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A Voz humana

Decorreu, no passado dia 16, o dia Mundial da Voz. Sabemos que os dias mundiais existem para nos
alertarem sobre importâncias marginalizadas a que não damos atenção.

Por isso, falemos então um bocadinho da Voz.

O ser humano não nasce com nenhum órgão em particular para a função da fala. A necessidade de
comunicar leva a que os humanos desenvolvam mecanismos que o permitem. Fazemo-lo através da
laringe, um órgão que funciona como válvula protectora dos pulmões. A laringe abre e fecha através
de pregas musculares para impedir a passagem de alimentos para o tracto respiratório. São essas
pregas, vulgarmente chamadas cordas vocais, que vibram e produzem som, pela força do ar expulso
dos pulmões. Outros elementos, como a língua, lábios e dentes, vão transformar esse som em
palavras.

Aprendemos a falar por reprodução: ouvimos e tentamos imitar.

Durante o desenvolvimento da criança, ela irá ganhar destrezas no domínio da diversidade dos sons
e palavras, necessárias para comunicar e compreender o mundo, seguindo o exemplo dos adultos
que a rodeiam. Mas muitas vezes este desenvolvimento poderia ser optimizado, se esses adultos
estivessem consciencializados para algumas técnicas essenciais de respiração e elocução.

Há profissões onde a voz falada é um instrumento de trabalho essencial. Um professor com um bom
domínio de técnicas de elocução terá mais facilidade em explanar-se e cativar a atenção dos alunos.
A voz pode funcionar como que uma torneira que se abre para escorrer o conhecimento. Um
advogado, um padre, um político, um locutor, que não observem uma boa técnica vocal, estão a
desaproveitar um recurso importante no exercício das suas funções.

Porque a voz depende da saúde da laringe, há que cuidar bem dela. Os profissionais de canto, por
exemplo, começam com exercícios preparatórios de aquecimento da voz, tal como antes da prática
de um desporto se deve fazer um aquecimento muscular.

Muitas vezes, a rouquidão, que não seja causada por constipação ou gripe, ou outra patologia, mais
não é do que as cordas vocais exaustas (situação mais frequente quando não existe um bom
aquecimento antes de uma situação que exija esforço vocal.

Todos nós já passámos por situações críticas, enquanto ouvintes, porque percebíamos mal os que
nos falavam. Um orador, um conferencista, mesmo com a facilidade sonora que o microfone lhe
permite, não deve descurar os aspectos de uma boa articulação (a leitura labial é importante), do
cuidado das pausas entre frases, da expressão com que as fala, do cuidado de pronunciar a palavra
completa e não comendo a última sílaba, bastante comum no português falado…

Continuarei esta viagem vocal, mais ligada à música, porque é de musicologia que trata a rubrica.
Mas nesta primeira viagem espero ter conseguido consciencializar os ouvintes do valor deste
instrumento com que nascemos e consciencializar também da importância de aprendermos a cuidar
bem dele e poupá-lo do desmazelo, infelizmente tão comum a todos nós.

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