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O Conflito
Segundo Ngoma (2004:69), o conflito designa uma oposição de interesses que não leva
necessariamente ao confronto armado entre as partes. Por outro lado, ela é inerente ao
processo social por causa da própria natureza diversificada dos seus actores, ou seja, é um
fenómeno inevitável e permanente numa sociedade.
De acordo com Touzard (1981:287), conflito é uma situação na qual uns agentes ou procuram
metas diferentes ou defendem valores contraditórios, ou têm interesses opostos ou distintos,
ou procuram de uma forma simultânea e competitiva, uma mesma meta, sendo comum nestas
situações a pretensão de controlar a conduta do adversário, seja como meio para conseguir os
objectivos, conforme Millán e Gómez (2011; 25).
Daí pode se concluir que para que haja conflito no seio das organizações devem verificar-se
as seguintes circunstâncias:
c) Que pelo menos uma das partes considere uma situação como injusta ou
incompatível.
Segundo o pensamento deste autor, o conflito está ligado ao desacordo, discórdia,
divergência. Para que haja conflitos além da diferença de objectivos e interesses, deve haver
necessariamente uma interferência deliberada de uma das partes. Seja o indivíduo, seja o
grupo tenta alcançar seus próprios objectivos interligados com outra parte, a qual interfere na
sua busca de atingir os objectivos.
Mas, BECK (2009, p. 13) afirma que as discordâncias e os conflitos existem desde o início da
humanidade, pois fazem parte do processo de vida dos seres humanos e são necessários para
que haja desenvolvimento e evolução familiar, social, político e organizacional. Em todos
estes grupos, cada pessoa é única, com histórias de vida diferentes e personalidades distintas.
Porém, com a convivência encontra-se em algum ponto discordância de ideias entre os
membros do grupo.
Portanto, com base no CHIAVENATO (1993, p. 500), explica que o conflito significa a
existência de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses antagónicos e colidentes que podem
se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação, coordenação, resolução, unidade,
consentimento, consistência, harmonia, deve-se lembrar que essas palavras pressupõem a
existência ou a iminência de seus opostos, como desacordo, desaprovação, dissensão,
desentendimento, incongruência, discordância, inconsistência e oposição.
E ainda CHIAVENATO (1993, p.503) afirma que existem três níveis/fases de manifestação
de um conflito, a saber:
Chiavenato (2002:478-9) afirma que os conflitos laborais são divergências criadas entre dois
sujeitos – a organização e os sindicatos – envolvendo interesses individuais ou abstractos,
gerais, de grupos profissionais ou económicos.
Os conflitos laborais são aqueles que opõem os trabalhadores aos empregadores em matéria
como salário, despedimento injusto, pensões, segurança no trabalho entre outras condições
gerais e especiais de trabalho (Guilande, 2000:19).
Posto isto são identificados como conflitos laborais os que ocorrem entre empregadores e
trabalhadores desde que o mesmo esteja relacionado com o emprego ou as condições de
emprego de qualquer pessoa, ou com as condições de trabalho. Os conflitos de trabalho pela
sua natureza podem ser individuais ou colectivos e de direito ou de interesse.
Violência, é um acto que visa infringir danos emocionais, psicológicos, sexuais, físicos, e/ou
materiais a outrem.A agressão envolve o exercício da força física ou psicológica tanto por
iniciativa própria como em nome do interesse colectivo.
Segundo Guilande (2000), os conflitos laborais em Moçambique vem desde a época colonial,
em que os trabalhadores fizeram várias greves para reivindicar melhores condições de
trabalho, melhores salarios. A primeira greve que se registou no tempo colonial foi a greve
dos estivadores do Porto de Lourenço Marque em 1919. Os indígenas trabalhadores do Porto
e cargas edescargas fizeram a greve exigindo o aumento salarial no valor de 0$80 a 1$00, o
qual não foi satisfeito e os grevistas foram presos e substituídos nos seus postos de trabalho.
Outra greve que se registou no tempo colonial foi a greve dos trabalhadores dos carros
eléctricos em 1911. A greve foi motivada pela desigualdade dos salários, e pagamento de
horas extras, no entanto, a greve fracassou apesar dos grevistas terem ocupado as instalações
durante três dias. A 6 de Dezembro de 1916, os mesmos trabalhadores entram em greve
reivindicando 8 horas de trabalho diário, 100% nas horas extras e uns dias de descanso anual,
a companhia cedeu a 8 horas de trabalho diário e o pagamento de horas extras. Em 1924 os
trabalhadores da companhia do Niassa entraram em greve, as causas da greve foram a falta de
assistência médica e medicamentosa, e a greve durou cerca de 3 meses (Moraes, 1999).
Segundo Guilande (2000:19), citado por Soares (2005:24), as causa dos conflitos laborais
são:
O salário em muitos casos tem sido a principal causa dos conflitos laborais nos países onde
são levantadas reivindicações. As reivindicações levantadas em volta do salário são:
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Sindicato é uma agremiação ou associação para a defesa do interesse comum dos seus membros, Chiavenato
(2002:463)
Salário em atraso: é mencionada como principal causa a dificuldade financeira que
algumas empresas atravessam aliados aos custos de produção que elas suportam.
Aumento salarial: os trabalhadores insistem que o salário auferido, sobretudo o
salário mínimo, apenas chega para cobrir uma percentagem muito limitada das suas
necessidades, isto pode se justificar pelo elevados índice de inflação e consequente
elevação dos preços, contribuindo para a redução do poder de compra do trabalhador.
Diferenças salariais entre mínimo e máximo praticado na mesma empresa; e
Falta de divulgação pela empresa de salários praticados, do mais alto ao mais baixo,
ainda resultado de uma negociação.
Portanto, podemos afirmar que a greve é uma suspensão temporária, colectiva e pacífica do
trabalho como forma de conquistar certa reivindicação trabalhista, geralmente determinada
pelo sindicato dos trabalhadores ou pelos trabalhadores. A greve é também uma paralisação
parcial ou integral das actividades por parte dos trabalhadores como meio de pressão na
negociação dos seus interesses ou no alcance dos seus objectivos.
Chiavenato (2004:239) propõem cinco estilos de gestão de conflito por meio de duas
dimensões; a assertiva que é a tentativa de satisfazer os seus próprios interesses e a dimensão
cooperativa que é a tentativa de satisfazer os seus próprios interesses e a dimensão
cooperativa que é a tentativa de satisfazer os interesses das outras partes.
Estilo de evitação: reflecte uma postura não assertiva, nem cooperativa e é apropriado
quando um assunto é trivial, quando não existe nenhuma possibilidade de ganhar,
quando uma demora para obter maior informação se torna necessária ou quando um
desentendimento pode ser muito oneroso;
O conflito quando surge precisa ser resolvido, e a forma como este vai ser resolvido vai ditar
a continuidade ou não do conflito, e a continuidade ou não do relacionamento entre as partes
envolvidos no conflito.
Para Chiavenato (2004:234) "a resolução de conflito é o alcance do conflito e o consequente
alívio da tensão".
Segundo Schermerhon (1995:206), citado por Chiavenato (2002:478), um conflito pode ser
resolvido de três maneiras:
A resolução ganhar /perder: usando de vários métodos, uma das partes consegue
vencer o conflito, atingido os seus objectivos e frustrando a outra parte na sua
tentativa de atingir os seus objectivos. Desses modo uma parte ganha enquanto a outra
parte;
Todavia constata-se que os conflitos interpessoais ocorrem entre indivíduos, entre várias
pessoas e uma organização e podem ser originados por diferenças individuais (idade, sexo,
valores, crenças, religião, atitudes e experiências), limitações de recursos (poucos recursos) e
diferenciação de papéis (não aceitar bem a pessoa como chefe, decidir quem manda em
quem, entre outros).