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Cabe, portanto, a questão: por que essa era a melhor aposta? Para compreender a essa
questão é preciso analisar a centralidade do município no processo eleitoral.
O município é um ponto central de análise porque além de ser o foro ordinários dos
escrutínios era também o espaço privilegiado da competição política no período republicano.
Dava-se, a partir do município, as fases decisivas dos pleitos. Essas fases, diferentes dos dias
atuais, afirmam os autores, “contava com pelo menos quatro etapas burocráticas necessárias à
viabilização dos pleitos” (p. 447). Essas fases podem ser resumidas em: i) fase pré-eleitoral,
ou seja, de provimento de alistamento, a divisão do município em seções, a definição do local
de votação e eleição dos membros das mesas eleitorais; ii) a fase do momento eleitoral, a
votação em si; iii) a fase de apuração dos resultados. Primeiro, a contagem primária dos votos
nas seções, sendo realizada uma ata depois de totalizados os votos nas juntas apuradoras
distritais. Na ata havia espaço para o registro de alguma contestação, caso fosse preciso; iv) o
reconhecimento dos poderes dos eleitos. Na época, não havia Justiça Eleitoral, sendo esta
criada somente em 1932. Dessas fases, as três primeiras eram responsabilidade da esfera
municipal.
Na primeira etapa, por exemplo, de caráter preparatório, estava subordinada à
influência das forças políticas locais. “A provisão de alistamento e qualificação dos aptos a
votar se mostrava cuidadosamente conduzido pelos dirigentes municipais” (p. 447). Da
mesma, a eleição dos membros das mesas coordenadoras do dia da votação, tinha como
precedência o poder local. Afirmam os autores que “dominá-las significava conduzir o
desenrolar do pleito”, e complementam
Os mesários geriam a votação: regravam a chamada dos eleitores, conferiam
a lista dos qualificados, examinavam os títulos apresentados por cada
cidadão. (...) tratavam-se de homens que engatavam a apuração preliminar
dos votos, na seção, tão logo encerrado o pleito. (RICCI & ZULINI, 2014, p.
449).