Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
524-2/2013
INTERESSADO : CÂMARA MUNICIPAL DE CUIABÁ
ASSUNTO : CONSULTA
RELATOR : CONSELHEIRO SUBSTITUTO RONALDO RIBEIRO DE OLIVEIRA
PARECER Nº : 066/2013
“qual o prazo limite para que seja efetivada a majoração do subsídio dos
vereadores de uma legislatura para outra?”
É o breve relatório.
1. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE
2. DO MÉRITO
A indagação proposta pelo consulente objetiva saber qual seria o prazo limite
para as Casas Legislativas Municipais fixarem os subsídios dos seus edis.
1
Neste rastro, constata-se que a Carta Maior de 1988, por meio do artigo 29, IV, 1
previu, sem especificar prazos, que os subsídios dos vereadores devem ser fixados pelas
respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para vigorem na subsequente.
2
2.1. Requisitos para cálculo do valor para fixação dos subsídios dos
vereadores
O subsídios dos edis devem ser fixados em parcela única, isto é, sem acréscimos
de quaisquer outras parcelas remuneratórias, nos exatos termos preconizados pelo § 4º
do artigo 39 da CF/882.
Não há vinculação automática dos subsídios dos edis com os dos Deputados
Estaduais, ou seja, se durante a legislatura houver majoração nas remunerações dos
deputados não se estenderá tal incremento aos subsídios dos vereadores.
3
Acórdãos nº 30/2004 (DOE 01/03/2004) e 940/2002 (DOE
20/05/2002). Agente Político. Subsídio. Vereador. Fixação.
Limite. Possibilidade de fixação por valor inferior ao limite.
Os limites estabelecidos para a fixação do subsídio dos vereadores
são tetos máximos, sendo lícita a fixação de valor inferior.
4
Acórdão n° 1.052/2007 (DOE 24/05/2007). Agente Político.
Subsídio. Vereador. Reajustamento. Possibilidade de revisão
geral anual em data distinta daquela concedida aos demais
servidores municipais, atendidas as condições.
É possível a concessão da revisão geral anual aos vereadores e
servidores do Poder Legislativo Municipal em data diferente daquela
concedida aos demais servidores municipais, desde que dentro do
mesmo exercício financeiro e com observância aos demais
requisitos legais e constitucionais.
5
Isto é pacificado por meio dos seguintes prejulgados:
6
Isto foi o que ficou decidido no seguinte prejulgado do TCE/MT:
Provimento nº 56/2005
Seção II
7
Dos atos de fixação dos subsídios dos Vereadores4
Art. 6º Na análise da fixação dos subsídios dos Vereadores, o
Tribunal verificará se o ato:
I- fixou os subsídios em moeda e sem vinculação a outras espécies
remuneratórias;
II- fixou os subsídios de acordo com os limites previstos na
Constituição Federal;
III- previu critério de recomposição com base em índice oficial de
correção monetária que reflita a variação de preços ao consumidor;
IV- fixou o valor a ser pago por sessão deliberativa extraordinária;
V- foi aprovado antes das eleições;
VI- foi publicado antes das eleições. (grifou-se)
8
ser fixados no último ano da legislatura e antes das eleições
municipais, e isso não ocorra, os subsídios para a legislatura
seguinte permanecerão os mesmos que estejam em vigência no
município. Não obstante, é admitida a recomposição do poder
aquisitivo, por meio de revisão geral anual, para correção das perdas
inflacionárias do período. (grifou-se)
9
- Os subsídios dos Vereadores não podem ser fixados nem alterados
na mesma legislatura, conforme prescreve o artigo 29, VI, da
Constituição Federal;
- Não tendo os subsídios sido fixados na legislatura anterior,
conforme exigido pelo artigo 29, VI, da Carta Magna, deve-se aplicar
a última norma válida (sem vícios de constitucionalidade ou
legalidade) que trate sobre a matéria, nos termos do artigo 3º da
Resolução TC nº 07/93; (grifou-se)
10
especifica prazos para a fixação da remuneração dos edis, apenas estatui o princípio da
anterioridade, ou seja, estabelece que os subsídios dos vereadores deverão ser fixados
em cada legislatura para a seguinte.
Esse entendimento visa evitar condutas tendenciosas e casuísticas por parte dos
legisladores municipais, tendo em vista que, ao não saberem aprioristicamente o
resultado das eleições municipais, restaria afastada ou minimizada a possibilidade de
11
legislarem em causa própria e, até mesmo, prejudicarem adversários políticos eleitos.
Trata-se, pois, de pura e simples aplicação dos princípios constitucionais da moralidade e
impessoalidade, estampados no art. 37 da CF/88.
9 (RE 213524, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma, julgado em 19/10/1999, DJ 11-02-2000 PP-00031
EMENT VOL-01978-02 PP-00242)
10 VEREADORES. Belo Horizonte: Fórum, 2009, pg. 71.
12
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ
Acórdão nº 645/201211
consulta formulada pela câmara municipal de maringá sobre a
possibilidade de vinculação dos subsídios dos vereadores em
percentual do que recebem os deputados estaduais, bem como da
lei orgânica municipal estabelecer qualquer data da legislatura em
curso para estipular os subsídios dos futuros vereadores, respeitado
o princípio da anterioridade da legislatura. voto acompanhando os
pareceres uniformes da diretoria de contas municipais e ministério
público de contas pelo conhecimento da consulta e no mérito, pela:
1) impossibilidade de vinculação dos subsídios dos vereadores em
percentual do que percebem os deputados estaduais; 2) pela
possibilidade da lei orgânica municipal estabelecer qualquer data
para estipulação dos subsídios dos futuros vereadores, desde que
na legislatura anterior à que irá se aplicar, antes das eleições,
salientando-se que segundo a lei orgânica de maringá a fixação dar-
se-á no último ano da legislatura anterior, até 30 dias antes do pleito.
(grifou-se)
13
da Constituição Federal, combinado com o artigo 22, inciso VII da
Lei Orgânica Municipal, e ainda, pelos princípios administrativos
expressos no artigo 37 da Carta Política de 1988. (grifou-se)
14
3. CONCLUSÃO
Considerando-se que:
a) a Carta Maior de 1988, por meio do artigo 29, IV, previu, sem especificar data-
limite, que o subsídios dos vereadores devem ser fixados pelas respectivas Câmaras
Municipais em cada legislatura para vigorem na subsequente;
15
Considerando, ainda, que os prejulgados existentes nesta Corte de Contas não
respondem integralmente o quesito proposto pelo consulente, sugere-se que, ao julgar o
presente processo, e concordando este Egrégio Tribunal Pleno com o entendimento
delineado no presente parecer, seja:
2) modulado os efeitos da decisão para que sua eficácia seja produzida a partir
da fixação dos subsídios dos vereadores da legislatura que se iniciará em 2017,
exclusivamente em relação ao novo entendimento adotado, segundo o qual “o ato
normativo de fixação deve ser aprovado até a data definida para realização das eleições
municipais do ano da legislatura que se encerra”.
16