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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 3

I. LINHAS DE INFLUÊNCIA ................................................................................................... 4

1. Linhas de Influência. Definição. .......................................................................................... 4

1.1. Linha de influência para uma viga biapoiada (isostática). Método de EQUILÍBRIO
convencional ................................................................................................................................ 5

1.1.1. Método CINEMÁTICO para o traçado das LI ............................................................. 6

a) Linha de Influência das reacções de apoio na viga .......................................................... 7

b) Linha de Influência de esforço transverso na viga ........................................................... 9

c) Linha de Influencia do momento flector na viga ........................................................... 10

1.2. Linha de influência para estruturas com vários graus de indeterminação (hiperestáticas)
12

a) Determinação da LI das reações de apoio para vigas hiperestáticas .............................. 15

b) Determinação da LI de esforço transverso para vigas hiperestáticas ............................. 16

c) Determinação da LI de momento flector para vigas hiperestáticas ................................ 17

d) Determinação das ordenadas de LI de uma viga hiperestática ....................................... 20

2. Representação esquemática das LI’s. Envoltória de Esforços ........................................... 21

a) Representação esquemática das forças. Trem-tipo ......................................................... 23

Representação gráfica do esforço transverso ......................................................................... 24

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 26


INTRODUÇÃO

Neste presente trabalho iremos falar sobre as linhas de influência, importa referir que este trabalho
surge no âmbito da conclusão dos temas planificados para essa cadeira. Ao longo das minhas
pesquisas optei por usar a ferramenta internet pela sua facilidade no que tange o acesso.

Portanto há que admitir que por razões pessoais, fizemos este trabalho de modo a garantir uma
classificação significativa por este ser uma forma de avaliação patente nos métodos da nossa
formação.

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I. LINHAS DE INFLUÊNCIA

1. Linhas de Influência. Definição.

Uma linha de influência representa a variação de um determinado efeito elástico (por


exemplo, uma reação de apoio, um esforço cortante (transverso) ou um momento flector) em
uma secção específica da estrutura à medida que uma carga concentrada unitária a percorre.
(Vieira & Torres, 2018).

Por exemplo, consideremos a linha de influência (LI) de momento flector em uma secção S de
uma viga, representada na figura abaixo.

Quando a carga unitária P = 1 estiver localizada no ponto A, a uma distância x da extremidade


esquerda da viga, o momento flector na secção S será dado pela ordenada da linha de influência
no ponto A, ou seja, M a S = −a.

Figura 1. Linha de influência de momento flector na secção S de uma viga. Fonte: (Vieira & Torres, 2018).

Uma vez conhecida a linha de influência de um determinado esforço para uma secção específica,
percebe-se facilmente que a posição mais desfavorável da carga unitária é aquela que apresenta a
maior ordenada da linha de influência. Assim, se podem definir os valores extremos (maior valor
positivo e maior valor negativo) dos esforços provocados pela carga móvel unitária, que são as
ordenadas da linha de influência com maiores valores positivo e negativo. As linhas de influência
podem ser traçadas para diversos tipos de estrutura, como vigas, pórticos ou treliças, sejam elas
isostáticas ou hiperestáticas. Por convenção, desenhar-se-á os valores positivos da linha de
influência no lado de baixo, e os valores negativos no lado de cima, conforme representado na
Figura anterior.

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1.1.Linha de influência para uma viga biapoiada (isostática). Método de EQUILÍBRIO
convencional

Para determinar as reacções de apoio de uma viga isostática submetida a uma carga móvel, deve-
se, primeiramente, traçar as linhas de influência dessas reacções de apoio. Para tanto, se irá aplicar
uma carga unitária P=1 em uma posição variável x e determinar os valores das reacções de apoio
em função dessa posição x, utilizando as equações de equilíbrio estático.

Tomando por exemplo a viga biapoiada mostrada na figura abaixo. O equilíbrio de forças vertical
e de momentos em relação ao ponto A, por exemplo, determinam os valores das reações de apoio
VA = (l – x) / l e VB = x / l. Estas equações nada mais são do que as próprias expressões analíticas
das linhas de influência das reações de apoio, pois expressam a variação de VA e VB em função
da posição x da carga concentrada unitária.

Figura 2. Linhas de Influência de reações de apoio em uma viga biapoiada. Fonte: (Martha, 2010).

A imposição directa do equilíbrio também pode ser utilizada para determinar as linhas de
influência do esforço transverso e do momento flector em uma secção genérica S da viga
biapoiada, tal como mostrado na figura a seguir. Para isso, duas situações são consideradas, uma
quando a carga concentrada unitária está à esquerda da secção S e outra quando a carga está à
direita:

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Figura 3. Linhas de Influência de esforço transverso e momento flector em uma secção da viga biapoiada. (Martha, 2010).

1.1.1. Método CINEMÁTICO para o traçado das LI

De acordo com (Vieira & Torres, 2018), um método mais directo para a determinação da linha de
influência é o denominado método cinemático, ou princípio de Müller-Breslau séc. XIX, que para
traçar as linhas de influência, faz uso do Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV) ou Princípio do
Deslocamento Virtual (PDV).

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a) Linha de Influência das reacções de apoio na viga

Seja considerado que a viga biapoiada anterior sofreu um campo de deslocamentos virtuais v(x),
conforme indicado abaixo, onde o apoio da esquerda é deslocado virtualmente para baixo de uma
unidade de distância. Como a viga biapoiada é isostática, o movimento do apoio vai impor um
deslocamento de corpo rígido para a viga, isto é, a viga permanece reta e não existem deformações
internas. Como previamente dito, deve-se observar que, por uma questão de consistência com a
convenção adoptada para o traçado de LI’s, está sendo considerado como positivo um
deslocamento transversal v(x) para baixo, e negativo para cima.

Figura 4. Campo de deslocamentos virtuais para determinar LI de reacção de apoio de uma viga biapoiada. Fonte: (Martha,
2010).

O PDV diz que o trabalho virtual produzido pelas forças externas (reais) da estrutura pelos
correspondentes deslocamentos externos virtuais é igual à energia de deformação interna virtual,
que no caso é nula (não existem deformações internas virtuais). Portanto, o trabalho virtual das
forças externas é nulo, isto é: –VA·1 + P·v(x) + VB·0 = 0 ⇒VA(x) = (l–x) / l. (Martha, 2010).

Vieira e Torres afirmam que com isso, pode-se concluir que a configuração deslocada da viga v(x)
é igual a reacção de apoio VA . Ou seja, a Linha de Influência de VA é a própria configuração
deslocada da viga.

Assim, para traçar a linha de influência de um determinado efeito (como uma reacção de apoio ou
um esforço solicitante), basta seguir o procedimento apresentado a seguir:

1. Retirar o vínculo que transmite o efeito cuja linha de influência se deseja determinar.
2. Aplicar, no ponto em que actua o efeito analisado, um deslocamento unitário (considerado
muito pequeno) no sentido contrário ao da convenção positiva do efeito analisado.
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3. A linha de influência será a configuração deslocada da viga.

Ainda de acordo com (Vieira & Torres, 2018), no caso de vigas isostáticas, as linhas de influência
sempre serão linhas retas, o que facilita o seu traçado e a determinação dos valores das ordenadas,
que podem ser obtidos por simples semelhança de triângulos, sabendo-se que o deslocamento
aplicado no ponto em que actua o efeito analisado e unitário. A convenção de sentido positivo de
alguns efeitos e apresentada na Figura 5:

Figura 5. Deslocamentos generalizados utilizados no método cinemático para o traçado da LI. Fonte: (Martha, 2010).

Uma vez determinada a linha de influência da reacção de apoio, sabe-se que, ao posicionar a carga
móvel no ponto de maior ordenada da linha de influência, se pode ter o valor máximo (positivo
ou negativo) da reacção de apoio. Como a linha de influência foi traçada para uma carga unitária,
caso a carga móvel possua valor diferente do unitário, basta multiplicar a ordenada da linha de
influência pelo valor da carga móvel para encontrar o valor da reacção de apoio quando a carga
móvel estiver sobre aquele ponto.

Caso a carga móvel não seja uma força concentrada, mas sim uma carga uniformemente
distribuída, pensa-se nesta como uma sucessão de cargas concentradas afastadas entre si por uma
distância infinitesimal.

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b) Linha de Influência de esforço transverso na viga

As linhas de influência do esforço transverso em uma secção S da viga biapoiada também podem
ser determinadas pelo PDV.

O primeiro passo do método cinemático é a retirada do vínculo que transmite o efeito analisado.
No caso da linha de influência da reacção de apoio, foi retirado o vínculo que transmite a reacção
de apoio vertical, foi retirada a vinculação que impede o apoio A de deslocar verticalmente. Agora,
para traçar a linha de influência de esforço
transverso, deve-se retirar a vinculação que
transmite o esforço transverso, ou seja, retirar
a vinculação que impede o deslocamento
vertical relativo entre duas partes de uma viga.
Com a retirada desse vinculo em uma secção S
qualquer, a viga se divide em dois trechos
Figura 6. Retirada do vínculo de cortante e aplicação de deslocamento
inclinados, paralelos entre si como ilustrado unitário. Fonte: (Vieira & Torres, 2018).

na figura ao lado.

O próximo passo consiste na aplicação de um deslocamento unitário contrário a convenção de


esforço cortante positivo. Pela Figura 5, o esforço transverso e positivo quando ele provoca um
giro horário no elemento em que atua, ou seja, a esquerda da secção analisada o esforço cortante
positivo tem sentido para baixo, e a direita da secção analisada o esforço cortante positivo tem
sentido para cima. Ao aplicar um deslocamento na viga, deve-se sempre identificar quais pontos
da viga não podem apresentar deslocamentos verticais ou giros, para que se possa traçar a
configuração deslocada da viga corretamente, obtendo a sua linha de influência. A determinação
das ordenadas da linha de influência e feita por simples semelhança de triângulos.

O campo de deslocamentos virtuais para a obtenção de LIQS está mostrado na figura a seguir.

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Figura 7. Campo de deslocamentos virtuais para determinar LI de esforço transverso em uma secção de uma viga biapoiada.
Fonte: (Martha, 2010).

Martha ainda mostra que a aplicação do PDV à estrutura da figura acima resulta em:
P = 1 à esquerda de S (x < a):
–QS·a / l – QS·b / l + MS·1 / l – MS·1 / l – P·x / l + VA·0 + VB·0 = 0 ⇒ QS(x) = –x / l.
P = 1 à direita de S (x > a):
–QS·a / l – QS·b / l + MS·1 / l – MS·1 / l + P·(l–x) / l + VA·0 + VB·0 = 0 ⇒ QS(x) = (l–x)
/ l.
Como pode-se notar, estas expressões são as mesmas obtidas anteriormente para a LIQS por
aplicação de condições de equilíbrio diretamente.
c) Linha de Influencia do momento flector na viga
Seguindo os preceitos de (Vieira & Torres, 2018), para traçar a linha de influência de momento
flector, deve-se retirar o vínculo que transmite o momento flector, ou seja, o vínculo que impede

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o giro relativo entre duas partes de uma viga. Com a retirada desse vínculo em uma secção S
qualquer, a viga pode apresentar o deslocamento relativo a figura abaixo.

Figura 8.Campo de deslocamentos virtuais para determinar LI de momento flector em uma secção de uma viga biapoiada.
Fonte: (Martha, 2010).

A seguir, aplica-se um giro unitário relativo entre os dois trechos, ou seja, (𝜃= 1 rad), com sentido
contrário a convenção de momento flector positivo, apresentado na Figura 5. Ou seja, no trecho a
esquerda da secção analisada, aplica-se um giro horário, e no trecho a direita da secção analisada,
aplica-se um giro anti-horário. Nesta secção (consideram-se pequenos deslocamentos, isto
é, um arco de círculo é aproximado por sua corda). Nota-se na figura acima, que o
segmento de viga à esquerda da secção S sofre um giro com um ângulo igual a b/l no
sentido horário, que é contrário à direção positiva de MS na extremidade do segmento.
Observa-se também que o segmento à direita de S gira de a/l no sentido anti-horário, que
é contrário à direção positiva de MS na porção da direita.

Aplicando o PDV à estrutura da figura acima, obtém-se:

P = 1 à esquerda de S (x ≤ a):

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+QS·a·b / l – QS·a·b / l – MS·b / l – MS·a / l + P·b·x / l + VA·0 + VB·0 = 0 ⇒ MS (x) = b x
/ l.
P = 1 à direita de S (x ≥ a):
+QS·a·b / l – QS·a·b / l – MS·b / l – MS·a / l + P·a·(l–x) / l + VA·0 + VB·0 = 0 ⇒ MS(x) =
a (l–x)/l.
Isso resulta nas mesmas expressões para LIMS obtidas anteriormente.

Em suma, pode-se condensar a obtenção de linhas de influência de um efeito (reação de apoio,


esforço cortante ou momento flector) na viga biapoiada por aplicação do PDV da seguinte maneira
(Süssekind; 1977, como citado por Martha):

Para se traçar a linha de influência de um efeito E (esforço ou reação), procede-se da seguinte forma:

 Rompe-se o vínculo capaz de transmitir o efeito E cuja linha de influência se deseja determinar;
 Na secção onde atua o efeito E, atribui-se à estrutura, no sentido oposto ao de E positivo, um deslocamento
generalizado unitário, que será tratado como sendo muito pequeno;
 A configuração deformada (elástica) obtida é a linha de influência.

1.2.Linha de influência para estruturas com vários graus de indeterminação (hiperestáticas)

Assim como nas estruturas isostáticas, a linha de influência de uma estrutura hiperestáticas
também representa a variação de um efeito elástico E (reacção de apoio, esforço cortante ou
momento flector, por exemplo) em uma determinada secção quando uma carga concentrada
unitária percorre toda a estrutura. Dessa forma, as linhas de influência de estruturas hiperestáticas
também são utilizadas para determinar os valores extremos (máximos e mínimos) de um esforço
ou reacção de apoio, já que, com o traçado da linha de influência, pode-se determinar facilmente
em que posição se deve aplicar o carregamento para que sejam obtidos esses valores extremos.

Como mostrado anteriormente, a maneira mais rápida e prática para traçar as linhas de influência
de estruturas isostáticas e o emprego do método cinemático (Principio de Müller -Breslau).

O método cinemático também é válido para estruturas hiperestáticas, ou seja, também se pode
determinar a forma das linhas de influência dessas estruturas por meio da aplicação de
deslocamentos unitários no sentido contrário a convenção de esforços ou reacção positiva. A
demonstração da validade desse método para estruturas hiperestáticas pode ser feita com a
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aplicação do teorema de Betti, que diz que o trabalho virtual produzido por um sistema de forças
(1), devido as deformações provocadas por um sistema de forças (2), é igual ao trabalho virtual
produzido pelo sistema de forças (2), devido as deformações provocadas pelo sistema de forças
(1). Sejam consideradas duas vigas hiperestáticas, conforme a Figura abaixo.

Figura 9.Aplicação do Teorema de Betti a duas vigas contínuas. Fonte: (Martha, 2010).

A viga (1) tem uma carga concentrada unitária P1 = 1, aplicada a uma distância x do início da viga.
A viga (2) difere da primeira pela inexistência do primeiro apoio, sendo que nesta posição é
aplicada uma carga concentrada P2 que provoca, no seu ponto de aplicação, um deslocamento para
baixo de uma unidade de distância. Considerando um comportamento elástico-linear, as
expressões do PDV para as duas vigas são:

Nestas expressões, o somatório do lado esquerdo do sinal de igualdade representa o trabalho virtual
das forças externas, isto é, ∑ 𝐹1𝑣2 é o trabalho das forças da viga (1) com os correspondentes
deslocamentos externos da viga (2), e , ∑ 𝐹2𝑣1 é o inverso. As integrais do lado direito do sinal de
igualdade representam a energia de deformação virtual interna. A primeira integral é a energia de
deformação por flexão e a segunda é a energia de deformação por cisalhamento. M1 e Q1 são os
diagramas de momento flector e esforço transverso da viga (1), e M2 e Q2 são os diagramas da viga

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(2). O parâmetro E é o módulo de elasticidade do material, o parâmetro G é o módulo de
cisalhamento, I é momento de inércia da secção transversal e Ac é a área efetiva para cisalhamento
da secção transversal. Observa-se que as energias de deformação virtual interna das duas
expressões são iguais. Portanto:

 Segundo Martha, esta é a expressão do Teorema de Betti, que só é válido


para estruturas elásticas-lineares: o trabalho da forças externas de uma
estrutura com os correspondentes deslocamentos externos de outra estrutura é
igual ao trabalho das forças externas da outra estrutura com os correspondentes
deslocamentos da primeira.

Aplicando o Teorema de Betti para as duas vigas da figura 9, tem-se:

–VA·1 + P1·v2(x) = P2·0 ⇒ VA(x) = v2(x) ∴LIVA = v2(x).

Como a elástica v2(x) da viga (2) corresponde justamente à imposição de um


deslocamento unitário na direção oposta à reação de apoio VA (com a liberação do vínculo
associado), fica demonstrado que o Princípio de Müller-Breslau também é válido para
vigas hiperestáticas. Demonstrações análogas poderiam ser feitas para linhas de
influência de esforço cortante e momento flector, ou mesmo para outros tipos de
estruturas, como pórticos hiperestáticos.

É importante salientar mais uma vez que as linhas de influência para estruturas hiperestáticas
são formadas por trechos curvos, enquanto para estruturas isostáticas elas são
formadas por trechos retos.

O método cinemático fornece uma explicação intuitiva para isso, a liberação do vínculo no caso
de uma estrutura hiperestática resulta em uma estrutura que ainda oferece resistência ao
deslocamento generalizado imposto. Isto significa que a estrutura sofre deformações internas para
se ajustar ao deslocamento imposto, isto é, as barras se flexionam. Se forem desprezadas
deformações por cisalhamento e considerando barras prismáticas (secções transversais

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constantes), a equação diferencial que governa o comportamento de barras à flexão é a Equação
de Navier:
𝑑4 𝑣(𝑥) 𝑞(𝑥)
=
𝑑𝑥 4 𝐸𝐼
Onde v(x) é o deslocamento transversal da barra, q(x) é a taxa de carregamento transversal
distribuído.

Como, para traçar a linha de influência, não existe nenhuma carga distribuída, uma vez que é
aplicada apenas uma carga concentrada unitária, tem-se q (x) = 0. Portanto:
𝑑 4 𝑣(𝑥) 𝑑 4 𝐿𝐼
= 4 =0
𝑑𝑥 4 𝑑 𝑥
Como a quarta derivada da linha de influência e nula, essa linha de influência pode ser descrita
matematicamente por um polinómio do terceiro grau do tipo ax3 +bx2 +cx +d. Com isso, fica
comprovado que a linha de influencia de uma estrutura hiperestática e composta por trechos
curvos.
a) Determinação da LI das reações de apoio para vigas hiperestáticas

Dada uma Viga Continua para determinar o valor de uma reacção de apoio da mesma submetida
a uma carga móvel, deve-se, inicialmente, traçar a linha de influência correspondente a essa
reacção de apoio. Portanto, utilizar-se-á o método cinemático para traçar a linha de influência.

Dessa forma, para se determinar a linha de influência de uma reacção de apoio vertical, basta que
seja removido o vínculo que transmite essa reacção de apoio vertical e aplicado um deslocamento
unitário no sentido contrário a convenção de reacção de apoio positiva. De maneira intuitiva, pode-
se perceber como o restante da viga se deforma, sendo possível traçar o aspecto da linha de
influência da reacção de apoio em questão. A figura abaixo apresenta as linhas de influência de
reacções de apoio verticais para uma viga hiperestática.

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Figura 10. Linhas de influência de reações de apoio verticais para uma viga contínua. Fonte: (Martha, 2010).

 Importa evidenciar novamente que a ordenada da linha de influência de uma reação


de apoio sempre terá valor unitário na posição desse mesmo apoio e valores nulos
nos demais apoios. Dessa forma, é fácil determinar como a viga irá se deformar,
sabendo-se que os seus trechos são curvos e sempre irão girar em relação aos
demais apoios móveis ou fixos, que não sejam o apoio da reação analisada. Uma
vez traçada a linha de influência, é possível identificar onde devem ser posicionadas
as cargas móveis para que sejam obtidos os valores extremos da reação de apoio,
da mesma forma como é feito no caso de uma viga isostática.
b) Determinação da LI de esforço transverso para vigas hiperestáticas

Utilizando-se o método cinemático, basta que seja removido o vínculo correspondente ao esforço
transverso e aplicado um deslocamento relativo unitário entre o lado esquerdo e o lado direito da
secção analisada, da mesma forma como foi feito para as vigas isostáticas.

A figura 11 mostra LI’s de esforços transversos. No caso de secções de apoio, como existe uma
descontinuidade da LI nestes pontos. Observa-se nestas figuras que as linhas de influência de
esforços transversos para secções de um determinado vão entre apoios têm um comportamento
típico. Assim, a secção Adir do primeiro vão após o balanço tem LI de esforço transverso com
descontinuidade localizada próxima ao apoio A, sendo que fora do vão a LI é igual às LI’s das
secções S1 e Besq, ou de qualquer outra secção do mesmo vão. Em outras palavras, duas secções
de um mesmo vão têm LI’s de esforço transverso diferindo apenas pela localização da
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descontinuidade, que fica sobre a secção. Ou ainda, não é possível traçar a linha de influência
de esforço transverso sobre um apoio, visto que nesse ponto há uma descontinuidade do
esforço transverso. Portanto, da mesma forma como foi feito para as vigas isostáticas, deve-
se analisar as secções imediatamente à esquerda e à direita do apoio.

Figura 11. Linhas de influência de esforço transverso para uma viga contínua hiperestática. Fonte: (Martha, 2010).

c) Determinação da LI de momento flector para vigas hiperestáticas

De maneira análoga, para traçar a linha de influência de momento flector de uma viga hiperestática,
deve-se remover o vínculo que transmite esse esforço e aplicar um giro relativo unitário no sentido
horário à direita da secção analisada bem como no sentido anti-horário à esquerda da secção
analisada, já que esse giro deve ser contrário à convenção de momento flector positivo. Os dois
lados da viga irão apresentar trechos curvos, girando em relação aos apoios móveis e fixos. Na
Figura 12 são apresentadas algumas linhas de influência para uma viga hiperestática.

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Figura 12. Linha de influência de momentos flectores para uma viga contínua hiperestática. Fonte: (Martha, 2010).

De acordo com (Vieira & Torres, 2018), como as linhas de influência de vigas hiperestáticas são
compostas por trechos curvos, não se pode utilizar a semelhança de triângulos para encontrar
as ordenadas da linha de influência em qualquer ponto, como foi feito no caso das vigas
isostáticas.

 Porém, o uso do método cinemático nas vigas hiperestáticas permite encontrar o


aspecto da linha de influência, o que possibilita determinar o posicionamento
adequado de uma carga móvel uniformemente distribuída para obter os valores
extremos (máximo e mínimo) de um determinado efeito em uma secção da viga.
Sabendo onde se deve posicionar a carga móvel, não é preciso determinar o valor
extremo do esforço usando a linha de influência.

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Para isso, se pode posicionar a carga móvel no local desejado e resolver a viga
hiperestática com essa carga, utilizando-se qualquer método de resolução de vigas
hiperestáticas, como o método das forças ou o método dos deslocamentos.

Para exemplificar esse procedimento (Vieira & Torres, 2018) apresenta a seguinte
proposta:

 Pretende-se determinar onde posicionar uma carga móvel uniformemente


distribuída de 8 kN/m na viga da Figura 13, para que se obtenha o máximo valor
positivo de momento flector na secção S.

Figura 13. (a) Viga hiperestática; (b) Linha de influência de momento flector na secção S. Fonte: (Vieira & Torres, 2018).

Resolução:

Para traçar a linha de influência de momento flector na secção S, basta aplicar um


giro horário no lado esquerdo da secção S e um giro anti-horário no lado direito da
secção S, resultando na linha de influência apresentada na Figura 13b. Percebe-se
que o único trecho positivo da linha de influência está entre os apoios B e C. Dessa
forma, para encontrar o momento flector máximo positivo na secção S, devido a
uma carga móvel de 8 kN/m, basta a resolução da viga da Figura 14 pelo método
das forças ou dos deslocamentos. Com isso, é possível traçar o diagrama de
momentos flectores dessa viga, permitindo o encontro do valor do momento flector
na secção S.

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Figura 14.Viga hiperestática com carga móvel entre os apoios B e C. Fonte: (Vieira & Torres, 2018).

d) Determinação das ordenadas de LI de uma viga hiperestática

Como apresentado na alínea c) não é viável utilizar a semelhança de triângulos para encontrar as
ordenadas da linha de influência em qualquer ponto isto tratando-se de vigas hiperestáticas. Então,
caso se deseje determinar tais ordenadas pode-se utilizar um procedimento que envolve a
superposição de outras LI’s previamente conhecidas dessa mesma viga.

Seja que uma viga duas vezes hiperestática, da qual se conhece as linhas de influência de dois
esforços, ao se remover os vínculos que transmitem esses dois esforços, passa a ser isostática.
Nesse caso é possível determinar a linha de influência de qualquer outro esforço por meio dessas
duas linhas de influência conhecidas.

Para demonstrar esse procedimento, seja tomada a viga real da figura abaixo, da qual são
conhecidas as linhas de influência de momentos flectores em B e C e quer-se determinar a linha
de influência da reação By (Bv) para qualquer posição da carga P = 1.

Figura 15.Viga hiperestática e superposição de efeitos. Fonte: (Vieira & Torres, 2018).

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Na superposição da Figura 15, o caso (0) corresponde a uma viga isostática obtida pela remoção
dos vínculos que transmitem os momentos flectores em B e C, que são os esforços dos quais já se
conhecem as linhas de influência. O caso (1) corresponde à mesma viga isostática do caso (0),
porém, com a aplicação de um momento unitário no sentido da convenção positiva em B. Já no
caso (2) é aplicado um momento unitário em C.

By (0), By (1) e By (2), correspondem às reações de apoio em B para cada um desses casos isostáticos.
By , MB e MC , por sua vez, são a reacção de apoio em B e os momentos flectores em B e em C da
viga hiperestática. Assim, temos:

By = By (0) + By (1)*MB + By (2)*MC

Essa mesma superposição pode ser utilizada para traçar a linha de influência de By :

(LIBy)hip= (LIBy (0))isost+ By (1) *(LIMB)hip + By (2) *(LIMC)hip

Ou seja, para encontrar o valor da ordenada da linha de influência de By em um ponto da viga


hiperestática, basta somar a ordenada da linha de influência de By da viga isostática às ordenadas
das linhas de influência de MB e MC multiplicadas pelas reações de apoio em B da viga isostática
para os casos (1) e (2).

Assim se pode concluir que, para se determinar qualquer linha de influência de uma viga n
vezes hiperestática, é preciso conhecer as linhas de influência de n esforços.

2. Representação esquemática das LI’s. Envoltória de Esforços

Agora abordar-se-á como como são representadas as cargas móveis que ocorrem em pontes
rodoviárias ou ferroviárias. Tendo em conta que já foi também abordada representação gráfica dos
valores extremos de um esforço solicitante que ocorrem ao longo de uma viga submetida a cargas
permanentes e móveis. Por conseguinte, segundo (Vieira & Torres, 2018) essa representação dos
valores extremos dos esforços é chamada de envoltória de esforços.

É importante ter em conta que para realizar o projeto de uma estrutura de maneira adequada, se
deve determinar os valores extremos (máximo positivo e máximo negativo) dos esforços
solicitantes que atuam nessa estrutura. A determinação desses esforços, devidos às cargas fixas é
feita traçando-se os diagramas de esforços solicitantes, utilizando-se as equações de equilíbrio, no

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caso de estruturas isostáticas, ou os métodos das forças ou dos deslocamentos, no caso de estruturas
hiperestáticas. Entretanto, esse mesmo procedimento torna-se inviável no caso das cargas móveis,
pois, como essa carga pode atuar em qualquer ponto, ter-se-ia de traçar diversos diagramas de
esforços solicitantes, variando a posição da carga, para se conseguir determinar os valores dos
esforços extremos.

Assim, quando uma carga móvel actua em uma estrutura, deve-se, primeiramente, determinar em
que ponto posicionar a carga móvel para que ela provoque o máximo valor positivo ou negativo
do esforço solicitante. Esse procedimento é feito utilizando-se as linhas de influência. Como a
ordenada da linha de influência em um ponto x de uma viga corresponde ao valor do esforço na
secção analisada quando uma carga unitária móvel está sobre esse mesmo ponto x, para encontrar
o máximo valor positivo desse esforço na secção analisada, basta posicionar a carga móvel sobre
o trecho positivo da linha de influência. A determinação do máximo valor negativo é feita de
maneira análoga, conforme apresentado na Figura 16.

Figura 16. Posicionamento da carga móvel. Fonte: (Vieira & Torres, 2018).

Repetindo esse mesmo procedimento para outras secções da viga, é possível encontrar os valores
máximos e mínimos do esforço para cada uma dessas secções. Isso permite fazer a representação
gráfica dos valores máximos e mínimos de um determinado esforço em uma viga. A curva obtida,
unindo-se esses pontos de máximo ou de mínimo, é chamada de envoltória de esforço.

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a) Representação esquemática das forças. Trem-tipo

Importa aqui definirmos um conceito com uma grande utilidade no estudo das cargas móveis. Seja
dado um problema de dimensionar uma rodovia, ponte ou viaduto, quais veículos serão sobre estes
colocados? Como estarão dispostos?

Existe então uma infinidade de combinações de veículos, importa saber qual será a certa.

Como apresentado por (Süssekind, 1981), este problema foi resolvido pela criação de veículos
ideais, denominados Trens-tipo, estes são constituídos por cargas concentradas e/ou
uniformemente distribuídas, de valores conhecidos e guardando uma distância, constante, entre si.
Desta forma, conhecida a posição de uma das cargas do trem-tipo, conhece-se imediatamente a
posição de todas as demais. Um exemplo ilustrativo deste veículo ideal é o achado na figura 17.

Figura 17. Trem-tipo. Fonte: (Vieira & Torres, 2018).

Baseando nos preceitos de (Vieira & Torres), no trem-tipo, as cargas concentradas representam os
eixos de um veículo de grande porte, enquanto que a carga uniformemente distribuída representa
os demais veículos de menor porte que circulam na ponte (também conhecida como carga de
multidão). As cargas concentradas podem ter as suas posições invertidas, já que o veículo pode
transitar nos dois sentidos. A carga de multidão, por sua vez, pode ser interrompida ao longo de
alguns trechos da viga, visando maximizar ou minimizar os valores do esforço solicitante desejado.

Os valores das cargas concentradas e uniformemente distribuídas de um trem-tipo são definidos


por normas, de acordo com a categoria da rodovia ou da ferrovia.

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Representação gráfica do esforço transverso

Sabendo qual o trem-tipo e qual a carga permanente que atuam sobre uma viga, podemos fazer a
representação gráfica dos valores extremos da força cortante, que é chamada de envoltória de
força cortante (transversa). Para isso, deve-se traçar a linha de influência de vários pontos da
secção, e, em cada uma dessas linhas de influência, posicionar a carga móvel de forma a obter os
valores máximo e mínimo da força cortante para cada secção.

O valor da força cortante provocada pela carga móvel em cada secção também deve ser somado
ao valor da força cortante provocada pela carga permanente, obtido facilmente por meio do
diagrama de força cortante. Dessa forma, cada secção analisada da viga terá um valor máximo
(maior positivo) e um valor mínimo (maior negativo). Para uma secção S qualquer, teremos:
𝒇𝒊𝒙𝒂
𝑸𝑺𝒎á𝒙 = 𝑸𝑺 + 𝑸𝒎ó𝒗𝒆𝒍
𝑺𝒎á𝒙

𝒇𝒊𝒙𝒂
𝑸𝑺𝒎í𝒏 = 𝑸𝑺 + 𝑸𝒎ó𝒗𝒆𝒍
𝑺𝒎í𝒏

Colocando em um gráfico os valores máximos e mínimos da força cortante em cada secção, é


possível traçar a envoltória de força cortante para a viga.

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CONCLUSÃO

As cargas que solicitantes podem ser classificadas em dois grandes grupos: o de cargas
permanentes (que não variam de posição) e o de cargas acidentais (as que podem ou não ocorrer
na estrutura, incluem as moveis).

Do que anteriormente foi exposto interessa sublinhar as seguintes ideias principais:

 Uma função de influência estabelece os valores de determinada grandeza numa estrutura


em função da posição de uma carga unitária, considerando-se que a carga pode ocupar
diferentes posições ao longo de um caminho de rolamento previamente definido;
 Uma linha de influência é a representação gráfica de uma função de influência quando se
considera como caminho de rolamento uma linha;
 O método directo para a determinação de funções de influência consiste na determinação
dos valores da grandeza a determinar directamente a partir da resolução da estrutura para
a posição genérica da carga unitária no caminho de rolamento;

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Júnior, A. P., & Martins, A. R. (2011). Estabilidade das Construções II: Cargas Móveis.
São Paulo.

Martha, L. F. (2010). MÉTODOS BÁSICOS DA ANÁLISE DE ESTRUTURAS. Rio de


Janeiro.

Silva, R. M. (s.d.). ANÁLISE ESTRUTURAL I. NOTAS DE AULA. s.l.

Süssekind, J. C. (1981). Curso de análise estnitural (6a ed., Vol. I). Porto Alegre -Rio de
Janeiro: Globo.

Vieira, R. C., & Torres, A. P. (2018). Estruturas hiperestáticas. Londrina: Educacional


S.A.

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