que a OMS considera esta doença a epidemia global do século XXI.

As últimas projecções da OMS indicavam que globalmente, em 2005, aproximadamente


1,6 biliões de adultos tinham excesso de peso e pelo menos 400 milhões eram obesos. A OMS
previu ainda que, se não forem adoptadas as medidas correctas, em 2015 aproximadamente 2,3
biliões de adultos terão excesso de peso e 700 milhões serão obesos, sendo que em 2025 50%
da população mundial será obesa. Além disso, a obesidade não se encontra limitada aos adultos;
a prevalência tem aumentado rapidamente entre as crianças.

1.5 Factores de risco

São vários os factores de risco associados ao desenvolvimento de obesidade. Alguns


deles podem ser modificáveis.

1.5.1 Factores não modificáveis

▪ Idade – O dispêndio de energia pelo organismo tende a diminuir com a idade.


Mesmo que se mantenha a ingestão calórica e o mesmo nível de atividade física,
há uma tendência natural para aumentar de peso.
▪ Sexo – A suscetibilidade para a obesidade parece ser maior no sexo feminino.
As causas estão ainda por apurar, mas um dos aspetos que tem maior impacto
nas mulheres do que nos homens está ligado às perturbações emocionais e ao
comportamento alimentar. As mulheres comem muitas vezes de uma forma
reativa aos acontecimentos adversos do dia a dia.
▪ Histórico familiar – A obesidade tende a ser uma característica familiar. Se
existir história familiar de obesidade ou se já houver obesidade na infância, a
probabilidade de a doença persistir é maior.
▪ Doenças – Algumas doenças genéticas e endócrinas – como síndrome do ovário
policístico, tumores do hipotálamo, doença de Cushing (provocada por níveis
excessivos de cortisol no corpo) – podem promover o aumento de peso.
7

▪ Redução forçada da actividade física – Uma redução forçada da actividade


física (por exemplo, antigos atletas já retirados ou jovens com mobilidade
reduzida após traumatismos osteoarticulares em acidentes ou que desenvolvem
artrite) pode causar aumento de peso.

1.5.2 Factores modificáveis

▪ Alimentação inadequada – A excessiva ingestão de calorias face às


necessidades (calorias despendidas) é uma causa importante do desequilíbrio do
balanço energético do organismo e que pode levar ao aumento de peso e
obesidade. Como mais prejudiciais, destacam-se as gorduras alimentares, os
doces e açúcares e o álcool. De salientar ainda que a dieta nos países
desenvolvidos tem alimentos com muitas calorias em quantidades relativamente
pequenas.
▪ Sedentarismo – Um nível reduzido de atividade física pode levar a que o
dispêndio de energia seja inferior às calorias ingeridas, o que pode resultar em
obesidade. Com os avanços tecnológicos (como elevadores, televisão,
computador, telemóveis), as actividades sedentárias prevalecem e os empregos
são também mais sedentários, pelo que é fundamental combater este problema.
▪ Distúrbios alimentares – Os distúrbios alimentares como o transtorno da
compulsão alimentar periódica (consumo de grandes quantidades de alimento
num curto período) e a síndrome alimentar noturna (alto consumo de alimentos
durante a noite) estão associados à obesidade, pelo que é importante o
acompanhamento médico.
▪ Perturbações mentais – Os sentimentos de tristeza, ansiedade ou stress podem
aumentar a necessidade de ingerir mais alimentos do que o habitual ou alimentos
mais ricos em gordura e açúcar. Ou seja, de procurar conforto na comida. As
pessoas que sofrem de depressão, ansiedade, transtorno de stress pós-traumático,
têm maior probabilidade de aumentarem de peso e desenvolverem obesidade ao
longo dos anos. Por outro lado, existe uma relação bidirecional entre obesidade
e depressão. A obesidade também aumenta o risco de depressão, sobretudo
porque tem um grande impacto na autoestima do doente.
8

1.6 Complicações associadas à obesidade

A obesidade é um importante factor de risco para o desenvolvimento de diversos


problemas de saúde. Dentre eles, podemos destacar: diabetes mellitus, doenças
cardiovasculares (como hipertensão), alguns tipos de canceres, doenças pulmonares (como
asma), esteanose hepática (ou “fígado gordo”), apneia do sono, acidente vascular cerebral,
patologia ortopédica, também levando à piora na saúde mental e qualidade de vida.

1.7 Prevenção da obesidade

Embora a obesidade envolva também fatores genéticos, a regra essencial para preveni-
la e combatê-la é manter o gasto calórico do corpo igual ou superior à quantidade de calorias
ingeridas. Para isso, uma dieta equilibrada e a prática de exercício físico são essenciais.

1.8 Tratamento da obesidade

O tratamento da obesidade depende de vários factores, como o tipo, o grau da doença e


a presença ou não de patologias associadas.

As primeiras e mais permanentes medidas a serem implementadas referem-se à


reeducação alimentar e ao exercício físico. Deve ser instituído um padrão de refeições
correcto, com uma dieta hipocalórica equilibrada, adaptada a cada pessoa. A prática regular de
exercício físico, por seu lado, vai contribuir para a perda de peso e massa gorda, a preservação
ou aumento da massa muscular, o aumento da resistência à fadiga e da mobilidade para a
realização das rotinas diárias.

Em alguns casos, e com um papel complementar às medidas referidas, é prescrita


medicação no tratamento da obesidade. É importante salientar que a utilização isolada de
medicamentos não é considerada uma opção adequada para se perder peso e conseguir mantê-
lo.

1.8.1 Cirurgia bariátrica

Nos casos de obesidade mórbida ou em situações em que estão presentes complicações


que colocam a vida em risco, o tratamento pode passar pela cirurgia. Esta permite aos doentes
uma melhoria da saúde e da qualidade de vida. Implica, no entanto, um seguimento médico
periódico e a manutenção de um estilo de vida saudável.
9

As opções cirúrgicas são várias. As mais frequentes são:

▪ Bypass gástrico em Y de Roux – é criada uma pequena bolsa gástrica que limita
a capacidade de ingestão.
▪ Gastrectomia vertical – a região esquerda do estômago é removida, resultando
num órgão com uma capacidade bastante inferior.

1.9 Obesidade e Genética

Na acumulação excessiva de tecido adiposo (obesidade) intervêm, tanto os hábitos


alimentares e de estilo de vida, os factores sociológicos e as alterações metabólicas e
neuroendócrinas, como os componentes hereditários.

Neste sentido, os genes intervêm na manutenção de peso e gordura corporal estáveis ao


longo do tempo, através da sua participação no controlo de vias eferentes (leptina, nutrientes,
sinais nervosos, entre outros), de mecanismos centrais (neurotransmissores hipotalâmicos) e de
vias aferentes (insulina, catecolaminas, sistema nervoso autônomo (SNA). Assim, o balanço
energético, do qual participam a energia ingerida e a energia gasta, parece depender cerca de
40% da herança genética, podendo afectar ambas as partes da equação energética (apetite e
gasto).

De acordo com (Hirsch & Leibel, 1998), os progressos científicos indicam que existe
uma base genética transmissível, implicada na manutenção de um peso corporal estável, através
dos seguintes mecanismos:

1. No controlo de peptídeos e monoaminas implicados na regulação do apetite;


2. Nas variações do metabolismo basal, no efeito termogênico dos alimentos ou na
actividade física espontânea;
3. Na regulação da utilização metabólica dos nutrientes energéticos, para suprir as
necessidades do organismo.

O aumento mundial da prevalência da obesidade atribui-se principalmente às mudanças


nos estilos de vida (aumento do consumo de alimentos ricos em gordura, redução da atividade
física, etc.), que incidem sobre uma certa susceptibilidade ou predisposição genética para ser
obeso. Neste contexto, também o fenótipo da obesidade, do qual se distinguem quatro tipos em
função da distribuição anatômica da gordura corporal (global, androide, ginoide e visceral), é
influenciado pela base genética e por factores ambientais. Além disso, desde o ponto de vista
10

evolutivo, os indivíduos com genes "austeros" ou "poupadores" podem ter sido favorecidos, já
que a função reprodutora está dependente das reservas energéticas.

Por último, a coexistência de obesidade em vários membros da mesma família, confirma


a participação da herança genética na incidência da obesidade. A probabilidade de que os filhos
sejam obesos quando os pais o são, foi estimada em alguns estudos obtendo-se percentagens
entre 50% e 80% (Orera, 1997). Confirmam essa hipótese tanto o facto de existirem indivíduos
com uma alteração na termogénese, no metabolismo basal ou na activação simpática, como a
constatação de poderem os factores genéticos modificar os efeitos da actividade física sobre o
peso e a composição corporal.
11

3 CONCLUSÃO

Diversos estudos demonstram de forma evidente a participação do componente genético


na incidência da obesidade. Estima-se que entre 40% e 70% da variação no fenótipo associado
à obesidade tem um caráter hereditário. A influência genética como causa de obesidade pode
manifestar-se através de alterações no apetite ou no gasto energético. As investigações sobre a
implicação genética na prevalência da obesidade utilizaram, ao longo dos últimos anos,
diferentes estratégias metodológicas: estudo de modelos animais e extrapolação a regiões
homólogas do genoma humano; associação e ligamento de genes candidatos em estudos
epidemiológicos; investigações de genes de transmissão mendeliana com manifestações de
obesidade, além dos métodos baseados na análise inespecífica de genoma de indivíduos obesos
em relação a controles.

A utilização destes protocolos permitiu revelar a existência confirmada de pelo menos


30 genes envolvidos na obesidade e a possibilidade da implicação de mais alguns. Os genes que
por seu papel na obesidade atraíram maior atenção nos últimos tempos, foram: o gene da leptina
e seu receptor, as proteínas desacoplantes, moléculas implicadas na diferenciação de adipócitos
e transporte de lipídios. Também outros, relacionados com o metabolismo, como é o caso da
adenosina desaminase, da fosfatase ácida, do factor de necrose tumoral, de determinados
neuropéptidos hipotalâmicos e seus receptores e dos receptores adrenérgicos.
12

BIBLIOGRAFIA

Cole, T., Bellizzi, M., Flegal, K., & Dietz, W. (2000). Establishing a standard definition for
child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ.
Dietz, W. H., & Bellizzi, M. (1999). Introduction: the use of body mass index to assess obesity
in children. Am J Clin Nutr.
Hirsch, J., & Leibel, R. L. (1998). The genetics of obesity. Hosp Pract, 33(3):55-9.
Marques-Lopes, I., Marti, A., Moreno-Aliaga, M. J., & Martínez, A. (2004). Aspectos genéticos
da obesidade. Rev. Nutr., 17 (3).
Onis, M., & Habitch, J. (1996). Anthropometric reference data for international
use:recommendations from a World Health Organization Expert Committee. Am J Clin
Nutr, 650-8.
Orera, M. (1997). Aspectos genéticos de la obesidade. In: Moreno B, Monereo S, Álvarez J.
Obesidad: presente y futuro. Madrid: Biblioteca Aula Médica.
Pi-sunyer, F. (2000). Obesity: criteria and classification. Proc Nutr Soc.
Souza, S. d. (2018). Obesidade adulta nas nações: uma análise via modelos de regressão beta.
Cadernos de Saúde Pública.
WHO. (1995). Phisycal status: the use and interpretation of anthropometry. Technical Report
Series 854.
WHO. (2000). Preventing and managing the global epidemic. Geneva: Report of a WHO
Consultation on Obesity.

Você também pode gostar