Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
Constata-se através das poesias, músicas, filmes, a ideia que fica implícita e
algumas vezes explícita sobre a felicidade que está destinada a quem conseguir
encontrar sua “alma gêmea” ou se preferirem a “outra metade da sua laranja”. Nota-
se que há uma idealização sobre o amor romântico, e isto fica visível em um conto
clássico – Cinderela – onde a bela donzela fica a esperar seu príncipe encantado
chegar em seu lindo cavalo branco e salvá-la do seu próprio tormento. A partir deste
encontro idealizado do amor romântico pela maioria das pessoas fazemos alguns
questionamentos, tais como: e se este encontro não acontecer? O indivíduo estará
predestinado à infelicidade? E mais, se procura-se a “outra metade da sua laranja”,
quer dizer que a pessoa não é inteira, é só uma metade? O outro então é
responsável pela felicidade do parceiro? A pessoa busca alguém para amá-la e
fazê-la feliz, e se este outro não existir ela não se sentirá amada e nem feliz? E o
amor próprio, este não é o primordial? No caso da pessoa não se sentir inteira,
amada por si mesma, então precisa do outro não apenas por gostar dele, mas
também, por precisar deste mesmo outro para sentir-se um ser? Será que o
indivíduo deseja com intensidade o outro porque sua autoestima é tão baixa que não
é suficiente para fazê-lo sentir-se pessoa? E se for assim, sua autoestima influencia
diretamente na escolha do cônjuge?
Com pretensão de trazer maior compreensão sobre o questionamento
descrito, este trabalho se propõe de forma descritiva abordar os conceitos de
“autoconceito” e “autoestima”, bem como, suas possíveis influências na escolha do
4
5
1. Autoconceito e Autoestima
5
6
6
7
7
8
[...] Os atributos mais conhecidos de uma pessoa com alta autoestima são:
manter uma imagem bastante constante e positiva das próprias
capacidades; ser criativo, ter facilidade para assumir papéis ativos em
grupos sociais; expressar as próprias visões; tender a um bom
desempenho; preocupar-se pouco com medos e ambivalências; orientar-se
mais direta e realisticamente às metas pessoais; demonstrar confiança e
otimismo nos próprios atributos, nas habilidades sociais e qualidades que
possui; ser pouco sensível às críticas. Já um indivíduo com baixa
autoestima tende a: apresentar sentimento de isolamento e ansiedade; ser
sensível às críticas; ter maior dificuldade de afirmar as próprias opiniões e
necessidades; desistir com facilidade, evitando desafios; ter reduzida
clareza e o entendimento de si próprio, evitando situações de risco e
expondo-se pouco [...]7.
As pessoas são seres relacionais, que necessitam estarem com outro, para
crescerem e se desenvolverem. Junto com a necessidade de relacionar-se,
encontra-se desejo de amar e ser amado, que é algo tão antigo, quanto à existência
6
Interpsíquico: São processos psicológicos complexos partilhados entre as pessoas.
7
Assis; Avanci, 2004, P.17-18
8
9
9
10
10
11
este algo que lhe falta será encontrado em outra pessoa, preferencialmente, que
seja naquela que lhe será companhia pela vida afora, ou seja, o cônjuge. Há
expectativas que o sentimento de amor, valia e adequação, que não fora construído
nas primeiras relações, na idade remota, seja construído no presente, com um novo
relacionamento. “Quanto mais neurótica for a pessoa, porém, mais o momento atual
está contaminado por suas distorções e pela necessidade urgente de curar as
feridas ou satisfazer os desejos, oriundos de sua primeira infância.” (Anton, 2012, p.
61)
Ora, buscar relacionamentos, desejar estabelecer vínculos, profundos,
duradouros, é algo natural e inerente à condição humana. O martírio se estabelece
quando, a busca por estes relacionamentos são motivados pela necessidade de
relacionar-se com o outro, para sentir-se literalmente alguém.
O poeta Mário Lago (1926) diferencia com maestria, quando a busca pelo
outro é uma necessidade à própria sobrevivência emocional, e quando ela é algo
natural, que vem para complementar, ou seja, aumentar algo já existente e não para
completar, que quer dizer preencher algo que falta. A saber, “gosto e preciso de ti,
mas quero logo explicar, não gosto porque preciso. Preciso sim por gostar”.
Quando se gosta por precisar, há dependência total do outro. Espera-se que
o cônjuge dê o amor, a aceitação e o cuidado, que a própria pessoa não percebeu
que não está internalizado, ou seja, que ela mesma ainda não se deu. Confia-se ao
outro a missão de fazer-lhe feliz. Aqui se chega ao grande martírio, pois, o cônjuge
também tem suas limitações e carências, e por mais que esteja disposto a amar
intensamente o (a) parceiro (a), não conseguirá correspondê-lo (a) conforme seu
desejo.
Por que o cônjuge não conseguirá realizar a missão que lhe fora confiada?
Porque é possível dentro de um relacionamento o outro “complementar” e não
“completar”. A busca da função de “complementar” ou “completar”, cabe a si mesmo
e não ao outro. Se a pessoa tem uma boa autoestima, o relacionamento e a
presença do parceiro (a) será um complemento. Se ao contrário, se a autoestima for
baixa, esta pessoa procurará um “completar”. E esta não é a função de seu parceiro
(a). Esta é uma questão da pessoa, oriunda da sua baixa autoestima.
Por conseguinte, sendo uma questão conflituosa pessoal, certamente, o
desejo da pessoa de sentir-se ser alguém através do amor do outro por ela, será
11
12
Considerações Finais
12
13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Anton, I. L. (2002). Homem e mulher: seus vínculos secretos. Porto Alegre: Artmed.
Moysés, L. (2012). A autoestima se constrói passo a passo. (8ª ed.) Campinas, SP:
Papirus.
Watzlawick, P., Beavin, J. H & Jackson, D. D. (2007). In. Alguns axiomas conjeturais
Cultrix
13