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CURSO DE ENFERMAGEM

EXERCÍCIOS – ESTRUTURA E FUNÇÃO DOS ÁCIDOS NUCLEICOS – LISTAS 2 e 3

Profª: Ana Luisa Miranda-Vilela


LISTA 2

1) Quais são as diferenças de composição e estrutura entre RNA e DNA? Escreva os nomes das bases,
ribonucleosídeos, desoxirribonucleosídeos, ribonucleotídeos e desoxirribonucleotídeos do DNA e RNA.

Resposta:
DNA RNA
Composição
Nucleosídeo Nucleotídeo Nucleosídeo Nucleotídeo
Pentose Desoxirribose Desoxirribose Ribose Ribose
Adenina Desoxiadenosina Desoxiadenilato Adenosina Adenilato
Bases púricas
Guanina Desoxiguanosina Desoxiguanilato Guanosina Guanilato
Citosina Desoxicitidina Desoxicitidilato Citidina Citidilato
Bases Timina Timidina ou Timidilato ou
– –
pirimídicas desoxitimidina desoxitimidilato
Uracila – – Uridina Uridilato

2) O que se entende por “orientação anti-paralela” das fitas de DNA?


Resposta: Significa que as duas cadeias polinucleotídicas de uma mesma molécula de DNA são invertidas uma em
relação à outra, isto é, se em uma extremidade de uma delas se encontrar o radical fosfato (que ocupa a posição 5’ do
nucleotídeo), na mesma extremidade da outra fita será encontrado o radical hidroxila (da posição 3’).

3) Num organismo diploide um pesquisador verificou que uma molécula de DNA continha 22% de guanina. Com base
nesta informação determine qual o percentual de cada uma das outras bases.
Resposta: %Guanina= %Citosina G = 22%; C = 22% (44% G + C). Assim, 100 – 44 = 56% para A + T.
Como %Adenina= %Timina, teremos T = 28%; A = 28%.

4) Se o conteúdo de AT em uma molécula de DNA é de 36%, quais são os conteúdos de todas as bases?
Resposta: A+T= 36%. Como %Adenina= %Timina, teremos: A = 18%; T = 18%. Assim, 100 – 36 = 64% para G + C.
%Guanina= %Citosina G = 32%; C = 32%.

5) Um vírus, cujo material consiste de uma fita de RNA, tem aproximadamente 22% de seus RNA nucleotídeos
consistindo de uracila. E possível determinar o conteúdo de adenina? Justifique.
Resposta: Não há como determinar, uma vez que o RNA viral é de fita simples, não sendo as bases pareadas.

6) Escreva a sequência de bases da fita complementar do DNA dupla fita que apresenta uma fita com a sequência:
(5') ATGCCGTATGCATTGCATTC (3')
(3') TACGGCATACGTAACGTAAG (5')

Exprima, em porcentagem, a composição de bases do DNA de fita dupla.


Resposta: Total de bases das 2 fitas = 40

Então, 40 = 100%. Aplicando a regra de 3, teremos:


%Adenina= %Timina
40 100% X= 27,5% de cada
11 X

%Guanina= %Citosina
40 100% X= 22,5% de cada
9 X

7) Uma molécula de ácido nucleico tem a seguinte composição de bases: C=24,1%; G=18,5%; T=24,6% e A=32,8%.
O que se pode afirmar sobre a natureza desta molécula? Justifique para validar a questão.
Resposta: É uma molécula de DNA fita simples. Como tem timina, é DNA; porém no DNA fita dupla as quantidades de
guanina e citosina e de adenina e timina são iguais.

8) RNA é facilmente hidrolizado por álcali, enquanto DNA não o é. Por quê?
Resposta: O grupamento 2’ hidroxila do açúcar (ribose) do RNA está diretamente envolvido neste processo, pois os
grupamentos hidroxila são os primeiros a serem rapidamente hidrolisados pela ação de um álcali, produzindo uma
mistura de nucleosídeos 2’ e 3’ monofosfatos. Como o DNA não possui o grupamento 2’ hidroxila (desoxirribose), não
é facilmente hidrolisado em condições alcalinas, o que torna o esqueleto do DNA mais estável quando comparado ao
RNA.

9) O valor de Tm para o DNA pode ser calculado usando-se a fórmula: Tm = 69,3 + 0,41 (%GC), onde GC é a
porcentagem de Guanina + Citosina. Sobre o tema e assuntos correlatos, responda:

a) O que é Tm? Qual o seu significado?


Resposta: Tm= temperatura de fusão (melting) ou desnaturação, ou seja, a temperatura na qual 50% da dupla fita do
DNA encontra-se desnaturada em fita simples.

b) DNA de E. coli contém 50% GC. Calcular o Tm para o DNA desta bactéria.
Resposta: Tm (E.coli)= 69,3 + 0,41 (GC%) = 69,3 + 0,41 (50) = 69,3 + 20,5 = 89,8°C

c) As curvas de fusão da maioria dos DNAs que ocorrem naturalmente revelam que o Tm é normalmente maior do
que 65oC. Por que isto é importante para a maioria dos organismos?
Resposta: Visto que a estabilidade da dupla hélice resulta em parte do grande número de pontes de hidrogênio entre
os pares de bases, o valor de Tm indica a estabilidade da dupla fita do DNA. Como Tm é a temperatura necessária
para desnaturar 50% da fita dupla do DNA e isto ocorre pelo rompimento das pontes de hidrogênio, isto indica que o
DNA da maioria dos organismos se mantém estável a temperaturas superiores a 65°C, o que é muito importante pois,
exceto em alguns vírus, o DNA contém os genes, responsáveis pelo comando da atividade celular e pelas
características hereditárias.

d) Explique por que o DNA é desnaturado quando submetido a altas temperaturas ou pHs extremos. Como estas
moléculas podem ser renaturadas?
Resposta: As duas fitas da dupla hélice do DNA podem ser reversivelmente separadas por altas temperaturas ou por
exposição a pH elevado (pH 13). Isto porque ocorre ruptura das pontes de hidrogênio entre os pares de bases. Esse
processo é denominado desnaturação. Durante a desnaturação nenhuma ligação covalente é desfeita, ficando,
portanto, as duas fitas de DNA separadas. Quando o pH e a temperatura voltam ao normal, as duas fitas de DNA
espontaneamente se hibridizam, formando novamente o DNA dupla fita, o que chamamos de renaturação. Este
processo envolve duas etapas: a primeira é mais lenta pois envolve o encontro casual das fitas complementares de
DNA, formando um curto segmento de dupla hélice. A segunda etapa é mais rápida e envolve a formação das pontes
de hidrogênio entre as bases complementares reconstruindo a conformação tridimensional.

Lembrete: os agentes desnaturantes têm maior facilidade em romper as duas pontes de hidrogênio que ligam as
bases A e T, do que as três pontes de hidrogênio que ligam as bases C e G. Portanto, são necessárias temperaturas
mais elevadas, pH mais alcalino e maiores concentrações de agentes desnaturantes para romper as bases C e G, do
que as bases A e T.
10) Abaixo são apresentadas duas sequências de DNA que flanqueiam o gene humano da eritropoetina (EPO),
hormônio secretado pelos rins e essencial para a diferenciação terminal dos glóbulos vermelhos do sangue na medula
óssea.
(A) (B)
(5') GTCCATTGTGCAGGACACAC (3') (5') ATCCTTTGAGCCCAGGAGTT (3')
a) Escreva a sequência de bases da fita complementar do DNA dupla fita das sequências apresentadas em (A) e (B).

(A) (B)
(3') CAGGTAACACGTCCTGTGTG (5') (3') TAGGAAACTCGGGTCCTCAA(5')

b) Exprima, em porcentagem, a composição de bases do DNA dupla fita de (A) e (B). Demonstre seus cálculos para
validar o item.
(A) (B)
Total de bases = 40 (100%) Total de bases = 40 (100%)

%Adenina= %Timina %Adenina= %Timina


40 100% 40 100%
9 X X= 22,5% de cada 10 X X= 25% de cada

%Guanina= %Citosina %Guanina= %Citosina


40 100% 40 100%
11 X X= 27,5% de cada 10 X X= 25% de cada

c) Sabendo-se que o valor de Tm de (A) é de 91,85 e de (B) é de 89,8, qual das duas sequências é mais estável? Por
quê? Considere na sua resposta o significado de Tm.
Resposta: A sequência (A) é mais estável. Visto que Tm é a temperatura necessária para desnaturar 50% da fita
dupla do DNA e isto ocorre pelo rompimento das pontes de hidrogênio, o valor de Tm indica a estabilidade da dupla
fita do DNA. Como são necessárias temperaturas mais elevadas para romper as 3 pontes de hidrogênio entre as
bases C e G, do que as 2 pontes de hidrogênio entre as bases A e T, e a sequência (A) tem maior porcentagem de
CG, ela é mais estável.
11) Abaixo são apresentadas duas sequências de DNA que flanqueiam o gene humano da Mieloperoxidase (MPO),
enzima lisossômica presente nos grânulos primários (azurofílicos) citoplasmáticos e nucleares de monócitos e
neutrófilos, que participa da atividade microbicida oxigênio-dependente.

(A) (B)
(5') CGGTATAGGCACACAATGGTGAG (3') (5') GCAATGGTTCAAGCGATTCTTC (3')

a) Escreva a sequência de bases e as polaridades da fita complementar do DNA dupla fita das sequências
apresentadas em (A) e (B).

(A) (B)
(3') GCCATATCCGTGTGTTACCACTC (5') (3') CGTTACCAAGTTCGCTAAGAAG (5')

b) Exprima, em porcentagem, a composição de bases do DNA dupla fita de (A) e (B). Demonstre seus cálculos para
validar o item.

(A) (B)
Total de bases = 46 (100%) Total de bases = 44 (100%)

%Adenina= %Timina %Adenina= %Timina


46 100% 44 100%
11 X X= 23,9% de cada 12 X X= 27,3% de cada

%Guanina= %Citosina %Guanina= %Citosina


46 100% 44 100%
12 X X= 26,1% de cada 10 X X= 22,7% de cada

c) Outra enzima com atividade microbicida presente também nos grânulos primários de leucócitos é a lisozima, que
catalisa a hidrólise de certos mucopolissacarídeos de paredes celulares bacterianas. Sabendo-se que o conteúdo de
GC do gene da lisozima é de 46%, calcule o valor de Tm desse gene. Demonstre seus cálculos para validar o item.
Resposta: Tm = 69,3 + 0,41 (%GC), onde GC é a porcentagem de Guanina + Citosina. Assim, teremos:

Tm = 69,3 + 0,41 (46) = 88,16°C


12) Em relação à estrutura dos ácidos nucleicos, responda ao que se pede:

a) Escreva as polaridades e as sequências de bases das fitas complementares dos DNAs dupla fita que apresentam
fitas com as sequências especificadas em (A) e (B).

(A) (B)
5' ATGCCGTATGCATTGCATTC 3' 5´ TGAAGGAGAAGGTGTCTGCGGGA 3´

3' TACGGCATACGTAACGTAAG 5' 3' ACTTCCTCTTCCACAGACGCCCT 5'

b) Calcule o valor de Tm do DNA dupla fita de (A) e (B). Demonstre seus cálculos para validar o item.
Resposta: Tm = 69,3 + 0,41 (%GC), onde GC é a porcentagem de Guanina + Citosina. Assim, teremos:

(A) (B)
Total de bases do DNA= 40 Total de bases do DNA= 46
CG = 18 CG = 26

40 100% x= 45% 46 100% x= 56,52%


18 x 26 x

Tm = 69,3 + 0,41(45) = 87,75°C Tm = 69,3 + 0,41(56,52) = 92,47°C

c) A partir dos valores de Tm calculados no item b, responda: Qual das duas sequências é mais estável? Por quê?
Considere na sua resposta o significado de Tm.
Resposta: A sequência (B) é mais estável. Visto que Tm é a temperatura necessária para desnaturar 50% da fita
dupla do DNA e isto ocorre pelo rompimento das pontes de hidrogênio, o valor de Tm indica a estabilidade da dupla
fita do DNA. Como são necessárias temperaturas mais elevadas para romper as 3 pontes de hidrogênio entre as
bases C e G, do que as 2 pontes de hidrogênio entre as bases A e T, e a sequência (B) tem maior porcentagem de
CG, ela é mais estável.

13) Meselson e Stahl, em 1957, cultivaram, inicialmente, Escherichia coli (geração


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F0) na presença de N (isótopo pesado). Posteriormente, cresceram diversas
gerações das bactérias em N14 (isótopo leve) e extraíram o DNA das sucessivas
gerações, mediante precipitação baseada em suas diferentes densidades,
conforme esquematizado abaixo.

A partir desse experimento, julgue os itens a seguir e coloque a soma dos itens
corretos no espaço apropriado abaixo. OBS.: apenas o resultado da soma será
considerado na correção. (0,3 pontos)

(01) Todas as moléculas da geração F1 terão a mesma sequencia de nucleotídeos,


não importando o isótopo presente no meio. V
(02) Desconsiderando qualquer tipo de mutação, todas as moléculas de DNA em
F2 serão idênticas às moléculas de F1 quanto à sequencia nucleotídica, mas terão
composição de isótopos radioativos diferentes dos observados em F0. V
(04) Meselson e Stahl concluíram, como foi antecipado por Watson e Crick, que as fitas de DNA serviam de modelo
para sua própria replicação. V
(08) A composição do meio de cultura não exerceu influência no experimento uma vez que a bactéria cresceu em
todos os meios. E (A composição do meio de cultura foi essencial para comprovar que a replicação do DNA é
semiconservativa)

SOMA = 07

14) Diferencie a replicação do DNA de procariotos e eucariotos quanto a:


a. Origem de replicação.
Resposta: Procariotos têm somente uma origem de replicação, enquanto eucariotos têm várias.
b. DNAs polimerases envolvidas no processo.
Resposta:

Procariotos Eucariotos
DNA polimerase Função DNA polimerase Função
I Principal enzima de reparo do DNA (alfa) Replicação da fita contínua
Replicação da fita
II Reparo do DNA (delta)
descontínua
Principal enzima de replicação do
III (épsilon) Reparo do DNA
DNA
(beta) Reparo do DNA
Replicação e reparo do
(gama)
mtDNA
15) Que propriedades do DNA e da DNA polimerase sugerem que as duas fitas não podem ser replicadas pelo
crescimento no mesmo sentido?
Resposta: As duas fitas que compõem a molécula de DNA são antiparalelas, ou seja, têm polaridade invertida: 5’ 3’
em uma fita e 3’ 5’ na outra. Como a DNA polimerase só adiciona nucleotídeos no sentido 5’ 3’, porque precisa da
extremidade 3’-OH livre para que ocorra a ligação fosfodiéster, a fita utilizada como molde só pode ser lida da
extremidade 3’ para a extremidade 5’, e a síntese das duas fitas ocorre em sentidos opostos. Desta forma, uma das
fitas é sintetizada continuamente, sendo denominada fita líder, enquanto a outra se faz em pequenos fragmentos,
sendo chamada de fita tardia. Estes fragmentos são denominados de fragmentos de Okasaki.
16) Quais são as principais enzimas envolvidas na replicação do DNA em eucariotos? Cite e explique suas funções.
Resposta:

Enzima Função
Desenovelam a dupla hélice e separam as duas fitas do DNA (reconhecem a origem de
replicação, quebram as pontes de hidrogênio entre as bases complementares e separam
Helicases
as duas fitas do DNA, formando-se uma bolha de replicação que é constituída por duas
forquilhas de replicação).
Reduzem a tensão da molécula de DNA, criada pelo superenovelamento provocado pela
abertura da dupla hélice pela helicase, por introduzirem uma quebra temporária em uma
Topoisomerases das fitas (Topoisomerase 1) ou em ambas as fitas do DNA (Topoisomerase 2),
promoverem a rotação de uma fita em torno da outra, e religarem as fitas
temporariamente quebradas.
Sintetizam os iniciadores (primers), que consistem em uma pequena sequência de bases
Iniciases ou
de RNA que fornecem uma extremidade 3’-OH livre para as DNA polimerases iniciarem a
primases
adição de nucleotídeos durante a replicação do DNA.
DNA polimerase Replicação da fita contínua.
(alfa)
DNA polimerase
Replicação da fita descontínua.
(delta)
DNA polimerases
Reparo do DNA.
(épsilon) e (beta)
DNA polimerase
Replicação e reparo do DNA mitocondrial (mtDNA).
(gama)
Sela os corte da fita descontínua, após remoção dos iniciadores e substituição dos
DNA ligase
iniciadores (primers) por nucleotídeos de DNA pela DNA polimerase (delta).

17) Três diferentes RNA polimerases sintetizam RNA em eucariotos. Quais são os produtos de cada uma delas e
suas respectivas funções?
Resposta:

RNA polimerase Produto Função


O rRNA é componente estrutural dos ribossomos, os quais
servem de sítio para a tradução da sequencia de mRNA em
RNA-polimerase I pré-rRNA
uma sequência específica de aminoácidos ou cadeia
polipeptídica.
mRNA e alguns pequenos mRNA: codificam cadeias polipeptídicas (veículo pelo qual a
RNA-polimerase II
RNA nucleares informação genética é transferida do DNA aos ribossomos
para a síntese de cadeias polipeptídicas).
pequenos RNAs nucleares: participam do splicing de
mRNAs.
tRNA: moléculas adaptadoras que traduzem a informação
presente no mRNA em uma sequencia específica de
aminoácidos.
tRNA, rRNA 5S e vários rRNA 5S: é um componente da subunidade maior dos
RNA-polimerase III outros RNAs estáveis ribossomos de procariotos (50S) e eucariotos (60S).
relativamente pequenos Outros pequenos RNAs: fornecem uma extremidade 3’-OH
livre para a DNA polimerase iniciar a adição de nucleotídeos
durante a replicação do DNA (RNA iniciador ou primer), ou
estão envolvidos nos processamento do mRNA ou rRNA.

18) Quais são os tipos de modificações pós-transcricionais que ocorrem nos mRNAs de eucariotos? Explique
resumidamente cada um deles.
Resposta: 1- adição de uma estrutura chamada cap 5’ para selar a extremidade 5’: consiste na adição de um
nucleotídeo extra na terminação 5’, na adição de um grupo metil à base do nucleotídeo recém-adicionado e na adição
de um grupo –OH no açúcar de um ou mais nucleotídeos.
2- poliadenilação na extremidade 3’: consiste na adição de uma série de nucleotídeos de ácido adenílico (ácido
poliadenílico ou poli(A) na extremidade 3’, conferindo estabilidade ao RNA, e com isto, aumentando o tempo pelo qual
o mRNA permanece intacto e disponível para a tradução antes da degradação.
3- splicing: processo em que são removidos os íntrons do RNA mensageiro, tornando-o maduro (gera um mRNA
menor contendo uma sequência codificadora intacta).
4- edição do mRNA: inserções, deleções, substituições de bases. Durante o processamento, determinados transcritos
primários podem receber a inserção, deleção ou substituição de nucleotídeos em sua sequência (gerando, por
exemplo, um códon de parada precoce). Tal processo é denominado edição do RNAm. A regulação pós-transcricional
realizada via edição de RNAm permite que um mesmo gene codifique proteínas diferentes em função do tecido onde
se expressa. A regulação do processo, portanto, dependerá da presença ou ausência das enzimas responsáveis pela
edição daquele transcrito em cada tecido.

OBS: Tanto o cap quanto o poli-A têm a função de proteger o mRNA da ação de exonucleases. Um encurtamento do
poli-A, leva a remoção do cap e rápida degradação da molécula o mRNA. A cauda poli A mantém a integridade da
região 3´(com um nível normal de adenilação) e auxilia na exportação do mRNA para o citoplasma.

19) Em que consiste o terminal 5' cap do mRNA e qual o seu papel? Qual a característica do terminal 3' encontrado
na maioria dos mRNAs de eucariotos e como eles são formados?
Resposta: O terminal 5' cap na adição de um nucleotídeo específico modificado (uma guanina metilada), denominado
de 7-metilguanosina, trifosfato de guanosina ou cap (capuz), à extremidade 5' do mRNA, no núcleo. Esse evento
parece ter grande efeito na tradução do mRNA, pois confere vantagem ao seu transporte para o citoplasma e à sua
ligação aos ribossomos, além de protegê-lo da degradação pelas exonucleases celulares endógenas. A presença do
cap 5’, além de aumentar a estabilidade do mRNA, também influencia a remoção dos íntrons.
Outra modificação pós-transcricional do mRNA é a adição de 50 a 250 nucleotídeos de adenina à sua extremidade 3'
(poliadenilação), após a transcrição, constituindo a chamada sequência poli-A ou cauda poli-A. Estes nucleotídeos
não são codificados no DNA, mas são adicionados após a transcrição. Tal adição ocorre na região flanqueadora não
traduzida, cerca de 15-20 pb à jusante de uma sequência de seis nucleotídeos, denominada sinal AAUAAA. Existe
uma hipótese de que essa sequência também esteja associada à maior facilidade de transporte do mRNA para o
citoplasma e sua estabilidade no momento em que chega ao citoplasma, dando-lhe mais resistência à digestão por
exonucleases celulares endógenas, pois a perda da sequência poli-A pode desencadear a desestabilização desse
mRNA.

20) O produto final da transcrição de alguns genes presentes nas células não resulta na produção final de proteínas,
mas sim em moléculas de RNA com outras funções, ou seja, não são traduzidas diretamente a proteínas. Que
moléculas são essas? Quais as suas funções?
Resposta:

RNA Função
Informacional: codificam cadeias polipeptídicas (veículo
pelo qual a informação genética é transferida do DNA
mRNAs (RNAs mensageiros)
aos ribossomos para a síntese de cadeias
polipeptídicas).
rRNAs (RNAs ribossômicos) Componente estrutural dos ribossomos, os quais
servem de sítio para a tradução da sequencia de mRNA
em uma sequência específica de aminoácidos ou cadeia
polipeptídica.
Moléculas adaptadoras que traduzem a informação
tRNAs (RNA transportador ou de transferência) presente no mRNA em uma sequência específica de
aminoácidos.
snRNAs (pequenos RNA nucleares – do inglês small
nuclear RNA) Partículas ribonucleoproteicas envolvidas no
scRNAs (pequenos RNA citoplasmáticos – do inglês processamento do mRNA (splicing).
small cytoplasmic RNA)
Envolvido no processamento do mRNA em diversas
RNA SL (spliced leader RNA ou RNA-líder) espécies de tripanossomos e no nematódeo
Caernohabditis elegans.
SnoRNAs (pequenos RNAs encontrados nos
Envolvidos no processamento do rRNA.
nucléolos)
Fornece uma extremidade 3’-OH livre para a DNA
RNA I (RNA iniciador ou primer) polimerase iniciar a adição de nucleotídeos durante a
replicação do DNA.

21) Foi observado que em um determinado órgão de um animal (mamífero) uma proteína estava presente com um
certo tamanho mas, em outro órgão, a mesma proteína era menor que o tamanho esperado. Suponha que um só
gene codifica as duas isoformas desta proteína e que os dois órgãos possuam as mesmas proteases. Ofereça uma
explicação biologicamente plausível para o fato do mesmo gene codificar proteínas de tamanhos diferentes.
Resposta: Visto que os dois órgãos possuem as mesmas proteases, as modificações pós-traducionais por clivagem
proteolítica seriam as mesmas, não explicando as diferenças nos tamanhos das proteínas. Assim, as explicações
mais plausíveis seriam:
1- Em alguns genes humanos existem vários promotores, situados em diferentes regiões do gene. Dessa forma, a
transcrição gênica pode começar em pontos distintos, produzindo proteínas de tamanhos também diferentes. Isso
permite que a mesma sequência gênica codifique variantes de uma proteína em tecidos diferentes (p. ex., no tecido
muscular versus tecido cerebral).
2- Modificação pós-transcricional, via edição do mRNA: durante o processamento, determinados transcritos primários
podem receber a inserção, deleção ou modificação de nucleotídeos em sua sequência (gerando, por exemplo, um
códon de parada precoce). Tal processo é denominado edição do mRNA. A regulação pós-transcricional realizada via
edição de mRNA permite que um mesmo gene codifique proteínas diferentes em função do tecido onde se expressa.
A regulação do processo, portanto, dependerá da presença ou ausência das enzimas responsáveis pela edição
daquele transcrito em cada tecido.

OBS.: Antes que um polipeptídeo recém-sintetizado possa começar a sua existência como proteína funcional,
frequentemente sofre outro processamento chamado de modificação pós-traducional (não confundir com modificação
pós-transcricional, que ocorre no mRNA). Estas modificações podem ter uma variedade de formas, incluindo a
clivagem em unidades polipeptídicas menores, ou uma combinação com outros polipeptídeos para formar uma
proteína maior. Outras modificações possíveis incluem a adição de cadeias laterais de carboidratos ao polipeptídeo.
Estas modificações são necessárias, por exemplo, para produzir o dobramento apropriado da proteína final, ou para
estabilizar sua estrutura. A cadeia polipeptídica que é o produto primário da tradução é dobrada e associada em uma
estrutura tridimencional especifica que é determinada pela própria sequência de aminoácidos. Duas ou mais cadeias
polipeptídicas, produtos do mesmo gene ou de genes diferentes, podem se combinar para formar um único complexo
proteico final. Os produtos proteicos também podem ser modificados quimicamente por, por exemplo, adição de
fosfato ou carboidratos em sítios específicos. Outras modificações podem envolver a clivagem da proteína, seja para
remover sequências amino-terminais especificas após terem direcionado uma proteína para o seu local correto dentro
da célula, ou para dividir a molécula em cadeias polipeptídicas menores.

22) Explique resumidamente como um pré-mRNA contendo sítios alternativos de adição da cauda poli(A) pode
contribuir para uma maior diversidade de proteínas em uma célula eucariótica.
Resposta: O processamento diferencial da extremidade 3’ é uma forma de gerar diferentes mRNA maduros por
splicing alternativo, podendo ocorrer a adição da cauda poli(A) em dois ou mais sítios, de acordo com o sítio de
poliadenilação do éxon incluído no splicing alternativo.

OBS.: Tanto o cap quanto o poli-A têm a função de proteger o mRNA da ação de exonucleases. Um encurtamento do
poli-A leva à remoção do cap e rápida degradação da molécula o mRNA. A cauda poli A mantém a integridade da
região 3´(com um nível normal de adenilação) e auxilia na exportação do mRNA para o citoplasma.
23) Uma fita de um fragmento de DNA isolado de E. coli tem a seguinte sequência: 5'...AGGTTACCTAGTTGC...3'.
Suponha que um mRNA seja transcrito a partir deste DNA usando a fita complementar como molde.

a. Qual será a sequência deste mRNA?


Resposta: Visto que a fita complementar do DNA que será usada como molde terá a sequência
5’...TCCAATGGATCAACG...3’, a sequência do mRNA será: 5’...AGGUUACCUAGUUGC...3’.

b. Qual é a sequência do polipeptídeo que seria codificado pelo mRNA sintetizado?


Resposta: arginina (Arg) – leucina (Leu) – prolina (Pro) – serina (Ser) – cisteína (Cys)

24) Durante a síntese proteica 5 aminoácidos foram adicionados à uma cadeia polipeptídica. Os anticódons dos
tRNAs que entraram sequencialmente no ribossomo foram:

5’CAU3’ ; 5’ AGG3’ ; 5’UAG3’ ; 5’UCC3’ ; 5’AUU3’

a. Qual a sequência do pentapeptídeo assim formado?


Resposta: códons: GUA – UCC – AUC – AGG – UAA
aminoácidos: valina (Val) – serina (Ser) – isoleucina (Ile) – arginina (Arg), pois o códon UAA é um códon de parada.

b. Qual a sequência da fita codante do DNA que codifica este pentapeptídeo?


Resposta: CAT – AGG – TAG – TCC – ATT

c. Qual a sequência do mRNA?


Resposta: GUA – UCC – AUC – AGG – UAA

LISTA 3

1) O mofamento de grãos durante a estocagem causa perdas nutricionais CÓDONS AMINOÁCIDO


e de valor de mercado, além de promover riscos à saúde humana e de
CGG arginina
animais domésticos, devido à liberação de toxinas.
Entre as toxinas, maior atenção tem sido dado às aflatoxinas UAC tirosina
produzidas por fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium, devido a UUC fenilalanina
sua alta capacidade de causar câncer de fígado. GCG alanina
As aflotoxinas podem causar câncer do fígado, pois, mesmo em UCC serina
pequena quantidade são capazes de provocar uma mutação no gene p- GGG glicina
53, transformando G em T na trinca 249. stop
UAG
Sabe-se que o gene p53 - com 2.362 pares de bases, está
UAA stop
localizado no braço curto do cromossomo 17 e codifica uma
nucleoproteína de mesmo nome constituída por 393 aminoácidos, e que UAC tirosina
regula as divisões celulares, controlando a entrada da célula na fase S UCA Serina
por bloquear a fase de transcrição G1 S do ciclo celular. Normalmente GCC Alanina
o p53 evita a reprodução numa célula danificada ou alvo de mutação. E AAG Lisina
vai além: promove o suicídio da célula, um processo chamado apoptose. CGC Arginina
Às vezes, no entanto, sem que se saiba porque, o p53 é alvo de mutação
AGG Arginina
ou é neutralizado e as células danificadas continuam a proliferar no
interior do organismo, criando-se os tumores. CCC Prolina

Baseando-se nas informações acima, na tabela ao lado e em conhecimentos correlatos, responda.


a. A mutação referida no texto obrigatoriamente vai levar ao descontrole da divisão celular devido à substituição de
aminoácido na proteína p53? Justifique.
Resposta: Não. Se a mutação ocorrer na 3ª base da trinca 249 (que ficará AGT), o códon correspondente será UCA,
também do aminoácido serina.

b. Quanto ao tipo de substituição de base, classifique a mutação de ponto envolvida na trinca 249 (trecho grifado no
texto). Justifique.
Resposta: Transversão, pois ocorre por substituição de uma purina (G) por uma pirimidina (T).
c Que tipo de mecanismo estaria envolvido no reparo da mutação especificada no trecho grifado? Cite e explique
para justificar sua resposta.
Resposta: A substituição G T na trinca 249 irá provocar um pareamento errado, uma vez a base complementar
presente na outra fita do DNA é a citosina. Os pareamentos errados são instáveis e provocam dobras na molécula
(alteração espacial). Assim, são percebidos e corrigidos pelo sistema de reparo de pareamentos errôneos (mismatch
repair), que reconhece a fita nova devido esta não estar metilada. Ocorre uma excisão na fita nova e uma
exonuclease degrada parte desta fita, logo em seguida uma DNA polimerase reconstitui a parte da fita que foi
degradada fazendo o pareamento correto.
d. Qual a sequencia correta dos aminoácidos inseridos na nucleoproteína p53 a partir do códon 245 até o 251?
Resposta:
CGG UAC UUC GCG UCC GGG UAC
Arginina – tirosina – fenilalanina – alanina – serina – glicina – tirosina
e. Quantas ligações peptídicas serão necessárias na formação da nucleoproteína p53? Justifique.
Resposta: 392 ligações peptídicas, pois a proteína p53 possui 393 aminoácidos e cada ligação peptídica liga dois
aminoácidos.
f. Determine o percentual da região codificadora do RNA mensageiro maduro em relação ao gene p53. Demonstre
seus cálculos e justifique.
Resposta: 50,04%, pois como a proteína p53 tem 393 aminácidos, serão necessários 394 códons, pois cada códon
codifica um aminoácido e é necessário um códon de parada para finalizar o processo. Veja os cálculos a seguir.

3 nucleotídeos 1 aminoácido
x 393 aminoácidos x = 1.179 nucleotídeos

RNA mensageiro 1.179 nucleotídeos + 3 (códon de parada) = 1.182 nucleotídeos

Gene (fita molde) = 2.362 nucleotídeos 100%


1.182 nucleotídeos x x = 50,04%
2) Pesquisadores norte-americanos descobriram que as diferentes formas das pessoas perceberem a dor
podem ter origem genética.
A variação de apenas um gene pode explicar porque algumas pessoas suportam mais dor do que outras.
Segundo uma equipe da Universidade de Michingan, a sensação de dor está ligada ao gene COMT que produz a
enzima transferase catecol-O-metil (COMT), que ajuda a regular quantos analgésicos naturais - as chamadas
endorfinas - um organismo produz. O gene COMT pode ser encontrado em duas formas, de acordo com o aminoácido
presente. Na transcrição do códon 158, a troca de um único aminoácido, valina metionina pode determinar
decréscimo da atividade da enzima COMT, ou seja, o gene da COMT que contém o aminoácido metionina, ou “met”, é
menos ativo do que aquele que contém o aminoácido valina, ou “val”.
Esta pequena variação tem um grande efeito na atividade do COMT, dizem os pesquisadores. Cada indivíduo tem
duas cópias desse gene, uma herdada de cada um dos pais. Pessoas com a forma mais “lenta” do gene - que tem
duas cópias com metionina - produzem enzimas três a quatro vezes menos efetivas que outras, como as que contêm
apenas cópias com valina ou ambos os aminoácidos. O estudo mostrou que as pessoas em que as duas cópias
traziam metionina sofriam mais com a dor do que aquelas com duas cópias trazendo valina. Os voluntários com uma
cópia de cada tipo apresentaram uma tolerância à dor intermediária.
(http://www.anbio.org.br/bio/biotec134.htm, com adaptações)
Abaixo são dadas as sequencias parentais (recebidas de cada um dos pais) responsáveis pela transcrição do
códon 158 do gene COMT de quatro indivíduos.

Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4


CAA (sequência materna) TAC (sequência materna) CAC (sequência materna) CAT (sequência materna)
CAG (sequência paterna) TAC (sequência paterna) CAT (sequência paterna) TAC (sequência paterna)

Sabendo-se com os códons da metionina e da valina são, respectivamente, AUG e GUU, GUC, GUA, GUG,
que a enzima transferase catecol-O-metil (COMT) possui 271 aminoácidos e que o gene COMT dos quatro indivíduos
possui 1,5 Kb (1.500 pb), responda.
a) Qual (is) indivíduo(s) possui(em):
- Maior sensibilidade à dor: Indivíduo 2
- Sensibilidade intermediária à dor: Indivíduo 4
- Menor sensibilidade à dor: Indivíduos 1 e 3
b) Justifique sua resposta.
Resposta: Ambas as sequencias dos indivíduos 1 e 3 darão origem aos códons sinônimos da valina; ambas do
indivíduo 2, ao códon da metionina e as do indivíduo 4 darão origem aos códons da valina (sequencia materna) e
metionina (sequencia paterna). Como o texto menciona, as pessoas possuem duas cópias de metionina sofreram
mais com a dor do que aquelas com duas cópias trazendo valina. Os voluntários com uma cópia de cada tipo
apresentaram uma tolerância à dor intermediária.

c) Calcule o percentual do RNAm maduro em relação ao gene COMT.


1 códon 1 aminoácido 3 bases x = 813 bases + 3 bases (códon de parada) no RNAm = 816 bases
271 aminoácidos x

1.500 pb 100% x = 54,4%


816 pb x

d) Considerando apenas o RNAm maduro, quantos códons e quantas ligações peptídicas foram necessários para a
síntese da enzima transferase catecol-O-metil (COMT)? Justifique sua resposta.
Resposta: 272 códons e 270 ligações peptídicas. Como a proteína tem 271 aminoácidos e cada aminoácido é
codificado por um códon, foram necessários 271 códons para codificar os aminoácidos + 1 códon de parada. Porém,
uma ligação peptídica liga dois aminoácidos e os aminoácidos extremos não estão ligados. Consequentemente,
foram necessárias 270 ligações peptídicas.

e) Explique os 2 principais motivos que poderiam explicar o fato da proteína ter apenas 271 aminoácidos.
Resposta: O gene contém regiões regulatórias, como o promotor, que não são traduzidas. Além disto, provavelmente
este gene é interrompido, ou seja, contém exons (regiões codificadoras) e íntrons (regiões não codificadoras que
serão removidas durante o splicing, para produzir o RNAm maduro).

3) O gene supressor de tumor p-53 é um dos principais alvos de mutação durante o processo de carcinogênese. Está
localizado no braço curto do cromossomo 17 e codifica a nucleoproteína p-53 que é responsável pela regulação da
transcrição nuclear, funcionando como um “policial molecular”. Se a célula for exposta a agentes mutagênicos
externos a p-53 acumula-se no núcleo freando o ciclo celular em G1, dando tempo para que a célula repare seu DNA.
Caso a célula não o repare, a p-53 dispara a morte celular por apoptose. Na versão mutagênica desse gene, a célula
que sofre lesão em seu material genético não tem sua divisão celular interrompida e deste modo, o dano celular se
transmite às células filhas. A mutação de p-53 não causa a transformação maligna sozinha, porém predispõe a célula
a outras mutações que a levarão a uma transformação maligna.

Baseando-se no texto e em conhecimentos correlatos, responda ao que se pede.


a. Sabendo que a p-53 é uma proteína constituída por 393 aminoácidos, quantos nucleotídeos serão necessários
apenas para a codificação desses aminoácidos? Justifique.
Resposta: 1.179 nucleotídeos

3 nucleotídeos 1 aminoácido
x 393 aminoácidos x = 1.179 nucleotídeos

b. Quantos códons serão necessários para a síntese dos 393 aminoácidos?Justifique.


Resposta: 394 códons, pois um códon codifica um aminoácido e é necessário um códon de parada para finalizar o
processo.

c. Que evento indispensável para que ocorra a divisão celular será bloqueado com a informação dada no trecho
grifado no texto?
Resposta: A replicação do DNA (fase S da interfase).

4) Os vírus HPV tipo 16 e tipo 18 (grupo II) estão associados ao câncer oral e de colo uterino. O genoma desses vírus
pode integrar-se ao genoma humano em áreas próximas a proto-oncogenes, produzindo uma versão mutante desse
genes. Além disso, o genoma viral controla a transcrição dos genes virais E6 e E7 que interferem nos mecanismos de
controle do ciclo celular. A proteína E6 interage com a proteína p-53, impedindo sua ação supressora de tumor no
núcleo celular. Logo, se outra proteína supressora de tumor – como a pRb, por exemplo – não compensar a reduzida
atividade da p-53, a transformação celular pode de fato ocorrer. No entanto, a proteína E7 desses vírus tem mostrado
não só a capacidade de formar complexo com a pRb, desativando-a, mas também de degradar a p-53. A ativação de
oncogenes somada à perda ou à anulação dos genes supressores de tumor acabam por levar ao crescimento
desordenado e à formação de tumores.
(http://www.digene.com.br/banconot/64atualiz.htm e http://www.patologiaoral.com.br/texto06.asp, com adaptações)
Abaixo é apresentado um esquema do proto-oncogene ras e de sua versão mutante, após inserção viral.

Proto-oncogene ras

TAC TGC CTT ATA TTC GAC CAC CAC CAC CCG CGG CCG CCG...GAG AGC

Oncogene ras

TAC TGC CTT ATA TTC GAC CAC CAC CAC CCG CGG CAG CCG...GAG AGC

Baseando-se nas informações acima e em conhecimentos correlatos, responda o que se pede.


a. Dê a sequencia de aminoácidos do proto-oncogene ras.
Resposta: Metionina – treonina - ácido glutâmico – tirosina – lisina – leucina – valina – valina – valina – glicina –
alanina – glicina – glicina – leucina - serina.
b. Considerando que os genes supressores de tumor foram inativados pelos vírus, caso a mutação na trinca
destacada em negrito provoque a substituição da 3ª base por uma citosina no proto-oncogene, o produto do gene
ainda poderá levar ao descontrole da divisão celular? Justifique.
Resposta: Não, pois a troca do códon não afetou o aminoácido.
5) BRÓCOLIS FICA MAIS AMARGO PARA PORTADOR DE MUTAÇÃO
Os pesquisadores Mari Sandell e Paul Breslin, do instituto de pesquisas Monell, na Filadélfia, mostraram em
artigo publicado na revista científica “Current Biology” que basta um gene para a pessoa achar vegetais como o
brócolis bem mais amargo do que acha o resto da população.
O gene hTAS2R38 está ligado a um receptor de sabor na língua. Quem possui duas cópias de uma versão
“sensível a brócolis” sente os vegetais dessa família em média 60% mais amargos do que aqueles cujos genes são de
outra versão. Quem tem apenas uma cópia da versão “sensível” do gene teve opinião intermediária sobre o amargor.
No artigo, os investigadores relacionaram a percepção individual do gosto amargo dos compostos PTC
(feniltiocarbamida) e PROP (propiltiouracil) a variações do gene hTAS2R38, que codifica o receptor para o gosto
conhecido. Duas formas mais frequentes do gene – PAV e AVI – determinam, respectivamente, a maior sensibilidade
ou a insensibilidade a esse tipo de gosto. Formas menos frequentes denominadas AAI, PVI e AAV respondem pela
sensibilidade intermediária.
Os três polimorfismos mais comuns observados na proteína receptora ocorrem nos aminoácidos de posição 49 –
onde uma prolina ou uma alanina é codificada, 262 – onde uma alanina ou uma valina é codificada, e 296 – onde uma
valina ou uma isoleucina é codificada. Esses polimorfismos são determinados pelas formas PAV (prolina-alanina-
valina), AVI (alanina-valina-isoleucina), AAI (alanina-alanina-isoleucina), PVI (prolina-valina-isoleucina) e AAV
(alanina-alanina-valina).
Os testes foram feitos com 35 voluntários que experimentaram 27 vegetais diferentes, dos quais 17 contêm
compostos chamados glucosinolatos. Eles estão presentes em brócolis, agrião, rabanete e outros alimentos. Os
voluntários tiveram que comer os alimentos crus, pois o cozimento altera o gosto.
O glucosinolato pode afetar a função da glândula tireoide, produtora de hormônios que agem em vários órgãos
do corpo. Ele pode impedir a absorção de iodo pela tireoide e provocar: a) sua hipertrofia; b) consequências graves
para indivíduos em fase jovem.
O mal é típico de regiões distantes do oceano, que é fonte de iodo na forma de sal ou contido em frutos do mar.
Para quem vive nessa região de maior risco, ter a forma do gene que acentua o sabor amargo dos vegetais que afeta
a tireoide é vantajoso em termos evolutivos.
(Folha Imagem, 17/07/2006, com adaptações de http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1400547)
Utilize a tabela de aminoácidos ao lado e as sequencias Aminoácido Códons
parentais (recebidas de cada um dos pais) abaixo relacionadas e Prolina CCU – CCC – CCA - CCG
responsáveis pela tradução dos aminoácidos 49, 262 e 296 da Alanina GCU – GCC – GCA - GCG
proteína receptora para o gosto amargo, para responder os itens Valina GUU – GUC – GUA - GUG
seguintes. Isoleucina AUU – AUC - AUA

Sequência responsável pela tradução do aminoácido 49


Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
GGA (sequência materna) CGA (sequência materna) GGT (sequência materna) CGT (sequência materna)
GGC (sequência paterna) CGT (sequência paterna) CGC (sequência paterna) CGC (sequência paterna)
Sequência responsável pela tradução do aminoácido 262
Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
CGA (sequência materna) CAA (sequência materna) CGT (sequência materna) CGT (sequência materna)
CGG (sequência paterna) CAT (sequência paterna) CAC (sequência paterna) CAT (sequência paterna)

Sequência responsável pela tradução do aminoácido 296


Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
CAA (sequência materna) TAA (sequência materna) CAG (sequência materna) TAG (sequência materna)
CAG (sequência paterna) TAT (sequência paterna) TAA (sequência paterna) TAT (sequência paterna)

a. Quais as sequencias de aminoácidos (recebidos de cada parental) e os genótipos de cada um dos indivíduos?

Sequência de aminoácidos Sequência de aminoácidos


Indivíduos Genótipos
(materna) (paterna)
1 prolina – alanina – valina prolina – alanina – valina PAV / PAV
2 alanina – valina – isoleucina alanina – valina – isoleucina AVI / AVI
3 prolina – alanina – valina alanina – valina - isoleucina PAV / AVI
4 alanina – alanina - isoleucina alanina – valina - isoleucina AAI / AVI

Trincas DNA (materna) Códons (materna) Trincas DNA paterna Códons (paterna)
Indivíduo 49 262 296 49 262 296 49 262 296 49 262 296
1 GGA CGA CAA CCU GCU GUU GGC CGG CAG CCG GCC GUC
2 CGA CAA TAA GCU GUU AUU CGT CAT TAT GCA GUA AUA
3 GGT CGT CAG CCA GCA GUC CGC CAC TAA GCG GUG AUU
4 CGT CGT TAG GCA GCA AUC CGC CAT TAT GCG GUA AUA

b. Mediante a análise realizada no item a, responda:


b.1. Qual(is) indivíduo(s) terá(ão) maior sensibilidade ao gosto amargo? Indivíduo 1
b.2. Qual(is) indivíduo(s) será(ão) insensível(is) ao gosto amargo? Indivíduo 2
b.3. Qual(is) indivíduo(s) terá(ão) sensibilidade intermediária ao gosto amargo? Indivíduos 3 e 4
c. Sabendo-se que o gene hTAS2R38 tem 1002 pb (pares de bases) e a proteína receptora do gosto amargo
(denominada T2R38) codificada por ele é constituída por 333 aminoácidos, responda:

c.1. Quantos códons serão necessários para codificar a proteína T2R38? Justifique sua resposta.
Resposta: 334 porque cada códon codifica um aminoácido e é necessário um códon de parada para finalizar a síntese
proteica.

c.2. Julgue e justifique a frase: “Para a síntese do receptor protéico T2R38, 100% do gene hTAS2R38 foi usado, não
ocorrendo a presença de íntrons”. (Inclua na sua justificativa os cálculos genômicos necessários).
Resposta: Certo: o gene possui 1.002 bases. Destas, 999 foram usadas para incluir os aminoácidos durante a síntese
proteica e 3 bases (códon de parada), foram necessárias para finalizar a síntese.

1 códon 3 bases 1 aminoácidos x = 999 bases


x 333 aminoácidos

6) A orexina ou hipocretina é um precursor de dois neuropeptídeos hipotalâmicos orexina A e orexina B que são
produzidos pelas células de um pequeno núcleo do hipotálamo e têm um importante papel na regulação do ciclo sono-
vigília e funções hipotalâmicas relacionadas. Essa substância é importante para manter o estado de vigília e é uma
molécula ausente no cérebro de pacientes com narcolepsia, doença que faz as pessoas adormecerem subitamente
(Nature Medicine 2007, 13:150-155, com adaptações). Em relação ao tema e utilizando os dados abaixo, responda o
que se pede nos itens a seguir.

Dados:
A orexina/hipocretina apresenta 131 aminoácidos e é produzida a partir de um RNAm maduro de 577 bases,
transcrito pelo gene HCRT, região do DNA localizada no cromossomo 17 com 1.393 pb (pares de bases).
Os neuropeptídeos orexina A e orexina B maduros são produzidos por um processo proteolítico (pós-traducional) a
partir do precursor orexina: a orexina A corresponde, na proteína precursora, aos aminoácidos de posição 34
(glutamina) a 67 (glicina) e a orexina B, aos aminoácidos de posição 70 (arginina) a 97 (metionina).
Uma mutação no gene HCRT que provoca a substituição de uma leucina por uma arginina na posição 16 da
proteína precursora (LEU16ARG) foi associada à narcolepsia.

Abaixo são dadas as sequências parentais (recebidas de cada um dos pais) responsáveis pela tradução do
aminoácido 16 de três indivíduos.

Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3


GAA (sequência materna) GAC (sequência materna) GCC (sequência materna)
GAG (sequência paterna) GCC (sequência paterna) TCT (sequência paterna)

Levando em conta as informações contidas no texto e nos dados e sabendo que os códons da leucina são
UUA, UUG, CUU, CUC, CUA e CUG, e que os códons da arginina são CGU, CGC, CGA, CGG, AGA E AGG,
responda.
a) Qual (is) dos indivíduos provavelmente sofre(m) de narcolepsia? Justifique sua resposta para validar o item.
Resposta: Indivíduo 3, uma vez que recebeu as duas sequências mutadas (ver quadro de códons e aminoácidos
abaixo). De acordo com o texto, a mutação referida leva a uma não produção de orexina.

Indivíduo 1 – CÓDONS Indivíduo 2 – CÓDONS Indivíduo 3 – CÓDONS


CUU (leucina) – seq. mat. CUG (leucina) – seq. mat. CGG (arginina) – seq. mat.
CUC (leucina) – seq. pat. CGG (arginina) – seq. pat. AGA (arginina) – seq. pat.

b) Qual (is) dos indivíduos teria(m) mais tendência à insônia, por produzir uma maior quantidade de orexina?
Justifique sua resposta para validar o item.
Resposta: Indivíduo 1, uma vez que recebeu as duas sequências normais (olhar tabela de códons e aminoácidos no
item a), tendo, portanto, maior produção de orexina.

Utilize a tabela de aminoácidos ao lado e as informações Aminoácido Códons


contidas no dado para responder o item c. Glutamina CAA, CAG
Glicina GGU, GGC, GGA, GGG
c) Quais seriam as sequências de bases no gene HCRT, Arginina CGU, CGC, CGA, CGG, AGA, AGG
responsáveis, respectivamente, pela tradução dos aminoácidos Metionina AUG
inicial e final da:
orexina A: inicial (glutamina): GTT ou GTC; final (glicina): CCA, CCG, CCT OU CCC
orexina B: inicial (arginina): GCA, GCG, GCT, GCC, TCT OU TCC; final (metionina): TAC

Utilize as informações contidas nos dados e para responder os itens que se seguem.

d) Uma vez que nosso corpo não desperdiça energia nem matéria-prima inutilmente e os processos de transcrição e
tradução necessitam de energia e de matéria-prima para ocorrerem, forneça um argumento biologicamente aceitável
que possa explicar a informação fornecida no trecho grifado do dado . (Lembre-se de mencionar na sua resposta,
qual o tamanho esperado da proteína precursora orexina a partir do RNAm citado.)
Resposta: Uma vez que cada aminoácido é codificado por 3 bases no RNAm (códon), seria de se esperar que um
RNAm de 577 bases fosse responsável pela tradução de uma proteína de aproximadamente 191 aminoácidos
(considerando o códon de parada). Como a proteína apresenta 131 aminoácidos, podemos supor que:
- o RNAm em questão é responsável pela síntese de mais de uma proteína ou;
- a partir do RNAm citado, uma grande proteína seria produzida e, por processos proteolíticos mencionados no dado
3, seriam inicialmente produzidas não só a orexina A e a B, mas também outro polipeptídeo.

e) Mediante conhecimentos sobre estrutura dos ácidos nucleicos e transcrição, explique por que no DNA a informação
fornecida pelo dado foi em pares de bases, enquanto no RNAm, em bases.
Resposta: O DNA é formado por duas cadeias polinucleotídicas antiparalelas e complementares, onde as bases de
uma cadeia encontram-se ligadas às bases complementares da outra cadeia por pontes de hidrogênio – daí usarmos
o termo pares de bases. Na transcrição, apenas uma das cadeias (fitas) do DNA serve de molde para a síntese do
RNA, que apresenta uma única cadeia polinucleotídica: daí usarmos o termo bases.

f) Qual o percentual do RNAm maduro em relação ao gene HCRT? Demonstre seus cálculos para validar o item.
Resposta: Gene HCRT – 1.393 bases participam da transcrição (apenas uma das fitas do DNA é usada na
transcrição). Então:
1.393 bases 100%
577 bases x X 41,42%
7) O câncer de pele corresponde a cerca de 25% de todos os tumores malignos humanos registrados no Brasil,
estando relacionado a alguns fatores ambientais de risco como exposição a químicos (arsênico), radiação ionizante e
principalmente aos raios ultravioletas (UV) do sol. Em relação ao abordado tema, responda:

a. Que tipos de lesões no DNA podem ser induzidas pelas radiações ionizantes? Qual delas é a mais grave e por
que? (Inclua na sua resposta o mecanismo de reparo possível e qual a sua consequência).
Resposta: Deleção de todo o nucleotídeo, levando à quebra de fita simples; quebras de fita simples e de fita dupla;
dano em bases nitrogenadas, levando a quebra ou deleção da base. (Pode também ser aceito: quebras de fita
simples e de fita dupla, dano em bases nitrogenadas).
Mais grave: quebra de fita dupla, pois o reparo só pode ser feito por recombinação (entre dois genes homólogos ou
por junção de extremidades não-homólogas). Em ambos os casos a sequencia original de DNA acaba sendo
alterada.

b. Que tipo de lesão mais frequente no DNA está relacionada ao trecho grifado? Por que esta lesão é facilmente
percebida pelo sistema de reparo?
Resposta: Dímero de timina (ou dímero de pirimidina). Porque promove distorções espaciais na molécula de DNA.

c. Considerando a lesão do item b, o reparo pode ser feito por dois tipos de mecanismos diferentes, dependendo se
ele ocorre depois ou durante a replicação do DNA. Cite os dois tipos de mecanismos e compare-os quanto à correção
da lesão?
Resposta: Durante a replicação: reparo por recombinação com a fita parental não-danificada da mesma molécula de
DNA (sistema de tolerância).
Após a replicação: excisão de nucleotídeos.

OBS.: O reparo por recombinação não remove a lesão, apenas possibilita a continuidade da replicação. Assim, é
necessário que o sistema de reparo conserte posteriormente a lesão por excisão de nucleotídeos.

d. Qual dos mecanismos de reparo do item c implicaria em parada do ciclo celular no ponto de checagem? Tal ponto
de checagem estaria localizado na transição entre quais fases do ciclo celular?
Resposta: O reparo por recombinação com a fita parental não-danificada da mesma molécula de DNA. Por não
corrigir a lesão, implicaria em parada do ciclo celular na transição G2/M.

e. O Xeroderma pigmentosum também está entre os fatores de risco para o câncer de pele. Por quê?
Resposta: Porque em indivíduos portadores de xeroderma pigmentosum o reparo por excisão de nucleotídeos é
deficiente. Desta forma, não corrige as lesões provocadas pelos raios ultravioleta do sol.

8) A doença de Parkinson está entre os problemas neurológicos mais preponderantes hoje em dia. Se caracteriza por
tremor nas mãos, nos braços e em outros locais, rigidez nos membros, lentidão de movimentos, equilíbrio e
coordenação debilitados. Alguns pacientes têm, também, dificuldade para andar, falar, dormir, urinar e dificuldades no
desempenho sexual.
Nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) dos EUA, em 1997, foi identificada uma mutação no gene da alfa-
sinucleína em famílias italianas e gregas que tinham a forma hereditária do mal de Parkinson; posteriormente esta
mesma mutação foi também detectada em famílias brasileiras com a doença. Esse gene codifica uma proteína muito
pequena, com apenas 144 aminoácidos, à qual se atribui um papel na sinalização entre neurônios. A mutação
referida é denominada G209A, pois provoca a substituição de uma guanina por uma adenina no nucleotídeo 209 do
gene da alfa-sinucleína, conduzindo a uma substituição de alanina por treonina na posição 53 da proteína (Ala53Thr).
É uma mutação de herança autossômica dominante, o que significa dizer que apenas uma cópia (da mãe ou do pai)
é suficiente para desencadear a doença. Ela é extremamente rara e responde por menos de 1% dos pacientes.
Pouco tempo depois, descobriu-se outra mutação autossômica dominante no mesmo gene em uma família de
origem alemã, em que a alanina da posição 30 era substituída por uma prolina (Ala30Pro).

(Arch Neurol. 55(12):1521-1523, 1998; Arq. Neuro-Psiquiatr. 59(3B): 722-724, 2001; Scientific American Brasil n O 40, 2005)

Abaixo são dadas as sequências parentais (recebidas de cada um dos CÓDONS AMINOÁCIDO
pais) responsáveis pela transcrição dos códons 30 e 53 do gene da alfa- GCU, GCC,
sinucleína de três indivíduos. alanina
GCA, GCG
ACU, ACC, ACA,
treonina
Indivíduo 1: ACG
Códon 30 Códon 53 CCU, CCC, CCA,
prolina
CGA (sequência materna) CGA (sequência materna) CCG
CGG (sequência paterna) TGA (sequência paterna)
Indivíduo 2: Indivíduo 3:
Códon 30 Códon 53 Códon 30 Códon 53
CGG (sequência materna) CGA (sequência materna) GGG (sequência materna) CGA (sequência materna)
CGT (sequência paterna) CGC (sequência paterna) CGT (sequência paterna) CGC (sequência paterna)

Baseando-se nas informações contidas no texto, nas tabelas e em conhecimentos correlatos, responda.

a) Em relação ao tipo de substituição de base, como é denominada a mutação descrita no segundo parágrafo?
Justifique.
Resposta: transição, pois há troca de uma purina (G) por outra purina (A).

b) Qual(is) dos três indivíduos tem predisposição para desenvolver a doença devido a pelo menos uma das mutações
citadas? Justifique para validar o item.
Resposta: Visto que as mutações são dominantes, os indivíduos 1 e 3 estão predispostos a desenvolver a doença. O
indivíduo 1 por receber uma sequência paterna que codifica a treonina no códon 53; e o indivíduo 3, por receber uma
sequência materna que codifica a prolina no códon 30. Vide tabelas abaixo.

Indivíduo 1:
Códon 30 Códon 53
GCU alanina GCU alanina
GCC alanina ACU treonina

Indivíduo 2:
Códon 30 Códon 53
GCC alanina GCU alanina
GCA alanina GCG alanina

Indivíduo 3:
Códon 30 Códon 53
CCC prolina GCU alanina
GCA alanina GCG alanina

c) Considerando apenas o RNAm maduro, quantos códons e quantas ligações peptídicas foram necessários para a
síntese da proteína alfa-sinucleína? Justifique.
Resposta: 145 códons e 143 ligações peptídicas. Como a proteína tem 144 aminoácidos e cada aminoácido é
codificado por um códon, foram necessários 144 códons para codificar os aminoácidos + 1 códon de parada. Porém,
uma ligação peptídica liga dois aminoácidos e os aminoácidos extremos não estão ligados. Consequentemente,
foram necessárias 143 ligações peptídicas.

d) Considerando apenas os códons necessários para início e finalização da síntese proteica, quantas bases no
RNAm maduro foram necessárias para codificar os aminoácidos da proteína alfa-sinucleína? Apresente os cálculos
para validar o item.
Resposta: 435 bases.

1 códon 3 bases 1 aminoácido x = 435 bases


x 144 aminoácidos + 1 códon de parada

e) Considerando que o gene da proteína alfa-sinucleina tem 1543 bases, explique os 2 principais motivos que
poderiam explicar o fato da proteína ter apenas 144 aminoácidos.
Resposta: O gene contém regiões regulatórias, como o promotor, que não são traduzidas. Além disto, provavelmente
este gene é interrompido, ou seja, contém exons (regiões codificadoras) e íntrons (regiões não codificadoras que
serão removidas durante o splicing, para produzir o RNAm maduro).

9) Sabe-se que a taxa de mutação espontânea na replicação do DNA é de aproximadamente 10 7, mas no HIV, um
retrovírus com genoma diploide de RNA fita simples unidos por proteínas que funcionam como mensageiros,
apresentando 5’ CAP e cauda poli(A), entre outras regiões codificadoras responsáveis pela integração no material
genético nas células parasitadas e replicação viral, as taxas de mutação são as mais elevadas na natureza, na
ordem de 10 -3 a 10-5 por nucleotídeo por ciclo de replicação. Isto significa dizer que pode existir a incorporação de
um nucleotídeo errado a cada mil ou cem mil bases copiadas. (Tendências em HIV/AIDS 1(1): 4-11, 2006, com
adaptações)
Em relação ao texto e conhecimentos correlatos, responda:

a) Que papéis essenciais dos terminais 5’ Cap e cauda poli(A) poderiam dar ao HIV uma vantagem para garantir a
infecção?
Resposta: Tanto o CAP quanto o poli-A têm a função de proteger o RNA da ação de nucleases, evitando assim a
degradação do RNA viral.

b) Explique um motivo biologicamente plausível para a taxa de mutação espontânea do HIV ser mais elevada do que
a taxa de mutação espontânea na replicação do DNA.
Resposta: Qualquer uma das opções pode ser considerada: o esqueleto do DNA é mais estável do que o esqueleto
do RNA; ausência de atividades revisoras das enzimas RNA polimerase e transcriptase reversa viral.

10) A hemoglobina (Hb) é a proteína mais abundante e funcionalmente importante dos glóbulos vermelhos do sangue.
É uma proteína de estrutura globular e quaternária, composta por quatro cadeias polipeptídicas (cadeias de globina –
2+
1, 2, 1 e 2) e um grupo prostético (grupo heme – contendo um íon Fe ) ligado a cada uma das cadeias de globina.
Sua característica mais importante é a capacidade de combinar-se fraca e reversivelmente com o oxigênio e liberá-lo
nos capilares dos tecidos, oxigenando-os. Como sua estabilidade é dependente do arranjo estrutural que ocorre entre
as duas globinas do tipo com as duas do tipo , mutações pontuais podem promover a formação de moléculas
anormais com características bioquímicas e funcionais alteradas, sendo responsáveis por manifestações clínicas e
alterações hematológicas, como acontece nas anemias hereditárias. Mutações de sentido trocado na cadeia , por
exemplo, causam siclemia ou anemia falciforme, enquanto mutações sem sentido, talassemia 0.
A hemoglobina A ou HbA é o tipo predominante entre as hemoglobinas normais. A hemoglobina S (HbS),
decorre da substituição de ácido glutâmico (Glu) por valina (Val) na trinca do DNA responsável pela transcrição do
códon 6 da cadeia . Como o gene da cadeia está localizado no cromossomo 11 e cada célula tem duas cópias do
cromossomo 11 – uma proveniente da mãe e outra do pai – indivíduos que apresentam as duas cópias normais do
gene produzem apenas hemácias normais (HbA/HbA). Já os indivíduos HbS/HbS morrem precocemente devido à
anemia falciforme severa, enquanto aqueles HbA/HbS levam uma vida normal em situações de pressão normal de
oxigênio, por apresentarem hemácias normais e anormais.

a) Os indivíduos A, B e C, são crianças com menos de 1 mês de idade que foram internadas em um hospital por
apresentarem um quadro de anemia grave. Baseando-se no segmento de DNA responsável pela transcrição dos
códons 5, 6 e 7 do gene da cadeia da hemoglobina (Hb), cuja sequência normal é GGA CTC CTC e na tabela de
códons abaixo, responda:

Indivíduo A: a) Qual deles apresenta as duas CÓDONS AMINOÁCIDO


GGA CTC CTC (sequência materna) sequências normais do gene Hb GAA, GAG Ácido glutâmico
GGA CTT CTC (sequência paterna) (HbA/HbA) e, portanto, não apresenta GUU, GUC, GUA,
anemia falciforme e sim outro tipo de GUG Valina
Indivíduo B: anemia? Justifique para validar o item.
GGA CAC CTC (sequência materna) CCU, CCC, CCA,
Indivíduo A, pois apresenta a sequência CCG Prolina
GGA CAC CTC (sequência paterna)
de aminoácidos normal: prolina – ácido UGA, UAA,
Stop
glutâmico – ácido glutâmico. UAG
Indivíduo C:
GGA CTC ATC (sequência materna)
OBS.: o indivíduo C não apresenta as duas sequências normais do gene Hb
GGA CTT ATC (sequência paterna) (mesmo sem apresentar anemia falciforme).
0
b) Qual deles apresenta a forma grave da anemia falciforme e qual apresenta talassemia ? Justifique para validar o
item.
Anemia falciforme severa: indivíduo B, pois recebeu tanto a sequência materna quanto a paterna com a mutação de
sentido trocado no códon 6: substituição de ácido glutâmico por valina.
0
Talassemia : indivíduo C, pois recebeu as duas sequências com a mutação sem sentido, que gera um códon de
parada precoce (códon 7).

c) Em relação ao tipo de substituição de base que ocorre na anemia falciforme, como é denominada a mutação de
ponto apresentada pelo(s) indivíduo(s) acima que apresenta(m) a doença? Justifique para validar o item.
Resposta: Transversão, pois comparando com o indivíduo A que é normal, houve troca de uma pirimidina (T) por uma
purina (A) na segunda base do códon 6 do indivíduo B.

d) Sabendo-se que a fita molde do DNA do gene da cadeia da Hb possui 1.606 bases e a cadeia da hemoglobina,
147 aminoácidos, calcule o percentual do RNAm maduro em relação ao gene da cadeia da Hb.
1 códon 3 bases 1 aminoácido x = 441 bases + 3 bases (códon de parada) = 444 bases
x 147 aminoácidos

1.606 bases 100% x = 27,65%


444 bases x

e) Considerando apenas o RNAm maduro, quantos códons e quantas ligações peptídicas foram necessários para a
síntese da cadeia da Hb? Justifique sua resposta para validar o item.
Resposta: 148 códons e 146 ligações peptídicas. Como a proteína tem 147 aminoácidos e cada aminoácido é
codificado por um códon, foram necessários 147 códons para codificar os aminoácidos + 1 códon de parada. Porém,
uma ligação peptídica liga dois aminoácidos e os aminoácidos extremos não estão ligados. Consequentemente,
foram necessárias 146 ligações peptídicas.

f) Explique os 2 principais motivos que poderiam explicar o fato da cadeia da Hb ter apenas 147 aminoácidos.
Resposta: O gene contém regiões regulatórias, como o promotor, que não são traduzidas. Além disto, provavelmente
este gene é interrompido, ou seja, contém exons (regiões codificadoras) e íntrons (regiões não codificadoras que
serão removidas durante o splicing, para produzir o RNAm maduro).
Código de letras usadas na representação dos aminoácidos. Adaptado do livro Molecular Biology of the cell, de
Albert, B.; Johnson, A.; Lewis, J.; Raff, M., Roberts, K. and Walter, P. (3rd ed. Ed. Garland, 1996).

AMINOÁCIDO CÓDIGO DE LETRAS


A Alanina (Ala)
C Cisteína (Cys)
D Aspartato (Asp)
E Ácido glutâmico (Glu)
F Fenilalanina (Phe)
G Glicina (Gly)
H Histidina (His)
I Isoleucina (Ile)
K Lisina (Lys)
L Leucina (Leu)
M Metionina (Met)
N Asparagina (Asn)
P Prolina (Pro)
Q Glutamina (Gln)
R Arginina (Arg)
S Serina (Ser)
T Treonina (Thr)
W Triptofano (Trp)
Y Tirosina (Tyr)
V Valina (Val)
______________________________________________________________________________________________

Quanto à cadeia lateral (estacada em negrito), os aminoácidos podem ser classificados em:

1- Aminoácidos apolares: apresentam grupos químicos de hidrocarbonetos apolares ou hidrocarbonetos


modificados, exceto a glicina (que possui um átomo de hidrogênio como cadeia lateral). São hidrofóbicos.
Glicina: H-CH(NH 2)-COOH
Alanina: CH3-CH(NH2)-COOH
Leucina: CH3(CH3)-CH2-CH(NH2)-COOH
Valina: CH3-CH(CH3)-CH(NH2)-COOH
Isoleucina: CH3-CH2-CH(CH3)-CH(NH2)-COOH
Prolina: -CH2-CH2-CH 2- ligando o grupo amino ao carbono alfa
Fenilalanina: C6H5-CH2-CH(NH2)-COOH
Triptofano: R aromático-CH(NH2)-COOH
Metionina: CH3-S-CH2-CH2-CH(NH2)-COOH
2- Aminoácidos polares neutros: apresentam grupos químicos que tendem a formar ligações de hidrogênio.
Serina: OH-CH2-CH(NH 2)-COOH
Treonina: OH-CH(CH3)-CH(NH2)-COOH
Cisteina: SH-CH2-CH(NH2)-COOH
Tirosina: OH-C6H4-CH2-CH(NH2)-COOH
Asparagina: NH2-CO-CH2-CH(NH2)-COOH
Glutamina: NH2-CO-CH 2-CH2-CH(NH2)-COOH
3- Aminoácidos ácidos: apresentam grupos carboxilato. São hidrofílicos.
Ácido aspártico: HCOO-CH2-CH(NH2)-COOH
Ácido glutâmico: HCOO-CH 2-CH2-CH(NH2)-COOH
4- Aminoácidos básicos: apresentam grupos amino. São hidrofílicos.
Arginina: HN=C(NH 2)-NH-CH2-CH 2-CH2-CH(NH2)-COOH
Lisina: NH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH(NH2)-COOH
Histidina: H-(C3H2N2)-CH2-CH(NH 2)-COOH

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