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AULA 5

DERMATOTERAPIA FUNCIONAL

Profª Rita de Cássia Alberini


INTRODUÇÃO

A estética corporal acompanha demasiadamente a moda da época.


Atualmente estamos vivendo a Era do culto ao corpo humano cujo padrão de
beleza se define em mulheres altas, magras, com poucas curvas (corpo
longilíneo), com músculos delineados e aparentes, fabricados com muita dieta
especial e persistência na academia.
Nem todos conseguem esse corpo tão invejável, mesmo sendo trabalhado
artificialmente, pois existe em cada ser uma predisposição determinada pela
hereditariedade, características biológicas, condições e situação, que fazem com
que estímulos similares sejam processados de maneiras diferentes, podendo ir da
neurose à ulcera de estômago.
Apenas determinadas pessoas possuem a neurose de querer ter e possuir
um corpo perfeito, o que desencadeia conflitos e situações emocionais. Outras
pessoas, porém, querem apenas melhorar ou disfarçar alguma disfunção estética.
Para algumas mulheres, a celulite é um pesadelo; para outras, o problema
são as estrias e a protrusão abdominal, e assim por diante.
Isso permite afirmar que as alterações emocionais, especialmente a
angústia, a ansiedade e/ou depressão, podem surgir na mente das pessoas
devido a problemas inestéticos e ansiedade por querer adquirir um corpo perfeito.
É importante aprender a aceitar o que não pode ser mudado e empenhar-
se em modificar o que está dentro de nossas possibilidades. Ninguém muda um
corpo de um dia para o outro; é preciso ter persistência e abstinência para
conseguir os objetivos tão sonhados.
Antes disso, é importante conscientizar-se e distinguir o que pode ou não
ser mudado.
A estética é preventiva, conservadora e reparadora. Costumamos dizer que
40% dependem do profissional e os outros 60% do paciente, ao adotar hábitos de
boa alimentação, atividade física e manter a devida manutenção cosmética em
sua casa.

TEMA 1 – PROTRUSÃO ABDOMINAL

O sonho de toda mulher (e dos homens também) é possuir um abdome


reto, bem definido, tipo “tanquinho” (como é comumente chamado).

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As mulheres são as que mais convivem com a indesejável protrusão
abdominal, e realmente essa alteração no corpo não é nem um pouco agradável.
Há muitos anos, as mulheres que não se sujeitam a fazer a abdominoplastia
convivem com essa indesejável e implacável inimiga, causada mais comumente
por gravidez e parto.
Os homens também não estão livres do problema, pois, com o passar dos
anos, os níveis de testosterona diminuem no organismo masculino, e há excesso
de gordura no corpo, podendo apresentar o abdome protruso.
Essa disfunção estética pode ser tanto a associação de quatro fatores
quanto cada um deles isoladamente: gordura visceral, flacidez muscular, excesso
de gordura localizada e flacidez tissular.
O diagnóstico preciso de qual ou quais desses fatores estão presentes no
cliente é o que possibilita a elaboração de um programa de tratamento mais
preciso e mais passível de resultados satisfatórios (Guirro; Guirro, 2004;
Fernandes, 2009; Borges, 2006).

1.1 Diagnóstico e avaliação

O diagnóstico e a inspeção física devem ser realizados minuciosamente,


juntamente com a ficha de anamnese.
Solicitamos ao cliente para contrair o abdome para verificarmos a
musculatura abdominal e tonicidade muscular e para concluirmos se a protrusão
é de responsabilidade da hipotonia muscular.
Em seguida, pressionaremos a região adiposa para sentirmos a espessura
da camada gordurosa, que é referente à gordura subcutânea. Também
pinçaremos a pele para verificação da existência de flacidez tissular, e quanto a
pele se distende.
O excesso de gordura visceral está contido sob as fibras musculares, e não
conseguiremos palpar ou pinçar. É mais comum em homens a presença desse
tipo de gordura, e notaremos a sua presença quando o cliente ficar em decúbito
dorsal, pois pela falta de acomodação do abdome na maca, irá manter-se
protruso.

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1.2 Perigos da gordura abdominal

A vida moderna e muitas vezes o sedentarismo fazem com que a gordura


se acumule no abdome, levando tanto o homem quanto a mulher a uma situação
de alto risco para doenças e morbidade. Geralmente essa gordura é subcutânea
e visceral. A primeira fica na frente dos músculos abdominais, e a gordura visceral
entre os órgãos intestinais e fígado. Esse tipo de gorduras favorece níveis altos
de triglicerídeos, baixa o nível do bom colesterol (HDL), eleva os níveis glicêmicos
causando a diabetes; aumenta a gordura hepática, prejudica a formação de
hormônios e também leva à hipertensão arterial. Esses são alguns sintomas que
a gordura poderá proporcionar ao corpo humano.
Essa gordura é considera a principal vilã nas doenças cardiovasculares,
infarto do miocárdio e o AVC. Esse tipo de gordura se acumulam nas paredes das
artérias, formando placas que se ao se soltarem obstrui os vasos.

1.3 Orientação ao cliente

Para nos certificar de que o paciente está com gordura abdominal


comprometedora, teremos que fazer o uso da fita métrica e nos certificar de que
a medida do abdome não está acima de 102cm para o sexo masculino, e para o
feminino no máximo de 88cm. Caso as medidas excedam, teremos que comunicar
os riscos de saúde que estão correndo. Devemos encaminhar o paciente ao
nutricionista para que seja acompanhado por uma dieta equilibrada, bem como a
prática de exercícios para fortalecer os músculos abdominais e diminuir os riscos
das doenças citadas.
A queixa de protusão abdominal é frequente em ambos os sexos, porém
são os homens e as mulheres que já tiveram gravidez que mais demonstram
insatisfação com essa parte do corpo.
O ideal para uma análise perfeita e completa seria a solicitação por
métodos de imagem, como a tomografia computadorizada e ressonância
magnética, para medir o tecido adiposo visceral, porém esses métodos têm um
custo muito elevado, sendo o mais prático, simples e confiável, a medida pela fita
métrica, calculada no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca.
O acúmulo da gordura abdominal não é somente um problema estético,
uma vez que também causa dores na coluna lombar.

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Esse acúmulo de gordura na região abdominal causa hipertrofia dos
estabilizadores da coluna, força as articulações, cria má postura proporcionando
o aparecimento da hiperlordose lombar, chamado de abdome protuso.

1.4 Tratamento

Vivemos numa época muito boa. Existem inúmeros tratamentos para ajudar
a melhorar a aparência e a saúde.
O tratamento se inicia com mudanças de estilo de vida, visando à perda
de peso e à modelagem abdominal.
Com o desenvolvimento da atual tecnologia, a estética possui muitos
recursos técnicos, associando aparelhos e cosméticos que, aliados a uma
alimentação equilibrada e saudável, juntamente com a prática de exercícios,
poderão ajudar a proporcionar e a manter um abdome sem gordura, um abdome
“tanquinho”, como é comumente chamado, evitando doenças cardíacas ou
diabetes.
Citaremos aqui algumas propostas de tratamento que tiveram resultados
comprovados e divulgados pela comunidade científica.

1.4.1 Hipotonia muscular

Eletroestimulação com contrações isométricas e plataforma vibratória


(Ciporkin; Paschoal, 1992; Guirro; Guirro, 2004; Borges, 2006; Fernandes, 2009;
Agne, 2009).

1.4.2 Excesso de adiposidade subcutânea

Eletrolipoforese (Guirro; Guirro, 2004; Borges, 2006; Mello; Glufk, 2011).

1.4.3 Hipotonia tissular

Radiofrequência (Atieh, 2009; Agne, 2009; 2010; Gardin; Cieckovicz,


2011).

1.4.3 Excesso de adiposidade visceral

Exercícios físicos aeróbicos e dietoterapia (Curi; Celine, 2002).

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É importante salientar que, em alguns casos de protrusão abdominal de
mulheres multíparas, ou que tenham experimentado uma redução expressiva de
peso, sua estrutura muscular e tissular pode estar com a tensão e a tonicidade
tão comprometida que um tratamento estético não traria resultado satisfatório,
sendo mais indicado o procedimento cirúrgico (Evans, 2007).

TEMA 2 – FIBRO EDEMA GELOIDE

Segundo Zani (1994, p. 111) fibro edema geloide ou celulite, como é


comumente chamada, é uma disfunção que acomete as células gordurosas da
tela subcutânea. Ocorre quando há uma alteração na estrutura e disposição
anatômica do tecido gorduroso subcutâneo, podendo ser causada por diversos
fatores. Celulite não é o mesmo que gordura; esta é um componente natural do
organismo que se deposita nas células situadas abaixo da pele e tem a função de
armazenar energia e proteger a superfície do corpo.
A pessoa pode ser magra e ter celulite, todavia quanto mais espessa a
camada de gordura, maior a possibilidade de aparecer celulite.
Nos locais afetados, ocorre a retenção de água, produzindo um edema
inestético. As fibras colágenas e elásticas alteram-se e dão à pele um aspecto
característico de “casca de laranja”. O tecido gorduroso subcutâneo, quando
acometido pela celulite, apresenta aumento de volume, consistência mais
endurecida e maior sensibilidade.

2.1 O que é fibro edema geloide

É um distúrbio do panículo adiposo que afeta 80 a 90% das mulheres.


Concentra-se principalmente na região glútea e coxas, podendo aparecer também
no abdome e região dos braços.
A tentativa de definição do FEG faz-nos deparar com diversos autores,
cada um com a sua perspectiva que leva a diversas formas de interpretar, pois
baseiam-se na caracterização das alterações morfológicas encontradas tanto na
análise micro quanto macroscópicas dos tecidos acometidos, como também por
meio do gênero e pelas perturbações locais do sistema vascular da pele.
É uma doença com alteração fisiológica e orgânica em que ocorrem
alterações circulatórias, gerando um edema local, dificultando as trocas
metabólicas e modificando o adipócito, que sofre lipogênese e hipertrofia. Esse

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processo comprime a circulação e faz um ciclo vicioso e um espessamento não
inflamatório.
As mulheres são as que mais sofrem com a FEG, visto que dificilmente é
encontrada em homens, a não ser que ele apresente deficiência androgênica. A
isso chamamos de síndrome Kliefelter, hiponadismo e pós-castração. Ou ainda,
em homens que fizeram tratamentos com estrógeno para combater o câncer da
próstata.

2.2 Causas da (FEG)

As razões são muitas, mas frisaremos que é uma doença benigna, ou seja,
não mortal, mas banalizada por alguns pontos de vista que não levam em
consideração as pequenas mortes cotidianas que ela desencadeia: inibição
sexual e afetiva, aniquilamento social (uso de roupas de praia ou piscina, vestidos
curtos ou roupas que deixem as pernas em evidência) pelo visual estético
desagradável.
Esse transtorno tem suas próprias causas, variando de pessoa para
pessoa, podendo pertencer ao campo genético, emocional, neurovegetativo,
hormonal, alérgico, digestivo, metabólico e outros. Raramente é possível isolar
um único motivo da disfunção, sendo que, em cada paciente, algumas
perturbações de origem diferente se associam de maneira peculiar.

2.2.1 A hereditariedade

Caso a aparência da FEG (tipo, forma, aspecto e localização) sejam citados


pelo cliente como iguais à da mãe, tia ou avó, saberemos que a hereditariedade
tem relevância.

2.2.2 Insuficiência digestiva

A deficiência do funcionamento de alguns mecanismos de depuração do


organismo (fígado, vesícula, intestinos ou rins) produz uma sobrecarga de toxinas
e acúmulo de produtos nocivos que atrapalham a função dos capilares venosos.

2.2.3 Alimentação desequilibrada

Mesmo que os órgãos depurativos funcionem perfeitamente bem, se nos


alimentamos com muito elemento tóxico, eles são capazes de transformar ou
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destruir o sistema venoso de evacuar, causando sobrecarga de produtos de
rejeito, resultando no que já conhecemos (obesidade, constipação intestinal e
FEG). Uma alimentação enriquecida por vitaminas e minerais de origem vegetal
melhora a nutrição das células. A ingestão de água (no mínimo, um litro ao dia)
contribui para o estímulo do metabolismo e a desintoxicação do organismo.

2.2.4 Insuficiência respiratória

O sangue encontra nos pulmões o oxigênio necessário para distribui-lo


para todo o organismo, mas muitas vezes ele não é suficiente. Normalmente não
aspiramos a quantia de ar que necessitamos e muito menos o expelimos
totalmente depois. E também porque muitos de nós moramos ou trabalhamos em
áreas totalmente carregadas de poluição ou fumamos, de modo que o ar que
ingressa em nosso sistema respiratório geralmente é superficial e apressado, não
contendo a quantidade de oxigênio de que o organismo necessita.

2.2.5 Problemas endócrinos

As glândulas são estruturas orgânicas providas de função secretora.


Existem glândulas de secreção externa que vertem seu produto no exterior
(glândulas sudoríparas, mamárias e sebáceas) e mistas, como o pâncreas e o
fígado. Quando a secreção é vertida no sangue, trata-se de glândulas de secreção
interna ou endócrinas (tireoide, hipófise, sexuais, suprarrenais), cujos produtos
são denominados hormônios. São substâncias que regulam a atividade dos
órgãos, excitando-a ou inibindo-a. A secreção excessiva ou escassa causada por
disfunção glandular desestabiliza o equilíbrio interno geral e pode influir na
formação ou agravamento da FEG, sobretudo nos seguintes casos:

• Excesso de produção de cortisona (secretada pelas glândulas


suprarrenais);
• Escassa produção da tireoide que desencadeia falhas de ordem bioquímica
nas fibras colágenas, elemento fundamental do tecido subcutâneo;
• Perturbação hipofisária de consequências variadas, entre elas a FEG;
• Insuficiência ovariana ou ingestão de hormônios sexuais
(anticoncepcionais e contraceptivos), com consequente desequilíbrio na
produção de estrogênios e progesterona.

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Os desequilíbrios hormonais ocasionados pela puberdade, gravidez,
menstruação e menopausa coincidem com a aparição e o agravamento da FEG.
A prevalência da ocorrência é maior em mulheres, devido às características
hormonais, fisiológicas e anatômicas femininas.

2.2.6 Fator emocional

Esse tipo de alteração na pele não é nem um pouco agradável nem aos
olhos e muito menos esteticamente. Aos notarem os primeiros sinais da FEG, as
mulheres sentem-se inconformadas. É fácil entender que qualquer alteração em
nosso corpo afeta nosso psicológico e causa insegurança.
A tensão continuada, as pressões agressivas do dia a dia e do meio
ambiente, o estresse, os temores, as disfunções sexuais ou fracassos afetivos,
quaisquer emoções intensas podem ocasionar danos nervosos que vêm à tona,
favorecendo a formação da FEG.
Frisaremos que é uma doença benigna, ou seja, não mortal, mas
banalizada por alguns pontos de vista que não levam em consideração as
pequenas mortes cotidianas que ela desencadeia: inibição sexual e afetiva,
aniquilamento social (uso de roupas de praia ou piscina, vestidos curtos ou roupas
que deixem as pernas em evidência) pelo visual estético desagradável.

2.2.7 Outras causas

Insuficiência venosa, fragilidade capilar, debilidade constitucional dos


tecidos, focos infecciosos crônicos, retenção de líquidos, flebite e até fratura de
membros inferiores são outras das causas que podem influir na formação da FEG.

2.3 Classificação do fibro edema geloide quanto aos graus

Classificamos a FEG dividida em quatro graus, os quais podem ser


identificados pelos seguintes aspectos clínicos em uma avaliação (Rossi;
Vergnanini, 2000; Kede; Sabatovich, 2004; Borges, 2006; Rawlings, 2006).

2.3.1 Grau I

Nessa fase, nota-se o aspecto de “casca de laranja”, sobretudo quando a


cliente contrai voluntariamente a musculatura, ou quando se pressiona o tecido

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entre os dedos. O aspecto é visível com a palpação ou contração muscular, com
ausência de dor.

2.3.2 Grau II

Nota-se o aspecto de “casca de laranja” independente de palpação ou


contração muscular, apresentando diminuição das elasticidade e da temperatura
da pele. Apresenta-se com coloração pálida e há alterações de sensibilidade.

2.3.3 Grau III

Aparecem nódulos celulíticos que, além de visíveis, também podem ser


sentidos. O paciente apresenta alteração de sensibilidade e dor. Há diminuição
da elasticidade e da temperatura da pele e palidez. As fibras do tecido conjuntivo
demonstram retração e esclerose, com aspecto de um “saco de nozes”.

2.3.4 Grau IV

Tem as mesmas características do grau III, mas com nódulos mais


palpáveis, visíveis e dolorosos, aderência nos níveis profundos e um
aparecimento ondulado óbvio na superfície da pele. Histologicamente, o tecido
gorduroso lobular estrutural, e alguns nódulos são encapsulados pelo tecido
conjuntivo denso.

2.4 Celulite e obesidade

É importante completar a definição do FEG, acrescentando que ele é


inteiramente distinto da obesidade. Muitos confundem esses problemas, o que até
certo ponto é compreensível, pois atacam o mesmo tecido e alteram a imagem
estética e o esquema corporal. Mas a obesidade é somente uma modificação de
células gordurosas, e a maioria das mulheres que sofrem desse mal não são
obesas.

2.5. Classificação do fibro edema geloide quanto à forma

Essa classificação é baseada nas formas que a FEG pode se apresentar:


FEG duro, flácido, edematoso ou misto, segundo GUIRRO & GUIRRO, 2204.

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2.5.1 Fibro edema geloide duro

Apresenta

espessamento muito marcado e aumento dos tecidos superficiais,


numeras depressões e profundas; pouca mobilidade dos planos
superficiais sobre os planos profundos; consistência dura ao tato por
predomínio de fibrose; constantemente observa-se varicosidades,
equimoses e extremidades frias; pele seca e rugosa [...] acomete na sua
maioria os jovens que praticam atividade física constantemente e que
apresentam a musculatura bem definida (Mateus, 2014).

Podem ter peso médio ou discretamente elevado. Na palpação percebe-se


a presença de micro nódulos, dando a impressão de serem “grãos de chumbo”.
Essa justaposição entre os tecidos evita que se acumule liquido no interstício,
fazendo com que não se costume verificar edema local. Observam-se
varicosidades, equimoses e extremidades frias. Costuma-se dizer que essa forma
clínica demora mais para apresentar melhora, porém, os resultados obtidos são
mais duradouros.

2.5.2 Fibro edema geloide flácido

É a forma mais importante e de maior incidência, tanto em número quanto


nas manifestações aparentes. Manifesta-se em mulheres com hipotonia muscular,
sedentárias e que apresentam efeito “sanfona” ou que perderam peso muito
rapidamente, e também, em mulheres acima de 30 anos. De acordo com Mateus
(2014), os

aspectos superficiais apresentam depressões numerosas mas pouco


profunda; raramente dolorosa e oscilações dos tecidos superficiais com
movimento sem consistência, deformando-se de acordo com a posição
adotada (deitada, sentada ou em pé). e são comuns as varicosidades
associadas a uma sensação de peso nos membros acometidos.

Apresentam agravamento no aspecto celulítico nos períodos menstruais.


Os tratamentos apresentam resultados rápidos, porém, devido à falta de
consistência dos tecidos superficiais e à vulnerabilidade a edemas, torna-se
necessário um acompanhamento constante.

2.5.3 Fibro edema geloide edematoso

Segundo Mateus (2014),

Apresenta aspecto externo de edema tecidual; depressões pouco


profundas e alargadas; aumento de volume do membro inferior; pele fina;
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sinal de Godet positiva; sensação de dor nas pernas; diferencial de
edema simples, pela percepção ao tato de núcleos endurecidos.
Encontramos a forma edematosa em qualquer faixa etária ou de peso,
com desequilíbrio circulatório que possam desencadear o edema.

2.5.4 Fibro edema geloide misto

Presença de mais de um tipo no mesmo paciente, como fibro edema


geloide duro na região lateral da coxa e fibro edema geloide flácido no abdome.

2.6 Tratamentos que podem ser efetuados para o combate da FEG

A FEG pode ser tratada da seguinte forma: ultrassom de 3MHz; drenagem


linfática; radiofrequência, eletrolipoforese, cremes com ativos específicos,
infravermelho longo, vácuo, endermologia e plataforma vibratória.
Devemos fazer a ficha de anamnese e montar os devidos protocolos após
minuciosa análise do tipo de FEG, para obtermos resultados satisfatórios e
gratificantes.
O tratamento para FEG envolve uma equipe multidisciplinar e vários tipos
de abordagens: atividade física, orientação alimentar, acompanhamentos
psicológico quando necessário, e a utilização de fármacos nos tratamentos
estéticos.
De acordo com Posser (2010), os esfoliantes são muito importantes porque
ajudam a diminuir a resistência da pele e aumentam a permeabilidade,
possibilitando uma melhor permeação dos ativos.
Ionizar produtos lipolíticos e antilipogênicos como prevenção da estocagem
da gordura em determinadas regiões, principalmente abdome, coxa, flancos e
região troncatérica.
O uso da endermologia é bem recomendável, pois possibilita a realização
de manobras de massagem, promovendo a vasodilatação e uma reorganização
do tecido adiposo subcutâneo (Borges, 2010).

TEMA 3 – ESTRIAS

São sulcos na pele, resultantes da rotura da derme, e representam um


problema bastante comum na população, principalmente em jovens em período
de maior crescimento, mulheres adolescentes representadas por uma lesão
dérmica por estiramento excessivo e progressivo do tecido tegumentar, grávidas
ou em doentes com síndrome de Cushing.
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A incidência maior ocorre em adolescentes de 12 a 14 anos e em mulheres
de 20 a 30 anos no período gestacional, e tem-se mostrado comum seu
aparecimento em mulheres mais velhas, que utilizam tratamentos de reposição
hormonal.
É considerado um problema desagradável esteticamente por motivos
socioculturais, devido ao culto pelo corpo e pela influência na baixa autoestima e
na ansiedade. Entretanto, não são um risco para a saúde e não comprometem
qualquer função corporal.

3.1 Causas das estrias

Geralmente, as estrias apresentam-se dispostas paralelamente e


perpendicularmente às linhas de tensão da pele, levando ao desequilíbrio elástico
do tecido.
Ocorrem comumente por ganho rápido de peso, crescimento repentino,
gravidez, uso prolongado de contraceptivos hormonais e corticosteroides, ou
decorrentes do sedentarismo e da falta de hidratação da pele.

3.2 Áreas acometidas e apresentação das estrias

Geralmente são as áreas que sofrem constante tensão por ajustes


elásticos, como glúteos, mamas, abdome e locais onde acontece estirão por
crescimento, como os braços, a região posterior do joelho e as costas.
Segundo Oliveira A. et al., p. 358. As lesões se apresentam inicialmente
com coloração rubra, devido à característica do processo de inflamação, como
eritema e a vasodilatação. Com a evolução do processo, tornam-se atróficas e
fibróticas e são denominadas estrias albas.
Segundo Guirro (2007), na estria, ocorre adelgaçamento da espessura da
derme e separação entre as fibras colágenas e um emaranhado enovelado de
fibras elásticas na periferia da lesão.

3.3 Prevenção

Consiste em manter um peso saudável durante a gravidez, fazer uso de


cosméticos com formulações contendo ácido hialurônico, alphastria, trofolastin ou
Verum, para dar mais elasticidade à pele.

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Tanto na gravidez quanto na adolescência, é fundamental manter a pele
com boa hidratação cosmética e ingestão correta de água diariamente.
Nas estrias que estão iniciando (as rubras), a utilização de ácidos tem se
apresentado bastante eficaz, mas os ácidos não devem ser recomendados para
gestantes.

3.4 Tratamentos

As opções terapêuticas são bastante numerosas, tanto na área médica


quanto na estética, mas não existe tratamento com 100% de melhora.
Devemos associar os métodos existentes para obter excelentes resultados.
Na estética, recomendamos a utilização da punturação com corrente
galvânica e o microagulhamento, para provocar um processo inflamatório e
acelerar a proliferação celular, a reepitalização e o processo de reparo tecidual,
contribuindo para a neovascularização e estimulação do colágeno.
Outro procedimento é a microdermoabrasão, que é utilizada para refinar a
camada córnea e automaticamente promover a revascularização, que juntos vão
acelerar a mitose celular.
Na área médica, a utilização do ácido retinoico se faz muito presente com
a finalidade de restaurar o colágeno pela inibição da enzima colagenase, a qual
destrói as fibras colágenas.
A intradermoterapia também é bastante eficaz, principalmente com a
aplicação de glicosaminoglicanas associadas a peptídeos, vitamina C e ácido
hialurônico.
A fototerapia por laser de baixa intensidade é utilizada para tratamento da
estrias, porém os resultados ainda são muito discutidos e se apresentam com
maior eficácia nas estrias rubras.
Mesmo realizando todos esses procedimentos, não temos garantia de
resultados satisfatórios, uma vez que seu aparecimento está conectado a vários
fatores, como propensão genética e hábitos de vida.

TEMA 4 – DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL PÓS-MAMOPLASTIA REDUTORA

A drenagem linfática manual é uma técnica de movimentos que atuam


somente no sistema linfático, visando seu melhor funcionamento.

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É uma técnica que visa ao melhor funcionamento do sistema linfático, a fim
de auxiliar na eliminação de líquidos e toxinas presentes no corpo humano por
meios de manobras nas vias linfáticas e nos linfonodos.
Para Lange (2002, p. 11)

A verdadeira drenagem linfática manual é um método todo original,


bastante diferente da massagem tradicional, possuindo manobras
precisas e monótonas, com direções específicas, velocidade lenta e
pressão suave.

Foi Leduc que introduziu a drenagem linfática no Brasil, em 1977, quando


ministrou um curso no Rio de Janeiro com o título de “Drenagem linfática manual
pelo método Vodder”. Porém a DL tornou-se mais conhecida no fim da década de
80 e início da década de 90, quando surgiram inúmeras escolas de drenagem
linfática no Brasil.

4.1 Principais cuidados ao realizar a drenagem linfática

Vários estudos demonstram que, quando realizamos uma técnica


inadequada, podemos causar danos ao paciente.
Várias técnicas de massagem são denominadas de drenagem linfática e
são utilizadas de maneira inapropriada, podendo provocar lesões.
A técnica consiste em movimentos de “empurrar e relaxar” sobre o trajeto
dos vasos linfáticos e nas regiões dos linfonodos. Os movimentos devem ter uma
sequência correta com sentido e estratégia bem definidos.

A pressão da mão sobre o corpo deve ser leve para não produzir o
colapso linfático. O valor sugerido é de 30 a 40 mmHg (milímetros de
mercúrio)
As manobras são lentas e devem ser repetidas por 5 a 7 vezes no
mesmo lugar. A pressão deve ser suave e quanto maior o edema, mais
leve deve ser a pressão. O paciente não deve sentir dor e a pele não
pode apresentar hiperemia em decorrência das manobras.
A drenagem deve ser realizada sempre no sentido do fluxo linfático
(Lange, 2012, p. 73).

4.2 Função da drenagem linfática manual

A DL auxilia na retirada do excesso de líquido intersticial e toxinas


presentes no corpo, removendo proteínas e resíduos metabólicos, além de
favorecer a troca de oxigênio e nutrientes, por meio de manobras realizadas nas
vias linfáticas e linfonodos.
Outros efeitos secundários decorrentes da drenagem são:

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• Ação sobre o sistema nervoso central vegetativo, produzindo estimulo
parassimpático causando relaxamento;
• Ação sobre os gânglios com efeito imunológico.

Em resumo, a drenagem manual representa importante instrumento


terapêutico do linfedema, devendo ser realizada de maneira adequada e por
profissionais capacitados.
O sistema linfático se estende por todo o organismo em forma de rede e
representa dentro do corpo humano uma via secundária de acesso, por onde
líquidos provenientes do interstício são devolvidos ao sangue. (Lange, 2012).

4.3 Mastoplastia redutora ou mamoplastia redutora

Esse termo refere-se à redução do volume das mamas e à correção da


queda. O termo mastopexia é a correção da queda das mamas e da flacidez da
pele.
O procedimento das mamoplastias redutoras visa reduzir o volume das
mamas, retirar o excesso de pele e corrigir a queda da mama, obtendo equilíbrio
entre o conteúdo (tecido mamário) e o continente (pele). Todo esse procedimento
deverá ter uma forma de simetria adequada às mamas. As cicatrizes devem ser
mínimas e imperceptíveis. As mamas com excesso de volume também obterão a
correção de aspectos funcionais para a melhora da postura e dores na coluna.

4.4 Circulação linfática das mamas

A circulação linfática da mama pode ser dividida em sistema superficial,


drenando a pele, e sistema profundo, drenando os lóbulos para os sistemas
subclávio e jugular (Figura 1). A linfa da região mediana das glândulas mamárias
segue em direção aos linfonodos paraesternais, que se localizam junto ao esterno.
A drenagem linfática da porção lateral externa e inferior das glândulas mamárias
segue em direção à axila. A região superior a drenagem segue para os linfonodos
infraclaviculares.

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Figura 1 – A circulação linfática da mama

Fonte: Lange, 2012.

4.5 Drenagem linfática pós-mamoplastia redutora

Independente da técnica que o cirurgião utilizar, as manobras da


drenagem linfática irão seguir sempre para a mesma direção. A porção lateral
externa da mama direciona o fluxo linfático para a região dos linfonodos axilares.
A porção lateral da mama para os linfonodos paraesternais, e o polo superior da
mama, para os linfonodos da região clavicular.
O paciente deverá ter o máximo de cuidado para não fazer movimentos
bruscos e também não elevar os membros superiores, para não sentir dor na
região dos ombros e trapézio. Deve-se trabalhar bastante o sistema respiratório
antes da drenagem linfática manual, para aliviar a tensão muscular.

4.6 Sequência dos movimentos da drenagem linfática manual pós-


mamoplastia

Lange (2012, p. 90) cita quatorze movimentos para a drenagem linfática


manual pós-mamoplastia:

Movimento 1 – Bombear a região da junção venolinfática.


Movimento 2 – Bombear os linfonodos claviculares.
Movimento 3 – Bombear os linfonodos axilares.
Movimento 4 – Bombear os linfonodos da parede lateral da mama.
Movimento 5 – Bombear os linfonodos infra mamários.

17
Movimento 6 – Bombear os linfonodos para esternais.
Movimento 7 – Em movimentos de semicírculos, deslizar na região do
esterno e posteriormente conduzir para a linfa.
Movimento 8 – Com a polpa digital, bombear suavemente a cicatriz
vertical (quando presente)
Movimentos 9 e 10 – No quadrante inferior medial da mama, conduzir a
linfa para os linfonodos para esternais.
Movimento 11 – No quadrante superior da mama, conduzir a linfa da
“ampola da foz”.
Movimento 12 e 13 – Conduzir a linfa para os linfonodos da parede
lateral da mama e seguir para os linfonodos axilares.
Movimento 14 – Conduzir a linfa da região intercostal superior para a
região axilar.

Figura 2 – Quatorze movimentos para a drenagem linfática manual pós-


mamoplastia

Fonte: Lange, 2012.

4.7 Cuidados do pós-operatório

Os cuidados são simples, mas requerem alguns dias de repouso e


cuidados. Nos três primeiros dias, o paciente não deve sair de casa. Não é
necessário ficar deitada, mas deve cuidar para deitar em cima das mamas. Essa
cirurgia necessita repouso de cinco dias, podendo depois voltar às atividades
normalmente. Não deve levantar os braços acima dos ombros nem realizar
movimentos que solicitem os músculos próximos das mamas. Dirigir automóvel
somente após doze dias.
Devem-se evitar esportes e ginásticas que exijam movimentos dos braços,
para que não haja transpiração excessiva nesse período.
Nos primeiros cincos dias, deve-se evitar molhar as mamas durante o
banho. Após esse período, lavar normalmente, procurando secar com cuidado.

18
Fazer uso constantemente do sutiã especial indicado pelo médico.
Os resultados irão depender do repouso adequado e de seguir rigidamente
as orientações do cirurgião.
As mamas adquirem o formato definitivo depois de seis meses a um ano.
Durante esse período evolutivo, a forma vai se aprimorando e as cicatrizes
tornando-se mais claras e menos perceptíveis.

TEMA 5 – CIRURGIA DE PRÓTESE MAMÁRIA

Mamas pouco desenvolvidas podem ser consequência de alterações


hormonais, tendência hereditária ou atrofia do tecido mamário após gestações.
Em mulheres que perderam muito peso, a causa pode ser a atrofia do tecido
gorduroso.
A inclusão da prótese nas mamas corrige o volume mamário e, em alguns
casos, a ptose mamária.
Na verdade, é uma mudança no comportamento feminino mundial, no qual
a mulher passou a se observar melhor e a apreciar mais os volumes mamários.
As próteses de silicone são usadas para aumento das mamas há mais de
30 anos.
Atualmente, vários tipos e formatos de próteses podem ser encontrados,
inclusive infláveis e de conteúdo salino.
Vemos em Lange (2012, p. 91) que

As próteses podem ser introduzidas nas mamas por várias vias de


acesso. A introdução através do sulco infra mamário evita cicatrizes
aparentes na mama. Já as incisões periareolares, deixam uma cicatriz
na borda inferior da aréola. Pitangui, Carreirão e Garcia em 1973,
descreveram a inclusão da prótese através de uma incisão transareolar,
seccionando a papila ao meio. Agris, Dingman e Wilensky em 1976,
preconizaram a incisão axilar. Hoje esta técnica é realizada com o auxílio
da vídeo endoscopia. Planas em 1976 propôs a inclusão das próteses
através da via de acesso para a abdominoplastia.
Além das próteses, a adequação do formato e a redução do volume são
de suma importância para a harmonia do corpo feminino. É importante
que os profissionais de estética permaneçam atentos à todas as
possibilidade de melhoria do pré e pós-cirurgia para tais paciente.

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5.1 Cuidados pré-cirúrgicos

Devemos preparar a pele antes de qualquer procedimento cirúrgico, pois


isso facilitará o trabalho do cirurgião, podendo proporcionar um excelente
resultado cicatricial.
O procedimento de hidratação deve ter um prazo de, no mínimo, 15 dias
antes da cirurgia, realizando-se duas sessões por semana, além do uso de
cosméticos especifico. O uso de equipamentos vai auxiliar no preparo do tecido,
dando elasticidade e preparando a musculatura.
Para se evitar o endurecimento das mamas, devemos adotar os seguintes
cuidados no pré-operatório: lavar as mamas e a axila com sabonete antisséptico
nos 8 dias antecedentes à cirurgia e tomar vitamina E, que tem demonstrado
eficiência na prevenção do endurecimento capsular.

5.2 Cuidados no pós-cirúrgico

Permanecer em repouso relativo, sem movimentar os braços nos cinco


primeiros dias, evitando, assim, a formação de hematomas, que aumentam a
incidência da contração capsular.
Seguir corretamente a prescrição do médico e massagear as mamas a
partir do quinto dia, iniciando, paulatinamente, esse processo sob orientação do
cirurgião. Fazer as massagens todos os dias, durante 10 minutos, até completar
seis meses de pós-operatório. A massagem é fundamental para se evitar o
endurecimento da prótese.
O paciente não deve lavar sozinho o rosto e os cabelos, pois os
movimentos dos braços devem ser restringidos, mantendo-os sempre próximo ao
corpo e nunca elevando ou pegando peso.
Utilizar malhas compressivas (soutiens especiais). Comumente utiliza-se
soutiens especialmente desenvolvidos para o pós-cirúrgico, sendo que o modelo
e o tempo de utilização variam de acordo com a técnica escolhida pelo cirurgião.
O uso desse tipo de acessório servirá como complemento ao reposicionamento
dos tecidos descolados e à sustentação da mama.

20
5.3 Drenagem linfática manual no pós-prótese mamária

O início da drenagem linfática pode ser 24 horas após a cirurgia, com


movimentos restritos e menor compressão, seguindo-se com sessões em dias
alternados até o vigésimo primeiro dia do pós-operatório.
No quinto dia pós-operatório, podemos introduzir substâncias
antiequimóticas (se orientada pelo médico, essa aplicação poderá iniciar no
segundo dia do pós-operatório).
No sétimo dia, faremos a retomada do uso de hidratante (se não houver
esparadrapos).
No vigésimo primeiro dia, passar a drenagem linfática para semanal. Iniciar
massagens manuais suaves, a fim de auxiliar a redução de fibroses.
No 45º dia, podemos iniciar um tratamento específico para cicatrizes, por
exemplo, as sessões de laser de baixa potência.
A partir de 2 meses de cirurgia, inicia-se um programa de tratamento da
pele com hidratações, peeling superficial e uso de substâncias químicas como
ácidos e despigmentantes, caso seja necessário.
A sequência da drenagem linfática poderá ser a mesma da mamoplastia
redutora.

5.4 Transtornos normais de um pós-operatório

De acordo com Zani (1994, p. 293),

As cirúrgicas estéticas causam uma agressão maior ou menos ao


organismo. A intensidade da agressão varia de acordo com as
características próprias de cada operação, como duração, tipo de
anestesia, etc. O organismo reage para aumentar sua imunidade e
mostrar que necessita de cuidados especiais nos dias que sucedem à
cirurgia. Algumas dessas reações são normais e passageiras; outras
demoram um pouco para desaparecer, mas, infelizmente, são mais
raras. O grau dessas reações varia com as características físicas de
cada paciente (Zani, 1994, p. 293).

Os transtornos pós-operatórios mais frequentes são os seguintes:

5.4.1 Edema ou inchaço

Segundo Zani (1994, p. 293), O edema, assim como os outros sinais


típicos de reação de defesa do organismo, como o calor, o ardor e o rubor, é
normal e benéfico, pois protege a região operada. O edema forma-se logo após a
cirurgia e tende a aumentar nas quarenta e oito horas seguintes. Após essa fase,
21
regride aos poucos e, por volta do oitavo dia, já não é tão aparente. A regressão
completa só irá acontecer após alguns meses de pós-operatório. Em geral, dentro
de três a seis meses.

5.4.2 Sensação dolorosa

A região operada fica dolorida nos primeiros dias. A sensação de dor é


consequência da manipulação dos filetes nervosos sensitivos durante o ato
cirúrgico. O edema também ajuda a distender os tecidos da região operada,
aumentando a sensação dolorosa.
Poucos pacientes relatam que sofreram dor no pós-operatório de uma
cirurgia estética. Os cirurgiões plásticos trabalham delicadamente os tecidos
orgânicos para causar o menor trauma possível e, assim, diminuir a dor no pós-
operatório. O grau de sensibilidade é variável de pessoa para pessoa e alguns
pacientes precisam tomar analgésicos a fim de aliviar a dor, mas em poucos dias
a sensação desaparece. São contraindicados analgésicos à base de ácido
acetilsalicílico, como a aspirina, logo após as cirurgias, porque eles podem causar
microssangramentos na região operada.

5.4.3 Equimose

São manchas vermelhas, roxas, e até mais escuras, que aparecem no local
operado. Elas ocorrem porque os vasos sanguíneos localizados sob a pele são
frágeis, e o sangue passa através deles quando são manipulados na cirurgia. As
operações podem causar pequenos traumatismos nos vasos sanguíneos devido
ao contato com os instrumentos cirúrgicos. As compressas geladas e certos
medicamentos auxiliam a prevenir a formação dessas manchas e podem ser
usados nos primeiros dias de pós-operatório. Depois de alguns dias, se as
manchas não desaparecerem, pode-se aplicar creme ou pomadas que aceleram
sua evolução. Alguns pacientes têm maior fragilidade capilar do que outros e
podem apresentar manchas mais escuras e de resolução mais demorada. É só
ter um pouco de paciência que elas desaparecem.

5.4.4 Fibrose

É uma reação cicatricial interna que ocorre devido à proliferação de células


denominadas fibroblastos, que produzem o colágeno e a elastina, essenciais no

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processo de cicatrização. A fibrose deixa a região operada um pouco endurecida,
mas, aos poucos, vai devolvendo-lhe a consistência normal.
O resultado final de uma cirurgia só pode ser avaliado depois que
desaparecer toda a fibrose. Para isso, é necessário que se aguarde de 3 a 6
meses, dependendo do tipo de porte da cirurgia. A fibrose esconde os resultados
iniciais da cirurgia estética, porém é um fenômeno fisiológico natural e benéfico
que ocorre em todas as cirurgias.

5.4.5 Cicatriz em evolução

Toda cirurgia deixa uma cicatriz aparente ou escondida. A evolução


estética dessa cicatriz é lenta e gradativa, dificultando a apreciação imediata do
resultado. No início, ela fica avermelhada e endurecida, devido à reação do
organismo, que deposita as fibras elásticas e colágenas necessárias ao processo
cicatricial. Com o tempo, a cicatriz vai adquirindo coloração e consistência
semelhantes à da pele normal. O tempo de evolução normal de uma cicatriz é de
seis a doze meses, dependendo da localização e extensão.

5.4.6 Espera do resultado

Requer paciência e compreensão, porque os resultados iniciais de uma


cirurgia estética podem não ser animadores. É por isso que o paciente deve estar
bem informado e bem preparado a respeito desse período transitório, pois pode
parecer que seus esforços e sacrifícios para realizar uma cirurgia estética não
foram compensadores. O resultado final só é visível depois de seis meses a um
ano. O paciente precisa aguardar que desapareçam as equimoses, regrida o
edema, se desfaça a fibrose e amadureça a cicatriz. Só então poderá apreciar o
resultado final.
Os transtornos habituais incomodam no pós-operatório, mas são
passageiros. Convém lembrar que os sacrifícios de uma cirurgia estética duram
alguns dias, mas os benefícios duram a vida toda.

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