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2 - Dandara Luíza da Costa, Pernambuco
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3 - Giovana Lazzaretti Segat, Rio Grande do Sul
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4 - Júlia Neves Silva Dutra, Minas Gerais
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5 - Lucas Almeida Francisco, Sergipe
A publicidade infantil tem sido pauta de discussões acerca dos abusos cometidos no
processo de disseminação de valores que objetivam ao consumismo, uma vez que a
criança, ao passar pelo processo de construção da sua cidadania, apropria-se de elementos
ao seu redor, que podem ser indesejáveis à manutenção da qualidade de vida.
O sociólogo Michel Foucault afirma que 'nada é político, tudo é politizável, tudo pode
tornar-se político'. A publicidade politiza o que é imprescindível ao consumidor à medida que
abarca a função apelativa associada à linguagem empregada na disseminação da imagem
de um produto, persuadindo o público-alvo a adquiri-lo.
Ao focar no público infantil, os meios publicitários elencam os códigos e as
características do cotidiano da criança, isto é, assumem o habitus – conceito de Pierre
Bourdieu, definido como 'princípios geradores de práticas distintas e distintivas' – típico
dessa faixa etária: o desenho animado da moda, o jogo eletrônico socialmente
compartilhado, o brinquedo de um famoso personagem da mídia, etc.
Por outro lado, a criança necessita de um espaço que a permita crescer de modo
saudável, ou seja, com qualidade de vida. Os abusos publicitários afetam essa prerrogativa:
ao promoverem o consumo exarcebado, causam dependência material, submetendo
crianças a um círculo vicioso de compras, no qual, muitas vezes, os pais não podem
sustentar. A felicidade é orientada para um produto, em detrimento de um convívio social
saudável e menos materialista.
De modo a garantir o desenvolvimento adequado da criança e diminuir os abusos da
publicidade, algumas medidas devem ser tomadas. O governo deve investir em políticas
públicas que atuem como construtoras de uma 'consciência mirim', através de meios
didáticos a fomentar a imaginação da criança, orientando-a na recepção de informações que
a cercam. Em adição, os pais devem estar atentos aos elementos apropriados pelos seus
filhos em propagandas, estimulando o espírito crítico deles, a contribuir para a futura
cidadania que os espera.
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6 - Lucas Santos Barbosa, Alagoas
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7 - Luis Arthur Novais Haddad, Minas Gerais
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8 - Maria Isabel Viñas, Rio de Janeiro
Amor à venda
A vitória do capitalismo na Guerra Fria gerou muitas consequências para o mundo,
sendo uma delas a competição desenfreada das multinacionais por novos mercados. Um
dos principais alvos desse cenário são as crianças, indivíduos facilmente manipuláveis
devido a sua pequena capacidade de julgamento crítico. Sua inocência é, dessa forma,
cruelmente convertida em lucro, fato que não deve ser permitido nem tolerado.
A infância é uma fase de formação e aprendizagem, sendo necessário, portanto, que
os bons costumes sejam cultivados. É, também, uma fase em que tudo é novo e
interessante. Dessa forma, os produtos apresentados em comerciais inevitavelmente
seduzirão meninos e meninas que, por sua vez, passarão a pautar sua felicidade naquilo
que podem adquirir.
A ausência cada vez maior dos pais na vida dos filhos é outro fator que torna urgente
a intervenção do Estado nos meios de comunicação. A presença constante o carinho
paterno são, hoje, raros às crianças e, cientes disso, tentam compensar o desfalque lhes
dando tudo o que pedem, desde carrinhos de controle remoto a iPhones. Mal sabem que o
que estão fazendo é fomentar uma indústria que, aos poucos, aprisiona seus filhos ao
materialismo e escraviza-os aos gostos do capitalismo.
A proteção das crianças brasileiras quanto às investidas do mercado deve, portanto,
ser promovida não apenas pelo Estado, mas também por aqueles que são responsáveis por
sua formação. Ao primeiro cabe apresentar projetos de lei que limitem o teor persuasivo das
propagandas. Sua aprovação contaria com a aprovação da população. Além disso,
disciplinas extras poderiam ser criadas com o respaldo na atual LDB (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação), para que houvesse a conscientização desses 'pequenos cidadãos' no
que se refere a problemática do consumo excessivo. Vale ainda citar o papel dos pais, aos
quais cabe a importante função de ser um bom exemplo, afinal, a verdadeira felicidade não
pode ser mediada por elementos materiais e sim pelo amor.
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9 - Paula Lage Freire, Rio de Janeiro
Responsabilidade social
A Revolução Técnico-Científica do século XX inaugurou a Era da Informação e
possibilitou a divulgação de propagandas nos meios de comunicação, influenciando o
consumo dos indivíduos de diferentes faixas etárias. Nesse contexto, a publicidade
destinada ao público infantil é motivo de debates entre educadores e psicólogos no território
nacional. Assim, a proibição parcial da divulgação de produtos para as crianças é essencial
para um maior controle dos pais e para um menor abuso de grandes empresas sobre os
infantes.
Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem
condições emocionais para avaliar a necessidade de compra ou não de determinado
brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvolveram o senso crítico que possibilita uma
escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou Freud em seus
estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais
responsáveis pela educação dos filhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para
eles, pois possuem maior capacidade para enxergar vantagens e desvantagens do que é
anunciado.
Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela
mídia. Isso ocorre por uma crença inocente em imagens meramente ilustrativas, que
despertam a imaginação e promovem o deslocamento da realidade, deixando a sensação
de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda em larga
escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos
casos.
Portanto, é fundamental uma regulação da publicidade infantil, permitindo-se o
controle de responsáveis e impedindo-se ações irresponsáveis de muitas empresas. Faz-se
necessário, então, que propagandas com conteúdo infantil sejam direcionadas aos
responsáveis em horários mais adequados, à noite, por exemplo, evitando-se o consumo
excessivo dos anúncios pelas crianças. Ademais, o Governo Federal deve promover uma
central nacional de reclamações para denúncias de pais, via internet ou telefonema, que
avaliem determinada informação como abusiva ou desnecessária na mídia. Assim, infantes
viverão com maior segurança e proteção."
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10 - Victoria Maria Luz Borges, Piauí
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Redações Nota 1000
Coletânea com as melhores redações de 2015
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2 - Anna Beatriz Alvares Simões Wreden
Parte desfavorecida
De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um
“corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si.
Desse modo, para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os
direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno
século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência de maus
tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo
masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo.
Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve
presente, como por exemplo na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi
criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao homem. Dessa forma, muitas
pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira diferenciada e até
desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão
física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se
que as mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de
uma cultural geral preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de geração
em geração, o que favorece o continuismo dos abusos.
Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo
colaboram com a permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos
são demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento.
Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4%
dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência
continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas
psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho.
A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há uma
diminuição do valor das mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil
seja mais articulado como um “corpo biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as
ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente, os casos de agressões às
Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos. Passa
a ser a função também das instituições de educação promoverem aulas de Sociologia,
História e Biologia, que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de palestras, materiais
históricos e produções culturais, com o intuito de amenizar e, futuramente, acabar com o
patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como disse Oscar Wilde: “O
primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação. ”
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3 - Cecília Maria Lima Leite
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4 - Caio Nobuyoshi Koga
Conserva a Dor
O Brasil cresceu nas bases parternalistas da sociedade europeia, visto que as
mulheres eram excluídas das decisões políticas e sociais, inclusive do voto. Diante desse
fato, elas sempre foram tratadas como cidadãs inferiores cuja vontade tem menor validade
que as demais. Esse modelo de sociedade traz diversas consequências, como a violência
contra a mulher, fruto da herança social conservadora e da falta de conscientização da
população.
Casos relatados cotidianamente evidenciam o conservadorismo do pensamento da
população brasileira. São constantes as notícias sobre o assédio sexual sofrido por
mulheres em espaços públicos, como no metrô paulistano. Essas ações e a pequena
reação a fim de acabar com o problema sofrido pela mulher demonstram a normalidade da
postura machista da sociedade e a permissão velada para o seu acontecimento. Esses
constantes casos são frutos do pensamento machista que domina a sociedade e descende
diretamente do paternalismo em que cresceu a nação.
Devido à postura machista da sociedade, a violência contra a mulher permanece na
contemporaneidade, inclusive dentro do Estado. A mulher é constantemente tratada com
inferioridade pela população e pelos próprios órgãos públicos. Uma atitude que demonstra
com clareza esse tratamento é a culpabilização da vítima de estupro que, chegando à
polícia, é acusada de causar a violência devido à roupa que estava vestindo. A violência se
torna dupla, sexual e psicológica; essa, causada pela postura adotada pela população e
pelos órgãos públicos frente ao estupro, causando maior sofrimento à vítima.
O pensamento conservador, machista e misógino é fruto do patriarcalismo e deve
ser combatido a fim de impedir a violência contra aquelas que historicamente sofreram e
foram oprimidas. Para esse fim, é necessário que o Estado aplique corretamente a lei,
acolhendo e atendendo a vítima e punindo o violentador, além de promover a
conscientização nas escolas sobre a igualdade de gênero e sobre a violência contra a
mulher. Cabe à sociedade civil, o apoio às mulheres e aos movimentos feministas que
protegem as mulheres e defendem os seus direitos, expondo a postura machista da
sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado e da sociedade, aliado ao debate sobre a
igualdade de gênero, é possível acabar com a violência contra a mulher.
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5 - José Miguel Zanetti Trigueros
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6 - Julia Guimarães Cunha
O feminismo é o movimento que luta pela igualdade social, política e econômica dos
gêneros. Hodiernamente, muitas conquistas em prol da garantia dessas igualdades já foram
alcançadas – a exemplo do direito ao voto para as mulheres, adquirido no Governo Vargas.
Entretanto, essas conquistas não foram suficientes para eliminar o preconceito e a violência
existentes na sociedade brasileira.
De acordo com o site “Mapa da Violência”, nas últimas três décadas houve um
aumento de mais de 200% nos índices de feminicídio no país. Esse dado evidencia a baixa
eficiência dos mecanismos de auxílio à mulher, tais como a Secretaria de Políticas para as
mulheres e a Lei Maria da Penha. A existência desses mecanismos é de suma importância,
mas suas ações não estão sendo satisfatórias para melhorar os índices alarmantes de
agressões contra o, erroneamente chamado, “sexo frágil.”
Mas, apesar de ser o principal tipo, não é só agressão física a responsável pelas
violências contra a mulher. Devido ao caráter machista e patriarcal da sociedade brasileira,
o preconceito começa ainda na juventude, com o tratamento desigual dado a filhos e filhas –
comumente nota-se uma maior restrição para o sexo feminino. Além disso, há a violência
moral, ainda muito frequente no mercado de trabalho. Pesquisas comprovam que, no Brasil,
o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a mesma
função. Ademais, empresas preferem contratar funcionários do sexo masculino para não se
preocuparem com uma possível licença maternidade.
É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a segurança da mulher
brasileira. Desse modo, o Estado deve, mediante a ampliação da atuação dos órgãos
competentes, assegurar o atendimento adequado às vítimas e a punição correta aos
agressores. Além disso, cabe às empresas a garantia de igualdade no espaço laboral,
pagando um salário justo e admitindo funcionários pela sua qualificação, livre de
preconceitos. Por fim, é dever da sociedade o respeito ao sexo feminino, tratando
igualmente homem e mulher. Assim, alcançar-se-á uma sociedade igualitária e de harmonia
para ambos os gêneros.
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7 - Sofia Dolabela Cunha Saúde Belém
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especial física e psicológica, é praticada por homens com necessidade de autoafirmação ou
sob influência de drogas (com destaque para o álcool) e faz milhares de vítimas diariamente
no país. Nesse sentido, a criação de leis como a do feminicídio e Maria da Penha foram
essenciais para apaziguar os conflitos e dar suporte a esse grupo antes marginalizado.
Paralelo a isso, o exemplo dado pelo pai ao violentar a companheira tem como
consequência a solidificação desse comportamento psicológico dos filhos. As crianças,
dotadas de pouca capacidade de discernimento, sofrem ao ver a mãe sendo violentada e
têm grandes chances de se tornarem adultos violentos, contribuindo para a manutenção das
práticas abusivas nas gerações em desenvolvimento e dificultando a extinção desse
comportamento na sociedade.
Desde os primórdios, nas primeiras sociedades formadas na Antiguidade até hoje, a
mulher luta por liberdade, representatividade e respeito. O Estado pode contribuir nessa
conquista ao investir em ONGs voltadas à defesa dos direitos femininos e ao mobilizar
campanhas e palestras públicas em escolas, comunidades e na mídia, objetivando a
exposição da problemática e o debate acerca do respeito aos direitos femininos. É
importante também a criação de um projeto visando a distribuição de histórias em
quadrinhos e livros nas escolas, conscientizando as crianças e jovens sobre a "igualdade de
gênero" de forma interativa e divertida.
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9 - Richard Wagner Caputo Neves
Da teoria à prática
Desde o Iluminismo, já sabemos – ou deveríamos saber – que uma sociedade só
progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa a
persistência da violência contra a mulher no Brasil em pleno século XXI, percebe-se que
esse ideal iluminista é verificado na teoria e não desejavelmente na prática. Muitos
importantes passos já foram dados na tentativa de se reverter esse quadro. Entretanto, para
que seja conquistada uma convivência realmente democrática, hão de ser analisadas as
verdadeiras causas desse mal.
Em uma primeira abordagem, é importante sinalizar que, ainda que leis como a
“Maria da Penha” tenham contribuído bastante para o crescimento do número de denúncias
relacionadas à violência – física, moral, psicológica, sexual – contra a mulher, ainda se faz
presente uma limitação. A questão emocional, ou seja, o medo, é uma causa que
desencoraja inúmeras denúncias: muitas vezes, a suposta submissão econômica da figura
feminina agrava o desconforto. Em outros casos, fora do âmbito familiar, são instrumentos
da perpetuação da violência o medo de uma retaliação do agressor e a “vergonha social”, o
que desestimula a busca por justiça e por direitos, peças-chave na manutenção de qualquer
democracia.
Em uma análise mais aprofundada, devem ser considerados fatores culturais e
educacionais brasileiros. Por muito tempo, a mulher foi vista como um ser subordinado,
secundário. Esse errôneo enraizamento moral se comunica com a continuidade da suposta
“diminuição” da figura feminina, o que eventualmente acarreta a manutenção de práticas de
violência das mais variadas naturezas. A patriarcal cultura verde-amarela, durante muitos
anos, foi de encontro aos princípios do Iluminismo e da Revolução Francesa: nesse
contexto, é fundamental a reforma de valores da sociedade civil.
Torna-se evidente, portanto, que a persistência da violência contra a mulher no
Brasil é grave e exige soluções imediatas, e não apenas um belo discurso. Ao Poder
Judiciário, cabe fazer valer as leis já existentes, oriundas de inúmeros discursos
democráticos. A mídia, por meio de ficções engajadas, deve abordar a questão instigando
mais denúncias – cumprindo, assim, o seu importante papel social. A escola, instituição
formadora de valores, junto às Ong's, deve promover palestras a pais e alunos que discutam
essa situação de maneira clara e eficaz. Talvez dessa forma a violência contra a mulher se
faça presente apenas em futuros livros de história e a sociedade brasileira possa
transformar os ideais iluministas em prática, e não apenas em teoria.
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10- Izadora Peter Furtado
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Análise integral de redação nota 1000
Com o intuito de reforçar alguns pontos, vamos, neste capítulo, fazer a análise
integral de uma redação nota 1000 na prova do Exame Nacional do Ensino Médio do ano
passado, cujo tema foi ‘A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira’.
O texto é da aluna Amanda Carvalho Maia Castro. Vamos lá?
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Para entendermos um pouco melhor os recursos que a aluna Amanda Carvalho
utilizou em seu texto, vamos fazer a análise em partes: introdução, desenvolvimento e
conclusão. Em sua introdução, a aluna apresenta o assunto ressaltando que a violência
contra a mulher, no Brasil, apresentou aumentos significativos nas últimas décadas. Para
justificar tal colocação, ela faz uso dos dados apresentados pelo Mapa da Violência de
2012. Além disso, ela ressalta diferentes tipos de violência que são praticados contra a
mulher. Ao final do parágrafo, ela estabelece a tese que será defendida, ou seja, o seu
ponto de vista. A aluna atribui a persistência da violência às raízes históricas e ideológicas.
Observe que esse parágrafo ficou muito bem construído, apresentando o assunto e
a tese de forma bem fundamentada e funciona como uma espécie de guia para a
construção do restante da produção. O desenvolvimento do texto é dividido em dois
parágrafos e eles estão diretamente ligados às ideias apresentadas na introdução. No
primeiro parágrafo do desenvolvimento, a aluna destaca as amarras da sociedade patriarcal,
ressaltando que, em pleno século XXI, há uma espécie de determinismo biológico em
relação às mulheres. Para fundamentar tal colocação, ela utiliza uma citação de Simone de
Beauvoir, na tentativa de construir uma contraposição. Observe que há uma discussão
acerca dessa primeira justificativa para a persistência da violência, a aluna destaca a função
social da mulher em nosso país, destacando a naturalização dos comportamentos violentos
contra a mulher. Para finalizar esse parágrafo, ela ainda ressalta a dificuldade de se punir os
agressores.
Esse parágrafo desenvolve parte da tese que foi estabelecida na introdução, em que
a candidata destaca as raízes históricas. Ela desenvolve muito bem essa questão e traz a
citação direta como um elemento que fundamenta aquilo que está sendo exposto, além de
apresentar discussão e reflexão sobre essa questão.
A questão ideológica ressalta na tese apresentada na introdução é discutida no
segundo parágrafo do desenvolvimento. A aluna destaca a ideologia de superioridade do
gênero masculino em relação ao gênero feminino. Destaca ainda, a objetificação das
mulheres e a submissão. Além disso, há a referência à cultura do medo, que faz com que as
mulheres não denunciem as agressões. Para fundamentar essa questão, ela diz que os
números de casos desse tipo de violência que são denunciados são baixos.
O desenvolvimento do texto analisado foi muito bem construído, as ideias
apresentadas na introdução são bem defendidas, discutidas e fundamentadas. É isso que a
banca espera, é preciso mostrar o senso crítico.
Na conclusão do texto, a aluna reafirma a tese defendida, destacando que as raízes
históricas e ideológicas dificultam o fim da violência. Em seguida, é apresentada a proposta
de intervenção. Nessa parte, a aluna envolve a mídia, ressaltando que essa precisa parar
de promover a objetificação da mulher e é preciso que passe a difundir campanhas de
denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ressalta ainda, que o Poder Legislativo deve
criar projeto de lei que aumente a punição dos agressores, para que se diminua a
reincidência. Após a construção da proposta de intervenção, a aluna faz um fechamento de
suas ideias, ressaltado que talvez essas medidas possam colocar fim à violência contra a
mulher.
Observe que a introdução, o desenvolvimento e a conclusão atenderam às
exigências e foram muito bem desenvolvidas. A aluna apresentou ótimas ideias, que foram
muito bem discutidas e fundamentadas, e estão muito bem articuladas. Ela apresentou um
excelente domínio da norma padrão e fez ótimas escolhas lexicais. Com essa excelente
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construção, a candidata atingiu a nota máxima em todas as competências avaliadas no
Enem.
Agora vamos acompanhar a análise de uma redação nota mil que foi enviada para o
site Projeto Redação.
Crescente descaso
Com o advento da Revolução Industrial ,no século XVIII, as indústrias obtiveram uma
dinâmica mais atrativa para aumentar sua produtividade e, consequentemente, o seu lucro.
Todavia, na atualidade brasileira, essa lógica de mercado possibilitou a elevação do lixo na
sociedade, em que, atrelado à falta de uma sólida conscientização individual e ao
consumismo elevado, corroborou para a perpetuação da problemática no meio urbano.
Em primeiro plano, é evidente a cultura de descaso popular sobre a questão. Nesse
contexto, os cidadãos negligenciam a importância das lixeiras em locais públicos, cujas
funcionalidades consistem em amenizar o descarte incorreto regularmente visível nas
cidades. Seguindo essa linha de raciocínio, o sociólogo Georg Simmel alega sobre o
‘’paradoxo moderno’’- nas metrópoles, enquanto há uma grande rede de comunicações
interpessoais, os indivíduos se tornam egoístas e individualistas. Logo, o conflito entre
responsabilidade cidadã e motivação pessoal se enquadra na constante elevação da
poluição nas ruas nacionais.
Em segunda análise, a lógica consumista, empregada pelas propagandas, ajuda na
elevação dos resíduos no país. Historicamente, esse aparato massificador mostrou seu
poder de convencimento com a disseminação dos ideais nazifascistas no século XX. Nesse
viés, as pessoas tendem a incorporar ideologias impostas na rede midiática, no qual é
incentivado a comprarem compulsoriamente demasiados produtos. Assim, o pressuposto
referido na política dos Resíduos Sólidos no Brasil, em que seria incentivada a melhora na
coleta e destinação dos dejetos, se encontra em um impasse acumulativo com a constante
elevação do volume de lixo.
Destarte, a padronização de comportamentos e das ações dos habitantes
impulsionaram os impasses na temática. Em vista de erradicar tal paradigma, o Ministério
das Cidades poderia, com especialistas e mão de obra contratada, investir na construção de
centros de aprendizagem sobre a relevância de manter o ambiente limpo nas metrópoles,
que frisaria, assim, no incentivo do pensamento crítico entre as pessoas, fazendo-as
refletirem de suas atitudes erroneamente praticadas no dia a dia. Paralelamente, o
Ministério da Justiça e a imprensa deveriam, com a participação de profissionais da área,
divulgar campanhas publicitárias sobre a atual política referida aos resíduos, com a
abordagem sistemática sobre o perigo da compra elevada e suas consequências para o
ambiente, haveria, porquanto, um aumento da informatização e análise dos perigos
decorrentes do caráter de excessos atuais.
Uma maneira muito eficiente de se preparar para a prova de redação do Enem é ler
e analisar textos que atingiram uma nota alta dentro das cinco competências avaliadas.
Pensando nisso, selecionamos um texto, o qual foi enviado para o site do Projeto Redação,
que atingiu uma boa nota. Vamos refletir um pouco sobre alguns recursos que podem nos
ajudar a produzir um texto nota 1000?
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O texto selecionado é do tema 'A relação entre a responsabilidade social e os
resíduos urbanos no Brasil' cujo título é 'Crescente descaso'.
No primeiro parágrafo, o aluno apresenta o tema, utilizando um recurso muito interessante
que é a retomada histórica. Ele estabelece uma relação entre a Revolução Industrial, do
século XVIII, e a atualidade brasileira, focando na questão da elevação da produção de lixo.
Além disso, ele estabelece bem a tese a ser defendida, isto é, o ponto de vista que ele irá
defender: a falta de conscientização e o consumo elevado possibilitam o aumento desse
problema.
Os dois parágrafos seguintes são aqueles em que haverá a defesa da tese. No
segundo parágrafo, ele discute sobre a questão da conscientização, destacando o fato de
os sujeitos ignorarem a presença de lixeiras em locais públicos. Para fundamentar essa
discussão, o aluno utiliza outro recurso, a citação. Já o terceiro parágrafo do texto apresenta
uma discussão sobre o consumismo, fazendo outra retomada histórica e se referindo à
Política dos Resíduos Sólidos no Brasil.
O último parágrafo apresenta uma retomada da tese, com o intuito de finalizar o
texto, e mostra quais medidas deveriam ser tomadas para resolver esse problema, ou seja,
apresenta a proposta de intervenção. O aluno mobiliza agentes sociais, Ministérios e mídia,
mostrando o que precisa ser feito, como fazer e a funcionalidade de tais recursos.
Por fim, vale destacar o excelente domínio da modalidade escrita e o bom uso dos recursos
coesivos, o que garante uma excelente articulação das ideias e possibilita a compreensão
do ponto de vista defendido.
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