Você está na página 1de 28

Interação fármaco-nutriente em doentes oncológicos

Drug-nutrient interaction in oncology patients

Maria Novais Barbosa Forrester Zamith

Orientado por: Prof. Doutor Nuno Borges

Coorientado por: Dr.ª Maria Antónia Ruão

Tipo de documento: Trabalho de Revisão

Ciclo de estudos: 1.º Ciclo em Ciências da Nutrição

Instituição académica: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da

Universidade do Porto

Porto, 2019
i

Resumo

Existe uma forte ligação entre a alimentação e a administração farmacológica, que


merece um cuidado e atenção especial, principalmente em indivíduos portadores
de patologias importantes como o cancro.
Na sua composição, os alimentos possuem nutrientes que são capazes de interagir
com alguns fármacos, surgindo alterações da farmacocinética ou farmacodinâmica
do fármaco ou elemento nutricional ou até o comprometimento do estado nutricional
dos indivíduos.
Apesar de muitas vezes ser menosprezado, este é um assunto sério e que faz parte
do dia-a-dia das comunidades hospitalares, sendo, portanto, fundamental a
cooperação de equipas multidisciplinares informadas, para um melhor e maior
apoio aos doentes oncológicos, bem como aos seus familiares e cuidadores.
Assim, foi produzida uma revisão bibliográfica com o objetivo de analisar as
interações possíveis entre alguns fármacos antineoplásicos e alimentos.

Palavras-Chave: Interação; Nutriente; Antineoplásicos


ii

Abstract

There is a strong connection between food and pharmaceutical administration,


which deserves special care and attention, especially in patients with diseases such
as cancer.
In its composition, food have nutrients that are capable of interacting with some
drugs, resulting in changes in the pharmacokinetics or pharmacodynamics of the
drug or nutritional element or even the complication of the nutritional status of
individuals.
Although often overlooked, this is a serious topic and part of the daily life of the
hospital communities and therefore the cooperation of informed multidisciplinary
teams is essential for a better support to cancer patients, their families and
caregivers.
Thus, a literature review was produced to analyse the possible interactions between
some antineoplastic drugs and food.

Keywords: Interaction; Nutrient; Antineoplastics


iii

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos

OMS- Organização Mundial de Saúde

CYP- enzimas do citocromo P450

TK- cínase da tirosina


iv

Índice

Resumo e Palavras-Chave…………………………………….…………….………… i

Abstract and Keywords…………..…………….……………….……………………… ii

Lista de siglas, abreviaturas e acrónimos……...…………….……………………… iii

1. Introdução……….…………………………………………………………………… 1

2. Metodologia…….……………………………………………………………………. 2

3. Interações entre fármacos e nutrientes………..………………………………….. 2

4. Quimioterapia no cancro………………………….………………………………... 6

5. Interações significativas relevantes………………..……………………………… 7

6. Conclusões……………………………………………..…………………………... 14

Referências……………………………………………………………………………... 16
1

1. Introdução

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o cancro é a segunda principal

causa de morte no mundo, tendo sido responsável por cerca de 9,6 milhões de

mortes em 2018. Globalmente, cerca de 1 em cada 6 mortes deve-se a esta

doença.(1)

A quimioterapia é um dos principais e mais utilizados tratamentos do cancro, no

qual são utilizadas substâncias químicas com atividade antitumoral, atuando

diretamente sobre as células tumorais impedindo o seu desenvolvimento e

multiplicação, ou até mesmo, provocando a sua destruição.(2)

A administração de fármacos antineoplásicos é um dos principais focos entre os

oncologistas, refletido pelo aumento no número de agentes antineoplásicos que se

tornaram disponíveis nos últimos anos.(3; 4; 5)

Além dos benefícios, este tratamento apresenta desafios para os profissionais de

saúde, para os pacientes e para os seus cuidadores. Para maximizar a eficácia da

quimioterapia, os profissionais de saúde necessitam de rever todas as possíveis

interações alimentares e avaliar as propriedades farmacológicas desses agentes

citotóxicos com outras medicações concomitantes.(4)

A ingestão simultânea de fármacos e alimentos pode levar à ocorrência de

interações entre ambos. As interações medicamentosas e alimentares são muito

comuns entre a ampla classe de quimioterápicos, o que pode contribuir para o

aumento das toxicidades relacionadas com o tratamento, revelando-se um

problema de saúde a investigar.(4)


2

Enquanto as informações sobre interações entre fármacos são vastas e

prontamente disponíveis, informações sobre interações entre fármacos e nutrientes

são muitas vezes esquecidas.(6)

No contexto atual da medicina, com muitas linhas de orientação com objetivos

terapêuticos definidos e uma população revelando um cada vez maior interesse

pelo seu bem-estar além de cada vez mais idosa e mais medicada, será cada vez

mais importante o conhecimento destas possíveis interações.(7)

Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar, com base na evidência científica

disponível, as interações que podem existir entre fármacos antineoplásicos e

alimentos em geral e específicos, como a toranja, a cafeína, os alimentos ricos em

tiramida e alimentos gordurosos.

2. Metodologia

Para a elaboração deste trabalho foram utilizados como motores de busca o

PubMed, o Science Direct e o Scopus.

As palavras-chave utilizadas para a pesquisa foram: nutrient-drug interactions, diet-

drug interactions, food-drug interactions, food-antineoplastic drugs interactions.

3. Interações entre fármacos e nutrientes

As interações entre fármacos e nutrientes são inúmeras, mas nem todas acarretam

complicações clínicas significativas. Considera-se uma interação fármaco-nutriente

clinicamente significativa quando a resposta do doente ao medicamento for afetada


3

ou se o seu estado nutricional for alterado. Assim, podem desencadear-se efeitos

negativos como a diminuição da eficácia terapêutica e o aumento do risco de

toxicidade, mas também poderão desencadear-se efeitos positivos, como a

otimização do efeito terapêutico. Consequentemente, poderão ocorrer alterações

do apetite, má absorção, depleção vitamínica e mineral, culminando em alterações

do estado nutricional do indivíduo.(5; 8; 9; 10; 11)

As interações fármaco-nutriente podem ser divididas em interações

farmacocinéticas e farmacodinâmicas.(5; 8; 10; 12)

Farmacocinética é o termo usado para descrever o percurso de um fármaco no

organismo desde que é administrado: (i) absorção, (ii) distribuição, (iii) metabolismo

e (iv) excreção do fármaco.(8) A absorção dos fármacos pode ocorrer através de

vários mecanismos desenvolvidos para explorar ou romper as barreiras fisiológicas.

Uma vez absorvido, o fármaco utiliza sistemas de distribuição dentro do organismo,

como os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos, para alcançar o seu órgão-alvo

numa concentração apropriada. A capacidade do fármaco de ter acesso a seu alvo

também é limitada por diversos processos que ocorrem no paciente. Esses

processos são amplamente divididos em duas categorias: o metabolismo, em que

o organismo inativa o fármaco através de degradação enzimática, e a excreção, em

que o fármaco é eliminado do corpo.(9; 13)

(i) Absorção- A taxa e extensão da absorção está sujeita às propriedades

físico-químicas da substância (por exemplo, solubilidade em água ou

lipídios), à sua formulação (comprimido, cápsula, líquido, reservatório de

libertação lenta, matriz), excipientes, ambiente fisiológico e metabolismo

na parede intestinal. A alteração de qualquer uma dessas características,


4

por exemplo, como resultado da mudança na dieta, pode afetar a

absorção. Nutrientes e alimentos podem afetar a absorção de um

fármaco ligando-se a ele ou alterando o ambiente fisiológico (por

exemplo, o pH do estômago). O simples ato de ingerir alimentos, ou

mesmo a sua antecipação, pode libertar enzimas digestivas que inativam

certos fármacos(8; 9; 11);

(ii) Distribuição- Múltiplos fatores afetam a distribuição de substâncias no

corpo. Alguns estão relacionados com a própria substância, como as

suas características físicas (por exemplo, tamanho, solubilidade) e as

suas características químicas (por exemplo, capacidade de formar

ligações com proteínas do plasma ou outras substâncias bioquímicas).

Outros fatores estão relacionados com o estado do sistema fisiológico,

como concentração de proteínas plasmáticas, conteúdo lipídico de

tecidos de barreira ou alvo, débito cardíaco, permeabilidade capilar no

alvo ou outros tecidos, e muitos outros fatores. (8; 9; 11)

(iii) Metabolismo: Fármacos e nutrientes são transformados (metabolizados)

em outras substâncias (metabólitos) por uma variedade de reações

bioquímicas em vários locais do corpo(14). Quase todos os tecidos podem

metabolizar fármacos, sendo que o fígado, o trato gastrointestinal e os

pulmões são as principais vias do metabolismo na maioria dos fármacos.

As reações químicas mais comuns que metabolizam fármacos e

nutrientes podem ser categorizadas em dois grandes tipos: reações que

alteram a estrutura química básica da molécula parental - reações de

Fase 1 - e reações que resultam na ligação de alguma substância

endógena à molécula mãe – reações de Fase 2 ou reações de


5

conjugação. O citocromo P450 é uma superfamília de enzimas

(codificadas pelo gene CYP), localizadas no retículo endoplasmático das

células do fígado e da mucosa intestinal, que estão envolvidas no

metabolismo de Fase 1 de xenobióticos e compostos endógenos (3). A

família de enzimas CYP é particularmente importante no estudo do

metabolismo, pois muitos dos fármacos e nutrientes são metabolizados

por essa enzima: estima-se que mais de 90% dos fármacos atualmente

utilizados são metabolizados por uma ou mais enzimas CYP. Dos

fármacos mais comumente usados, cerca de 50% são metabolizados

pela subfamília do CYP3A. Uma vez que as enzimas são saturáveis e

podem ser induzidas ou inibidas, existe um potencial significativo para

interações. Alguns nutrientes podem agir como indutores enzimáticos

desse complexo, acelerando o seu metabolismo e diminuindo a sua

biodisponibilidade (efeito terapêutico não é alcançado). Outros nutrientes

podem agir como inibidores enzimáticos, retardando a metabolização

dos fármacos e aumentando a biodisponibilidade (efeitos tóxicos)(8; 9; 10;


11; 15)

(iv) Excreção: Nos seres humanos, o rim é a principal via de eliminação de

muitos fármacos.(8; 9)

Farmacodinâmica é o termo usado para descrever o efeito de um fármaco e como

esse efeito é produzido (o seu mecanismo de ação), compreendendo o

reconhecimento do fármaco pelo recetor-alvo. Assim, quando um nutriente interage

com um determinado fármaco, pode favorecer ou antagonizar o seu efeito. Uma

substância produz um efeito biológico por modificação ou interação com processos


6

fisiológicos em andamento. Em alguns casos, o alvo é estranho (por exemplo,

bactérias ou vírus) ou anormal (cancros)(8; 11; 13).

4. Quimioterapia no cancro

A quimioterapia para o cancro envolve o uso de substâncias citotóxicas.

Em geral, os fármacos antineoplásicos convencionais podem ser divididos em

classes principais: agentes alquilantes, antimetabólitos e alcaloides(8).

Os agentes alquilantes ligam-se covalentemente ao DNA, impedindo assim a

replicação e a transcrição, levando à morte celular. Fármacos antimetabólitos

competem com precursores críticos da síntese de RNA e DNA, inibindo assim a

proliferação celular. Os alcaloides inibem a formação microtubular e a função da

topoisomerase, bloqueando a divisão celular e a replicação do DNA(8; 16). Estas

moléculas convencionais agem sem distinção entre células normais e tumorais,

resultando em efeitos adversos desses tratamentos(16).

O aparecimento de moléculas cuja ação é direcionada especificamente para as

células tumorais trouxe uma nova esperança à quimioterapia no tratamento de

certos tipos de cancro: possuem índices terapêuticos mais amplos e toxicidade

reduzida. Como é o caso dos inibidores da cínase da tirosina (TK), cujo alvo é a

inibição de enzimas TK. Estas catalisam a transferência de fosfato para proteínas

da adenosina trifosfato (ATP) e desempenham um papel importante na regulação

celular. Os inibidores da TK reagem com membranas intracelulares ou enzimas que

induzem a difusão de moléculas através da membrana celular. Em oncologia, os


7

inibidores de TK são usados quando as TK alvo são ativadas por mutações e são

responsáveis pela progressão do tumor(16).

São também utilizados agentes hormonais, com o objetivo de deter o crescimento

de muitos tumores que dependem de hormonas. Muitos pacientes recebem

combinações de todos estes fármacos(8).

5. Interações significativas relevantes

A seguir, estão expostos alguns fármacos utilizados no tratamento de doentes

com diversos tipos de cancro e possíveis interações com alguns tipos de

alimentos.

Tabela 1- Interações

Interação Interação fármaco


Tipo de
Fármaco Classificação alimento - - alimento/ estado
cancro
fármaco nutricional

Abiraterona(4; 17; Antagonista Alimentos em Hipocaliemia, Cancro da


18)
hormonal geral: aumento de Hipertrigliceridemia, próstata

até 17 vezes da Diarreia, Dispepsia

exposição

sistémica
8

Bexaroteno(19; 20) Agonista dos Alimentos ricos Diarreia, náuseas, Linfoma

recetores em gordura: vómitos, Anorexia, cutâneo das

retinoides X aumento da Agravamento da células T

(RXRs) biodisponibilidade disfunção renal em

Toranja: aumento doentes com

das compromisso pré-

concentrações existente da função

plasmáticas renal

Capecitabina(21; Antimetabólito Alimentos em Anorexia, Cancro do


22)
geral: diminuição Desidratação, cólon

da velocidade de Diminuição do peso Cancro

absorção Diarreia, vómitos, gástrico

náuseas, Estomatite Cancro da

Obstipação, mama

Dispepsia, Flatu- Cancro

lência, Xerostomia colorretal

Clorambucila (23; Agente Alimentos em Náuseas, Vómitos Leucemia


24)
alquilante geral: redução da Diarreia, Ulceração linfoide crónica

biodisponibilidade. bucal

Dasatinibe(4; 25; Inibidor Toranja: aumento Diarreia, Vómitos Leucemias


26)
cínase da da exposição Náuseas, Perda/

tirosina ganho de peso

Erlotinibe(4; 27; 28) Inibidor Alimentos em Diarreia, Anorexia Cancro do

cínase da geral: aumento da Diminuição do peso pulmão de

tirosina biodisponibilidade células não

Toranja: aumento pequenas

da sua concen- Cancro

tração plasmática pancreático


9

Estramustina(4; 29; Agente Alimentos e Diarreia Cancro da


30)
alquilante bebidas ricos em Náuseas próstata

cálcio: diminuição Vómitos

da absorção

Etoposídeo(4; 31; Alcaloide Toranja: Náuseas, Vómitos~, Cancro


32; 33)
diminuição dos Anorexia, testicular, do

níveis séricos Estomatite, pulmão, no

Esofagite, Mucosite ovário,

Linfoma de

hodgkin e não-

hodgkin,

Leucemia

mieloide aguda

Exemestano(34) Antagonista Alimentos ricos Vómitos, Diarreia Cancro da

hormonal em gordura: Perda de apetite mama

aumento dos

níveis plasmáticos

em cerca de 40%

Gefitinibe(35; 36) Inibidor Toranja: aumento Diarreia, Vómitos, Cancro do

cínase da dos níveis séricos Estomatite pulmão de

tirosina células não

pequenas
10

Lapatinibe(4; 37; 38) Inibidor Alimentos em Diarreia, Vómitos Cancro da

cínase da geral: aumento da Anorexia, mama

tirosina biodisponibilidade Dispepsia,

até cerca de 4 Estomatite,

vezes Obstipação

Toranja: aumento

da

biodisponibilidade

Melfalano (4; 39; 40) Agente Alimentos em Diarreia, Vómitos Mieloma

alquilante geral: diminuição múltiplo

da biodisponi- Carcinoma do

bilidade em cerca ovário

de 30%

Metotrexato(41; 42) Antimetabólito Bebidas com Inflamação e Cancro da

cafeína (café, ulceração da boca e mama, cabeça,

refrigerantes com garganta, pescoço, pele

cafeína, chá Indigestão, Perda e ovário

preto): diminuição de apetite, Linfoma de

da eficácia Náuseas, Vómitos Hodgkin e não-

Hodgkin,

Carcinoma

colorretal

Leucemias

Carcinoma de

esófago,

estômago e

pulmão
11

Nilotinibe(43; 44) Inibidor Alimentos em Náuseas, Diarreia Leucemia

cínase da geral: aumento Vómitos, mieloide

tirosina das Obstipação, crónica

concentrações Dispepsia,

séricas Diminuição do ape-

tite, Hipofosfatemia

e outros

desequilíbrios

eletrolíticos,

Diabetes mellitus,

hiperglicemia,

Hipercolesterolemia,

hiperlipidemia,

hipertrigliceridemia

Nilutamida(4; 45; Antagonista Etanol: aumento Vómitos, Náuseas, Cancro da


46)
hormonal do risco de into- Intolerância ao próstata

lerância ao etanol álcool

Pazopanibe(4; 47; Inibidor Toranja: aumento Diminuição do Carcinoma de


48)
cinase tirosina da exposição apetite, células renais

Alimentos em Hipofosfatemia, Sarcoma dos

geral: aumento da Desidratação, tecidos moles

exposição Diarreia, Náuseas

sistémica Vómitos,

Estomatite,

Dispepsia,

Flatulência,

Ulceração da boca
12

Procarbazina(4; Antagonista Alimentos ricos Vómitos, Náuseas, Linfoma de


49; 50)
hormonal em tiramida Perda de apetite, hodgkin

(carnes e queijos Obstipação

envelhecidos,

produtos de soja,

banana):

possibilidade de

ocorrência de uma

crise hipertensiva.

Ruxolitinibe(50; 51) Inibidor Toranja: aumento Aumento do peso, Mieloma

cínase das Hipercolesterolemia, múltiplo

tirosina concentrações Hipertrigliceridemia,

plasmáticas Flatulência,

Obstipação

Sorafenibe(52; 53) Inibidor Alimentos ricos Anorexia, Carcinoma

cínase da em gordura: Hipofosfatemia, hepatocelular

tirosina diminuição da Hipocaliemia, Carcinoma de

absorção em 30% Hiponatremia, células renais

Hipoglicemia, Carcinoma

Hipocalcemia, diferenciado da

Diarreia, Náuseas, tiroide

Vómitos,

Obstipação,

Estomatite,

Dispepsia, Disfagia,

Refluxo

gastroesofágico
13

Sunitinibe(50; 54) Inibidor Toranja: aumento Perda de apetite, Tumor

cínase da das Desidratação, estromal

tirosina concentrações Hipoglicemia, gastrointestinal

Estomatite, Carcinoma de

Vómitos, Diarreia, células renais

Dispepsia, Tumor

Náuseas, neuroendócrino

Obstipação, Doença pancreático

de refluxo

gastroesofágico,

Disfagia, Esofagite,

Ulceração da boca,

Queilite,

Glossodinia,

Xerostomia,

Flatulência

Temozolamida(50; Agente Alimentos em Perda de apetite, Glioblastoma


55; 56)
alquilante geral: diminuição Vómitos, Diarreia, multiforme

da absorção em Náuseas,

cerca de 33% Obstipação,

Hiperglicemia,

Xerostomia,

Alteração do

paladar, Perda de

peso
14

Vemurafenibe(50; Inibidor Cafeína: aumento Diminuição do Melanoma


57; 58)
cinase da médio de 2,5 apetite, Diarreia,

tirosina vezes (máximo Vómitos,

até 10 vezes) da Obstipação,

exposição Náuseas

plasmática da

cafeína

6. Conclusões

A par do aumento da idade da população, tem-se assistido a um aumento

significativo da incidência do cancro, e, com isso, um uso crescente de fármacos

antineoplásicos.

Para além disso, na sociedade atual, o cancro é uma das doenças com maior

visibilidade, sendo que os doentes referem o diagnóstico de cancro como um dos

eventos mais traumáticos e life changing(59).

De facto, as consequências do cancro e dos seus tratamentos passam por

alterações bioquímicas e fisiológicas severas, as quais estão associadas com a

detioração da qualidade de vida a nível físico, psicológico e social.

Quando a cabeça e o pescoço e órgãos como esófago, estômago, intestino,

pâncreas ou fígado são afetados, a absorção de nutrientes suficientes para a

preservação das funções do organismo fica comprometida: é muito comum a

ocorrência de xerostomia, mucosite, disfagia, vómitos e diarreia, levando àquele

que é um dos maiores problemas nestes doentes, a desnutrição. Aqui, a terapêutica


15

nutricional é essencial para a otimização do estado nutricional, tornando-se

fundamental a atuação de uma equipa multidisciplinar, onde participe um

Nutricionista, de modo a possibilitar uma intervenção precoce.

Diversos estudos comprovam que um bom acompanhamento nutricional permite a

modulação sintomática, diminuição das infeções e complicações pós-operatórias,

menor tempo de hospitalização, melhor resposta à(s) terapêutica(s) e modulação

da resposta imunitária do doente, pelo que a intervenção nutricional se reveste de

uma importância major em oncologia, sendo um fator chave para o sucesso do

tratamento e recuperação destes doentes(59; 60).

Dada a relevância que o estado nutricional tem no prognóstico desta doença, é

imprescindível que cada doente oncológico e seus familiares e cuidadores sejam,

desde cedo, perfeitamente acompanhados e muito bem informados relativamente

a todos os aspetos intrínsecos ao(s) tratamento(s) da doença.


16

Referências

1. World Heath Organization. (2018) Disponível em: https://www.who.int/news-

room/fact-sheets/detail/cancer

2. Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil EPE (2015)

Quimioterapia - Guia de Orientação.

3. Ruggiero A, Cefalo MG, Coccia P et al. (2012) The role of diet on the clinical

pharmacology of oral antineoplastic agents. European journal of clinical

pharmacology 68, 115-122.

4. Segal EM, Flood MR, Mancini RS et al. (2014) Oral chemotherapy food and drug

interactions: a comprehensive review of the literature. Journal of oncology practice

10, e255-268.

5. Santana Martinez S, Marcos Rodriguez JA, Romero Carreno E (2015) [Oral

chemotherapy: food-drug interactions]. Farmacia hospitalaria : organo oficial de

expresion cientifica de la Sociedad Espanola de Farmacia Hospitalaria 39, 203-209.

6. Ased S, Wells J, Morrow LE et al. (2018) Clinically Significant Food-Drug

Interactions. The Consultant pharmacist : the journal of the American Society of

Consultant Pharmacists 33, 649-657.

7. Santiago LM (2003) A metabolização no sistema do citocromo P450 e a sua

importância em Clínica Geral. Revista Portuguesa de Clinica Geral 19, 121-129.

8. Boullata JI, Armenti VT (2010) Handbook of Drug-Nutrient Intercations. Second

Edition ed: Humana Press.

9. Deng J, Zhu X, Chen Z et al. (2017) A Review of Food-Drug Interactions on Oral

Drug Absorption. Drugs 77, 1833-1855.


17

10. de Boer A, van Hunsel F, Bast A (2015) Adverse food-drug interactions.

Regulatory toxicology and pharmacology : RTP 73, 859-865.

11. Scripture CD, Figg WD (2006) Drug interactions in cancer therapy. Nature

reviews Cancer 6, 546-558.

12. Schmidt LE, Dalhoff K (2002) Food-drug interactions. Drugs 62, 1481-1502.

13. Golan DE, Armstrong EJ, Armstrong AW (2016) Principles of Pharmacology

The Pathophysiological Basis of Drug Therapy. Forth Edition ed: Lippincott Williams

and Wilkins.

14. Riu-Viladoms G, Carcelero San Martin E, Martin-Conde MT et al. (2019) Drug

interactions with oral antineoplastic drugs: The role of the pharmacist. European

journal of cancer care 28, e12944.

15. Baiocchi O, Sachs A, Magalhães LP (2018) Aspectos Nutricionais em

Oncologia.

16. Guichard N, Guillarme D, Bonnabry P et al. (2017) Antineoplastic drugs and

their analysis: a state of the art review. The Analyst 142, 2273-2321.

17. European Medicines Agency (2016) Abiraterona. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/overview/zytiga-epar-summary-

public_pt.pdf

18. DrugBank (2019) Abiraterona. Disponível

em:https://www.drugbank.ca/drugs/DB05812

19. European Medicines Agency (2019) Bexaroteno. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/targretin-epar-

product-information_pt.pdf
18

20. DrugBank (2019) Bexaroteno. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00307

21. Manual de Oncologia Clínica (2019) Capecitabina. Disponível em:

https://mocbrasil.com/wp-

content/themes/moc_novo/ajax_get_glossary_item.php?item=capecitabina

22. Infarmed (2016) Capecitabina. Disponível em:

http://app7.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=54864&tipo_doc=

fi

23. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2015) Clorambucila. Disponível em:

http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=

9446322015&pIdAnexo=2915766

24. Manual de Oncologia Clínica (2019) Clorambucila. Disponível em:

https://mocbrasil.com/wp-

content/themes/moc_novo/ajax_get_glossary_item.php?item=clorambucila

25. European Medicines Agency (2019) Dasatinib. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/sprycel-epar-

product-information_pt.pdf

26. DrugBank (2018) https://www.drugbank.ca/drugs/DB00773.

27. Manual de Oncologia Clínica (2018) Erlotinib. Disponível em:

https://mocbrasil.com/wp-

content/themes/moc_novo/ajax_get_glossary_item.php?item=erlotinibe

28. DrugBank (2019) Erlotinib. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00530

29. DrugBank (2018) Estramustina. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB01196
19

30. Infarmed (2005) Estramustina. Disponível em:

http://app7.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=3146&tipo_doc=fi

31. DrugBank (2019) Etoposide. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00773

32. Reif S, Nicolson MC, Bisset D et al. (2002) Effect of grapefruit juice intake on

etoposide bioavailability. European journal of clinical pharmacology 58, 491-494.

33. European Medicines Agency (2019) Etoposídeo. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/referral/vepesid-article-30-referral-

annex-iii_pt.pdf

34. DrugBank (2019) Exemestane. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00990

35. DrugBank (2019) Gefitinib. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00317

36. European Medicines Agency (2019) Gefitinibe. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/iressa-epar-

product-information_pt.pdf

37. European Medicines Agency (2019) Lapatinibe. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/tyverb-epar-

product-information_pt.pdf

38. DrugBank (2019) Lapatinib. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB01259

39. DrugBank (2019) Melphalan. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB01042
20

40. Infarmed (2018) Melfalano. Disponível em:

http://app7.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=242&tipo_doc=fi

41. DrugBank (2019) Methotrexate. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00563

42. European Medicines Agency (2019) Metotrexato. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/nordimet-epar-

product-information_pt.pdf

43. Manual de Oncologia Clínica (2019) Nilotinibe. Disponível em:

https://mocbrasil.com/wp-

content/themes/moc_novo/ajax_get_glossary_item.php?item=nilotinibe

44. DrugBank (2019) Nilotinib. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB04868

45. DrugBank (2019) Nilutamide. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00665

46. Infarmed (2016) Nilutamida. Disponível em:

http://app7.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=10344&tipo_doc=

fi

47. DrugBank (2019) Pazopanib. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB06589

48. European Medicines Agency (2019) Pazopanibe. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/votrient-epar-

product-information_pt.pdf

49. Manual de Oncologia Clínica (2019) Procarbazina. Disponível em:

https://mocbrasil.com/wp-

content/themes/moc_novo/ajax_get_glossary_item.php?item=procarbazina
21

50. Flockhart DA (2012) Dietary restrictions and drug interactions with monoamine

oxidase inhibitors: an update. The Journal of clinical psychiatry 73 Suppl 1, 17-24.

51. DrugBank (2019) Ruxolitinib. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB08877

52. Manual de Oncologia Clínica (2019) Sorafenibe. Disponível em:

https://mocbrasil.com/wp-

content/themes/moc_novo/ajax_get_glossary_item.php?item=sorafenibe

53. DrugBank (2019) Sorafenib. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00398

54. European Medicines Agency (2019) Sunitinibe. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/sutent-epar-

product-information_pt.pdf

55. European Medicines Agency (2019) Temozolamida. Disponível em:

https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/temodal-epar-

product-information_pt.pdf

56. DrugBank (2019) Temozolomide. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB00853

57. European Comission (2019) Vemurafenibe. Disponível em:

https://ec.europa.eu/health/documents/community-

register/2012/20120217116713/anx_116713_pt.pdf

58. DrugBank (2019) Vemurafenib. Disponível em:

https://www.drugbank.ca/drugs/DB08881

59. Carvalho Gd, Camilo ME, Ravasco P (2011) Qual a relevância da nutrição em

oncologia? Acta Médica Portuguesa 24, 1041-1050.


22

60. Arends J, Bachmann P, Baracos V et al. (2017) ESPEN guidelines on nutrition

in cancer patients. Clinical nutrition 36, 11-48.

Você também pode gostar