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São Paulo , 7 de Dezembro de 2021

Ano 5 - Edição nº 00485

Exponential Coins

Mercado em queda: o sonho acabou?

Se você está chegando agora, não deixe de ler as informações essenciais do seu plano na
página Primeiros Passos. No fim da publicação, você encontra também algumas
instruções importantes.

Resumo: nesta publicação extraordinária, falamos sobre as quedas da última


semana e de como deverá ser a nossa postura diante das incertezas do
mercado. Cobrimos o cenário macro, bem como métricas on-chain, para
delinear os próximos passos para o nosso portfólio e, em especial, ressaltamos
a importância de se manter um percentual em caixa para o atual momento do
mercado. Boa leitura!

Disclaimer

Caro assinante,

De forma extraordinária, trouxemos este relatório, publicado hoje no Empiricus Crypto


Legacy, tratando dos movimentos recentes do mercado critpo. Dada a relevância do
tema, decidimos compartilhar também com todos os assinantes do Exponential Coins.
 

Âncoras, mares calmos e marinheiros preguiçosos

A proposta do Crypto Legacy, desde 2017, sempre foi de trazer ativos muito bem
fundamentados, das teses mais factíveis, para assim obtermos excelentes resultados de
longo prazo.

Considerando os últimos meses de alta, outubro em especial — a carteira Legacy teve


performance de +50% —, somos usualmente vítimas de um efeito psicológico que nos
faz fantasiar de glórias  ad aeternum, de riqueza rápida, e de memes sobre a “alta
infinita”.

Ancoragem é o nome dado pelos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky a essa
ilusão mental, na qual atrelamos resultados passados a perspectivas futuras e a qual
devemos controlar por pura e voluntária consciência do problema.

Caímos nessa armadilha mental — nesse viés otimista — e extrapolamos resultados


positivos como uma certeza futura, traçando nossos planos de acordo. Não nos entenda
mal; os retornos de longo prazo do nosso portfólio, tenha feito chuva ou sol, falam por si
sós. Contudo, no curto prazo é muito mais fácil nos deixarmos levar pelas nossas
âncoras, seja positiva ou negativamente.

Planos são para os “best-case scenarios”, ou cenários otimistas. Estratégias, sim, são
para os cenários realistas, e é isso que buscamos em nossas recomendações.

 
Nesse sentido, antes de entrarmos nos nossos dados e entendimentos sobre o cenário
econômico atual, reiteramos a importância de ter caixa, uma folga financeira, para que
possamos executar estratégias em resposta às presentes e futuras condições de mercado.

Nada melhor do que um mar agitado para formar marinheiras e marinheiros


adequados.

Icebergs, tsunamis e maremotos

Se acordássemos, de um sonho lindo e maravilhoso, em um barco, no meio do oceano,


contemplando a vastidão do abandono em que estaríamos, os melhores próximos passos
seriam: descobrir onde estamos, traçar o melhor trajeto para onde precisamos ir e
estimar os obstáculos até chegarmos lá.

Estamos em um cenário de incertezas que persistem e que vieram a provocar


turbulências tanto no mercado financeiro tradicional quanto no mundo cripto. Em
primeiro lugar, as incertezas a respeito da variante ômicron levantaram preocupações
em todos os mercados de risco.

Na última atualização sobre a nova variante, a Organização Mundial da Saúde (OMS)


declarou que até agora os estudos sobre os supostos sintomas mais leves ainda são
inconclusivos. Dessa maneira, é possível que futuras atualizações sobre a variante
voltem a provocar volatilidade nos mercados.

 
Figura 1: Número de novos casos de Covid-19 ao redor do mundo

Fonte: Our World in Data

Por um lado, podemos ver que o número de casos da doença vem novamente crescendo;
por outro, o número de mortes tem se estabilizado em níveis mais baixos. Entretanto,
ainda é cedo para chegar a qualquer conclusão.

Figura 2: Número de mortes por Covid-19 ao redor do mundo


Fonte: Our World in Data

Se voltarmos ao começo do ciclo pandêmico, vamos nos lembrar de como foi a postura
dos governos e dos bancos centrais em resposta ao engessamento econômico exigido
pelos lockdowns.

Figura 3: Quantidade de dinheiro em circulação (M2)

Fonte: Fed

De forma sucinta, o governo só pode pagar por estímulos de duas maneiras: impostos (o
que é contraintuitivo para a situação da pandemia, visto que a intenção é botar dinheiro
na mão dos cidadãos) ou emissão de títulos de dívida pública. Logo, a segunda opção foi
adotada em larga escala. Observe o gráfico seguinte.

 
Figura 4: Dívida do governo americano como percentual do PIB

Fonte: Trading Economics

O governo americano está altamente endividado, com suas obrigações financeiras


representando 128% de tudo que a economia estadunidense produz. Ou seja, se 100% do
que é produzido nos EUA, em um ano, fosse liquidado para quitar todas as suas
obrigações, ainda não seria o bastante.

Toda essa expansão de crédito acarreta um fenômeno muito conhecido pelos brasileiros:
inflação. Perceba como, no começo dos lockdowns, a inflação caiu (queda de preços),
refletindo uma baixa demanda. Conforme as economias foram reabrindo, uma demanda
retraída, somada a expansão de crédito e cadeias de suprimento restritas devido à
pandemia, turbinou a trajetória inflacionária novamente.

 
Figura 5: Taxa de inflação (%) dos EUA

Fonte: Trading Economics

E por que a inflação é relevante para nossa conversa? Porque o banco central tem como
uma de suas obrigações manter a estabilidade de preços. Como o Fed pretende fazer
isso? Elevando juros, ou seja, encarecendo o custo de crédito, aumentando o
rendimento de ativos livres de risco (como notas do Tesouro) e engatilhando uma
migração de capital financeiro dos ativos de risco, para ativos menos arriscados.

Idealmente, o Fed não elevaria juros rápido o bastante para causar uma espiral
deflacionária, visto que muitas firmas e instituições não seriam capazes de rolar dívidas
adiante, com uma taxa de juros muito mais alta, o que causaria uma cascata de
inadimplência. Entretanto, na última semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI)
publicou uma nota de sugestão ao governo americano, para que o mesmo adiantasse a
agenda de subida dos juros, em vista de uma inflação desenfreada.

A situação fica ainda mais incerta quando não se sabe se precisaremos de mais rodadas
de estímulos, ou até lockdowns, em razão da nova variante, impossibilitando o manejo
ideal dos juros.

O resumo da ópera é: ainda é cedo para tomar decisões. O cenário macro ainda está se
desenvolvendo. Nos dias 14 e 15 de dezembro, teremos a última reunião do ano do
Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), provavelmente indicando os próximos
passos para a economia americana.

Em outra linha, olhando isoladamente para os dados on-chain, temos alguns sinais
animadores quanto ao mercado de criptoativos.

Proa, canhões e terra à vista

O que aconteceu nos mercados na última semana foi uma reação de aversão ao risco.
Todo o cenário retratado acima gerou volatilidade generalizada de preços dos
criptoativos, que, combinada a baixos volumes de negociação, engatilhou uma série de
liquidações no mercado, culminando em um total de US$ 5,4 bilhões liquidados.

 
Figura 6: Valor total em contratos de futuros de bitcoin

Fonte: Glassnode

Apesar de tamanha liquidação, acompanhada de queda de preços, observamos que os


fluxos de capital para as corretoras — embora positivos — não foram, nem de perto,
próximos ao que vimos em maio de 2021.

 
Figura 7: Transferências líquidas das/para as exchanges
Fonte: Glassnode

Adiante, o Net Unrealized Profit/Loss (NUPL), um indicador de lucros ou perdas não


realizadas, que serve como uma referência do ânimo de mercado, ainda nos indica que o
investidor está confiante. Cerca de 50% da oferta total de bitcoin (BTC) ainda se
encontra em zona de lucro.

Figura 8: NUPL. Cores indicam ânimo do investidor: vermelho, capitulação; laranja,


esperança/medo; amarelo, otimismo/ansiedade; verde, confiança/negação; azul,
euforia/ganância.

Fonte: Glassnode

Conclusão

No âmbito macro, ainda há muito jogo pela frente; nada está definido. Para cripto,
enxergamos um mercado lateralizado no curto prazo e possivelmente mais volátil, até
que as questões macro deem os próximos sinais. Devido ao tamanho reset de
alavancagem, acreditamos que o pior já possa ter passado.

Todo cuidado é pouco, entretanto. Por isso reforçamos a importância de se ter caixa —
de 10% a 20% —, para que, quando quedas como essa acontecerem, estejamos
preparados para comprar barato, tendo em mente as teses propostas para cada ativo e
os percentuais de alocação sugeridos para cada um. O caixa pode ser mantido em TUSD,
uma stablecoin de dólar.

Não devemos nos amedrontar, e sim gerir risco, com disciplina, para que possamos
conquistar êxitos futuros. Nas palavras de Winston Churchill: “Esforço contínuo — não
força ou inteligência — é a chave para destravar o nosso potencial”.

Forte abraço e paciência,


Equipe Crypto Legacy

Não se esqueça de avaliar esta publicação.

Vinícius Bazan
Autor

Valter Rebelo
Autor

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