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geotecnologias
e suas aplicações
AEDI - UFPA
2012
GABRIEL PEREIRA1
1
Doutorando em Sensoriamento Remoto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) e em Geografia Física na Universidade de São Paulo (USP). Sec. PG-SER, Av.
dos Astronautas 1758, Jardim da Granja, São José dos Campos, SP. CEP: 12227-010.
3
O sensoriamento remoto pode ser definido como o conjunto de técnicas relaciona-
das com a aquisição de informações e a análise de objetos sem o contato físico com este.
Neste contexto, a interação dos alvos com a radiação eletromagnética está relacionada com
as propriedades físico-químicas e biológicas dos mesmos. Tais informações são adquiri-
das a partir de sensores remotos que detectam e convertem, em níveis digitais, a radiação
eletromagnética refletida ou emitida por determinado objeto da superfície terrestre. Desta
forma, o o esse documento aborda noções teóricas sobre as principais grandezas radiomé-
tricas, interações da radiação eletromagnética com os objetos, superfície lambertiana e o
fator de reflectância espectral. Ainda, serão abordadas noções gerais sobre radiômetros e
espectrorradiômetros, noções sobre a geometria de aquisição de dados, medições no labo-
ratório e no campo, procedimentos para a calibração dos espectrorradiômetros e placas
de referência, além da influência atmosférica nas medidas radiométricas. Finalmente, é
salientado a respeito do comportamento espectral de diversos alvos da superfície, como a
vegetação, os minerais e rochas, os solos, a água e as superfícies construídas.
RESUMO
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
4
1. INTRODUÇÃO 7
3. MEDIÇÕES ESPECTRAIS 16
3.1. Radiômetros e espectrorradiômetros 16
3.2. Geometria de aquisição de dados, medições no Laboratório e no Campo e
procedimentos para a calibração dos espectrorradiômetros e placas de referência 18
3.3. Influência Atmosférica nas medidas radiométricas 20
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 37
6. BIBLIOGRAFIA 38
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
5
- Figura 1. Onda eletromagnética composta pelos campos magnético e elétrico,
perpendiculares entre si. 8
- Figura 2. Lei do cosseno da irradiância. 10
- Figura 3. Exitância referente à densidade de fluxo radiante emergente. 10
- Figura 4. Ângulo sólido de uma superfície qualquer. 11
- Figura 5. Intensidade Radiante. 11
- Figura 6. Radiância. 12
Figura 7. (a) Unidade detectora e sistema de processamento; (b) Filtros, lentes e
detectores; (c) Área amostral (IFOV). 17
- Figura 8. Esboço do cálculo da área amostral (IFOV) de um espectrorradiômet-
ro. 18
- Figura 9. Principais fatores e trajetórias da radiância espectral que atenuam, in-
crementam e ocasionam ruídos no sinal captado pelos sensores. 22
- Figura 10. (a) Fluxo Radiante incidente (Φi) e os processos de reflexão (Φr),
absorção (Φa) e transmissão (Φt); (b) Interação de uma folha com a radiação eletromag-
LISTA DE FIGURAS
nética separada em faixas espectrais referentes ao azul (B), verde (G), vermelho (R) e
infravermelho próximo (IR); e (c) Representação gráfica desta interação em bandas e em
medidas contínuas. 23
- Figura 11. Assinatura espectral de uma folha. 24
- Figura 12. Assinatura espectral de 3 minerais constituintes dos solos (gibbsita,
montmorilonita e caulinita). 25
- Figura 13. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de umidade.
26
- Figura 14. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de matéria orgâni-
ca. 27
- Figura 15. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de granulome-
tria. 27
- Figura 16. Assinatura espectral de diversos tipos de rochas ígneas (a), sedimen-
tares (b) e metamórficas (c). 30
- Figura 17. Assinatura espectral de diversos minerais presentes nas rochas.
32
- Figura 18. Assinatura espectral de de diversas concentrações de clorofila-a.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
33
- Figura 19. Coeficiente de absorção da matéria orgânica dissolvida. 34
- Figura 20. Assinatura espectral de diferentes concentrações de matéria inorgâni-
ca em suspensão com sedimento argiloso. 35
- Figura 21. Assinatura espectral dos materiais mais comuns encontrados em am-
bientes urbanos. 37
6
1. INTRODUÇÃO
O sensoriamento remoto se firmou como uma técnica capaz de dar suporte ao estudo de diversas variáveis
ambientais devido à sua aplicabilidade nas ciências físicas, biológicas e sociais. Pode-se definir sensoriamento
remoto como o conjunto de métodos para a obtenção de informações físico-químicas e biológicas de determinado
objeto sem o contato físico com este. De um modo geral, estas informações são adquiridas a partir de sensores
remotos que detectam e convertem, em níveis digitais (ou níveis de cinza), a radiação eletromagnética refletida
ou emitida por determinado objeto.
O uso de sistemas sensores para aquisição de dados terrestres, em nível de campo ou laboratório, obtidos
a partir da radiação eletromagnética emitida ou refletida por estes alvos , é fundamental para o entendimento
e estudo da resposta espectral dos alvos. Aliado a isso, os sistemas sensores, usados para essa medição,
normalmente são categorizados em função da região espectral em que operam (Moreira, 2005). Pode-se definir
a resposta espectral dos alvos ou comportamento espectral dos alvos como a relação entre o fluxo refletido e o
fluxo incidente para cada comprimento de onda do espectro eletromagnético (curvas de reflectância espectral).
Desta forma, cada objeto terrestre irá interagir diferentemente com a radiação eletromagnética devido à suas
características físico-químicas e biológicas , originando uma espécie de assinatura espectral única.
De acordo com Novo (1989), o conhecimento da resposta espectral dos alvos é de grande importância,
visto que permite a extração de informações de imagens de sensores remotos, a definição das características
prioritárias de novos sensores/instrumentos de acordo com a aplicação, o pré-processamento e a forma de
aquisição dos dados (geometria, frequência, altura do imageamento, resolução, entre outros). Além disto, ele
é necessário para a seleção das melhores combinações de bandas e filtros. Todavia, a observação de uma curva
espectral de um alvo sem o conhecimento das condições de obtenção da mesma, ou seja, dos instrumentos e das
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
condições experimentais em que as medidas foram obtidas, não fornece informações suficientes sobre o mesmo
(Jensen, 2007).
Ressalta-se que a reflectância espectral de um objeto pode ser estimada em todos os níveis de aquisição
de dados (orbital, aéreo, campo, laboratório), porém, os resultados obtidos serão diferentes, já que cada um
deles é afetado por fatores como a geometria de aquisição de dados, atenuação atmosférica e outros parâmetros
relativos ao alvo e a mistura espectral. Em laboratório, estes fatores podem ser controlados, entretanto, no
campo eles devem ser conhecidos para que correções possam ser feitas através de placas de referência (Novo,
1989).
7
um fenômeno ondulatório ou como partículas discretas. Em meados de 1860, James C. Maxwell (1831-1879),
físico inglês, definiu a radiação eletromagnética como uma onda eletromagnética constituída de dois campos,
perpendiculares entre si, um elétrico e outro eletromagnético (Figura 1), que se desloca no espaço com uma
velocidade de aproximadamente 300.000 km.s-1. A relação entre o comprimento de onda (λ) e frequência (ƒ)
da radiação eletromagnética é baseada na equação 1:
c=λf
(1)
em que c representa a velocidade (m.s-1), λ o comprimento de onda (m) e ƒ a frequência (Hertz, Hz).
Figura 1. Onda eletromagnética composta pelos campos magnético e elétrico, perpendiculares entre si.
Fonte: Adaptado de Jensen (2007).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Além de suas propriedades ondulatórias, a radiação eletromagnética pode se comportar como partícula
(explicada a partir da teoria corpuscular de Isaac Newton em 1704). No século XX, Niels Bohr (1885-1962)
e Max Planck (1858-1947) reconheceram a natureza discreta das trocas de energia radiante e propuseram a
teoria quântica da radiação eletromagnética. Nesta teoria a energia é transferida na forma de pacotes discretos
denominados quantum ou fóton. Neste caso, a quantidade de energia quântica discretizada é dada pela equação
2:
Q = . f (2)
em que representa a Energia Radiante (Joules, J), a constante de Planck (6,626 x 10-34 Js) e ƒ a frequência
(Hz). A energia radiante representa a quantidade de energia transportada pela radiação eletromagnética com
a capacidade de realizar um trabalho físico, aquecer um objeto ou causar uma mudança no estado da matéria.
Pode-se concluir que a energia presente no quantum é proporcional à frequência, ou seja, quanto maior a
frequência maior a energia contida na partícula. Ainda, a equação 2, que representa a energia radiante,
pode ser expressa em relação ao comprimento de onda proveniente da equação 1:
8
c
Q=
λ
(3)
∂Φ i ∂Q
E
= =
∂A ∂t ∂A
(5)
em que E representa a irradiância (W.m ) e A é a área da superfície (m ). Entretanto, a equação acima é valida
-2 2
apenas para superfícies planas e para um fluxo radiante unidirecional que incide perpendicularmente sobre uma
determinada área. Em casos na qual a direção do fluxo é inclinada (Figura 2) em relação ao ângulo θ entre
a normal e à superfície, a área de incidência aumenta significativamente, porém, o fluxo radiante permanece
inalterado. Deste modo, a irradiância diminui, pois o fluxo radiante incide em uma área maior. A variação da
irradiância com o ângulo de incidência é descrita pela lei do cosseno da irradiância:
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
∂Φ i
Eθ =
∂A
(6)
∂Φ i ∂Φ i
E0 = ∴ E0 cos θ =
∂A cos θ ∂A
(7)
Substituindo 7 em 6 temos:
Eθ = E0 cos θ
(8)
9
Figura 2. Lei do cosseno da irradiância.
A Exitância Radiante (M) representa a densidade de fluxo radiante emergente de uma superfície por
unidade de área desta superfície (Figura 3), ou seja, é a energia radiante que deixa uma determinada área:
∂Φ out
M=
∂A
(9)
em que M é a exitância radiante (Wm-2) e representa o fluxo radiante que deixa determinada superfície (W).
Ressalta-se que a única diferença entre a irradiância e a exitância radiante é o sentido do fluxo radiante.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
O ângulo sólido (ω) representa os ângulos em três dimensões e proporciona uma noção do campo de
visão de determinado objeto ou fonte (Figura 4). Este caracteriza o ângulo cônico subentendido por uma porção
da esfera e é definido como a razão entre a área e o quadrado do raio da esfera, obtida a partir da equação 10:
10
∂A cos θ
∂ω = 2
r
(10)
em que ω representa o ângulo sólido (esferorradiano, sr) e r o raio da esfera (m).
A Intensidade Radiante (I) é o fluxo irradiado de uma fonte pontual em uma dada direção, mensurada
em determinado ângulo sólido infinitesimal (Figura 5):
∂Φ
I=
∂ω
(11)
em que I representa a intensidade radiante (W.sr ). Pode-se definir uma fonte pontual como uma fonte na qual
-1
sua dimensão é considerada desprezível quando comparada com a distância em relação ao observador.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
11
A Radiância (L) é uma das mais importantes grandezas radiométricas no sensoriamento remoto, sendo
independente da distancia alvo-sensor enquanto o alvo for homogêneo. Esta descreve a distribuição da radiação
no espaço e representa o “brilho” de um elemento na superfície. A radiância de uma amostra da superfície em
uma determinada direção pode ser calculada pela razão entre o fluxo radiante refletido ou emitido por unidade
de área projetada e por unidade de ângulo sólido na direção considerada (Figura 6).
∂Φ
L=
∂ω ∂A cos θ
(12)
em que L representa a radiância (Wm-2sr-1)
Figura 6. Radiância.
A interação da radiação eletromagnética com os alvos terrestres pode ser realizada a partir de três
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
processos: absorção, reflexão e transmissão. De acordo com a lei de Kirchhoff de conservação de energia, a
soma do fluxo radiante refletido em cada comprimento de onda (Φr,λ), do fluxo radiante absorvido em cada
comprimento de onda (Φr,λ) e do fluxo radiante transmitido em cada comprimento de onda (Φr,λ) será igual
ao fluxo radiante incidente em determinado objeto em cada comprimento de onda (Φi,λ), como visualizado na
equação 13:
Φ i ,λ = Φ r ,λ + Φ a ,λ + Φ t ,λ
(13)
Ressalta-se que esta relação é fundamentada no total do fluxo radiante incidente proveniente de qualquer
ângulo contido em um hemisfério como, por exemplo, metade de uma esfera. Ainda, a radiação eletromagnética
irá interagir diferentemente com cada objeto tendo em vista suas características físico-químicas e biológicas, de
forma que a soma de cada componente refletida, absorvida e/ou transmitida normalizada em relação ao fluxo
radiante incidente será sempre 1 (um):
Φ Φ Φ
1 = refletido ,λ + absorvido ,λ + transmitido ,λ
Φ i ,λ Φ i ,λ Φ i ,λ
(14) 12
A partir da equação 14, pode-se definir matematicamente a reflectância, a absortância e a transmitância
de determinado objeto. A reflectância hemisférica espectral (ρλ), adimensional, é caracterizada pela razão entre
o fluxo radiante refletido pelo objeto e o fluxo radiante nele incidido em cada comprimento de onda (equação
15). Esta se refere à parte do fluxo radiante incidente que é refletida pelo material ou é espalhada/desviada para
outras direções de propagação diferentes da direção inicial.
Φ refletido ,λ
ρλ =
Φ i ,λ
(15)
A transmitância hemisférica espectral (τλ), adimensional, pode ser definida como a razão entre o
fluxo radiante transmitido pelo objeto e o fluxo radiante nele incidido em cada comprimento de onda. Nesta
propriedade de cada objeto ou superfície, a energia incidente não sofre interação com o material, sendo
inteiramente transmitida através deste.
Φ transmitido ,λ
τλ =
Φ i ,λ
(16)
A absortância hemisférica espectral (αλ), adimensional, pode ser definida como a razão entre o fluxo
radiante absorvido pelo objeto e o fluxo radiante nele incidido em cada comprimento de onda. Neste caso, parte
da energia é absorvida pelos átomos e moléculas que compõem cada objeto, aumentando a energia interna
deste.
Φ
α λ = absorvido ,λ ∴ αλ =
1 − ( ρλ + τ λ )
Φ i ,λ
(17)
humano porque recebem radiação eletromagnética de outras fontes, na região do espectro eletromagnético
referente ao visível, como, por exemplo, o sol, as lâmpadas, entre outras. Dada as características físico-
químicas e biológicas de cada alvo, a radiação eletromagnética irá interagir com este e parte será refletida.
Consequentemente, superfícies muito lisas como, por exemplo, espelhos e materiais metálicos, apresentam
uma direção preferencial de reflexão (reflectância especular).
Entretanto, superfícies porosas tendem a refletir a radiação eletromagnética em todas as direções. Estas
superfícies são conhecidas como superfícies difusas ou lambertianas, ou seja, a intensidade radiante (I) varia
de acordo com o cosseno do ângulo de incidência em relação à normal (Lei do Cosseno de Lambert).
Iθ = I o cos θ
(18)
13
Todavia, a radiância refletida ou emitida de uma superfície difusa ou lambertiana pode ser calculada a
partir da razão entre a intensidade radiante e a área projetada na direção da medição, indicando que a radiância
de uma superfície lambertiana não varia com a direção de observação.
∂Φ ∂Φ ∂Iθ
L= e I= ∴ L=
∂ω ∂A cos θ ∂ω ∂A cos θ
(19)
Para fontes lambertianas utiliza-se a equação 18, logo uma superfície lambertiana independe do ângulo
de visada:
∂I o cos θ ∂I o
L
= = = cte
∂A cos θ ∂A
(20)
A Radiância proveniente de um alvo pode ser considerada como a principal grandeza radiométrica
para a obtenção de propriedades intrínsecas do objeto como, por exemplo, o espectro de reflectância. Porém,
para obter a reflectância de determinado objeto a partir da radiância é necessário relacioná-la com a exitância
radiante e irradiância. Pode-se calcular o ângulo sólido a partir da relação geométrica entre suas componentes
zenital e azimutal (φ).
∂=ω sen θ ∂θ ∂ϕ
(21)
Utilizando o fluxo radiante que sai de uma determinada área (exitância radiante), podemos descrever a
radiância como:
∂M
L(θ ,ϕ )
= ∴ ∂M L cos θ sen θ ∂θ ∂ϕ
=
cos θ sen θ ∂θ ∂ϕ
(22)
Integrando-se zenitalmente (0 a π/2), azimutalmente (0 a 2π) e sabendo que a radiância é constante para
superfícies lambertianas, tem-se:
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
π /2 2π
=M L∫ ∫ cos θ sen θ ∂θ ∂ϕ
0 0
(23)
π
2
2
sen 2θ
π /2 sen − ( sen 0 ) 1
2
[ϕ ]0 ∴ L ( 2π − 0 )
2π
=M L → L 2π
2 0 2 2
(24)
M =πL
(25)
14
Aplicando-se um artifício matemático (divisão dos termos da equação pela área da superfície), pode-se
relacionar a radiância da equação 25 com a reflectância de cada alvo a partir do fluxo radiante que deixa um
alvo e o fluxo radiante incidente:
δΦ out
δΦ out δA M
=ρ = =
δΦ in δΦ in E
δA
(26)
ρE
M = ρ E ; M = π L ∴ ρ E = π L ou L =
π
(27)
Contudo, geralmente os alvos naturais não são perfeitamente difusos, sendo assim, a intensidade do fluxo
refletido varia com o ângulo de saída. Consequentemente, a radiação eletromagnética irá compreender duas
distribuições hemisféricas, uma de entrada e outra de saída, sendo a interação entre essas duas que compreende
o foco de interesse no campo da espectroscopia (Milton, 1987).
Segundo Milton (1987) a reflectância pode ser dada pela equação 28, entretanto, o cálculo de não é
possível, devendo-se então, achar uma alternativa para o fator de reflectância. Esta alternativa é encontrada
através da padronização da radiância refletida de uma superfície por outra superfície perfeitamente difusa
(lambertiana ideal) sobre as mesmas condições de irradiação (iluminação, θ) e de geometria (observação, ϕ).
∂L(θr ,φr )π
ρ=
∂E(θi ,φi )
(28)
Define-se Fator de Reflectância Espectral (FRλ) como a razão entre a radiância espectral da amostra
(Lλ,a) pela radiância espectral de uma superfície lambertiana ideal (Lλ,r), nas mesmas condições de iluminação
e observação:
Pode-se dizer que o fator de reflectância espectral equivale à reflectância do alvo se mantidas a mesma
geometria de observação e a mesma irradiância, como demonstrado abaixo:
Laλ ρλ Eλ
=FRλ = , sendo Lλ
Lrλ π
(30)
Portanto,
15
ρλ ,a Eλ
π ρ
λ ,a
=FRλ =
ρλ ,r Eλ ρλ ,r
π
(31)
Para uma superfície lambertiana ideal a reflectância espectral é igual a 1 (100%) em todo o espectro
eletromagnético. Logo, o fator de reflectância espectral do alvo é igual à reflectância espectral deste:
ρλ ,a
FRλ = ∴ FRλ = ρλ ,a
1
(32)
3. MEDIÇÕES ESPECTRAIS
Os radiômetros são instrumentos utilizados para medir o fluxo radiante de determinado objeto ou fonte.
Entre as principais características dos radiômetros ressalta-se a capacidade de medir as grandezas radiométricas
em regiões do espectro eletromagnético referentes ao ultravioleta, visível, infravermelho próximo, infravermelho
médio, infravermelho termal, entre outras. Além disso, as medidas realizadas por estes instrumentos podem
ser realizadas para um determinado intervalo do espectro (multiespectral ou “in band”) ou em faixas espectrais
estreitas, sendo, então, denominados espectrorradiômetros.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
16
citar o PIMA II, ASD FieldSpec Pro e CSIRO Core Logger. Uma das grandes vantagens de utilizada sensores
terrestres ou aerotransportados em relação aos orbitais refere-se à alta relação entre o sinal e o ruído (SNR).
Quando maior for essa relação melhor é a qualidade do espectro/medida gerada.
O PIMA II caracteriza-se por emitir a própria fonte de radiação eletromagnética que irá interagir com
os alvos e ser observado pelo sensor. Entre as principais especificações do PIMA II destacam-se as 601 bandas
que adquirem informações na faixa do espectro eletromagnético entre 1300 a 2500nm. Este equipamento é
utilizado principalmente para a análise do comportamento espectral de solos e minerais e equivale a obtenção
de informações na faixa espectral do SWIR (infravermelho de ondas curtas).
Diferentemente do PIMA II, os espectrorradiômetros FieldSpec Pro e CSIRO Core Logger necessitam
que uma fonte externa de radiação eletromagnética incida no alvo como, por exemplo, o sol ou uma lâmpada
halógena (que emite radiação eletromagnética na faixa espectral dos instrumentos). O FieldSpec Pro é fabricado
pela empresa norte-americana Analytical Spectral Devices (ASD). O intervalo espectral abrangido pelo
FieldSpec Pro FR é de 350 a 2500 nm, sua resolução espectral é de 3 a 10 nm, separadas em 1250 bandas, e o
tempo para aquisição de dados é de aproximadamente 1/10 de segundo por espectro. Este espectrorradiômetro
possui várias aplicações nas ciências ambientais e possibilita a coleta de espectros de radiância e de reflectância
no intervalo espectral de grande parte dos satélites orbitais, sendo comumente utilizado como verdade terrestre
e para originar bibliotecas espectrais.
O CSIRO Core Logger é um espectrorradiômetro não portátil com 200 bandas entre 400 e 2500 nm.
Neste equipamento, enquanto uma lâmpada halógena provém o fluxo radiante necessário, o sistema realiza
uma varredura contínua a cada centímetro ao longo de uma área amostral, permitindo uma análise de 500
metros por dia (Mauger, 2003). A Figura 7 exemplifica um espectrorradiômetro óptico e sua área projetada em
função do campo de visada.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Figura 7. (a) Unidade detectora e sistema de processamento; (b) Filtros, lentes e detectores; (c) Área amostral
(IFOV).
O cálculo da área amostral leva em consideração o campo de visada e a altura do sensor até a superfície
de referência. Desta forma, se um radiômetro ou espectrorradiômetro possuir um campo de visada α, a área
projetada pelos detectores será uma relação trigonométrica de triângulos retângulos com ângulo α/2 (Figura
17
8). Ressalta-se que a projeção dos detectores na superfície é elíptica, porém, é comum utilizar a área de um
quadrado (equação 33) ou mesmo de um círculo.
3.2. Geometria de aquisição de dados, medições no Laboratório e no Campo e procedimentos para a calibração
dos espectrorradiômetros e placas de referência
pois permitirá que todas as anomalias nos dados sejam preliminarmente relacionadas e possivelmente corrigidas
ou descartadas;
f) Analisar a variabilidade atmosférica, interrompendo a tomada de medidas em eventuais encobrimentos
parciais por nuvem;
g) Utilizar, quando possível, roupa escura;
h) Manter uma distância significativa do alvo e não projetar sua sombra sobre o mesmo;
i) Manter veículos e materiais que possam refletir a radiação eletromagnética na direção do alvo a uma
distância considerável (Milton, 1987).
No sensoriamento remoto, a interação dos alvos com a radiação eletromagnética está relacionada com
as propriedades físico-químicas e biológicas dos mesmos, sendo que esta interação descreve sua resposta
espectral (Novo, 1998; Moraes et al., 1996), que pode ser medida por instrumentos óptico-eletrônicos capazes
de registrar a interação do alvo com a radiação ao longo do espectro eletromagnético. Em campo é possível
obter a resposta espectral de um objeto interagindo com o seu meio e em laboratório é possível controlar
o ambiente em torno do alvo. Porém, em ambos os casos deve-se sempre verificar a calibração da unidade
detectora e da placa de referência.
Em muitas práticas de campo e laboratório, é comum utilizar uma unidade detectora que não foi calibrada
recentemente, ou mesmo uma placa de referência feita de outros materiais ou que se encontra danificada ou
suja, produzindo uma resposta abaixo da esperada (superfície lambertiana com reflectância espectral próxima
a 100%). Nestes casos, torna-se necessária a calibração da unidade detectora a partir de uma unidade detectora
calibrada, assim como, a calibração da placa de referência utilizada a partir de uma placa padrão de laboratório.
Desta forma, em experimentos que utilizem duas unidades detectoras ou uma unidade detectora não
calibrada, o fator de reflectância espectral deve sofrer correções devido às diferenças de sensibilidade e ruído
entre as unidades detectoras. Nestes casos, o fator de intercalibração espectral entre a radiância espectral da
unidade detectora utilizada nas medidas (Lλ,1) e a a radiância espectral da unidade detectora padrão (Lλ,2) é
dado por:
Lλ ,1
Iλ =
Lλ ,2
(34)
Do mesmo modo, o fator de intercalibração espectral entre a radiância espectral da placa padrão de
laboratório (Lλ,p) e a radiância espectral da placa de referência utilizada nas medidas (Lλ,r) é dado por:
Lλ , p
Kλ =
Lλ ,r
(35)
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
A partir dos coeficientes acima, obtém-se o Fator de Reflectância Espectral (FRλ) a partir de:
Ressalta-se que as curvas espectrais dos alvos na superfície terrestre podem variar de acordo com a
posição do Sol (azimute solar), ângulo de elevação solar e direção de apontamento do sensor (em relação
ao nadir). Neste sentido, a observação da curva espectral de um alvo, sem o conhecimento das condições de
aquisição, dos instrumentos e das condições experimentais em que as medidas foram obtidas, não fornecem
informações suficientes sobre os mesmos (Goltz, 2005). Ainda, as condições geométricas da aquisição dos dados
de sensoriamento remoto são muito importantes na definição dos tipos de produtos gerados, uma vez que a falta
destas informações implica em ambiguidade e erros na terminologia utilizada para a definição dos produtos
e, consequentemente, erros na aplicação destes dados pela comunidade científica. Ainda, frequentemente é
19
negligenciada a descrição das condições físicas das medidas (geometrias, condições atmosféricas), dificultando
o entendimento e aplicação dos dados obtidos (Schaepman-Strub et al., 2006).
Passando para a avaliação do comportamento espectral de alvos a partir de sensores orbitais (Hyperion/
EO-1) a geometria e da relação sinal ruído pode afetar significativamente a resposta espectral dos alvos. Nesse
caso a direção de espalhamento da radiação eletromagnética e a magnitude do ângulo zenital e azimutal de visada
e iluminação devem ser considerados. Geralmente, quando alvos são imageados na direção do espalhamento
frontal (forward scattering) há uma maior contribuição de elementos sombreados. Por outro lado, quando
um alvo é visto na direção do retroespalhamento (backscattering) uma maior predominância de componentes
iluminados contribui para a radiância detectada pelo sensor.
O espalhamento atmosférico, por sua vez, incrementa a radiância proveniente da superfície, com uma
componente atmosférica conhecida como radiância de trajetória, que é dependente do tamanho molecular
dos constituintes atmosféricos. O espalhamento é tratado com sendo seletivo e não-seletivo, alterando
quantitativamente a radiância espectral que incide na superfície e retorna ao sensor (Thome, 2001; Hu et al.,
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Desta forma, se a radiação eletromagnética for espalhada por partículas cujo raio é muito menor que o
comprimento de onda incidente, este espalhamento é denominado Rayleigh ou molecular (partículas menores
que 0,1 μm). O espalhamento Rayleigh é inversamente proporcional ao comprimento de onda incidente elevado
a quarta potência e afeta com maior intensidade os comprimentos de onda menores:
1
ERayleigh ≅
λ4
(37)
20
A fórmula acima permite a dedução que quanto menor o comprimento de onda, maior o espalhamento
pelas moléculas presentes na atmosfera. Consequentemente, a região do espectro eletromagnético referente ao
azul é espalhada 5,5 vezes mais que a região do vermelho, interferindo significativamente nas medidas realizadas
em campo. Entretanto, a região do espectro eletromagnético referente ao violeta possui comprimentos de onda
menor que a do azul, pergunta-se então, por que o céu não é violeta? A resposta está na proporção de energia
emitida pelo sol nas faixas do violeta e na faixa do azul. Ao se integrar a formula de Planck (Bλ) em faixas
espectrais pode-se obter a radiância espectral emitida pelo sol (considerando-o como um corpo negro):
λb
2π c 2
Bλ = ∫ dλ
λa λkTc
λ e − 1
5
(38)
em que ℏ representa a constante de Planck (6,663x10-24js-1), c a velocidade da luz (3x108m/s) e k a constante
de Boltzmann (1,38x10-23jK-1).
Ainda, se a radiação eletromagnética for espalhada por partículas (pólen, fumaça, gotas de água) cujo
raio é equivalente ou maior que o comprimento de onda incidente, este espalhamento é denominado Mie
ou Lorentz-Mie, que é responsável pela aparência branca das nuvens. Diferentemente dos espalhamentos
mencionados acima, o espalhamento Não-Seletivo é independente do comprimento de onda e ocorre na baixa
porção da atmosfera, quando as partículas são muito maiores do que a radiação incidente, espalhando igualmente
todos os comprimentos de onda, como por exemplo, uma neblina.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
A radiação eletromagnética uma vez que incide na atmosfera terrestre interage com os diversos gases,
vapor de água e aerossóis que a compõem, sendo espalhada, absorvida, refletida e refratada. Tais interações
afetam as medidas realizadas por espectrorradiômetros em campo, sensores aerotransportados e por instrumentos
a bordo de satélites. Geralmente, a radiância (L) registrada pelos detectores é uma função do total do fluxo
radiante que deixa determinado alvo da superfície terrestre em um ângulo sólido específico, contido no ângulo
de visada do equipamento (Jensen, 2007). Porém, é comum que outras fontes de radiância sensibilizem os
detectores e introduzam um sinal/ruído que não é característico do objeto em questão.
Desta forma, pode-se concluir que a irradiância solar espectral total que irá incidir sobre uma determinada
superfície é uma função de diversas componentes (Jensen, 2007):
λ2
=Eg ,λ ∫ (E
λ1
τ
o , λ ai , λ cos θ + Ed ,λ ) d λ
(39)
Consequentemente, apenas uma pequena fração do fluxo radiante incidente em determinada área da
superfície terrestre (Irradiância) será refletida em direção ao sensor. Assim, se assumirmos que a terra se
comporta como uma superfície lambertiana, a radiância que deixa a área de estudo e sensibiliza os detectores
pode ser definida como:
λ2
1
=Lλ ,alvo
π ∫ ρλτ
λ1
as ,λ ( Eo ,λτ ai ,λ cos θ + Ed ,λ ) d λ
(40)
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Figura 9. Principais fatores e trajetórias da radiância espectral que atenuam, incrementam e ocasionam ruídos
no sinal captado pelos sensores.
Fonte: Adaptado de Jensen (2007)
Ressalta-se que a radiância que deixa a área de estudo não é a única a sensibilizar os detectores, como
demonstrado na Figura 9. Como este efeito é indesejável, existem várias metodologias dedicadas à remoção
22
do efeito atmosférico sobre a radiância da superfície, como por exemplo, o Second Simulation of a Satellite
Signal in the Solar Spectrum (6S), o Moderate Spectral Resolution Atmospheric Transmittance Algorithm
and Computer Model (MODTRAN), o Low Spectral Resolution Atmospheric Transmittance Algorithm and
Computer Model (LOWTRAN), além de bibliotecas inseridas em programas de processamento digital de
imagens, como, por exemplo, o Fast Line-of-sight Atmospheric Analysis of Spectral Hypercubes (FLAASH)
disponibilizado no Environment for Visualizing Images (ENVI) (Vermote et al., 1997; Thome, 2001; Hu et al.,
2001; Röder et al., 2005).
Figura 10. (a) Fluxo Radiante incidente (Φi) e os processos de reflexão (Φr), absorção (Φa) e transmissão
(Φt); (b) Interação de uma folha com a radiação eletromagnética separada em faixas espectrais referentes ao
azul (B), verde (G), vermelho (R) e infravermelho próximo (IR); e (c) Representação gráfica desta interação
em bandas e em medidas contínuas.
Fonte: Steffen et al. (1996).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Assim, o conjunto dos valores sucessivos da reflectância ao longo do espectro eletromagnético define
o comportamento espectral de um objeto, também conhecido como a assinatura ou resposta espectral deste,
caracterizado pela forma, intensidade e localização de cada banda de absorção (ou ainda emissividade). Portanto,
o conhecimento do comportamento espectral dos objetos terrestres é muito importante, como, por exemplo, na
escolha a região do espectro mais propícia ao se adquirir dados para uma determinada aplicação (Steffen et al.,
1996). Fisicamente os processos de absorção e reflexão são explicados por transições eletrônicas na região do
visível e infravermelho próximo (nível atômico) e processos vibracionais no infravermelho médio e distante
(nível molecular). Nesse último caso, é comum trabalhar com a emissividade dos alvos.
23
1995). A folha é o principal órgão absorvedor da REM e é o elemento que mais contribui para o sinal detectado
por sensores remotos. Nas folhas pode-se destacar três fatores dominantes que influenciam no comportamento
espectral da vegetação: pigmentos da folha, estrutura celular e conteúdo de água (Cardoso e Ponzoni, 1996;
Moreira, 2003). A influência desses fatores é dependente do comprimento de onda.
A assinatura espectral de uma vegetação sadia pode ser visualizada na Figura 11. Na região do espectro
eletromagnético referente ao visível (0,4 a 0,7 µm ou 400 a 700 nm), os pigmentos das folhas dominam a assinatura
espectral, e são compostos por aproximadamente 65% de clorofila, 29% de xantofilas e 6% de carotenos,
todos esses presentes nos cloroplastos. Nesta região ocorre uma alta absorção da radiação eletromagnética pela
clorofila a (0,43 e 0,66 µm) e clorofila b (0,45 e 0,65 µm) para a realização da fotossíntese, ocorrendo uma
menor absorção da radiação eletromagnética no comprimento de onda referente ao verde, próximo a 0,54 µm,
o que permite que uma folha verde e saudável apareça verde aos nossos olhos (Jensen, 2007).
Entretanto, algumas componentes das folhas são praticamente transparentes à radiação eletromagnética
na região do infravermelho próximo (entre 0,7 e 1,3 µm) como, por exemplo, a epiderme e a cutícula. Entretanto,
ao incidir nas células do mesófilo esponjoso e nas cavidades de ar presentes no interior da folha, a radiação
eletromagnética sofre múltiplos espalhamentos e refração devido à diferença de meios, aumentando, desta
forma, a reflectância no infravermelho próximo. Na região espectral do infravermelho médio (entre 1,3 e 3 µm)
a resposta espectral é dominada principalmente pela absorção da radiação eletromagnética pelas moléculas de
água, sendo evidentes bandas de absorção próximas a 1,4 µm, 1,9 µm e 2,5 µm, que ao absorver a radiação,
causam a diminuição nos valores de reflectância (Ponzoni e Shimabukuro, 2007).
Ainda, a radiação eletromagnética será refletida de forma minoritária nas células da camada superficial
das folhas, sendo a maior parte transmitida para o mesófilo esponjoso, e como o número de paredes celulares na
folha é grande, parte da radiação eletromagnética será refletida de volta para o hemisfério de incidência e outra
parte será transmitida através da folha. Ainda, a espessura da folha determinará a trajetória da radiação, sendo
que para folhas finas a transmitância da radiação eletromagnética será maior do que a reflectância, ocorrendo o
contrário para as folhas grossas (Steffen et al., 1996).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
As principais características observadas na assinatura espectral dos solos ocorrem devido à absorção,
que podem ser de origem eletrônica (necessária para a mudança de nível de energia de um elétron no interior do
átomo) e de origem molecular (vibração das moléculas, que resultam no aparecimento de feições espectrais).
Ainda, e relembrando, o comportamento espectral dos solos pode ser definido por seus materiais constituintes,
assim como por seus arranjos e combinações, sendo que os principais fatores são estabelecidos pela constituição
mineral, matéria orgânica, granulometria (textura e estrutura) e pela umidade (Steffen et al., 1996).
Os solos tropicais são constituídos principalmente pela caulinita, gibbsita, quartzo, goethita e hematita,
sendo os minerais primários compostos pelas frações de areia e silte, na qual se destacam os quartzos, feldspatos
e silicatos; e os minerais secundários compostos pelas argilas (minerais de argila, alumínio silicatado, óxidos
e hidróxidos de ferro e alumínio, carbonatos, fosfatos e sulfatos). Na Figura 12 podem ser visualizadas a
assinatura espectral de 3 minerais constituintes dos solos, compostos pela caulinita, gibbsita e montmorilonita.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Figura 12. Assinatura espectral de 3 minerais constituintes dos solos (gibbsita, montmorilonita e caulinita).
Fonte: Adaptado de Pizarro et al. (2001).
25
A matéria orgânica presente nos solos é constituída por resíduos de plantas e animais em decomposição,
por substâncias derivadas da decomposição por microrganismos e por pequenos animais que habitam o solo.
Outro elemento encontrado nos solos é a água, presente na forma livre (umidade) e na forma estrutural
(moléculas encontradas em alguns cristais) (Jensen, 2007). Em geral, a presença de água e matéria orgânia
tende a provocar uma diminuição da reflectância ao longo de todas as faixas espectrais.
De uma maneira geral, quanto maior o teor de umidade, mais escuros os solos aparecerão em imagens
de satélite, denotando uma diminuição da reflectância em todo o espectro eletromagnético. Ressalta-se que
a diminuição da reflectância espectral maior quanto menor for à concentração de matéria orgânica presente,
sendo que a diminuição na reflectância devido à umidade variará de acordo com os tipos de solos. Um exemplo
desta característica pode ser visualizado na Figura 13 (as variações apresentadas no gráfico a partir de 2,2µm
são originadas pelo ruído do equipamento utilizado para a obtenção das medidas).
Figura 13. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de umidade.
Fonte: Adaptado de Formaggio (2011).
Em relação à matéria orgânica, à medida que ela aumenta, a reflectância espectral decai, além disso,
uma vez que o aumento exceda 2%, os efeitos passam a mascarar gradativamente as propriedades espectrais de
outros constituintes do solo (Epiphanio et al., 1992), conforme pode ser visualizado na Figura 14.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
26
Figura 14. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de matéria orgânica.
Fonte: Adaptado de Jensen (2007).
Figura 15. Assinatura espectral dos solos com diferentes níveis de granulometria.
Fonte: Adaptado de Formaggio (2010).
27
A assinatura espectral dos solos podem ser classificadas em 5 tipos distintos, sendo os tipos 1 a 3
propostos por Condit (1970) e os tipos 4 e 5 por Stoner e Baumgardner (1980), visualizadas na Tabela 1,
sumarizadas por Novo (1998). A assinatura espectral do tipo 1 caracteriza-se por uma leve concavidade na
região do espectro eletromagnético até 1 µm e por uma constante inclinação até 1,3 µm (solos Podzolizado e do
tipo Cambissolo). O tipo 2 caracteriza-se por uma feição convexa que vai da região do espectro eletromagnético
referente ao visível até 1,3 µm, apresentando uma sutil inclinação entre 0,6 e 0,7 µm (solos Latossolo Amarelo
e Areia Quartzosa). O tipo 3 apresenta acentuada inclinação ascendente com um pequeno decréscimo em
0,6 µm, seguida por uma inclinação quase nula de 0,62 a 0,74 µm, ou mesmo negativa de 0,76 a 0,88 µm,
possuindo inclinação crescente com o aumento do comprimento de onda (solos Latossolo Una e Latossolo
Vermelho Amarelo).
O tipo 4 assemelha-se ao tipo 3, distinguindo-se deste por uma inclinação decrescente de 0,88 a 1,0
µm, sendo que a partir de 1,0 µm a inclinação é nula e mesmo negativa até 1,3 µm (solos Latossolo Vermelho
Escuro). O tipo 5 também assemelha-se ao tipo 3, porém apresentando inclinação que cai a zero e torna-se
negativa entre 0,75 e 1,3 µm (solos Latossolo Roxo e Latossolo Roxo Una).
Ainda, o comportamento espectral dos solos pode ser analisado a partir da relação dos seus constituintes
e feições, conforme sumarizado por Novo (1998) e visualizado na Tabela 2.
28
Tabela 2: Principais características da assinatura espectral dos solos.
Em relação ao estudo das propriedades físico-químicas dos solos, as principais faixas de interesse são:
0,57 µm (monitoramento de matéria orgânica em solos sem cobertura vegetal); 0,7 e 0,9 µm (monitoramento
do composto de ferro férrico); 1,0 µm (monitoramento do composto de ferro ferroso); e 2,2 µm (monitoramento
da umidade) (Novo, 1998).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Como os solos são formados a partir das mudanças nas condições físicas e ambientais sofridas pelas
rochas, o comportamento espectral desses dois alvos tornam-se semelhantes, sendo que a principal característica
diferencial entre estes decorre da significativa presença de matéria orgânica e água líquida nos solos, que
ocasionam a diminuição da reflectância em todo o EEM e que podem inclusive mascarar as feições das principais
bandas de absorção provenientes dos minerais (Steffen et al., 1996). As rochas podem ser classificadas em 3
29
tipos: I) ígneas; II) sedimentares; e III) metamórficas; e a assinatura espectral pode ser visualizada na Figura
16. Nesta figura os valores de reflectância no eixo vertical encontram-se deslocados para permitir uma melhor
representação gráfica.
Figura 16. Assinatura espectral de diversos tipos de rochas ígneas (a), sedimentares (b) e metamórficas (c).
Fonte: Adaptado de Salisbury e Hunt (1974).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
As rochas ígneas são rochas primárias formadas por magmas superficiais ou do interior da Terra,
compostas principalmente por silício, oxigênio e alumínio, que não exibem feições espectrais, portanto, os
espectros de reflectância são dominados pelos constituintes menores. As rochas ígneas são classificadas em:
a) félsicas, caracterizadas por apresentarem valores superiores a 66% de dióxido de silício, como o granito,
exibindo bandas de absorção vibracional em 1,4, 1,9 e 2,2 μm devido à água e hidroxilas; b) intermediárias, que
possuem de 52 a 66% de dióxido de silício, como os dioritos e os fonólitos, apresentando feições de absorção
devido ao ferro férrico e ferroso, à água e à hidroxilas de alteração; c) máficas, que possuem de 45 a 52% de
dióxido de silício, como o diabásio, contendo feições de absorção devido ao ferro férrico e ferroso em 0,7 e
1,0μm; e d) ultramáficas, que possuem menos de 45% de dióxido de silício, como o piroxenito e o dunito,
possuindo grandes quantidades de minerais opacos e ricos em ferro, produzindo bandas ferrosas em 0,7, 1,0 e
2,0 μm. Ainda, a presença de minerais opacos, como a magnetita, diminui a reflectância no intervalo espectral
de 0,4 a 2,5 μm e produzem bandas de absorção bem definidas, podendo inclusive mascarar as feições de
absorção provenientes de outros minerais (Galvao, 1994; Jensen, 2007).
30
As rochas sedimentares são derivadas de rochas pré-existentes e que passaram por processos de
intemperismo e erosão, apresentando bandas de absorção bem definidas devido aos óxidos de ferro, minerais
de argila e de carbonatos, podendo ser mascaradas por material opaco carbonoso. As maiores reflectâncias
espectrais são observadas em rochas arenosas com sais minerais transparentes ou menores quantidade de
substâncias opacas. Ainda, os arenitos geralmente possuem grãos de quartzo com coberturas de óxidos de
ferro, apresentando bandas de absorção em 0,87µm; os calcários apresentam bandas de absorção em 1,9 e
especialmente em 2,3 µm; e os folhelhos carbonosos não apresentam feições bem definidas (Galvao, 1994;
Jensen, 2007).
As rochas metamórficas decorrem da transformação de rochas existentes, sendo que a assinatura espectral
depende da constituição da rocha original e das transformações mineralógicas sofridas, apresentando bandas de
absorção bem definidas devido à presença de carbonatos, hidroxilas, íons de ferro e cromo e substâncias opacas
(Galvao, 1994; Jensen, 2007).
Ainda, é possível constatar nas rochas efeitos de refração, difração e espalhamento devido às interações
macroscópicas, em tais casos, a análise dos efeitos dessas interações decorre do conhecimento das propriedades
óticas (grau de transparência dos objetos) e físicas do material (tamanho, forma e rugosidade). Além disso, a
compactação dos materiais tende a aumentar a curva de reflectância na região do visível, ocorrendo o inverso
na faixa do infravermelho (Steffen et al., 1996). O comportamento espectral de minerais, rochas e solos no
infravermelho termal é controlado basicamente pelo conteúdo de água e a quantidade de sílica.
De uma maneira geral, existem alguns fatores que influenciam na reflectância das rochas, dentre eles,
pode-se citar as misturas minerais, podendo ser lineares (quando diferentes materiais são discriminados no
FOV gerando um sinal proveniente da soma da área fracional multiplicado pelo espectro de cada componente);
não-lineares (diferentes materiais em contato na superfície de espalhamento gerando uma combinação não-
linear dos espectros de reflectância); coatings (quando um material cobre outro) e molecular (que incluía a água
absorvida em um mineral) (Galvão, 1994).
Segundo Novo (1998), a região do espectro eletromagnético entre 0,8 a 1,0 μm é propícia ao estudo
referente à identificação de ferro, entre 2,17 e 2,2 μm para a identificação de minerais de argila, em 1,6μm para
a identificação de zonas de alteração hidrotermal ricas em argilas e em 2,74 μm para a detecção de minerais
com presença de hidroxilas em sua estrutura.
31
Figura 17. Assinatura espectral de diversos minerais presentes nas rochas.
Fonte: Adaptado de Galvão (2010).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
A água apresenta-se na natureza em 3 estados físicos (sólido, líquido e gasoso), os quais apresentam
comportamento espectral distintos. De uma maneira geral, a assinatura espectral da água líquida apresenta baixa
reflectância na região do espectro eletromagnético entre 0,38 e 0,7 μm (menos que 10%) e máxima absorção
acima de 0,7 μm, a água sólida apresenta reflectância em diversos comprimentos de onda, apresentando alta
reflectância entre 0,7 e 1,2 μm (80%) e atenuando a parir de 1,4 μm (menor que 20%), e a água gasosa exibe
alta reflectância em todo o espectro eletromagnético (70%), apresentando bandas de absorção em 1,0, 1,3 e 2,0
μm (Novo, 1998).
A assinatura espectral da água decorre dos processos de absorção e espalhamento em seu interior,
extraindo-se dessa forma informações sobre suas características físico-químicas e biológicas. Neste caso, os
principais elementos responsáveis pelos processos de absorção e espalhamento são o fitoplâncton, a matéria
orgânica dissolvida e o total de sólidos em suspensão (TSS), que compõe os sedimentos orgânicos e inorgânicos
em suspensão e determinarão as propriedades ópticas inerentes da água (Mantovani, 1993).
O fitoplâncton é o responsável pela absorção da energia solar no meio aquático para a produção da
fotossíntese, nestes, a concentração e o tipo de pigmentos (clorofila-a, clorofila-b, clorofila-c, carotenóides
ou biliproteinas) irão afetar o comportamento espectral da água, ocasionando feições de absorção na faixa do
visível. Ainda, o aumento na concentração de pigmentos acarreta em uma diminuição constante da energia
eletromagnética refletida pela água, um deslocamento do máximo de reflectância da região do azul para o verde
e um aumento de energia refletida na região de 0,68 μm devido à fluorescência causada pela clorofila-a (Novo,
2001; Jensen, 2007), conforme Figura 18.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Figura 18. Assinatura espectral de de diversas concentrações de clorofila-a. Fonte: Adaptado de Novo (2011).
33
A matéria orgânica apresenta proteínas, aminoácidos, ácidos graxos, resinas e compostos húmicos, este
último originado principalmente da decomposição de organismos vivos terrestres ou aquáticos, principalmente
o fitoplâncton durante a sua senescência, provocando o aparecimento do carbono orgânico dissolvido na água.
Quando há a presença de matéria orgânica dissolvida na água, ocorre uma interferência no coeficiente de
absorção do fluxo radiante, alterando a cor da água pura. Este aumento da concentração irá acarretar em uma
diminuição da reflectância pelo sistema aquático, principalmente nos comprimentos de onda menores (azul e
verde) onde o coeficiente de absorção pela matéria orgânica é mais elevado, como pode ser visualizado na Figura
19. Conforme a concentração de matéria orgânica na água for aumentando, a cor da água vai apresentando
diferentes nuances, tendendo a ter uma coloração amarelada, passando para o vermelho/marrom e quando a
concentração for muito elevada adquirindo aparência negra (Novo, 2001; Jensen, 2007).
Os sedimentos orgânicos em suspensão estão relacionados com a cor da água, uma vez que sua alteração
decorre da forte absorção da radiação eletromagnética na região do visível do espectro eletromagnético,
principalmente na região do azul, apresentando uma curva de absorção semelhante à da matéria orgânica
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
dissolvida devido à sobreposição de várias bandas de absorção, apresentando valores altos na região do
ultravioleta e azul, decrescendo até o verde e apresentado valores baixos na região do vermelho.
34
Figura 20. Assinatura espectral de diferentes concentrações de matéria inorgânica em suspensão com
sedimento argiloso.
Fonte: Adaptado de Novo (2011).
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
Em relação à resolução temporal, devem ser levados em consideração algumas questões, como
o progresso da área urbana e do subúrbio, identificado como ciclo de desenvolvimento, que inclui em um
determinado espaço de tempo mudanças na parcela do solo, na subdivisão da terra, estradas, construções e
paisagismo. Nestes casos, analista das imagens deve entender o desenvolvimento temporal para evitar erros
de interpretação; a coleta dos dados, pois informações atuais são imprescindíveis para as aplicações urbanas;
e a necessidade de certos tipos de informação, como, por exemplo, a estimativa populacional, que pode ser
necessária em diversas épocas (Jensen, 2007).
Para a resolução espectral, muitos autores concordam que no estudo de áreas urbanas esse tipo de
resolução não é tão importante quanto à resolução espacial, como, por exemplo, na estimativa populacional
baseada em unidades residenciais, requerendo para isso imagens com no mínimo 5 metros de resolução espacial,
à medida que qualquer banda na região do visível ou infravermelho do espectro eletromagnético é o suficiente
para a análise ser realizada, ainda que seja notável o grande contraste existente entre o objeto de interesse e seus
arredores na ordem de detectar, distinguir e identificar os mesmos (Jensen, 2007).
Ainda, em relação à resolução espectral, pode-se salientar algumas faixas espectrais que são úteis
na extração de certos tipos de informações urbanas e para o estudo do uso e cobertura da terra, como, por
exemplo, a região do visível, infravermelho próximo e médio e pancromática. A banda pancromática em tons
de cinza ou colorida comumente é utilizada para extrair perímetros urbanos e informação sobre áreas e alturas;
o infravermelho termal para obter a medida da temperatura da superfície; imagens de micro-ondas para áreas
urbanas encobertas por nuvens, entre outros (Jensen e Hodgson, 2004). Desta forma, outras aplicações urbanas
também podem ser conduzidas a partir da utilização de imagens de sensores hiperespectrais, estimando a
reflectância dos materiais urbanos (Herold et al, 2004).
Em relação à resolução espacial, muitos analistas podem depender das cores para extrair informações
sobre as áreas urbanas, porém, os elementos geométricos da imagem como a forma do objeto, tamanho, textura,
orientação, padrão e sombra são úteis para este fim. Ainda, quando maior a resolução espacial, mais detalhes
podem ser extraídos do ambiente urbano. A Figura 21 mostra as curvas de reflectância (em %) dos materiais
mais comuns encontrados nos ambientes urbanos.
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
36
Figura 21. Assinatura espectral dos materiais mais comuns encontrados em ambientes urbanos.
Fonte: Adaptado de Jensen (2007).
A cobertura da terra em áreas urbanas aparece tipicamente na coloração “cinza-aço” nas imagens
devido ao terreno urbano, que consiste basicamente de concreto e ruas asfaltadas, parques, matagais e solos
expostos, que refletem grande parte do fluxo radiante incidente nas regiões do verde, vermelho e infravermelho
próximo do espectro eletromagnético. Esta coloração acinzentada contrasta com as superfícies vegetadas que
aparecem em vermelho ou verde (dependendo da composição entre as bandas utilizada) e com corpos d’água
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
que absorvem a maior parte do fluxo radiante incidente, aparecendo desta forma em cor negra nas composições
coloridas do tipo cor verdadeira, sendo facilmente distinguidas das áreas urbanas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse material foi apresentar as principais definições associadas ao comportamento espectral
de alvos. Nesse sentido, o texto apresentou os fundamentos físicos e experimentais básicos. De forma sucinta
discutiu o comportamento espectral geral de alguns alvos tipicamente encontrados nas imagens e estudos de
sensoriamento remoto.
37
BARBOSA, C. C. F. Sensoriamento remoto da dinâmica da circulação da água do
sistema planície de Curuai/rio Amazonas. Tese (doutorado em Sensoriamento Remoto),
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39
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do VIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Salvador, Brasil, p. 1-26, 1996.
BIBLIOGRAFIA
40
1- Qual a natureza da radiação eletromagnética?
41
1. Um pesquisador realizou um experimento em laboratório para
verificar a resposta espectral de uma espécie genérica de grama após
passar por um grande stress hídrico, como assinalado em (a). No
ATIVIDADE mesmo experimento, o pesquisador resolveu analisar a amostra de
03 grama sadia em campo e descobriu uma grande diferença nos dois
espectros, como mostra a figura (b). Sabendo que você teve aulas de
comportamento espectral dos alvos, o mesmo pergunta:a
ATIVIDADES
a Grama Seca?
(b) Por que há uma variação acentuada na faixa do visível e do infravermelho próximo
e médio do espectro eletromagnético para as amostras em (a)?
(c) Sabendo que o espectro visível ao olho humano abrange os comprimentos de onda
de 0.4 a 0.7 µm , que cor teria as duas amostras de grama para o ser humano? Justifique.
(d) Por que há uma diferença entre as amostras de grama sadia coletada em campo e
medida em laboratório?
2. Uma empresa está precisando de um consultor para indicar qual produto é o melhor
para mapear os minerais presentes no solo, assim como diferenciar a assinatura espectral
de diferentes solos. Para a análise, você recebeu 3 espectros de reflectância (abaixo)
obtidos por sensores com diferentes resoluções espectrais. Em (a) TM/Landsat 5 (com
6 bandas no espectro solar com largura entre 65 e 250 nm); (b) MODIS/TERRA (com
20 bandas com largura entre 10 e 50 nm); e (c) Fieldspec Pro (com 420 bandas com
42
largura entre 2 e 10 nm). Uma vantagem dos sensores TM/LANDSAT 5 e MODIS/
TERRA é a disponibilidade de imagens de qualquer área gratuitamente, enquanto que
análises em laboratório requerem idas à campo e análises em laboratório. Ponderando
as características de cada sensor, qual deles você indicaria para mapear os componentes
minerais e diferenciar os tipos de solo? Justifique.
ATIVIDADES
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1. Uma empresa de mineração decidiu contratá-lo como especialista
na área de comportamento espectral de rochas e minerais. Entre
as novas propostas de mapeamento está a utilização de dados
ATIVIDADE hiperespectrais no mapeamento geológico de determinadas áreas.
04 Entretanto, a primeira ação da empresa consiste na análise de duas
áreas de estudos: (I) Estado do Pará, composta predominantemente
por rochas ricas em óxido de ferro (Goethita) e com a presença de
Calcita (alta concentração de cálcio); e (II) Minas Gerais, composta
predominantemente por rochas ricas em alumínio (Alunita) e um
argilo-mineral de alumínio hidratado denominado Caulinita. A figura
abaixo representa o espectro de reflectância dos materiais, obtidos
em laboratório, que compõem as áreas de estudo. Com base nas
informações, responda:
ATIVIDADES
RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
a) Quais as faixas espectrais recomendadas para o estudo de cada material (óxido de ferro,
cálcio, alumínio) com dados hiperespectrais obtidos por satélites ambientais? Justifique.
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2. A figura abaixo corresponde ao resultado de um estudo do comportamento espectral nas
águas do lago grande de Curuai (Pará), realizado por pesquisadores de distintos centros de
pesquisa. Com base nos seus conhecimentos teóricos sobre os elementos que influenciam
na resposta espectral da água, explique:
rurais e vegetados a sua volta. Esta característica origina o fenômeno de ilhas de calor,
constituindo em um dos mais claros e documentados exemplos de mudança climática.
Com base na figura abaixo, explique:
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RESPOSTA ESPECTRAL DE ALVOS - GEOTEC
ATIVIDADES
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