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DEPARTAMENTO DE CÍÊNCÍAS DA SAÚDE

CURSO DE LICENCIATURA EM FISIOTERAPIA

OBESIDADE E COMORBIDADES

03/11/2021
Elaborado/ Evaristo Amélio
1- INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o rápido e crescente aumento de número de pessoas
obesas tornou-se num problema de saúde pública, em países desenvolvidos;
Angola, um país que está lutar com o desenvolvimento, pode vir assistir o
aumento de populações com muito peso com a consequente implantação da
obesidade nos principais centros urbanos.
O sobrepeso e a obesidade têm aumentado a sua incidência em todo o
planeta de forma alarmante.
Segundo o estudo INTERHEART, a obesidade abdominal é o
maior factor de risco de doenças cardiovasculares, cuja incidência
é de 48,6% na América Latina, comparada com 31,2% de outros
países participantes na investigação.

A obesidade é vista na actualidade como uma epidemia mundial,


tanto em crianças ou em adultos, alcançando quase um terço da
população mundial.
1.1 Conceito :
O termo Obesidade têm origem no latim obesitas que significa excesso
de gordura e caracteriza o indivíduo gordo, com excessivo volume do
ventre e de outras partes do corpo.
Também conhecida como adiposidade, a obesidade é a acumulação de
gordura no corpo.

1.2 Definição:
A obesidade é definida como o aumento de gordura corporal,
concomitantemente aumento de peso;
A relação do peso (quilogramas) e o quadrado da altura (em metros),
denominado índice de massa corporal (IMC) é o parâmetro mais utilizado
para o diagnóstico de obesidade.
 IMC P =peso; h =altura.
1.3 Causas /Etiologia

As causas que contribuem para um peso excessivo são:

 O estilo de vida ocidental (má alimentação, consumo de


fast food - alimentos extremamente calóricos)

 Sedentarismo,

 Stress) a principal delas.

 Distúrbios hormonais.
1.4- CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE

a) Obesidade Mórbida
É uma doença grave, que pode ter consequências críticas para um
indivíduo.
Normalmente uma pessoa é considerada obesa mórbida quando o seu
Índice de Massa Corporal está entre os 40 e 49,9.
Em adultos, o sobrepeso é definido por um aumento do valor do IMC
de 25 a 29,9 kg/m2 e obesidade quando o valor é igual ou superior a 30
kg/m2.
b) OBESIDADE INFANTIL
A OMS identificou-a como um dos problemas mais graves do século XXI no
que diz respeito à saúde pública.
Normalmente afecta diversos países, mas se verifica mais acentuadamente
em países em desenvolvimento.

Tabela 1: Classificação
Classificação Valor (kg /m2)

Desejável 18,5- 24,5

Sobrepeso 25 á 29,9

Obesidade > 30

Obesidade mórbida > 40


1.4.1 TIPOS DE OBESIDADE
1. Obesidade nutricional - Quando uma pessoa ingere excesso de calorias,
alimentos com muita gordura;
2. Obesidade psicológica - Causada por distúrbios psicológicos adversos
como: estresse e ansiedade;
3. Obesidade comportamental - Tem origem em erros de comportamento da
pessoa, como sedentarismo ou falta de exercício físico.
Outros dois tipos de obesidade:
a) Feminina (ou ginecóide) a gordura se acumula especialmente nos quadris,
coxas e nádegas;
b) Masculina (ou andróide), a gordura se acumula mais na zona da cintura.
Fisiopatologia:
A alimentação rica de calórias, carboidratos simples e gorduras saturadas,
associada ao sedentarismo são responsáveis pela epidemia mundial.

O tecido adiposo tem fundamental participação nos mecanismos da


síndrome metabólica e alguns mecanismos da ateroesclerose.

O aumento da gordura se associa ao aumento dos ácidos graxos livres,


hiperinsulinemia, resistência à insulina, Diabete Mellitus, hipertensão arterial
sistêmica e dislipedemia.

O tecido adiposo principalmente o branco é responsável pela produção de


uma serie de adipocitocinas que têm um papel importante no estado pró-
trombótico, pró- esclerótico, pró-inflamatório, ocasionando a Doença
cardíaca (Ataque Cardíaco).
1.5 Fisiopatologia
O obeso tem maior frequência e incidência de outros factores
de risco.
Se manifestam de forma directa, uma vez que a gordura está
envolvida na síntese de vários metabolitos e contribui para a
resistência a insulina, hipertensão arterial, dislipidemia e
complicações cardiovasculares:

Nos indivíduos com agrupamento de todos riscos, a gordura


visceral intra-abdominal, quando se sintetiza e liberta na
circulação sanguínea diferentes peptídeos e compostos não
peptídicos que participam da homeostase cardiovascular,
aumenta o risco da enfermidade cardíaca.
A elevação de ácidos gordos e sua permanência prolongada no corpo afecta:
 A sinalização da insulina muscular e hepática reduzindo desta forma as
respostas normais a insulina,
 Diminui a incorporação da glicose no músculo esquelético,
 Aumenta a neoglicogénese e o fornecimento de glicose do fígado para a
circulação sanguínea,
 A resistência a insulina aumenta a retenção crónica do sódio, porque a insulina
promove a reabsorção do sódio no túbulo renal,
 Estimula o sistema nervoso simpático e facilita a actividade adrenérgica a
angiotensina II na secreção a aldosterona.
 Estas situações promovem alterações na função renal do obeso e estruturas
vasculares;
1.5 Fisiopatologia da obesidade
Segundo dados científicos, nos indivíduos normais a insulina promove
vasodilatação em contra partida em pessoas com resistência de absorção da
insulina ocorre resistências nos vasos e destruição do endotélio.

As alterações estruturais renais em obesos consistem de acúmulo de


gordura nos rins o que acaba por induzir compressões e aumento da pressão
hidrostática nesse tecido, levando ao aumento da fração de reabsorção

tubular.
1.6 COMPLICAÇÕES TARDIAS
 A obesidade perpetua ou desencadeia as alterações
biomecânicas promovendo uma gama de doenças articulares
e musculares”.
 As pessoas obesas podem sofrer de lombalgia porque
necessitam de maior esforço da coluna para sustentá-la
contra a força gravitacional em razão do aumento de massa
corpórea;
 Acredita-se que este excesso de peso leva a maior
necessidade de esforço da coluna lombar, ocasionando um
uso excessivo e degeneração prematura das estruturas.
1.7 AVALIAÇÃO DO DOENTE
Estudos têm demonstrado que medidas de obesidade central se
correlacionam melhor com risco de DCV que o IMC.

É mais importante determinar se existe aumento da gordura


abdominal que definir peso corporal em relação à altura.

A maneira simples de sabê-lo é medir o perímetro de cintura com


uma fita métrica, seja no nível do umbigo ou 2,5 cm acima da
crista ilíaca.

Os pontos de corte recomendados para diagnosticar obesidade


central, usando a circunferência de cintura, são: ≥ 94 cm para o
homem e ≥ 80 cm para a mulher.
Avaliação do doente
Outros métodos utilizados na medição da gordura corporal são:
1- Tomografia axial computorizada;
2- Ultrassom;
3- Ressonância magnética;
4- Pletismografia corporal por deslocamento de ar.
De acordo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o perímetro de
cintura tem a vantagem de ser uma medida simples e é superior ao
IMC, mas deve se levar em conta que é propensa a erros de medição.
2- Epidemiologia mundial sobre obesidade
Posições País Obesidade - taxa de incidência da população
adulta (%)

1 Samoa Americana 74.6


2 Nauru 71.1
3 Ilhas Cook 63.7
16 Catar 33.2
17 Egipto 33.1
18 Arábia Saudita 33
19 Estados Unidos 33
24
África do Sul 31.3
44 Austrália 26.8
45 Espanha 26.6
2- Epidemiologia mundial sobre obesidade
145 Nigéria 6.5
146 Angola 6.4
162 Congo-Brazzaville 4.7
174 República Centro-Africana 3.5
175 Burúndi 2.9
176 Chade 2.7
184 Congo-Kinshasa 1.7
185 Vietname 1.7
186 Madagáscar 1.6
187 Eritreia 1.5
188 Nepal 1.4
189 Etiópia 1.1
190 Bangladeche 1.1
2.1-Tratamento e Prevenção da Obesidade
 O tratamento da obesidade é feito através de uma dieta alimentar
equilibrada e da prática regular de exercício físico.
 Em casos de obesidade mórbida pode ser recomendada uma
cirurgia para redução do estômago (cirurgia bariátrica ou
gastroplastia).

2.2 FISIOTERAPIA EM OBESIDADE


Objectivos gerais
1- Preparar o paciente fisicamente a abandonar o sedentarismo,
2- Eliminar o excesso de gordura prevenindo as doenças cardiovascular
e hipertensiva,
3- Melhorar a condição respiratória do paciente.
Objectivos específicos antes da cirurgia bariátrica
Em relação ao pulmão do paciente:
 Atenuar problemas causados pelo excesso de gordura
corporal, que afetem directamente o sistema pulmonar,
principalmente no impedimento da entrada do volume
correto de ar,
 Aumentar a força dos músculos respiratórios.
 Atenuar os sinais de limitações físicas ocasionadas pelo
excesso de gordura corporal, tais como: Dores, Diminuição
de força muscular, alterações posturais e encurtamentos
musculares.
2.2.1. EXERCÍCIOS FÍSICOS:
Há evidências demonstrativas, que grande parte de obesos resulta de baixo
gasto calórico, inactividade física da vida moderna dos países industrializados, e
parece ser o factor etiológico mais evidente que o consumo de comidas.
Estudos demonstram que os benefícios da actividade física podem ser
alcançados desde os exercícios de baixa, moderada e alta intensidade; o que
significa tomar atitudes de mudança dos hábitos anteriores ao estado de
obesidade para a manutenção de um novo estilo de vida.

A duração da Fisioterapia dependerá muito dos problemas que o paciente


apresentar como por exemplo: Artroses, problemas pulmonares, problemas
cardíacos etc. porém na média dura até 30 (trinta) dias.
2.2.2 -Fisiologia do exercício físico no obeso
A. A prática da actividade física regular (6 a 7) dias/ semana), em
intensidade moderada, de forma contínua ou acumulada, mesmo
não promovendo mudanças nos níveis de aptidão física, tem-se
mostrado benéfica na redução do risco de diversas doenças.

B. A reeducação alimentar e o aumento da prática de actividades


físicas é o melhor tratamento da obesidade.

C. O exercício físico eleva a taxa de metabolismo de repouso (TMR)


após a sua realização aumenta a oxidação de substratos dos
níveis de catecolaminas e da estimulação da síntese proteica.
 D) - O efeito do exercício físico sobre a TMR pode durar de três horas
até três dias dependendo do tipo, intensidade e duração do exercício.
 E) -O aumento do consumo energético é decorrente da participação
dos grandes músculos durante a exercitação, como caminhadas
rápidas, corridas, e natação.
 F)- O exercício resistido é potencial estímulo para aumentar a massa
muscular, a força, potência muscular e contribui para a preservar a
musculatura;
 G) - O exercício melhora o desempenho da força de resistência e
ajuda nos trabalhos do quotidiano, pois facilita a adopção de um estilo
de vida mais activo em indivíduos obesos e sedentários.
2.3 Dificuldades da prática de exercícios físicos

1- Demandas da vida nos grandes centros urbanos não propiciam


oportunidades para os sujeitos/ indivíduos se envolverem na prática de
actividades físicas, sobretudo, no período de lazer.

2- No trabalho, exige-se menor exercício muscular e cada vez mais


capacidade intelectual, por exemplo, para operar equipamentos
informatizados e automatizados.

3- O facto de a população não estar envolvida em trabalhos activos não


traria consequências se o lazer ou o repouso não fosse também
sedentário.
Referências bibliográficas

Arquivos Brasileiros de cardiologia (2014) Sociedade Brasileira de Cardiologia • ISSN-


0066-782X • Volume 103, Nº 2, Supl. 1, Agosto 2014
Herdy A.H, et al ( Agosto ,2014) Consenso sul-americano de prevenção e reabilitação
cardiovascular; disponível em : https://www.researchgate.net/publication/265550795
Rede de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal Parte superior
do formulário Parte inferior do formulário Conscientiae Saúde , 2009;8(3):509-514.
Umeda, I. L.K (2005) Manual de Reabilitação Cardiovascular- Editora Manole Ltda: Brasil

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