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CÂNCER

Fabiana Chagas
Oliveira de França
Novembro de 2021
DEFINIÇÃO: CÂNCER

A palavra câncer vem do grego karkínos, que quer dizer caranguejo.


Crescimento desordenado de células, tendem a ser muito agressivas e
incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se
para outras regiões do corpo.
Termo que abrange mais de 100 tipos de doenças, ex:
câncer originário do cólon = câncer de cólon;
câncer originário de células epiteliais da pele = carcinoma epitelial
COMO SURGE O CÂNCER?
O processo de carcinogênese ou oncogênese é dividido em três
estágios:

Iniciação:
as células sofrem ação dos
agentes cancerígenos;

Promoção:
os agentes oncopromotores
atuam na célula já alterada;

Progressão:
multiplicação descontrolada e
irreversível da célula.
MORTALIDADE CONFORME A LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA DO
TUMOR E SEXO

Fonte: Instituto Nacional de Câncer (INCA),


2021
https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer
FATORES DE RISCO

Causas internas: hormônios, condições


imunológicas
e mutações genéticas

Causas externas: drogas, radiações e agentes


infecciosos e parasitários; tabagismo;
alimentação inadequada; sedentarismo; álcool;
obesidade; etc.
DIAGNÓSTICO

Sinais e sintomas
Avaliação para marcadores tumorais (ex: PSA, Antígeno Prostático Específico)
Estudos histopatológicos, citológicos de uma biópsia ou fragmento do tumor
Estudos de imagem (radiografia ou tomografia computadorizada, ressonância
magnética)
Estadiamento (TNM): sistema e classificação para identificar a extensão do
tumor
T: tamanho do tumor
N: grau de extensão e disseminação para os linfonodos regionais
M: presença/ ausência de metástases
TRATAMENTO CLÍNICO

Objetivo: cura, controle ou cuidados paliativos

Modalidades convencionais (medico):


Quimioterapia
Imunoterapia
Radioterapia
Cirurgia isolada ou em combinação
QUIMIOTERAPIA

Uso de agentes químicos (citotóxicos,


preparações hormonais) ou medicações para
prevenir o desenvolvimento, maturação e
disseminação das células neoplásicas
Esses agentes interferem nas etapas ou fases
do ciclo celular, especificamente na síntese de
DNA e na replicação das células cancerosas.
QUIMIOTERAPIA

Principais efeitos colaterais:


 Náuseas e vômitos.
 Diarreias de curta duração;
 Íleo paralítico.
 Anormalidades do gosto; oligofagia.
 Queiloses, glossites, estomatites, esofagites,
mucosites,
 Efeitos tóxicos viscerais,
 Anemias e diminuição da função imune.
IMUNOTERAPIA

Modalidade terapêutica que induz o combate das células cancerígenas pelo


próprio sistema imunológico do organismo

 Fator de necrose tumoral (TNF): retenção de líquidos,


hipotensão, náuseas, vômitos, diarreia.
 Interleucina-2: hipotensão, retenção de líquidos, azotemia.
 Interferons: anorexia, náuseas/vômitos, diarréia, azotemia.
RADIOTERAPIA

Uso de raios de alta energia (radiação ionizante) em


múltiplas doses fracionadas para tratar o câncer

 Orofaríngea: impede a alimentação por via oral: lesões e diminuição da secreção


salivar
 Torácica: lesões esofágicas (estreitamento).
 Abdominopelviana: emagrecimento por anorexia, náuseas e vômitos, e diminuição
da função imune, diarreia com má absorção intestinal e enteropatia exsudativa.
CIRURGIA

Terapia definitiva quando o tumor está em estágio inicial e localizado em


condições anatômicas favoráveis. Para alguns tumores, a cirurgia é
inadequada, sendo indicado outro tratamento.
Efeitos: alterações vasculares, neurológicas e celulares com manifestações de
dor, calor, edema e perda de função do local do trauma cirúrgico.
TGI também é comprometido, devido a diminuição do peristaltismo e da
capacidade de absorção, principalmente quando há manipulação da cavidade
peritoneal
FATORES QUE AFETAM A RESPOSTA DO INDIVÍDUO AO
TRATAMENTO

 Carga tumoral (quanto maior o tumor, maior o risco de doença


metastática),
 Taxa de crescimento do tumor
 Resistência aos fármacos (tumores sofrem mutação à medida que vão
crescendo, as novas células cancerosas tendem a ser resistentes à
terapia).
 Doenças comórbidas (diabetes, doença renal, doença cardiopulmonar),
 Idade, apoio psicossocial, e saúde em geral
“O câncer e os seus tipos de tratamentos
representam uma causa potencial de
agravamento do emagrecimento e da
desnutrição.”
ASPECTOS NUTRICIONAIS NO CÂNCER

Pacientes com câncer podem


Doença catabólica em que o tumor apresentar alterações de ordem
maligno na maioria das vezes atua alimentar, gastrointestinal e
de forma a consumir as reservas metabólicas, podendo ainda
nutricionais do hospedeiro, ocorrer complicações como
levando a prejuízo nutricional nefrotoxicidade e infecções

Esses distúrbios
dependendo de sua
intensidade determinam um
importante risco de
desnutrição
ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES COM CÂNCER
DESNUTRIÇÃO
• ocorre em 25 a 50% dos indivíduos com câncer no momento do diagnóstico,
• isoladamente responsável por 1/5 das mortes em pacientes com neoplasia maligna
• pode prejudicar o resultado de medidas terapêuticas

CAQUEXIA
• Síndromemultifatorial caracterizada pela perda de massa muscular (com ou sem perda de
tecido adiposo), que não pode ser revertida com TN convencional e acarreta progressiva
disfunção orgânica.
• Caracterizada por balanço nitrogenado negativo, associado a anorexia e alterações metabólicas.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

 A assistência nutricional ao paciente oncológico deve ser individualizada e


incluir:

 Triagem,
 Avaliação,
 Cálculo das necessidades e a
 Terapia nutricional.

 Objetivo: prevenir ou reverter o declínio do estado nutricional; evitar a


progressão para um quadro de caquexia; melhorar o balanço nitrogenado,
reduzindo a proteólise e aumentar a resposta imune.
TRIAGEM e AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Avaliação Subjetiva Global Produzida Pelo Próprio Paciente (ASG-PPP)

 Ferramenta reconhecida pelo Oncology Nutrition Dietetic Group, da American


Dietetic Association
 Identifica indivíduos desnutridos e o tipo de intervenção nutricional mais adequada
 Compreende 2 seções: 1 para o paciente responder, e outra para o profissional de
saúde
 Ferramenta de fácil utilização e baixo custo
 Pode ser utilizada tanto em pacientes internados quanto os ambulatoriais
 Segundo o Consenso Brasileiro de Nutrição Oncológica a ASG-PPP deve ser
realizada nas primeiras 48h de internação dos pacientes
TRIAGEM e AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Avaliação Subjetiva Global Produzida Pelo Próprio Paciente (ASG-PPP)


Avalia o estado nutricional baseado:
 história de variação de peso
 ingestão de alimentos,
 sintomas gastrintestinais que persistem por 2 semanas, e capacidade funcional atual;
 exame físico: reserva subcutânea de gordura, muscular, formação de edemas e ascite.
 presença de condições catabólicas impostas por doenças crônicas, febre, corticosteroide e idade > 70 a.

Classifica o estado nutricional do indivíduo:


(A) bem nutrido,
(B) moderadamente desnutrido ou com risco nutricional e
(C) gravemente desnutrido,
escore ≥ 9 indica necessidade crítica de controle de sintomas e intervenção nutricional.

http://www.braspen.com.br/home/wp-content/uploads/2016/12/02-Valida%C3%A7%C3%A3o-da-vers%C3%A3o-em-portugu%C3%AAs-
da- avalia%C3%A7%C3%A3o-subjetiva-global-produzida-pelo-paciente.pdf
AVALIAÇÃO
NUTRICIONAL

Quadro-resumo das condutas definidas


sobre a triagem e a avaliação nutricional para o
paciente oncológico adulto nos períodos pré e
pós-operatórios.
TRATAMENTO NUTRICIONAL PARA PACIENTES
ONCOLÓGICOS

Objetivos: evitar ou minimizar a perda de peso corporal, cuidar de deficiências de


nutrientes específicos e prevenir complicações do tratamento, para então adotar
medidas que estimulem a aceitação, a digestão e a absorção da dieta por via oral ou
terapia nutricional enteral (TNE) ou parenteral (TNP).

Recomenda-se que a TN seja instituída de maneira planejada, imediatamente após


o diagnóstico de desnutrição ou a constatação de risco nutricional.

A TN deve iniciar-se com a triagem nutricional e se a ingestão dietética for menor que
60% das necessidades nutricionais durante mais de 10 dias.
RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL -
TRATAMENTO CLÍNICO
RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL -
TRATAMENTO CLÍNICO
RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL -
TRATAMENTO CLÍNICO
RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL -
TRATAMENTO CLÍNICO
RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL – CONDIÇÃO DO
PACIENTE
ORIENTAÇÕES DE MODIFICAÇÕES NA DIETA PARA PACIENTES COM
SINAIS E SINTOMAS RELACIONADOS AO TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Falta de apetite

■ Aumentar o fracionamento das refeições;


■ preparar pratos coloridos e variados;
■ modificar a consistência para a que for mais bem tolerada
(normal, branda, pastosa, semilíquida ou líquida);
■sugerir alterações para enriquecer as preparações, como: adição de azeite,
óleo vegetal, creme de leite ou manteiga em purês ou mingaus; uso de
farinhas instantâneas, aveia, amido de milho ou leite batido com frutas etc.
ORIENTAÇÕES DE MODIFICAÇÕES NA DIETA PARA PACIENTES COM
SINAIS E SINTOMAS RELACIONADOS AO TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Náuseas e vômitos

■ Restringir frituras e alimentos gordurosos;


■ evitar líquidos durante as refeições;
■ reduzir o volume e aumentar o fracionamento;
■ orientar para que a mastigação e a ingestão sejam lentas;
■ se não houver contraindicação, o consumo de sucos, picolés de frutas
cítricas e o hábito de chupar gelo ajudam a diminuir as náuseas.
ORIENTAÇÕES DE MODIFICAÇÕES NA DIETA PARA PACIENTES COM
SINAIS E SINTOMAS RELACIONADOS AO TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Disfagia e/ou odinofagia

■ Os alimentos devem ser preparados na consistência que for mais bem


tolerada e que ofereça menos dificuldade para mastigar ou engolir (branda,
pastosa ou líquida);
■ orientar ingestão de pequenos goles de água ou suco durante as
refeições para ajudar a engolir;
■ reduzir o volume e aumentar o fracionamento das refeições
ORIENTAÇÕES DE MODIFICAÇÕES NA DIETA PARA PACIENTES COM
SINAIS E SINTOMAS RELACIONADOS AO TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Mucosite
■ Restringir alimentos ácidos, picantes, muito condimentados ou salgados;
■modificar a consistência para a que for mais bem tolerada (branda,
pastosa, semilíquida ou líquida);
■ evitar alimentos quentes.

Xerostomia
■ Evitar alimentos secos;
■ as preparações devem conter caldos ou molhos;
■ se não houver contraindicação, o uso de gomas de mascar (menta), gelo e
picolés podem ajudar a produzir saliva.
ORIENTAÇÕES DE MODIFICAÇÕES NA DIETA PARA PACIENTES COM
SINAIS E SINTOMAS RELACIONADOS AO TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Diarreia
■ aumentar a ingestão hídrica;
■ orientar o consumo de alimentos com ação constipante;
■ evitar frituras, alimentos gordurosos e açucarados, além de leite e seus
derivados;
■ restringir os alimentos com ação laxativa.

Constipação intestinal
■ aumentar a ingestão hídrica;
■ orientar o consumo de alimentos ricos em fibras ou com ação laxativa;
■ restringir os alimentos com ação constipante
CONCLUSÕES

A nutrição tem uma forte relação com o tratamento do câncer

Um estilo de vida saudável e uma alimentação adequada são


importantes na prevenção do câncer

O acompanhamento nutricional é essencial no tratamento e


seguimento do paciente oncológico

Além do papel de nutrir, somos essenciais na melhora da qualidade


de vida do paciente
REFERÊNCIAS

CUPPARI, L. Guia de Nutrição Clínica no Adulto. Editora Manole, 2014. [Minha Biblioteca].
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520438237/pageid/0
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14ª ed.,
Ed. Elsevier, 2018.

ROSSI, Luciana, POLTRONIERI, Fabiana. Tratado de Nutrição e Dietoterapia. São Paulo:


GEN, 2019. Disponível:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527735476/cfi/6/2!/4/2@0.00:0

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