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AMBIENTE
POPULAÇÃO HUMANA E
UNIDADE II
SUSTENTABILIDADE
Instituições e Sistemas
Políticos do Estado
2018
Ficha Técnica:
1.CONCEITOS BÁSICOS
No início deste capítulo importa começar por definir um conjunto de conceitos, fundamentais
para a compreensão da temática da segunda unidade.
1.1. POPULAÇÃO
De acordo com Carvalho (cf Araújo, 2001), a população é um conjunto de indivíduos
estavelmente constituído, ligados por vínculos de reprodução e identificados por características
territoriais, políticas, jurídicas, étnicas ou religiosas.
1.2. DESENVOLVIMENTO
De acordo com Sen (1999), desenvolvimento consiste na remoção dos vários tipos de restrições
que limitam as escolhas e oportunidades das pessoas, que procuram essencialmente viver bem e
por muito tempo. As realizações ao alcance de cada um depende das oportunidades económicas,
das liberdades políticas, dos poderes sociais, da boa saúde, da educação básica, dos incentivos e
estímulos às iniciativas. Esta sugestão de encararmos o desenvolvimento como um processo de
alargamento das liberdades contrasta com outras perspectivas mais restritas, que o identificam
com o crescimento da produção, com o aumento dos rendimentos, com a industrialização, com o
progresso tecnológico ou a modernização social.
O RELEVO
O futuro da evolução da população continua incerto, ainda que o jogo das inércias reduza o
campo do possível, com excepção do surgimento de uma catástrofe (Araújo, 2005:3).
Este aumento muito grande da população no século XX é acompanhado por um crescimento do
número de «pobres» (o seu número estimado é superior a mil milhões nos nossos dias). De facto
verifica-se o crescimento do número de pessoas mal alimentadas bem como o crescimento do
número de analfabetos, ainda que, no conjunto da população, esta proporção diminua.
A humanidade não pode, segundo Malthus, melhorar a sua sorte. Se um progresso exterior
‘‘exógeno’’, tal como a descoberta de recursos naturais 3, permitir desencadear um excedente
económico, fazendo assim crescer o nível de vida per capita, este efeito benéfico não será mais
do que provisório. Devido ao poder multiplicador da população, a subida do rendimento per
capita induz um crescimento dos efectivos até à absorção total do excedente inicial. A população
será, numa fase final, mais numerosa, mas viverá sempre ao nível do mínimo de subsistência 4.
Este mecanismo, baptizado seguidamente trappe malthusienne, condenava toda a população à
estagnação económica (Araújo, 2005)
Este princípio não era inteiramente original e foi alvo de muitas críticas, pelo facto de Malthus
ter-se limitado a uma generalização nas suas constatações que tinham como objecto as
populações da América do Norte, a qual não tinha nada a ver, de ponto de vista das dinâmicas
demográficas, com populações de outras regiões (Bandeira, 2004:66)
Mas é importante salientar que antes de Malthus já se pensava que uma população, submetida à
influência única do instinto de reprodução, duplica cada 25, 20 ou 15 anos e que a terra era
incapaz de produzir uma quantidade de alimentos suficiente para acompanhar este crescimento
populacional.
O postulado malthusiano foi sujeito a críticas severas, suscitando teorias contrárias. Mas apesar
de tudo é justo reconhecer a importância de Malthus, não só em ter chamado a atenção para a
importância da população no funcionamento da sociedade, como por ter dado um contributo
decisivo à consolidação de uma ciência da população. É verdade que o pensamento de Malthus é
1 Os bloqueios preventivos são, casamento tardio, menor número de filhos e méto dos anticonceptivos
2 São bloqueios positivos todas as causas que tendem de algum modo a encurtar a vida humana, tais como
ocupações insalubres e perigosas, pobreza e subalimentação, vestuário insuficiente, ausência de cuidados com as
crianças, todos os tipos de excesso, vida nas grandes cidades, doenças, epidemias, pragas, fome (Branco, 1977:19)
3 Malthus admite que possam existir factores que contrariem a lei da população tais como a utilização de novas
terras, a importação de produtos alimentares e o progresso técnico, mas, são factores que não resolvem o problema
do equilíbrio entre a população e os recursos
4 O poder de crescimento da população é infinitamente maior que o poder da terra produzir as subsistências do
homem. Como foi referido, a população quando não é travada aumenta sobre progressão geométrica, sendo que as
subsistências aumentam apenas segundo uma progressão geométrica
Como explica Araújo (2005: 7) ‘‘esta tese relativisa (sic) a teoria malthusiana, pondo em causa
a sua universalidade e intemporalidade. No entanto, poder-se-á aplicar a todas populações que
actualmente têm um crescimento rápido superior a 2%, 3%? Poderá ser particularmente
aplicada à população do continente africano da actualidade? Alguns duvidam; muitos afirmam
que não’’.
Mas esta tese foi defendida por outros teóricos que consideram o crescimento demográfico como
um factor benéfico. Estes pensadores insistiam na ideia que a população é o motor
5É a tese segundo a qual o crescimento demográfico e o crescimento de rendimento per capita são incompatíveis,
sendo negativa a correlação entre as suas taxas.
1.6.4. OS NEO-MALTHUSIANOS
Os neo-malthusianos são seguidores da linha de pensamento malthusiano que defende a tese
segundo a qual o crescimento da população diminuiria o capital per capita disponível, o que põe
em causa a melhoria das condições de vida. Assim, os Estados devem adoptar mecanismos para
a redução da taxa de natalidade e, dessa forma, contribuir para redução demográfica.
Ehrlich resume o problema entregando-se a três constatações simples: muitos homens, muito
menos alimentação e um planeta que morre. O tom é catastrófico. O prólogo da obra da
Ehrlich é sobre isto revelador. Famintos eram anunciados para os anos 70 e previa-se que
centenas de milhões de pessoas morressem de fome. A única solução é uma regulação consciente
da população (population control). (Verón, 1996:20)
Estes pensadores salientaram ainda que deve existir um ajustamento entre o número de seres
humanos e as suas necessidades, à escala das famílias, mas também à escala da sociedade
no seu conjunto. Uma adesão voluntária aos imperativos desta regulamentação é preferível, mas
Ehrlich não exclui o recurso à obrigatoriedade, se necessário. Os países são convidados a usar o
seu poder político para converter esta regulamentação consciente à população de outros países.
Não podemos somente «tratar os sintomas do cancro no crescimento da população; o cancro
deve ser extraído», escreve Ehrlich.
A importância dos efeitos da pressão demográfica sobre o ambiente não pode ser subestimada,
mas deve ser vista em diferentes prismas em diversos contextos espaciais. Ramade refere, por
exemplo, que aumento da densidade demográfica no Nepal é acompanhado por um
desflorestamento causando consequências nefastas, em particular na regulação das águas do
EXERCÍCIOS:
Leia com muita atenção as perguntas antes de responder. Seja claro nas respostas.
1. Caracterize a evolução da população mundial no decurso do século XX, e explique esse
fenómeno.
2. Indique as causas e efeitos do crescimento da população, particularmente nos países em vias de
desenvolvimento.
3. Em 1798 Thomas R. Malthus lança o seu livro Ensaio Sobre o Principio da População que
suscitou um debate aceso e quase inconclusivo.
a) Apresente resumidamente as ideias postuladas por Malthus .
b) Comente criticamente sobre a teoria malthusiana?
c) Na sua concepção qual das teorias melhor se aplica para o caso de Moçambique?
d) Será que o crescimento da população dificulta ou facilita o desenvolvimento económico?
Justifique
Para Maimon (1996: 10), desenvolvimento sustentável pode ser definido da seguinte maneira: “o
desenvolvimento sustentável busca simultaneamente a eficiência económica, a justiça social e a
harmonia ambiental. Mais ainda do que um novo conceito, é um processo de mudança onde a
exploração de recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento ecológico
e a mudança institucional devem levar em conta as necessidades das gerações futuras”.
Desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que envolve compromissos entre
objectivos sociais, ecológicos e económicos. Abrange perspectivas económicas, sociais e
ecológicas de conservação e mudança (Hediger, 2000). “Desenvolvimento sustentável é o
desenvolvimento requerido para obter a satisfação duradoura das necessidades humanas e o
crescimento (melhoria) da qualidade de vida” (Allen, 1980: 23 cf.Bellia, 1996: 49).
Segundo o National research Council (1999), o desenvolvimento sustentável é o mais recente
conceito que relaciona as colectivas aspirações de paz, liberdade, melhoria das condições de vida
e um meio ambiente saudável. Seu mérito reside na tentativa de reconciliar os reais conflitos
entre economia e meio ambiente e entre o presente e o futuro.
Resende (s/d) afirma que o desenvolvimento sustentável pode ser também definido como um
vector no tempo de objectivos sociais desejáveis, tais como: incrementos de renda per capita,
melhorias no estado de saúde, níveis educacionais aceitáveis, acesso aos recursos, distribuição
mais equitativa de renda e garantia de maiores liberdades fundamentais.
De acordo com Haque (2000) um autêntico modelo de desenvolvimento sustentável deve
apresentar uma perspectiva de desenvolvimento além do crescimento económico, deve
reconhecer as múltiplas tradições culturais e crenças, transcender o consumismo e contribuir
Pensar o desenvolvimento sustentável não é tarefa para um sector específico da sociedade e sim
uma tarefa global, em todos aspectos.
Na actualidade, a cooperação entre Organizações não Governamentais (ONGs) de diferentes
países e a capacidade de os cidadãos comunicarem facilmente entre si estão transformando
rapidamente a equação política em muitos países e criando condições mais favoráveis para a
solução dos problemas sociais e ambientais – principalmente diante da dificuldade imposta pelos
governantes, frequentemente influenciados por preconceitos individuais, predilecções políticas e
interesses do capital económico (Camargo, 2002).
Sachs (1993) salienta que, ao planearmos (sic) o desenvolvimento de uma sociedade visando à
sustentabilidade, devemos considerar simultaneamente cinco dimensões específicas da
sustentabilidade: social, económica, ecológica, espacial e cultural, conforme demonstra a figura
abaixo 2.
Figura 2 – As cinco dimensões de sustentabilidade
A agenda 21 recomenda ainda que nas políticas ambientais, sobretudo aquelas centradas na
conservação e protecção dos recursos naturais, se tenha a devida consideração por aqueles que
deles dependem para a sua subsistência. Alerta também que qualquer política de
desenvolvimento que se centre principalmente no aumento da produção de bens, sem
preocupação pela sustentabilidade de recursos, mais tarde ou mais cedo deparar-se-á com uma
produtividade em declínio, o que poderia também ter impacto negativo na pobreza. Recorda
igualmente que o desenvolvimento de uma estratégia anti-pobreza constitui uma das
condições básicas para assegurar um desenvolvimento sustentável.
2.1.6.9.ACESSO ÀS COMUNICAÇÕES
Com o objectivo de reduzir o isolamento geográfico da população e promover o acesso à
informação e assegurar a extensão dos sistemas de comunicação, particularmente nas zonas
rurais.
EXERCÍCIOS
1. Comente a evolução da consciência ambiental desde os finais da II Guerra Mundial até a
conferência do Rio-92 ( Capítulo II)
2. Que aspectos positivos trouxe a Conferência do Rio-92 em relação aos períodos anteriores?
3. Qual é a importância do Relatório de Brundlatand para a Humanidade?
4. Indique e explique as diversas dimensões de sustentabilidade.
5. Indique 4 objectivos do desenvolvimento sustentável em Moçambique, e explique.
6. Quais são os desafios de desenvolvimento sustentável? Responda prestando atenção à realidade
moçambicana.
De acordo com diversos autores, no início do século XXI, o crescimento dos efectivos
populacional e o aumento dos níveis de consumo per capita poderão esgotar os recursos e
degradar o ambiente (Brow et all, s/d; Camp,1993; Shawn, 1992)
Quanto à relação crescimento populacional e recursos alimentícios Araújo (2005:1) questiona: A
produção de alimentos será suficiente para alimentar o planeta Terra? Estudos realizados
pela FAO em 105 países em desenvolvimento, revelaram que 64 têm uma população que
aumenta mais rapidamente que os aprovisionamentos alimentares. De acordo com esses estudos,
a pressão demográfica terá sido responsável pela degradação de cerca de 2 biliões de
hectares de terra arável, o que equivale a uma superfície igual à do Canadá e dos EUA em
conjunto.
A pressão exercida pela população sobre as terras aráveis contribui para sua degradação, ao
mesmo tempo que novas terras marginais são cultivadas para alimentar uma população cada vez
mais numerosa. De acordo com a FAO a degradação das terras agrícolas tem aumentado, por ano
entre 5 a 7 milhões de hectares. Solos intensamente trabalhados e sem técnicas de conservação
ficam sujeitos a uma erosão eólica e hídrica mais intensa. Técnicas de irrigação inadequadas e o
uso de produtos químicos aumentam ainda mais a degradação dos solos. Além disso, a expansão
Até finais do século XX o mundo perdeu perto de metade da sua cobertura florestal original e,
em cada ano, mais 16 milhões de hectares são desmatados, nivelados ou queimados. As florestas
fornecem, anualmente, mais de 400 biliões de dólares à economia mundial e têm um papel
indispensável para garantir a saúde dos ecossistemas. Calcula-se que actualmente a procura de
produtos florestais ultrapassa em 25% o nível do consumo durável (Araújo, 2005: 2).
A diversidade biológica da Terra é um elemento indispensável para a manutenção da vitalidade
da agricultura e da saúde, isto é, da vida sobre o planeta. Mas a actividade do ser humano tem
colocado em vias de extinção milhões de espécies vegetais e animais . Calcula-se que 2 em
cada 3 espécies estão em declínio (Araújo, 2005).
Uma melhor gestão dos recursos naturais protege o ambiente e preserva a capacidade de
produção da natureza. O abrandamento do crescimento da população pode acelerar o
crescimento económico e conservar os recursos naturais. Economias mais vigorosas têm meios
para investir mais na protecção ambiental
QUADRO SINÓPTICO
Tema Aspectos relevantes
EXERCÍCIOS:
1. Estabeleça a relação entre o crescimento demográfico e o ambiente.
2. Indique os principais problemas ambientais em Moçambique e proponha medidas de solução.
3. Estabeleça a relação entre o crescimento demográfico e a pobreza.
4. O abrandamento do crescimento demográfico pode ser um aspecto negativo para a Humanidade.
Comente a afirmação.
BIBLIOGRAFIA ON-LINE
http://www.cenedcursos.com.br/efeitos-dos-problemas-ambientais-na-sociedade-e-
populacao.html