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MATERIAL DIDÁTICO

ANÁLISE QUALITATIVA DE LINHAS DE INFLUÊNCIA


Material Complementar / 2ª Semana da retomada 2020.2

Sumário
I– Definições Iniciais de Linhas de Influência 2
II – Formato de Linhas de Influência em Vigas 5
III – Formato de Linhas de Influência em Vigas Gerber 13
IV – Formato de Linhas de Influência em Treliças Planas 15
V– Formato de Linhas de Influência em Pórticos Planos 22
VI – Formato de Linhas de Influência em Arcos 28

Tema: Nesta 2ª semana, como eixo complementar, entenderemos a influência nos esforços
solicitantes que acarreta o carregamento móvel ao passar sobre estruturas isostáticas.
Assunto: Perceberemos o funcionamento de estruturas isostáticas planas, quando
submetidas a cargas móveis. O que por exemplo podemos citar as pontes sob ação do tráfego
rodoviário.

Competência: Ser capaz de rastrear as seções críticas devido a movimentação da carga ao longo
da estrutura isostática.
Relevância do Tema na vida profissional do(a) discente:
Os assuntos abordados serão primordiais para o dimensionamento estrutural de pontes, no
tocante ao rastreio das seções mais solicitadas e quantificar os esforços solicitantes em tais.
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I – DEFINIÇÕES INICIAIS DE LINHAS DE INFLUÊNCIA

Inicialmente, torna-se relevante enunciar a definição de Linhas de Influência, mais comuns:

➢ DEFINIÇÃO 1: Linhas de Influência consistem em diagramas que representam a variação


do esforço interno ou reação de apoio, em determinada seção transversal de análise “S”,
onde tais variações ocorrem devido ao deslocamento da carga 𝑃 = 1 ao longo da estrutura.
Vide na Figura 1 a ilustração de tal conceito, e sua decorrente aplicação para o momento
fletor na seção “S” de análise, localizada no vão. (DENIFIÇÃO DESTE AUTOR).

Figura 1 – Linha de Influência para o momento fletor na seção analisada

Fonte: O Autor (2020)

➢ DEFINIÇÃO 2: “A Linha de Influência de um efeito elástico “𝐸” numa determinada


seção “𝑆” é, portanto, a representação gráfica ou analítica deste efeito, produzido por
uma carga concentrada unitária ao percorrer a estrutura.” (MOREIRA, 1964). É possível
ver na figura 2 a representação de tal definição.

Figura 2 – Linha de Influência correlacionada com o movimento da carga concentrada

Fonte: (MOREIRA, 1964)

➢ DEFINIÇÃO 3: “As ordenadas da Linha de Influência de um esforço interno de uma seção


ou da reação de um apoio, são proporcionais aos deslocamentos obtidos por remoção do
vínculo e imposição de deformação virtual correspondente.” (UNIV. DE CHILE, 2012).
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De forma geral, com base no exposto na definição 3, as linhas de influência assumem o


formato da deformada da estrutura, isso após a extração do vínculo em análise e imposição do
deslocamento virtual correspondente. Em outros termos, para uma viga biapoiada diz-se que a linha
de influência de qualquer esforço solicitante ou reação de apoio será composta por trechos retos, o
que equivale a deformada do mecanismo hipostático, isso devido a extração do vínculo analisado.

Figura 3 – Linha de Influência na viga biapoiada para a reação de apoio A

LIVA
Fonte: Adaptado de (AMARAL, 2003)

Já no caso de uma estrutura de grau hiperestático 1, ao ser extraído o vínculo analisado,


percebe-se a deformação de uma estrutura isostática. Assim, na figura 4 é apresentada a Linha de
Influência (LI) da Reação do Apoio A para a viga engastada apoiada, o que equivale a LI do
Cortante na Seção A. Vale ressaltar que neste traçado de linha de influência assume o formato da
curva da linha elástica, e este princípio passaremos a apresentar no item II deste Material Didático.

Figura 4 – Linha de Influência na viga engastada-apoiada para a reação de apoio A

LIVA
Fonte: Adaptado de (AMARAL, 2003)
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Porém na realidade, a movimentação das cargas na estrutura equivale, geralmente, a


passagem de veículos em pontes. E em tal ocorrência verifica-se a passagem conjunta de “𝑛” cargas
concentradas, as quais representam os eixos do veículo modelado. Assim, na figura 5 é apresentado
este fenômeno de passagem de um caminhão 3 eixos, o que acarreta um TREM-TIPO composto
pelas cargas 𝑃1; 𝑃2 e 𝑃3 .

Figura 5 – Ponte Rodoviária: (a) movimentação do veículo tipo e (b) imposição do Trem-Tipo

Fonte: (AMARAL, 2003)

De toda sorte, valendo-se da Teoria das Pequenas Deformações, bem como da


Funcionamento Elástico Linear da estrutura, pode-se compor as ações da passagem dos veículos
pela mera Superposição de Efeitos das cargas 𝑃1; 𝑃2 e 𝑃3 por sobre a Linha de Influência, a exemplo
do exposto na figura 6.

Figura 6 – Efeito do Trem-Tipo: (a) Cargas concentradas do veículo mais relevante (veículo padrão)
e (b) carga de multidão, que representa os veículos pequenos passando sobre a ponte

Fonte: (AMARAL, 2003)


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ressalta-se que na figura 6 (a) o efeito do Trem-Tipo será: 𝑉𝐴 = 𝑃1 . 𝑦1 + 𝑃2 . 𝑦2 + 𝑃3 . 𝑦3 , o que


significa os efeitos pontuais. Enquanto na figura 6 (b) a carga de multidão ativa: 𝑉𝐴 =
(𝑦1 + 𝑦2 )⁄
𝑝. [ 2], o que implica no efeito sobre a área de projeção na Linha de Influência.

II – FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM VIGAS

O processo cinemático consiste na formulação mais robusta e prática para observar o


funcionamento de determinada estrutura quanto a carga móvel. No caso particular de vigas, a
utilização de outros mecanismos conduz a mesma praticidade de modelagem, porém para o caso
das demais estruturas o processo cinemático, ou também conhecido como método de Muller-
Breslau é bastante recomendado.

Na figura 7 é apresentado esquematicamente o processo de traçado de Linha de Influência


de momento fletor (LIM) numa seção transversal “S” ao longo de um vão de viga. Recorrendo-se
assim ao Processo Cinemático, e em tal procede-se a extração do vínculo de momento fletor,
imputando na imposição de uma rótula e a decorrente imposição do momento fletor, sob notação
positiva, nas extremidades das barras. E por fim, observa-se como seria a deformada do Mecanismo
formado pela extração do vínculo e traça-se a LIM no sentido contrário.

Figura 7 – Linha de Influência de Momento Fletor na seção genérica S de um vão de viga: (a)
deformada via processo cinemático e (b) traçado da LIM S

Fonte: Adaptado de (MOREIRA, 1964)

Enquanto na figura 8 consta a formação da Linha de Influência do esforço cortante (LIV)


na seção “S”, novamente no vão de uma viga. Observa-se no traçado da LIV S que o traçado

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geométrico segue o mesmo princípio aplicado para o momento fletor, onde a Linha de Influência
será a imagem oposta da deformação gerada pelos esforços solicitantes nos extremos das barras. A
única mudança é que no caso do momento fletor, o eixo positivo é adotado para baixo, enquanto
no esforço cortante o eixo é adotado como positivo para cima.

Figura 8 – Linha de Influência do Esforço Cortante na seção genérica S de um vão de viga: (a)
deformada via processo cinemático e (b) traçado da LIV S

Fonte: Adaptado de (MOREIRA, 1964)

a) FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM VIGAS BIAPOIADAS

Na figura 9 são apresentadas as Linhas de Influência para as seções A, B e C da viga


biapoiada, ressaltando-se que as seções A e B tratam-se dos apoios e para tal, no cálculo das linhas
de influência do esforço cortante em A utiliza-se o corte imediatamente à direita (ADir.), e no caso
da LI do esforço cortante em B vale-se do corte imediatamente à esquerda (BEsq.).

No caso da linha de influência do momento fletor nos Apoios A e B procede-se análogo ao


caso do esforço cortante, logo utilizam-se as seções (ADir.) e (BEsq.). E em todos os casos, para gerar
a linha de influência basta recorrer ao procedimento cinemático apresentado nas figuras 7 e 8,
diferindo apenas no caso das reações de apoio, pois quando se extrai o vínculo desejado, traça-se
o diagrama de LIR no mesmo sentido da deformada do mecanismo.

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Figura 9 – Linha de Influência para viga biapoiada: (a) geometria e indicação das seções de análise,
(b) LIMC, (c) LIV c, (d) LIMA, (e) LIV A, (f) LIMB, (g) LIV B, (h) LIRA e (i) LIRB

Fonte: Adaptado de (CAMPANARI, Vol. 4, p. 1530, 1985)

b) FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM VIGAS MONOENGASTADAS

Apresenta-se na figura 10 as Linhas de Influência para a viga monoengastada, no apoio A


bem como no apoio B, o que no futuro será aproveitável nos balanços de vigas biapoiadas. Sendo
apresentada na primeira coluna as linhas de influência para o engaste a esquerda, logo o balanço
direito no caso do esquema de viga ilustrado na figura 5 (b). Já a segunda coluna de linhas de
influência que consta na figura 10 equivale ao balanço esquerdo da figura 5 (b).

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Figura 10 – Linha de Influência para monoengastada: (a) geometrias analisadas, (b) LIMC, (c) LIV c,
(d) LIMengaste, (e) LIV extremidade livre , (f) LIMengaste e (g) LIV engaste

Fonte: Adaptado de (CAMPANARI, Vol. 4, p. 1530, 1985)

c) FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM VIGAS BIAPOIADAS COM


BALANÇOS

Nesta parte, apresentam-se as linhas de influência para as vigas biapoiadas com balanços
nos dois extremos, sendo listados na figura 11 quanto a seções genéricas no vão, incluindo as seções
imediatamente justapostas dos apoios. Já na figura 12 constam as linhas de influência para os
balanços, seguindo a lógica da figura 10, bem como as LI das reações de apoio.
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Figura 11 – Linha de Influência para monoengastada: (a) seçõess analisadas, (b) LIMCesq, (c) LIV
cesq, (d) LIMD, (e) LIV D , (f) LIMEesq e (g) LIV Eesq

Fonte: Adaptado de (CAMPANARI, Vol. 4, p. 1530 e 1531, 1985)

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Figura 12 – Linha de Influência para monoengastada: (a) seções analisadas, (b) LIMAdir, (c) LIV Adir,
(d) LIMB, (e) LIV B, (f) LIV Cesq, (g) LIMBdir, (h) LIV Bdir, (i) LIMF, (j) LIV F, (k) LIMGesq, (l) LIV Gesq,
(m) LIRC e (n) LIRE

Fonte: Adaptado de (CAMPANARI, Vol. 4, p. 1530 e 1531, 1985)

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d) FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM VIGAS CONTÍNUAS

Admitindo-se a equação da linha elástica para a notação apresentada na figura 13.

Figura 13 – Carregamento 𝒒(𝒙) e eixos adotados

Fonte: O Autor (2020)

sendo a equação diferencial da linha elástica expressa por:

𝑑 4 𝓋(𝑥) −𝑞(𝑥)
= (1)
𝑑𝑥 4 𝐸. 𝐼

Conforme definido inicialmente, e ilustrado nas figuras 2 e 5 (b), percebe-se que no cálculo
das linhas de influência a função do carregamento 𝑞(𝑥) é nula, por requerer apenas a movimentação
de uma carga unitária concentrada. Assim, a equação diferencial que rege as curvas da linha de
influência em vigas contínuas é expressa por:

𝑑 4 𝐿𝐼(𝑥)
=0 (2)
𝑑𝑥 4

Ao analisar a equação (2) constata-se que equações polinomiais de 3º grau (funções cúbicas)
são soluções para tal. Logo os trechos das linhas de influência são representados por parábolas
cúbicas, as quais descrevem a deformada da estrutura com a extração do vínculo em análise e
imposição de deslocamento/rotação unitária equivalente.

Na figura 14 são apresentadas qualitativamente, em forma de exemplo, as linhas de


influência das reações de apoio (A e B), as quais equivalem a LI dos esforços cortantes nos
respectivos apoios.

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Figura 14 – Exemplo de viga contínua com linhas de influência de reações verticais de apoio, no
vínculo extremo e o adjacente

Fonte: Adaptado de (MARTHA, 2017)

Já, na figura 15 apresentam-se, para o exemplo em análise, as linhas de influência do esforço


cortante para as seções 𝑆1 e 𝑆2 , bem como para as seções imediatamente justapostas com os apoios
A e B.

Figura 15 – LI dos esforços cortantes para a viga contínua com três vãos e um balanço

Fonte: (MARTHA, 2017)


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Por fim, qualitativamente é apresentada na figura 16 as linhas de influência do momento


fletor para uma viga contínua com três vãos e um balanço. No qual, explicitam-se as LI para as
seções 𝑆1 , 𝑆2 e os apoios A, B e C.

Figura 16 – LI dos momentos fletores para a viga contínua com três vãos e um balanço

Fonte: (MARTHA, 2017)

III – FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM VIGAS GERBER

Para o caso das linhas de influência em vigas Gerber são necessárias as seguintes
considerações:

➢ 1ª CONSIDERAÇÃO: Os apoios de 1º e 2º gêneros são modelados com polos de giro


absoluto, o que implica que o segmento de barra gira em torno deste ponto (polo).
➢ 2ª CONSIDERAÇÃO: Os dentes Gerber (rótulas) são modelados como polos de giro
relativo, nos quais as barras que convergem para a rótula em questão giram relativamente,
logo uma barra gira em relação a outra.
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➢ 3ª CONSIDERAÇÃO: Mediante a subdivisão da estrutura consegue-se perceber o


mecanismo de interação entre as barras. E daí saber até onde vai a mobilização da estrutura
com o deslocamento/rotação unitária correspondente, estes explicitados na figura 26.

Assim, na figura 17 são apresentados os traçados de linhas de influência da Reação de um


apoio, LI do momento fletor, e LI do esforço cortante para uma seção genérica “𝑛” de vão de viga.
Bem como a LIV e a LIM para a seção “𝑠” no trecho em balanço.

Figura 17 – Linha de Influência em Viga Gerber: (a) geometria e seções de análise, (b) subdivisão
em mecanismos de integração entre as barras, (c) LIR D [ADM], (d) LIMn [m], (e) LIV n [ADM], (f)
LIV s [ADM] e (g) LIMs [m]

Fonte: Adaptado de (KARNOVSKY; LEBED, p. 43, 2010)


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IV – FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM TRELIÇAS PLANAS

Quando se analisam treliças planas a fim de gerar linhas de influência procede-se com o
artifício de aplicar cargas indiretamente, fazendo assim que o carregamento sempre seja imposto
na treliça de forma nodal.

Para o caso de treliças sob cargas móveis, vale-se da utilização de vigas auxiliares,
propiciando assim, que mesmo com a movimentação da carga unitária (𝑃 = 1) ao longo da treliça
ocorra apenas a incidência de cargas nodais. Em termos práticos, as vigas auxiliares simbolizam as
transversinas (vigas secundárias), que são o vigamento que dá suporte ao tabuleiro da ponte. Vide
figura 18.

Figura 18 – Esquema de Treliça Plana para atuação de carga móvel apenas nodal

Fonte: Adaptado de (CAMPANARI, Vol. 2, p. 554, 1985)

Desta forma, com base no esquema apresentado na figura 18 constata-se que serão
analisadas apenas linhas de influência do esforço normal, isso para as diversas seções de barra que
constituem a treliça em análise.

Vale ressaltar que para o caso de linhas de influência de treliças planas, o procedimento
para traça-las é colocar a carga móvel 𝑃 com posicionamento genérico, o que implica em impô-la
nó a nó do contato Treliça-Viga Auxiliar. E a partir de tal sistemática, determinam-se os esforços
normais para todas as barras das treliças, isso em função da carga móvel e de seu posicionamento.
Não podendo então, apresentamos regras gerais de análise qualitativa, como foi procedido até o
momento.

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Mesmo assim, apresenta-se o Exemplo 1 contido em Campanari (Vol. 2, p. 555 – 556,


1985), onde são traçadas algumas linhas de influência de esforços normais para uma determinada
geometria de ponte com treliça plana compondo o seu vigamento principal. Porém, antes de expor
tal exemplo, é válido mostrar a convenção de indicação dos esforços normais na linha de influência
da normal para a i-ésima barra, isso na figura 19.

Figura 19 – Traçado de linha de influência do esforço normal na i-ésima barra da treliça


apresentada na figura 18

Fonte: (CAMPANARI, Vol. 2, p. 555, 1985)

EXEMPLO 1: (CAMPANARI, Vol. 2, 1985) A fim de exemplificar o traçado de linhas de


influência em Vigas Treliçadas sob carregamentos móveis unicamente aplicados de forma nodal,
propõe-se a geometria apresentada na figura 20. E para tal, pede-se:

Figura 20 – Geometria e distribuição das barras para a treliça plana em análise

Fonte: (CAMPANARI, Vol. 2, p. 555, 1985)

a) LIN2 b) LIN6 c) LIN11


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solução: Inicialmente vale ressaltar que a resolução deste problema se dará pelo posicionamento da
carga móvel 𝑃 = 1 nos pontos do vigamento secundário, gerando assim, unicamente carregamentos
nodais na treliça plana. Assim, para a treliça plana exposta na figura 20 a aplicação ocorrerá nos pontos
A, C, D, E e B. E para a determinação dos esforços normais nas três barras desejadas (2, 6 e 11)
recorre-se à resolução de Treliças via o Método das Seções.

➢ 1ª Etapa: Imposição da carga 𝑃 = 1 no ponto A

Conforme é apresentado na figura 21 procede-se o corte na seção 𝑆 que passa pelas barras (2),
(6) e (11).

Figura 21 – Método da Seção aplicado para a determinação dos esforços normais 𝕹𝟐 , 𝕹𝟔 e 𝕹𝟏𝟏
quando a carga 𝑷 = 𝟏 está posicionada no ponto A

Fonte: (CAMPANARI, Vol. 2, p. 555, 1985)

de qual análise conclui-se que a carga 𝑃 = 1 é absorvida integralmente pela reação de apoio A, logo:

𝔑2 = 0 (3 𝑎)
𝔑6 = 0 (3 𝑏)
𝔑11 = 0 (3 𝑐)

➢ 2ª Etapa: Imposição da carga 𝑃 = 1 no ponto C

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Na figura 22 procede-se o posicionamento da carga 𝑃 = 1 no ponto C e indica-se a utilização


do Método das Seções para quantificar as normais 𝔑2 , 𝔑6 e 𝔑11 nesta configuração.

Figura 22 – Método da Seção aplicado para a determinação dos esforços normais 𝕹𝟐 , 𝕹𝟔 e 𝕹𝟏𝟏
quando a carga 𝑷 = 𝟏 está posicionada no ponto C

Fonte: (CAMPANARI, Vol. 2, p. 555, 1985)

de qual procede-se:

(+) ∑ 2. 𝑅𝐴 . 𝑎 − 𝑃. 𝑎
𝑀(𝐷) = 0 ∴ 𝑅𝐴 . (2. 𝑎) − 𝑃. 𝑎 − 𝔑11 . ℎ = 0 ∴ 𝔑11 =
↷ ℎ
Usando 𝑃 = 1 e 𝑅𝐴 = 0,75 tem-se:
𝟎, 𝟓. 𝒂
𝕹𝟏𝟏 = (𝟒 𝒂)
𝒉

(+) ∑ −𝑅𝐴 . 𝑎
𝑀(𝐹) = 0 ∴ 𝑅𝐴 . 𝑎 + 𝔑2 . ℎ = 0 ∴ 𝔑2 =
↷ ℎ
Usando 𝑃 = 1 e 𝑅𝐴 = 0,75 reescreve-se:
−𝟎, 𝟕𝟓. 𝒂
𝕹𝟐 = (𝟒 𝒃)
𝒉

(+) 𝑃 − 𝑅𝐴
∑ 𝐹(𝑦) = 0 ∴ 𝑅𝐴 − 𝑃 + 𝔑6 . cos 𝛼 = 0 ∴ 𝔑6 =
↑ cos 𝛼
Usando 𝑃 = 1 e 𝑅𝐴 = 0,75, e deixando em função do cosseno, exprime-se:
𝟎, 𝟐𝟓
𝕹𝟔 = (𝟒 𝒄)
𝐜𝐨𝐬 𝜶
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➢ 3ª Etapa: Na figura 23 é apresentada a treliça plana com a carga 𝑃 = 1 aplicada no ponto D


e a decorrente seção de corte para a quantificação dos esforços normais 𝔑2 , 𝔑6 e 𝔑11.

Figura 23 – Método da Seção aplicado para a determinação dos esforços normais 𝕹𝟐 , 𝕹𝟔 e 𝕹𝟏𝟏
quando a carga 𝑷 = 𝟏 está posicionada no ponto D

Fonte: (CAMPANARI, Vol. 2, p. 556, 1985)

equacionando-se pelo Método das Seções, exprimem-se:

(+) ∑
𝑀(𝐷) = 0 ∴ 𝑅𝐴 . (2. 𝑎) − 𝔑11 . ℎ = 0

Sabendo-se que a carga 𝑃 = 1 não entra no balanço de momento e adotando 𝑅𝐴 = 0,5, tem-se:
𝒂
𝕹𝟏𝟏 = (𝟓 𝒂)
𝒉
(+)
∑ 𝑀(𝐹) = 0 ∴ 𝑅𝐴 . 𝑎 + 𝔑2 . ℎ = 0

No balanço de momento a 𝑃 = 1 não entra por estar após a seção de corte, e com 𝑅𝐴 = 0,5, faz-se:
−𝟎, 𝟓. 𝒂
𝕹𝟐 = (𝟓 𝒃)
𝒉
(+)
∑ 𝐹(𝑦) = 0 ∴ 𝑅𝐴 + 𝔑6 . cos 𝛼 = 0

No balanço de forças verticais a 𝑃 = 1 está após a seção de corte, e sendo 𝑅𝐴 = 0,5, exprime-se:
−𝟎, 𝟓
𝕹𝟔 = (𝟓 𝒄)
𝐜𝐨𝐬 𝜶
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➢ 4ª Etapa: Apresenta-se na figura 24 a imposição da carga unitária no ponto E, o que repercute,


para este esquema, apenas na reação do apoio A. Uma vez que a carga se localiza após a seção
de corte.

Figura 24 – Método da Seção aplicado para a determinação dos esforços normais 𝕹𝟐 , 𝕹𝟔 e 𝕹𝟏𝟏
quando a carga 𝑷 = 𝟏 está posicionada no ponto E

Fonte: (CAMPANARI, Vol. 2, p. 556, 1985)

de qual obtém-se:

(+)
∑ 𝑀(𝐷) = 0 ∴ 𝑅𝐴 . (2. 𝑎) − 𝔑11 . ℎ = 0

Sabendo-se que 𝑅𝐴 = 0,25, tem-se:
𝟎, 𝟓. 𝒂
𝕹𝟏𝟏 = (𝟔 𝒂)
𝒉
(+) ∑
𝑀(𝐹) = 0 ∴ 𝑅𝐴 . 𝑎 + 𝔑2 . ℎ = 0

Com base na reação 𝑅𝐴 = 0,5, faz-se:
−𝟎, 𝟐𝟓. 𝒂
𝕹𝟐 = (𝟔 𝒃)
𝒉
(+)
∑ 𝐹(𝑦) = 0 ∴ 𝑅𝐴 + 𝔑6 . cos 𝛼 = 0

Para 𝑅𝐴 = 0,25, exprime-se:
−𝟎, 𝟐𝟓
𝕹𝟔 = (𝟔 𝒄)
𝐜𝐨𝐬 𝜶

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➢ 5ª Etapa: Imposição da carga 𝑃 = 1 no ponto B (apoio B)

Neste caso observa-se que a integralidade da carga unitária (𝑃 = 1) será consumida pela reação
de apoio B, ficando 𝑅𝐵 = 1, que conduz a 𝑅𝐴 = 0. E por decorrência, via reabastecimento das
equações 6, escreve-se:

𝔑2 = 0 ; 𝔑6 = 0 ; 𝔑11 = 0 (7 𝑎 − 𝑐)

➢ 6ª Etapa: Desenhar as Linhas de Influência dos esforços normais analisados

Por fim, recorrendo-se as equações (3) a (7), procede-se o traçado das LI, conforme é
apresentado na figura 25.

Figura 24 – Linhas de Influência na Treliça Plana: (a) geometria, (b) 𝑳𝑰𝕹𝟐 , (c) 𝑳𝑰𝕹𝟔 e (d) 𝑳𝑰𝕹𝟏𝟏

Fonte: (CAMPANARI, Vol. 2, p. 556, 1985)

vale ainda ressaltar que nas Linhas de Influência os valores expressos nas equações (3) a (7) são
marcados nas posições A, C, D, E e B, respectivamente.
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V – FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM PÓRTICOS PLANOS

O traçado de Linhas de Influência em pórticos planos ocorre mediante aplicação das duas
primeiras considerações expostas no item IV. Sendo estas:

➢ 1ª CONSIDERAÇÃO: Os apoios de 1º e 2º gêneros são modelados com polos de giro


absoluto, o que implica que o segmento de barra gira em torno deste ponto (polo).
➢ 2ª CONSIDERAÇÃO: Os dentes Gerber (rótulas) são modelados como polos de giro
relativo, nos quais as barras que convergem para a rótula em questão giram relativamente,
logo uma barra gira em relação a outra.

Isto obviamente após a extração do vínculo desejado e a imposição do


deslocamento/rotação unitária correspondente, conforme é apresentado na figura 26.

Figura 26 – Vínculos extraídos e o deslocamento/rotação unitário correspondente

Fonte: (MARTHA, 2017)

Desta forma, pode-se com a análise qualitativa exemplificar o traçado das Linhas de
Influência: de reações de apoio, de momento fletor e de esforço cortante, isso para um pórtico plano
isostático. Vide o Exemplo 2. Cabendo ainda ressaltar, que a análise qualitativa da LI do esforço
normal, em pórticos planos, não é possível. Pois a explicação da LI da normal só pode ser realizada
mediante procedimento formal de quantificação, qual seja: O Método de M𝑢̈ ller-Breslau, e que
abordaremos no Material Didático 4.
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EXEMPLO 2: (SOUZA; ANTUNES, 2014) Para o pórtico plano apresentado na figura 27, pede-
se traçar as linhas de influência:

Figura 27 – Geometria e seções de análise no pórtico plano triarticulado

Fonte: (SOUZA; ANTUNES, p. 39, 2014)

a) LIRA b) LIM𝜶 c) LIV 𝜶

solução:

a) No traçado da Linha de Influência da reação vertical de apoio em A procede-se, inicialmente, a


extração do vínculo em questão. E em seguida, na linha de projeção marcam-se os polos de giro
absoluto e relativo (com base nos apoios e nas rótulas). E por fim, aplica-se o deslocamento unitário
correspondente, isso no vínculo vertical do Apoio A. Vide tal procedimento na figura 28.
Figura 28 – Pórtico Plano: (a) mecanismo decorrente da extração do vínculo 𝑹𝑨 e (b) LIRA

Fonte: Adaptado de (SOUZA; ANTUNES, p. 39, 2014)


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b) Marca-se na figura 29 os polos absolutos e relativos, promovendo-se inicialmente a extração do


vínculo de momento fletor na seção 𝛼. E por fim, aplica-se a rotação unitária correspondente, fazendo
com que as barras que convergem a então criada rótula 𝛼 girem relativamente.
Figura 29 – Pórtico Plano: (a) mecanismo a partir da extração do vínculo de momento fletor na
seção 𝜶 e (b) LIM𝜶

Fonte: Adaptado de (SOUZA; ANTUNES, p. 40, 2014)

c) Na figura 30 é apresentada a extração do vínculo de esforço cortante na seção 𝛼, sendo nesta posição
imposto o deslocamento unitário correspondente. Ressalta-se que na figura 30 (b) consta também a
indicação dos polos de giro absoluto e de giro relativo, isso para a Linha de Influência em comento.
Figura 30 – Pórtico Plano: (a) mecanismo formado com a extração do vínculo de cortante na seção
𝜶 e (b) LIV 𝜶

Fonte: Adaptado de (SOUZA; ANTUNES, p. 42, 2014)


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VI – FORMATO DE LINHAS DE INFLUÊNCIA EM ARCOS

Parte-se do mesmo pressuposto da LI de pórticos planos, qual seja: extrai-se o vínculo


analisado, em seguida aplica na seção de estudo o deslocamento/rotação unitária correspondente,
e por fim analisa-se o traçado da LI com base nos polos de giro absoluto e de giro relativo.

Cabendo ressaltar que se pode analisar qualitativamente as Linhas de Influência: LIR A (das
reações verticais de apoio); LIMS (dos momentos fletores em seções genéricas do arco) e LIV S

(dos esforços cortantes na seção genérica S). Porém, as linhas de influência do esforço normal
(𝐿𝐼𝔑𝑆 ) e das reações horizontais de apoio (𝐿𝐼𝐻𝐴 ) só poderão ser analisadas mediante o
processamento quantitativo, qual seja, o Método de M𝑢̈ ller-Breslau que será abordado no Material
Didático 4.

Assim, no Exemplo 3 apresenta-se um arco triarticulado com eixo curvo sob a configuração
circular, objetivando-se explicar qualitativamente as Linhas de Influência da reação vertical do
apoio A, a LI do esforço cortante na rótula B, bem como a LI do momento fletor na seção 𝛼.

EXEMPLO 3: (SOUZA; ANTUNES, 1979) Para o arco triarticulado com geometria circular,
apresentado na figura 31, pede-se analisar as linhas de influência: a) LIRA b) LIV B c) LIM𝜶
Figura 31 – Geometria do arco triarticulado no formato circular, e as seções de análise

Fonte: (SOUZA; ANTUNES, 1979)

solução:
a) A explicação qualitativa da Linha de Influência da reação vertical do apoio A é exposta na figura 32,
onde após a extração do vínculo mencionado, aplica-se o deslocamento unitário correspondente e
compatibiliza-se o traçado através dos polos de giro absoluto e giro relativo.
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Figura 32 – Arco Triarticulado: (a) mecanismo decorrente da extração do vínculo 𝑹𝑨 e (b) LIRA

Fonte: Adaptado de (SOUZA; ANTUNES, 1979)

b) Na figura 33 é apresentado o mecanismo formado no arco com a extração do vínculo de cortante


na rótula B, bem como explicitam-se os processos de confecção da Linha de Influência do esforço
cortante na referida rótula, isso mediante os polos absolutos e relativos.
Figura 33 – Arco Triarticulado: (a) mecanismo a partir da extração do vínculo de esforço cortante
na rótula B e (b) LIV B

Fonte: (SOUZA; ANTUNES, 1979)


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OBSERVAÇÃO: Como o vínculo analisado está na rótula, logo na Linha de Influência apresentada na figura 33
(b) não consta polo de giro relativo.

c) Por fim, na figura 34 consta o traçado da Linha de Influência do momento fletor na seção 𝛼.
Ressaltando-se nesta seção o giro unitário correspondente, devido a extração do vínculo de momento
fletor. Além do mais, indica-se na figura 34 (b) os polos absolutos e relativos.
Figura 34 – Arco Triarticulado: (a) mecanismo gerado com a extração do vínculo de momento fletor
na seção 𝜶 e (b) LIM𝜶

Fonte: (SOUZA; ANTUNES, 1979)

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REFERÊNCIAS

AMARAL, O. C. Estruturas isostáticas. 7.ed. Belo Horizonte: Edição do Autor, 2003.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. Vol. 2. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. Vol. 4. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985.

KARNOVSKY, I. A; LEBED, O. Advanced methods of structural analysis. New York:


Springer, 2010.

MARTHA, L. F. Análise de estruturas. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

MOREIRA, L. C. Estática das construções. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Engenharia –


atual UFRJ, 1964.

SOUZA, J. C. A. O; ANTUNES, H. M. C. C. Exercícios de estática das estruturas. São Carlos:


Departamento de Estruturas da EESC-USP, 2014.

SOUZA, J. C. A. O; ANTUNES, H. M. C. C. Cargas móveis em estruturas lineares. 3 ed. São


Carlos: Departamento de Estruturas da EESC-USP, 1979.

UNIVERSIDAD DE CHILE. Linhas de Influência: Método de M𝒖̈ ller-Breslau. Departamento


de Ingeniería Civil, 2012.

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