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ÁREA TEMÁTICA: ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE
José Luis Guagliardi Hernandes 2
Recebido em 08 de novembro de 2010 / Aprovado em 02 de janeiro de 2012
Editor Responsável: João Maurício Gama Boaventura, Dr.
Processo de Avaliação: Double Blind Review
1. Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
FEA/USP. Professor da Universidade Paulista UNIP. [ernesto.giglio@gmail.com]
2. Mestrando em Administração e Professor da Universidade Paulista UNIP. [jlghernandes@yahoo.com.br]
Endereço dos autores: Rua Dr. Bacelar, 1212 Indianópolis, São Paulo SP Cep. 04026-002 Brasil
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que son los actores, y que este enfoque es uno de 1 INTRODUÇÃO
los motivos de que haya pocos avances teóricos
en ese campo. Para alcanzar el objetivo fue O objetivo do artigo é discutir a metodo-
necesario buscar en la literatura internacional logia de pesquisa sobre redes de negócios que são
sobre redes las convergencias de afirmaciones, que utilizados por autores brasileiros, a partir de uma
sirven de base para las discusiones. Entre ellas se amostra da produção científica do Congresso
destacan los flujos como objeto de estudio y la EnAnpad e apresentar um desenho de pesquisa
paradigma racional económico, con teorías sobre sas, levaram à construção da proposição orienta-
los costos de transacción y estrategias de redes, y dora, afirmando que os pesquisadores brasileiros
el paradigma social, con teorías sobre la sociedad utilizam predominantemente metodologias clás-
en red y las relaciones sociales determinando los sicas de disjunção e redução do fenômeno, bus-
cando relações causais estritas, com objetos de
procesos y controles de las relaciones técnicas de
estudo que são os atores e que esta abordagem
la red. Aceptando y teniendo como base las
é um dos motivos de existirem poucos avanços
premisas de estos paradigmas se analizaron los
teóricos nesse campo.
artículos publicados en el Congreso EnAnpad
O trabalho se justifica pela importância
en los últimos diez años y se concluyó que la
que o tema de redes vem adquirindo nas últimas
afirmación se sustenta. Hay dominancia del
três décadas, com um fluxo crescente de artigos
paradigma racional económico, con el uso de
científicos nacionais e internacionais, os quais
métodos clásicos de recolección y análisis, con
utilizam um leque de teorias e métodos de pes-
cuestionarios y entrevistas sobre actitudes y
quisas, conforme mostraram Andrigui, Hoffman
percepciones, buscando relaciones causales
e Andrade (2011). No entanto, na literatura bra-
estrictas y no se encuentran beneficios, o avances
sileira são raros os trabalhos de análise crítica das
teóricos. Entendemos que es posible seguir otro
metodologias de pesquisa desse campo. Entre
camino metodológico, que consideramos más
os artigos relevantes pode-se citar Balestrin,
competente para captar el fenómeno de redes, a
Vershoore e Reys (2010), que realizaram traba-
partir de la teoría de la sociedad en red; de los
lho com foco na presença de teorias, encontran-
principios epistemológicos de la teoría de la
do quatro teorias dominantes e comentando
complejidad, principalmente el principio de
sobre a presença marcante de metodologias qua-
la no-disyunción, y con el uso de los métodos y
litativas. Também se observou, nas leituras de
técnicas derivadas del enfoque de la teoría de los
artigos sobre redes dos últimos anos, uma quase
sistemas, principalmente la afirmativa de la
ausência da discussão dos limites das metodologias
retroalimentación. Con estos principios se utilizadas nas pesquisas, o que seria esperado para
construyó una propuesta de diseño de investigación um campo que ainda está construindo suas teo-
que integra el subsistema de las relaciones sociales rias. Esta raridade chama a atenção, pois a impor-
con el subsistema de las relaciones de producción, tância de refletir sobre os métodos nas pesquisas
que es un principio fundamental del enfoque social já havia sido colocada por Tichy, Tushman e
de redes, colocándose el flujo entre los actores Fombrun (1979) há algumas décadas, afirmando
como la unidad de investigación. En ese sistema que as teorias de redes partem de princípios sistê-
se valoriza la historicidad, el flujo, y la movilidad micos e os métodos de pesquisas utilizam raciocí-
y la incertidumbre, que son las características más nios de disjunção e redução, na busca de relações
evidentes del fenómeno de redes. causais estritas. Desta forma, conforme Serva, Dias
e Alperstedt (2009), cria-se uma lacuna entre os
Palabras clave: Redes. Metodología. Investigación. princípios teóricos e os métodos de pesquisa. Burt
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e Minor (1983), por exemplo, afirmam que a sentação de algumas diretrizes de metodologia
unidade de estudo das redes deve ser o fluxo, isto que seriam mais capazes de abarcar o fenômeno
é, o conteúdo das trocas entre os atores, mas veri- de redes.
ficaram que vários trabalhos valorizavam as
características dos sujeitos. Como se conclui, existe
um campo de discussão sobre as metodologias 2 A METODOLOGIA DE PESQUISA E
utilizadas em pesquisas de redes que se encontra SUAS INTERFACES COM A TEORIA E
incipiente, o que ensejou o referido trabalho. O FENÔMENO
Defendemos que a possível dominância de
princípios racionais nos métodos pode não ser Metodologia de pesquisa significa o con-
adequada para a compreensão do fenômeno das junto das escolhas que o pesquisador faz para
redes, que se caracteriza por ser complexo e instá- poder realizar sua pesquisa. São as decisões sobre
vel, conforme detalhado adiante. Como alterna- as estratégias, os métodos e técnicas de coleta, a
tiva, afirmamos que as redes podem ser mais bem organização, a análise e interpretação dos dados
compreendidas e pesquisadas a partir dos princí- no trato com a realidade empírica. Essas decisões
pios da abordagem denominada imersão social e são, em parte, independentes das escolhas teóri-
econômica na rede e dos pressupostos metodo- cas e do problema de pesquisa. Um questionário,
lógicos da teoria dos sistemas, colocando a rede por exemplo, tem uma estrutura básica a ser
como composta de um subsistema de relações seguida. O conteúdo do questionário, porém, suas
sociais inextricavelmente ligado ao subsistema das pretensões do que medir, ou qualificar; e as for-
trocas de negócios. A abordagem de imersão social mas de análises dos dados dependem das pre-
e econômica como caminho de interligação entre missas teóricas, da formulação do problema e
abordagens aparentemente conflitantes já havia das características do fenômeno a ser investigado.
sido destacada por Balestrin, Vershoore e Reys Nosso trabalho se insere nessa situação de relação
(2010), Grandori e Soda (1995), Granovetter entre a metodologia de pesquisa, as premissas
(1985) e Jones, Hesterly, Borgatti (1997). teóricas e as características do fenômeno.
O trabalho inicia com a explicitação do Não é tarefa fácil e, na verdade, nem é nosso
que se entende por metodologia de pesquisa e suas objetivo, recuperar a literatura sobre Metodologia
interfaces com as características do fenômeno a de Pesquisa. Existem muitas divisões, diferentes
ser investigado e com a teoria de apoio escolhida manifestações para o mesmo conteúdo, de manei-
pelo pesquisador. Em seguida explicitamos as con- ra que buscamos nos autores clássicos as expres-
vergências das características do fenômeno de sões e seus conteúdos mais correntes (CERVO;
redes; a diversidade de teorias que tratam do tema BERVIAN, 1989; GIL, 1991; MARCONI;
e a aglutinação dessas abordagens em três para- LAKATOS, 1999; SELLTIZ; WRIGHTSMAN;
digmas, o social, o racional-econômico e o social- COOK, 1987). O resumo dessas leituras é que a
econômico. A tarefa é necessária para estabelecer- metodologia de pesquisa é constituída da estraté-
mos os constructos, ou variáveis relevantes que gia, dos instrumentos de coleta e dos instrumen-
guiam a escolha da metodologia de pesquisa, que tos de análise. A estratégia de pesquisa abarca os
é o nosso objeto de estudo. As convergências das níveis de pesquisa, por exemplo, se é descritiva,
características do fenômeno, tais como a comple- explicativa, ou experimental; o tipo de pesquisa,
xidade, irredutibilidade e imprevisibilidade são por exemplo, se é um estudo de caso, ou pesquisa
importantes na análise da capacidade da metodo- documental; o escopo, por exemplo, o local e o
logia em investigar as redes. Em seguida apresen- perfil do sujeito; a caracterização das variáveis, por
tam-se os dados da pesquisa sobre as metodologias exemplo, determinando se o trabalho será qualita-
utilizadas numa amostra da produção acadêmica. tivo, quantitativo, ou os dois mesclados e a defi-
Os dados são utilizados para a discussão e apre- nição dos temas que orientam a construção dos
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apontam para a adequação do uso de metodologias fluxos conjuntos, como a influencia da confiança
que abarquem a complexidade e a imprevisibi- nos controles comerciais.
lidade, tais como as abordagens da complexidade O trabalho de estabelecer convergências
encontradas em Morin (1991) e as abordagens do sobre um determinado fenômeno é importante,
sistemismo encontradas em Bertalanffy (1968) e porque indica que vários observadores chegaram ao
em Luhmann (1995). Estas abordagens aceitam rela- mesmo ponto, embora partindo de premissas dis-
ções causais bi direcionais; irredutibilidade do todo tintas e que, por indução, as convergências mostra-
e dinâmica de instabilidade entre forças de coe- riam o que é essencial no fenômeno. Assim, a dis-
são e forças de expansão. Esse tema será ampliado cussão anterior mostrou que as convergências sobre
nas discussões e apresentação de uma proposta. redes de negócios indicam que elas são formatos
A bibliografia também converge sobre o organizacionais complexos; com imprevisibilidade;
objeto de estudo. Pesquisar redes é investigar as que criam interdependência entre os participan-
ligações entre os atores. Essa ligação, que recebe tes; com a ligação constituindo sua unidade defi-
alguns nomes (nó nas teorias sociais de redes, laço nidora e de estudo, independentemente de qual
na abordagem econômica da teoria dos grafos, teoria se utiliza; que a ligação contém os fluxos (o
díade nas abordagens sociais de mercado) está cons- conteúdo das trocas) e as atividades (as decisões dos
tituída dos fluxos e das atividades. Os fluxos refe- atores sobre os fluxos recebidos e encaminhados).
rem-se ao que é transacionado entre os atores, tais Ficou evidente, também, o predomínio de dois
como objetos, dinheiro, informações técnicas, paradigmas, o racional e o social, como guias para
sinais de afeto e de poder. As atividades referem- a construção dos raciocínios de pesquisa e escolha
se às decisões sobre a transformação que cada ator da metodologia. Quanto às teorias, não há conver-
executa sobre o fluxo que recebeu e encaminhou. gência sobre suas competências e validade, inclu-
Existem discussões sobre o conteúdo e sive se questiona se é possível existir uma teoria
importância das ligações. Uma corrente, por especifica sobre redes de negócios (MARTELETO,
exemplo, afirma que a estrutura determina o con- 2001), ou seja, se o fenômeno é suficientemente
teúdo e dinâmica dos fluxos, enquanto outra cor- distinto para ensejar construções teóricas.
rente advoga o contrário, ou seja, os fluxos deter- Chegamos, então, aos pontos básicos para
minam a estrutura da rede. Uma corrente aceita a investigação dos artigos brasileiros. Definimos
que a uniformidade, simetria e confiança são as as três categorias da Metodologia de Pesquisa, veri-
características definidoras de uma rede eficiente e ficamos que há um conjunto de características
outra corrente afirma o contrário, isto é, que a consideradas essenciais no fenômeno de rede e que
característica de uma rede é o fluxo dos diferentes a literatura indica a dominância de dois paradig-
interesses, criando assimetrias, as quais são as res- mas, o racional e o social, e uma terceira via que
ponsáveis pela aprendizagem e inovação. Apesar busca a construção de uma integração, os quais se
das discussões, a relação (ou nó, ou translação, ou manifestam em um amplo leque de teorias.
laço, ou díade; que são os diversos nomes das A partir dessa base, investiga-se a produ-
ligações entre os participantes, conforme nuances ção acadêmica nacional tendo como proposição
em orientações teóricas, que não cabe discutir neste orientadora a afirmativa de que a tendência dos
momento) é aceita como a unidade de estudo nas pesquisadores brasileiros é utilizar metodologias
pesquisas. Pesquisadores que seguem a abordagem de pesquisa originadas do paradigma racional-eco-
racional estariam mais interessados nos fluxos nômico. Afirma-se que essa dominância, como
comerciais, como a troca de conhecimentos de consequência, restringe a compreensão das redes,
processos. Pesquisadores que seguem a abordagem pois são pouco adequadas para abarcar as caracte-
social estariam mais interessados nos fluxos sociais, rísticas essenciais do fenômeno. Conforme já
como os conflitos de interesses entre os atores. Pes- explicitado, as proposições nasceram de experi-
quisadores que seguem a abordagem da imersão ências prévias dos autores, tanto de leituras, quan-
social e econômica estariam mais interessados nos to de práticas de pesquisas.
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Estabelecidos os parâmetros que guiam a festações dessa estrutura dominante. No paradigma
análise da pesquisa é possível explicitar o planeja- racional econômico a ideia central é que as redes
mento e execução da mesma. são respostas competitivas das empresas, buscan-
do melhores posições no mercado. A rede é uma
construção racional e pode ser controlada. Uma
4 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA terceira via, que une o social e o racional afirma
PESQUISA que as empresas da rede estão imersas em relações
sociais e econômicas, inextricavelmente imbri-
O problema da nossa pesquisa é levantar, cadas e inter-influentes. A rede se caracteriza por
organizar e discutir as metodologias presentes uma tensão dinâmica, com forças de coesão e forças
numa amostra da produção científica brasileira de expansão.
em artigos sobre redes de negócios, visando a sus- A terceira ordem é a caracterização do que
tentar, ou não, uma proposição orientadora. Con- se entende por metodologia. Aceitamos a afirma-
forme explicitado nos itens anteriores; as catego- tiva de que a metodologia de pesquisa é o con-
rias que guiam a organização e a discussão dos junto de estratégias, técnicas de coleta, organiza-
dados são de três ordens. A primeira refere-se às ção, análise e interpretação dos dados no trato com
características essenciais das redes: São formatos a realidade empírica. Como existem muitas classi-
organizacionais complexos; com imprevisibili- ficações e nomes distintos para expressar as estra-
dade; que criam interdependência entre os parti- tégias e as técnicas, os autores se colocaram na
cipantes; com a ligação constituindo sua unidade tarefa de ler o conteúdo dos textos, não se restrin-
definidora e de estudo, independente de qual gindo à presença, ou ausência da expressão.
teoria se utiliza; que a ligação contém os fluxos e O Quadro 1 resume as categorias e variá-
as decisões. veis importantes para a discussão dos artigos.
A segunda ordem refere-se aos princípios Conforme já explicitamos, nos três para-
dos paradigmas dominantes da literatura. O para- digmas existem muitas teorias utilizadas para expli-
digma social afirma que a sociedade está organi- car as redes, com influencia sobre a metodologia
zada em redes e que as redes de negócios são mani- escolhida. Dessa forma, torna-se interessante conhe-
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cer qual foi a teoria de base utilizada pelos pesqui- informática e alianças de negociações entre patrões
sadores. Também seria interessante conhecer os e empregados. Nesta segunda ação restaram 210
comentários críticos de cada autor sobre a meto- artigos. Estes dois filtros já mostraram que algu-
dologia utilizada. mas palavras recorrentes em pesquisas sobre
Considerando esse amplo leque de variáveis redes de negócios aparecem também em outros
e teorias e nosso interesse nos argumentos sobre a contextos, o que significa que elas não são dis-
metodologia, decidiu-se investigar os trabalhos do criminantes, ou seja, não têm um significado
Encontro da Associação Nacional de Pós Gradua- claro e preciso. Finalmente, realizou-se a análise
ção e Pesquisa em Administração EnAnpad, uma propriamente dita, conforme matriz de análise
vez que esse evento reúne o pensamento de van- detalhada a seguir, o que determinou a aceitação
guarda dos pesquisadores brasileiros nos progra- final de 156 artigos, excluindo-se os trabalhos que
mas de Pós-graduação em Administração e que a eram ensaios teóricos (portanto não continham
liturgia de aprovação do artigo para o Encontro metodologia de pesquisa de campo), os refe-
exige a explicitação da base teórica, da metodolo- rentes a redes sociais de ajuda e os de formação
gia e dos limites do trabalho. Além disso, o Encon- de grupos na Internet, que não caracterizavam as
tro é um evento que mostra pensamentos ainda redes de negócios.
em evolução, modelos sendo testados e outras
formas de laboratório acadêmico. Como a área
de redes ainda é um campo aberto, torna-se inte- 4.1 A matriz de análise
ressante verificar quais ideias estão sendo lançadas
e experimentadas. Considerando as conclusões dos itens ante-
O tempo de 10 anos é considerado ade- riores, resumidas no Quadro 1, foram eleitas as
quado para estudos de tendências conforme ates- seguintes categorias de análise dos artigos:
tam estudos anteriores com o mesmo objetivo
de análise do acervo de um tema especifico a) teoria de base utilizada: procurou-se
(DEMUNER; LORDES, 2006; LUNARDI; identificar no artigo qual a opção de
RIOS; MAÇADA, 2005; PEGINO, 2005). Num teoria de base escolhida pelo autor, des-
primeiro filtro foram lidos todos os títulos dos de que claramente explicitada. Esse
artigos no período considerado, avaliando-se a dado permite realizar uma análise da
proximidade da temática com o propósito da pes- relação entre a teoria escolhida e a meto-
quisa e valorizando a presença de algumas pala- dologia. A escolha da teoria de base,
vras chave, tais como rede, cadeia, alianças, conforme já exposto, pode sinalizar as
arranjos produtivos locais (apls), clusters, consór- metodologias que lhe são mais conflu-
cios, cooperação, cooperativas, networks; uma vez entes. Quando o autor não informava
que estas palavras são recorrentes nos artigos claramente a opção, apresentando, por
sobre redes. Esta leitura dos títulos um a um per- exemplo, resumos de mais de uma teo-
mite incluir textos que não apresentam as pala- ria, utilizamos a classificação indefinido,
vras-chave, mas referem-se ao assunto e excluir para evitar deduções de nossa parte. Esta
textos que contém alguma das palavras chave, mesma situação ocorreu nas outras cate-
mas se referem a outros sentidos, tais como estra- gorias, ou seja, nas estratégias de pesqui-
tégias de uma rede supermercadista, ou o uso sa, nas técnicas de coleta e nas técnicas
de redes neurais para medir satisfação do consu- de análises. Quando não havia nenhu-
midor. Como resultado deste primeiro filtro ma menção, a classificação era inexis-
foram selecionados 327 artigos. Em seguida, rea- tente. A classificação seguiu o critério de
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próximas, ou semelhantes, mas manti- Vamos dar um exemplo para ilustrar.
vemos a expressão do autor. Sobre a Meto- O artigo de Drouvot e Fensterseifer (2002)
dologia de Pesquisa, dividimos em três apresenta no título a palavra Redes, passando no
grandes categorias, seguindo a divisão primeiro filtro. O resumo trata das condições de
colocada no Quadro 1: A estratégia de mercado que obrigam as pequenas empresas a atua-
pesquisa, as formas de coleta e as for- rem em conjunto e compara conceitos de redes
mas de análise. A estratégia de pesquisa, de cooperação com as conclusões de pesquisa com
conforme já explicitado, constitui o con- 16 empresas. Passou pelo segundo filtro.
junto de características e categorias nas Buscamos o item específico de metodolo-
quais o trabalho se coloca. Como existe gia e não encontramos. Na introdução os autores
labilidade no uso das expressões, torna- detalham as condições de mercado e de tecnologia
se necessário ler o conteúdo do texto, que propiciam e obrigam a formação de redes. Desta-
para concluir sobre a classificação. ca-se uma frase importante em que se afirma que
b) a estratégia de pesquisa: buscou-se a infor- o conceito de rede que será utilizado deriva de teo-
mação sobre qual a estratégia de pesqui- rias de estratégia. Aqui há uma indicação, ainda a
sa explicitada pelo autor, aceitando-se ser comprovada, de que o paradigma é o racional-
as divisões existentes. Tal como na cate- econômico. Essa confirmação aparece no item 2.2,
goria anterior, escreveu-se a classifica- onde os autores afirmam que o artigo se funda nas
ção conforme a expressão utilizada pelo contribuições da teoria de dependência de recur-
autor. Com esta informação é possível sos; na teoria comportamental, com o papel da
discutir as confluências entre as teorias confiança; na teoria dos contratos e na teoria rela-
escolhidas e as estratégias de pesquisa cional, para controle de oportunismos. Como os
utilizadas; autores não discutem que parte de cada uma delas
c) as técnicas de coleta. Seguindo o mesmo que será utilizada e não fazem um esforço de
padrão dos critérios anteriores, buscou- integração, entendemos que se trata de um misto
se a informação sobre os instrumentos e de teorias não complementares (econômicas e
técnicas utilizados para a coleta, entre sociais), classificando o artigo como teoria de base
as várias classificações, tais como entre- indefinida. O ponto convergente, que aparece em
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do capital da empresa, faturamento, número de Tabela 1 Resultados da aplicação dos filtros para
empregados, percentual do faturamento investi- selecionar os artigos sobre redes do Congresso
do em P&D, grau de inovação, valor das expor- EnAnpad no período de 2000 a 2009.
tações. São variáveis quantitativas e econômicas em
sua maioria. Na sequência os autores investigam 1º filtro 2º filtro Analisados
as fontes de competências tecnológicas (feiras, 2000 23 14 9
congressos etc); grau de importância dos atores 2001 11 8 5
cooperados para propiciar inovações; grau de utili- 2002 23 19 6
zação de atores públicos. A forma de apresentação 2003 20 17 11
em escalas nos permite concluir que o instrumento 2004 25 20 16
de coleta foi um questionário, sendo assim classi- 2005 35 29 20
ficado. A apresentação dos dados indica que as 2006 33 26 20
técnicas de análises são de estatística descritiva. 2007 45 26 23
Toda esta parte permitiria concluir que a estratégia 2008 34 27 22
de pesquisa é de multi casos, quantitativa, descri- 2009 82 28 24
tiva; mas, pelas regras que elegemos neste traba- Total 327 210 156
lho, se o autor não explicitou as categorias, então Fonte: dos autores.
elas não aparecem nos resultados.
Este exemplo mostra o caminho realizado
para se chegar às classificações, a partir dos vários Alguns dados merecem destaque. Os anos
níveis de leitura (titulo, resumo, parte de metodo- de 2001 e 2002 apresentaram poucos trabalhos
logia, parágrafos com as palavras chave). Anali- de pesquisas de campo, mas apareceram vários
sando o artigo na perspectiva do nosso problema, ensaios sobre redes, mostrando um interesse em
verifica-se uma ausência de qualquer informação, discutir o tema. Em 2003, Vizeu (2003) analisou os
ou comentário sobre a metodologia de pesquisa. paradigmas de estudos sobre redes, comentando
Caberia até a pergunta se esse artigo é sobre redes a dominância das abordagens racionais e econô-
de negócios, já que o foco está nos resultados das micas, tanto no uso de teorias, quanto no plane-
empresas. jamento e operação das pesquisas. Em 2004 o
Utilizando a matriz de análise exposta e fian- número de pesquisas sobre redes cresceu bastante
do-se nos cuidados de outros artigos que analisaram comparado aos anos anteriores, em parte porque
a literatura de redes (GIGLIO; KWASNICKA, algumas regiões do Brasil, como o sul e o nordeste,
2005; MILES; SNOW, 1992; TICHY; receberam incentivos dos governos locais. Oliva,
TUSHMAN, FOMBRUN, 1979; VIZEU, Sobral e Teixeira (2006) sugeriram um modelo
2003) passamos à apresentação dos resultados. de pesquisa em redes baseado na teoria dos siste-
mas e Regis, Dias e Bastos (2006) propuseram
um desenho de pesquisa para uso de múltiplas
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS técnicas. Vê-se que o tema de rede despertava in-
RESULTADOS teresse tanto teórico, conforme a dominância de
ensaios em 2001 e 2002, como já apresentava
A Tabela 1 mostra o número de artigos que esforços para analisar e definir uma metodologia
foram selecionados nas fases de filtro e os que resta- de pesquisa na área. O artigo de Bauer e Bucco
ram na análise final. De um filtro inicial que sele- (2007) critica as teorias de redes que deixam o
cionou 327 artigos no período de 2000 a 2009 movimento (as mudanças) de fora, perdendo-se a
do EnAnpad, chegou-se ao número de 156 peças unidade de estudos que são os fluxos. Nos últi-
analisadas. A eliminação dos artigos ocorreu prin- mos três anos considerados a quantidade de tra-
cipalmente por não tratarem do fenômeno de balhos com metodologia e técnicas sobre redes
redes de negócios. estabilizou-se na casa de 20 artigos.
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Tabela 2 Os resultados da análise da metodologia de pesquisa de 156 artigos do Congresso EnAnpad, a
partir de quatro categorias.
Fonte: dos autores.
A Tabela 2 mostra os resultados somados de essencialmente resumos das várias abordagens, que
todos os anos em relação às categorias e subdivi- ilustram as leituras do autor. Esse dado indica que
sões que as compõem, lembrando que os termos um número expressivo de pesquisadores não com-
são aqueles utilizados pelos pesquisadores. Sobre preende, ou entende não ser necessária a escolha
os dados ressalta-se inicialmente que dezenove por de uma teoria de base para a análise da pesquisa.
cento dos trabalhos não explicitam uma teoria de Quando ocorreu a escolha, a maioria decidiu pela
base. Um segundo ponto é a leitura horizontal das teoria social, com muitas variações de conceitos.
primeiras colocações, mostrando a dominância das Na sequência aparece a teoria resource based
estratégias de pesquisas qualitativas e descritivas, view-rbv, a teoria institucional, a teoria econômi-
com o uso da técnica de entrevista para coleta e ca, a teoria da aprendizagem e a teoria da depen-
análise de conteúdo para análise dos dados. Esses dência de recursos. É um leque que mostra tanto
cruzamentos serão comentados adiante. A próxima a presença de abordagens que privilegiam uma
tarefa consiste em analisar cada categoria. empresa isolada como objeto de estudo, quanto
de abordagens que privilegiam as interfaces entre
organizações e atores. Uma questão que surge
5.1 Sobre teoria de base sobre esses dados é: Será que as abordagens que
privilegiam análises de unidade podem explicar o
As duas grandes dominâncias são rede fenômeno de rede, com sua característica de conecti-
social e indefinida. A categoria indefinida agrupa vidade, em que o recurso competitivo pode estar
os trabalhos que apresentaram frases de várias no conjunto e não pode ser captado na disjunção?
teorias, mas o autor não esclarece sua opção. São A comparação com uma orquestra aqui pode
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auxiliar. Ouvindo-se apenas um instrumento de um resultado crítico, pois sem a presença de hipó-
percussão de uma orquestra, é possível captar a teses a construção e evolução do conhecimento
essência da música e a qualidade da orquestra? ficam prejudicadas. Por outro lado, o dado é con-
Chama atenção a divisão inexistente, que fluente com os altos índices de indefinição de
mostra a ausência de qualquer informação sobre teoria de base, pois sem uma teoria não é possível
o item. Neste caso, apareceram cinco artigos que construir interpretações.
não apresentaram nenhuma teoria de base. A leitura dos objetivos expressos nos arti-
gos classificados nas quatro primeiras estratégias
(descritiva, qualitativa, estudo de caso e explora-
5.2 Sobre estratégia de pesquisa tória) mostra um esforço dos autores em buscar
relações entre variáveis que expliquem o nascimen-
Aqui há uma dominância de pesquisas des- to das redes, os seus processos e os seus resultados.
critivas, qualitativas e estudos de casos. Em ter- Tal procura é coerente e defensável, desde que se
mos de desenvolvimento científico, essas estraté- chegue até a interpretação, o que não foi o caso
gias são mais adequadas e dominantes quando a dessa amostra.
ciência está num estágio inicial de investigação
de um fenômeno, o que não parece ser o caso do
tema de redes, que tem bibliografia científica há 5.3 Sobre as técnicas de coleta de dados
pelo menos três décadas.
As análises dos parágrafos sobre os concei- A grande convergência de técnicas de cole-
tos de pesquisas qualitativas e estudos de casos mos- ta é a entrevista, seguida de dados secundários (na
tram uma labilidade no uso dos termos, principal- verdade seria coleta de dados bibliográficos e
mente deste segundo. Um exemplo sem nenhuma documentos das empresas) e questionários. Como
especificidade é colocado como um caso e exem- foram raros os artigos que detalharam o conteú-
plos díspares e assimétricos são agrupados como do dos roteiros de entrevistas, pode-se apenas
casos múltiplos de uma mesma manifestação, comentar sobre a técnica em si. A entrevista é
quando configuram apenas um painel. Conforme usualmente utilizada para coletar impressões, ati-
Yin (2005) a ideia primordial de um estudo de tudes, crenças, análises técnicas. A questão crítica
caso é a sua especificidade, unicidade, sua valida- da entrevista, que deve ser pelo menos apontada
de por ser contrário à teoria, ou por ser a primei- pelo pesquisador, mas não está presente nos arti-
ra ocorrência de uma nova categoria; revitalizando gos, é sobre a equivalência entre o discurso do
as discussões das afirmativas e generalizações exis- sujeito e as evidências, ou realidade do fenôme-
tentes até então. Um conjunto de entrevistas com no. Tal questão é relevante, uma vez que a origem
gerentes, buscando captar suas opiniões sobre da coleta da entrevista está intrinsecamente atre-
redes, não pode ser classificado como um estudo lada aos objetivos de pesquisar as percepções mais
de caso. Sobre pesquisas qualitativas sabe-se que profundas das pessoas (por isso existe a expressão
elas utilizam teorias já estabelecidas para descre- entrevista em profundidade). Será que essa forma
ver, analisar e interpretar. Este último nível, o de coleta tem capacidade de captar o fenômeno
da interpretação, é necessário para se construir hi- das relações nas redes? Sobre esta questão Marsden
póteses que guiarão novas pesquisas. No entanto, (1990) cunhou a expressão rede cognitiva para
o cruzamento dos 71 artigos classificados como indicar que os dados de entrevistas mostram a
qualitativos mostra que a maioria é descritiva (83 visão que o sujeito tem da rede, o que é diferente
no total, pois se somam com outras divisões), 7 são da dinâmica da rede de fato. Aceitando-se tal afir-
explicativos e apenas 3 apresentam interpretações. mativa, conclui-se que um número expressivo de
Quer dizer, menos de 5% chegaram ao nível exi- pesquisas gerou conhecimentos sobre os processos
gido e necessário num trabalho qualitativo, que é cognitivos de apreensão do fenômeno da rede e
a interpretação e construção de hipóteses. Esse é não sobre as redes propriamente ditas.
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e Proposta de um Modelo Orientador
A forma de coleta por observação e acom- de um trabalho acadêmico, por que para o caso
panhamento apareceu 29 vezes. Tal como nas divi- da metodologia nos artigos sobre redes ela pouco
sões anteriores, não há detalhes do que exatamente se aplica? Como o leque de teorias e métodos é
estava sendo observado, ou acompanhado. Quan- amplo, seria importante realizar essa reflexão. Nos
do o pesquisador informa que participou de uma 23 casos em que houve alguma reflexão, a ten-
reunião de uma rede de empresas, não é suficiente dência dos autores foi afirmar que os resultados são
para definir o objeto da observação. Autores como limitados e que é necessário analisar mais casos.
Latour (2005) e Tichy, Tushman, Fombrun (1979) Nenhum discutiu e criticou os limites da metodo-
afirmam que o acompanhamento é uma técnica logia utilizada.
válida para se coletar as relações na rede, desde Sobre a terminologia, a análise revelou uma
que a unidade de estudo seja o fluxo. Adicionare- profusão e até mesmo confusão entre metodologia
mos que ainda é possível detalhar qual fluxo se de pesquisa, estratégia de pesquisa, métodos, ins-
está mais interessado, se técnico, ou social, por trumentos de coleta e análise; e a capacidade das
exemplo. formas de coleta e análise em desenvolverem e
incrementarem teorias e métodos na parte de con-
clusões. Uma confusão, por exemplo, foi definir
5.4 Sobre as técnicas de análise dos dados a metodologia da pesquisa como sendo a técnica
de coleta utilizada. Na definição da teoria de base
Nessa categoria apareceram duas formas confundem-se termos técnicos com teorias da
dominantes: a análise de conteúdo e a estatística administração (por exemplo, teoria da lucrativi-
descritiva. Aqui se encontra uma coerência com dade); misturam-se abordagens com princípios
as estratégias de pesquisa dominantes (descritiva não paralelos, como resource based view e institu-
e qualitativa). Para a análise de conteúdo, no cionalismo, e se utilizam tipologias de redes como
entanto, vale o comentário já apresentado sobre a suporte teórico (por exemplo, teoria das redes
necessidade de evoluir a análise até a interpreta- verticais). Sobre metodologia de pesquisa encon-
ção e desenvolvimento de hipóteses, para guiar tra-se uma difusão do uso da palavra metodologia,
novas pesquisas. Bardin (1977), que é considerado em tentativas de expressar a metodologia científi-
um dos autores básicos sobre análise de conteúdo, ca, como na frase a metodologia do trabalho é o
foi claro nos seus escritos sobre a necessidade de método dialético; o uso de abordagens de coleta
se construírem interpretações sobre os dados. As cuja união de dados necessita de um esforço adi-
outras divisões menos votadas são semelhantes às cional não explicado, como focus groups e questi-
análises métricas, como a sociometria, ou com as onários com escalas; e formas de análises que não
análises de conteúdo, como a análise qualitativa. são confluentes, como análise de conteúdo, que
Na leitura das conclusões verificamos se deve culminar com interpretações e estatística
havia discussão sobre a metodologia, já que há descritiva, que deve culminar com correlações e
uma norma de se discutir os limites dos trabalhos. testes de hipóteses.
Em 133 casos de um total de 156, equivalente a Vamos dar um exemplo. Um artigo de 2007
oitenta e quatro por cento, os autores não realizam (referencia omitida) coloca que o objetivo é ana-
nenhuma discussão sobre a validade e capacidade lisar as vantagens que uma empresa obtém ao
da metodologia que eles utilizaram para investi- entrar numa rede de supermercados que já tem
gar o fenômeno. Não se valoriza a discussão da vali- uma marca. O autor apresenta conceitos sociais
dade do caminho percorrido na pesquisa, ou se a de redes, sem ligação com vantagens de uso de
estratégia era adequada ao fenômeno, conforme marca; apresenta afirmativas sobre logística que
as categorias de análise eleitas, ou se os instrumen- não tem ligação com o tema; ao final da parte teó-
tos eram capazes de coletar dados relevantes para rica indica outro objetivo, que é analisar a atua-
responder às questões do estudo. A pergunta que ção de um broker na rede (o detentor inicial da
fica é: Se há uma norma de se discutir os limites marca); afirma que irá utilizar o método fenomeno-
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e Proposta de um Modelo Orientador
do conteúdo dos fluxos, dos controles, entre algu- esquemas causais (MORIN, 1991). A consequên-
mas variáveis que são mais valorizadas nas pesqui- cia para o planejamento e execução de pesquisas
sas. Conforme Parente (2004), a rede pode assu- é que os fenômenos são vistos como mutáveis,
mir formas variadas ao mesmo tempo, entre o não redutíveis à lógica causal clássica, o que é coe-
sólido e o fluido, isto é, do organizado, ao instável. rente com a visão de dinâmica de rede, principal-
Da tradição dos estudos da rede (aqui englobando mente no paradigma da imersão social e econô-
as noções de redes biológicas, redes dos fluxos da mica. Conforme discutiram Wollin e Perry (2004)
engenharia, redes de computadores), afirma Parente e Rebelo et al. (2005), no entanto, são raras as
que se desenvolveram ferramentas de análise que pesquisas sobre redes que utilizam a complexida-
conseguem captar todo tipo de passagem, ou tran- de devido à dificuldade operacional. Referente à
sição. O objeto de estudo dessas ferramentas é a amostra utilizada, encontramos um único artigo
circulação, que aqui denominamos de fluxo. que trata de redes e defende a complexidade
Esta informação é relevante já que indica (BOEIRA; FERREIRA; CAMPOS, 2006), mas
existirem metodologias de pesquisa em outros os autores não ofereceram explicações sobre a
campos, como Medicina e Engenharia, capazes metodologia utilizada.
de seguir os fluxos e as transições de um fenôme- O sistemismo afirma a interconectividade
no. Esses raciocínios aceitam a complexidade dos e as relações recíprocas entre os elementos. Esses
fenômenos e se apóiam no Sistemismo. se organizam de forma a criar sistemas e subsiste-
Seriam a complexidade e o sistemismo meto- mas orientados para um fim, o objetivo a ser alcan-
dologias capazes de guiar estratégias e instrumen- çado. O sistema é um modelo de comunicação e
tos de pesquisa sobre o campo de redes? Conforme cibernética, com entradas, processos e saídas, afir-
Bartunek, Bobko e Venkatraman (1993) a defesa mando que as relações podem ser bidirecionais,
de uma metodologia deve mostrar seu valor e com- diferente da causalidade restrita das teorias positi-
petência quando comparada às outras existentes vistas. A teoria dos sistemas nasceu dos esforços de
e deve ser confluente e coerente com as teorias Bertalanffy e seus seguidores em criar uma meto-
com a quais se vincula. Nos próximos parágrafos dologia integradora para os temas científicos.
defendemos que os princípios da complexidade Refinamentos posteriores criaram categorias de
e do sistemismo são capazes de incluir o dina- sistemas e a noção de sistema aberto, que possibi-
mismo e a instabilidade das redes, o que é muito lita a passagem de um nível de análise (biológico,
difícil nos paradigmas racionais e sociais. por exemplo) para outro (social, por exemplo).
Aplicado aos fenômenos sociais, como as
redes de negócios, significa que as relações entre
6.1 Sobre a complexidade e o sistemismo como as partes podem ser compreendidas a partir do
suporte metodológico para o estudo das redes objetivo que se pretende alcançar e que os pro-
cessos de produção, de transmissão de conheci-
A complexidade advoga três princípios. mentos, de comunicação de sinais sociais, entre
O primeiro refere-se à incerteza e imprevisibili- outros, adquirem sentido e ordem a partir dessas
dade, afirmando que os fenômenos humanos não respostas de saída. Utilizando esse raciocínio na
seguem leis causais estritas. O segundo princípio investigação do desenvolvimento das redes da Vila
é que há um diálogo infinito entre ordem-desor- de Paranapiacaba, em São Paulo, Carvalho e Giglio
dem nas relações humanas, o que implica que um (2011) verificaram que quando o objetivo era o
momento de certa ordem e equilíbrio logo é subs- comércio do café havia um sistema característico
tituído por uma desordem. O terceiro princípio, de processos e relacionamentos, sob um sistema
próximo da idéia de retroalimentação do sistemis- de valores sociais e culturais e quando o objetivo
mo, é a recursão organizacional, em que cada mudou para o turismo, os mesmos atores do siste-
momento é simultaneamente produzido e pro- ma anterior (os moradores e empresários da cida-
dutor, o que permite certa independência dos de) mudaram seus processos e relacionamentos.
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Metodologias de pesquisa que utilizam prin- Nos próximos parágrafos objetivamos con-
cípios do sistemismo são raras no campo de redes. tribuir com esses esforços apresentando um mode-
Cabe ressaltar as afirmativas teóricas e metodoló- lo de desenho de pesquisa que é capaz de incluir
gicas de Maturana e Varela (1987), aplicadas ao as características do fenômeno das redes; utilizando
turismo, saúde e educação (ROSSETI-FERREIRA alguns dos princípios da complexidade e do siste-
et al., 2008). Na amostra de artigos, encontramos mismo e colocando o fluxo como a unidade de estu-
o trabalho de Dufloth (2004). A autora se pro- do. Conforme Morin (1991), a teoria dos siste-
põe a estudar as redes de políticas publicas e ter- mas é muito próxima da complexidade, nessa ideia
ceiro setor a partir da abordagem evolutiva do de sistemas que se interconectam em níveis dife-
pensamento sistêmico, isto é, que com evolução rentes. Assim, o sistemismo permite criar dese-
da complexidade dos arranjos organizacionais foi nhos de pesquisas que são diferentes do padrão
possível e necessário utilizar os referenciais da tradicional do triângulo das variáveis antecedentes,
teoria dos sistemas. Para o presente trabalho consequentes e intervenientes, de relações causais
importa ressaltar que a autora aproximou os prin- unidirecionais.
cípios do sistemismo e da complexidade, enten- O conjunto proposto é coerente com a afir-
dendo que eles têm capacidade de explicar os mativa de que uma rede é um sistema integrado
arranjos organizacionais atuais, principalmente de subsistemas sociais e econômicos, interdepen-
quando se trata das interfaces entre o público e o dentes, orientados para objetivos. A afirmativa é
privado. Num outro trabalho, Stadnick e colabo- oriunda das convergências dos textos de Castells
radores (2008) colocam que metodologias que se- (1999), Granovetter (1985), Nohria e Ecles (1992).
param as partes de uma organização ignoram a O paradigma da imersão social e econômi-
complexidade do todo e propõem o uso de um ca afirma que os conteúdos sociais e econômicos
modelo apresentado por Kelly e Allison (1998). fluem inextricavelmente juntos nas relações entre
O que importa é a crítica dos autores sobre as os atores, mas, seguindo um principio da complexi-
metodologias tradicionais de pesquisa e a afirma- dade, podem ser distinguidos. Estão unidos, mas
tiva da necessidade de se desenvolverem novos são distinguíveis, o que permite reconhecê-los e
modelos de análise. investigá-los numa pesquisa. Sinais sociais de con-
Embora raros, os artigos convergem na fiança, poder e comprometimento associam-se e
busca de metodologias alternativas de pesquisa, criam interdependências com os sinais de proces-
nas suas estratégias e instrumentos, tais como sos produtivos, especificações técnicas, relatórios
a técnica de acompanhamento, os diagramas de de qualidade e planilhas de custos. Esse subsistema
fluxos e o gráfico sociotécnico; entendendo que dos fluxos está contido num subsistema dos valo-
as metodologias racionais, com princípios posi- res sociais e culturais do grupo de atores. Os obje-
tivistas não estão conseguindo abarcar os com- tivos do sistema, isto é, as respostas de saída, são
plexos fenômenos sociais atuais. Na análise da amos- de duas ordens, as quais realimentam o sistema.
tra também encontramos artigos que, embora não Por um lado, as respostas do negócio; tais como
defendam explicitamente a complexidade e o vendas, lucros, fatia de mercado, domínio de pro-
sistemismo, comentam que métodos tradicionais cessos, entre outros. Por outro lado, as respostas
de pesquisa, como questionários, são limitados de estrutura e dinâmica da rede, tais como entra-
quando se trata de investigar relações humanas da e saída de atores, mudanças de posições dos
(SANTOS, 2006). atores na rede e incremento/diminuição das variá-
Assim, existem afirmativas e práticas na bus- veis sociais como confiança e comprometimento.
ca de metodologias de pesquisa que possam supe- A visão da rede como um sistema que apre-
rar os limites dos esquemas racionais e positivistas, senta movimentos de entropia e de expansão já
quando aplicados a fenômenos complexos, mas, havia sido defendida por Gulati e Gargiulo (1999)
segundo Cabral (1998), os esforços nesse sentido e, conforme o paradigma social, segue a lei da auto-
ainda são limitados. eco-organização, defendida por Morin (1991). No
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paradigma de imersão coloca-se a possibilidade de gorias em análise, ou seja, o conteúdo dos fluxos,
algum controle, que defendemos nesta proposta. as decisões dos atores, o contexto e as respostas
A união das premissas apresentadas pode de saída; são essencialmente definidas a partir de
ser vista no desenho da Figura 1, mostrando a díade, variáveis qualitativas; tais como confiança, poder,
que é a ligação entre dois atores, como a unidade ou qualidade das informações. É claro que não se
estrutural; o fluxo como objeto de investigação; excluem as variáveis métricas, tais como número
os conteúdos sociais e comerciais dos fluxos; um de organizações, quantidade de fluxos, posição dos
sistema social e cultural que envolve os subsistemas atores, evolução de vendas, que podem auxiliar
anteriores e as respostas de saída. na construção das interpretações.
Considerando as características do fenô- Considerando os comentários sobre pes-
meno e o conjunto de premissas da Figura 1, que quisas de fluxos em outras Ciências, propomos
pode funcionar como um quadro referencial para que o método de coleta mais capaz é o acompa-
a metodologia de pesquisa; a estratégia de pesqui- nhamento, que permite sucessivas observações do
sa que decorre logicamente é a abordagem qualita- fenômeno, buscando os momentos de ordem/
tiva, necessariamente interpretativa, já que as cate- equilíbrio e os de desordem/desequilíbrio. Estu-
Subsistema do fluxo
Conteúdos sociais e comerciais
Outros Decisões dos atores
QyV Outros
QyV
Ator 1: fluxos Ator 2:
decisões decisões
Outros
Outros
QyV
QyV
Saída 1
Respostas do negócio:
Vendas, difusão da marca,
número de clientes, ...
Saída 2
Rearranjos da rede
Figura 1 A proposta de uma rede como um sistema, com dois subsistemas interligados e duas respostas
de saída.
Fonte: dos autores.
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dos seccionais de redes e uso de questionários já objeto de investigação. Ele ainda pode ser um tema
haviam sido criticados por Zaheer, Gozubuyuk e tradicional como os resultados de negócios de uma
Milanov (2010). rede, desde que o plano de pesquisa considere a
A pergunta que surge é: Acompanhar o que? interface desse resultado com o subsistema dos
A resposta é acompanhar o que se colocou como fluxos e se utilizem os princípios sistêmicos e da
o objeto definidor das redes, ou seja, o fluxo entre complexidade, ou seja, investigar interdependên-
os atores, nos seus conteúdos sociais e comerciais. cias e padrões de ordem-desordem.
Experiências ainda não publicadas dos autores Concluindo, resumindo e defendendo a
mostram que o acompanhamento de algumas reu- proposta, a qual está sendo aplicada em um pro-
niões do mesmo grupo de trabalho (no caso são jeto acadêmico, mostrando capacidade operacio-
redes de políticas ambientais) consegue coletar nal, afirma-se que, a partir das características das
dados que não apareceriam nas técnicas de entre- redes complexidade, incerteza, imprevisibili-
vistas, tais como o fluxo de assimetria de interes- dade, interdependência, unicidade; e a convergên-
ses nos discursos dos atores. O método se mostra cia de conceitos, principalmente o imbricamento
operacional e eficaz, pois coleta informações sobre das relações sociais e comerciais, como manifes-
os conteúdos dos fluxos da rede; sobre as decisões tações de uma sociedade em rede e o fluxo como
dos atores sobre esses fluxos; possibilita interpre- unidade de estudo; propõe-se que os pesquisado-
tações sobre aquela rede específica e construções res da área possam utilizar a proposta desenhada
teóricas, por exemplo, sobre a essência e as dife- na Figura 1 como suporte para um plano de pes-
rentes manifestações de confiança nas redes; mes- quisa mais competente na compreensão do fenô-
mo que o objetivo de pesquisa esteja voltado para meno e na capacidade de geração de hipóteses.
respostas de saída, como os resultados. Acreditamos que o paradigma da imersão
A proposta de dominância de estratégias social tem uma interface de conjunção com os
qualitativas e interpretativas, com registro dos con- princípios da complexidade e do sistemismo, acei-
teúdos e decisões dos atores aponta para o méto- tando imprevisibilidade e desequilíbrios nas rela-
do de análise denominado Análise de Conteúdo, ções de negócios.
conforme os preceitos de Bardin (1977). A técni- Estruturar o fenômeno de rede como um
ca aceita a diversidade de fontes de coleta; propõe sistema tem algumas vantagens sobre os desenhos
que o pesquisador utilize poucas categorias a priori tradicionais de causa e efeito, tais como a possibi-
para fenômenos que ainda não tem um paradigma lidade de investigar inter relações, o que é inte-
dominante e, o mais importante, coloca que a ressante e apropriado na dinâmica de redes. Com
parte principal da análise é a construção de inter- uma técnica de acompanhamento pode-se verifi-
pretações dos dados, a partir da teoria de base car, por exemplo, numa reunião semanal de um
escolhida, sem o que todo o esforço descritivo e grupo, a evolução das posições, dos conteúdos que
analítico seria inútil. A interpretação é o passo circulam, as trocas de informações, a formação de
necessário para a construção e evolução do conhe- subgrupos de interesses, entre outras possibilidades.
cimento e a análise de conteúdo coloca esta ação A técnica de análise de conteúdo permite
como necessária na pesquisa. esclarecer as especificidades das redes analisadas,
Esse arcabouço de metodologia de pesquisa em conformidade com as características do fenô-
para a análise de redes pode oferecer um caminho meno, mas também possibilita e, na verdade, até
de desenvolvimento teórico, o que é muito difícil exige, a formação de hipóteses sobre os preditores,
no quadro dominante, como já se discutiu. Na ou eixos básicos sobre os quais convergem as várias
ver-dade, uma boa parte dos artigos aqui analisa- redes analisadas.
dos são descrições de sujeitos isolados, empresas Essa proposta de metodologia de pesqui-
e pessoas, cujas conclusões não trazem contribui- sa, que valoriza alguns caminhos em detrimento
ção para uma teoria de redes. Na configuração de outros, justifica-se a partir da análise dos arti-
proposta o pesquisador não precisa abandonar seu gos, na qual ficou evidente que a dominância dos
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e Proposta de um Modelo Orientador
modelos de estratégias de pesquisa, coleta e aná- A análise mostrou que a proposição se man-
lise dos dados não contribuíram para o desenvol- tém. Conforme se verifica nos dados do Tabela 2,
vimento teórico e metodológico da área. há dominância de metodologias de pesquisa des-
Sobre a teoria de base a diversidade exis- critivas e qualitativas, com dados coletados por
tente não permite defender uma escolha em par- questionários e o uso de um amplo leque de teo-
ticular. O que se pode comentar é que caberia ao rias de base. Nos 156 artigos analisados não se
pesquisador escolher teorias mais coerentes com encontrou nenhuma proposta de modelo, ou con-
as características do fenômeno e com as conver- junto de afirmativas que pudesse indicar uma con-
gências de conceitos básicos da literatura. A inter- tribuição às teorias de redes.
dependência, a imprevisibilidade, o imbricamento Os resultados são relevantes quando con-
social e econômico, a valorização da comunhão frontados com as convergências sobre as caracte-
mais do que a competição são algumas categorias rísticas do fenômeno de rede e os princípios dos
que exigem presença em qualquer teoria que pre- três paradigmas dominantes, conforme se vê no
tenda explicar as redes de negócios. Quadro 1. Essas características raramente são cita-
Não é intenção dos autores serem norma- das nos artigos analisados e predomina o para-
tivos, mas propor um caminho que parece ser mais digma racional, com muitos temas sobre vanta-
promissor para dar voz à rede; para olhar o fenô- gens isoladas dos participantes e questionários que
meno de redes com uma lente que permita que captam a percepção dos sujeitos.
suas características essenciais possam se evidenciar. A dominância de estratégias descritivas,
As metodologias dominantes empregadas na aca- qualitativas, com análises que buscam isolar
demia brasileira estão sendo capazes de realizar algumas variáveis, reduz as possibilidades de
essa tarefa. desenvolvimento de teorias, já que são raras as
interpretações e construções de novas hipóteses.
Foram 71 trabalhos qualitativos sem nenhuma
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS nova proposta. Agregue-se a isto a dominância
de estudos de casos e temos uma pulverização
O objetivo deste artigo foi discutir as meto- de descrições de exemplos isolados. O problema
dologias de pesquisa empregadas pelos autores não é ser um caso isolado, já que cada rede tem
brasileiros nos artigos sobre redes de negócios a a sua especificidade. O problema é a ausência
partir de uma amostra de trabalhos apresentados do salto que pode e deve ser realizado do estágio
no Congresso EnAnpad. A tarefa se justifica uma da descrição para a construção dos preditores, ou
vez que análises prévias indicavam que o assunto fundamentos, ou modelos, ou sistemas sobre o
era pouco refletido, apesar de sua importância, fenômeno. Sem essa evolução de construção de
conforme afirmado há tempos por Tichy, Tushman conhecimentos sobre os fundamentos das redes,
e Fombrun (1979). Num trabalho com objetivo os pesquisadores acabam repetindo os padrões
semelhante, Mariz, Goulart e Dourado (2004) de teorias e metodologias de análises de empresas
concluíram que nos artigos brasileiros apresenta- isoladas. Em suma, os pesquisadores brasileiros
dos nos Congressos EnAnpad entre 1999 e 2003 não estão construindo hipóteses e teorias sobre
predominavam os métodos qualitativos e uma redes, mas primordialmente descrevendo a parti-
certa banalização do estudo de caso, o que é con- cipação e vantagens das empresas nas redes e a
fluente com as conclusões deste estudo. percepção de atores dentro delas. Esse modo de
A proposição orientadora é que os pesqui- análise é característico das teorias competitivas,
sadores brasileiros utilizam predominantemente com foco em unidades, mas é pouco adequado
metodologias que buscam relações causais estri- para um fenômeno de interações e interdepen-
tas, com objetos de estudo que são os atores e que dência. Temos também a dominância de entre-
esta abordagem é um dos motivos de existirem vistas, o que, segundo Marsden (1990) indica
poucos avanços teóricos nesse campo. que as pesquisas analisaram as redes cognitivas,
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Ernesto Michelangelo Giglio / José Luis Guagliardi Hernandes
isto é, a percepção das redes, o que é diferente dos BARTUNEK, J.; BOBKO, P.; VENKATRAMAN,
fluxos da rede. N. Toward innovation and diversity in management
Considerando as convergências sobre as research methods. Academy of Management
características da rede, as premissas dos três para- Journal New York, v. 36, n. 6, p. 1362-1373,
,
digmas dominantes e os resultados da análise dos 1993.
artigos, propusemos um modelo de metodologia
de pesquisa, na forma de sistema, conforme se vê BAUER, M.; BUCCO, L. Trocando a lente: racio-
na Figura 1, que pretende abarcar as características nalidade econômica e relações sociais em uma rede
de complexidade das redes e apontar alguns cami- de pequenos varejos familiares. In: ENCON-
nhos de estratégias e instrumentos de coleta que TRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIO-
nos parecem mais capazes de compreenderem o NAL DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA
fenômeno e criarem hipóteses, para o desenvolvi- EM ADMINISTRAÇÃO , 31., 2007, Rio de
mento das teorias. Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2007.
Não se trata, evidentemente, de impor uma 1 CD-ROM.
escolha. Trata-se de indicar um outro caminho
de metodologia, que parece ser mais competente BERTALANFFY, L. General system theory:
para captar o fenômeno de redes. Na verdade, esse foundations and development. New York: George
desenho vem sendo elaborado, testado e aprimo- Braziller, 1968.
rado pelos autores nos últimos anos, não sendo
fruto exclusivo da análise deste trabalho. Os resul- BOEIRA, S.; FERREIRA, E.; CAMPOS, L. Redes
tados até o momento, com pesquisas sobre polí- de catadores recicladores de resíduos em contextos
ticas ambientais e sobre o nascimento de redes, nacional e local: do gerencialismo instrumental à
indicam que o modelo tem capacidade opera- gestão da complexidade. In: ENCONTRO DE
cional e consegue coletar dados que mostram as ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 4., 2006,
direções e os conteúdos dos fluxos. O modelo é Porto Alegre. Anais
Rio de Janeiro: ANPAD,
capaz de mostrar a historicidade, o fluxo, a mobi- 2006. 1 CD-ROM.
lidade e a incerteza, que são as características mais
evidentes do fenômeno de redes. BRASS, D. et al. Taking stock of networks and
organizations: a multilevel perspective. Academy
of Management Journal, New York, v. 47, n. 6,
REFERENCIAS p. 795-817, Dec. 2004.
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