Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DO TECIDO ADIPOSO
Gisele Andrade
Anatomofisiologia
do tecido adiposo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O termo adiposo origina-se do latim Adeps, que significa gordura de ani-
mais. As células do tecido adiposo agrupam-se formando uma variedade
de tecido conjuntivo, com importante função de depósito de energia.
Além de servir de reserva energética, o tecido adiposo é responsável
pelas diferenças aparentes do corpo masculino e feminino, isolamento
térmico, preenchimento de espaços entre outros tecidos e manutenção
da posição correta de alguns órgãos. Esse tecido também possui função
secretora, sintetizando diversos tipos de moléculas.
Para compreensão e conhecimento da anatotomofisiologia do tecido
adiposo é necessária uma adequada avaliação corporal em consultório,
juntamente com uma anamnese detalhada. Tais cuidados possuem fun-
damental importância na aplicação correta e eficiente de tratamentos
corporais.
Neste texto, você vai ver os tipos de tecido adiposo, identificar os
seus locais de depósito, as suas funções e as relações com as estruturas
anatômicas.
82 Anatomofisiologia do tecido adiposo
os que têm uma vida com maior movimento físico. O excesso de peso nos
humanos não é bom, pois o aumento do volume e da massa corpórea faz
alguns órgãos trabalharem demais (como coração, pulmões, rins etc.), di-
minuindo o seu tempo de vida. Em ursos polares, o tecido adiposo é muito
importante, pois, assim, conseguem resistir ao frio extremo e os longos
períodos de hibernação.
Existem dois tipos de tecido adiposo que apresentam distribuição corpo-
ral, estrutura e fisiologias diferentes. O primeiro deles é o tecido adiposo
unilocular ou amarelo, cujas células apresentam, quando completamente
desenvolvidas, uma única gota de lipídio que ocupa quase todo o citoplasma.
Já o segundo é chamado de tecido adiposo multilocular ou marrom/pardo,
apresenta, em seu interior, inúmeras gotículas lipídicas e um grande número
de mitocôndrias.
A classificação desses tecidos é feita com base em critérios de pigmentação
da gordura armazenada e da forma de organização:
Figura 3. Principais locais de depósito dos tipos de tecido adiposo, funções e consequências
fisiopatológicas.
Fonte: MOL (2016).
Hormônios sexuais;
TNF-a;
TGF-β.
Leptina
Desde a sua descoberta, em 1994, a leptina assumiu um papel-chave na home-
ostase energética. É um peptídeo de 16kDa, com 167 aminoácidos, secretada
em proporção ao tecido adiposo presente. Funciona, no ser humano, como um
marcador da quantidade de tecido adiposo. O receptor de leptina pertence à
família das citocinas e ocorre em cinco isoformas. Ela age por meio de uma
regulação crônica, da qual controla a ingestão alimentar e a massa adipocitária,
através de uma regulação aguda, relacionada à ingestão alimentar. Dessa forma,
88 Anatomofisiologia do tecido adiposo
Figura 4. Adiponectina.
Fonte: Ttsz (2015).
Anatomofisiologia do tecido adiposo 89
TNF-a
É uma proteína transmembrana de 26kDa, que é clivada em uma fração de
17kDa biologicamente ativa. Trata-se de uma citocina pró-inflamatória, que
não é secretada para a circulação sistêmica, pois age de forma parácrina ou
autócrina. No tecido adiposo, TNF-a é expresso no adipócito e nas células
estromo-vasculares. Tem sido implicado na patogênese da obesidade e na
resistência à insulina. Quanto aos mecanismos envolvidos na ação do TNF-a,
ele influencia a expressão gênica em tecido adiposo e no fígado. No tecido
adiposo, TNF-a reprime genes envolvidos com a captação e estoque de ácidos
graxos não esterificados e glicose, suprime genes para fatores de transcrição
envolvidos na adipogênese e na lipogênese e modifica a expressão de vários
fatores secretados pelo adipócito, incluindo adiponectina e IL-6. Já no fígado,
TNF-a suprime a expressão de genes envolvidos na captação e metabolismo
da glicose e oxidação de ácidos graxos, também aumenta a expressão dos
genes envolvidos na síntese de novo colesterol e ácidos graxos.
Quanto à ação da insulina, o TNF-a altera sua sinalização, através do
aumento da fosforilação em serina dos substratos de insulina 1 e 2 (IRS-1 e
IRS-2), tornando-os pobres substratos para as quinases do receptor de insulina
e aumentando sua taxa de degradação. Como o TNF-a aumenta os ácidos
graxos não esterificados, ele provoca, indiretamente, aumento da resistência
à insulina (ciclo de Randle).
Interleucina-6
É também uma citocina pró-inflamatória que tem sido associada à resistência
à insulina. É secretada por células imunes, fibroblastos, células endoteliais,
músculo-esquelético e tecido adiposo. O tecido adiposo visceral libera mais IL-6
do que o tecido subcutâneo e parece também ser secretada mais pela célula do
estroma do que pelo adipócito. Há evidências sugerindo que a IL-6 suprima, no
fígado, a tradução do sinal do receptor de insulina. Semelhante ao TNF-α, a IL-6
aumenta os ácidos graxos circulantes a partir do tecido adiposo, o que contribui
para a resistência à insulina (ciclo de Randle). Diferentemente do TNF-α, a
IL-6 age sistemicamente e localmente para modular a sensibilidade à insulina.
Visfatina e omentina
Essas duas novas adipocitocinas foram recentemente descobertas como mais
produções do tecido adiposo. A visfatina é produzida, preferencialmente, pelo
tecido adiposo visceral, em que é um fator estimulador de colônias em células
pré-B (pré-linfócito B) e aumenta a ação da insulina, ligando-se ao receptor de
insulina em local diferente da ligação de insulina. A omentina foi clonada de
uma biblioteca genômica de tecido adiposo omental. Expressa-se somente no
tecido adiposo visceral e em células intestinais de Paneth, além de aumentar
a sensibilidade à insulina, com o acréscimo de captação de glicose em 30%.
Figura 6. Hipoderme.
Fonte: Silva (2010).
Figura 7. Peritônio.
Fonte: Peritônio (2017).
94 Anatomofisiologia do tecido adiposo
CONNOR, E. Unilocular Adipose Tissue Fall. Best of Histology, Amherst, 2009. Disponível
em: <http://bcrc.bio.umass.edu/bestofhistology/content/unilocular-adipose-tissue-
-fall-2009>. Acesso em: 28 set. 2017.
DESENHOS para colorir: corpo humano. Rota 83, 2010. Disponível em: <http://www.
rota83.com/desenhos-para-colorir-corpo-humano.html>. Acesso em: 28 set. 2017.
MOL. Tecido Adiposo Multilocular. In: MOL. Microscopia OnLine: seu guia interativo
de Histologia. São Paulo: USP, 2016. Disponível em: <http://www.icb.usp.br/mol/5-5-
-adiposo-uni-multi.html>. Acesso em: 28 set. 2017.
PAULA, A. Adipócitos. Por dentro do mundo das células SBC, 2016. Disponível em:
<http://pordentrodomundodascelulas.blogspot.com.br/2016/12/adipocitos.html>.
Acesso em: 28 set. 2017.
PERITÔNIO: o que é, funções e onde fica? Anatomia do corpo humano, [2017]. Disponível
em: <http://www.anatomiadocorpo.com/sistema-digestorio-aparelho-digestivo/
estomago/peritonio/>. Acesso em: 28 set. 2017.
SILVA, M. A. G. O maior órgão de nosso corpo: a pele. Belo Horizonte: Escola de Educação
Básica e Profissional da UFMG, 2010. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.
gov.br/fichaTecnicaAula.html?pagina=espaco%2Fvisualizar_aula&aula=26936&seca
o=espaco&request_locale=es>. Acesso em: 28 set. 2017.
TTSZ. Hormônio leptin efeitos: ilustração de stock. iStock, Calgary, 2015. Disponí-
vel em: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/horm%C3%B4nio-leptin-efeitos-
-gm487500846-73075677>. Acesso em: 28 set. 2017.
96 Anatomofisiologia do tecido adiposo
Leituras recomendadas
AHIMA, R. S.; FLIER, J. S. Adipose tissue as an endocrine organ. Trends in Endocrinology
and Metabolim, Philadelphia, v. 11, p. 327-332, 2010.
FAIN, J. N. et al. Comparison of the release of adipokines by adipose tissue, adipose
tissue matrix, and adipocytes from visceral and subcutaneous abdominal adipose
tissues of obese humans. Endocrinology, Los Angeles, v. 145, n. 5, p. 2273-2282, 2004.
FONSECA-ALANIZ, M. H. et al. O tecido adiposo como centro regulador do meta-
bolismo. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabolismo, São Paulo, v. 50, n. 2, p.
216-229, abr. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art
text&pid=S0004-27302006000200008>. Acesso em: 28 set. 2017.
FRIED, S. K.; BUNKIN, D. A.; GREENBERG, A. S. Omental and subcutaneous adipose
tissues of obese subjects release interleukin-6: depot difference and regulation by
glucocorticoid. The Journal of clinical endocrinology and metabolism, Springfield, v.
83, n. 3, p.847-50, 1998.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Tecido Adiposo. In: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.
Histologia Básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 125-129.
PELLEYMOUNTER, M. A. et al. Effects of the obese gene product on body weight
regulation in ob/ob mice. Science, New York, v. 269, n. 2123, p. 540-543, 1995.