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Responsabilidade sócio-ambiental coorporativa: o caso de uma

unidade do APL de confecções do Agreste pernambucano.

Resumo: Este estudo objetiva fazer uma análise das motivações e as condições conjunturais
que atuam como determinantes da internalização da responsabilidade sócio-ambiental em
uma empresa têxtil de médio porte integrante do Arranjo Produtivo de Confecções do Agreste
Pernambucano. No que diz respeito aos termos metodológicos, e utilizando a taxonomia
proposta por Vergara (2006), essa pesquisa é classificada, quanto aos fins, como
exploratória e descritiva, quanto aos meios de investigação: bibliográfica, documental, de
campo e estudo de caso. Para coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos:
observação direta e aplicação de um questionário. O referido questionário foi aplicado
considerando-se o universo de 234 funcionários, do qual se constituiu uma amostra aleatória
de 60 indivíduos, o que corresponde a 25,6% do total. Os dados colhidos foram objeto de
análise quanti-qualitativa, por meio de estatística descritiva. Com base na análise de dados
pode-se concluir que a empresa inquirida encontra-se em fase prematura de internalização
de sua responsabilidade sócio-ambiental, uma vez que não se percebe a institucionalização
desta preocupação, seja por meio da criação de princípios, políticas ou programas
específicos para tratarem do tema.
Palavras chave: APL, responsabilidade social corporativa e gestão ambiental.
1. Introdução
Os constantes relatórios sobre os índices de devastação do planeta, e do aquecimento
global publicados por organismos vinculados à Organização das Nações Unidas, ou a órgãos
estatais e ONGs, fazem com que o debate ecológico passe a ser incorporado no rol de debates
privilegiados de praticamente todos os estados-nações.
A instabilidade da sustentabilidade dos sistemas econômicos e naturais em virtude da
escassez de recursos naturais e dos impactos ambientais, resultantes do modelo de produção e
consumo adotado nos últimos séculos, tem levado a várias reflexões por parte de praticamente
todas as camadas sociais. Alguns autores, como Fernandes (2000), reconhecem este fenômeno
como um “processo de ecologização da sociedade”.
Os EUA, por exemplo, que eram reconhecidos por ativistas ecológicos como um dos
mais conservadores, em termos de manutenção de uma política econômica baseada na
acumulação de capital desenvolvimentista, com uso intensivo de matéria prima e energias não
renováveis, bem como, de tecnologias que desconsideram a capacidade de regeneração do
meio ambiente, ultimamente têm acenado para incorporação de práticas ambientalistas, tendo
inclusive, como membro do G8, assumindo um compromisso para a redução da emissão de
gases poluentes, notadamente o CO2, em uma reunião ocorrida em Toyako, Japão.

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A criação na década de 1990, de um novo modelo de desenvolvimento, denominado
de desenvolvimento sustentável, o qual, segundo seus idealizadores, “é aquele que atende às
demandas da geração presente sem comprometer as oportunidades das gerações futura”
(CMMAD, 1987), permitiu que as organizações empresariais, tidas como uma das mais
estigmatizadas, no que concerne à preservação do meio ambiente, pudesse associar sua
imagem positivamente em relação à preservação do meio ambiente. Segundo Vasconcelos
(2003),
a idéia de desenvolvimento sustentável é um marco de extrema
importância para o entendimento da mudança de abordagem da
questão ambiental, pois é a partir deste estilo de desenvolvimento
proposto pela CMMAD que surge uma ligação entre forças de
mercado e o meio ambiente, que vai determinar o surgimento de uma
preocupação da gestão empresarial com as variáveis ambientais.
Para Donaire (1999) a criação do conceito de “Desenvolvimento Sustentável”
contribuiu para a quebra da associação negativa entre termos como desenvolvimento,
indústria, tecnologia, atividade econômica e meio ambiente. A partir daí surge à necessidade
do enfrentamento, por parte dos empresários, da questão ambiental relativas às formas de
gerir sua atividade em referência às variáveis ligadas à questão ambiental, o que tem dado
margem ao surgimento de vários modelos de gestão ambiental que possibilitam que as
empresas ocupem seu papel no processo de ecologização da sociedade.
A importância dada ao meio ambiente pelas empresas, segundo diversos estudos
(NEWMAN; BREEDEN, 1992; DONAIRE, 1999; VASCONCELOS, 2003), têm sido
potencializada ao longo do tempo, principalmente por causa da forte pressão que estas
organizações têm sofrido de diversos atores implicados com as questões ambientais, dentre os
quais, destacam-se o mercado consumidor verde; o Estado que, em todas as partes do Globo,
tem acirrado a legislação pertinente às questões ambientais; setores da sociedade civil
organizada, como o Greenpeace; grupos financiadores, entre tantos outros. Ao analisar esses
aspectos que inferem diretamente na relação das empresas com o meio ambiente, as
organizações têm buscado a cada dia novos modelos de gestão ambiental para que assim
possam alavancar o seu crescimento com reduzido comprometimento do meio ambiente.
Nessa perspectiva, muitas organizações passam a desenvolver projetos voltados para a
educação ambiental dentro da empresa, fazendo com que os seus colaboradores desenvolvam
suas atividades de maneira no que diz respeito aos aspectos ambientais. Segundo Carvalho
(2006), a educação ambiental é parte do movimento ecológico e surge da preocupação da
sociedade com o futuro da vida e com a qualidade da existência das presentes e futuras
gerações. Assim podemos entender o porquê das organizações estarem preocupadas em se
manter cada vez mais voltadas para atividades que incluam a educação ambiental.
Segundo Real (1999), é importante que as empresas passem a institucionalizar o
tratamento das questões sócio-ambientais, não somente para que assumam sua
responsabilidade sócio-ambiental, mas, sobretudo porque a maneira como a empresa trata as
questões ambientais impactam diretamente na imagem de sua marca. Desta forma, surge o
desafio para o marketing, pois em certa medida, a rapidez com que uma empresa compreende
e se volta para os valores e normas ambientais, que não cessam de evoluir, é que define, em
parte, a sua posição competitiva. Assim, vislumbrando a possibilidade de incremento de suas
vantagens competitivas, as empresas começam a se interessar pela proteção da natureza, tanto

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por uma suposta consciência ecológica organizacional (LAYRARGUES, 1998). Como uma
maneira de reposicionar-se em meio à crise em que se encontra o meio ambiente, sendo elas
obrigadas a darem respostas rápidas à sociedade para que suas ações assegurem uma imagem
vinculada à preservação do meio ambiente.
A grande competitividade dos atuais mercados faz com que muitas empresas
encontrem na nova maneira de interagir como um meio ambiente um diferencial em relação
às demais organizações, ou seja, enquanto muitas delas estão preocupadas apenas em cumprir
com as normas e conformidades exigidas pelas novas regulamentações dos estados para não
incorrerem em penalidades, as empresas inovadoras acabam por ir bem mais além,
ultrapassam os requisitos expostos nos regulamentos, encontrando na proteção do meio
ambiente uma nova forma de orientar e gerir seus negócios.
Para Real (1999), empresas que operam de acordo com princípios ecológicos têm um
retorno e um reconhecimento considerável é ocaso, por exemplo, das empresas: Body Shop
que desde a sua fundação em 1976, é considerada uma das maiores empresas inglesas de
cosméticos e que deve o seu sucesso a linha de produtos “amigos do ambiente”. A Body Shop
foi recentemente incorporada à L`Oreal Paris; a 3M que é pioneira nos EUA por seu sistema
de prevenção de desperdícios e de reutilização de insumos, preocupando-se com a geração de
novas idéias de produto e com a produção mais limpa; a Otto Versand, líder de vendas por
catálogo na Alemanha, efetuou uma auditoria em seus produtos que conduziu à eliminação de
todos aqueles que poderiam causar algum dano ao meio ambiente, a exemplo de artigos de
madeira, provenientes da floresta tropical, ou os que envolviam a morte de espécies em
extinção; e, por fim, a Volvo que adicionou a preocupação com o meio ambiente aos seus dois
pilares estratégicos: segurança e qualidade.
Com o envolvimento destas grandes empresas nas questões relacionadas a degradação
ambiental, as demais organizações sentem-se pressionadas a aderir a tal mudança, assim
começam a surgir associações de empresas voltadas a gestão ambiental, como exemplo de
uma dessas associações podem ser citadas o INEM (International Network of Environmental
Management) e a BAUM (Associação de Gestão Ambiental Alemã) essas associações
mantêm-se interligadas a todos os assuntos relacionados as questões ambientais, incentivando
as empresas associadas a operarem de maneira a proteger os recursos oferecidos pela
natureza.
As empresas podem tratar seus problemas ambientais, e cumprirem a legislação sem
implementar qualquer sistema de Gestão Ambiental Certificável. No entanto, a adoção de um
sistema tem diversas vantagens, uma vez que passa a comprovar para seus grupos de interesse
sua preocupação com o uso racional dos recursos naturais e a sua atuação voltada para a
preservação do meio ambiente.
O processo de gestão ambiental, que normalmente é usado pelas empresas está ligado
diretamente e, antes de qualquer coisa, ao seu processo produtivo e a forma como ele interage
com o meio ambiente, ou seja, no tratamento de resíduos, de efluentes líquidos e gasosos, de
racionalização de consumo de matérias-primas, que por sua vez inclui a água, a energia, o
controle da poluição sonora e diversos outros fatores que incidem na degradação do meio
ambiente.

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Além das normas legais existem as normas de mercado, entre elas podemos citar o
caso da Série de Normas ISO 14001, que servem de orientação para utilização dos sistemas
de gestão ambiental e é aplicada a qualquer organização que pretenda:
a) Implantar, manter e melhorar um sistema de gestão ambiental;
b) Assegurar-se da sua conformidade com a política ambiental por si estabelecida;
c) Demonstrar essa conformidade segundo terceiros;
d) Obter a certificação/registro do seu sistema de gestão por um organismo
externo;
e) Realizar uma auto-avaliação e emitir uma declaração de conformidade com a
presente norma.
O principal objetivo da ISO 14001 é estabelecer os requisitos para que se possa operar
um Sistema de Gestão Ambiental, neste intuito, essa norma também prevê a interação das
empresas com a preocupação ambiental em dois âmbitos: o primeiro como um impulso para a
sua lucratividade, e o segundo como uma maneira de gerir os impactos ambientais, pois
dentro de um Sistema de Gestão Ambiental a norma funciona como um simples e eficaz
conjunto de mecanismos para gerir questões ambientais dentro de uma empresa.
Nesta perspectiva de melhora da relação entre a empresa e o meio ambiente, muitas
delas acabam não só por aderir aos mecanismos de regulação impostos pelos governos mais
também aos aspectos dos seus produtos como forma de consolidar sua imagem como empresa
preocupada com o meio ambiente. Segundo uma pesquisa realizada pela agencia de
publicidade Backer Spielvogel Bantes constatou-se que 67% dos consumidores americanos
estavam dispostos a mudar de marca, a fim de escolher um produto com a embalagem
ambientalmente segura. A mesma pesquisa mostrou que uma proporção bem maior dos
consumidores de outros países faria tal coisa: 84% na Ex-Alemanha Ocidental, 84% na Itália
e 82% na Espanha (SEBRAE, 2010).
Apresentadas as linhas gerais da discussão acadêmica sobre a atual relação entre a
organização e o meio ambiente, passa-se a discorrer sobre o caso objeto deste trabalho, o que
se encontra circunscrito à percepção dos colaboradores internos relativos à internalização da
responsabilidade sócio-ambiental em uma empresa têxtil de médio porte integrante do APL de
confecções do agreste pernambucano.
Para tanto, inicia-se o tópico seguinte com uma breve apresentação do APL de
confecções do agreste, seguido da caracterização da empresa e, nos tópicos seguintes
descrevem-se os procedimentos metodológicos adotados, seguido das análises de dados e, por
fim, das considerações finais.
2. Apresentação do APL de Confecções do Agreste
O negócio do APL de Confecções do Agreste pode ser definido como o de “Confecções
que atendam ao mercado regional, em evolução para fornecimento ao mercado de moda e
qualidade em âmbito regional, nacional e internacional”.
De acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT (2010), os Arranjos
Produtivos Locais (APLs) “são aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais,
localizados em um mesmo território, que apresentam vínculos de articulação, interação,
cooperação e aprendizagem. Relaciona-se com o conceito de planejamento regional. São

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fenômenos vinculados à economia de aglomeração e têm a localização e a cadeia de valor
como aspectos relevantes”.
É importante ressaltar que essa definição representa um estágio na evolução do APL,
uma fase de transição entre o negócio original de confecções de baixo custo, nitidamente para
um mercado regional, apontando para a consolidação e desenvolvimento no mercado de moda
e qualidade em âmbito não apenas regional, como nacional e também internacional, através de
um movimento de exportação de produtos já em curso (SICSÚ; HULAK, 2005).
O APL de Confecções do Agreste Pernambucano está localizado nas Regiões de
Desenvolvimento do Agreste Central (RD – Agreste Central) e Setentrional (RD - Agreste
Setentrional), concentrando-se nas Bacias dos rios Capibaribe e Ipojuca. Segundo dados do
Levantamento Institucional de APLs – 2008, levado a cabo pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o APL de Confecções possui como cidade
Pólo Caruaru e agrega as cidades de Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, Surubim, Brejo da
Madre de Deus, Cupira, Taquaritinga do Norte, Belo Jardim, Pesqueira e Passira.
Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru e Toritama são as três cidades mais proeminentes do
APL de Confecções do Agreste Pernambucano.
C&T no APL de Confecções. Em dezembro de 2003, no município de Caruaru, região
do Agreste Central, foi implantado o Centro Tecnológico da Moda – CTM em parceria com o
SEBRAE, no prédio do ITEP com investimentos do Governo do Estado na ordem de 1 milhão
de reais, oriundos de recursos próprios. O prédio abriga o Núcleo de Design em Moda, a
Incubadora Tecnológica do Agreste Central – ITAC, salas de aula e de treinamento, auditório,
biblioteca e um Laboratório de Análises de Água, para apoiar as pequenas e médias empresas
do arranjo produtivo local de confecções de Pernambuco, em ações voltadas para o design,
empreendedorismo e meio ambiente, abrangendo principalmente os municípios de Caruaru,
Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Para a gestão local do CTM foi fundado o Instituto da
Moda do Agreste – IMA, uma organização da sociedade civil de interesse público, formada
pelos empresários da região.
Dentre os recursos do CTM, deve-se destacar o Núcleo de Inovação e Design de Moda,
que visa atender toda região do pólo de confecções do agreste de Pernambuco. Esse núcleo
constitui uma das iniciativas do Sebrae/PE, tendo surgido da necessidade de
profissionalização e aumento de competitividade do APL, capacitando e prestando serviços
através da pesquisa de moda, desenvolvimento de coleções e suporte tecnológico à produção.
O Núcleo de Inovação e Design de Moda tem como objetivos declarados:
i) Apoiar as micro e pequenas empresas com a estrutura de um setor de criação;
ii) Oferecer suporte tecnológico ao pólo de confecções;
iii) Orientar e capacitar pessoas para o desenvolvimento de coleções, estudos de
risco, aplicações de ergonomia nas empresas, encaixe de peças computadorizado
etc.; e
iv) Promover o design de moda com inspiração local e exploração dos aspectos
inovativos.
Além de se constituir na principal unidade de articulação tecnológica para o APL de
Confecções do Agreste, o Centro Tecnológico da Moda – CTM deve se constituir no espaço
institucional de articulação dos atores públicos e privados relacionados com o

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desenvolvimento do arranjo produtivo, tendo com uma de suas características potencializar,
via articulação, os recursos tecnológicos existentes na região, destacando nesse caso as
unidades e recursos do SENAI e do SEBRAE.
É importante destacar que os empregos gerados pelo APL de Confecções do Agreste
utilizam predominantemente mão-de-obra local, ainda formada com base na aprendizagem
empírica e na tradição das costureiras, havendo com isto efetivo aproveitamento dos jovens.
Esse quadro, no entanto, já demonstra evidentes sinais de mudança, sendo crescente a
demanda por profissionais com maior especialização, incluindo nesse caso e em especial os
estilistas, além de outras atividades intensivas em conhecimento, incluindo o uso da TIC nas
diversas fases do processo produtivo.
Para dar suporte a esta demanda por melhor qualificação da mão de obra, o Governo
Federal incentivou a instalação de um campus da Universidade Federal de Pernambuco na
cidade de Caruaru. O referido campus foi instalado no ano de 2006 com o título de Centro
Acadêmico do Agreste. O Centro iniciou suas atividades com cinco graduações, nas áreas de
Administração, Economia, Engenharia Civil, Pedagogia e Design, que integram quatro
Núcleos de Ensino (Gestão, Design, Formação Docente e Tecnologia). Atualmente,
funcionam também as licenciaturas em Química, Física e Matemática, o curso de Engenharia
de Produção e a Licenciatura Intercultural, direcionada à população indígena de Pernambuco
(UFPE, 2010).
3. Caracterização da empresa pesquisada
Com o intuito de preservar a identidade da empresa pesquisada, deste ponto em diante,
adotaremos o nome fictício “M & R Confecções” para designá-la.
A empresa denominada como “M & R Confecções” foi fundada no ano de 1996 na
cidade de Santa Cruz do Capibaribe-Pernambuco. A empresa trabalha no ramo de confecções
e vestuário, no segmento de surf e street wear.
Atualmente para atender o seu público alvo a mesma conta com a sua fábrica situada
na cidade de Santa Cruz do Capibaribe e diversos pontos de revenda por todo o Brasil, tendo a
sua maior concentração no estado de Pernambuco. A mesma conta com duas Filias
localizadas nos Pólos de Confecções nas cidades de Toritama e Caruaru, como também uma
loja no Pólo de Confecções de Santa Cruz do Capibaribe e mais uma de suas filiais no centro
na mesma cidade, totalizando um soma de 05 lojas físicas e a sua fábrica onde é iniciado todo
processo produtivo.
3. Procedimentos metodológicos
De acordo com Luque (1997, pp. 45-46), a pesquisa pressupõe um processo, ou seja,
um conjunto de etapas que se constituem na metodologia utilizada
para dar resposta a um problema estabelecido. [Para tanto] É
necessário um planejamento sistematizado, o qual, em termos
fundamentais, é comum tanto para a pesquisa pura quanto para a
aplicada. Mais que de uma seqüência cronológica, trata-se de uma
seqüência de etapas intercorrelacionadas e interdependentes de tal
forma que em alguns casos, não se pode concluir uma etapa sem ter
uma perspectiva de outras posteriores.

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Para levar a cabo esta intervenção científica, utilizou-se o modelo proposto por
Vergara (2006) que classifica uma pesquisa segundo dois aspectos, quanto aos fins e quantos
aos meios de investigação.
a) Classificação quanto aos fins:
Esta pesquisa pode ser caracterizada como exploratória e descritiva. Exploratória
porque não foram encontrados estudos anteriores que tivessem o objetivo de analisar o
processo de internalização da preocupação ambiental na empresa analisada. É também
descritiva porque visa não apenas a compreensão do fenômeno estudado, mas também a
descrição das relações existentes entre as diversas variáveis estudadas.
b) Classificação quanto aos meios:
Quanto aos meios usados na investigação desta pesquisa, caracteriza-se como pesquisa
documental, bibliográfica, pesquisa de campo e estudo de caso. Documental por analisar
documentos da empresa que dizem respeito ao tema abordado, bibliográfica, pois em toda a
fundamentação teórica foram analisados livros, revistas especializadas, bases de dados on-
line, entre outras, buscando sistematizar os conceitos e teorias relacionados com o tema da
pesquisa como: meio ambiente preservação do meio ambiente, conferências e eventos
relacionados com a preocupação ambiental, sustentabilidade e acordos ambientais.
A pesquisa também pode ser descrita como de campo, por fazer uma análise de dados
coletados por meio de um questionário, que foi aplicado a uma amostra de colaboradores
internos da organização, como também coletados por meio da realização de uma entrevista a
Diretor Administrativo e ao responsável pelo setor de Controle de Qualidade da Empresa. Por
fim, é também um estudo de caso por ter caráter de profundidade e detalhamentos ligados
único e exclusivamente a empresa M & R Confecçoes.
c) Universo e amostra
Estando o estudo restrito a empresa M & R Confecções, considera-se a população
constituída de 234 funcionários distribuídos pelos diversos setores da fábrica e de suas duas
lojas sediadas na cidade de Santa Cruz do Capibaribe. A amostra compreendeu 60
funcionários o que representa 25,6 % do universo.
d) Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa compreendem as pessoas inquiridas durante o processo de
investigação. Num primeiro momento, os sujeitos da pesquisa foram constituídos de uma
amostra de colaboradores internos da empresa M & R Confecções, aos quais foi aplicado um
questionário. Num segundo momento, constitui-se como sujeito da pesquisa o encarregado
pelo setor de Controle de Qualidade, que é o setor no qual são concentradas as ações relativas
ao enfrentamento da questão ambiental.
No que diz respeito à abordagem de pesquisa e de tratamentos dos dados, o presente
trabalho adota uma abordagem quali-quantititativa, na medida em que aborda dados tanto
quantitativos quanto qualitativos, além de que os dados que sofrem tratamentos estatísticos, e,
portanto, quantitativo, surgem a partir da percepção de colaboradores internos, tendo,
portanto, a priori, um caráter qualitativo. De forma geral os dados foram tabulados em uma
base de dados do SPSS - Statistical Package for the Social Sciences - pacote comumente
utilizado para tratamento de dados estatístico do tipo descritivo, com o objetivo de apresentar

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os dados contextualizando suas frequências, médias e desvios padrões. Para realização das
análises supracitadas utilizou-se o SPSS 16.
4. Análise dos dados
A seguir serão apresentados os dados colhidos por meio das pesquisas de campo e
documental, buscando suscitar discussões que levem ao atingimento dos objetivos propostos
no primeiro capítulo.
Para efeito de melhor estruturação do texto, este capítulo será ordenado da seguinte
maneira:
• Primeiro será apresentada uma breve caracterização da empresa na qual o estudo foi
realizado, evidenciando a forma pela qual a (1) estruturação organizacional da empresa;
(2) a estratégia de gestão de pessoas; e (3) a estratégia de processamento podem indicar o
nível de internalização da preocupação ambiental da organização;
• Na segunda parte serão apresentados os dados relativos ao questionário respondido por 60
funcionários dos diversos setores;
4.1 – Parte 01: caracterização da amostra
Na tabela abaixo são apresentados os dados gerais da caracterização da amostra
estudada:
Tabela 1: formação dos inquiridos
Formação (%)
1 º grau incompleto 27
1º grau completo 3
2º grau incompleto 15
2º grau completo 38
Superior incompleto 7
Superior completo 3
Pós-graduado 7
A grande maioria dos respondentes se concentra entre o segundo grau incompleto
(15%), o segundo grau completo (38%) e nível superior incompleto (27%), totalizando 80%
da amostra. Segundo dados da pesquisa documental a empresa erradicou o analfabetismo, por
meio da oferta de cursos de afabetização de jovens e adultos. Chama também a atenção a
porcentagem de funcionários pós-graduados 7%.
Tabela 2: distribuição da amostra pelo setor no qual trabalha
Dpto. Comercial Dpto. Administrativo Dpto. Industrial
Setor % resp. Setor % Setor %
resp. resp.
Estoque 5 Administrativo 3 Cria/des. de 8
Vendas 35 Financeiro 10 produto 5
Gerência 5 Rec. Humanos 3 Embalagem 10
Caixa 7 CPD 2 Produção
Contabilidade 3
Crédito e cobrança 2
Segurança 2
Totais 52 25 23
De acordo com a tabela 2, a maior parte dos respondentes trabalha no Departamento
Comercial (52%), seguido pelo Departamento Administrativo (25%). O Departamento
Industrial é o que menos contribui com respostas (23%).

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Conforme a referida tabela pode ser percebido que há uma maior concentração de
funcionários da área de vendas, totalizando 35% dos respondentes, seguido de funcionários
das áreas de Produção e financeiras, cada uma contribuindo com 10% da amostra. Os setores
menos representados são: crédito e cobrança e o setor de segurança, contribuíndo cada um
com apenas 2% da amostra de respondentes.
Tabela 3: tempo de vinculação na empresa.
Vinculação na empresa
Tempo ( anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9
(%) 32 22 17 10 5 3 3 3 5

Segundo os dados obtidos, o tempo médio de trabalho dos inquiridos na empresa é de


3,05 anos, com desvio padrão de 2,3 anos. A maioria dos respondentes (32%) trabalha na
empresa a até um ano, embora, se considerarmos as três próximas escalas juntas (2 anos, 3
anos e 4 anos), elas concentram 49% dos respondentes, o que significa dizer que 49% da
amostra trabalha na Empresa a pelo menos 2 anos. Nesta mesma linha de raciocínio,
poderíamos afirmar também que 19% da amostra trabalha na empresa a pelos menos 5 anos.
Estes são indícios de que há pouca rotatividade de funcionários e que os funcionários
inquiridos, em sua maioria, não estavam em processo de treinamento e, portanto, deveriam
conhecer bem tanto seu posto de trabalho, como a cultura da empresa.
4.2 – Segunda parte: internalização da preocupação sócio-ambiental
As variáveis contidas neste foram medidas por meio de uma escala do tipo intervalar,
na qual o respondente deveria marcar um número de 1 a 10, significando o número 1
discordância total e o número 10 concordância total com a afirmação realizada. Assim, a
escala foi desenhada de forma a evidenciar este contínuo entre discordância e concordância. A
seguir, representamos a escala por meio de uma ilustração para facilitar a compreensão dos
comentários seguintes.
Z. neutra

Zona de discordância Zona de concordância

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Ilustração 1: Contínuo de discordância/concordância


Desta forma, a escala estabelecida pode ser mais bem compreendida, considerando as
três distintas áreas. A primeira área, marcada de vermelho contêm o contínuo da “zona de
discordância”, ou seja, as respostas, quanto mais se aproximarem do limite esquerdo, mais
discordantes serão. Por outro lado, quanto mais se aproximarem do limite direito, menos
discordantes serão. Ao centro, temos a zona marcada de amarelo, a qual denominamos de
“zona neutra”, ou seja, os respondentes que marcarem nesta zona, possuem uma percepção

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neutra com relação a variável. Por fim, a terceira área, marcada de verde, contém o contínuo
da “zona de concordância”, ou seja, quanto mais as respostas se aproximarem da direita mais
concordância o respondente demonstrará com relação a variável inquirida, por outro lado,
quanto mais próximo da esquerda marcar o respondente, menor a concordância com relação a
variável mensurada.
Para verificar a adequabilidade da análise fatorial Hair et all.(2005), sugere
inicialmente uma análise visual das correlações, identificando as que são estatisticamente
significantes. Neste caso, das 10 variáveis, sete são significantes ao nível de 0,0001. O
próximo passo sugerido por Hair et all. (2005),consiste na avaliação da significância geral da
matriz de correlação através da aplicação do Teste Bartlett de esfericidade, que indica se a
matriz de correlação é uma matriz identidade (correlação zero entre as variáveis), o que,
ocorrendo, nos levaria a conclusão de que o modelo de análise fatorial é inapropriado para o
tratamento dos dados. Além deste a literatura sugere também a aplicação do teste de Kaiser-
Meyer-Olkin, que mede o grau de correlação parcial entre as variáveis (são aceitáveis valores
maiores que 0,5.
Considerando as dez variáveis obteve-se o KMO igual a 0,794. O teste Barlett obteve
o Qui-quadrado igual a 353,372, com 45 graus de liberdade e significante ao nível de 0,000.
Além destes indicadores, na diagonal da matriz anti-imagem encontra- se o valor do
Measure of Sampling Adequacy (MSA), para cada uma das variáveis. Uma boa análise
fatorial possui valores próximos da unidade, sendo aceitos os maiores que 0,5. No caso em
estudo todas as dez variáveis adquiriram valores a partir de 0,504, sendo que muitas delas
obtiveram valores próximos da unidade Corrar et all. (2007).
Outro conceito considerado na análise dos resultados é o de comunalidade, que
representa a quantia total de variância que uma variável original compartilha com todas as
outras variáveis incluídas na análise. Quanto mais próximo de um estiver as comunalidades,
maior é o poder de explicação dos fatores. Para este estudo as comunalidades obtiveram
valores superiores a 0,615. Metade das variáveis possui comunalidade superior a 0,7.
A seguir apresentam-se a tabela da variância total explicada e a da matriz dos
componentes rotados, por meio da rotação oblíqua do tipo Varimax, seguido dos respectivos
comentários.
Tabela 04: Total da variância explicada
Total Variance Explained

Initial Eigenvalues Extraction Sums of Squared Loadings Rotation Sums of Squared Loadings
Component Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %
1 4,855 48,547 48,547 4,855 48,547 48,547 3,553 35,531 35,531
2 1,331 13,313 61,860 1,331 13,313 61,860 2,547 25,469 61,000
3 1,147 11,472 73,331 1,147 11,472 73,331 1,233 12,332 73,331
4 ,765 7,648 80,980
5 ,661 6,606 87,585
6 ,504 5,043 92,628
7 ,250 2,499 95,127
8 ,235 2,354 97,481
9 ,165 1,655 99,135
10 ,086 ,865 100,000
Extraction Method: Principal Component Analysis.

O resultado inicial sugere a existência de uma estrutura fatorial de três fatores que,
juntos, explicam 73,331% da Variância total. A confiabilidade global da escala, medida
através do Alfa de Cronbach apresentou valor igual a 0,853, muito superior ao limite proposto

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por Hair et all.(2005) que é de 0,6. Observando os resultados da matriz de componentes não-
rotados, verificou-se inconsistência nos resultados, haja vista que o segundo e terceiro
componentes possuíam apenas uma variável, portanto optou-se pela solução rotada através do
método de rotação obliqua do tipo Varimax.
Com a rotação, as cargas dos fatores ficaram menos concentradas no primeiro fator,
permitindo que o segundo e o terceiro obtivessem três e duas variáveis associadas,
respectivamente. Os resultados da variância total explicadas são apresentados na tabela 4,
acima.
A termo médio, o construto “responsabilidade ambiental” obteve valor igual a 8,60.
Os dois indicadores do construto são muito bem avaliados pelos respondentes.
Para validar a escala criada, Hair et all.(2005, p. 111) sugere a confrontação da
mesma com da definição conceitual, que para este autor é considerado como o ponto de
partida para criação de qualquer escala múltipla. Para ele, a definição conceitual consiste na
especificação da base teórica para escala múltipla definindo o conceito em termos aplicáveis
ao contexto da pesquisa. De maneira geral, definições teóricas são baseadas em pesquisas
prévias para delimitar a natureza e o caráter de um conceito.
Com base na literatura os três componentes usados na escala podem ser definidos da
seguinte maneira:
Educação ambiental- o Ministério do meio ambiente define educação ambiental
como: “um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência
do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades que os tornam aptos a
agir e resolver problemas ambientais presentes e futuros, (Ministério do meio ambiente,
2010).
Responsabilidade ambiental- Responsabilidade Ambiental pode ser compreendida
como um conjunto de atitudes, individuais ou empresarias, voltado para o desenvolvimento
sustentável do planeta. Ou seja, estas atitudes devem levar em conta o crescimento econômico
ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras, garantindo a
sustentabilidade. De acordo com Tachizawa (2006), a responsabilidade socioambiental é a
resposta natural das empresas ao novo cliente, o “consumidor verde” e ecologicamente
correto.
Responsabilidade Social- Oliveira (1984, p. 205), a responsabilidade social é a
capacidade de a empresa colaborar com a sociedade, considerando seus valores, normas e
expectativas para alcance de seus objetivos. No entanto para que a empresa colabore com a
qualidade de vida da sociedade ela terá que voltar suas ações para aspectos ambientalmente
corretos, pois, somente assim elas conseguirão alcançar seus objetivos e beneficiar a
sociedade. Segundo o Livro Verde da Comissão Européia (2001), a responsabilidade social é
um conceito, segundo o qual, as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para
uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo.
5. Considerações finais
Este trabalho objetivou identificar os principais descritores da responsabilidade sócio-
ambiental de empresas têxteis de médio porte, integrantes do Arranjo Produtivo de
Confecções do Agreste Paraibano.
Por meio da análise descritiva pode-se afirmar que:

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(1) Os incentivos na qualificação dos colaboradores internos é percebido através do
grande número de inquiridos que possuem, pelo menos, segundo grau completo (55%).
Destes, 17% cursam ou já cursaram o ensino superior;
(2) O tempo médio de trabalho na empresa é de 3,05 anos, com baixo índice de
rotatividade (turn-over);
Com base na análise fatorial exploratória verificou-se que, de maneira geral, os descritores
da responsabilidade sócio-ambiental da empresa estudada estão intimamente relacionados
com elementos da interação cotidiana dos colaboradores internos com a organização. De
acordo com os dados, o construto responsabilidade social foi o que obteve melhor
desempenho na escala, com média igual a 9,24, seguido dos construtos responsabilidade
ambiental e educação ambiental, com médias iguais a 8,60 e 7,90 respectivamente. O tamanho
reduzido da amostra invalida qualquer pretensão de extrapolação dos resultados, entretanto, a
escala pode ser de grande utilidade como ponto de partida para estudo confirmatórios futuros.
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