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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS


ASSESSORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

geotecnologias
e suas aplicações

Disciplina: Resposta Espectral de Alvos

Prof.º Ms. Prof.º Gabriel Pereira


Prof.º Fábio Marcelo Breunig

AEDI - UFPA
2012
GABRIEL PEREIRA1
1
Doutorando em Sensoriamento Remoto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) e em Geografia Física na Universidade de São Paulo (USP). Sec. PG-SER, Av.
dos Astronautas 1758, Jardim da Granja, São José dos Campos, SP. CEP: 12227-010.

FÁBIO MARCELO BREUNIG2


2
Prof. Adjunto Dr. Centro de Educação Superior do Norte do RS / Universidade Federal
de Santa Maria – CESNORS/UFSM. Sala 59, bloco de apoio 4, CESNORS. Linha sete
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS

de Setembro, s/n. Frederico Westphalen, RS. CEP: 98400-000.


RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

3
O sensoriamento remoto pode ser definido como o conjunto de técnicas relaciona-
das com a aquisição de informações e a análise de objetos sem o contato físico com este.
Neste contexto, a interação dos alvos com a radiação eletromagnética está relacionada com
as propriedades físico-químicas e biológicas dos mesmos. Tais informações são adquiri-
das a partir de sensores remotos que detectam e convertem, em níveis digitais, a radiação
eletromagnética refletida ou emitida por determinado objeto da superfície terrestre. Desta
forma, o o esse documento aborda noções teóricas sobre as principais grandezas radiomé-
tricas, interações da radiação eletromagnética com os objetos, superfície lambertiana e o
fator de reflectância espectral. Ainda, serão abordadas noções gerais sobre radiômetros e
espectrorradiômetros, noções sobre a geometria de aquisição de dados, medições no labo-
ratório e no campo, procedimentos para a calibração dos espectrorradiômetros e placas
de referência, além da influência atmosférica nas medidas radiométricas. Finalmente, é
salientado a respeito do comportamento espectral de diversos alvos da superfície, como a
vegetação, os minerais e rochas, os solos, a água e as superfícies construídas.
RESUMO
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

4
1. INTRODUÇÃO 7

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DE RADIOMETRIA 7


2.1. Grandezas Radiométricas 7
2.2. Interação da radiação eletromagnética com os objetos 12
2.3. Superfície Lambertiana e Fator de Reflectância Espectral 13

3. MEDIÇÕES ESPECTRAIS 16
3.1. Radiômetros e espectrorradiômetros 16
3.2. Geometria de aquisição de dados, medições no Laboratório e no Campo e
procedimentos para a calibração dos espectrorradiômetros e placas de referência 18
3.3. Influência Atmosférica nas medidas radiométricas 20

4. RESPOSTA ESPECTRAL DOS ALVOS 23


4.1. Comportamento espectral da vegetação 23
4.2. Comportamento espectral dos solos 25
4.3. Comportamento espectral de rochas e minerais 29
4.4. Comportamento espectral da água 32
4.5. Comportamento espectral de superfícies artificiais urbanas 35
SUMÁRIO

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 37

6. BIBLIOGRAFIA 38
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

5
- Figura 1. Onda eletromagnética composta pelos campos magnético e elétrico,
perpendiculares entre si. 8
- Figura 2. Lei do cosseno da irradiância. 10
- Figura 3. Exitância referente à densidade de fluxo radiante emergente. 10
- Figura 4. Ângulo sólido de uma superfície qualquer. 11
- Figura 5. Intensidade Radiante. 11
- Figura 6. Radiância. 12
Figura 7. (a) Unidade detectora e sistema de processamento; (b) Filtros, lentes e
detectores; (c) Área amostral (IFOV). 17
- Figura 8. Esboço do cálculo da área amostral (IFOV) de um espectrorradiômet-
ro. 18
- Figura 9. Principais fatores e trajetórias da radiância espectral que atenuam, in-
crementam e ocasionam ruídos no sinal captado pelos sensores. 22
- Figura 10. (a) Fluxo Radiante incidente (Φi) e os processos de reflexão (Φr),
absorção (Φa) e transmissão (Φt); (b) Interação de uma folha com a radiação eletromag-
LISTA DE FIGURAS

nética separada em faixas espectrais referentes ao azul (B), verde (G), vermelho (R) e
infravermelho próximo (IR); e (c) Representação gráfica desta interação em bandas e em
medidas contínuas. 23
- Figura 11. Assinatura espectral de uma folha. 24
- Figura 12. Assinatura espectral de 3 minerais constituintes dos solos (gibbsita,
montmorilonita e caulinita). 25
- Figura 13. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de umidade.
26
- Figura 14. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de matéria orgâni-
ca. 27
- Figura 15. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de granulome-
tria. 27
- Figura 16. Assinatura espectral de diversos tipos de rochas ígneas (a), sedimen-
tares (b) e metamórficas (c). 30
- Figura 17. Assinatura espectral de diversos minerais presentes nas rochas.
32
- Figura 18. Assinatura espectral de de diversas concentrações de clorofila-a.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

33
- Figura 19. Coeficiente de absorção da matéria orgânica dissolvida. 34
- Figura 20. Assinatura espectral de diferentes concentrações de matéria inorgâni-
ca em suspensão com sedimento argiloso. 35
- Figura 21. Assinatura espectral dos materiais mais comuns encontrados em am-
bientes urbanos. 37

6
1. INTRODUÇÃO

O sensoriamento remoto se firmou como uma técnica capaz de dar suporte ao estudo de diversas variáveis
ambientais devido à sua aplicabilidade nas ciências físicas, biológicas e sociais. Pode-se definir sensoriamento
remoto como o conjunto de métodos para a obtenção de informações físico-químicas e biológicas de determinado
objeto sem o contato físico com este. De um modo geral, estas informações são adquiridas a partir de sensores
remotos que detectam e convertem, em níveis digitais (ou níveis de cinza), a radiação eletromagnética refletida
ou emitida por determinado objeto.

O grande desenvolvimento de programas voltados à aquisição de dados ambientais através de satélites,


como o programa ERTS (Earth Resource Technology Satellite) criado na década de 60 (sessenta), e que mais
tarde com o lançamento do segundo satélite da série, renomeado para LANDSAT, permitiram a maior e mais
contínua cobertura temporal de cenários terrestres possibilitando diversos estudos ambientais (Thome, 2001).
Desta forma, em muitas aplicações que utilizam imagens de satélite, a acurácia radiométrica e de posicionamento
surgem como aspectos de fundamental relevância, alterando os resultados obtidos . Teillet (1997) e Röder et al.
(2005) enumeraram características do sensor, topografia, iluminação, sombra, direções de visada/iluminação e
contribuições atmosféricas como parâmetros que influenciam a qualidade radiométrica e, consequentemente,
devem ser representados para que o usuário possa obter valores físicos mais precisos.

O uso de sistemas sensores para aquisição de dados terrestres, em nível de campo ou laboratório, obtidos
a partir da radiação eletromagnética emitida ou refletida por estes alvos , é fundamental para o entendimento
e estudo da resposta espectral dos alvos. Aliado a isso, os sistemas sensores, usados para essa medição,
normalmente são categorizados em função da região espectral em que operam (Moreira, 2005). Pode-se definir
a resposta espectral dos alvos ou comportamento espectral dos alvos como a relação entre o fluxo refletido e o
fluxo incidente para cada comprimento de onda do espectro eletromagnético (curvas de reflectância espectral).
Desta forma, cada objeto terrestre irá interagir diferentemente com a radiação eletromagnética devido à suas
características físico-químicas e biológicas , originando uma espécie de assinatura espectral única.

De acordo com Novo (1989), o conhecimento da resposta espectral dos alvos é de grande importância,
visto que permite a extração de informações de imagens de sensores remotos, a definição das características
prioritárias de novos sensores/instrumentos de acordo com a aplicação, o pré-processamento e a forma de
aquisição dos dados (geometria, frequência, altura do imageamento, resolução, entre outros). Além disto, ele
é necessário para a seleção das melhores combinações de bandas e filtros. Todavia, a observação de uma curva
espectral de um alvo sem o conhecimento das condições de obtenção da mesma, ou seja, dos instrumentos e das
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

condições experimentais em que as medidas foram obtidas, não fornece informações suficientes sobre o mesmo
(Jensen, 2007).

Ressalta-se que a reflectância espectral de um objeto pode ser estimada em todos os níveis de aquisição
de dados (orbital, aéreo, campo, laboratório), porém, os resultados obtidos serão diferentes, já que cada um
deles é afetado por fatores como a geometria de aquisição de dados, atenuação atmosférica e outros parâmetros
relativos ao alvo e a mistura espectral. Em laboratório, estes fatores podem ser controlados, entretanto, no
campo eles devem ser conhecidos para que correções possam ser feitas através de placas de referência (Novo,
1989).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DE RADIOMETRIA



2.1. Grandezas Radiométricas
Por muitos séculos os cientistas consideravam que a radiação eletromagnética se comportava como

7
um fenômeno ondulatório ou como partículas discretas. Em meados de 1860, James C. Maxwell (1831-1879),
físico inglês, definiu a radiação eletromagnética como uma onda eletromagnética constituída de dois campos,
perpendiculares entre si, um elétrico e outro eletromagnético (Figura 1), que se desloca no espaço com uma
velocidade de aproximadamente 300.000 km.s-1. A relação entre o comprimento de onda (λ) e frequência (ƒ)
da radiação eletromagnética é baseada na equação 1:
c=λf

(1)
em que c representa a velocidade (m.s-1), λ o comprimento de onda (m) e ƒ a frequência (Hertz, Hz).

Figura 1. Onda eletromagnética composta pelos campos magnético e elétrico, perpendiculares entre si.
Fonte: Adaptado de Jensen (2007).
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Além de suas propriedades ondulatórias, a radiação eletromagnética pode se comportar como partícula
(explicada a partir da teoria corpuscular de Isaac Newton em 1704). No século XX, Niels Bohr (1885-1962)
e Max Planck (1858-1947) reconheceram a natureza discreta das trocas de energia radiante e propuseram a
teoria quântica da radiação eletromagnética. Nesta teoria a energia é transferida na forma de pacotes discretos
denominados quantum ou fóton. Neste caso, a quantidade de energia quântica discretizada é dada pela equação
2:
Q = . f (2)
em que representa a Energia Radiante (Joules, J), a constante de Planck (6,626 x 10-34 Js) e ƒ a frequência
(Hz). A energia radiante representa a quantidade de energia transportada pela radiação eletromagnética com
a capacidade de realizar um trabalho físico, aquecer um objeto ou causar uma mudança no estado da matéria.
Pode-se concluir que a energia presente no quantum é proporcional à frequência, ou seja, quanto maior a
frequência maior a energia contida na partícula. Ainda, a equação 2, que representa a energia radiante,
pode ser expressa em relação ao comprimento de onda proveniente da equação 1:

8
c
Q=
λ
(3)

Percebe-se que a energia de um quantum é inversamente proporcional a seu comprimento de onda.


Assim, quanto maior o comprimento de onda como, por exemplo, ondas na região do espectro eletromagnético
referente ao infravermelho distante ou mesmo ondas de rádio, menor será o quantidade de energia envolvida
no processo, tornando difícil a detecção por sensores remotos (Jensen, 2007).
A partir da energia radiante, podem-se estabelecer várias grandezas radiométricas. Estas são importantes
no estudo da resposta espectral dos alvos e nos processos envolvidos na radiometria. O Fluxo Radiante (Φ)
ou Potência Radiante é a quantidade de energia radiante que passa de uma posição para outra em determinado
intervalo de tempo em segundos (s), representado por:
∂Q
Φ=
∂t
(4)
em que Φ representa o fluxo radiante (Js-1 ou Watt, W), a quantidade de energia radiante e o período de tempo
(s). Destaca-se que o fluxo radiante pode ser incidente (Φi), absorvido (Φa), refletido (Φr) e transmitido (Φt) e é
medido por sensores remotos em uma fração muito pequena de tempo (integração em sistemas eletro-ópticos).

A Irradiância (E) ou densidade de fluxo radiante incidente (Figura 2) é a quantidade de fluxo radiante
por unidade de área da superfície, ou seja, é a energia radiante que atravessa uma determinada superfície num
intervalo de tempo.

∂Φ i ∂Q
E
= =
∂A ∂t ∂A
(5)
em que E representa a irradiância (W.m ) e A é a área da superfície (m ). Entretanto, a equação acima é valida
-2 2

apenas para superfícies planas e para um fluxo radiante unidirecional que incide perpendicularmente sobre uma
determinada área. Em casos na qual a direção do fluxo é inclinada (Figura 2) em relação ao ângulo θ entre
a normal e à superfície, a área de incidência aumenta significativamente, porém, o fluxo radiante permanece
inalterado. Deste modo, a irradiância diminui, pois o fluxo radiante incide em uma área maior. A variação da
irradiância com o ângulo de incidência é descrita pela lei do cosseno da irradiância:
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∂Φ i
Eθ =
∂A
(6)

∂Φ i ∂Φ i
E0 = ∴ E0 cos θ =
∂A cos θ ∂A
(7)

Substituindo 7 em 6 temos:
Eθ = E0 cos θ
(8)

9
Figura 2. Lei do cosseno da irradiância.

A Exitância Radiante (M) representa a densidade de fluxo radiante emergente de uma superfície por
unidade de área desta superfície (Figura 3), ou seja, é a energia radiante que deixa uma determinada área:
∂Φ out
M=
∂A
(9)
em que M é a exitância radiante (Wm-2) e representa o fluxo radiante que deixa determinada superfície (W).
Ressalta-se que a única diferença entre a irradiância e a exitância radiante é o sentido do fluxo radiante.
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Figura 3. Exitância referente à densidade de fluxo radiante emergente.

O ângulo sólido (ω) representa os ângulos em três dimensões e proporciona uma noção do campo de
visão de determinado objeto ou fonte (Figura 4). Este caracteriza o ângulo cônico subentendido por uma porção
da esfera e é definido como a razão entre a área e o quadrado do raio da esfera, obtida a partir da equação 10:
10
∂A cos θ
∂ω = 2
r
(10)
em que ω representa o ângulo sólido (esferorradiano, sr) e r o raio da esfera (m).

Figura 4. Ângulo sólido de uma superfície qualquer.

A Intensidade Radiante (I) é o fluxo irradiado de uma fonte pontual em uma dada direção, mensurada
em determinado ângulo sólido infinitesimal (Figura 5):

∂Φ
I=
∂ω
(11)
em que I representa a intensidade radiante (W.sr ). Pode-se definir uma fonte pontual como uma fonte na qual
-1

sua dimensão é considerada desprezível quando comparada com a distância em relação ao observador.
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Figura 5. Intensidade Radiante.

11
A Radiância (L) é uma das mais importantes grandezas radiométricas no sensoriamento remoto, sendo
independente da distancia alvo-sensor enquanto o alvo for homogêneo. Esta descreve a distribuição da radiação
no espaço e representa o “brilho” de um elemento na superfície. A radiância de uma amostra da superfície em
uma determinada direção pode ser calculada pela razão entre o fluxo radiante refletido ou emitido por unidade
de área projetada e por unidade de ângulo sólido na direção considerada (Figura 6).

∂Φ
L=
∂ω ∂A cos θ
(12)
em que L representa a radiância (Wm-2sr-1)

Figura 6. Radiância.

2.2. Interação da radiação eletromagnética com os objetos

A interação da radiação eletromagnética com os alvos terrestres pode ser realizada a partir de três
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processos: absorção, reflexão e transmissão. De acordo com a lei de Kirchhoff de conservação de energia, a
soma do fluxo radiante refletido em cada comprimento de onda (Φr,λ), do fluxo radiante absorvido em cada
comprimento de onda (Φr,λ) e do fluxo radiante transmitido em cada comprimento de onda (Φr,λ) será igual
ao fluxo radiante incidente em determinado objeto em cada comprimento de onda (Φi,λ), como visualizado na
equação 13:
Φ i ,λ = Φ r ,λ + Φ a ,λ + Φ t ,λ
(13)
Ressalta-se que esta relação é fundamentada no total do fluxo radiante incidente proveniente de qualquer
ângulo contido em um hemisfério como, por exemplo, metade de uma esfera. Ainda, a radiação eletromagnética
irá interagir diferentemente com cada objeto tendo em vista suas características físico-químicas e biológicas, de
forma que a soma de cada componente refletida, absorvida e/ou transmitida normalizada em relação ao fluxo
radiante incidente será sempre 1 (um):

Φ Φ Φ
1 = refletido ,λ + absorvido ,λ + transmitido ,λ
Φ i ,λ Φ i ,λ Φ i ,λ
(14) 12
A partir da equação 14, pode-se definir matematicamente a reflectância, a absortância e a transmitância
de determinado objeto. A reflectância hemisférica espectral (ρλ), adimensional, é caracterizada pela razão entre
o fluxo radiante refletido pelo objeto e o fluxo radiante nele incidido em cada comprimento de onda (equação
15). Esta se refere à parte do fluxo radiante incidente que é refletida pelo material ou é espalhada/desviada para
outras direções de propagação diferentes da direção inicial.

Φ refletido ,λ
ρλ =
Φ i ,λ
(15)

A transmitância hemisférica espectral (τλ), adimensional, pode ser definida como a razão entre o
fluxo radiante transmitido pelo objeto e o fluxo radiante nele incidido em cada comprimento de onda. Nesta
propriedade de cada objeto ou superfície, a energia incidente não sofre interação com o material, sendo
inteiramente transmitida através deste.

Φ transmitido ,λ
τλ =
Φ i ,λ
(16)

A absortância hemisférica espectral (αλ), adimensional, pode ser definida como a razão entre o fluxo
radiante absorvido pelo objeto e o fluxo radiante nele incidido em cada comprimento de onda. Neste caso, parte
da energia é absorvida pelos átomos e moléculas que compõem cada objeto, aumentando a energia interna
deste.

Φ
α λ = absorvido ,λ ∴ αλ =
1 − ( ρλ + τ λ )
Φ i ,λ
(17)

2.3. Superfície Lambertiana e Fator de Reflectância Espectral

Para entender o conceito de fator de reflectância, torna-se necessário compreender, primeiramente,


a definição de superfície lambertiana. A maioria dos objetos da superfície terrestre são perceptiveis ao olho
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humano porque recebem radiação eletromagnética de outras fontes, na região do espectro eletromagnético
referente ao visível, como, por exemplo, o sol, as lâmpadas, entre outras. Dada as características físico-
químicas e biológicas de cada alvo, a radiação eletromagnética irá interagir com este e parte será refletida.
Consequentemente, superfícies muito lisas como, por exemplo, espelhos e materiais metálicos, apresentam
uma direção preferencial de reflexão (reflectância especular).

Entretanto, superfícies porosas tendem a refletir a radiação eletromagnética em todas as direções. Estas
superfícies são conhecidas como superfícies difusas ou lambertianas, ou seja, a intensidade radiante (I) varia
de acordo com o cosseno do ângulo de incidência em relação à normal (Lei do Cosseno de Lambert).
Iθ = I o cos θ
(18)

13
Todavia, a radiância refletida ou emitida de uma superfície difusa ou lambertiana pode ser calculada a
partir da razão entre a intensidade radiante e a área projetada na direção da medição, indicando que a radiância
de uma superfície lambertiana não varia com a direção de observação.

∂Φ ∂Φ ∂Iθ
L= e I= ∴ L=
∂ω ∂A cos θ ∂ω ∂A cos θ
(19)

Para fontes lambertianas utiliza-se a equação 18, logo uma superfície lambertiana independe do ângulo
de visada:

∂I o cos θ ∂I o
L
= = = cte
∂A cos θ ∂A
(20)

A Radiância proveniente de um alvo pode ser considerada como a principal grandeza radiométrica
para a obtenção de propriedades intrínsecas do objeto como, por exemplo, o espectro de reflectância. Porém,
para obter a reflectância de determinado objeto a partir da radiância é necessário relacioná-la com a exitância
radiante e irradiância. Pode-se calcular o ângulo sólido a partir da relação geométrica entre suas componentes
zenital e azimutal (φ).
∂=ω sen θ ∂θ ∂ϕ
(21)

Utilizando o fluxo radiante que sai de uma determinada área (exitância radiante), podemos descrever a
radiância como:

∂M
L(θ ,ϕ )
= ∴ ∂M L cos θ sen θ ∂θ ∂ϕ
=
cos θ sen θ ∂θ ∂ϕ
(22)

Integrando-se zenitalmente (0 a π/2), azimutalmente (0 a 2π) e sabendo que a radiância é constante para
superfícies lambertianas, tem-se:
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π /2 2π
=M L∫ ∫ cos θ sen θ ∂θ ∂ϕ
0 0

(23)

 π
2
2

 sen 2θ 
π /2  sen  − ( sen 0 )  1
2
[ϕ ]0 ∴ L   ( 2π − 0 ) 

=M L  → L 2π
 2 0  2  2
 
 
(24)
M =πL
(25)

14
Aplicando-se um artifício matemático (divisão dos termos da equação pela área da superfície), pode-se
relacionar a radiância da equação 25 com a reflectância de cada alvo a partir do fluxo radiante que deixa um
alvo e o fluxo radiante incidente:

δΦ out
δΦ out δA M
=ρ = =
δΦ in δΦ in E
δA
(26)
ρE
M = ρ E ; M = π L ∴ ρ E = π L ou L =
π
(27)

Contudo, geralmente os alvos naturais não são perfeitamente difusos, sendo assim, a intensidade do fluxo
refletido varia com o ângulo de saída. Consequentemente, a radiação eletromagnética irá compreender duas
distribuições hemisféricas, uma de entrada e outra de saída, sendo a interação entre essas duas que compreende
o foco de interesse no campo da espectroscopia (Milton, 1987).

Segundo Milton (1987) a reflectância pode ser dada pela equação 28, entretanto, o cálculo de não é
possível, devendo-se então, achar uma alternativa para o fator de reflectância. Esta alternativa é encontrada
através da padronização da radiância refletida de uma superfície por outra superfície perfeitamente difusa
(lambertiana ideal) sobre as mesmas condições de irradiação (iluminação, θ) e de geometria (observação, ϕ).

∂L(θr ,φr )π
ρ=
∂E(θi ,φi )
(28)

Define-se Fator de Reflectância Espectral (FRλ) como a razão entre a radiância espectral da amostra
(Lλ,a) pela radiância espectral de uma superfície lambertiana ideal (Lλ,r), nas mesmas condições de iluminação
e observação:

La(θ i ,φi ;θo ,φo ;λ )


FR(θ i ,φi ;θo ,φo ;λ ) =
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Lr(θ i ,φi ;θo ,φo ;λ )


(29)

Pode-se dizer que o fator de reflectância espectral equivale à reflectância do alvo se mantidas a mesma
geometria de observação e a mesma irradiância, como demonstrado abaixo:

Laλ ρλ Eλ
=FRλ = , sendo Lλ
Lrλ π
(30)

Portanto,

15
ρλ ,a Eλ
π ρ
λ ,a
=FRλ =
ρλ ,r Eλ ρλ ,r
π
(31)
Para uma superfície lambertiana ideal a reflectância espectral é igual a 1 (100%) em todo o espectro
eletromagnético. Logo, o fator de reflectância espectral do alvo é igual à reflectância espectral deste:

ρλ ,a
FRλ = ∴ FRλ = ρλ ,a
1
(32)

Em geral, os fluxos considerados na determinação da reflectância estão contidos em dois ângulos


sólidos (incidente e observado). Desta forma, quando o ângulo de incidência do objeto for menor do que 20º,
este é denominado direcional. Do mesmo modo, ângulos entre 20 e 170º, recebem a denominação de cônico.
Por sua vez, ângulos maiores que 170º são denominados hemisféricos. Ainda, tanto o ângulo de iluminação
quanto o ângulo de observação podem ter, por exemplo, valores inferiores a 20º, o que caracteriza um fator
de reflectância bi-direcional ou mesmo um ângulo de incidência de 40º e ângulo de observação de 6º (fator de
reflectância cônica-direcional). Sobre a terminologia das medidas de reflectância e a geometria de aquisição e
iluminação sugerimos a revisão de Schaepman-Strub et al. (2006).

3. MEDIÇÕES ESPECTRAIS

3.1 - Radiômetros e espectrorradiômetros

Os radiômetros são instrumentos utilizados para medir o fluxo radiante de determinado objeto ou fonte.
Entre as principais características dos radiômetros ressalta-se a capacidade de medir as grandezas radiométricas
em regiões do espectro eletromagnético referentes ao ultravioleta, visível, infravermelho próximo, infravermelho
médio, infravermelho termal, entre outras. Além disso, as medidas realizadas por estes instrumentos podem
ser realizadas para um determinado intervalo do espectro (multiespectral ou “in band”) ou em faixas espectrais
estreitas, sendo, então, denominados espectrorradiômetros.
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Entre os principais componentes dos radiômetros e espectrorradiômetros destacam-se: a) os


componentes ópticos (espelhos, lentes), responsáveis por direcionar os fluxos radiantes espectrais (cada λ) para
detectores específicos; b) filtros e seletores, que selecionam o intervalo espectral que sensibiliza cada detector;
c) detectores, responsáveis por receber a radiação eletromagnética e produzir um sinal elétrico proporcional à
energia absorvida pelos componentes químicos que constituem este componente; e d) componentes eletrônicos
e unidades de saída, dispositivos responsáveis por amplificar, digitalizar e eliminar os ruídos eletrônicos gerados
no processo de sensibilização dos detectores, assim como, processar os dados e originar formatos compatíveis
para a visualização e exportação.

Nos últimos anos o número de espectrorradiômetros e sensores espectrais aerotransportados têm


aumentado significativamente. Cada instrumento possui suas características, como, por exemplo, resolução
espectral, intervalo de amostragem, faixa do espectro eletromagnético em que atua, área amostral (Instataneous
Field of View – IFOV), resolução radiométrica, entre outras. Entre os principais espectrorradiômetros pode-se

16
citar o PIMA II, ASD FieldSpec Pro e CSIRO Core Logger. Uma das grandes vantagens de utilizada sensores
terrestres ou aerotransportados em relação aos orbitais refere-se à alta relação entre o sinal e o ruído (SNR).
Quando maior for essa relação melhor é a qualidade do espectro/medida gerada.

O PIMA II caracteriza-se por emitir a própria fonte de radiação eletromagnética que irá interagir com
os alvos e ser observado pelo sensor. Entre as principais especificações do PIMA II destacam-se as 601 bandas
que adquirem informações na faixa do espectro eletromagnético entre 1300 a 2500nm. Este equipamento é
utilizado principalmente para a análise do comportamento espectral de solos e minerais e equivale a obtenção
de informações na faixa espectral do SWIR (infravermelho de ondas curtas).

Diferentemente do PIMA II, os espectrorradiômetros FieldSpec Pro e CSIRO Core Logger necessitam
que uma fonte externa de radiação eletromagnética incida no alvo como, por exemplo, o sol ou uma lâmpada
halógena (que emite radiação eletromagnética na faixa espectral dos instrumentos). O FieldSpec Pro é fabricado
pela empresa norte-americana Analytical Spectral Devices (ASD). O intervalo espectral abrangido pelo
FieldSpec Pro FR é de 350 a 2500 nm, sua resolução espectral é de 3 a 10 nm, separadas em 1250 bandas, e o
tempo para aquisição de dados é de aproximadamente 1/10 de segundo por espectro. Este espectrorradiômetro
possui várias aplicações nas ciências ambientais e possibilita a coleta de espectros de radiância e de reflectância
no intervalo espectral de grande parte dos satélites orbitais, sendo comumente utilizado como verdade terrestre
e para originar bibliotecas espectrais.

O CSIRO Core Logger é um espectrorradiômetro não portátil com 200 bandas entre 400 e 2500 nm.
Neste equipamento, enquanto uma lâmpada halógena provém o fluxo radiante necessário, o sistema realiza
uma varredura contínua a cada centímetro ao longo de uma área amostral, permitindo uma análise de 500
metros por dia (Mauger, 2003). A Figura 7 exemplifica um espectrorradiômetro óptico e sua área projetada em
função do campo de visada.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

Figura 7. (a) Unidade detectora e sistema de processamento; (b) Filtros, lentes e detectores; (c) Área amostral
(IFOV).

O cálculo da área amostral leva em consideração o campo de visada e a altura do sensor até a superfície
de referência. Desta forma, se um radiômetro ou espectrorradiômetro possuir um campo de visada α, a área
projetada pelos detectores será uma relação trigonométrica de triângulos retângulos com ângulo α/2 (Figura
17
8). Ressalta-se que a projeção dos detectores na superfície é elíptica, porém, é comum utilizar a área de um
quadrado (equação 33) ou mesmo de um círculo.

Área Amostral(cm2 )= {2*[(tanα/2)*Altura (cm) ] }^2


(33)

Figura 8. Esboço do cálculo da área amostral (IFOV) de um espectrorradiômetro.

3.2. Geometria de aquisição de dados, medições no Laboratório e no Campo e procedimentos para a calibração
dos espectrorradiômetros e placas de referência

A geometria de aquisição de dados de sensoriamento remoto, tanto em campo quando em laboratório,


exige que algumas normas sejam seguidas para melhorar a consistência e a acurácia dos dados coletados por
radiômetros e espectrorradiômetros. Dentre elas, sugere-se:
a) O uso de um mastro ou um tripé sempre que possível para assegurar uma geometria fixa entre o
sensor, a placa de referência e o alvo;
b) Certificar que a área projetada pelo IFOV do sensor esteja sobre o objeto na qual se deseje mensurar;
c) Sempre nivelar o sensor e ao posicionar outro equipamento (no caso de coleta em campo), manter a
mesma geometria de coleta em relação ao sol (com exceção de estudos de anisotropia);
d) Certificar que a placa de referência preencha o campo de visada do sensor e que o mesmo não projete
sua sombra sobre a placa de referência;
e) Se possível, posicionar um piranômetro próximo à área de estudo durante a obtenção das medidas,
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

pois permitirá que todas as anomalias nos dados sejam preliminarmente relacionadas e possivelmente corrigidas
ou descartadas;
f) Analisar a variabilidade atmosférica, interrompendo a tomada de medidas em eventuais encobrimentos
parciais por nuvem;
g) Utilizar, quando possível, roupa escura;
h) Manter uma distância significativa do alvo e não projetar sua sombra sobre o mesmo;
i) Manter veículos e materiais que possam refletir a radiação eletromagnética na direção do alvo a uma
distância considerável (Milton, 1987).

Ainda, é importante verificar as condições do alvo (presença de umidade, orvalho, achatamentos,


sombra, objetos próximos, entre outros) e anotar a sequência das medidas para posterior análise. Além disso,
sempre que possível associar as medidas com as seguintes informações: localização geográfica (latitude e
longitude); horário da medida (hora e minutos); condições do céu, tipo e quantidade de nuvens, se existirem;
nome e número de série do instrumento utilizado; a altura do sensor em relação ao alvo; tamanho da área
amostral projetada na superfície; tempo decorrido entre as medidas da placa e do alvo; e anotar quando houver
18
atraso entre a medida do alvo e a medida da placa de referência (Milton, 1987).

No sensoriamento remoto, a interação dos alvos com a radiação eletromagnética está relacionada com
as propriedades físico-químicas e biológicas dos mesmos, sendo que esta interação descreve sua resposta
espectral (Novo, 1998; Moraes et al., 1996), que pode ser medida por instrumentos óptico-eletrônicos capazes
de registrar a interação do alvo com a radiação ao longo do espectro eletromagnético. Em campo é possível
obter a resposta espectral de um objeto interagindo com o seu meio e em laboratório é possível controlar
o ambiente em torno do alvo. Porém, em ambos os casos deve-se sempre verificar a calibração da unidade
detectora e da placa de referência.

Em muitas práticas de campo e laboratório, é comum utilizar uma unidade detectora que não foi calibrada
recentemente, ou mesmo uma placa de referência feita de outros materiais ou que se encontra danificada ou
suja, produzindo uma resposta abaixo da esperada (superfície lambertiana com reflectância espectral próxima
a 100%). Nestes casos, torna-se necessária a calibração da unidade detectora a partir de uma unidade detectora
calibrada, assim como, a calibração da placa de referência utilizada a partir de uma placa padrão de laboratório.

Desta forma, em experimentos que utilizem duas unidades detectoras ou uma unidade detectora não
calibrada, o fator de reflectância espectral deve sofrer correções devido às diferenças de sensibilidade e ruído
entre as unidades detectoras. Nestes casos, o fator de intercalibração espectral entre a radiância espectral da
unidade detectora utilizada nas medidas (Lλ,1) e a a radiância espectral da unidade detectora padrão (Lλ,2) é
dado por:

Lλ ,1
Iλ =
Lλ ,2
(34)

Do mesmo modo, o fator de intercalibração espectral entre a radiância espectral da placa padrão de
laboratório (Lλ,p) e a radiância espectral da placa de referência utilizada nas medidas (Lλ,r) é dado por:

Lλ , p
Kλ =
Lλ ,r
(35)
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

A partir dos coeficientes acima, obtém-se o Fator de Reflectância Espectral (FRλ) a partir de:

La(θ i ,φi ;θo ,φo ;λ )


FR(θ i ,φi ;θo ,φo ;λ ) =
Lr(θ i ,φi ;θo ,φo ;λ ) I λ K λ
(36)

Ressalta-se que as curvas espectrais dos alvos na superfície terrestre podem variar de acordo com a
posição do Sol (azimute solar), ângulo de elevação solar e direção de apontamento do sensor (em relação
ao nadir). Neste sentido, a observação da curva espectral de um alvo, sem o conhecimento das condições de
aquisição, dos instrumentos e das condições experimentais em que as medidas foram obtidas, não fornecem
informações suficientes sobre os mesmos (Goltz, 2005). Ainda, as condições geométricas da aquisição dos dados
de sensoriamento remoto são muito importantes na definição dos tipos de produtos gerados, uma vez que a falta
destas informações implica em ambiguidade e erros na terminologia utilizada para a definição dos produtos
e, consequentemente, erros na aplicação destes dados pela comunidade científica. Ainda, frequentemente é
19
negligenciada a descrição das condições físicas das medidas (geometrias, condições atmosféricas), dificultando
o entendimento e aplicação dos dados obtidos (Schaepman-Strub et al., 2006).

Passando para a avaliação do comportamento espectral de alvos a partir de sensores orbitais (Hyperion/
EO-1) a geometria e da relação sinal ruído pode afetar significativamente a resposta espectral dos alvos. Nesse
caso a direção de espalhamento da radiação eletromagnética e a magnitude do ângulo zenital e azimutal de visada
e iluminação devem ser considerados. Geralmente, quando alvos são imageados na direção do espalhamento
frontal (forward scattering) há uma maior contribuição de elementos sombreados. Por outro lado, quando
um alvo é visto na direção do retroespalhamento (backscattering) uma maior predominância de componentes
iluminados contribui para a radiância detectada pelo sensor.

3.3. Influência Atmosférica nas medidas radiométricas

As condições atmosféricas, principalmente no que concerne aos dados aerotransportados e orbitais,


representam um parâmetro de elevada influência na refletância da superfície e radiância espectral. Esta
influência ocorre antes e após a interação da radiação eletromagnética com a superfície terrestre, visto que
a radiação eletromagnética interage com a atmosfera espectralmente sofrendo dois processos de atenuação:
absorção e espalhamento.

A absorção pode ser caracterizada como um processo na qual a energia radiante é absorvida e convertida
em outras formas de energia, como, por exemplo, calor ou trabalho. Esta ocorre quando a frequência da energia
incidente e a frequência de ressonância de determinado átomo ou molécula são idênticas. A absorção atenua
a quantidade de radiação eletromagnética que chega ao alvo e ao sensor, e ocorre quando o feixe de radiação
interage com os gases radiativamente ativos. Na faixa do espectro solar os principais gases absorvedores são o
ozônio e vapor de água, sendo o oxigênio e o gás carbônico considerados absorvedores secundários. Na faixa
do espectro infravermelho médio e distante, os principais gases absorvedores são vapor de água, gás carbônico,
metano, óxido nitroso e gases da família dos clorofluorcarbonos. Ainda, a radiação eletromagnética também
sofre atenuação devido à presença de aerossóis e de nuvens na atmosfera (Jensen, 2007).

O espalhamento atmosférico, por sua vez, incrementa a radiância proveniente da superfície, com uma
componente atmosférica conhecida como radiância de trajetória, que é dependente do tamanho molecular
dos constituintes atmosféricos. O espalhamento é tratado com sendo seletivo e não-seletivo, alterando
quantitativamente a radiância espectral que incide na superfície e retorna ao sensor (Thome, 2001; Hu et al.,
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

2001; Vermote et al., 2002; Röder et al., 2005).

A radiação eletromagnética ao ser espalhada pelos gases constituintes da atmosfera depende,


principalmente, do tamanho das moléculas de aerossóis ou gases, disposição dos átomos e composição química.
A intensidade e a direção do espalhamento dependem fortemente da razão entre os diâmetros das partículas
presentes na atmosfera e o comprimento de onda incidente nestas partículas.

Desta forma, se a radiação eletromagnética for espalhada por partículas cujo raio é muito menor que o
comprimento de onda incidente, este espalhamento é denominado Rayleigh ou molecular (partículas menores
que 0,1 μm). O espalhamento Rayleigh é inversamente proporcional ao comprimento de onda incidente elevado
a quarta potência e afeta com maior intensidade os comprimentos de onda menores:

1
ERayleigh ≅
λ4
(37)
20
A fórmula acima permite a dedução que quanto menor o comprimento de onda, maior o espalhamento
pelas moléculas presentes na atmosfera. Consequentemente, a região do espectro eletromagnético referente ao
azul é espalhada 5,5 vezes mais que a região do vermelho, interferindo significativamente nas medidas realizadas
em campo. Entretanto, a região do espectro eletromagnético referente ao violeta possui comprimentos de onda
menor que a do azul, pergunta-se então, por que o céu não é violeta? A resposta está na proporção de energia
emitida pelo sol nas faixas do violeta e na faixa do azul. Ao se integrar a formula de Planck (Bλ) em faixas
espectrais pode-se obter a radiância espectral emitida pelo sol (considerando-o como um corpo negro):

λb
2π c 2
Bλ = ∫ dλ
λa   λkTc  
λ e  − 1
5

 
(38)
em que ℏ representa a constante de Planck (6,663x10-24js-1), c a velocidade da luz (3x108m/s) e k a constante
de Boltzmann (1,38x10-23jK-1).

Desta forma, integrando-se a equação acima no comprimento de onda correspondente a faixa do


espectro eletromagnético referente ao violeta e ao azul e relacionando-a com o total emitido pelo sol, obtém-se
o percentual emitido para cada faixa. No violeta o sol emite cerca de 5% (ou 353,33 watts) de sua emitância
total, entretanto, no azul ele emite aproximadamente 7% (443,15 watts). Consequentemente, embora o violeta
apresente um maior espalhamento pela atmosfera (Espalhamento Rayleigh), a cor predominante é o azul
devido à quantidade de energia emitida pelo sol nesta faixa e a espessura da camada atmosférica que a radiação
eletromagnética transpõe até incidir na superfície (profundidade óptica). Pode-se concluir que à medida que
um observador alcança altitudes mais elevadas na atmosfera, este irá encontrar um céu cada vez mais escuro,
passando pelo violeta (que foi espalhando nas camadas mais elevadas da atmosfera), até detectar a cor negra.

Ainda, se a radiação eletromagnética for espalhada por partículas (pólen, fumaça, gotas de água) cujo
raio é equivalente ou maior que o comprimento de onda incidente, este espalhamento é denominado Mie
ou Lorentz-Mie, que é responsável pela aparência branca das nuvens. Diferentemente dos espalhamentos
mencionados acima, o espalhamento Não-Seletivo é independente do comprimento de onda e ocorre na baixa
porção da atmosfera, quando as partículas são muito maiores do que a radiação incidente, espalhando igualmente
todos os comprimentos de onda, como por exemplo, uma neblina.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

A radiação eletromagnética uma vez que incide na atmosfera terrestre interage com os diversos gases,
vapor de água e aerossóis que a compõem, sendo espalhada, absorvida, refletida e refratada. Tais interações
afetam as medidas realizadas por espectrorradiômetros em campo, sensores aerotransportados e por instrumentos
a bordo de satélites. Geralmente, a radiância (L) registrada pelos detectores é uma função do total do fluxo
radiante que deixa determinado alvo da superfície terrestre em um ângulo sólido específico, contido no ângulo
de visada do equipamento (Jensen, 2007). Porém, é comum que outras fontes de radiância sensibilizem os
detectores e introduzam um sinal/ruído que não é característico do objeto em questão.

Entre os principais fatores e trajetórias da radiação eletromagnética que atenuam, incrementam e


ocasionam ruídos no sinal captado pelos sensores pode-se destacar: (a) Irradiância solar espectral direta (Eo,λ)
no topo da atmosfera que incide sobre a área de estudo devido à alta transmitância espectral da atmosfera (τa,λ)
em determinadas faixas do espectro eletromagnético; (b) Irradiância solar espectral difusa (Ed,λ) que sofre
os processos de espalhamento na atmosfera e incide no sensor sem interagir com a superfície; (c) Irradiância
solar espectral difusa (Ed,λ) que sofre os espalhamentos Rayleigh, Mie e Não-seletivo ou tem parte de seu
21
fluxo radiante absorvido e incide sobre a área de estudo; (d) Radiância que foi refletida ou espalhada por áreas
vizinhas; (e) Radiância que foi refletida por áreas vizinhas para a atmosfera e espalhada ou refletida para a área
de estudo; e (f) Atenuação do sinal captado pelo sensor devido ao espalhamento e absorção da radiância que
deixa determinado alvo da superfície terrestre em determinado ângulo sólido (Figura 9).

Desta forma, pode-se concluir que a irradiância solar espectral total que irá incidir sobre uma determinada
superfície é uma função de diversas componentes (Jensen, 2007):

λ2
=Eg ,λ ∫ (E
λ1
τ
o , λ ai , λ cos θ + Ed ,λ ) d λ

(39)

Consequentemente, apenas uma pequena fração do fluxo radiante incidente em determinada área da
superfície terrestre (Irradiância) será refletida em direção ao sensor. Assim, se assumirmos que a terra se
comporta como uma superfície lambertiana, a radiância que deixa a área de estudo e sensibiliza os detectores
pode ser definida como:

λ2
1
=Lλ ,alvo
π ∫ ρλτ
λ1
as ,λ ( Eo ,λτ ai ,λ cos θ + Ed ,λ ) d λ

(40)
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

Figura 9. Principais fatores e trajetórias da radiância espectral que atenuam, incrementam e ocasionam ruídos
no sinal captado pelos sensores.
Fonte: Adaptado de Jensen (2007)

Ressalta-se que a radiância que deixa a área de estudo não é a única a sensibilizar os detectores, como
demonstrado na Figura 9. Como este efeito é indesejável, existem várias metodologias dedicadas à remoção

22
do efeito atmosférico sobre a radiância da superfície, como por exemplo, o Second Simulation of a Satellite
Signal in the Solar Spectrum (6S), o Moderate Spectral Resolution Atmospheric Transmittance Algorithm
and Computer Model (MODTRAN), o Low Spectral Resolution Atmospheric Transmittance Algorithm and
Computer Model (LOWTRAN), além de bibliotecas inseridas em programas de processamento digital de
imagens, como, por exemplo, o Fast Line-of-sight Atmospheric Analysis of Spectral Hypercubes (FLAASH)
disponibilizado no Environment for Visualizing Images (ENVI) (Vermote et al., 1997; Thome, 2001; Hu et al.,
2001; Röder et al., 2005).

4. RESPOSTA ESPECTRAL DOS ALVOS


Os variados tipos de alvos irão interagir de forma diferenciada com a radiação eletromagnética incidente,
devido principalmente às características físico-químicas e biológicas de cada um. Essas características
possibilitam a distinção e o reconhecimento dos diversos objetos terrestres. Esse reconhecimento ocorre de
acordo com a variação da porcentagem de energia refletida em cada comprimento de onda e a identificação de
padrões de reposta e feições típicas dos elementos (Jensen, 2007). Como demonstrado anteriormente, ao incidir
e interagir com os objetos, a radiação eletromagnética pode ser parcialmente refletida, absorvida e transmitida,
de acordo com a Figura 10.

Figura 10. (a) Fluxo Radiante incidente (Φi) e os processos de reflexão (Φr), absorção (Φa) e transmissão
(Φt); (b) Interação de uma folha com a radiação eletromagnética separada em faixas espectrais referentes ao
azul (B), verde (G), vermelho (R) e infravermelho próximo (IR); e (c) Representação gráfica desta interação
em bandas e em medidas contínuas.
Fonte: Steffen et al. (1996).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

Assim, o conjunto dos valores sucessivos da reflectância ao longo do espectro eletromagnético define
o comportamento espectral de um objeto, também conhecido como a assinatura ou resposta espectral deste,
caracterizado pela forma, intensidade e localização de cada banda de absorção (ou ainda emissividade). Portanto,
o conhecimento do comportamento espectral dos objetos terrestres é muito importante, como, por exemplo, na
escolha a região do espectro mais propícia ao se adquirir dados para uma determinada aplicação (Steffen et al.,
1996). Fisicamente os processos de absorção e reflexão são explicados por transições eletrônicas na região do
visível e infravermelho próximo (nível atômico) e processos vibracionais no infravermelho médio e distante
(nível molecular). Nesse último caso, é comum trabalhar com a emissividade dos alvos.

4.1. Comportamento espectral da vegetação


O comportamento espectral da vegetação relaciona-se com a reflectância da radiação eletromagnética
pelas plantas, assim como por suas folhas, galhos, plantas individuais e conjunto de plantas (Ponzoni e Disperati,

23
1995). A folha é o principal órgão absorvedor da REM e é o elemento que mais contribui para o sinal detectado
por sensores remotos. Nas folhas pode-se destacar três fatores dominantes que influenciam no comportamento
espectral da vegetação: pigmentos da folha, estrutura celular e conteúdo de água (Cardoso e Ponzoni, 1996;
Moreira, 2003). A influência desses fatores é dependente do comprimento de onda.

A assinatura espectral de uma vegetação sadia pode ser visualizada na Figura 11. Na região do espectro
eletromagnético referente ao visível (0,4 a 0,7 µm ou 400 a 700 nm), os pigmentos das folhas dominam a assinatura
espectral, e são compostos por aproximadamente 65% de clorofila, 29% de xantofilas e 6% de carotenos,
todos esses presentes nos cloroplastos. Nesta região ocorre uma alta absorção da radiação eletromagnética pela
clorofila a (0,43 e 0,66 µm) e clorofila b (0,45 e 0,65 µm) para a realização da fotossíntese, ocorrendo uma
menor absorção da radiação eletromagnética no comprimento de onda referente ao verde, próximo a 0,54 µm,
o que permite que uma folha verde e saudável apareça verde aos nossos olhos (Jensen, 2007).

Entretanto, algumas componentes das folhas são praticamente transparentes à radiação eletromagnética
na região do infravermelho próximo (entre 0,7 e 1,3 µm) como, por exemplo, a epiderme e a cutícula. Entretanto,
ao incidir nas células do mesófilo esponjoso e nas cavidades de ar presentes no interior da folha, a radiação
eletromagnética sofre múltiplos espalhamentos e refração devido à diferença de meios, aumentando, desta
forma, a reflectância no infravermelho próximo. Na região espectral do infravermelho médio (entre 1,3 e 3 µm)
a resposta espectral é dominada principalmente pela absorção da radiação eletromagnética pelas moléculas de
água, sendo evidentes bandas de absorção próximas a 1,4 µm, 1,9 µm e 2,5 µm, que ao absorver a radiação,
causam a diminuição nos valores de reflectância (Ponzoni e Shimabukuro, 2007).

Ainda, a radiação eletromagnética será refletida de forma minoritária nas células da camada superficial
das folhas, sendo a maior parte transmitida para o mesófilo esponjoso, e como o número de paredes celulares na
folha é grande, parte da radiação eletromagnética será refletida de volta para o hemisfério de incidência e outra
parte será transmitida através da folha. Ainda, a espessura da folha determinará a trajetória da radiação, sendo
que para folhas finas a transmitância da radiação eletromagnética será maior do que a reflectância, ocorrendo o
contrário para as folhas grossas (Steffen et al., 1996).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

Figura 11. Assinatura espectral de uma folha.


Fonte: Adaptado de Novo (1998) e Moreira (2003).

O ciclo fenológico determina mudanças estruturais da vegetação ao longo da estação de crescimento,


as quais resultam em mudanças gradativas na reflectância espectral, definindo um perfil espectro-temporal
para a mesma. A caracterização destes perfis permite a diferenciação entre as espécies vegetais, sendo que
24
uma folha em processo de senescência caracteriza-se pela degradação dos constituintes celulares, pela perda
de água e pelas modificações da estrutura do mesófilo esponjoso, em que estes fenômenos são visualizados
principalmente através da mudança da cor e desidratação das folhas (PONZONI e SHIMABUKURO, 2007).
Galvão et al. (2011) mostraram que a aplicação do sensoriamento remoto hiperespectral ao estudo da vegetação
requer que o usuário considere algumas categorias de variáveis que interferem no comportamento espectral dos
alvos: parâmetros biofísicos da vegetação, estágio de desenvolvimento, tipos de manejo, calendário agrícola e
os aspectos regionais.

4.2. Comportamento espectral dos solos


Os solos são formados basicamente a partir da decomposição das rochas provocada pelas intempéries
associadas às condições climáticas. A reflectância e a absorção da radiação eletromagnética pelos solos são
determinadas por processos de transição atômica e vibracionais, dependentes dos elementos químicos que
constituem o solo, o teor de matéria orgânica, umidade e granulometria. Os solos são compostos por várias
substâncias classificadas em 3 fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (água) e gasosa (ar) (Jensen,
2007).

As principais características observadas na assinatura espectral dos solos ocorrem devido à absorção,
que podem ser de origem eletrônica (necessária para a mudança de nível de energia de um elétron no interior do
átomo) e de origem molecular (vibração das moléculas, que resultam no aparecimento de feições espectrais).
Ainda, e relembrando, o comportamento espectral dos solos pode ser definido por seus materiais constituintes,
assim como por seus arranjos e combinações, sendo que os principais fatores são estabelecidos pela constituição
mineral, matéria orgânica, granulometria (textura e estrutura) e pela umidade (Steffen et al., 1996).

Os solos tropicais são constituídos principalmente pela caulinita, gibbsita, quartzo, goethita e hematita,
sendo os minerais primários compostos pelas frações de areia e silte, na qual se destacam os quartzos, feldspatos
e silicatos; e os minerais secundários compostos pelas argilas (minerais de argila, alumínio silicatado, óxidos
e hidróxidos de ferro e alumínio, carbonatos, fosfatos e sulfatos). Na Figura 12 podem ser visualizadas a
assinatura espectral de 3 minerais constituintes dos solos, compostos pela caulinita, gibbsita e montmorilonita.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

Figura 12. Assinatura espectral de 3 minerais constituintes dos solos (gibbsita, montmorilonita e caulinita).
Fonte: Adaptado de Pizarro et al. (2001).

25
A matéria orgânica presente nos solos é constituída por resíduos de plantas e animais em decomposição,
por substâncias derivadas da decomposição por microrganismos e por pequenos animais que habitam o solo.
Outro elemento encontrado nos solos é a água, presente na forma livre (umidade) e na forma estrutural
(moléculas encontradas em alguns cristais) (Jensen, 2007). Em geral, a presença de água e matéria orgânia
tende a provocar uma diminuição da reflectância ao longo de todas as faixas espectrais.

De uma maneira geral, quanto maior o teor de umidade, mais escuros os solos aparecerão em imagens
de satélite, denotando uma diminuição da reflectância em todo o espectro eletromagnético. Ressalta-se que
a diminuição da reflectância espectral maior quanto menor for à concentração de matéria orgânica presente,
sendo que a diminuição na reflectância devido à umidade variará de acordo com os tipos de solos. Um exemplo
desta característica pode ser visualizado na Figura 13 (as variações apresentadas no gráfico a partir de 2,2µm
são originadas pelo ruído do equipamento utilizado para a obtenção das medidas).

Figura 13. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de umidade.
Fonte: Adaptado de Formaggio (2011).

Em relação à matéria orgânica, à medida que ela aumenta, a reflectância espectral decai, além disso,
uma vez que o aumento exceda 2%, os efeitos passam a mascarar gradativamente as propriedades espectrais de
outros constituintes do solo (Epiphanio et al., 1992), conforme pode ser visualizado na Figura 14.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

26
Figura 14. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de matéria orgânica.
Fonte: Adaptado de Jensen (2007).

Em relação à granulometria, solos de textura arenosa apresentam um aumento na reflectância à


medida que aumentam as proporções de areia fina e/ou muito fina, principalmente nos comprimentos de onda
referentes ao infravermelho próximo. A situação é inversa para solos de textura média a fina, pois a formação de
agregados estáveis em água cria uma superfície distinta da formada por grãos simples. Ainda, quanto menor for
o tamanho das partículas, menor será a reflectância espectral, como ocorre, por exemplo, nos solos argilosos,
que possuem partículas pequenas. Destaca-se que o contrário ocorre para os solos arenosos, que por serem
constituídos por partículas maiores apresentam uma reflectância mais alta que solos argilosos, além disto, estes
tipos de solos apresentam baixo teor de matéria orgânica e de óxidos de ferro, elementos responsáveis por
diminuir a reflectância espectral em determinadas faixas do espectro eletromagnético (Jensen, 2007). A Figura
15 exemplifica quatro tipos de solos com granulometria variada.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

Figura 15. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de granulometria.
Fonte: Adaptado de Formaggio (2010).

27
A assinatura espectral dos solos podem ser classificadas em 5 tipos distintos, sendo os tipos 1 a 3
propostos por Condit (1970) e os tipos 4 e 5 por Stoner e Baumgardner (1980), visualizadas na Tabela 1,
sumarizadas por Novo (1998). A assinatura espectral do tipo 1 caracteriza-se por uma leve concavidade na
região do espectro eletromagnético até 1 µm e por uma constante inclinação até 1,3 µm (solos Podzolizado e do
tipo Cambissolo). O tipo 2 caracteriza-se por uma feição convexa que vai da região do espectro eletromagnético
referente ao visível até 1,3 µm, apresentando uma sutil inclinação entre 0,6 e 0,7 µm (solos Latossolo Amarelo
e Areia Quartzosa). O tipo 3 apresenta acentuada inclinação ascendente com um pequeno decréscimo em
0,6 µm, seguida por uma inclinação quase nula de 0,62 a 0,74 µm, ou mesmo negativa de 0,76 a 0,88 µm,
possuindo inclinação crescente com o aumento do comprimento de onda (solos Latossolo Una e Latossolo
Vermelho Amarelo).

Assinatura Espe- Região do Espectro Feição Espectral Característica do Solo


ctral
1 0,32 a 1,0 µm baixa reflectância
forma cônica

2 0,30 a 0,60 µm gradiente decrescente solos drenados com


0,60 a 0,70 µm gradiente acentuado pouca matéria orgânica
0,70 a 0,75 µm gradiente decrescente
0,32 a 0,75 µm forma convexa

3 0,32 a 0,60 µm gradiente acentuado solos com conteúdo de


0,60 a 0,74 µm gradiente pequeno ferro razoavelmente
0,76 a 0,78 µm gradiente decrescente elevado
0,88 a 1,0 µm gradiente aumenta

4 0,32 a 2,3 µm baixa reflectância alto conteúdo de ferro e


0,88 a 1,3 µm redução da reflectância matéria orgânica

5 0,75 a 1,3 µm gradiente decrescente alto conteúdo de ferro


sem banda de absorção e baixo conteúdo de
de água em 1,45 µm matéria orgânica
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

Fonte: Adaptado de Novo (1998).

O tipo 4 assemelha-se ao tipo 3, distinguindo-se deste por uma inclinação decrescente de 0,88 a 1,0
µm, sendo que a partir de 1,0 µm a inclinação é nula e mesmo negativa até 1,3 µm (solos Latossolo Vermelho
Escuro). O tipo 5 também assemelha-se ao tipo 3, porém apresentando inclinação que cai a zero e torna-se
negativa entre 0,75 e 1,3 µm (solos Latossolo Roxo e Latossolo Roxo Una).

Ainda, o comportamento espectral dos solos pode ser analisado a partir da relação dos seus constituintes
e feições, conforme sumarizado por Novo (1998) e visualizado na Tabela 2.

28
Tabela 2: Principais características da assinatura espectral dos solos.

Componentes Região do Espectro Feição Espectral


Material orgânico todo o espectro Achatamento
Água estrutural 1,45 e 1,95; 0,97; Banda de absorção
1,2; 1,77 µm
Água livre todo o espectro Achatamento
Óxido de ferro 1,0 µm Banda de absorção
(íon ferroso)
Óxido de ferro (íon 0,7 e 0,87 µm Banda de absorção
férrico)
Montmorilonita 1,4 e 1,9 µm Absorção no IVP e
médio
Goetita e Hematita 0,5; 0,65; 0,88; 0,9 Feição larga e côncava
e 0,92 µm
Gibbsita 1,55 e 2,3 µm Harmônicas e combi-
nações perceptíveis no
IVP
Hematita 0,45 e 0,53 µm Forte absorção
Caulinita 1,4 e 2,2 µm Absorção no IVP e
médio
Goetita 0,44 e 0,48 µm Forte absorção
Fonte: Adaptado de Novo (1998).

Em relação ao estudo das propriedades físico-químicas dos solos, as principais faixas de interesse são:
0,57 µm (monitoramento de matéria orgânica em solos sem cobertura vegetal); 0,7 e 0,9 µm (monitoramento
do composto de ferro férrico); 1,0 µm (monitoramento do composto de ferro ferroso); e 2,2 µm (monitoramento
da umidade) (Novo, 1998).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

4.3. Comportamento espectral de rochas e minerais


As rochas são formadas por minerais, sendo que os espectros individuais de seus constituintes decorrem
basicamente a partir de bandas de absorção, sendo o principal fator controlador da assinatura espectral e que
caracterizam os minerais que as compõe. Consequentemente, os elementos e as substâncias mais importantes
que determinam as bandas de absorção são os íons ferrosos e férricos, a água e as hidroxilas. O conhecimento
do comportamento espectral das rochas é importante devido à possibilidade do estudo da composição química
da superfície e da atmosfera de outros planetas, além de outras aplicações em sensoriamento remoto como, por
exemplo, a caracterização e correlação de sequências litológicas em bacias sedimentares (Sunshine et al., 1993;
Galvão e Vitorello, 1995).

Como os solos são formados a partir das mudanças nas condições físicas e ambientais sofridas pelas
rochas, o comportamento espectral desses dois alvos tornam-se semelhantes, sendo que a principal característica
diferencial entre estes decorre da significativa presença de matéria orgânica e água líquida nos solos, que
ocasionam a diminuição da reflectância em todo o EEM e que podem inclusive mascarar as feições das principais
bandas de absorção provenientes dos minerais (Steffen et al., 1996). As rochas podem ser classificadas em 3

29
tipos: I) ígneas; II) sedimentares; e III) metamórficas; e a assinatura espectral pode ser visualizada na Figura
16. Nesta figura os valores de reflectância no eixo vertical encontram-se deslocados para permitir uma melhor
representação gráfica.

Figura 16. Assinatura espectral de diversos tipos de rochas ígneas (a), sedimentares (b) e metamórficas (c).
Fonte: Adaptado de Salisbury e Hunt (1974).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

As rochas ígneas são rochas primárias formadas por magmas superficiais ou do interior da Terra,
compostas principalmente por silício, oxigênio e alumínio, que não exibem feições espectrais, portanto, os
espectros de reflectância são dominados pelos constituintes menores. As rochas ígneas são classificadas em:
a) félsicas, caracterizadas por apresentarem valores superiores a 66% de dióxido de silício, como o granito,
exibindo bandas de absorção vibracional em 1,4, 1,9 e 2,2 μm devido à água e hidroxilas; b) intermediárias, que
possuem de 52 a 66% de dióxido de silício, como os dioritos e os fonólitos, apresentando feições de absorção
devido ao ferro férrico e ferroso, à água e à hidroxilas de alteração; c) máficas, que possuem de 45 a 52% de
dióxido de silício, como o diabásio, contendo feições de absorção devido ao ferro férrico e ferroso em 0,7 e
1,0μm; e d) ultramáficas, que possuem menos de 45% de dióxido de silício, como o piroxenito e o dunito,
possuindo grandes quantidades de minerais opacos e ricos em ferro, produzindo bandas ferrosas em 0,7, 1,0 e
2,0 μm. Ainda, a presença de minerais opacos, como a magnetita, diminui a reflectância no intervalo espectral
de 0,4 a 2,5 μm e produzem bandas de absorção bem definidas, podendo inclusive mascarar as feições de
absorção provenientes de outros minerais (Galvao, 1994; Jensen, 2007).

30
As rochas sedimentares são derivadas de rochas pré-existentes e que passaram por processos de
intemperismo e erosão, apresentando bandas de absorção bem definidas devido aos óxidos de ferro, minerais
de argila e de carbonatos, podendo ser mascaradas por material opaco carbonoso. As maiores reflectâncias
espectrais são observadas em rochas arenosas com sais minerais transparentes ou menores quantidade de
substâncias opacas. Ainda, os arenitos geralmente possuem grãos de quartzo com coberturas de óxidos de
ferro, apresentando bandas de absorção em 0,87µm; os calcários apresentam bandas de absorção em 1,9 e
especialmente em 2,3 µm; e os folhelhos carbonosos não apresentam feições bem definidas (Galvao, 1994;
Jensen, 2007).

As rochas metamórficas decorrem da transformação de rochas existentes, sendo que a assinatura espectral
depende da constituição da rocha original e das transformações mineralógicas sofridas, apresentando bandas de
absorção bem definidas devido à presença de carbonatos, hidroxilas, íons de ferro e cromo e substâncias opacas
(Galvao, 1994; Jensen, 2007).

As principais bandas de absorção observadas na região do visível e do infravermelho do espectro


eletromagnético decorrem de interações microscópicas em nível atômico e molecular. As transições atômicas
são formadas por processos eletrônicos e dominam a região do espectro eletromagnético referente ao visível
e infravermelho próximo (0,4 a 1,1 µm). As transições moleculares são formadas por processos vibracionais e
ocorrem predominantemente na região do infravermelho médio do EEM (1,0 a 2,5 µm).

Ainda, é possível constatar nas rochas efeitos de refração, difração e espalhamento devido às interações
macroscópicas, em tais casos, a análise dos efeitos dessas interações decorre do conhecimento das propriedades
óticas (grau de transparência dos objetos) e físicas do material (tamanho, forma e rugosidade). Além disso, a
compactação dos materiais tende a aumentar a curva de reflectância na região do visível, ocorrendo o inverso
na faixa do infravermelho (Steffen et al., 1996). O comportamento espectral de minerais, rochas e solos no
infravermelho termal é controlado basicamente pelo conteúdo de água e a quantidade de sílica.

A composição e a estrutura dos materiais, juntamente com a disponibilidade do mineral absorvedor


irão controlar a posição, a forma e a intensidade das bandas de absorção. Na Figura 17 pode-se visualizar a
assinatura espectral dos minerais, sendo que dentre os elementos presentes nas rochas, os mais comuns são o
oxigênio, o silício e o alumínio, que não possuem níveis de energia favoráveis às transições para gerar feições
espectrais na região do visível e infravermelho próximo do espectro eletromagnético (até 1,2 µm), fazendo com
que as assinaturas espectrais sejam dominadas pela estrutura cristalina e por íons menos comuns, como ferro
e cobre. Ainda, nas rochas podem ser encontrados outros elementos com proporções variadas de magnésio,
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

cálcio e potássio (Galvão, 1994).

De uma maneira geral, existem alguns fatores que influenciam na reflectância das rochas, dentre eles,
pode-se citar as misturas minerais, podendo ser lineares (quando diferentes materiais são discriminados no
FOV gerando um sinal proveniente da soma da área fracional multiplicado pelo espectro de cada componente);
não-lineares (diferentes materiais em contato na superfície de espalhamento gerando uma combinação não-
linear dos espectros de reflectância); coatings (quando um material cobre outro) e molecular (que incluía a água
absorvida em um mineral) (Galvão, 1994).

Segundo Novo (1998), a região do espectro eletromagnético entre 0,8 a 1,0 μm é propícia ao estudo
referente à identificação de ferro, entre 2,17 e 2,2 μm para a identificação de minerais de argila, em 1,6μm para
a identificação de zonas de alteração hidrotermal ricas em argilas e em 2,74 μm para a detecção de minerais
com presença de hidroxilas em sua estrutura.

31
Figura 17. Assinatura espectral de diversos minerais presentes nas rochas.
Fonte: Adaptado de Galvão (2010).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

4.4. Comportamento espectral da água


O comportamento espectral da água é bem diferente dos demais constituintes da superfície terrestre
devido principalmente à intensidade do fluxo radiante que é refletido. Em corpos d’água existem diferenças em
relação às componentes radiativas, pois embora o fluxo radiante refletido pela água apresente baixa intensidade,
a radiação que atinge o sensor possui componentes provenientes do espalhamento da radiação eletromagnética
na atmosfera, da reflexão especular da radiação solar direta e difusa e do fluxo de radiação emergente da água
(Rudorff, 2006). Ainda, a interpretação dos dados se torna mais complexa, pois a região de maior penetração da
luz na água apresenta interferência atmosférica, além de apresentar uma alta e variável transmitância devido às
diferenças na profundidade e de apresentar componentes opticamente ativos que possuem espectros semelhantes
(Novo, 2001).

Os componentes opticamente ativos (COA) são componentes microscópicos do sistema aquático


que interagem com a radiação eletromagnética produzindo diferentes respostas de absorção e espalhamento
32
devido, principalmente, às suas propriedades físico-químicas e biológicas, encontrando-se em suspensão ou
dissolvidos na água. Além disso, no estudo do comportamento espectral da água devem ser consideradas as
propriedades ópticas inerentes e aparentes. As propriedades ópticas inerentes dependem apenas do conteúdo da
água (coeficiente de absorção e coeficiente de espalhamento), ou seja, são intrínsecas do objeto, permanecendo
inalteradas em função da intensidade e geometria de iluminação e da geometria do sensor-alvo-fonte,
dependendo apenas do conteúdo dos componentes dissolvidos e em suspensão (Novo, 2001; Jensen, 2007). As
propriedades ópticas aparentes compreendem o coeficiente de atenuação difusa, a reflectância de sub-superfície
e a reflectância medida pelo sensor, dependendo da direção do fluxo de energia, no ângulo de elevação solar e
da refração causada pelas ondas na superfície da água (Barbosa, 2005).

A água apresenta-se na natureza em 3 estados físicos (sólido, líquido e gasoso), os quais apresentam
comportamento espectral distintos. De uma maneira geral, a assinatura espectral da água líquida apresenta baixa
reflectância na região do espectro eletromagnético entre 0,38 e 0,7 μm (menos que 10%) e máxima absorção
acima de 0,7 μm, a água sólida apresenta reflectância em diversos comprimentos de onda, apresentando alta
reflectância entre 0,7 e 1,2 μm (80%) e atenuando a parir de 1,4 μm (menor que 20%), e a água gasosa exibe
alta reflectância em todo o espectro eletromagnético (70%), apresentando bandas de absorção em 1,0, 1,3 e 2,0
μm (Novo, 1998).

A assinatura espectral da água decorre dos processos de absorção e espalhamento em seu interior,
extraindo-se dessa forma informações sobre suas características físico-químicas e biológicas. Neste caso, os
principais elementos responsáveis pelos processos de absorção e espalhamento são o fitoplâncton, a matéria
orgânica dissolvida e o total de sólidos em suspensão (TSS), que compõe os sedimentos orgânicos e inorgânicos
em suspensão e determinarão as propriedades ópticas inerentes da água (Mantovani, 1993).

O fitoplâncton é o responsável pela absorção da energia solar no meio aquático para a produção da
fotossíntese, nestes, a concentração e o tipo de pigmentos (clorofila-a, clorofila-b, clorofila-c, carotenóides
ou biliproteinas) irão afetar o comportamento espectral da água, ocasionando feições de absorção na faixa do
visível. Ainda, o aumento na concentração de pigmentos acarreta em uma diminuição constante da energia
eletromagnética refletida pela água, um deslocamento do máximo de reflectância da região do azul para o verde
e um aumento de energia refletida na região de 0,68 μm devido à fluorescência causada pela clorofila-a (Novo,
2001; Jensen, 2007), conforme Figura 18.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

Figura 18. Assinatura espectral de de diversas concentrações de clorofila-a. Fonte: Adaptado de Novo (2011).
33
A matéria orgânica apresenta proteínas, aminoácidos, ácidos graxos, resinas e compostos húmicos, este
último originado principalmente da decomposição de organismos vivos terrestres ou aquáticos, principalmente
o fitoplâncton durante a sua senescência, provocando o aparecimento do carbono orgânico dissolvido na água.
Quando há a presença de matéria orgânica dissolvida na água, ocorre uma interferência no coeficiente de
absorção do fluxo radiante, alterando a cor da água pura. Este aumento da concentração irá acarretar em uma
diminuição da reflectância pelo sistema aquático, principalmente nos comprimentos de onda menores (azul e
verde) onde o coeficiente de absorção pela matéria orgânica é mais elevado, como pode ser visualizado na Figura
19. Conforme a concentração de matéria orgânica na água for aumentando, a cor da água vai apresentando
diferentes nuances, tendendo a ter uma coloração amarelada, passando para o vermelho/marrom e quando a
concentração for muito elevada adquirindo aparência negra (Novo, 2001; Jensen, 2007).

Figura 19. Coeficiente de absorção da matéria orgânica dissolvida.


Fonte: Adaptado de Novo (2011).

Os sedimentos orgânicos em suspensão estão relacionados com a cor da água, uma vez que sua alteração
decorre da forte absorção da radiação eletromagnética na região do visível do espectro eletromagnético,
principalmente na região do azul, apresentando uma curva de absorção semelhante à da matéria orgânica
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

dissolvida devido à sobreposição de várias bandas de absorção, apresentando valores altos na região do
ultravioleta e azul, decrescendo até o verde e apresentado valores baixos na região do vermelho.

O material inorgânico particulado em suspensão origina-se de minerais provenientes de rochas e


solos que são carregados para os corpos d’água, e o aumento na concentração produz como principal efeito o
aumento do coeficiente de espalhamento do sistema aquático, além de originar o deslocamento do pico máximo
de reflectância da água em direção a comprimentos de onda mais longos, ampliação da região espectral em
que ocorre o máximo (entre 0,5 e 0,7 μm) e aumento da reflectância na região do infravermelho (Novo, 2001;
Jensen, 2007), conforme Figura 20.

34
Figura 20. Assinatura espectral de diferentes concentrações de matéria inorgânica em suspensão com
sedimento argiloso.
Fonte: Adaptado de Novo (2011).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

De uma maneira geral, na água pura o espalhamento da radiação eletromagnética é determinado


pela matéria orgânica e inorgânica em suspensão, que resulta no deslocamento da reflectância para a região
espectral referente ao vermelho. Ainda, a absorção da radiação eletromagnética é influenciada pela matéria
orgânica dissolvida, que desloca o máximo de reflectância espectral para a região do verde-amarelo, sendo que
o comportamento espectral da água pura é determinado pela menor absorção entre 0,4 e 0,6 μm, aumentando
na região do infravermelho próximo, e pelo máximo espalhamento na região referente ao azul, se anulando
exponencialmente em direção ao vermelho (Novo, 2001; Barbosa, 2005).

4.5. Comportamento espectral de superfícies artificiais urbanas


A importância e necessidade da medição da reflectância espectral das superfícies naturais ou artificiais
podem ser justificadas pela necessidade de ampliar o entendimento da relação entre a reflectância espectral
e os mais variados tipos de superfícies artificiais (Milton, 1987). Estes tipos de superfícies são compostas
por diversas aglomerações de materiais, como, por exemplo, concreto, asfalto, telhados, metal, plástico,
35
vidros, água, gramas, organizados pelos humanos de uma forma complexa na construção de casas, sistemas de
transportes, indústrias, comércio e paisagens de recreação (Small, 2004). Devido a essa complexidade, o estudo
acerca do comportamento espectral das superfícies construídas deve levar em consideração as características
temporais, espaciais e espectrais dos atributos urbanos.

Em relação à resolução temporal, devem ser levados em consideração algumas questões, como
o progresso da área urbana e do subúrbio, identificado como ciclo de desenvolvimento, que inclui em um
determinado espaço de tempo mudanças na parcela do solo, na subdivisão da terra, estradas, construções e
paisagismo. Nestes casos, analista das imagens deve entender o desenvolvimento temporal para evitar erros
de interpretação; a coleta dos dados, pois informações atuais são imprescindíveis para as aplicações urbanas;
e a necessidade de certos tipos de informação, como, por exemplo, a estimativa populacional, que pode ser
necessária em diversas épocas (Jensen, 2007).

Para a resolução espectral, muitos autores concordam que no estudo de áreas urbanas esse tipo de
resolução não é tão importante quanto à resolução espacial, como, por exemplo, na estimativa populacional
baseada em unidades residenciais, requerendo para isso imagens com no mínimo 5 metros de resolução espacial,
à medida que qualquer banda na região do visível ou infravermelho do espectro eletromagnético é o suficiente
para a análise ser realizada, ainda que seja notável o grande contraste existente entre o objeto de interesse e seus
arredores na ordem de detectar, distinguir e identificar os mesmos (Jensen, 2007).

Ainda, em relação à resolução espectral, pode-se salientar algumas faixas espectrais que são úteis
na extração de certos tipos de informações urbanas e para o estudo do uso e cobertura da terra, como, por
exemplo, a região do visível, infravermelho próximo e médio e pancromática. A banda pancromática em tons
de cinza ou colorida comumente é utilizada para extrair perímetros urbanos e informação sobre áreas e alturas;
o infravermelho termal para obter a medida da temperatura da superfície; imagens de micro-ondas para áreas
urbanas encobertas por nuvens, entre outros (Jensen e Hodgson, 2004). Desta forma, outras aplicações urbanas
também podem ser conduzidas a partir da utilização de imagens de sensores hiperespectrais, estimando a
reflectância dos materiais urbanos (Herold et al, 2004).

Em relação à resolução espacial, muitos analistas podem depender das cores para extrair informações
sobre as áreas urbanas, porém, os elementos geométricos da imagem como a forma do objeto, tamanho, textura,
orientação, padrão e sombra são úteis para este fim. Ainda, quando maior a resolução espacial, mais detalhes
podem ser extraídos do ambiente urbano. A Figura 21 mostra as curvas de reflectância (em %) dos materiais
mais comuns encontrados nos ambientes urbanos.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

36
Figura 21. Assinatura espectral dos materiais mais comuns encontrados em ambientes urbanos.
Fonte: Adaptado de Jensen (2007).

A cobertura da terra em áreas urbanas aparece tipicamente na coloração “cinza-aço” nas imagens
devido ao terreno urbano, que consiste basicamente de concreto e ruas asfaltadas, parques, matagais e solos
expostos, que refletem grande parte do fluxo radiante incidente nas regiões do verde, vermelho e infravermelho
próximo do espectro eletromagnético. Esta coloração acinzentada contrasta com as superfícies vegetadas que
aparecem em vermelho ou verde (dependendo da composição entre as bandas utilizada) e com corpos d’água
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

que absorvem a maior parte do fluxo radiante incidente, aparecendo desta forma em cor negra nas composições
coloridas do tipo cor verdadeira, sendo facilmente distinguidas das áreas urbanas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse material foi apresentar as principais definições associadas ao comportamento espectral
de alvos. Nesse sentido, o texto apresentou os fundamentos físicos e experimentais básicos. De forma sucinta
discutiu o comportamento espectral geral de alguns alvos tipicamente encontrados nas imagens e estudos de
sensoriamento remoto.

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RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

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40
1- Qual a natureza da radiação eletromagnética?

2- Em um determinado experimento, o fluxo radiante sobre uma


ATIVIDADE superfície corresponde a 2500W, o fluxo absorvido a 1250W e o fluxo
01 refletido a 450W. Pergunta-se:
a) Qual é a transmitância, reflectância e absortância desta superfície?
b) Qual a quantidade de energia absorvida pela superfície em 30
minutos?

3- Quando o Sol está no zênite, a radiância espectral de uma superfície Lambertiana


é de 4,7 Wm-2sr-1nm-1 em 540nm. Se a reflectância espectral dessa superfície nesse
comprimento de onda é 0,3, pergunta-se:
a) Qual a irradiância na superfície quando o ângulo zenital é 15º?
b) Qual a radiância espectral dessa superfície quando o ângulo de elevação solar é 25º?

4. Qual o valor da radiância espectral de uma superfície lambertiana de reflectância igual


a 0,2 em 700nm quando iluminada por uma fonte capaz de produzir na superfície uma
irradiância espectral de 20 Wm-2nm-1?

5. Explique a relação entre os fluxos incidente, absorvido, refletido e transmitido.


ATIVIDADES

4. Qual a importância de uma superfície perfeitamente lambertiana (lambertiana ideal)


para as medidas de fator de reflectância? A reflectância espectral de um objeto é igual em
todas as direções? Explique.

1. Explique suscintamente os principais procedimentos que devem


ser adotados para a extração de grandezas radiométricas em campo/
laboratório.
ATIVIDADE
02 2. Para um experimento de campo que será realizado na
Floresta Amazônica, 4 pesquisadores resolveram levar dois
espectrorradiômetros portáteis, juntamente com duas placas lambertianas ideais utilizadas
especificamente para trabalhos de campo. Neste campo, os pesquisadores analisaram
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

simultaneamente o comportamento espectral de árvores (a partir de uma torre disponível


no local) e de corpos d’água. Pergunta-se:

a) Ambos os equipamentos precisam ser iguais? Justifique.


b) Quais os procedimentos que devem ser adotados para que as medidas extraídas possam
ser utilizadas pela comunidade científica?
c) Quais instrumentos e equipamentos adicionais você sugeriria a eles?

3. Comente sobre a influência atmosférica nas medias radiométricas.

4. Explique por que o céu é azul e não violeta.

41
1. Um pesquisador realizou um experimento em laboratório para
verificar a resposta espectral de uma espécie genérica de grama após
passar por um grande stress hídrico, como assinalado em (a). No
ATIVIDADE mesmo experimento, o pesquisador resolveu analisar a amostra de
03 grama sadia em campo e descobriu uma grande diferença nos dois
espectros, como mostra a figura (b). Sabendo que você teve aulas de
comportamento espectral dos alvos, o mesmo pergunta:a
ATIVIDADES

(a) Quais as principais diferenças encontradas em laboratório entre a Grama Sadia e


RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

a Grama Seca?
(b) Por que há uma variação acentuada na faixa do visível e do infravermelho próximo
e médio do espectro eletromagnético para as amostras em (a)?
(c) Sabendo que o espectro visível ao olho humano abrange os comprimentos de onda
de 0.4 a 0.7 µm , que cor teria as duas amostras de grama para o ser humano? Justifique.
(d) Por que há uma diferença entre as amostras de grama sadia coletada em campo e
medida em laboratório?

2. Uma empresa está precisando de um consultor para indicar qual produto é o melhor
para mapear os minerais presentes no solo, assim como diferenciar a assinatura espectral
de diferentes solos. Para a análise, você recebeu 3 espectros de reflectância (abaixo)
obtidos por sensores com diferentes resoluções espectrais. Em (a) TM/Landsat 5 (com
6 bandas no espectro solar com largura entre 65 e 250 nm); (b) MODIS/TERRA (com
20 bandas com largura entre 10 e 50 nm); e (c) Fieldspec Pro (com 420 bandas com
42
largura entre 2 e 10 nm). Uma vantagem dos sensores TM/LANDSAT 5 e MODIS/
TERRA é a disponibilidade de imagens de qualquer área gratuitamente, enquanto que
análises em laboratório requerem idas à campo e análises em laboratório. Ponderando
as características de cada sensor, qual deles você indicaria para mapear os componentes
minerais e diferenciar os tipos de solo? Justifique.
ATIVIDADES

3. Na universidade, o professor o selecionou para realizar estudos espectrais de solos.


A primeira etapa do trabalho compreende um plano de estudo para analisar os níveis de
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

coleta de dados usados no sensoriamento remoto (satélite, aeronave, campo e laboratório)


e suas relações entre “fonte x alvo x sensor”. Discorra sobre os fatores envolvidos para
cada nível (vantagens e desvantagens) em relação aos estudos espectrais de solos.

43
1. Uma empresa de mineração decidiu contratá-lo como especialista
na área de comportamento espectral de rochas e minerais. Entre
as novas propostas de mapeamento está a utilização de dados
ATIVIDADE hiperespectrais no mapeamento geológico de determinadas áreas.
04 Entretanto, a primeira ação da empresa consiste na análise de duas
áreas de estudos: (I) Estado do Pará, composta predominantemente
por rochas ricas em óxido de ferro (Goethita) e com a presença de
Calcita (alta concentração de cálcio); e (II) Minas Gerais, composta
predominantemente por rochas ricas em alumínio (Alunita) e um
argilo-mineral de alumínio hidratado denominado Caulinita. A figura
abaixo representa o espectro de reflectância dos materiais, obtidos
em laboratório, que compõem as áreas de estudo. Com base nas
informações, responda:
ATIVIDADES
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC

a) Quais as faixas espectrais recomendadas para o estudo de cada material (óxido de ferro,
cálcio, alumínio) com dados hiperespectrais obtidos por satélites ambientais? Justifique.

b) Qual a importância das bandas de absorção em 1,4µm e 1,9µm no processo de


mapeamento geológico derivados de imagens hiperespectrais? Justifique

44
2. A figura abaixo corresponde ao resultado de um estudo do comportamento espectral nas
águas do lago grande de Curuai (Pará), realizado por pesquisadores de distintos centros de
pesquisa. Com base nos seus conhecimentos teóricos sobre os elementos que influenciam
na resposta espectral da água, explique:

a) A baixa reflectância entre 400 nm e 500 nm.


b) A alta reflectância entre 550 nm e 720 nm.
c) O pico de reflectância em 700 nm.
d) Que fator(es) poderia(m) explicar as diferenças de reflectância entre as amostras A, B
e C?
e) Sabendo que o espectro visível ao olho humano abrange os comprimentos de onda de
400 nm a 700 nm, que cor teria as amostras A, B e C para o ser humano? Justifique.
ATIVIDADES

Fonte: Arraut et al. (2005)

3. Pode-se notar que a temperatura do ar na cidade é mais elevada que em ambientes


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rurais e vegetados a sua volta. Esta característica origina o fenômeno de ilhas de calor,
constituindo em um dos mais claros e documentados exemplos de mudança climática.
Com base na figura abaixo, explique:

a) As principais diferenças no comportamento espectral do asfalto, concreto e vegetação.


b) Uma vez que a transmitância em superfícies como o concreto e asfalto pode ser
desprezível, com base na relação entre os fluxos incidente, absorvido, refletido e
transmitido, explique por que superfícies vegetadas apresentam uma temperatura menor
que áreas com asfalto e concreto.

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ATIVIDADES

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