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Histologia ASE8 Problema 6 – Tecido Adiposo

Introdução

O tecido adiposo é um tipo especial de conjuntivo no qual se observa predominância de


células adiposas (adipócitos). Em pessoas de peso normal, o tecido adiposo representa de 20 a 25%
do peso corporal na mulher e de 15 a 20% no homem.
O tecido adiposo é o maior depósito corporal de energia, sob a forma de triglicerídeos.
Células hepáticas e musculares acumulam energia na forma de glicogênio. A reserva de
triglicerídeos é muito influenciado por estímulos nervosos e hormonais. Funções do tecido adiposo:

(I) Reserva de energia, sendo o substrato para o metabolismo com maior produção de ATP
(II) Modela superfície diferencia morfologicamente homens de mulheres. Além disso, preenche
espaços entre outros tecidos e auxilia a manter determinados órgãos em suas posições normais.
(III) Forma coxins absorventes de choques, principalmente na planta dos pés e na palma das mãos.
(IV) Isolamento térmico, já que as gorduras são más condutoras de calor.
(V) Atividade secretora de hormônios e outras moléculas.

Tecido adiposo unilocular

As células adiposas são completamente diferenciadas e não sofrem divisões celulares. O


tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular (gordura branca), cujas células, quando
completamente desenvolvidas, contêm apenas uma gotícula de gordura que ocupa quase todo o
citoplasma.
A cor do tecido unilocular varia entre o branco e o amarelo-escuro, dependendo da dieta.
Essa coloração deve-se principalmente ao acúmulo de carotenos dissolvidos nas gotículas de
gordura.

- Panículo Adiposo: o panículo adiposo, camada disposta sob a pele, e que é de espessura uniforme
por todo o corpo do recém-nascido, tende a regredir ou se desenvolver em certas áreas do corpo
com o desenvolvimento, influenciadas pelos hormônios sexuais e outros.

I Histomorfologia: células grandes circulares, que se tornam poliédricas com a compressão mútua.
Os solventes orgânicos removem a gordura presente na célula.
O tecido unilocular apresenta septos de conjuntivo, que contêm vasos e nervos. Desses
septos partem fibras reticulares (colágeno III) que sustentam as células adiposas.
A vascularização do tecido adiposo é muito abundante quando se considera a pequena
quantidade de citoplasma funcionante. A relação volume de capilar sanguíneo/volume de
citoplasma é maior no tecido adiposo do que no músculo estriado, por exemplo.

II Função secretora: Sintetiza várias moléculas como leptina, que são transportadas pelo sangue, e
a lipase lipoproteica já mencionada, que fica ligada à superfície das células endoteliais dos capilares
sanguíneos situados em volta dos adipócitos. Diversas células no cérebro e em outros órgãos têm
receptores para leptina. Essa molécula participa da regulação da quantidade de tecido adiposo no
corpo e da ingestão de alimentos. A leptina atua principalmente no hipotálamo, diminuindo a
ingestão de alimentos e aumentando o gasto de energia.
III Histogênese: As células adiposas uniloculares se originam no embrião, a partir de células
derivadas do mesênquima, os lipoblastos. Essas células são parecidas com os fibroblastos, porém
logo acumulam gordura no seu citoplasma. As gotículas lipídicas são inicialmente separadas umas
das outras, porém muitas se fundem, formando a gotícula única característica da célula adiposa
unilocular.

Deposição e Mobilização dos lipídios nas células adiposas


A. Origem do substrato: Os lipídios armazenados nas células adiposas são principalmente
triglicerídeos, isto é, ésteres de ácidos graxos e glicerol. Os triglicerídeos armazenados originam-se
de três formas:
(I) Absorvidos da alimentação (células intestinais) e trazidos até as células adiposas como
triglicerídeos dos quilomícrons
(II) Oriundos do fígado e transportados até o tecido adiposo, sob a forma de triglicerídeos
constituintes das lipoproteínas de pequeno peso molecular, ou VLDL (very low density
lipoproteins)
(III) Da síntese nas próprias células adiposas, a partir da glicose.

B. Transporte e armazenamento: Durante a digestão, as gorduras são clivadas no duodeno pela


lipase pancreática em ácidos graxos e glicerol. O epitélio intestinal absorve estas substâncias e as
reesterifica no retículo endoplasmático agranular em triglicerídeos, os quais em seguida são
envolvidos por proteínas formando quilomícrons.
Os quilomícrons são liberados no meio extracelular através das membranas de superfície
basolateral das células absortivas, entram nos capilares linfáticos quilíferos das vilosidades (ductos
lácteos), e são levados pela linfa para a corrente sanguínea. Além disso, as lipoproteínas de
densidade muito baixa (VLDL), as quais são sintetizadas pelo fígado, e ácidos graxos ligados à
albumina também estão presentes no sangue.
Uma vez nos capilares do tecido adiposo, as VLDL, os ácidos graxos e os quilomícrons são
expostos à lipase lipoprotéica (produzida pelo adipócito e transportada para o lúmen do capilar,
hidrolisa os lipídios em ácidos graxos e glicerol.), a qual os decompõe em ácidos graxos livres e
glicerol. Os ácidos graxos entram no tecido conjuntivo e difundem-se através das membranas
plasmáticas dos adipócitos. Estas células então combinam seu próprio glicerol fosfato com os
ácidos graxos importados em formar triglicerídeos, os quais são acrescentados às gotículas
lipídicas em formação dentro dos adipócitos até que sejam necessários.
- Glicose: As células adiposas podem sintetizar ácidos graxos e glicerol a partir de glicose, processo
que é acelerado pela insulina (processo anabólico). Esse hormônio estimula também a penetração da
glicose na célula adiposa (e em outras células também).

C. Mobilização e uso: a hidrólise dos triglicerídeos é desencadeada principalmente pela


norepinefrina. Este neurotransmissor é liberado pelas terminações pós-ganglionares dos nervos
simpáticos do tecido adiposo e captado por receptores da membrana dos adipócitos que ativam a
lipase sensível a hormônio (intracelular), promovendo a liberação de ácidos graxos e glicerol, que
se difundem para os capilares do tecido adiposo.
Os ácidos graxos, que são quase insolúveis na água, ligam-se à parte hidrofóbica das
moléculas de albumina do plasma sanguíneo e são transportados para outros tecidos, nos quais
serão utilizados como fonte de energia. O glicerol, multo solúvel no plasma, é captado pelo fígado e
reaproveitado.

Tecido adiposo Multilocular

O tecido multilocular é também chamado de tecido adiposo pardo, por sua cor característica.
Essa cor se deve à vascularização abundante e às numerosas mitocôndrias encontradas em suas
células.

I Histomorfologia: As células do tecido adiposo multilocular são menores do que as do tecido


adiposo unilocular e têm forma poligonal. O citoplasma é carregado de gotículas lipídicas de vários
tamanhos e contém numerosas mitocôndrias, cujas cristas são particularmente longas, podendo
ocupar toda a espessura da mitocôndria.
No tecido adiposo multilocular, as células tomam um arranjo epiteloide, formando massas
compactas em associação com capilares sanguíneos, lembrando as glândulas endócrinas.

II Fisiologia: O tecido adiposo multilocular é especializado na produção de calor, tendo papel


importante nos mamíferos que hibernam. Na espécie humana, a quantidade desse tecido só é
significativa no recém-nascido, tendo função auxiliar na termorregulação.
Ao ser estimulado pela liberação de norepinefrina nas terminações nervosas abundantes
em torno das suas células, o tecido adiposo multilocular acelera a lipólise e a oxidação dos ácidos
graxos. A oxidação dos ácidos graxos produz calor e não ATP, como a dos tecidos em geral
(termogênese).
Em humanos, a função desse tecido está restrita aos primeiros meses de vida pós-natal.
Durante esse tempo, o tecido adiposo multilocular produz calor, protegendo o recém-nascido contra
o frio.

III Histogênese: Sua formação é diferente da observada no tecido unilocular. As células


mesenquimais que formam o tecido multilocular tornam-se epitelioides, adquirindo um aspecto de
glândula endócrina cordonal, antes de acumularem gordura. Não há neoformação de tecido adiposo
multilocular após o nascimento nem ocorre transformação de um tipo de tecido adiposo em outro.

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