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“AS PROBLEMÁTICAS DE UMA NAÇÃO INDUSTRIAL”

Resumo

O objetivo do artigo é mostra a “verdade” histórica do nascimento das fábricas, as


influências provocadas no meio social, político, econômico e nacional; visando ressaltar
os conflitos nacionais e as barreiras enfrentadas pela burguesia para implantar o seu
objetivo pessoal no meio de produção; utilizando os saberes e a técnicas para
desenvolver o processo de transformação do trabalho, que neste momento passaria e um
sistema primitivo, para um modelo de produção capitalista. Estarei falando a respeito da
história industrial no processo de formulação de uma identidade nacional, da fábrica
como um local de memória e seus operários como personagens que construíram, para a
concretização de uma nação capitalista.

PALAVRAS - CHAVE: Trabalho, Fábrica, Capital, Marx, Nacionalidade e Conflitos.

Abstract

The aim of this paper shows is the "truth" of the historical birth of the factories, the
influences brought into the social, political, economic and national levels in order to
emphasize national conflicts and barriers which the bourgeoisie had to face to establish
their personal goal the means of production, using the knowledge and techniques to
develop the process of transformation of the work that is a primitive system to a model
of capitalist production. I'll be talking about the industrial history of the factory as a
place of memory and its workers as characters who built and contributed to the
achievement of a capitalist nation.

KEY - WORDS: Work, Factory, Capital, Marx, Nationality and Conflict.

Introdução

A partir do século XVI, podemos percebe que dos vários acontecimentos e


ideias, nenhuma se realizou tão desgraçadamente como a sociedade do trabalho;
fábricas-prisões, fábricas-convento, fábricas sem salário, “sonhos realizados pelos
patrões”, que tornou possível a glorificação do trabalho; palavra que tinha como
significo penalidade, cansaço, dor, esforço extremo, um estado de pura miséria e
pobreza; mas uma nova concepção da palavra trabalho surgiu no século XVI, uma visão
que traz positividade.
A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela
energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a
Revolução Industrial; revolução em função do enorme impacto sobre a estrutura da
sociedade, num processo de transformação acompanhado por notável evolução
tecnológica.
Smith afirma que o trabalho e fonte de toda riqueza, alcançando o topo do
“sistema de trabalho pregado por Marx”, o trabalho passa ser a fonte de toda a
produtividade e a expressão da própria humanidade. A glorificação do trabalho se
fortalece com o surgimento das fábricas mecanizadas, a qual alimenta a ilusão, que a
partir dela não há mais limites para produtividade humana. Percebemos que as fábricas
ao mesmo tempo em que confirmavam a potencialidade criadora do trabalho, anunciava
a dimensão ilimitada da produção.
A presença da máquina traz consigo a superação de barreiras da própria
condição humana, uma reflexão que propõe uma imagem cristalizada do pensamento do
século XIX, que se reduz a um acontecimento tecnológico, que apresenta uma
intervenção de organizar e disciplinar o trabalho.
Uma perspectiva trabalhada por Durkhein que divide o trabalho em dois
momentos identificado como uma espécie social, que estabelece a passagem da
solidariedade orgânica; tipicamente relacionado as fábricas, ao conceito de
solidariedade orgânica, afirmando a aceleração da divisão do trabalho social, onde os
indivíduos se tornam interdependentes. Essa interdependência garante a união social ao
mesmo tempo em que os indivíduos são mutuamente dependentes, cada qual se
especializam numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.

O Homem torna-se propriedade do mundo capitalista

O trabalho nas fábricas, não permitia, ao homem, pensar além do que já foi
dado, o mercado estabelecia ao homem o que pensar e agir, empregando regras,
portanto o comércio não só impõe aos homens determinadas tecnologias, como também
impede que seja possível pensar em outras tecnologias.
Portanto o homem pensava segundo regras já definidas, e a sua oposição em
relação à sociedade é juntamente a impossibilidade de pensar além das regras. Falar de
mercado ou divisão social do trabalho é apropriasse da ideia que o homem estava vetado
e impossibilitado de saber; um saber que serve hoje para manter a ordem de domínio
político, tecnológico, social, cultural, nacional, etc.
Os múltiplos mecanismos permitem o reconhecimento de uma imposição de
normas de valores próprios de determinadas sociedades em que aparece dotada de
universalidade; podemos utilizar como exemplo, o pensar do desenvolvimento de uma
sociedade burguesa no seio da sociedade feudal, que logo imaginamos a instituição do
mercado como esfera universalizadora de uma nova ordem que se impõe.
A autodisciplina proposta pela classe dominante, torna-se ideias dominantes
de toda a sociedade, aplicando novas regras, ideias e valores, que enfrentam conflitos
gerados pelos trabalhadores que não estavam dispostos a seguir normas, a cumprir
horário e aceitar ordem de um superior.
No entanto com o processo de organização das fábricas que constituía em
primeiro momento de um trabalho manufatureiro; as maquinarias foram sendo
introduzidas neste espaço, objetivando uma maior produtividade.
A força de trabalho como mercadoria, não se tratando de uma mercadoria
qualquer, significa a criação de valores, sendo reconhecido como verdadeira fonte de
riqueza da sociedade. Afirma os marxistas que “o capitalismo transformou o trabalho
em mercadoria”; portanto o valor da mercadoria dependia do tempo de trabalho que era
estabelecido, da habilidade individual media e a condição técnicas vigentes na
sociedade; por isso o valor de uma mercadoria era incorporado ao tempo de trabalho
socialmente necessário para a produção da mesma.
Sabemos que o capitalista produz com objetivo de obter lucro, isto é querer
ganhar com sua mercadoria, mas do que investiu. Podemos citar o exemplo da mais-
valia de Marx, onde o trabalhador trabalha mais tempo e ganha o mesmo valor, ou seja,
gera um valor maior do que e pago na forma de salário.
Entretanto a insuficiência do valor pago para o trabalhador, não sendo
suficiente para a sua subsistência, provoca uma luta entre as classes. De um lado a
burguesia, do outro os menos favorecidos, que agora fazem parte de uma dimensão na
qual o homem pensa e age; tornando o sujeito da história, onde se opera efetivamente a
divisão social, expressando a sua visão inerente ao conceito de nacionalismo que vinha
arraigado no peito do individuo que era visto como um simples operário.
As desigualdades sociais eram provocadas pelas relações de produção do
sistema capitalista que divide os homens em proprietários e não proprietários dos meios
de produção, afirma Marx que “as desigualdades são à base da formação de classes
sociais”. No contexto histórico percebemos uma relação antagônica marcada por
exploração, ou seja, a burguesia, sobre os trabalhadores e a classe proletariada.

Desigualdades sociais e os conflitos vivos por uma nação industrial

Em meio ao confronto nasce o sujeito social a imagem de resistência a


imperiosidade da figura capitalista, como elemento indispensável para o processo de
estruturação do trabalho. O conflito transcrito anteriormente descreve a situação
histórica de domínio da sociedade, embora esta esteja delimitada pelo dispositivo do
mercado, não se transformou ainda em domínio técnico. No caso a razão técnica, por
mais que esteja sob o domínio de quem participa do processo de trabalho ainda não
seria possível a representação de um instrumento através do qual se possa exercer o
controle social.
Marglin em sua obra de critica a divisão do trabalho, nos mostra que
nenhuma tecnologia avançada determinou a união dos trabalhadores no sistema de
fábricas, ela nos apresenta fatores que possibilitaram a disciplina e a hierarquia na
produção, sua ideia é baseada na dispersão dos trabalhadores domésticos, que
futuramente vão gerar problemas ao sistema capitalista.
Portanto o sistema fabril representou a perda desse controle dos
trabalhadores domésticos; pois nas fábricas a hierarquia, a disciplina, a vigilância e
outras formas de controle tangíveis eram aplicadas, obrigando os trabalhadores a
submeterem ao regime de trabalho fabril, ou seja, o domínio do capitalista sobre os
trabalhadores.
Em primeiro lugar os comerciantes precisavam controlar e comercializar
toda a produção dos artesãos, com desejo de reduzir ao mínimo as práticas de desvio
dessa produção; tornando as fábricas o marco organizador do desejo empresarial, um
sistema ditado com necessidade de organização que teve como resultado uma ordem
disciplinar durante todo o transcorrer da modernidade.
Na realidade as máquinas só foram desenvolvidas e introduzidas depois que
os tecelões já haviam sido concentrados nas fábricas; os tecelões, os ceramistas não
estavam acostumados com esse novo tipo de disciplina; segundo a documentação
histórica da época, os ceramistas haviam gozado de uma independência durante muito
tempo para aceitar amavelmente as regras; as quais tinham como objetivo implantar a
pontualidade, a presença constante, as horas prefixadas, as escrupulosas regras de
cuidado e de limpeza, a diminuição dos desperdícios, a proibição de bebidas alcoólicas;
promovendo uma formação de um conjunto magnífico de mão-de-obra.
No decorrer do estudo de diferentes obras relacionadas a temática, notamos
que o desenvolvimento foi crucial no que se refere ao estabelecimento do sistema fabril
contribuído na efetivação de uma disciplinarização geral, com relação à força de
trabalho; ocorrendo um impacto de poderosas forças atrativas ou repulsivas, onde
grande parte dos trabalhadores ou artesões ingleses se tornaram em mão-de-obra fabril;
afirmando uma nova relação de poder hierarquizado e autoritarista.
Alguns historiadores ingleses afirmam mesmo que o êxito alcançado por
alguns empresários capitalistas, em meio a tantos fracassos que rodearam as primeiras
tentativas de instalação das fábricas, deve se muito mais a qualidade de direção dessas
empresas do que a uma substância de mudanças, no que se refere a qualidade do
trabalho ou das máquinas.
O processo descrito esclarece a dependência do capitalismo em relação ao
desenvolvimento das técnicas de produção, mostrando ainda como o trabalho sob a
ótica do capital perde todo o atrativo e faz do operário “mero apêndice da técnica”, o
principal elemento da força produtiva, responsável pela ligação ente natureza, técnica e
os instrumentos que fecundam uma nação profundamente industrial.
Porém os revoltosos e os destruidores de máquinas se manifestavam em
varias regiões, como uma maneira criteriosa de manter a sua identidade coletiva e
individual viva, luta desencadeada não contra a mecanização em geral, mas em direção
a determinadas máquinas em particular.

Conclusão

A utilização da maquinaria não só visava conseguir a docilização e a


submissão do trabalho fabril, neste sentido notamos que a implantação das máquinas
tinha como objetivo assegurar a regularidade e a continuidade do processo industrial.
As máquinas foram introduzidas, com objetivo de instituir um marco dentro
do qual se podia impor uma disciplina, mas claramente notamos que sua introdução se
deu sob uma ação de contra partida dos patrões para controlar as greves e inúmeras
outras formas de militâncias desencadeadas no “período industrial”.
Marx em O Capital, embora saudasse o advento do universo fabril como o
surgimento de uma nova era, também nos apresenta um contexto profundamente
apreensivo com relação à introdução das máquinas automáticas no processo de trabalho,
problemáticas que dizimaria a sociedade trabalhadora, eliminando a memória história de
inúmeros trabalhadores; neste sentido Marx enfatiza o determinismo pelo saber a
técnica, cujo fundamento estava ligado ao inerente bojo de implicação relacionada a
hierarquia, disciplina e controle do meio de trabalho, ao mesmo tempo separando
crucialmente a produção do saber técnico.
Afinal, as relações sociais produzidas a partir da expansão do mercado
capitalista com a união das fábricas geraram uma relação antagônica na sociedade,
tornando possível o desenvolvimento de uma determinada tecnologia que impõe não
apenas os instrumentos que incrementam a produtividade, mas os métodos de controle
disciplinar que enfrentam conflitos de relação entre consciência, realidade, dinâmica
histórica e suas características voltadas para a construção da identidade e memória
nacional.

Bibliografias

DE DECCA, Edgar Salvadori. O Nascimento das Fábricas. Rio de Janeiro: Brasiliense,


1986
GOFF, L. Jasques. História e Memória/ tradução brasileira. São Paulo: Unicamp, 1990.
MARX, Karl O Capital, DIFEL Editora, São Paulo 1982, Vol II, Cap. XXIV e XX
MARGLIN, S. A. Origem e funções do parcelamento das tarefas. Para que servem os
patrões? In: GORZ, A. (Org.) Crítica da Divisão do Trabalho. São Paulo: Martins
Fontes, 1980. (1.ed., 1973)
DURKHEIM, Émile. "Da divisão do trabalho social" In GIANOTTI, José A. Coleção
Os pensadores. São Paulo, Abril cultural, 1978
MARX, Karl. "Trabalho alienado e superação positiva da auto-alienação". In K.
Marx, F.Engels : história (org) Florestan Fernandes. São Paulo, Ática, 1984
SMITH, Adam. Riqueza das Nações. Lisboa : Ed. Fundação Calouste Gulbenkian,
1981 e 1983. 2 vols
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