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MARCADORES

TUMORAIS
Profa. Milena Menezes
Histórico

 1847: Sir Bence Jones identificou uma proteína específica na urina de doentes com
mieloma múltiplo.

 1867: Foster assinalou a importância da amilasemia e da amilasúria na neoplasia de


pâncreas.

 1930: reconhecimento da fosfatase ácida e alcalina nas neoplasias da próstata e


sarcomas osteogênicos, respectivamente.

 1950: importância das enzimas glicolíticas nas metástases hepáticas.

 1965: identificação do antígeno carcinoembrionário (CEA) no feto.


Histórico

 1969: E R. Heubner e G. Todaro identificaram oncogenes.

 1975: H. Kohler e G. Milstein - importância dos anticorpos monoclonais.

 1979: Wang et al. identificaram o antígeno prostático específico (PSA).

 1981: identificação do CA 19.9, por Koproski et al.; e do C-erb B-2, por Shih et al.

 1984: identificação do CA 15.3 por Kufe e Hilkens.

 1987: identificação do CA 125 por Bray et al.


 Macromoléculas presentes no tumor, no
sangue ou em outros líquidos biológicos;

 Seu aparecimento e ou alterações em suas


concentrações estão relacionados com a
gênese e o crescimento de células
neoplásicas;

 Funcionam como indicadores da presença de


câncer, e podem ser produzidas diretamente
pelo tumor ou pelo organismo, em resposta à
presença do tumor;

 São proteínas ou pedaços de proteínas,


incluindo antígenos de superfície celular,
proteínas citoplasmáticas, enzimas e
hormônios;
 Esses produtos podem ser avaliados quantitativamente ou qualitativamente por
métodos bioquímicos, imunológicos, moleculares, citológicos e histológicos.
 Embora a maioria dos marcadores tumorais sejam investigados no sangue, suas
presenças também podem ser detectadas na urina, fezes, outros fluidos corporais, bem
como nos próprios tecidos tumorais.
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais

 GENES MUTADOS
- Oncogenes
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais
 GENES MUTADOS
- Oncogenes
Ao serem ativados descontrolam as sinalizações celulares da
divisão, do desenvolvimento e da mobilidade celular, bem como das sínteses de
receptores de membranas, entre outros. Os oncogenes mais conhecidos se
devem às hiperexpressões das sínteses de proteínas ou enzimas, que ocorrem
nos genes ALK, Her-2 e EGFR. Há também os oncogenes que, ao sofrerem
mutações em seus DNA, podem alterar estruturas proteicas envolvidas em
diversas sinalizações celulares, como são os casos dos genes BRAF e Ras.
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais
 GENES MUTADOS
- Supressores
São genes que ao serem desativados falham no controle da morte celular ou na
correção de mutações que ocorrem em moléculas de DNA. Os genes supressores que
atuam como sensíveis marcadores tumorais são os genes BRCA1 e BRCA2.
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais
 CROMOSSOMOPATIAS
Ocorrem com mais frequência em células tumorais e se devem, entre outras causas, à
quebra de cromossomos com formação de genes quiméricos que passam a atuar como
oncogenes, como é o caso do gene BCR/ABL. Um outro tipo de cromossomopatia é
causado por aberrações cromossômicas, ou aneuploidia, fatos que acometem os
cromossomos 3, 7, 17 e 21. Por fim, mutações na enzima telomerase aumenta a espessura
dos telômeros nos cromossomos de alguns tipos de células tumorais e prolonga o tempo
da vida dessas células.
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais
 CROMOSSOMOPATIAS

o Extremidade do cromossomo
o DNA – empacotado
o Atuam como capas – proteção
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais

 PRODUTOS CELULARES
Proteínas e enzimas sintetizadas em altas concentrações podem estar relacionadas com a
presença de células tumorais. Entre os exemplos mais conhecidos destacam-se a enzima
enolase neurônio-específica (NSE), as proteínas S100, o fragmento da proteína cito-
queratina (CYFRA 21.1), a desidrogenase láctica (LDH), a proteína p 53, a proteina PD-
L1, as fosfatases alcalina e ácida, entre outros.
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais

 ANTÍGENOS CELULARES
São sintetizados em altas concentrações por determinados tipos de células tumorais, por
exemplo: PSA, CA15-3, CA 19.9, CA 50, CA125, CEA, BTA, MCA, entre outros.
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais

 PROTEÍNAS DO SISTEMA IMUNE


Quando produzidas de forma anormal, qualitativa ou quantitativamente, por células do
sistema imune dão origem, por exemplo, às imunoglobulinas anormais (gamopatias) do
mieloma múltiplo, e as proteínas PD-L1 sintetizadas por linfócitos T CD8 e que atuam na
destruição de células tumorais presentes em focos inflamatórios pré-cancerosos.
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais

 HORMÔNIOS
Alguns hormônios estão associados ao crescimento tumoral e suas concentrações passam
a ter relativas importâncias no auxílio de diagnóstico e no controle terapêutico. Os
hormônios com essas características são os seguintes: calcitonina, hormônios ectópicos,
catecolaminas e seus metabólitos, e gonadotrofina coriônica humana (β-HCG),
principalmente.
Proveniência biológica dos principais marcadores
tumorais

 ANTÍGENOS DE SUPERFÍCIE CELULAR


São grupos de proteínas, carboidratos e açúcares que desempenham funções de antígenos
de superfície celular.
Finalidades

o Triagem populacional

o Diagnóstico diferencial em pacientes sintomáticos

o Estadiamento clínico

o Estabelecimento do diagnóstico

o Monitorização da eficiência terapêutica

o Localização de metástases

o Tratamento (imunoradioterapia)

o Detecção precoce da recorrência


C-125
■ Antígeno do câncer 125 (antígeno de superfície da célula)

■ Formado por uma glicoproteína de alto peso molecular

 Uso: monitoramento de câncer ginecológico; avaliação de processos metastáticos de


origem desconhecida. Marcador tumoral não específico, no entanto mais utilizado na
monitoração terapêutica e detecção de recidivas de câncer de ovários.
C-125
 Pode estar elevado em outros tumores ginecológicos, como os de cérvice, endométrio e
trompas, assim como nos carcinomas de mama, colon, fígado e pulmões.
 Indicado também no acompanhamento de pacientes com endometriose, na monitoração
do tratamento.

Até 35 U/mL
C-19.9
 Antígeno carboidrato de superfície celular
Até 37 U/mL
 É liberado na superfície da célula cancerosa e penetra na corrente sanguínea

 Indicado no auxílio ao estadiamento e à monitorização de tratamento em primeira


escolha de câncer de pâncreas e trato biliar, e segunda escolha, colorretal.
C-19.9
 Possui sensibilidade variável com a localização do tumor: pâncreas 70% a 94%,
vesícula biliar 60% a 79%, hepatocelular 30% a 50%, gástrico 40% a 60% e
colorretal 30% a 40%. Em menor frequência, positiva-se também no câncer de mama,
de pulmão e de cabeça e pescoço. Algumas doenças como cirrose hepática,
pancreatite, doença inflamatória intestinal e doenças auto-imunes podem elevar o CA
19.9, sem ultrapassar 120U/mL.
C-19.9
 No câncer de pâncreas, o CA 19.9 tem especificidade de 81% a 94%, sendo utilizado
no diagnóstico diferencial de câncer de pâncreas e de pancreatite. Há um aumento de
CA 19.9 em cerca de 99% dos casos de câncer de pâncreas, enquanto nas pancreatites
crônicas é 4% a 10% e nas pancreatites agudas, 23%. Atualmente, parece ser um dos
marcadores mais sensíveis e específicos usados para o diagnóstico diferencial do
câncer de pâncreas e de vesícula, apresentando 79,4% de sensibilidade e 79,2% de
especificidade.
cea
 Antígeno carcinoembrionário

 Produzido pelas células da mucosa gastrintestinal – imunoglobulinas

 Principal utilidade no acompanhamento terapêutico e na detecção de metástases dos


carcinomas gastrointestinais, principalmente os coloretais.

 Valor de referência: 5,0 ng/mL em não-fumantes e 6,5 ng/mL em fumantes


cea
 Indicação: no acompanhamento de carcinomas.

 Interpretação clínica: pode estar aumentado nas metástases dos carcinomas


gastrointestinais, principalmente os coloretais. Outros tumores gastrointestinais
também podem cursar com CEA elevado, como pâncreas, intestino delgado e
estômago.

Teratoma testicular
cea
 Também pode ocorrer elevação em tumores extra intestinais, como de pulmão,
mama e ovários entre outros.

 É muito baixo em adultos não fumantes e mulheres não grávidas.

 Várias doenças não malignas também podem estar associadas ao aumento de CEA
como tabagismo, pneumonia crônica, hepatite e doença inflamatória intestinal. Mas
nestes casos os níveis são bem mais baixos do que nas doenças malignas.
Fonte: Naoum, P.C.; Naoum, F.A. (2019)
B-HCG
 Gonadotrofina coriônica humana – glicoproteína

 α - partilhada por outros hormônios hipofisários; e β – específica com meia-vida de


18-36 horas.
B-HCG
 Homens – Uso: o hCG é um marcador de tumores trofoblásticos, testiculares e de
outros tumores produtores de gonadotrofina coriônica.
 VR: Inferior a 2mUI/mL
psa
 Antígeno prostático específico

 É uma glicoproteína produzida pelas células epiteliais prostáticas e pelas glândulas


periuretrais.

 É um marcador órgão específico, portanto o aumento do volume prostático está


diretamente relacionado com o aumento deste antígeno e vários fatores podem
eleva-lo, como a prostatite, a hiperplasia prostática benigna e o câncer de próstata.
psa
 Outros fatores que conhecidamente podem elevar os níveis séricos de PSA são
traumas prostático e uretral, infecção, massagem prostática e retenção urinária.

 É válido ressaltar que o exame possui alta sensibilidade e baixa especificidade,


deste modo, o PSA não é, e nem deve ser, o único indicador de doença neoplásica
prostática, sendo indispensável até o momento o exame digital retal na investigação
clínica. Sua utilização é otimizada quando combinada ao exame de toque retal.

VR: Inferior a
4ng/mL
CA-15.3
 Antígeno do câncer 15.3 – glicoproteína, produzida pelas células epiteliais glandulares.
 Seu valor normal de referência é 25U/mL. Apenas 1,3% da população sadia tem CA 15.3
elevado.
 Útil para câncer de mama, pois é o mais sensível e específico, sendo superior ao CEA.
CA-15.3
 Varia de acordo com o estadiamento da paciente, sendo de 5% a 30% no estádio I, 15%
a 50% no estádio II, 60% a 70% no estádio III, e de 65% a 90% no estádio IV.

 A sensibilidade varia de acordo com a massa tumoral e o estadiamento clínico, sendo


de 88% a 96% na doença disseminada.
 Na fase inicial, apenas 23% dos casos apresentam aumento deste marcador.
AFP
 É um marcador tumoral útil, sobretudo, na monitorização do tratamento do
carcinoma hepatocelular e de tumores germinativos gonadais e extragonadais.
AFP
 Indicação: monitorização do tratamento de tumores hepáticos (hepatomas) e
testiculares.

 Na gestante é utilizada com outros exames no diagnóstico de anomalias fetais.

 Interpretação clínica: Está elevada em 90% dos pacientes com carcinoma


hepatocelular e seus níveis estão relacionados com a evolução da doença, com níveis
mais altos tendo pior prognóstico.
BCR-ABL
 BCR: Breakpoint Cluster Region/ABL: Abelson Leukemia Vírus
 Estrutura biológica: O cromossomo Philadelphia resulta de uma translocação
balanceada entre o cromossomo 9 e 22, t(9;22) (q34; q11), o qual gera uma proteína
híbrida BCR-ABL que apresenta atividade tirosina quinase aumentada. O gene de fusão
BCR-ABL1 está presente em aproximadamente 95% dos pacientes com leucemia
mieloide crônica, em 5% dos casos de leucemia linfoide aguda pediátrica e em 20% da
leucemia linfoide aguda em adultos.
BCR-ABL
tIREoGLOBULINA
 Proteína produzida pela glândula tireoide.

 Os níveis sanguíneos normais dependem da idade e sexo da pessoa.

 Apresentam elevados níveis em muitas doenças da tireoide, incluindo algumas


formas comuns de câncer da tireoide.
tIREoGLOBULINA
 Os níveis de tireoglobulina no sangue devem cair para níveis indetectáveis após
o tratamento de um câncer da tireoide. Um aumento no nível da tireoglobulina
após o tratamento pode significar uma recidiva.

 Os níveis de anticorpos antitiroglobulina são frequentemente investigados


simultaneamente.

VR: 1,4 a 78,0 ng/mL


Obrigada

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