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Contagem 2021
1)Elabore um texto resumindo a tragédia Édipo Rei. (média 15 linhas)
A história de tragédia que envolve o rei Édipo tem início com o seu nascimento. Segundo a
lenda grega, Laio, o rei de Tebas, havia ouvido pelo oráculo de Delfos que o filho algum dia o
mataria e depois se desposaria com a sua mãe, a rainha Jocasta. Perturbado com a revelação o
rei julgou que a melhor solução seria matar seu filho antes que a profecia se realizasse.
Assim, o rei de Tebas ordenou que um pastor levasse Édipo, que teria seus pés amarrados e
seria deixado pendurado numa árvore no Monte Citerão. No entanto o menino foi salvo por um
pastor e acabou sobrevivendo. Pouco depois foi adotado por Pólibo, rei de Corinto, que passa
a tratá-lo como próprio filho.
Anos depois, ao realizar uma consulta com o oráculo de Delfos, Édipo ouve a mesma previsão
dada a Laio, que mataria seu pai e desposaria sua mãe. Crente que essa revelação envolvia seus
pais adotivos, Édipo decide abandonar a cidade para evitar tal desastre. Na ocasião encontra
numa encruzilhada com o seu pai biológico (que desconhecia) e estava acompanhado por uma
comitiva. Furioso, tem um surto de raiva e acaba matando aquelas pessoas. E desse modo que
a primeira parte da profecia se realiza: O filho mata o próprio pai.
Quando chega a Tebas, a sua cidade natal, Édipo depara-se com uma esfinge, um desafio até
então nunca solucionado. Édipo é o único a desvendar o enigma, por ter resolvido a questão
colocado pela esfinge, Édipo é considerado um herói e é declarado rei de Tebas, casando-se
com a própria mãe e concretizando a segunda parte da profecia.
Ao consultar o oráculo, Édipo percebe que o seu destino se concretizou. Desesperado, arranca
as órbitas dos próprios olhos e afirma que não quer ser testemunha da própria desgraça e dos
próprios crimes. A esposa/mãe, por sua vez, a rainha Jocasta, se suicida.
2)Como os deuses são definidos na referida tragédia? Cite 3 fragmentos do texto que
ilustram suas características (inserir número da página de cada fragmento e aspas).
Os Deuses são definidos como a salvação, mas também os responsáveis por todas as coisas
ruins que acontecem, principalmente pelo julgamento das pessoas que cometeram algo errado.
“Porque tu livraste a cidade de Cadmo do tributo que nós pagávamos à cruel Esfinge; sem que
tivéssemos recebido de nós qualquer aviso, mas com o auxílio de algum deus, salvastes nossas
vidas.” Página 2
“Tendo sido morto o rei Laio, o deus agora exige que seja punido o seu assassino, seja quem
for.” Página 5
“Que o deus Apolo, que ordenou essa pesquisa, possa revelar-nos quem teria, há tanto tempo
já, cometido esse horrendo crime!” Página 11
3) Qual é a interpretação da psicanálise em relação ao mito de Édipo e qual é a posição
de Michel Foucault sobre a referida interpretação.
A partir de Freud, a história de Édipo vinha sendo relatada como o mito mais antigo do nosso
desejo e de nosso inconsciente, ou seja, a obra era interpretada como uma verdade atemporal e
histórica dos nossos quereres. Com isso, Deleuze e Guattari refutaram e buscaram mostrar que
Édipo não seria uma verdade de natureza e nem um conteúdo secreto de nosso inconsciente,
mas sim à forma de coação que a psicanálise tenta impor na cura a nosso desejo e a nosso
inconsciente. Édipo é um instrumento de poder, é uma certa maneira de poder médico e
psicanalítico se exercer sobre o desejo e o inconsciente. E Foucault com essa interpretação
subscreve, Édipo não tem a ver com a história indefinida, sempre recomeçada, do nosso desejo
e do nosso inconsciente, mas com a história de um poder, um poder político.
5)Cite alguns argumentos usados por Foucault para demonstrar que o receio de Édipo
era perder o seu poder.
Em todo o decorrer da narrativa, o que está em questão é essencialmente o poder, a soberania
de Édipo, e é isso que faz com que ele se sinta ameaçado. Foucault mostra alguns argumentos
do modo como Édipo tem o receio, do começo até o final da peça: Em um primeiro momento
Édipo deseja curar a peste, para que mantenha sua realeza e quando Tirésias diz ser ele o
culpado, o rei o acusa de querer seu poder. O soberano não se assusta por ter matado o pai e
não alega inocência, mas seu receio é sempre de perder o poder. Na grande disputa com
Creonte, Édipo se sente ameaçado ao nível do poder e não ao nível de sua inocência ou
culpabilidade. Mesmo quando descobre não ser filho de Políbio, o seu medo é ser acusado de
ser filho de um escravo, e se defende alegando que isso não o impedirá de exercer o poder. E
até no fim da história, Édipo se posiciona como chefe de justiça, como soberano, que convocará
a última testemunha. Foucault também argumenta de que no próprio título do livro “Édipo Rei”
o poder dessa soberania assume grande importância.
6)Foucault afirma que existe uma relação entre SABER E PODER. Como Foucault
caracteriza o saber e o poder de Édipo?
Michel Foucault caracteriza a tragédia de Édipo-Rei como uma história de saber e poder da
qual emerge no nascente direito grego. Para Foucault, Édipo obteve o poder com seu próprio
esforço através de seu saber superior em virtude aos outros (ele sabia as respostas dos enigmas
da esfinge). Já o saber de Édipo é discernido como “encontro”, ele encontrou as respostas
sozinho, abriu os olhos, foi capaz de ver com seus próprios olhos e saber, salvando a cidade.
Assim saber e poder se unem em Édipo. Para Foucault esse saber é autocrático e o poder é
absoluto, um poder tirânico onde ele é o próprio judiciário e legislador, ignorando a
constituição da cidade grega, os sábios e os intelectuais.