A localização e a distribuição da gordura corporal caracterizam dois tipos
de obesidade: ginóide e andróide. A obesidade caracterizada como ginóide se
evidencia com um acúmulo de gordura acentuado nas regiões do quadril, glúteo e coxa superior e acomete predominantemente as mulheres, sendo que na obesidade denominada andróide o acúmulo maior de gordura está nas regiões do abdome e tronco, percebida na maioria dos homens – que neste caso inclui-se o Sr.Barriga. Dentre os diferentes índices antropométricos propostos para determinar a associação entre excesso de peso e fatores de riscos cardiovasculares, o índice de massa corporal (IMC) e a relação cintura-quadril (RCQ) são as medidas mais comumente utilizadas. Atualmente, têm-se, cada vez mais, relacionado à obesidade visceral como o principal responsável pelas alterações metabólicas e hemodinâmicas encontradas nos obesos. Sendo assim, a distribuição da gordura predominantemente visceral (andróide) leva a um maior risco no desenvolvimento de hipertensão quando comparado à distribuição periférica (ginóide). As pessoas com maior acúmulo de gordura em torno dos órgãos viscerais aumentam o risco de doenças cardíacas, devido às células de gorduras que dificultam o bom funcionamento dos órgãos. Além disso, a gordura visceral pode ser um risco pelo fato de que a gordura armazenada em torno e nas vísceras tem um caminho circulatório para o fígado, podendo ser utilizada para sintetizar colesterol adicional e elevar o risco de doença cardíaca. Como conseqüência da obesidade central, existe maior propensão para hipertensão arterial e hiperlipidemia, resultando em maior probabilidade de doença arterial coronária e acidente vascular encefálico. Quando pacientes hipertensos são comparados a indivíduos normotensos, uma das maiores diferenças encontradas tem sido exatamente um aumento na prevalência de obesidade, tanto que pesquisas já indicaram que 70% dos casos de hipertensão em homens e 61% nas mulheres foram atribuídos diretamente ao excesso de gordura corporal. Estudos populacionais já demonstraram que a medida da cintura é capaz de identificar com alta acurácia indivíduos obesos, tanto que circunferência acima de 94 cm em homens e 80 cm em mulheres são capazes de identificar indivíduos com IMC acima de 25 Kg/m² com uma especificidade e sensibilidade de cerca de 96%. Além disso, verificaram uma associação significativa entre a medida de cintura acima destes valores e a prevalência de hipertensão e outros fatores de risco, tanto em homens quanto em mulheres. Dessa forma, estima-se que um terço dos casos de hipertensão guarde alguma relação com a obesidade e que obesos tenham três vezes mais risco de desenvolver hipertensão. Sendo a obesidade uma doença de origem multicausal, o enfoque para corrigi-la deve ser multidisciplinar. O seu tratamento consiste em dieta, exercício físico, modificação no comportamento alimentar, acompanhamento psicológico e, eventualmente, drogas anorexígenas. Porém, mesmo com variadas opções terapêuticas, o sucesso na perda de peso, freqüentemente é difícil de ser alcançado ou mantido. As pessoas obesas têm, definitivamente, grande probabilidade de vir a desenvolver problemas médicos relacionados com a obesidade e o excesso de peso, e podem beneficiar bastante ao controlar a sua alimentação. Alguns problemas médicos relacionados com o excesso de peso e com a obesidade incluem, mas não estão limitados a: diabetes, doenças cardíacas, níveis pressóricos elevados, colesterol elevado, nível de açúcar no sangue elevado, nível de triglicerídeos elevados, etc. Uma pequena perda de peso de 5 a 10 kg pode melhorar a sua saúde, por exemplo, ao baixar a pressão sanguínea e os níveis de colesterol ajudá-lo-á a prevenir algumas doenças cardiovasculares. Um dos índices bastante utilizados para verificar o nível de obesidade de uma pessoa é o cálculo do índice de massa muscular. Como já foi referido, a obesidade tem vínculos com diabetes, doença potencialmente grave que pode levar a infartos, gangrenas, catarata, calculose vesicular, cirrose hepática, neuropatia diabética, infecções e outras. Já a hiperglicemia (hiper = alto + glicemia = taxa de glicose no sangue) apresentada nos exames realizados no Sr. Barriga é uma patologia caracterizada pelo excesso de glicose (açúcar) no sangue. Pessoas que estão nesta condição possuem um nível de glicose superior a 180 mg/dl (miligrama por decilitro) após as refeições, um quadro conhecido como hiperglicemia pós- prandial, e acima de 130 mg/dl em jejum de pelo menos oito horas, quadro conhecido como hiperglicemia em jejum. A hiperglicemia é um problema grave de saúde, que prevalece em indivíduos diabéticos, pois no corpo destes indivíduos não há a presença do hormônio insulina suficientemente ou a insulina não funciona corretamente para controlar os níveis de glicose no sangue. Indivíduos com diabetes mellitus do tipo 1 dependem de insulina externa, geralmente administrada por via subcutânea, para a sua sobrevivência, uma vez que o hormônio não é mais produzido internamente pelo pâncreas, pois há uma deficiência nas ilhotas de Langerhans. As ilhotas de Langerhans são um conjunto de células endócrinas presente no pâncreas, que secretam diversas substâncias. Uma delas é a insulina, que tem um papel fundamental no corpo humano, o de controlar a glicose no sangue e, é secretada por um tipo de célula das ilhotas de Langerhans, denominadas células beta. Além de não produzirem insulina, pessoas com diabetes tipo 1 possuem maiores chances de desenvolver problemas maiores como, doenças cardiovasculares, retinopatia, neuropatia e nefropatia. Já as pessoas que possuem diabetes mellitus do tipo 2, ou o corpo não produz insulina suficiente (deficiência de sua secreção) ou as células ignoram a insulina (resistência à ação da insulina). Este tipo de diabetes é mais comum em indivíduos acima de 40 anos. Pessoas obesas possuem maiores chances de desenvolver diabetes tipo 2, como também pode ser ocasionada devido a fatores genéticos. O corpo humano ao digerir os alimentos transforma todos os açúcares e amidos em glicose, que é o combustível básico para as células do corpo funcionarem corretamente. É a insulina que transporta a glicose do sangue paras as células. Porém quando há um acúmulo de glicose no sangue (hiperglicemia), várias complicações podem ocorrer, tais como danos aos rins, danos neurológicos, lesões cardiovasculares, danos á retina, e cetoacidose (coma diabético). Por isso em pacientes diabéticos, existe uma preocupação maior em controlar os níveis de glicose no sangue, pois não podem contar com a insulina para fazer este trabalho. Os sintomas mais frequentes da hiperglicemia são: Sede excessiva (polidipsia), micção frequente (poliúria), visão turva, cansaço, sonolência, boca seca, fome excessiva, emagrecimento, formigamento nos pés ou calcanhares, dor de cabeça, náusea, dor abdominal, presença de hálito cetônico, arritmia cardíaca e quando os níveis de glicose no sangue estão muito elevados, pode levar o indivíduo ao coma. Por isto é fundamental o tratamento controlado para os diabéticos. O uso de medicamentos adequados para regular os níveis da glicose no sangue e até mesmo o uso de insulina injetável são recomendados pelo médico. Além disto, precisam de uma alimentação saudável e rigorosa, cortando principalmente alimentos ricos em açúcares, amidos e bebidas alcoólicas. Também é aconselhável evitar tomar medicamentos sem a prescrição médica, uma vez que alguns medicamentos aumentam o rico de hiperglicemia como é o caso dos corticosteróides e das anfetaminas (estimulante). A prática de atividades físicas, como também a verificação constante dos níveis de glicemia através de um glicosímetro, também são formas de controlar a hiperglicemia.